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2011 Marketing industrial e de serviços Prof. Johnny Francis Gaulke Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof. Johnny Francis Gaulke Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.804 G269m Gaulke, Johnny Francis Marketing industrial e de serviços / Johnny Francis Gaulke. Indaial : UNIASSELVI, 2011. 204 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-413-3 1. Marketing industrial I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. II. Ensino a Distância. Impresso por: III apresentação Prezado(a) acadêmico(a)! Nos últimos anos a palavra marketing tem sido cada vez mais utilizada, seja em grandes corporações ou mesmo no nosso dia a dia. Essa palavra, de origem americana, tem um significado amplo e uma aplicação ainda maior. Em muitos momentos os seus conceitos foram confundidos com a propaganda, mas com o passar do tempo e com o desenvolvimento dos conceitos dessa que se tornou uma importante disciplina administrativa, além de uma ideologia empresarial, as suas diversas formas e aplicações foram ficando claras e extremamente difundidas. Normalmente, deparamo-nos com o marketing de produtos para o consumidor final. Neste caderno daremos ênfase a duas formas nem sempre tão comuns dessa área: o marketing industrial e o marketing de serviços. Nosso objetivo é verificar quais as diferenças na criação das estratégias de marketing para consumidores finais e quais as diferenças para mercados industriais e, logo após, de que forma poderemos ser assertivos na criação de métodos eficazes de marketing para serviços ao contrário de marketing de produtos. Logo na primeira unidade abordaremos as teorias de marketing para mercados industriais, entendendo suas principais características e o que o diferencia do marketing para o consumidor final. Já na segunda unidade apresentaremos o marketing de serviços, delineando suas formas de aplicação e o que o diferencia de marketing de produtos. Finalmente, na terceira unidade serão apresentadas formas de comunicação e suas aplicações a essas duas formas de marketing. Ao final deste estudo você terá compreendido métodos específicos de marketing e conseguirá criar estratégias para os diversos mercados e situações exigidas dentro de cenários cada vez mais competitivos. Ótimos estudos e um grande abraço! Prof. Johnny Francis Gaulke IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII suMário UNIDADE 1 - MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS ..................................................................................................................... 1 TÓPICO 1 - MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR .................. 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3 2 MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR ....................................... 4 3 DEMANDAS EM MERCADOS INDUSTRIAIS ........................................................................ 5 3.1 DEMANDA DERIVADA ........................................................................................................... 5 3.2 DEMANDA FLUTUANTE ......................................................................................................... 5 3.3 DEMANDA ESTIMULANTE .................................................................................................... 6 3.4 SENSIBILIDADE DE PREÇO ..................................................................................................... 6 3.5 PERSPECTIVAS GLOBAIS DE MERCADO ............................................................................ 6 4 CADEIA DE SUPRIMENTOS ........................................................................................................ 7 5 CLIENTES EM MARKETING B2B ................................................................................................. 8 5.1 EMPRESAS COMERCIAIS ......................................................................................................... 8 5.2 ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS ............................................................................................... 9 5.3 INSTITUIÇÕES ............................................................................................................................ 10 6 O COMPRADOR INDUSTRIAL ................................................................................................... 11 6.1 PROCESSO DE COMPRAS ........................................................................................................ 11 6.1.1 Compra nova ....................................................................................................................... 12 6.1.2 Recompra direta .................................................................................................................. 13 6.1.3 Recompra modificada ........................................................................................................ 13 6.2 COMPORTAMENTO DO COMPRADOR ............................................................................... 14 6.2.1 Ambientais .......................................................................................................................... 14 6.2.2 Organizacionais .................................................................................................................. 14 6.2.3 Grupais ................................................................................................................................. 15 6.2.4 Individuais ........................................................................................................................... 16 6.3 CADEIA DE SUPRIMENTOS ....................................................................................................18 6.3.1 Ingrediente fundamental: parcerias ................................................................................. 19 6.3.2 Tecnologia na Cadeia de Suprimentos: e-procurement ................................................... 21 6.3.3 Sistema Just-in-time ............................................................................................................. 25 7 ANÁLISE DE DEMANDA .............................................................................................................. 26 7.1 LEVANTANDO DADOS ............................................................................................................ 27 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 29 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 31 TÓPICO 2 - ESTRATÉGIAS DE MARKETING B2B .................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 33 2 EMPRESAS VOLTADAS AO MERCADO .................................................................................. 34 2.1 VANTAGENS COMPETITIVAS ................................................................................................ 35 3 NÍVEIS DE ESTRATÉGIA .............................................................................................................. 36 3.1 CORPORATIVAS ......................................................................................................................... 36 3.2 DE NEGÓCIOS............................................................................................................................. 36 3.3 FUNCIONAIS ............................................................................................................................... 37 4 PLANEJAMENTO DE MARKETING............................................................................................ 38 5 ESTRATÉGIA EM PRODUTOS .................................................................................................... 40 VIII 6 ESTRATÉGIA EM PRAÇA (DISTRIBUIÇÃO) ........................................................................... 42 7 ESTRATÉGIA EM PREÇO .............................................................................................................. 42 8 ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO (COMUNICAÇÃO) .............................................................. 43 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 45 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 47 TÓPICO 3 - GERENCIAMENTO DE RELACIONAMENTO E CONTROLE EM MARKETING INDUSTRIAL ......................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 49 2 MARKETING DE RELACIONAMENTO ..................................................................................... 49 2.1 INFORMAÇÕES .......................................................................................................................... 50 2.2 INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS .................................................................................................. 51 2.3 CONTRATOS ............................................................................................................................... 51 2.4 COOPERAÇÃO ............................................................................................................................ 51 2.5 ADAPTAÇÕES ............................................................................................................................. 51 2.6 MERCADO ................................................................................................................................... 