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Aplicabilidade do Marketing de Serviços Estratégias de Marketing Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria TATIANA SOUTO MAIOR DE OLIVEIRA AUTORIA Tatiana Souto Maior de Oliveira Olá! Sou Doutora em Administração com ênfase em tecnologia, tenho Mestrado em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e especializações na área de Tecnologia da Comunicação e Informação. Sou professora universitária há 15 anos, trabalhando com pesquisa e consultoria na área de Administração e atuando, principalmente, nos seguintes temas: informação, tecnologia e negócio. Especificamente na área de comunicação e marketing tenho experiência na área promocional, especialmente no que se refere à comunicação digital e à manutenção de relacionamento com clientes. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Marketing de Serviços .............................................................................. 10 Composto de Serviços ................................................................................................................ 10 Serviço-Núcleo .................................................................................................................................. 11 Serviços Aumentados .................................................................................................................. 12 Os 4 Ps dos Serviços .................................................................................................................... 13 Perfil ........................................................................................................................................................... 14 Processos .............................................................................................................................................. 16 Procedimentos .................................................................................................................................. 16 Pessoas ................................................................................................................................................... 17 Mapeamento das Necessidades ......................................................................................... 18 Canais de Marketing ..................................................................................20 Conceitos Preliminares .............................................................................................................. 20 Atacado ...............................................................................................................................22 Varejo ....................................................................................................................................23 Novos Modelos de Distribuição ...........................................................................................28 Decisões de Distribuição .........................................................................32 Localização .........................................................................................................................................34 Gestão de Cadeia de Suprimentos ......................................................36 E-procurement ..................................................................................................................................37 7 UNIDADE 02 Estratégias de Marketing 8 INTRODUÇÃO Ao falamos em marketing, a primeira coisa que nos vêm à mente é propaganda. De cara, pensamos em imagens que aparecem na televisão, nas revistas e em outdoors. Quando começamos a analisar a área de marketing com profundidade, vemos que é muito mais abrangente, não que a parte da propaganda não seja importante, mas talvez ela seja uma das últimas etapas do processo de marketing. A primeira parte do desenvolvimento mercadológico é, sem dúvida, o produto, que vem sendo cada vez mais amarrado à criação de serviços. Depois da criação do produto, existe todo um planejamento operacional que devemos realizar, e nesta Unidade estudaremos uma dessas partes. Você já parou para pensar em tudo que deve ter sido planejado para que você chegue aos supermercados e encontre o produto que queria? O marketing tem um papel nisso. Uma das áreas de marketing que muitas vezes não aparece é a distribuição, que é responsável por planejar todo o processo de entrega do produto aos consumidores. E é a partir desse planejamento que a logística vai se desenvolver. Então, nesta Unidade estudaremos desde o conceito de distribuição na área de marketing até a forma com que esses processos estão estruturados pela empresa. Vale ressaltar que a área de distribuição é realmente muito vasta e inicia o processo de uma série de outras áreas, por isso a importância desse estudo. Vamos lá! Estratégias de Marketing 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Conceituar e identificar a aplicabilidade do marketing de serviços. 2. Identificar os canais de marketing. 3. Conhecer as decisões de distribuição. 4. Conhecer o funcionamento da gestão da cadeia de suprimentos. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Estratégias de Marketing 10 Marketing de Serviços OBJETIVO: Com o desenvolvimento do setor de serviços, que atualmente é um dos segmentos que mais crescem no mercado brasileiro, começamos a ver a especialização de várias áreas das empresas. Você deve se perguntar, especialização? Por quê?. O marketing de serviços diferencia-se do marketing de produtos, principalmente em função da sua intangibilidade. Em comparação aos bens, os serviços entregam um pacote de benefícios por meio da experiência criada para o consumidor. O desafio, que em geral não existe para os bens tangíveis (SCHUSTER; DIAS; BATTISTELLA, 2016, p. 129). O fato é que toda a Administração e, sobretudo, o marketing, surgiram enquanto teoria e prática focadas na área de produtos. .....Então, todos os modelos e as principais práticas foram criadas com o foco nos produtos. Não que essas teorias não possam ser utilizadas para negócios baseados em serviços, entretanto, é necessário termos a noção de que elas devem ser contextualizadas e adaptadas à área de serviços. Essa reflexão é de suma importância para que as ações consigam ser efetivas. Composto de Serviços Quando pensamos em serviços, temos que entender que estes existem em dois grandes formatos , quais sejam: o serviço como um agregado ao portfólio de produtos da empresa e o serviço como o próprio produto. A partirdessa reflexão podemos pensar em dois tipos de serviço: os serviços núcleo e os aumentados. Estratégias de Marketing 11 Serviço-Núcleo Você lembra do processo de desenvolvimento de produto, onde tínhamos uma sequência de produtos que era originária de um produto central e ia até um potencial? Na Figura 1, podemos relembrar essa sequência. Figura 1 – Desenvolvimento de produto Produto potencial Produto ampliado Produto esperado Produto básico Produto central Fonte: Elaborado pela autora (2021). Da mesma forma que ocorre no produto, em todo serviço temos uma base, um núcleo ou uma essência, que nada mais é do que aquilo que efetivamente atende à necessidade do cliente. Segundo Kotler apud Las Casas e Las Casas (2019, p. 18), “o serviço-núcleo corresponde a respostas às questões: o que o cliente está realmente procurando? A que necessidade o serviço está realmente satisfazendo?”