Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Poder Legislativo | Introdução www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA PODER LEGISLATIVO CONTEÚDO Noções Gerais sobre o Poder Legislativo na CF/88 Poder Legislativo | Introdução www.cenes.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de atendimento através do e-mail tutoria@faculdadefocus.com.br. © 2022, by Faculdade Focus Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 www.faculdadefocus.com.br Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. http://www.faculdadefocus.com.br/ mailto:tutoria@faculdadefocus.com.br. http://www.faculdadefocus.com.br/ Poder Legislativo | Introdução www.cenes.com.br | 3 Sumário Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 2 O Poder legislativo ---------------------------------------------------------------------------------------- 5 2.1 Legislatura e Sessão Legislativa -------------------------------------------------------------------------------------- 7 2.2 Estrutura Interna do Congresso Nacional ------------------------------------------------------------------------- 8 2.2.1 Das Mesas ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 2.2.2 Das Comissões Parlamentares ------------------------------------------------------------------------------------------------- 10 2.3 Câmara dos Deputados ----------------------------------------------------------------------------------------------- 10 2.4 Senado Federal --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 2.5 Noções preliminares de Processo Legislativo ------------------------------------------------------------------ 12 3 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 14 Poder Legislativo | Introdução www.cenes.com.br | 4 1 Introdução O que denominamos separação dos Poderes diz respeito à separação das diferentes funções estatais exercidas por órgãos distintos. A separação dos Poderes está prevista como cláusula pétrea no art. 60, § 4º, inciso III da Constituição Federal e, segundo Flavio Martins (2019), trata-se de “um modelo político no qual o Estado tem suas funções divididas e delineadas em órgãos diferentes e independentes, cada qual com distintas áreas de responsabilidade e, em regra, indelegáveis. Embora independentes, há casos de inter-relacionamento entre eles, o que a doutrina convencionou chamar de freios e contrapesos (checks and balances)”. Por estar prevista como uma cláusula pétrea, qualquer proposta de Emenda Constitucional que tente suprimir integralmente a separação dos Poderes ou concentrá-los nas mãos de um único órgão ou pessoa ou que intencione “criar controles ou interferências indevidas de um Poder sobre o outro” será tomada por inconstitucional. Contudo, é importante ressaltar que a cláusula pétrea é quanto à separação dos poderes, e não ao modelo de separação, no caso do Brasil, à tripartição dos poderes. Logo, é possível uma proposta de emenda constitucional para aperfeiçoar cada Poder, a exemplo da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, que promoveu a Reforma do Poder Judiciário, e a emenda para criar um “novo poder”, desde que não fira os princípios da independência e da harmonia entre os poderes (MARTINS, 2019). O princípio da separação de poderes, hoje garantido pela Constituição Federal, foi inicialmente abordado na obra Política, de Aristóteles. Nesse conjunto de texto, Aristóteles previu a separação das funções do Estado em deliberativa, executiva e judiciária. Para ele, caberia à Assembleia “decidir sobre a paz e a guerra, contrair alianças ou rompê-las, fazer as leis e suprimi-las, decretar a pena de morte, de banimento e de confisco, assim como prestar contas aos magistrados”. Este seria o exercício da função deliberativa, o de deliberar sobre os negócios do estado. A função executiva, exercida pelas magistraturas governamentais, compreenderia o poder necessário à ação do Estado para deliberar, julgar e ordenar sobre certos objetos, “pois é o mando o seu atributo característico”. A função judiciaria seria a de julgar os crimes e os negócios envolvendo os cidadãos, ou seja, abrangeria os cargos de jurisdição (MARTINS, 2019). Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 5 No século XVII, o filósofo inglês John Locke sistematiza a doutrina da separação dos poderes, dando a ela outra dimensão. Baseado no sistema do Estado inglês do seu tempo, na sua obra Segundo tratado sobre o governo civil, o filósofo aponta a existência de quatro funções fundamentais exercidas por dois órgãos do poder: “A função legislativa caberia ao Parlamento. A função executiva, exercida pelo rei, comportava um desdobramento, chamando-se função federativa quando se tratasse do poder de guerra e paz, de ligas e alianças, e de todas as questões que devessem ser tratadas fora do Estado. A quarta função, também exercida pelo rei, era a prerrogativa, conceituada como ‘o poder de fazer o bem público sem se subordinar a regras’”. Um dos pontos fulcrais da filosofia de Locke era o enfraquecimento da soberania absoluta do monarca, de modo a restringir o poder do rei apenas ao poder executivo. Por fim, no final do século XVIII, com a publicação de O Espírito das Leis (1748), Montesquieu consolida a teoria da separação dos poderes, concebendo-a como um “sistema em que estão presentes um legislativo, um executivo e um judiciário, como poderes harmônicos entre si”. Destaca Flavio Martins que “a separação dos Poderes tem a função de evitar a concentração do poder e, com isso, o arbítrio, a tirania. Foi uma teoria que se fortaleceu como resposta às monarquias absolutistas europeias, máxime aquelas que existiram durante o Antigo Regime ou Ancien Regimé, para os franceses”. O modelo tripartite de separação dos poderes foi diretamente influenciado pela obra O Espírito das Leis (1748) e difundido a partir da Constituição norte-americana (1787) e da Constituição francesa(1791). No Brasil, esse modelo foi adotado desde a primeira Constituição republicana, de 1891. A constituição de 1988 manteve a tripartição dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, como independentes e harmônicos, sem que se sobressaiam uns aos outros. 2 O Poder legislativo Segundo Flavio Martins (2019), independentemente do modelo de separação dos Poderes adotado em um país, o Poder Legislativo sempre estará presente, pois apesar Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 6 de não haver uma hierarquia formal deste em relação aos demais, há uma anterioridade lógica: a função típica do Poder Legislativo é legislar e fiscalizar, ao passo que a do Judiciário é aplicar as leis aos casos concretos e do Executivo é administrar dentro dos limites da Lei. No Brasil, o Poder Legislativo está presente em todos os entes federativos, é exercido nos municípios pela Câmara Municipal dos Vereadores; nos estados pelas Assembleia Legislativas; no Distrito Federal pela Câmara Legislativa; e na União pelo Congresso Nacional. Tem como função típica redigir e editar “normas genéricas e abstratas dotadas de força proeminente dentro do ordenamento jurídico, as quais se denominam leis, e também a de fiscalizar a atuação contábil da administração pública, na forma do art. 70”. Exerce de modo atípico as funções executiva e judicial (BAHIA, 2017). Nas esferas dos municípios, estados e Distrito Federal, o Poder Legislativo tem uma única casa, portanto é unicameral (arts. 27, 32 e 29, CF/88). Na esfera federal, o Poder Legislativo é bicameral, pois é composto de duas casas: a Câmera dos Deputados, que representa o povo (art. 45, CF) e o Senado Federal, que representa os Estados e o Distrito Federal (art. 46, CF), formando, juntos o Congresso Nacional, nos termos do art. 44 da CF. Vinícius Casalino (2015) ressalta que “o Senado Federal se compõe de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário”. Enquanto a Câmara representa o povo, o Senado representa os Estados e o Distrito Federal, ligando-se, portanto, ao princípio federativo. A respeito desse sistema, José Afonso da Silva (2014) afirma que muito se debate “sobre as vantagens e desvantagens de um ou de outro sistema. Mas a dogmática constitucional, desde a promulgação da Constituição dos EUA, recusa aceitar o unicameralismo nas federações, por entender que o Senado é câmara representativa dos Estados Federados, sendo, pois, indispensável sua existência ao lado de urna câmara representativa do povo. Diz-se, em prol disso, que os "Estados Federais apresentam uma estrutura dualista. De uma parte, deve estar presente a nação, em sua unidade global, de outra parte, os Estados-membros da federação, com sua autonomia particular”. Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 7 Conforme destaca o ator, “no bicameralismo brasileiro, não há predominância substancial de uma câmara sobre a outra. Formalmente, contudo, a Câmara dos Deputados goza de certa primazia relativamente à iniciativa legislativa, pois é perante ela que o Presidente da República, o Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e os cidadãos promovem a iniciativa do processo de elaboração das leis (arts. 61, § 22, e 64)”. A responsabilidade principal do Congresso Nacional é elaborar leis e proceder à fiscalização contábil, financeira orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da Administração direta e indireta. Os trabalhos se desenvolvem ao longo da legislatura, com duração de quatro anos (art. 44, parágrafo único, CF). 