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CUIDADOS E MANEJOS COM AS CAMAS DO SISTEMA COMPOST BARN 2021– Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar 1ª. Edição – 2021 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui viola- ção dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Fotos Banco de imagens do Senar Shutterstock Getty Images iStock Acervo pessoal de Flávio Alves Damasceno Informações e contato Senar Administração Central SGAN 601 – Módulo K Edifício Antônio Ernesto de Salvo – 1º andar Brasília – CEP 70830-021 Telefone: 61 2109-1300 https://www.cnabrasil.org.br/senar Presidente do Conselho Deliberativo do Senar João Martins da Silva Junior Diretor Geral do Senar Daniel Klüppel Carrara Diretora de Educação Profissional e Promoção Social Janete Lacerda de Almeida Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Ana Ângela de Medeiros Sousa Equipe técnica Senar Carolina Soares Pietrani Pereira Vilton Francisco de Assis Júnior Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 2 CONCEITOS DE COMPOSTAGEM E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS CAMAS UTILIZADAS NOS GALPÕES COMPOSTAGEM: CONCEITOS TÉCNICOS E DEFINIÇÕES GERAIS Para garantir melhores oportunidades econômicas na produção de leite utilizando o sistema Compost Barn, é importante seguir alguns critérios do manejo na cama para manter as condições adequadas para que ocorra o processo de compostagem. A partir dessas práticas ajustadas, é possível trabalhar com mais eficiência no mane- jo dos dejetos, preservando o meio ambiente. O sistema Compost Barn tem sido muito adotado no Brasil para confinamento de vacas leiteiras. Esse sistema possui algumas características, tais como: A aplicação correta das técnicas permite o uso do composto orgânico para melhorar as características biológicas, físicas e químicas do solo. De forma geral, entende-se por compostagem o processo biológico pelo qual mi- crorganismos decompositores (principalmente bactérias e fungos) transformam matéria orgânica, como maravalha, casca de café e dejetos animais em um resíduo homogêneo, de cor castanha e com aspecto de terra. Galpão coberto Animais soltos Cama de material orgânico Processo de compostagem (composto orgânico) Minimiza impactos ambientais Rentabilidade Sustentabilidade Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 3 Microrganismos decompositores Bactérias Fungos FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE COMPOSTAGEM O processo de compostagem que ocorre na cama da instalação Compost Barn pode ser influenciado por diversos fatores, tais como: Os microrganismos dependem do conteúdo de carbo- no para fonte de energia e de nitrogênio para síntese de proteínas. Portanto, deve haver um balanceamento en- tre esses conteúdos, de modo que o ideal para iniciar o processo de compostagem seria uma relação próxima a 30/1 (30 carbono para 1 nitrogênio). Indispensável para a atividade metabólica e fisiológica dos microrganismos, a umidade considerada ideal para a compostagem varia entre 40 e 65% de teor de umi- dade. O teor de umidade abaixo de 30% pode inibir a ati- vidade microbiana. Por outro lado, valores acima de 65% proporcionam uma decomposição lenta, falta de oxigê- nio e desperdício de nutrientes. Relação entre carbono (C) e nitrogênio (N) Teor de umidade CARBONO NITROGaeNIO % Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 4 Um fator muito importante é o revolvimento, o principal mecanismo que controla a elevação excessiva da tem- peratura e a velocidade de oxidação durante o processo de compostagem, além de reduzir a liberação de odores e controlar a umidade do material da cama. Durante esse processo ocorre a movimentação das par- tículas de materiais, como os de oxigênio, por exemplo, formando zonas aeróbias, que utilizam oxigênio como aceptor final (40 a 60 ºC) e zonas anaeróbias, que não utilizam oxigênio (25 a 40 ºC). A faixa considerada adequada para o desenvolvimen- to dos microrganismos responsáveis pelo processo de compostagem do material da cama situa-se em um nível de pH entre 5,5 e 8,5. As alterações do pH podem ativar ou quase inativar as enzimas presentes nos microrga- nismos, podendo reduzir a atividade microbiológica. Esses fatores, que estão diretamente relacionados com a atividade metabólica dos microrganismos, são conside- rados como os mais importantes indicadores da eficiên- cia do processo de compostagem. Eles são afetados di- retamente pela eficiência do revolvimento da cama, pelo teor de umidade e pela disponibilidade de nutrientes. Revolvimento (aeração) pH Temperatura e granulometria Além disso, exercem um efeito direto sobre o desenvolvimento de microrganismos e indireto sobre a temperatura do processo de compostagem. A temperatura conside- rada ótima varia em função principalmente do tipo de material e do manejo da cama. A redução da temperatura da cama pode ocorrer quando há redução ou aumento da umidade do material, alteração no pH, redução na concentração de nutrientes, rela- ção entre carbono e nitrogênio e revolvimento ineficiente do material. A faixa de temperatura considerada ótima para que ocorra o pro- cesso de compostagem deve ficar entre 43,0 e 65,0 °C. Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 5 TIPOS DE MATERIAIS DE CAMA APLICANDO AS TÉCNICAS OPERACIONAIS NA CAMA EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS MANEJOS DIÁRIOS, CUIDADOS NECESSÁRIOS E PONTOS CRÍTICOS A SEREM MONITORADOS PELAS CAMAS Os materiais de cama normalmente uti- lizados consistem em subprodutos agroindustriais (maravalha e serra- gem) ou restos de culturas (casca de café, palha de soja etc.). Considerado como um dos pontos principais para o sucesso do Compost Barn, a escarificação (revolvimento) da cama é sem dúvida uma das maiores dificul- dades encontradas pelo produtor que adota o sistema, por englobar diretamen- te técnicas de manejo da cama. Para o processo de revolvimento, normalmente utiliza-se um trator e o im- plemento agrícola que, por terem características construtivas diferentes pro- vocarão diferentes resultados no processo de revolvimento da cama. Os mais utilizados são: A qualidade do material utilizado refletirá decisivamente no manejo da cama, no conforto dos animais e na qualidade do leite. Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 6 Escarificador Enxada rotativa MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS DE CONTROLE DA CAMA O monitoramento dos parâmetros de controle da cama deve ocorrer frequente- mente, verificando principalmente a umidade e a temperatura. Foto 1. Flávio Alves Damasceno. Acervo próprio. Foto 3. Vilton Francisco de Assis Junior. Acervo Senar. Foto 2. Vilton Francisco de Assis Junior. Acervo Senar. A umidade da cama deve ser monitorada pelo menos uma vez ao dia. Um método rápido para determinar o teor de umidade da cama é conhecido como o “Teste da Mão”. Para realizar esse teste, coletar uma pequena quantidade de cama e apertar com a mão. Logo em seguida, abrir a mão e observar as características físicas do material: Trator Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 7 Muito seco Se o material da cama está pulverulento (em estado de pó fino) e/ou não retém a forma feita pela mão, a cama está muito seca. Consistência plástica Se o material é moldável, formando uma consis- tência plástica, com gotas de líquido saindo entre os dedos e per- manecendo compacto e indivisível, o teor de umidade é considerado inadequado, com proba- bilidade de compactação do material. Adequado Se o material da cama mantém a forma feita pela mão e se fragmenta facilmente quando der- rubado no chão, o teor de umidade é considera- do adequado. O ideal é que a temperatura da cama esteja entre 40 e 65 °C aproximadamente. A temperatura da cama pode ser monitorada em conjunto com a umidade, por meio de um termômetro tipo espeto, normalmente aquele que é utilizado em culinária. Monitoramento da temperatura: Termômetro com haste de 15 centímetros Leitura em 9 pontosdiferentes da cama Leituras estabilizadas Controle dos valores Foto 5. Flávio Alves Damasceno. Acervo próprio. Foto 7. Flávio Alves Damasceno. Acervo próprio. Foto 6. Flávio Alves Damasceno. Acervo próprio. Foto 4. Flávio Alves Damasceno. Acervo próprio. Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 8 VIDA ÚTIL E TROCA DA CAMA PRINCIPAIS DESTINOS E UTILIDADES DAS CAMAS APÓS A COMPOSTAGEM E TROCA NOS GALPÕES Existem duas principais condições para a retirada parcial ou total da cama da instalação: Em geral, dependendo do projeto do galpão e do manejo da cama, é feita a troca da cama ao final de um período entre um e dois anos. Em casos especiais pode-se estender até quatro anos, mas não é recomendável. Troca da cama no sistema Compost Barn Quando o meio não tem condi- ções adequadas para o desen- volvimento dos microrganismos, reduzindo assim o processo de compostagem da cama. Meio sem condições adequadas Quando se adiciona material novo na cama por um longo período e o volume total acaba não sendo comportado na área projetada para a cama. É preciso garantir que a cama não extra- pole o limite, retirando parcial ou totalmente os resíduos. Material novo na cama Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 9 DESTINO DA CAMA OPORTUNIDADES ECONÔMICAS Antes da reutilização da cama recomenda-se armazenar o material em local protegido da chuva e sol e aguardar a sua maturação. O uso do processo de compostagem na produção de leite é importante para a preservação do meio ambiente, podendo gerar diversos benefícios econômi- cos, como a redução do uso de adubos químicos, o aumento da produtividade no campo e o melhor aproveitamento dos recursos naturais. Logo após a maturação do material, que pode durar de 1 a 3 meses, ele pode ser distribuído uniformemente na área que será cultivada, utilizando uma máquina distribuidora de calcário. Ou então até mesmo ser vendido como adubo. Nesse caso, podem ser formadas algumas leiras (pilhas) de 1,5 m de altura, que devem ser revolvidas uma vez por semana. Foto 8. Flávio Alves Damasceno. Acervo próprio. Cuidados e manejos com as camas do sistema Compost Barn 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEWLEY, J.; TARABA, J. L.; DAY, G. B.; BLACK, R. A.; DAMASCENO, F. A. A virtual gui- de to compost bedded pack barn design features and management considera- tions. University of Kentucky, 2012. DAMASCENO, F. A. et al. Compost Barn como alternativa para a pecuária leiteira. Divinópolis: Adelante, 2020. 396 p. GALAMA, P. Prospects for bedded pack barns for dairy cattle. Wageningen UR Li- vestock Research, Lelystad, The Netherlands. 2011. MORREL, J. L.; COLIN, F.; GERMON, J. C.; GODIN, P.; JUSTE, C. Methods for evaluation of the maturity of municipal refuse compost. In: GASSER, J. K. Composting of agri- cultural and other wastes. London: Elsevier, 1985. p. 56-72. NORTHEAST Regional Agricultural Engineering Service (NRAES-54). On-Farm Com- posting Handbook, 1992. 186p. PEREIRA NETO, J. T. Manual de compostagem. Belo Horizonte: UNICEF, 1996. 56 p. PRIMAVESI, A. O manejo ecológico do solo: agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 1981. 535 p. RODRIGUES, M. S.; SILVA, F. C.; BARREIRA, L. P.; KOVACS, A. Compostagem: recicla- gem de resíduos sólidos orgânicos. In: SPADOTTO, C. A.; RIBEIRO, W. Gestão de resí- duos na agricultura e agroindústria. Botucatu: FEPAF, 2006. p. 63-94.
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