52 3 ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE RELACIONAMENTO ................................................ 52 3.1 CAPTAÇÃO DE DADOS ............................................................................................................ 53 3.2 SELEÇÃO DOS CLIENTES ........................................................................................................ 53 3.3 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS .................................................................................. 54 3.4 IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS ............................................................................... 54 3.5 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS .............................................................................................. 54 4 CONTROLE EM MARKETING INDUSTRIAL .......................................................................... 55 4.1 CONTROLE ESTRATÉGICO ..................................................................................................... 58 4.2 CONTROLE DE PLANEJAMENTO ......................................................................................... 58 4.3 CONTROLE DE EFICIÊNCIA E EFICÁCIA ........................................................................... 58 4.4 CONTROLE DE LUCRATIVIDADE ......................................................................................... 58 5 CASO CREMER S.A. ...................................................................................................................... 60 5.1 REINVENTANDO A EMPRESA ............................................................................................... 60 5.2 UMA DECISÃO CORAJOSA ..................................................................................................... 60 5.3 OS PRIMÓRDIOS DA REVIRAVOLTA .................................................................................... 61 5.4 ADEUS INTERMEDIÁRIOS ...................................................................................................... 62 5.5 NÃO TEMA AS MUDANÇAS................................................................................................... 63 5.6 MEU CADASTRO, MEU TESOURO ........................................................................................ 64 5.7 ACAMPADOS NA EMPRESA ................................................................................................... 65 5.8 CONVERSA ENTRE SISTEMAS ............................................................................................... 67 5.9 NOS BRAÇOS DO INIMIGO ..................................................................................................... 70 5.10 GOLPE NOS PREÇOS ............................................................................................................... 71 5.11 A BATALHA DE AGOSTO ....................................................................................................... 73 5.12 PRODUZIR MERCADORIAS E VALOR ................................................................................ 74 5.13 SALAS DE GUERRA ................................................................................................................. 76 5.14 NOSSO NEGÓCIO É ................................................................................................................. 77 5.15 MUITO ALÉM DO ESPARADRAPO ...................................................................................... 78 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 81 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 83 UNIDADE 2 - MARKETING DE SERVIÇOS ................................................................................85 TÓPICO 1 - CONCEITOS DE MARKETING DE SERVIÇOS E MARKETING DE PRODUTOS ........................................................................................................ 87 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 87 IX 2 DESENVOLVIMENTO NO SETOR DE SERVIÇOS ................................................................. 88 3 SERVIÇOS .......................................................................................................................................... 89 3.1 EXPERIÊNCIA – A ALMA DOS SERVIÇOS ........................................................................... 91 3.2 CRIANDO O MOMENTO DA VERDADE .............................................................................. 92 3.2.1 Ambiente .............................................................................................................................. 92 3.2.2 Funcionários ........................................................................................................................ 92 3.2.3 Outros clientes ..................................................................................................................... 92 4 CATEGORIAS DO MIX DE SERVIÇOS ...................................................................................... 93 5 MODELO DE GERENCIAMENTO ORIENTADO PARA O MERCADO ........................................................................................................................ 94 6 QUATRO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS ........................................... 95 6.1 INTANGIBILIDADE ................................................................................................................... 96 6.1.1 Pessoal do atendimento .................................................................................................... 96 6.1.2 Estrutura .............................................................................................................................. 96 6.1.3 Equipamentos ...................................................................................................................... 97 6.1.4 Informativos ........................................................................................................................ 97 6.1.5 Nome e logomarca .............................................................................................................. 97 6.1.6 Benefícios especiais ............................................................................................................. 97 6.1.7 Serviços de reserva ............................................................................................................. 98 6.2 INSEPARABILIDADE ................................................................................................................. 98 6.3 VARIABILIDADE ........................................................................................................................ 99 6.4 PERECIBILIDADE ....................................................................................................................... 100 6.4.1 Equilíbrio da demanda ...................................................................................................... 101 6.4.2 Equilíbrio da oferta ............................................................................................................. 101 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 103 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 105 TÓPICO 2 - PROCESSOS, QUALIDADE E PREÇOS EM MARKETING DE SERVIÇOS ...................................................................................................................................... 107 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 107 2 MOMENTO DA VERDADE .......................................................................................................... 107 3 FATORES DE SUCESSO EM MARKETING DE SERVIÇOS ................................................... 110 3.1 DIFERENCIAÇÃO ...................................................................................................................... 110 3.2 QUALIDADE................................................................................................................................ 111 3.3 PRODUTIVIDADE ...................................................................................................................... 115 4 AMBIENTE FÍSICO DOS SERVIÇOS.......................................................................................... 117 4.1 FATORES AMBIENTAIS ............................................................................................................. 117 4.2 FATORES DO PROJETO ............................................................................................................. 118 4.3 FATORES SOCIAIS ...................................................................................................................... 119 4.3.1 Aparência ............................................................................................................................ 119 4.3.2 Perfil ...................................................................................................................................... 119 4.3.3 Comportamento .................................................................................................................. 119 4.3.4 Quantidade de pessoas no local ....................................................................................... 