2.1 Legislatura e Sessão Legislativa A legislatura é o período durante o qual os membros da Assembleia Legislativa exercem seu mandato. Corresponde ao período de tempo destinado ao exercício de mandato do Deputados, portanto tem duração de quatro anos (art. 44, parágrafo único, CF/88). O mandato dos Senadores, por sua vez, corresponde a duas legislaturas (oito anos). A sessão legislativa (art. 57, caput, da CF) compreende o período que vai de 2 de fevereiro a 1º de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Este período de trabalho, renovável a cada ano até o término da respectiva legislatura, denomina-se sessão (legislativa) ordinária. André Ramos Tavares comenta que “esse período de trabalho foi alargado pela EC n. 50, de 14 de fevereiro de 2006, que veio a lume como forma de resposta à sociedade pelos escândalos parlamentares (particularmente o chamado “mensalão” e as reiteradas convocações extraordinárias formais, cujas imagens de um Congresso Nacional vazio e inerte ficaram gravadas na memória brasileira). Originariamente, o período de trabalho era de 15 de fevereiro (e não de 2 de fevereiro) até 30 de junho (e não de 17 de julho), portanto, foram incorporadas praticamente três semanas a mais de trabalho”. Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 8 SESSÃO LEGISLATIVA (ORDINÁRIA) De 2 de fevereiro a 1º de julho De 1º de agosto a 22 de dezembro Além da sessão legislativa ordinária, pode haver, esporadicamente, convocação extraordinária do Congresso Nacional para sessão extraordinária que ocorre fora do período anteriormente indicado (art. 5, §6º, da CF). 2.2 Estrutura Interna do Congresso Nacional As Casas do Congresso Nacional (a Câmara dos Deputados e o Senado Federal) possuem órgãos internos que dispõe sobre a política adotada, seu funcionamento, organização, criação e extinção de órgãos, empregos e funções, fixação de remunerações entre outros. Segundo Silva (2014), “nisso se encontra um elemento básico de sua independência, agora reconquistada pela retomada de prerrogativas que lhes tinham sido subtraídas pela Constituição revogada”. São órgãos internos das casas do Congresso Nacional as Mesas e as Comissões Parlamentares, que se encontram previstas no texto constitucional conforme destaca o quadro a seguir, sendo-lhes assegurada, na sua constituição, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, § 1º). MESAS COMISSÕES PARLAMENTARES (art. 58, CF/88) Da Câmara (art. 57, § 4º; 58, § 1º, CF) Permanentes – subsistem por todas as legislaturas; Do Senado (art. 57, § 4º; 58, § 1º, CF) Temporárias – constituídas apenas para opinar sobre determinada matéria; Do Congresso (art. 57, § 5º; 58, § 1º, CF) De inquérito (CPI) – art. 58, § 3º; Representativa – durante o recesso – art. 58, § 4º. Quadro 1 - Órgãos internos das casas do Congresso Nacional Fonte: Adaptado de BAHIA (2007). Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 9 2.2.1 Das Mesas Em relação às mesas, o art. 57, § 4º, da CF dispõe que “Cada uma das Casas reunir-se- á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”. É importante destacar que a vedação a que se refere o parágrafo é para mesmo cargo apenas. Para outros cargos, ainda que da mesma Mesa, a reeleição é admitida no período imediatamente seguinte. Em relação ao período de vedação da reeleição, Tavares (2020) ressalta que “ficou assente o entendimento (na praxes do Congresso Nacional) de que a restrição só poderia aplicar-se dentro da mesma legislatura. Realmente, encerrada esta, não há mais qualquer restrição constitucional, ainda que a mesma pessoa (v.g., o Presidente da Câmara dos Deputados) venha a ser reeleita para novo mandato parlamentar e pretenda, ademais, reeleger-se também para o mesmo cargo que ocupava anteriormente na mesma Mesa Diretora. Ainda que cronologicamente falando ocorra uma continuidade, o certo é que não se pode ignorar que houve uma interrupção,com o fim do mandato, e a contagem restritiva tem início apenas a partir desse novo mandato”. Silva (2014) ressalta que a Mesa do Congresso Nacional não é um organismo per se stante, uma vez que “não existe por si, não tem uma formação adrede, porque se constitui de membros das Mesas do Senado e da Câmara”. Na forma do art. 57, § 5º, a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Além da função de dirigir os trabalhos do Congresso Nacional, quando as casas se reúnem em sessão conjunta, fica reservada a esta mesa a importante atribuição de, ouvidos os líderes partidários, designar Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio, conforme previsão do art. 140 da CF. Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 10 2.2.2 Das Comissões Parlamentares As Comissões parlamentares são organismos constituídos em cada uma das Casas. Em regra, são compostas por um número restrito de membros que ficam encarregados de examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres. Poderão ser permanentes ou temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas nos regimentos internos das respectivas casas ou no ato que resultar sua criação. Como vimos anteriormente, as comissões podem ser: permanentes (subsistem por todas as legislaturas); temporárias (constituídas apenas para opinar sobre determinada matéria); ou ainda, de inquérito (CPI – art. 58, § 3º); ou representativas (durante o recesso – art. 58, § 4º). 2.3 Câmara dos Deputados A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo, que são eleitos nos Estado, Territórios e Distrito Federal pelo sistema proporcional. O número total de Deputados será estabelecido por Lei Complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. (art. 45, § 1º). Os Territórios Federais, contudo, elegerão quatro Deputados, conforme previsão do art. 45, § 2º. O mandato dos Deputados terá duração de quatro anos. Fernando Dias Menezes de Almeida, (2018) comenta o seguinte: “As resoluções, que tratam das matérias arroladas, sobretudo nos incisos III e IV do artigo sob comento, têm eficácia de lei ordinária, sendo promulgadas pelo Presidente da Câmara (§ 2º do art. 200, cumulado com a alínea “m” do inciso VI do art. 17 do Regimento Interno, aprovado pela Resolução n. 17, de 1989, com modificações posteriores). A esse propósito, a resolução poderá versar, nos termos do inciso III do art. 109 do Regimento Interno, sobre matéria de natureza política, processual, legislativa e administrativa: perda de mandato; criação de Comissão Parlamentar de Inquérito, quando cinco Comissões dessa natureza já estiverem funcionando a partir de requerimentos antes aprovados (art. 35, § 4º, do Regimento Interno); conclusão de Comissão Parlamentar de Inquérito, bem como de Comissão Permanente sobre proposta de fiscalização e Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 11 controle; conclusão sobre as petições, representações ou reclamações da sociedade civil; matéria de conteúdo regimental; temas atinentes à economia interna da Casa e aos seus serviços administrativos”. 2.4 Senado Federal O Senado Federal é composto de representados dos Estados e do Distrito Federal, os quais são eleitos segundo o princípio majoritário, sendo fixado em três senadores por Estado e DF, com mandato de oito anos. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços (art. 46, § 2º, CF/88). Territórios não elegem Senadores. Segundo André Ramos Tavares (2020), é “correto afirmar, portanto, que os Senadores, no Brasil, tecnicamente, não são os representantes do povo, mas sim dos Estados da Federação brasileira, participando, por esse motivo, na formação da vontade nacional. É que da participação no processo legislativo por parte dos entes federativos é exigência da teoria federalista”. Junto com o Senador são eleitos dois suplentes, os quais serão chamados na respectiva ordem para assumir a vaga no Senado Federal caso ocorra a perda do mandato ou renúncia do Senador. O mandato de um Senador equivale a duas legislaturas (oito anos), podendo ser renovado parcialmente, de quatro em quatro anos, alternadamente, por um ou dois terços do Senado Federal (art. 46, § 2º). Fernando Dias Menezes de Almeida, (2018) comenta o seguinte: “As matérias arroladas no artigo sob comento são, desse modo, instrumentalizadas por Resolução, que tramita exclusivamente pelo Senado Federal com eficácia de lei ordinária, sendo promulgada pelo Presidente da Casa (Regimento Interno, art. 48, XXVIII). A esse propósito, a resolução poderá versar sobre matéria de natureza política, processual, legislativa e administrativa, como também ocorre na Câmara dos Deputados. Não obstante, ao Senado Federal são deferidas outras atribuições, entre as quais a aprovação de autoridades indicadas pelo Presidente da República, o estabelecimento de limites para o montante das dívidas dos entes federativos, a suspensão de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, a elaboração do seu Poder Legislativo | O Poder legislativo www.cenes.com.br | 12 Regimento Interno e a disposição sobre a sua organização”. 