. Nesse sentido, existem necessidades essenciais incluídas em cada serviço que devem ser identificadas pelos profissionais. Aqui, a grande dificuldade é conseguirmos identificar o que realmente é a necessidade do cliente. Vejamos o exemplo. Quando contratamos um serviço de TV a cabo, qual seria a essência do produto? Uma TV de qualidade? Um portfólio de entretenimento? Filmes? Séries? Acesso a TV digital? De maneira genérica, quando alguém contrata um Estratégias de Marketing 12 serviço de TV a cabo, está contratando conteúdo (pelo menos é o que a propaganda da maioria das prestadoras desses serviços destaca). Veja como é complicado, pois apesar de um serviço ter uma essência genérica, ele ainda pode variar conforme o cliente. Nesse sentido Las Casas e Las Casas (2019, p. 18) afirmam que “os especialistas devem identificar os atributos que são considerados pelos consumidores como aqueles que satisfazem de certa forma aos benefícios-núcleos que estão procurando”. Serviços Aumentados Além dos serviços que podemos chamar de básicos, existe uma série de outros que podem ser agregados aos serviços e permitem uma melhor visualização da oferta da empresa, uma melhor experiência do cliente e, consequentemente, maior competitividade e lucratividade. Segundo Las Casas e Las Casas (2019): Os serviços aumentados são aqueles em que os benefícios extras vão além do perceptível esperado, consistindo por isso mesmo em um serviço aumentado. As organizações nesses casos aumentam o nível de serviço perceptível para atender aos desejos adicionais dos clientes ou para diferenciar seus serviços dos da concorrência (LAS CASAS; LAS CASAS, 2019, p. 18). Vamos voltar ao caso da TV a cabo. Existe uma série de serviços sutis que podem ser agregados e que podem fazer diferença. Primeiramente, podemos pensar na flexibilidade de pacotes, essa vem sendo uma nova estratégia, pois antes os pacotes eram fechados. Agora, os clientes têm a possibilidade de escolher, de forma a moldar seu pacote com base em seu gosto. Outros serviços que podem parecer supérfluos, mas que sem dúvida tem um impacto grande diz respeito à instalação, ao agendamento, ao atendimento e à cobrança. Os serviços, atuando de maneira paralela, contribuem para a experiência do cliente. Estratégias de Marketing 13 Os 4 Ps dos Serviços Já que os serviços são diferentes de produto, quando falamos no planejamento do composto de marketing, partimos dos tradicionais 4 Ps (produto, preço, praça e promoção) adaptados ao cenário de serviços. Nesse sentido, devemos considerar as peculiaridades dos serviços, a saber: intangibilidade, inseparabilidade, heterogeneidade ou variabilidade. No que diz respeito ao planejamento do serviço a ser ofertado, que entra no item do produto, os itens a serem analisados quando tratamos de serviços é gritantemente diferente. Segundo Las Casas e Las Casas (2019), existem quatro itens que devemos analisar no momento de um planejamento de produto: perfil, processos, procedimentos e pessoas, como podemos ver na Figura 2. Figura 2 – Ps de serviços Procedimentos Pessoas Perfil Processos Fonte: Elaborado pela autora (2021). Estratégias de Marketing 14 Perfil Diferentemente dos produtos, um dos maiores problemas relativos aos serviços é a sua intangibilidade. Esta gera um receio por parte dos clientes, pois como você pode ter certeza da qualidade na prestação de um serviço? Uma das formas que conseguimos fazer isso seria apresentar, de forma indireta, a qualidade e a seriedade da empresa na prestação de serviços. Normalmente, a maneira de ser fazer isso é por meio do que chamamos “evidências físicas”, ou seja, criar algumas referências que acabam gerando uma imagem sólida da empresa, de forma a gerar uma relativa garantia do serviço. O perfil é um componente de comunicação de muita importância. Em razão da intangibilidade do serviço, um cliente, ao entrar em um escritório de um prestador de serviços, busca evidências para apoiar sua decisão. Se seu serviço é do setor alimentício, por exemplo, o cliente poderá buscar evidências de higiene; se por acaso for de alguma atividade que envolva organização, como contabilidade, corretora de seguros ou outra nessa linha, a arrumação e a organização do escritório serão uma evidência de muita importância. Portanto, cabe ao administrador cuidar para que suas evidências estejam de acordo com as expectativas do público-alvo visado (LAS CASAS; LAS CASAS, 2019, p. 23). Imagine o cenário a seguir. Quando você precisa ir ao médico, por mais que a reputação do médico não esteja diretamente relacionada ao ambiente, ao layout e à localização, esses fatores, indiretamente, nos afetam na escolha. A preocupação do perfil das empresas vem crescendo a cada dia. Uma escola de ensino infantil e fundamental tradicional, com mais de 30 anos de existência, apesar de toda a sua bagagem e conceito de ensino de qualidade, recentemente, reformou toda a sua fachada, assumindo um visual moderno. Podemos imaginar que a escola agiu dessa forma por saber que a relação entre tradicional e moderno é algo que os pais buscam. Porém, os pais só saberão que o ensino está modernizado Estratégias de Marketing 15 depois que seus filhos estiverem estudando, então, criar esse perfil é, sem dúvida, algo extremamente importante. A importância do perfil para o posicionamento da empresa no mercado vem evoluindo de tal maneira que, hoje, ela já tem uma área de pesquisa específica chamada servicescape, que, segundo Schuster, Dias e Battistella (2016): Pode ser