120 5 PREÇOS EM SERVIÇOS ................................................................................................................. 120 5.1 BARATO ........................................................................................................................................ 121 5.2 JUSTO ............................................................................................................................................ 122 5.3 CARO ............................................................................................................................................. 122 5.4 ROUBO .......................................................................................................................................... 122 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 124 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 126 X TÓPICO 3 - FIDELIZAÇÃO E CONTROLE EM MARKETING DE SERVIÇOS ................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 127 2 TROCA DE PRESTADOR DE SERVIÇOS .................................................................................. 127 3 CARACTERÍSTICAS DE EMPRESAS DE SUCESSO .............................................................. 128 3.1 CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA ................................................................................................. 128 3.2 COMPROMETIMENTO DA DIREÇÃO .................................................................................. 128 3.3 RIGOR NOS PROCESSOS .......................................................................................................... 129 3.4 SISTEMAS DE CONTROLE ....................................................................................................... 129 3.5 GERENCIAMENTO DAS RECLAMAÇÕES ........................................................................... 130 3.6 INCENTIVO AOS FUNCIONÁRIOS....................................................................................... 131 4 RETENÇÃO DE CLIENTES ........................................................................................................... 131 4.1 EXPECTATIVAS EQUILIBRADAS ........................................................................................... 132 4.2 LEMBRANÇA DO CLIENTE ..................................................................................................... 132 4.3 RELACIONAMENTOS BASEADOS EM CONFIANÇA ....................................................... 132 4.4 ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO ................................................................................ 132 4.5 O CLIENTE PRECISA SER EDUCADO QUANTO AO SERVIÇO ...................................... 133 4.6 PRESENÇA NAS HORAS BOAS E NAS RUINS .................................................................... 133 4.7 BENEFÍCIOS EXTRAS ................................................................................................................ 133 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 134 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 137 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 138 UNIDADE 3 - COMUNICAÇÃO EM MARKETING B2B E MARKETING DE SERVIÇOS........................................................................................................... 139 TÓPICO 1 - CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO ......................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 141 2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING............................................................ 141 2.1 DEFININDO COMUNICAÇÃO ............................................................................................... 142 2.2 COMO FUNCIONA UMA COMUNICAÇÃO DE MARKETING ........................................ 144 3 MIX DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING ............................................................................ 147 3.1 GERENCIAMENTO DE MARCAS ........................................................................................... 148 3.1.1 Atributos ............................................................................................................................... 149 3.1.2 Benefícios ............................................................................................................................. 149 3.1.3 Valores .................................................................................................................................. 150 3.1.4 Personalidade ..................................................................................................................... 150 3.2 RELAÇÕES PÚBLICAS .............................................................................................................. 150 3.3 FEIRAS COMERCIAIS ................................................................................................................ 151 3.3.1 Benefícios de venda ........................................................................................................... 152 3.3.2 Benefícios promocionais .................................................................................................... 152 3.3.3 Feedback ................................................................................................................................. 153 3.3.4 Benefícios estratégicos........................................................................................................ 153 3.4 VENDA PESSOAL ....................................................................................................................... 153 3.5 PUBLICIDADE ............................................................................................................................. 154 3.6 MARKETING DIRETO COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO ............................. 155 3.7 PROPAGANDA ........................................................................................................................... 157 3.8 PROMOÇÃO DE VENDAS ........................................................................................................ 159 3.9 INTERNET ................................................................................................................................... 159 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 164 XI TÓPICO 2 - COMUNICAÇÃO EM MARKETING INDUSTRIAL (B2B) ................................ 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 165 2 VENDA PESSOAL ............................................................................................................................ 166 3 PROPAGANDA ................................................................................................................................ 166 3.1 A MENSAGEM ........................................................................................................................... 168 3.2 SELEÇÃO DO VEÍCULO ........................................................................................................... 169 3.2.1 Custo por Mil....................................................................................................................... 169 3.2.2 Frequência média ................................................................................................................ 170 4 MARKETING DIRETO .................................................................................................................... 170 5 INTERNET ......................................................................................................................................... 171 6 FEIRAS COMERCIAIS .................................................................................................................... 172 6.1 DEFININDO OBJETIVOS ........................................................................................................... 173 6.2 ORGANIZAÇÃO DA FEIRA ..................................................................................................... 173 6.3 AVALIAÇÃO DO RESULTADO ................................................................................................ 174 7 VENDA PESSOAL ............................................................................................................................ 174 7.1 RELACIONAMENTO EM VENDAS PESSOAIS .................................................................... 175 7.2 GERENCIAMENTO DA EQUIPE DE VENDAS .................................................................... 176 7.2.1 Organização geográfica ..................................................................................................... 177 7.2.2 Organização por produto .................................................................................................. 177 7.2.3 Organização baseada no mercado .................................................................................... 178 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 180 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 182 TÓPICO 3 - COMUNICAÇÃO EM MARKETING DE SERVIÇOS ..........................................183 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 183 2 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................................... 