2.5 Noções preliminares de Processo Legislativo Segundo André Ramos Tavares (2020), o processo legislativo é aquele por meio do qual ocorre a criação das leis em sentido amplo. Juridicamente, está inserido na ampla noção de processo do Direito Processual. Por meio do processo legislativo o direito se autorregula e estabelece normas que servem de aporte para a produção de outras normas. Conforme pontua Silva (2014), “por processo legislativo entende-se o conjunto de atos (iniciativa, emenda, votação, sanção, veto) realizados pelos órgãos legislativos visando a formação das leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos legislativos”. Na definição de Streck e Oliveira (2018), “O processo legislativo em sentido estrito é uma cadeia ou sequência de atos próprios do Poder Legislativo que estão normativa e especificamente interligados, tendo por objetivo realizar a tarefa primordial de um regime democrático: a promulgação de leis, que representa o retrato da produção democrática do direito. [...] A finalidade do processo legislativo em sentido estrito é a elaboração democrática do Direito, constitucionalmente estruturada. As normas regulamentadoras do processo legislativo estão dispostas na Seção VIII do Capítulo I do Título IV da Constituição, denominada Do processo legislativo. “Trata-se da previsão de uma sequência definida de atos e etapas que se cumprem no intuito de estabelecer novas normas jurídicas”. Segundo o texto constitucional, o processo legislativo compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Já os princípios do processo legislativo podem ser encontrados no Regimento Interno do Senado Federal (art. 412, incs. I a XIII). As condições de admissibilidade do processo legislativo, conforme apontam Streck e Oliveira (2018), são: a) o funcionamento do Poder Legislativo; b) a apresentação do projeto; c) a existência de quórum para deliberar; e d) a ordem do dia. Poder Legislativo | Conclusão www.cenes.com.br | 13 Quanto às fases que compõem o processo Legislativo, são: i) a iniciativa (fase introdutória); ii)o exame dos projetos nas comissões permanentes ou em comissão especial, as discussões do projeto em Plenário, a decisão e a revisão (fase constitutiva); e iii) a fase final (atribuição de validade). Ainda a respeito do processo legislativo, para finalizar, reproduzimos aqui um trecho do comentário de Streck e Oliveira (2018), para reflexão: “É importante salientar que o processo legislativo vincula-se à perspectiva de produção normativa, que não se prende ao contexto histórico das decisões, como ocorre com o processo jurisdicional, que tem por finalidade reconstruir o Direito à luz de casos concretos. O processo legislativo situa-se em um nível discursivo em que argumentos de grande generalidade e abertura são acolhidos, argumentos que, na verdade, funcionam como pontos de partida para a construção do discurso jurídico, inclusive do doutrinário, do jurisdicional e do administrativo”. [Neste sentido, o processo legislativo é um importante instrumento de elaboração democrática do Direito], como um processo político deliberativo legítimo conformado constitucionalmente só pode ser compreendido, sob as condições de uma sociedade complexa, em termos de teoria da comunicação, como um fluxo comunicativo, que emigra da periferia da esfera pública – cujo substrato é formado pelos movimentos sociais e pelas associações livres da sociedade civil, que surgiram das esferas de vida privada – e atravessa as comportas ou eclusas dos procedimentos próprios à Democracia e ao Estado de Direito, ganhando os canais institucionais dos processos jurídicos, não somente legislativos, mas também processos jurisdicionais e até administrativos, no centro do sistema político” (STRECK; OLIVEIRA, 2018). 3 Conclusão Nesta aula introdutória vimos um breve panorama sobre o conceito e funcionamento do Poder Legislativo, localizando-o no texto constitucional. Abordamos a estrutura interna do Congresso nacional, composta de duas casas: Câmara dos Deputados e Senado Federal, com respectivas Comissões Parlamentares. Além disso, discutimos alguns pontos elementares sobre o Processo Legislativo, citando o posicionamento doutrinário quanto à sua função. Poder Legislativo | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 14 4 Referências Bibliográficas ALEXANDRINO, Vicente Paulo Marcelo. Direito Constitucional descomplicado, 16. Ed. São Paulo: MÉTODO, 2017. BAHIA, Flavia. Descomplicando Direito Constitucional, 3. ed. – Recife: Armador, 201. CASALINO, V. Concursos públicos - nível médio e superior - Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. GOMES CANOTILHO, J. J.; et al. Comentários à Constituição do Brasil. Outros autores e coordenadores Ingo Wolfgang Sarlet, Lenio Luiz Streck, Gilmar Ferreira Mendes. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. Poder Legislativo | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 15 NENES JÚNIO, Flavio Martins Alves. Curso de direito constitucional. – 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Sumário 1 Introdução 2 O Poder legislativo 2.1 Legislatura e Sessão Legislativa 2.2 Estrutura Interna do Congresso Nacional 2.2.1 Das Mesas 2.2.2 Das Comissões Parlamentares 2.3 Câmara dos Deputados 2.4 Senado Federal 2.5 Noções preliminares de Processo Legislativo 3 Conclusão 4 Referências Bibliográficas
Compartilhar