conceituada como o uso das evidências físicas para projetar ambientes de serviço. Entre os estudos relacionados ao tema, é possível indicar que as primeiras pesquisas partiram da identificação da importância do papel da imagem do local e seus múltiplos elementos na avaliação do consumidor (SCHUSTER; DIAS; BATTISTELLA, 2016, p. 129). No Quadro 1, podemos ver alguns fatores que podem influenciar o consumidor na hora da compra. Quadro 1 – Fatores da servicescape FATOR CONCEITOS Condições ambientais (CA) Incluem características de fundo do ambiente, como temperatura, iluminação, ruído, música e perfume. Espaço e funcionalidades (FU) Refere-se às formas em que máquinas, equipamentos e mobiliários são organizados, o tamanho e a forma desses itens, e as relações espaciais entre eles. A funcionalidade refere-se à capacidade desses mesmos itens de facilitar o desempenho e a realização de objetivos. Sinais, símbolos e artefatos (SI) São ferramenta para transmitir sinais tanto implícitos e explícitos, além de comunicar informações sobre um lugar para usuários ou clientes. Social (SO) Definida como contendo estímulos dos funcionários, clientes, densidade social (aglomeração), além de exibir emoções dos outros sobre os consumidores. Fonte: Schuster, Dias e Battistella (2016, p. 129). Estratégias de Marketing 16 Processos Podemos entender que os serviços são operacionalizadosa partir de uma série de atividades que culminam na sua efetiva prestação. Desse modo, podemos deduzir que a qualidade da prestação de serviços está diretamente relacionada a como os processos dos serviços são planejados, organizados e operacionalizados. De fato, quando os processos operacionais não estão alinhados, é provável que o resultado não seja o mais ajustado. Segundo Las Casas e Las Casas (2019): Processos confusos devem ser evitados, pois fazem parte do pacote’ de benefícios da compra do consumidor. Se há confusão e muita espera, ou mesmo falta de orientação, os consumidores não voltam mais ou ficam muito insatisfeitos (LAS CASAS; LAS CASAS, 2019, p. 23). Você já passou por uma experiência ao ser atendido por uma empresa na qual teve a sensação de que todos estivessem literalmente perdidos? Principalmente quando o seu atendimento começa a passar de setor para setor sem que as pessoas consigam resolver seu problema, ou simplesmente atendê-lo? A atenção aos processos é o caminho para o ajuste dessa imagem. Procedimentos A área de serviços tem como base fundamental o modo como esses serviços são realizados, assim como a existências de critérios de atendimento como checklists que permitam que todos sigam os passos e, dessa forma, consigam atender os clientes. Segundo Las Casas e Las Casas (2019): Os procedimentos referem-se ao atendimento, ou ao “momento da verdade”, em que uma empresa que desenvolve um plano de ação para o marketing de serviços deverá ter, também, um parágrafo especificando que espécie de procedimentos deverão ter seus funcionários, em sintonia com a imagem que desejam projetar (LAS CASAS; LAS CASAS, 2019, p. 23). Estratégias de Marketing 17 A criação de procedimentos de atendimento garante não só uma prestação de serviços adequada, mas também a padronização do atendimento, facilitando, assim, o processo de treinamento de novos funcionários. Pessoas Uma das peculiaridades dos serviços é que a matéria-prima dele são as pessoas. Estas são as responsáveis pelo atendimento, desenvolvimento e pós-venda. Dessa maneira, toda empresa que trabalha na área de serviços deve se preocupar com a gestão de pessoas. Na opinião de Las Casas e Las Casas (2019): O pessoal de uma organização é muito importante para a qualidade da prestação de serviços. Além disso, as pessoas contratadas ajudam a formar uma imagem. Indivíduos de boa aparência e bem-treinados comunicam uma preocupação da administração em atender bem seus clientes (LAS CASAS; LAS CASAS, 2019, p. 24). A partir das variáveis específicas dos serviços podemos desenhar um modelo completo de mix de marketing para a área de serviços. Esse completo mix é um misto do composto de marketing tradicional para produto, acrescido das variáveis do marketing tradicional. Dessa forma, na Figura 3, podemos ver todos os itens que devem ser analisados no momento de planejarmos uma estratégia mercadológica para serviços. Figura 3 – Composto de marketing de serviços Fonte: Las Casas e Las Casas (2019, p. 24). Estratégias de Marketing 18 Mapeamento das Necessidades Um dos pontos importantes na prestação de serviço diz respeito à correta identificação das necessidades dos clientes, visto que estas são o ponto-chave e inicial de toda a prestação de serviços. Assim, uma tarefa fundamental na área de serviços é o devido mapeamento das necessidades dos clientes. Muitas vezes, esse mapeamento não se restringe a perguntar o que o cliente necessita, mas sim a mapear o que ele precisa, pois nem sempre o cliente sabe o que necessita. Segundo Las Casas, Las Casas (2019, p. 14), “um prestador de serviços deve desenhar um fluxograma e pensar nas etapas da prestação de serviços, objetivando satisfazer seus clientes de forma racional e lucrativa”. Na Figura 4, podemos ver um exemplo de fluxograma que pode ser utilizado para mapear o serviço. Figura 4 – Fluxograma dos serviços de uma empresa de treinamento Fonte: Las Casas e Las Casas (2019, p. 14). Estratégias de Marketing 19 Vale ressaltar que cada prestação de serviço tem um fluxo específico, devendo ser feito caso a caso. RESUMINDO: Nesta unidade, nos aprofundamos no marketing de serviço pelo principal fato de que esse mercado vem se desenvolvendo vertiginosamente. O marketing de serviços segue as mesmas premissas do marketing de produto, mas com algumas especificidades. Assim, devemos utilizar as premissas mercadológicas tradicionalmente aplicadas a produtos de forma adaptadas ao contexto de serviços. Dessa forma, devemos, primeiramente, perceber que os serviços têm como característica a intangibilidade, a inseparabilidade e a heterogeneidade, e que além do planejamento dos 4 Ps tradicionais ― preço, praça, promoção produto ―, são acrescidos dos itens específicos para o mercado de serviços ― perfil, processo, pessoas e procedimentos. O entendimento do contexto de serviços é uma das tarefas para os profissionais de marketing, que devem entender o contexto dos serviços e adaptá-los às estratégias mercadológicas desse segmento. Estratégias de Marketing 20 Canais de Marketing O processo de planejamento do marketing