184 3 POSICIONAMENTO ....................................................................................................................... 184 4 MIX DE COMUNICAÇÃO ............................................................................................................. 186 5 OBJETIVOS DE COMUNICAÇÃO .............................................................................................. 186 6 DESENVOLVIMENTO DAS COMUNICAÇÕES EM SERVIÇOS ........................................ 187 6.1 COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA .......................................................................................... 187 6.2 PROMESSAS ................................................................................................................................. 188 6.3 TORNE TANGÍVEL ..................................................................................................................... 188 6.4 RELAÇÃO DE TRABALHO ...................................................................................................... 189 6.5 VARIABILIDADE ........................................................................................................................ 190 6.6 DIMENSÕES DE QUALIDADE ................................................................................................ 190 6.7 EDUCAÇÃO SOBRE O SERVIÇO............................................................................................. 190 7 SUGESTÕES DE COMUNICAÇÃO ............................................................................................ 191 7.1 CLIENTES PODEM SER PORTA-VOZES ............................................................................... 191 7.2 A PRIMEIRA IMPRESSÃO ......................................................................................................... 191 7.3 VISUAL ......................................................................................................................................... 192 7.4 COMUNICAÇÕES REGULARES ............................................................................................. 192 8 MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM SERVIÇOS .......................................................................... 192 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 194 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 198 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 200 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 201 XII 1 UNIDADE 1 MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • diferenciar marketing industrial de marketing de consumo; • compreender as estruturas de compras industriais; • elaborar um plano de marketing industrial; • gerir o relacionamento com os clientes industriais; • conhecer os métodos de pesquisa e sistemas de informação de marketing industrial disponíveis. Esta unidade está dividida em três tópicos, incluindo atividades diversas com o objetivo de clarear o entendimento dos conceitos de marketing industrial. TÓPICO 1 – MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS DE MARKETING B2B TÓPICO 3 – GERENCIAMENTO DE RELACIONAMENTO E CONTROLE EM MARKETING INDUSTRIAL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 1 INTRODUÇÃO O que diferencia mercados industriais de mercados consumidores é basicamente quem efetua a compra dos produtos ou serviços e como é feita a utilização dos mesmos. Poderíamos iniciar fazendo uma diferenciação em quais mercados industriais o produto ou serviço tem como público-alvo outra empresa, que utilizará os seus produtos para produzir novos produtos, como, por exemplo, uma empresa de alimentos que comercializa trigo para padarias, que, por sua vez, com esse produto, produz pão para o consumidor final; outro exemplo são as empresas que vendem produtos que, posteriormente, serão revendidos ao consumidor final. Basicamente, teremos uma relação entre duas pessoas jurídicas, uma venda de um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) para outro CNPJ, de uma empresa para outra empresa; enquanto que nos mercados consumidores temos uma situação de uma pessoa jurídica que vende para uma pessoa física, um CNPJ para um CPF, ou seja, uma empresa vendendo para uma pessoa comum. O produto, nesse caso, poderia ser o pão da padaria sendo vendido para uma pessoa que irá consumi-lo no café da manhã. Cada vez mais universidades tanto da Europa como do Canadá e Estados Unidos têm inserido na grade curricular da sua formação de administradores o estudo específico de marketing industrial, que engloba grandes organizações e suas necessidades. Diversos estudos revelam que mais da metade dos profissionais formados em administração acabam ingressando em empresas que vendem seus produtos em mercados industriais, por isso nada mais correto que intensificar os estudos do marketing nesse sentido. Ao longo da última década diversos estudos na área industrial têm sido desenvolvidos e com isso ampliado a assertividade e um olhar mais crítico para essas teorias. (HUTT; SPEH, 2002). UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 4 O marketing Business to Business, cuja tradução significa “negócios para negócios”, é uma denominação utilizada para caracterizar o marketing industrial. Frequentemente é descrito como Marketing B2B (de Business to Business). Nosso objetivo principal neste Tópico é destacar as semelhanças entre o marketing de bens de consumo, também conhecido como B2C (business to consumer), e o marketing B2B. Veremos aqui como se comporta um comprador organizacional em comparação a um consumidor comum e os principais fatores de sucesso nesse tipo de mercado. 2 MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR Algumas empresas fabricam produtos somente direcionados aos mercados organizacionais, ou seja, são produtos que nunca são oferecidos ao consumidor final, como, por exemplo, chips de memória, máquinas para a produção de determinado produto, insumos para transformação. Por outro lado, algumas empresas trabalham em ambos os mercados, tanto no mercado industrial como no mercado consumidor, por exemplo: computadores que são destinados tanto a empresas quanto ao consumidor final. Aqui vale a pena abrir um parêntese. Quando os computadores foram pensados, eles eram destinados principalmente ao mercado industrial, mas também tomou outro caminho. Em contrapartida, alguns produtos que eram destinados principalmente para o mercado consumidor, passaram a ser oferecidos também para o mercado industrial, como os telefones celulares. Por isso, muitas vezes, os produtos são exatamente os mesmos, porém a utilização é diferente, o que faz com que a abordagem do cliente seja feita de forma diferente também. Uma das principais características de empresas em mercados B2B é a capacidade de perceber necessidades corporativas e principalmente agregar valor através de parcerias. (HUTT; SPEH, 2002). O trabalho de desenvolvimento dos produtos geralmente acontece de forma integrada, em que o cliente auxilia com ideias, conceitos e necessidades e o fornecedor se esforça para chegar no resultado esperado, com a qualidade e com o preço necessário. Inúmeras vezes, nos mercados industriais, o cliente dá um preço máximo e o fornecedor altera seu produto, buscandoalcançar esse preço, que pode ser o fator que faz com que o seu cliente seja ou não competitivo no mercado. Por exemplo, se a empresa que produz celulares no Brasil está competindo com o produto chinês, certamente ela terá que conseguir produzir seus celulares com um valor mais baixo e com a mesma qualidade. Nesse momento, os fornecedores são de muita importância, pois poderão mudar um processo ou trocar uma das matérias-primas da parte plástica do aparelho, reduzindo o custo final. A criação e ampliação de valor é um dos principais fatores para o sucesso, por isso o profissional de marketing deve compreender muito bem todos os processos de produção e, por meio disso, envolver-se na pesquisa e no TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 5 desenvolvimento, entender onde o cliente utilizará o seu produto e quem é o cliente de seu cliente, de modo a agregar mais valor aos produtos fornecidos e, principalmente, desenvolvê-los através da ótica do cliente. Podemos citar algumas diferenças entre os mercados industriais e os mercados de consumo, como: a natureza do mercado, suas demandas, como o comprador se comporta, como são as relações entre o vendedor e o comprador, como o ambiente e como a economia influenciam os negócios assim como as estratégias de mercado. (HUTT; SPEH, 2002). 