envolve não só a criação do produto, mas, sobretudo, a disponibilização desse processo para o cliente de forma otimizada, garantindo a sua satisfação. No composto de marketing, o P de praça é justamente o item que está relacionado ao planejamento de como seria a entrega dos produtos ou serviços aos clientes. Conceitos Preliminares Inicialmente, quando pensávamos em montar um negócio, o primeiro pensamento era a criação de um local em que poderíamos atender os clientes. De fato, no início da Administração, o local era o ponto principal para o faturamento da empresa, já que na maioria dos negócios as empresas comercializavam produtos, os quais normalmente tinham que ser expostos aos clientes. Nesse contexto, os processos de planejamento de canal se restringiam à escolha do ponto onde seria localizada a empresa. Com o passar do tempo e a expansão das empresas geograficamente, a questão da localização, apesar de ter sua importância, começa a mudar. Agora, começamos a falar sobre o planejamento de toda a distribuição dos produtos geograficamente. O canal ou via de distribuição consiste de organizações e/ ou indivíduos que se encarregam de levar o produto ou serviço ao local onde o comprador potencial se encontra, em tempo e momento convenientes a esses compradores e em condições de transferir a posse. A escolha dos canais, importante decisão em marketing, deve ser feita em conjunto com outros elementos do composto de marketing (o produto, a promoção e o preço) (LAS CASAS; LAS CASAS, 2019, p. 14). A mudança de atuação da empresa de local para regional faz com que novas questões comecem a ser analisadas, de forma que seja possível atingir seus clientes. Atualmente, o planejamento de canais inclui análises quanto ao transporte de mercadorias, a estocagem destas, a comunicação com o mercado e a venda e transferência de posse. Estratégias de Marketing 21 Devido à amplitude de atendimento que a maioria das empresas têm. Hoje, o processo de distribuição já não é mais realidade de maneira direta. Percebemos a existência de uma série de intermediários até que os produtos cheguem aos clientes. Antes de analisarmos os tipos de distribuição, vamos entender o seu processo geral. Vamos refletir um pouco. Quando uma empresa quer aumentar sua abrangência, ela tem que levar seu produto até os clientes. Fazer isso sozinha por meios de filiais demanda altos investimentos com consequentes riscos. Assim, as empresas desenvolveram canais que possam a distribuir seus produtos. O modelo tradicional de distribuição acontece por meio de atacadistas e varejistas. De modo geral, os atacadistas compram do fabricante, o qual revende para o varejista e este revende ao consumidor final. Dessa forma, é normaltermos grandes atacadistas regionais que repassam para os varejistas. Na Figura 5 podemos ver uma representação desse processo. Figura 5 – Processo varejista Fonte: Elaborado pela autora (2021). Na sequência anterior, vimos os principais tipos de intermediários em um processo de distribuição de produtos. Estratégias de Marketing 22 Atacado A primeira instância no processo de distribuição são as empresas atacadistas, que compram e revendem produtos aos diversos varejistas espalhados pela sua região. Vamos imaginar o atacadista como uma grande empresa que compra os produtos em grandes quantidades. Essas empresas revenderão os produtos depois para pequenas lojas, armazéns, mercearias e supermercados. Segundo Cobra e Urdan (2017): Os atacadistas, em geral, compram em quantidades maiores do que os varejistas, sendo que uma de suas fontes básicas é oferecer ao varejista a oportunidade de comprar em pequenas quantidades (COBRA; URDAN, 2017, p. 235). A American Marketing Association citada por Cobra e Urdan (2017, p. 235) define atacado como “uma unidade de negócio que compra e revende mercadorias para varejistas e outros distribuidores e/ou para consumidores industriais, institucionais, mas que não vendem a consumidores finais”. Vamos analisar algumas características importantes dos atacadistas. Segundo Cobra e Urdan (2017): Os atacadistas brasileiros, em geral, operam com grandes armazéns para depósito de mercadorias, muitas vezes em áreas razoavelmente centrais, nas partes mais antigas da cidade, havendo já, entretanto, uma busca de localização fora do perímetro central, onde os custos dos imóveis tendem a ser sensivelmente mais baixos (COBRA; URDAN, 2017, p. 235). Os atacadistas, normalmente, trabalham de forma regionalizada e utilizam grandes armazéns, os quais são posicionados estrategicamente de maneira a permitir a distribuição de forma rápida. Normalmente, trabalhando de forma genérica e revendendo qualquer tipo de produto, entretanto, começamos a perceber um processo de especialização dos diversos tipos de atacados. No Quadro 2, podemos ver alguns tipos de atacados. Estratégias de Marketing 23 Quadro 2 – Tipos de atacados TIPO DE ATACADO DESCRIÇÃO Atacadista de serviço completo Oferece todos os serviços normalmente atribuídos a um atacadista: venda, compra, variedade de produtos disponíveis, quantidade de produtos disponíveis, transporte por meios próprios ou por sua iniciativa, responsabilidade e risco da entrega por conta do atacadista, oferecimento de crédito ao varejista e acumulador de informações de mercado para varejistas e fabricantes. Atacadista de serviço limitado Esse tipo de atacadista elimina muitas das funções de vendas, transporte e financiamento por meio do crédito ao cliente, por exemplo: ele não visita o cliente, o cliente é que vai até sua loja ou depósito comprar, pagar à vista e retirar a mercadoria por conta própria. O serviço básico é o de ter a mercadoria disponível em estoque. Outro tipo de serviço limitado é o de venda pelos correios. O atacadista informa sobre os produtos disponíveis, o cliente manda o pedido pelos correios e paga a mercadoria e o frete da entrega. Atacadista de serviços especiais O tipo do atacadista que monta displays para a venda do produto na loja do cliente, faz a venda em consignação, isto é, o cliente só paga à medida que ele, cliente, vende a mercadoria etc. Fonte: Adaptado de Cobra e Urdan (2017, p. 235). Varejo Os varejistas são os intermediários que atendem diretamente aos consumidores finais. Segundo a American Marketing Association, citada por Cobra e Urdan (2017, p. 235), é “uma unidade de negócio que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros distribuidores e vende diretamente a consumidores finais e, eventualmente, a outros consumidores”. O comércio varejista tem crescido nas últimas décadas tanto em número de estabelecimentos quanto em tamanho médio do estabelecimento, quando medido em Estratégias de Marketing 24 número de empregados por loja e, eventualmente, em área por metro quadrado. A margem bruta de comercialização do varejista fixa-se geralmente em um terço daquela do fornecedor (COBRA; URDAN, 2017, p. 235). Como já foi dito anteriormente, o varejo tem um contato direto com os consumidores finais e, dessa forma, vemos nele muitas estratégias de marketing promocional, pois esses consumidores, quando vão até o varejo, têm um sentimento de urgência, ou seja, querem comprar os produtos para utilizar as mercadorias. Além do marketing promocional in loco, o varejo também utiliza o marketing de atração, o qual tem a finalidade de fazer com que o cliente vá até o varejo. É importante que você saiba que existe uma quantidade enorme de tipos de varejo e surgem mais tipos, conforme o modelo de negócio, o tipo de produto e o perfil do cliente. No Quadro 3, podemos ver uma lista com os vários tipos de varejo, provavelmente você já frequentou vários deles. Quadro 3 – Tipos de varejo TIPOS DE VAREJO DESCRIÇÃO Pequeno varejista É a grande maioria dos varejistas no Brasil, com reduzido negócio, dirigido geralmente por apenas um ou dois donos e onde as famílias trabalham. Nesse pequeno comércio, é possível encontrar bazar, armarinhos, tecidos, papelaria, tapeçaria, vestuário, farmácia, armazém, vendas, artigos diversos etc. Franquia É a loja que opera sob licença, com uma forma de comércio que funciona mediante contrato para uso da marca, para uso com exclusividade de uma linha de produtos ou de serviços e que deve operar sob normas rígidas de funcionamento. O dono da tecnologia controla as operações do comércio sob franquia, no que diz respeito a preços, marcas, serviços etc. Em contrapartida, presta assistência para organização, treinamento, merchandising e retornos na administração do negócio. Estratégias de Marketing 25 Loja especializada Trabalha com uma grande variedade de poucos produtos, como joalherias, lojas de ferragens, lojas de botões, lojas de eletrodomésticos, lojas de brinquedos, lojas de artigos esportivos e outras. Uma loja especializada é identificada geralmente pelo principal produto que vende. Rua de comércio especializado Logradouro público que concentra um único tipo de comércio. Em São Paulo, na Rua Santa Ifigênia, há aparelhos e material elétrico; na São Caetano, vestidos de noiva. Loja de departamentos Oferecem diversas linhas de produtos, como móveis e eletrodomésticos, artigos masculinos, femininos e infantis além de artigos para a casa em geral. Cadeia de lojas Há vários tipos de cadeias de lojas, desde as de eletrodomésticos, móveis e mercadorias genéricas até as de mercadorias especulativas, como a venda de disco em “lixão” (saldos de discos vendidos a qualquer preço). Shopping center Como esforço de oferecer ao consumidor conforto e facilidade de acesso a um número maior de lojas, o shopping center desempenha papel importante, e se constitui, muitas vezes, apenas por um aglomerado de lojas e galerias. Fonte: Adaptado de Cobra e Urdan (2017, p. 236). IMPORTANTE: Com o advento da internet, todo o varejo começa a se reinventar. Surge o varejo on-line, que nada mais é do que a criação de intermediários on-line que possibilitam acesso a uma grande diversidade de produtos, sendo possível o acesso de qualquer parte, a qualquer hora. Estratégias de Marketing 26 A partir de 2010, o termo “omnichannel” passou a ser utilizado com maior frequência na literatura de varejo para descrever práticas como a da Sephora. O termo representa o conjunto de atividades que acontecem a partir da interação entre empresa e consumidores nos mais variados pontos de contato ou canais de vendas, distribuição e comunicação durante a jornada de compras do consumidor (VERHOEF; KANNAN; INMAN, 2015). VOCÊ SABIA? A partir de 2010, o termo “omnichannel” passou a ser utilizado commaior frequência na literatura de varejo para descrever práticas como a da Sephora? Saiba mais acessando este link. Modalidades de distribuição Quando pensamos em uma estratégia de distribuição, temos que analisar uma série de fatores que estão diretamente e indiretamente relacionados aos produtos. Segundo Cobra e Urdan (2017): O uso do canal de distribuição é influenciado pelo produto ou serviço e sua natureza, pelo mercado a que se destina, pelos intermediários e pelo próprio produtor. Já a escolha dos canais depende da intensidade de distribuição (de massa, exclusiva ou seletiva) (COBRA; URDAN, 2017, p. 197). • Intensiva A estratégia de distribuição intensiva, normalmente, é utilizada para produtos genéricos que podem ser vendidos para qualquer público. Assim, cria-se uma estratégia para disponibilizar o produto em qualquer ponto de venda, independentemente do seu perfil. Imagine uma caneta esferográfica simples, você acha esse produto em qualquer loja, desde supermercados, shopping, bares, postos de gasolina etc. Estratégias de Marketing https://scholar.google.com/citations?view_op=view_citation&hl=pt-BR&user=nMG_jGcAAAAJ&citation_for_view=nMG_jGcAAAAJ:2osOgNQ5qMEC 27 • Seletiva Existem alguns produtos que necessitam de algum conhecimento prévio para a sua venda, como produtos de informática, mesmos para os mais simples como carregadores ou cabos de rede, é necessário um conhecimento prévio para que seja possível a correta orientação ao cliente. Essa estratégia acaba concentrando as vendas em poucos varejistas, facilitando, assim, o processo de controle. Nesses casos, não podemos colocá-los em qualquer tipo de loja. A distribuição seletiva consiste em: Selecionar os distribuidores bem-capacitados a servir o fabricante sem considerar a limitação de território a ser abrangido é uma importante estratégia de distribuição. Esse método procura eliminar as vendas aos intermediários cujo volume de negócios é tão pequeno que deixa de ser lucrativo. Destina-se também a eliminar os casos- problemas, ou seja, revendedores que exigem demais ou que devolvem mercadorias com excessiva frequência (COBRA; URDAN, 2017, p. 197) Quando implementamos uma estratégia de distribuição seletiva, conseguimos fornecer um melhor apoio aos clientes, bem como a criação de estoques mais completos, permitindo uma venda mais agressiva. • Exclusiva A estratégia de distribuição exclusiva é indicada no caso de produtos