3 DEMANDAS EM MERCADOS INDUSTRIAIS 3.1 DEMANDA DERIVADA 3.2 DEMANDA FLUTUANTE Existem algumas formas específicas de demandas em mercados industriais (HUTT; SPEH, 2002) nos quais os gestores de marketing devem ter especial atenção, como podemos acompanhar nos seguintes subitens. Vamos imaginar aqui um carro. Para que ele possa ser montado, diversas empresas fornecem seus produtos para a montadora. Um desses produtos, o pneu, tem a sua demanda ampliada à medida que os consumidores finais compram carros, ou seja, quanto mais carros vendidos no mercado, mais pneus serão vendidos. A demanda deriva de uma procura pelo produto final. Conforme vimos no subitem anterior, a demanda é derivada do consumo de produtos e, dessa forma, também pode ser flutuante. Nesse sentido, as empresas que atuam em mercados industriais devem estar muito atentas a mudanças mercadológicas. A economia pode fazer com que a demanda flutue. Um exemplo é a construção civil, que teve grande ampliação no Brasil nos últimos anos em função de benefícios de impostos e do grande crescimento da economia. (HUTT; SPEH, 2002). Com isso, existem mais casas sendo construídas e, consequentemente, mais material de construção sendo vendido e da mesma forma mais material tendo que ser produzido. Para se produzir mais material, precisamos de mais máquinas e o fornecedor de máquinas irá vender mais. Porém, o contrário também é verdadeiro. Tão logo a economia estacione ou, então, os benefícios ao consumidor final sejam reduzidos o efeito será o mesmo, de forma negativa, reduzindo a demanda por máquinas. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 6 3.3 DEMANDA ESTIMULANTE 3.4 SENSIBILIDADE DE PREÇO 3.5 PERSPECTIVAS GLOBAIS DE MERCADO Algumas empresas que atuam em mercados B2B, além de acompanhar o mercado verificando oportunidades e ameaças, também estimulam a procura por seus produtos. Um exemplo disso são os produtores de alumínio que fazem campanhas na televisão falando dos benefícios de utilizar embalagens de alumínio ao invés de utilizar embalagens plásticas para refrigerantes, devido à facilidade de reciclar o alumínio. Com essa atitude, influenciam o consumidor final a utilizar o material, que, consumindo mais refrigerantes em lata, faz com que os produtores de refrigerantes comprem mais alumínio. Em grande parte dos produtos destinados aos mercados industriais no qual existe sensibilidade ao preço, a demanda pode ser elástica. Em outras palavras, quanto mais celulares forem produzidos em larga escala, melhor pode ficar o preço dos mesmos, pois existe um ganho na produtividade. Com um preço mais baixo no mercado, a procura por celulares será ainda maior, ou seja, quanto menor o preço, maior poderá ser a demanda. Da mesma forma isso acontece com os componentes que formam esse celular. Se tivermos dentro dele um chip e temos uma procura grande por esse chip, o valor do mesmo tende a cair. Esse fator é muito comum em marketing B2B, em que os preços são menores para quantidades maiores e a demanda, em certos casos, pode ser influenciada pelo preço. Uma das características e tendências das empresas que operam em mercados industriais é a globalização. Hoje não podemos imaginar apenas o mercado doméstico e a liderança no mesmo. É preciso ir além, buscar novos mercados para poder desenvolver. Existe um aumento por produtos industriais no mercado global e uma concorrência crescente, principalmente em países desenvolvidos da Europa Ocidental, Japão, nos Tigres Asiáticos, e grandes oportunidades no grupo conhecido como BRIC, os países emergentes e em desenvolvimento, Brasil, Rússia, Índia e China. Muitas empresas B2B têm grande parte de seu faturamento vindo de mercados internacionais. Um exemplo é a empresa Motorola que tem ajudado a China e Hong Kong a resolver um grande problema, que era o de unir todas as casas e empresas com fios de cobre para a comunicação. Enquanto muitos países TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 7 investiram bilhões para que isso pudesse ser feito, o que além de ter uma validade, é um processo extremamente demorado, a Motorola colocou à disposição um mundo sem fios com suas novas tecnologias de comunicação, fazendo com que o faturamento da empresa já ultrapassou a marca de US$ 3 bilhões por ano. (HUTT; SPEH, 2002). Para adiantarmos nosso estudo sobre o marketing industrial (ou marketing B2B – business to business), é de extrema importância compreender alguns fatores, como a Cadeia de Suprimentos, visto que os produtos vendidos em mercados industriais, na maioria das vezes, são componentes de outros produtos ou fazem parte de grandes processos de utilização, como, por exemplo, o soro ou algodão utilizado em um hospital. 4 CADEIA DE SUPRIMENTOS Na figura a seguir podemos observar a cadeia de suprimentos para se produzir automóveis. Esse modelo se encaixa perfeitamente no nosso conceito de marketing B2B, no qual diversas empresas trabalham na pesquisa e no desenvolvimento de produtos específicos, que farão parte do produto “automóvel”, que poderá ser adquirido pelo consumidor final ou, então, novamente, por mercados industriais (podemos imaginar aqui uma empresa que compra carros para sua frota). Cada componente, cada parte desse carro, foi produzido por alguma empresa, que teve em seu processo tudo o que conhecemos em marketing, como a pesquisa e o desenvolvimento, a criação de valor, um rígido controle de qualidade, suporte técnico e até mesmo um serviço pós-vendas. Todos esses componentes serão responsáveis também pela qualidade final dos automóveis produzidos e, talvez, o consumidor final nem note a presença do produto de determinada empresa no carro que acabou de adquirir, porém a qualidade desse produto, que a princípio fica oculta, é fundamental para o desempenho do automóvel. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 8 FONTE: Hutt; Speh (2002, p. 41) 5 CLIENTES EM MARKETING B2B 5.1 EMPRESAS COMERCIAIS Já conhecemos algumas das principais diferenças entre os mercados industriais e os mercados consumidores e começamos a entender que existem grandes diferenças entre o marketing B2B, destinado a mercados industriais, e o marketing B2C, destinado a mercados consumidores. Para que nossos conceitos fiquem ainda mais claros, faz-se necessário classificar os clientes que atuam em mercados industriais. Eles podem ser divididos basicamente em 3 grupos (HUTT; SPEH, 2002): • Empresas Comerciais. • Órgãos Governamentais. • Instituições. Dentro da classificação de empresas comerciais poderemos encontrar diversas situações como empresas usuárias, quecompram determinados bens que os auxiliam na produção de seus produtos, como, por exemplo, máquinas específicas que auxiliam na produção de móveis, ou seja, esse bem não se tornará parte do produto da empresa, mas ajuda a produzi-lo. FIGURA 1 – A CADEIA DE SUPRIMENTOS TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 9 5.2 ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS Outro grupo são os produtores de componentes e insumos, como, por exemplo, uma empresa que fabrica fios que são vendidos a outra que fabricará blusa de tricô. Nesse caso, o produto adquirido se torna parte do produto da empresa cliente. Outro exemplo seriam lentes especiais vendidas a uma empresa que fabrica câmeras fotográficas. Existe também o grupo de empresas que compra determinados bens para distribuí-los ou revendê-los. Nesse grupo, poderemos incluir empresas especializadas em artigos hospitalares, que compram produtos como algodão, soro, bisturis, remédios de diversas empresas e os revendem ou distribuem para diversos hospitais. É importante lembrarmos que pertencer a um desses grupos não exclui o outro. Uma empresa comercial pode pertencer às três classificações ao mesmo tempo: comprando computadores para auxiliar na programação da produção, comprando um componente como um botão que integrará a sua camisa ou, então, comprando algum artigo pronto e revendendo-o. Outra importante categoria de clientes é o Governo e todos os órgãos ligados a ele. Entende-se que incluímos aqui o Governo Federal, com suas divisões administrativas, de infraestrutura e segurança, os Governos dos Estados e também as Prefeituras dos Municípios. Atualmente, o Governo é responsável pela maior parte das transações comerciais do país, movimentando milhões de reais, comprando praticamente de tudo, desde materiais de expediente, como: canetas, papel, computadores, alimentos, material de construção até aviões e tanques de guerra. (HUTT; SPEH, 2002). Nesse tipo de cliente existem diversas oportunidades tanto para pequenas empresas como para médias e grandes, porém, existem muitas particularidades principalmente no processo de compras, que poderá ser feito através de publicações e licitações formais, no qual o governo divulga as suas necessidades, descreve o produto e os níveis de qualidade que espera receber e, muitas vezes, fixa até mesmo o valor máximo para o produto. Essa forma de negociação é geralmente utilizada quando existem diversos fornecedores com características similares. A compra também poderá ser realizada através de contratos fechados. Nesse caso, existem, geralmente, poucos fornecedores no mercado e o produto não poderá ser avaliado apenas pelo seu preço, mas, principalmente, pela sua extrema qualidade e também diferenciais tecnológicos, como equipamentos científicos ou até mesmo vacinas. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 10 Uma empresa que se foca em vendas ao Governo deve ter uma estratégia diferenciada da utilizada para setores comerciais, haja vista que existem diversas regras que devem ser observadas e cumpridas além de diversas adaptações necessárias em todo o mix de marketing, como: preços, produtos, prazos e distribuição. 