que exigem um investimento considerável. Segundo Cobra e Urdan (2017), a distribuição exclusiva é utilizada: • Quando se trata da comercialização de especialidades. • Quando da introdução de novos produtos ou da penetração em novo mercado. • Quando a natureza do produto exige investimentos relativamente elevados a fim de manter estoque representativo da linha produzida pelo fabricante (COBRA; URDAN, 2017, p. 197). Normalmente, nesses casos, devido ao envolvimento e o investimento que o distribuidor assume, ele fica com o direito de explorar a comercialização do produto do fabricante na região. As grandes vantagens dos usos de uma distribuição exclusiva são as seguintes: Estratégias de Marketing 28 • A obtenção de maior cooperação nos esforços promocionais do intermediário. • Custos de distribuição menores, por haver somente um número reduzido de revendedores e riscos de crédito. • Possibilidade de influir nos métodos de comercialização do intermediário e controlar os serviços. • Possibilidade de seleção rigorosa dos revendedores (COBRA; URDAN, 2017, p. 197). Novos Modelos de Distribuição Drop shipping é a criação de novos pontos de vendas, tendo como ponto central a proximidade dos consumidores. Na prática, as empresas que já têm um e-commerce permitem a criação de interfaces pessoais que possibilitam a sua aproximação com os consumidores finais. O grande segredo desse modelo é que com o drop shipping as empresas aproveitam o potencial relacional de cada novo intermediário, já que estes direcionam o seu e-commerce à sua rede de relacionamento. É justamente essa a grande vantagem do aproveitamento da rede de relacionamento de cada uma das pessoas que fazem o drop shipping. Para o cliente, o drop shipping é um e-commerce normal, visto que a interface dele é similar. Portanto, o consumidor praticamente não percebe que o processo é simples e que realiza a compra na interface do drop shipping, a qual é personalizada e toda a entrega é feita pelos fornecedores, como podemos ver na Figura 6 Estratégias de Marketing 29 Figura 6 – Processo de drop shipping Fonte: Vicente (2018). O grande diferencial do drop shipping está no fato de que o sortimento de produtos ofertados para cada drop shipping é personalizado e direcionado a consumidores específicos. A lógica é simples, pois cada pessoa que realiza o drop shipping seleciona os produtos que serão ofertados conforme a sua rede de relacionamento. Por exemplo, um jovem de 15 anos seleciona os produtos que têm consumo provável por adolescentes. Essas pessoas chegam até a página na internet por meio da indicação da pessoa que fez o drop shipping. O processo de criação de um drop shipping é relativamente simples, conforme podemos ver na Figura 7. Figura 7 – Processo de escolha de fornecedores Fonte: Elaborado pela autora (2021). Estratégias de Marketing 30 A grande vantagem do drop shipping é o fato de ele não demandar grandes investimentos. Na realidade, existe o aproveitamento de toda a infraestrutura do site do fornecedor, bem como de seu sortimento e estoque de produtos. Outro ponto importante é a eliminação de custos de infraestrutura física e digital, o que é normalmente um impeditivo da criação de negócios como esse. Assim, por meio do drop shipping é possível a abertura de negócios sem a necessidade de muito capital, bem como a oferta de uma grande quantidade de produtos, aproveitando a cadeia de suprimentos já estabelecida pelo site original. O drop shipping permite também a criação de uma oferta de um sortimento personalizado conforme o perfil do networking da pessoa que faz o drop shipping. Outro ponto importante é a possibilidade de crescimento com um drop shipping. Escalar o negócio é simples, já que esse modelo tem uma grande capacidade de fornecimento. Quando pensamos em e-commerce, o ponto fundamental é a questão processual, o alinhamento e a integração dos processos entre fornecedores de produtos e logísticos. Isso é algo muito sensível e reflete diretamente na satisfação do consumidor. No drop shipping, todo esse processo é realizado pelo fornecedor; o responsável pela comercialização não tem controle sobre isso. Segundo Vicente (2019), uma das maiores desvantagens do drop shipping é a ausência de controle em função da inexistência de integrações tecnológicas entre fornecedores e lojistas virtuais. As fábricas detentoras dos produtos e responsáveis pelos envios precisam cuidar do picking, packing e expedição de pedidos fracionados. Como comentamos anteriormente, uma das etapas do planejamento de drop shipping é a escolha dos produtos e, para tal, você deve ter em mente três grandes pontos: a demanda, a necessidade dos consumidores e a singularidade dos produtos. • Demanda: está relacionada ao número de potenciais clientes para cada tipo de produto. Segundo Hirsch (2018, p. 20) “você deve estar ciente da demanda atual do mercado de determinado item”. Estratégias de Marketing 31 • Necessidade: se refere à busca da identificação das reais necessidades dos consumidores; a identificação dessas necessidades está diretamente relacionada ao consumo. • Singularidade: a grande diferença do drop shipping é a possibilidade de personalização que ele permite quanto ao fato dos produtos serem escolhidos especificamente para os consumidores. A singularidade também está relacionada à exclusividade dos produtos, visto que “é umfator importante porque as pessoas sempre apareciam com algo novo e surpreendente” (HIRSCH, 2018, p. 20). O drop shipping vem se mostrando uma opção bastante interessante para os fornecedores e novos empreendedores entre as grandes plataformas que estão fazendo drop shipping. Podemos destacar Milanoo, LightInTheBox, DHgate e AliExpress. RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Acho que deu para perceber que criar uma estratégia de distribuição não é uma tarefa simples. Na realidade, a decisão de qual modelo de distribuição que será implementado deve ser criteriosamente analisada com base nas variáveis que estão direta ou indiretamente envolvidas com o produto e o consumidor. A estrutura tradicional de distribuição tem como fluxo o fabricante, o atacadista, o varejista e o consumidor, entretanto, atualmente, percebemos que existem novos modelos negociais que ora eliminam, ora acrescentam novos canais. Na verdade, não existe regra, o mercado acaba se modelando e novos formatos surgem a cada dia, e estes permitem não só uma melhoria para a empresa, mas para os cliente. Buscar novos modelos vem significando a sobrevivência das empresas. Estratégias de Marketing 32 Decisões de Distribuição OBJETIVO: Com o crescimento e a integração dos mercados, hoje, é difícil encontrarmos uma empresa que atue somente em âmbito local ou regional. Em função disso, a área de distribuição começa a se estruturar para dar conta da demanda. Esse cenário evoluiu de tal forma que o setor de distribuição, o antigo P de praça se transforma no setor de logística.. Segundo Pride e Ferrel (2015, p. 423), a “distribuição é o componente do mix de marketing que foca as decisões e as atividades envolvidas na tarefa de tornar os produtos disponíveis aos clientes no local e no momento em que decidirem comprar”. Se cruzarmos o conceito de distribuição com a famosa frase logística, esta diz que a logística tem a função de entregar o produto certo, no local certo e no prazo certo. Percebe alguma semelhança com o que estamos estudando sobre distribuição? Segundo Bowersox (1974) apud Cobra e Urdan (2017): Distribuição física e logística são atividades associadas à eficácia do movimento de produtos, desde a linha de produção até o consumidor; em muitos casos, incluem o movimento de matérias-primas, desde a fonte de suprimentos até o início de produção em linha. Incluem o transporte, a armazenagem, a expedição, a embalagem de proteção, o controle de estoques, a localização de fábricas e de depósitos para armazenagem, o processamento do pedido, a previsão de vendas e o serviço ao cliente (BOWERSOX, 1974. [n. p] apud COBRA; URDAN, 2017, p. 2012). A logística assume, assim, um papel extremamente estratégico, fazendo o elo entre as operações internas das empresas e o mercado consumidor. Segundo Carvalho (2002): Estratégias de Marketing 33 A logística busca otimizar todos os fluxos de informações e materiais, desde o ponto de origem até o seu ponto final, visando proporcionar níveis de serviços adequados aos seus clientes, com um preço competitivo (CARVALHO, 2002, p. 31). No entanto, o que devemos analisar para determinar qual tipo de estratégia de distribuição devemos utilizar? Para Bowersox (1974) apud Cobra e Urdan (2017), o planejamento de distribuição física inclui os seguintes componentes: 1. Prever a demanda de mercado para estabelecer o cronograma de planejamento em função dos objetivos de distribuição. 2. Calcular a capacidade de produção para atender à demanda total do mercado. 3. Decidir as necessidades de produção para atender à demanda total do mercado. 4. Localizar as fábricas perto das fontes de matérias- primas ou do mercado consumidor, para minimizar custos de transporte, de abastecimento e de expedição. 5. Desenvolver dados de demanda em termos numéricos e localizar clientes, seu potencial, frequência de compras e os momentos de expedição. 6. Resolver as necessidades de armazenagem e de localização de depósitos. 7. Determinar o tipo de transporte, o tipo de veículo e as rotas necessárias, se possível, para abastecer filiais/ depósitos. 8. Determinar o tipo e o tamanho da frota e os roteiros para a entrega a clientes locais. 9. Preparar a programação de entrega para os veículos. 10. Analisar as necessidades de distribuição e da estrutura organizacional para o sistema distribuidor. 11. Decidir sobre os procedimentos necessários ao controle, para que o sistema de distribuição atenda às necessidades do cliente. 12. Implementar os recursos planejados para operar o sistema em conformidade com os planos estratégicos, para atingir os objetivos de distribuição (BOWERSOX, 1974. [n. p] apud COBRA; URDAN, 2017, p. 2012). Estratégias de Marketing 34 Na Figura 8 podemos ver a dimensão das atividades logísticas, além de termos uma ideia da sua importância para as organizações. Figura 8 – Atividades da logística Fonte: Cobra e Urdan (2017, p. 214). Localização Apesar da estratégia de distribuição abordar muito mais do que simplesmente escolher a melhor localização da empresa, a escolha de onde será colocada uma loja ou um centro de distribuição, os atacadistas e os varejistas que serão angariados, temos que analisar minuciosamente uma série de informações sobre o mercado para a tomada de decisão. A escolha dos pontos em que a empresa estabelecerá presença deve levar em conta as potenciais oportunidades de negócio da região. Para essa identificação é de suma importância uma análise de mercado, começando pelos dados demográficos da região. Estratégias de Marketing 35 RESUMINDO: Nesta unidade, analisamos a integração entre os processos de distribuição e logística. Na realidade, fica até difícil sabermos onde começa um e onde termina o outro. Na grande maioria das empresas não temos um setor de distribuição, ele está dentro do próprio marketing, e faz o processo estratégico de planejamento que é operacionalizado pelo setor de logística, entretanto, a decisão não pode ser feita somente por um dos setores, dentro dos itens que devem ser analisados para a tomada de decisão, alguns dizem respeito ao marketing e outras à logística. O importante é que a decisão seja feita de forma sistêmica. Estratégias de Marketing 36 Gestão de Cadeia de Suprimentos OBJETIVO: A partir do momento em que a empresa equaciona suas estratégias de distribuição, ela começa a pensar em como otimizar o processo. O objetivo principal é aumentar a satisfação do cliente por meio de uma otimização do processo operacional. E, para que isso seja possível, a empresa começa a operacionalizar uma integração total, não só no sentido do cliente, mas também no sentido dos fornecedores. Na opinião de Pride e Ferrel (2015, p. 423), “refere-se a todas as atividades associadas ao fluxo e à transformação dos produtos, desde a matéria-prima até o consumidor final. Uma cadeia de suprimentos eficiente resulta em um sistema de distribuição completo, o que envolve várias organizações”. O conceito de cadeia de suprimentos pode ser entendido como uma estratégia organizacional com o intuito de aumentar a competitividade por meio do envolvimento de todos os envolvidos no processo, sejam setores internos da organização ou parceiros externos. Na Figura 9, conseguimos visualizar a dimensão de um do conceito de cadeia de suprimentos, sendo possível, também, verificarmos a intrínseca relação desse conceito com o marketing, já que todo o processo começa com uma visão de mercado pode meio de um gerenciamento da demanda, e continua por meio do gerenciamento ao cliente e do gerenciamento dos serviços aos clientes. Estratégias de