5.3 INSTITUIÇÕES A terceira categoria de clientes, formada pelos institutos, fundações e associações, caracteriza um número elevado de clientes com alto potencial de compras. Podemos citar, entre eles: escolas, hospitais, universidades, centros culturais e muitos outros, administrados pelo que chamamos de empresas do terceiro setor, que englobam todos os institutos e similares. Esse tipo de cliente pode render alguns milhões em uma única compra, como, por exemplo, uma rede de escolas comprando novos computadores para todas as suas unidades ou, então, compras singelas, como um pequeno hospital do interior comprando roupa de cama. O processo de compras é muito similar ao realizado pelo Governo, com amplas regras e, em muitos casos, por meio de licitações. Devemos levar em consideração um fator importante nas compras institucionais. Muitas dessas instituições são formadas por profissionais, como: professores, médicos e pesquisadores e, em alguns casos, elas possuem um comprador ou até mesmo um departamento de compras. Observa-se que há grande chance de o comprador entrar em conflito com os profissionais da instituição, que querem escolher de quais fornecedores comprar, muitas vezes apenas pelo relacionamento de anos ou afinidade. Por outro lado, os compradores possuem técnicas e regras para efetuar as compras, o que, muitas vezes, não é compreendido claramente. Nesse sentido, o profissional de marketing B2B que quer fazer negócios com essas instituições deverá estar preparado para administrar esses conflitos e conquistar a confiança tanto do comprador como dos demais profissionais. Em ascensão no Brasil, os grupos de compra também constituem um ponto a ser verificado. Eles são caracterizados pela união de algumas empresas que necessitam de produtos similares, ligando-se com o objetivo de obter preços mais baixos, comprando quantidades maiores ou até mesmo fazendo mais pressão para que o fornecedor lhes garante melhores condições. Além de uma estratégia diferenciada que permita negociações com as instituições individualmente, o profissional de marketing deverá ter uma estratégia específica para atender as TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 11 6 O COMPRADOR INDUSTRIAL Diferentemente do que conhecemos em mercados consumidores, onde qualquer pessoa pode ser um comprador e também o consumidor, nos mercados industriais temos diversas questões que devem ser verificadas com relação a quem é essa pessoa responsável pela compra e como ela se comporta. Grande parte das universidades e dos cursos de administração oferece disciplinas específicas na área de compras ou até especializações na mesma, fazendo com que todo o processo de compras se torne mais profissional a cada dia. Diferentes técnicas e teorias internacionais são adaptadas à cultura organizacional local e criam sistemas de compras específicos, aos quais os profissionais de marketing devem se adaptar rapidamente. Contudo, o que podemos fazer para melhorar o nosso desempenho? Algumas empresas que trabalham em mercados industriais investem anualmente verdadeiras fortunas em pesquisa para entender o que os clientes de seus clientes querem. (HUTT; SPEH, 2002). Dessa forma, acabam desenvolvendo produtos que solucionam as necessidades finais dos consumidores e certamente facilitam o trabalho de seus clientes, que acabam por dar preferência a quem já vem com a solução completa. Por exemplo, se a empresa que fornece estofamento para os carros de alguma montadora descobrir o que os futuros clientes dessa montadora preferem na questão de conforto e desenvolverem algo dentro dessa linha, obviamente, a montadora incluirá esse novo estofamento à sua linha de montagem. Estar focado no cliente de nosso cliente é certamente uma chave para o sucesso. O comprador industrial é movido, na maioria das vezes, pelo reconhecimento de um problema ou necessidade, o que o leva a comprar. Esse processo é muito mais racional do que em mercados consumidores, nos quais podemos ser levados pelo momento e pela emoção para comprar algo, mesmo não necessitando de nada. 6.1 PROCESSO DE COMPRAS Em mercados industriais, a compra se dá através de um processo e não apenas motivado pela emoção ou por impulso. Esse processo passa por etapas importantes até chegar ao seu fim. Cada uma dessas etapas representa uma decisão importante na organização e é julgada com precisão. esses grupos. Entre os pontos dessa estratégia, destaca-se a distribuição, já que as compras são centralizadas, porém a entrega deverá ser em cada uma das instituições que formam o grupo. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 12 No quadro a seguir podemos observar as etapas do processo de compras:Situações de Compras Estágios da Compra Compra Nova Recompra Direta Recompra Modificada 1. Reconhecimento do Problema. 2. Determinação das características e quantidades de itens necessários. 3. Descrição das características e quantidades de itens necessários. 4. Procura e qualificação dos fornecedores em potencial. 5. Recebimento e análise das propostas. 6. Avaliação das propostas e seleção de fornecedores. 7. Seleção de uma rotina de pedido. 8. Revisão de desempenho. FONTE: Hutt; Speh (2002, p. 74) O quadro apresenta os oito principais estágios do processo de compras. Alguns deles podem ser concluídos simultaneamente ou, então, dependendo do tipo de produto e da situação de compras, podem ser mais ou menos complexos. Ao se tratar de uma compra nova, certamente cada uma das etapas acaba sendo seguida com grande aprofundamento, ao contrário do que acontece em algumas situações de recompra, seja ela modificada ou direta. A situação de compra deve ser observada com grande interesse pelos profissionais de marketing. 6.1.1 Compra nova Em uma situação da compra nova, os compradores se deparam com uma experiência jamais vista anteriormente. Geralmente essa experiência é associada à falta de informações e comparações. Para entendermos essa situação seria o mesmo que comprarmos o nosso primeiro carro. Sabemos a necessidade, mas nunca passamos por esse processo antes. O que mais queremos são informações e comparativos que nos ajudem na nossa escolha. Da mesma forma o comprador industrial tem essa necessidade. Precisa reunir o maior número de informações possíveis para tomar a decisão mais sensata e justificar a sua decisão. Para o profissional de marketing, esse fator oferece diversas oportunidades. Caso ele tenha um número de informações suficientes sobre seu produto, suas aplicações, exemplos de outras empresas com problemas similares que utilizaram o produto, além de oferecer garantias, certamente, deixará o comprador seguro de que estará adquirindo o produto com o melhor custo-benefício. QUADRO 1 – ETAPAS DO PROCESSO DE COMPRAS TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 13 6.1.2 Recompra direta Essa situação está presente na rotina de muitas empresas. Vamos imaginar a compra de papel A4 para o escritório. Não existe uma modificação na necessidade e nem na descrição do produto. Nesse caso, o processo de compras é simplificado, dispensando grandes pesquisas e busca de informações. Geralmente, apenas os preços e os prazos de entrega são verificados com os já habituais fornecedores. Inúmeras empresas utilizam plataformas de compras na internet, agilizando os processos. Nessas plataformas, o fornecedor que estiver devidamente cadastrado e apto para fornecer determinada linha de produtos poderá enviar sua oferta e aguardar o resultado. Dessa forma, os compradores podem se concentrar mais em compras novas, otimizando todo o processo. 6.1.3 Recompra modificada UNI Voltaremos a falar sobre compras em plataformas de internet no decorrer desta unidade. A recompra modificada é geralmente motivada pela busca de melhorias contínuas. Trata-se da recompra de algum material, porém com uma reavaliação sobre seu desempenho e benefícios, buscando alternativas que possam garantir melhorias para a empresa. Outro motivo para a recompra modificada pode ser o descontentamento da empresa em relação à qualidade dos produtos oferecidos ou, então, passam a perceber que o produto adquirido anteriormente oferece apenas soluções limitadas dos problemas apontados. Um exemplo que podemos usar como comparativo ao mercado de consumo seria a compra de uma segunda câmera digital, com a qual procuraríamos ampliar a solução de problemas e necessidades que percebemos utilizando a primeira. Nesse caso, o profissional de marketing deve verificar a fundo todas as necessidades para oferecer uma solução ainda mais completa, compreendendo cada detalhe e cada ponto considerados importantes pelo seu cliente. Através da percepção de parceria, o cliente poderá efetuar a recompra, sem mudar de fornecedores. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 14 6.2 COMPORTAMENTO DO COMPRADOR 6.2.1 Ambientais 6.2.2 Organizacionais Após compreendermos quem é o comprador industrial e quais o processos de compras, é importante buscarmos saber como se comporta o comprador e quais fatores influenciam seu comportamento. Diversos autores defendem o conceito de que existem forças que interferem no comportamento do comprador, dividindo-as basicamente em quatro grupos explicados nos subitens a seguir. (HUTT; SPEH, 2002). Compreendem as forças ambientais e mudanças nas leis, na política, na tecnologia ou na economia que facilitam ou restringem as compras industriais. Podemos imaginar aqui a flutuação cambial, que faz com que o Real valorize ou desvalorize. Caso tenhamos necessidade de importar, certamente com nossa moeda valorizada, poderemos comprar mais por menos, visto que ganhamos na conversão. Também a tecnologia pode influenciar o comportamento do comprador, por conta de uma alteração, uma nova invenção ou, até mesmo, pelo fato da empresa não estar preparada para receber tal tecnologia. Nesse sentido, o profissional de marketing deve estar sempre atento a essas mudanças ambientais para aproveitar as oportunidades e minimizar as ameaças, oferecendo o que o cliente necessita naquele momento específico. Temos aqui, principalmente, o papel que o departamento de compras possui na hierarquia e qual a sua ligação e conhecimento da estratégia e missão da empresa. Assim, o departamento pode ter mais liberdade de decisão dentro da organização, caso o gerente da área esteja altamente comprometido e seja frequentemente avaliado por resultados. Esse fato faz com que a decisão fique com o departamento de compras e não tenha a necessidade de ser submetida à aprovação da diretoria. Porém, caso o setor não esteja alinhado e comprometido com os objetivos da empresa ou mesmo não tenha conhecimento claro do que a empresa busca e quais as suas metas quanto às compras, esse poder de decisão poderá estar fragmentado, tendo que passar por diversos níveis de executivos até chegar à aprovação, o que burocratiza e amplia a necessidade do profissional de marketing possuir uma estratégia de informações claras, sucintas e objetivas para cada nível de aprovação. TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 15 6.2.3 Grupais Referimo-nos, nesse caso, à força do grupo que decide ou influencia a decisão. Não tomamos em consideração as forcas organizacionais, que são muito mais ligadas à posição ocupada pelo departamento de compras na organização. Tratamos aqui das pessoas que, juntas, apoiam ou influenciam as decisões, podendo ser um grupo de compradores que trocam ideias e opiniões acerca de determinada compra ou engenheiros, médicos ou outros profissionais técnicos com grande experiência que podem influenciar a decisão. Algumas empresas criaram os chamados centros de compras, formados por um grupo de pessoas, sejam elas da área de compras ou técnicas, que tomam a decisão pela aquisição dos produtos e também dividem as responsabilidades e riscos pelas decisões. (HUTT; SPEH, 2002). As pessoas que formam esse centro de compras não precisam necessariamente ser fixas. Elas podem mudar de acordo com o produto a ser adquirido. Por exemplo: para comprar uma máquina específica, o grupo poderia ser formado por um ou mais compradores, um engenheiro, um operador desse tipo de equipamento, alguém da área financeira para saber em quanto tempo o investimento dará retorno e até mesmo um diretor. Para o profissional de marketing é importante conhecer essas formações, para que possa fornecer informações específicas para cada um dos componentes, como informações técnicas e de manutenção aos engenheiros, informações financeiras ao departamento de finanças e assim por diante. Dessa forma, estará protegido de qualquer pergunta que possaprejudicar o processo. O quadro a seguir apresenta o grau de envolvimento dos participantes de um centro de compras para fornecimento de equipamentos médicos. É de fundamental importância que o profissional de marketing entenda os fatores competitivos do negócio do seu cliente, conhecendo o grau de competitividade e as margens de lucratividade que devem ser atingidas. Dessa forma, poderá adaptar produtos, serviços e conceitos para ajudar seu cliente a alcançar seus objetivos. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 16 Estágios do processo de compras para um fornecedor de equipamentos médicos Participantes do centro de compras Identificação da necessidade Estabelecimento de objetivos Identificação e avaliação de alternativas de compras Seleção de fornecedores Médicos Enfermagem Administração Engenharia Compras Alto Baixo Moderado Baixo Baixo Alto Alto Moderado Moderado Baixo Alto Alto Moderado Moderado Baixo Alto Baixo Alto Baixo Moderado FONTE: Hutt, Speh (2002, p. 87) Podemos perceber, com esse quadro, os graus de envolvimento em cada uma das etapas do processo de compras. Para o profissional de marketing é de fundamental importância identificar essas etapas e concentrar as informações corretas para cada um dos influenciadores, garantindo sucesso. 6.2.4 Individuais As forças individuais compreendem cada pessoa, ou seja, quais as suas experiências, seus valores, seu envolvimento e comprometimento com o negócio da empresa, percepções sobre o produto e sobre os fornecedores, além de suas ligações com concorrentes. A formação e a função de cada indivíduo também apresentarão diferentes comportamentos. Enquanto um engenheiro pode estar mais preocupado com testes, certificações e padrões do produto, o comprador poderá estar mais preocupado com o preço final, prazos de entrega e documentação de expedição. O profissional de marketing B2B precisa estar preparado para perceber as diferentes necessidades de informações de cada indivíduo e criar um sistema de comunicação adequado para cada um deles. Assim, as chances de sucesso serão ampliadas consideravelmente. Sabemos agora que o comportamento do comprador é constantemente influenciado por forças ambientais, organizacionais, de grupo e também individuais. A partir dessas informações, o profissional de marketing deverá ficar atento a cada uma delas para criar a sua estratégia de acordo com as três principais etapas do processo de compras, ou seja, como controlar as opções que não atendem às necessidades do cliente naquele processo específico; fazer com que os membros do processo se sintam satisfeitos e prefiram a sua empresa e, finalmente, formar a preferência da organização pela sua empresa. QUADRO 2 – ESTÁGIOS DO PROCESSO DE COMPRAS TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 17 Na figura a seguir podemos observar os principais elementos do comportamento do comprador industrial: FONTE: Hutt; Speh (2002, p. 92) A partir dessa figura podemos observar os principais elementos do processo de comportamento de compras, possibilitando ao profissional de marketing ter uma participação ativa no processo e não ficar apenas atendendo solicitações de informações adicionais de forma passiva. Um profissional preparado e que saiba respeitar os diferentes comportamentos dos indivíduos terá mais chances de adaptar sua estratégia de produtos, serviços, preços e comunicação e, certamente, terá grandes vantagens competitivas em comparação aos seus concorrentes. FIGURA 2 – PRINCIPAIS ELEMENTOS DO COMPORTAMENTO DO COMPRADOR ORGANIZACIONAL UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 18 6.3 CADEIA DE SUPRIMENTOS Para que o profissional de marketing possa criar uma relação de longo prazo, além de agregar valor a todo o processo de entrega de seu produto, deverá investir massivamente no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Vamos imaginar, nesse momento, que toda a negociação tenha sido bem- sucedida, o produto está de acordo com as necessidades do cliente, os preços compatíveis com a qualidade esperada, enfim, o negócio está fechado. Contudo, existe um porém: a empresa não conseguiu entregar o produto no prazo, seja por questões de produção ou de logística. Gerenciar de forma profissional a cadeia de suprimentos de um cliente tem sido um ponto crucial para o sucesso de empresas que atuam em ambientes de marketing B2B. Esse gerenciamento faz parte da criação de valor no processo como um todo. As empresas esperam que, ao fechar o negócio, estejam seguras de que o fornecimento dos produtos será realizado da forma combinada. Tomaremos como exemplo uma fábrica de calçados. Os componentes para a produção de um calçado são muitos, como: couro, solado, cadarços, cola, linha para costura, partes de plástico e metal, além das máquinas e mão de obra. A empresa tem a sua programação de produção e necessita entregar 2 mil pares nessa semana. Apesar de ter efetuado todas as compras de acordo com as especificações e com um bom custo-benefício, no momento do início da produção, o couro, um componente importante, não foi entregue na data combinada, ou seja, mesmo que todo o processo de atenção às necessidades e ao comportamento do comprador foi tomado em consideração pelo profissional de marketing, a cadeia de suprimentos não foi gerenciada corretamente. Ao analisarmos esse exemplo, certamente muitas questões virão à nossa mente. Uma delas seria a pergunta: Por que o cliente não tem um estoque de couro? Nesse momento é importante lembrar que “estoque custa caro”! Além da necessidade de comprar uma quantidade razoável desse produto, o que caracteriza dinheiro parado, a empresa ainda terá custos de manter uma área de armazenagem grande, que também tem um custo, principalmente se ela for alugada, além de custos com o pessoal para manter a organização, controlar a entrada e saída de estoque e efetuar a recompra. A cada dia, todas as empresas do mundo pensam em alternativas em reduzir ao máximo seus estoques, porém, elas precisam garantir, através de parcerias com seus fornecedores, o gerenciamento da cadeia de suprimentos. TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 19 (HUTT; SPEH, 2002). Esse fator tem assegurado aos profissionais de marketing grande oportunidade de oferecer serviços adequados e fidelizar o cliente. Uma definição para o gerenciamento da cadeia de suprimentos é: “O gerenciamento da cadeia de suprimentos (GCS) é a integração dos processos de negócios do usuário final aos fornecedores originais que fornecem produtos, serviços e informações que agregam valor para os clientes”. (HUTT; SPEH, 2002, p. 137). O gerenciamento da cadeia de suprimentos engloba todos os processos, desde a matéria-prima inicial até a entrega nas mãos do usuário dentro da empresa cliente e de lá para o consumidor final, ou seja, as empresas em mercados B2B devem se preocupar com os seus processos de fornecimento até que o produto seja entregue ao consumidor do seu cliente, buscando agregar valor em toda a cadeia de suprimento, baixando custos e ampliando o máximo possível os serviços. Conseguindo isso, essas empresas rapidamente se tornam líderes, preocupando-se mais com a demanda dos usuários finais do que em empurrar produtos e finalizar sua participação no processo no momento da entrega. 6.3.1 Ingrediente fundamental: parcerias Para que uma empresa possa ter sucesso no gerenciamento da cadeia de suprimentos, ela deverá se focar em parcerias confiáveis e sólidas. Isso significa que as informações devem fluir abertamente, pois somente dessa forma a empresa fornecedora terá ferramentas suficientes para efetuar um gerenciamento com sucesso. Compreendem essas informações, por exemplo: o consumo diário de determinado produto a ser fornecido e quais as variáveis do mesmo, com quais outros produtos devem ser combinados e de que forma devem ser entregues. Vamos voltar ao nosso exemplo da fábrica de calçados.Ao ter conhecimento da necessidade do cliente e de quais componentes são necessários, além de quais outras empresas estão fornecendo para o mesmo cliente, poderemos criar um planejamento de entrega que garanta a continuidade da produção sem a necessidade de manter grandes estoques. Podemos imaginar também que ao invés de entregar o couro em peças grandes, poderemos entregá-lo já no formato adequado para a produção do tênis, eliminando um processo no cliente e agregando valor ao nosso produto, podendo praticar um preço especial. A entrega dos produtos, que normalmente são feitas em caixas de papelão, poderia ser substituída por caixas retornáveis, reduzindo o custo total após algum tempo, além de ter um grande apelo ecológico. As oportunidades para o profissional de marketing B2B são inúmeras, porém o primeiro passo é conquistar a confiança do cliente com o objetivo de criar uma parceria sólida e contínua. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 20 Sabemos que as parcerias são o início de tudo para o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Um gerenciamento consistente trará consigo diversos benefícios, como: a redução de perdas, redução do tempo, flexibilidade de ações de desenvolvimento e a redução do custo unitário. Esses benefícios não se limitam apenas ao cliente em questão, mas também chegarão ao consumidor final. (HUTT; SPEH, 2002). A otimização de todo o processo certamente implicará em redução dos custos, o que representa uma margem maior para a empresa que poderá reinvestir em pesquisa e desenvolvimento, criando produtos inovadores para o consumidor final ou a redução de preço do seu produto, o que criará uma ótima percepção por parte desse consumidor e do mercado. Na figura a seguir podemos observar os diversos estágios dos quais as empresas passam ao adotar o gerenciamento da cadeia de suprimentos. FONTE: Hutt; Speh (2002, p. 139) FIGURA 3 – ESTÁGIOS ATRAVÉS DOS QUAIS AS EMPRESAS PASSAM A ADOTAR O GERENCIA- MENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 21 6.3.2 Tecnologia na Cadeia de Suprimentos: e-procurement Com a integração entre a empresa e seus fornecedores, diversos sistemas de comunicação foram adotados para agilizar e facilitar os mais diversos processos. Inúmeras empresas que operam em mercados industriais têm se rendido às facilidades que a internet oferece para ampliar a cadeia de suprimentos. Uma das empresas pioneiras nessa área foi a montadora de carros Ford, que criou uma plataforma juntamente com a Oracle Corporation, na qual a empresa informa as suas necessidades e os fornecedores, que devem se cadastrar no portal, enviam suas propostas, participando das licitações de compras de materiais, desde os utilizados no escritório até os componentes dos carros. Uma iniciativa que foi seguida pela empresa GM e pela Daimler-Chrysler, que ao perceberem as mesmas necessidades, decidiram centralizar tudo em um único portal, para a surpresa de todo o mercado, ou seja, as três empresas colocaram suas necessidades no mesmo portal e, com isso, conseguiram grandes avanços no sentido de baixar custo, já que em muitos momentos necessitavam do mesmo produto. (HUTT; SPEH, 2002). Com o avanço das tecnologias e a adequação e familiarização de várias empresas com a internet, esses sistemas, conhecidos como e-procurement, têm sido largamente utilizados. Outro exemplo que podemos citar é a empresa Haco Etiquetas Ltda., uma multinacional brasileira com sede em Blumenau, Santa Catarina, é a segunda maior empresa do mundo em seu segmento de atuação, que atua, principalmente, em mercados industriais, produzindo etiquetas e cadarços que serão aplicados a roupas e calçados por outras empresas. (HACO ETIQUETAS, 2010). Além de necessitarem de muitos componentes para a fabricação de seus produtos, como fios, corantes, equipamentos, embalagens, a empresa se via em um mercado com muitas ofertas. Efetuar todas as compras de maneira convencional seria muito demorado e a empresa não possuía mais esse tempo. Ao implementar seu sistema de compras via internet, passou a ter mais agilidade, ampliando a quantidade de fornecedores e conseguindo melhores preços. Da mesma forma o sistema foi vantajoso para os fornecedores que passaram a receber todas as demandas da Haco, além de ampliar os produtos oferecidos, já que, muitas vezes, alguns fornecedores entraram em segmentos novos, porém essa informação nem sempre chegava à empresa. Nesse sentido, a empresa pode se concentrar nas compras novas, sendo que todo o processo de recompras ficou simplificado. Para o profissional de marketing existe aqui um fator importante, que é a descentralização da decisão de compras a partir de plataformas na internet. Como cada comprador fica responsável por um grupo de produtos, ele também fica autorizado a fechar a compra com o fornecedor que lhe garantir o melhor preço dentro das especificações necessárias. Assim, os esforços de marketing não devem se concentrar apenas no gerente de compras, mas sim em cada um dos profissionais atuantes no departamento. UNIDADE 1 | MARKETING EM MERCADOS INDUSTRIAIS E ORGANIZACIONAIS 22 FONTE: Haco (2010) FIGURA 4 – PORTAL DE E-PROCUREMENT DA HACO ETIQUETAS Entre os principais benefícios que a internet trouxe à cadeia de suprimentos podemos citar: • Desenvolvimento de um produto mais preciso, com mais colaboração, através de uma melhoria nas comunicações entre departamentos funcionais, fornecedores, clientes e até agências reguladoras. • Reduções do estoque do canal e de produtos ultrapassados devido a uma conexão mais próxima entre a cadeia de suprimentos e a um melhor entendimento dos sinais da demanda que orientam a programação de produtos. • Redução dos custos de comunicação e de apoio ao cliente com uma capacidade de suporte interativa, feita sob medida, inerente às tecnologias de internet. • Novas habilidades do canal para alcançar segmentos diferentes de clientes e também explorar os mercados atuais. TÓPICO 1 | MERCADO INDUSTRIAL VERSUS MERCADO CONSUMIDOR 23 • Habilidade para destacar os produtos tradicionais e os relacionamentos com os clientes através de conectividade e interatividade específicas, conduzidas pela internet. 1. A QUALIDADE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DEPENDE DA MUDANÇA NAS PRÁTICAS DE NEGÓCIOS DENTRO E FORA DA EMPRESA. • Fornecedores, produtores e clientes podem ter que alterar suas práticas a fim de corrigir processos ineficientes. • Sempre são necessários novos processos para compartilhar informações, pedidos e comunicações. 2. ELIMINE ATIVIDADES QUE NÃO AGREGAM VALOR AO PRODUTO FINAL OU AO SERVIÇO. • Use análises baseadas em atividades para determinar processos e atividades que não agregam valor ao produto final. • Use meios eletrônicos para enviar pedidos de compras e faturas, eliminando assim atividades e custos. 3. INTEGRE O PLANEJAMENTO DA DEMANDA ENTRE TODAS AS ATIVIDADES. • As previsões de vendas para os usuários finais devem retornar ao início da cadeia de suprimentos para servir de base às previsões para matérias-primas. • Se não possuem conhecimento real da demanda final, os fornecedores devem prever as necessidades dos clientes mais próximos. 4. COMPARTILHE OS RISCOS ENTRE OS PARCEIROS DA CADEIA DE SUPRIMENTOS. • Pode-se obter uma redução de custos ao posicionar os estoques próximos dos usuários finais, mas a empresa que mantém o estoque deve ser compensada de alguma forma. FONTE: Hutt; Speh (2002, p. 143) Certamente, a possibilidade de troca de informações em tempo real com diversos fornecedores simultaneamente é um dos mais importantes benefícios que a internet oferece à cadeia de suprimentos. Além disso, os fornecedores passam a conhecer todas as necessidades do cliente e não apenas aquelas para as quais recebiam solicitações de cotações. Isso faz com que empresas que pensam em diversificar suas produções já tenham uma noção de quais empresas poderiam eventualmente
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