Marketing 37 Figura 9 – Gestão de cadeia de suprimentos Fonte: Santos e Alves (2015, p. 3). É importante deixar claro que apesar de o conceito de cadeia de suprimento fazer todas essas integrações com a área de marketing, ele é apenas um conceito, e cadauma das áreas realiza suas atividades, mantendo a cisão geral. E-procurement Uma das áreas que, primeiramente, percebeu o potencial da internet foi a área de compras, que aliou a internet à compra e à venda de suprimentos, possibilitando a automatização do processo de compras e, em alguns casos, a integração com o gerenciamento da cadeia de suprimentos Estratégias de Marketing 38 O e-procurement pode ser entendido como uma modalidade de B2B em que são realizadas cotações on-line de produtos com vários fornecedores, fechando a transação com integração com o Enterprise Resource Planing (BATISTA, 2005). Ele normalmente tem funcionalidade como compra de materiais diretos e indiretos, e emprega várias funções com base na web, como contratos, pedidos, notificações e leilões (STEFANO; ZATTAR, 2016). Para entendermos a importância do e-procurement, precisamos entender a realidade do setor de compras. Um dos grandes problemas da maioria dos setores das empresas é não ter tempo para analisar estrategicamente seus setores em função do grande envolvimento dos profissionais com as atividades operacionais. As soluções de e-procurement, ao automatizar os processos operacionais, “livram” os usuários desse trabalho, permitindo que estes façam atividades mais nobres. Esse tempo extra permite que os compradores se dediquem a monitorar o processo de aquisição de suprimentos de valor mais relevante para a organização, como é o caso das matérias-primas. Na prática, o processo de automatização consegue consolidar os dados operacionais que subsidiam o setor estratégico para a tomada de decisão. Com essa solução é possível saber, por exemplo, quanto se gasta com suprimentos de informática e manutenção de impressoras; o que serve para a tomada de decisão em relação a uma possível terceirização da área de impressão da empresa, pela comparação entre os gastos mensais e o valor de uma terceirização, possibilitando uma redução de gastos, não pela diminuição da qualidade dos serviços, mas pela mudança da estratégica de fornecimento. Os dados gerados pelo sistema ainda permitem que a empresa aumente seu poder de negociação, visto que agora ela tem estatísticas de consumo, ou seja, o que compra, quanto se compra e de quem vem comprando, permitido o estabelecimento de contratos de médio e longo prazo, possibilitando ganhos de escala. O e-procurement possibilita que os compradores se dediquem mais ao processo de negociação, que é uma função nobre do setor. Dessa forma, é possível aprimorar o conhecimento, o relacionamento dos atuais e novos fornecedores, bem como a criação de uma melhor estratégia de fornecimento. Estratégias de Marketing 39 As soluções de e-procurement podem ser desenvolvidas internamente ou externamente, e a maioria dos grandes sistemas de gestão já têm módulos que operacionalizam essa funcionalidade. Tecnicamente falando, as soluções de e-procurement têm três grandes módulos, tendo como base o conjunto de funcionalidades e seus usuários-chave. O primeiro módulo reúne os processos de solicitação de compras e normalmente é utilizado pelos colaboradores internos da empresa. Estamos falando basicamente de uma interface web, muito parecida com um site de e-commerce, em que cada colaborador pode, efetivamente, comprar o item desejado. O segundo módulo permite o gerenciamento dos fornecedores nesses ambientes. É possível negociar e atualizar valores e, em alguns casos, até criar leilões virtuais. Essa interface normalmente é liberada para os compradores e fornecedores com contratos preestabelecidos. O terceiro módulo é utilizado somente pelos colaboradores do setor de compras, sendo usado para traçar a estratégia de fornecimento da organização. Como exemplos, podemos destacar os sites Mercado Eletrônico e TradeOut.com, em específico na área governamental, temos o GomprasGov. RESUMINDO: A dimensão das estratégias de distribuição é cada vez maior e, por isso, as empresas estão mapeando seus processos para que seja possível uma integração total. O foco de todo esse processo é a satisfação dos clientes. A lógica é simples: quanto maior a previsibilidade dos processos, maior será a efetividade de todo o processo. Atualmente, percebemos algumas empresas que já têm os processos mapeados e integrados de forma que já conseguem fazer logística reversa quando necessário, o que gera além de uma melhoria do atendimento ao cliente, mas, sobretudo, a otimização dos processos. Estratégias de Marketing https://www.me.com.br http://www.tradeout.com http://www.compras.es.gov.br 40 REFERÊNCIAS CARVALHO. F., Práticas de planejamento estratégico e sua aplicação em organização do terceiro setor. Orientadora: Rosa Maria Fischer. 2004. 207 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade, de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. USP. São Paulo. 2004. Versões impressa e eletrônica. COBRA, M.; URDAN, A. T. Marketing básico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. FRANCO, G.; VALE, L. A importância e influência do setor de compras nas organizações. TechHoje, [s. d.]. Disponível em: http://www. techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004. Acesso em: 4 jul. 2017. HIRSCH, E. Dropshipping: o guia super simples para fazer um comércio eletrônico arrebatador. [S. l.]: Babelcube Inc, 2018. LAS CASAS, A. L.; LAS CASAS, J. L. Marketing de serviços: como criar valores e experiências aos clientes. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. PRIDE, W. 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Disponível em: https://www. ecommercebrasil.com.br/artigos/os-pros-e-contras-dropshipping. Acesso em: 24 ago. 2019. VITORINO FILHO, V. A. et al. Gestão colaborativa em cadeias de suprimentos: um estudo bibliométrico. Gestão & Regionalidade, São Caetano do Sul, v. 32, n. 96, p. 111-134, 2016. Estratégias de Marketing Marketing de Serviços Composto de Serviços Serviço-Núcleo Serviços Aumentados Os 4 Ps dos Serviços Perfil Processos Procedimentos Pessoas Mapeamento das Necessidades Canais de Marketing Conceitos Preliminares Atacado Varejo Novos Modelos de Distribuição Decisões de Distribuição Localização Gestão de Cadeia de Suprimentos E-procurement
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