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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE PSICOLOGIA TEORIAS PSICOTERÁPICAS II ATIVIDADE SEMIPRESENCIAL TERAPIA DO ESQUEMA Professora: Fernanda Pasquoto de Souza GABRIELA GOULART DA SILVA CANOAS 2019/1 TERAPIA DO ESQUEMA A Terapia do Esquema é uma psicoterapia integrativa, de base cognitiva, que inicialmente, focalizou seus conceitos e suas técnicas para o tratamento de transtornos de personalidade e do desenvolvimento humano representando uma contribuição relevante nestes campos, sendo uma abordagem completa e integrada do desenvolvimento dos padrões comportamentais, emocionais, cognitivos e motivacionais do indivíduo. Entre os principais conceitos introduzidos, estão o de esquemas iniciais desadaptativos (EIDs), o de domínios esquemáticos (DEs), o de processos esquemáticos (PEs) e os modos dos esquemas (MEs). EIDs: Padrões comportamentais, cognitivos e emocionais que se desenvolvem desde a tenra infância até a adolescência e influenciam recorrentemente toda a vida do sujeito, trazendo sofrimento e prejuízo em diferentes contextos. São gerados por uma interação entre três fatores, sendo eles o temperamento emocional (geneticamente herdado), as experiênc ias sistemáticas com as figuras de afeto da infância e o grau de gratificação das necessidades emocionais básicas de cada período do desenvolvimento. DEs: São intervalos temporais que vão do início da infância ao começo da adolescência nos quais se espera que algumas demandas psicológicas sejam supridas pelos cuidadores e pelo ambiente, para que a criança desenvolva esquemas mentais básicos (esquemas iniciais) saudáveis. Os domínios esquemáticos se referem a cinco tarefas evolut ivas específicas, nas quais EIDs específicos poderão vir a se desenvolver, como resumido abaixo: DOMÍNIO ESQUEMÁTICO ENTITULADO TAREFA EVOLUTIVA EIDS ASSOCIADOS 1º domínio Desconexão e rejeição Aceitação e pertencimaneto Abandono/instabilidade, desconfiança e abuso, privação emocional, defectividade/vergonha, isolamento social/alienação, indesejabilidade social. 2º domínio Autonomia e desempenho prejudicados Senso de autonomia e competência adequado Dependência/incompetência, vulnerabilidade (em todos os âmbitos possíveis), emanhamento, fracasso. 3º domínio Limites prejudizados Limites realistas Merecimento/grandiosidade, autocontrole/disciplina insuficientes. 4º domínio Orientação para o outro Respeito aos seus desejos e aspirações Subjucação, autossacrifício, busca de aprovação/busca de reconhecimento 5º domínio Supervigilância e inibição Expressão emocional legítima Negativismo/pessimismo, inibição emocional, padrões inflexíveis/postura crítica exagerada, postura punitiva. PEs: São comportamentos externos e internos, fazem parte dos estilos de enfrentamento do sujeito e foram desenvolvidos ao longo da vida como a melhor forma (daquele momento cronológico) de se adaptar às condições ambientais a que foi exposto. São os mecanismos típicos que o organismo utiliza ao longo do tempo para perpetuar o EIDs. Ocorrem de forma automática e são vistos como naturais e corretos ao indivíduo. São fundamentais para a manutenção do esquema (refere-se a comportamentos e cognições disfuncionais que acabam por reforçar diretamente um esquema), evitação do esquema (processo de perpetuação dos EIDs por meio da evitação de informações/situações/pessoas que possam contrariar as crenças do esquema) e hipercompensação do esquema (diz respeito a uma busca por supercompensar os EIDs, dando origem a comportamentos e cognições opostos ao que seria esperado com base no esquema em questão). MEs: São padrões característicos de funcionamento do indivíduo, principalmente nas relações interpessoais, que agrupam em si certo número de EIDs, assim como PEs. Consiste em um estilo global do funcionamento do sujeito quando em determinado estado de ativação emociona l que funciona como espécie de gatilho para o ME. O trabalho com os MEs deve ocorrer prioritariamente quando um número grande de EIDs estiver acionado com a geração de fortes resistências do paciente ao tratamento, quanto mais grave e/ou refratário for o caso e quanto mais autocrítico e autopunitivo for o paciente. MODOS DOS ESQUEMAS MODOS CRIANÇA Criança vulnerável; Criança zangada; Criança impulsiva/indisciplinada e Criança feliz. MODOS PAIS DESADAPTATIVOS INTERNALIZADOS Pai/Mãe punitivo/crítico Pai/mãe punitivo exigente MODOS DE ENFRENTAMENTO DESADAPTATIVOS Captulador complacente (resignação); Protetor desligado (evitação) e Hipercompensador (hipercompensação). MODO ADULTO Adulto saudável Tratamento A TE é uma modalidade avançada e integrativa da TCC, que compactua com as premissas básicas desta, na ênfase terapêutica ao conteúdo e aos processos mentais disfuncionais. As principais diferenças da TE são: o maior uso da relação terapêutica como veículo de mudança, o maior tempo destinado às origens infantis dos EIDs e dos estilos de enfrentamento, o processo terapêutico tende a ser mais lendo do que na TC, a utilização de abordagens confrontativas e não somente de descoberta guiada e as ativações emociona is necessárias para o ganho terapêutico. As etapas da terapia do esquema são divididas em duas grandes etapas: Avaliação: Consiste na obtenção de informações e ativação de esquemas relevantes, assim como na educação do paciente a respeito dos EIDs. Os objetivos são identificar esquemas centrais da vida do paciente, bem como educa-lo a respeito; estabelecer uma relação entre os EIDs, a história de vida e as dificuldades atuais; incentivar que o paciente entre em contato com emoções ligadas aos EIDs; e, identificar estratégias de enfrentamento disfuncionais. Para isso, quatro estágios interdependências são propostos: identificação dos EIDs, ativação dos esquemas, conceituação dos esquemas e educação sobre os EIDs. Mudança: Representa o momento no qual modificações dos esquemas serão efetivamente buscadas. É nessa etapa do tratamento que os princípios da reparentalização limitada (postura sistemática do terapeuta em buscar o preenchimento das necessidades básicas não atendidas do paciente, por meio da relação terapêutica, dentro dos limites da relação profissional) e da confrontação empática (técnica que tem como objetivo superar os processos naturais de resistência na terapia, mas que podem ser causa de completa estagnação – ou menos abandono do tratamento, em casos graves) serão fundamentais para a melhora do caso. Para trabalhar com os MEs é necessário uma sequência de passos: identificar e dar nome aos MEs do paciente, explorar a origem e quando for o caso o valor adaptativo dos MEs na infância ou adolescência, relacionar os MEs desadaptativos a problemas e sintomas atuais, demonstrar as vantagens de modificar ou abrir mão de um ME, acessar a criança vulnerável por meio de imagens mentais, realizar diálogos entre os MEs e ajudar o paciente a generalizar trabalho com MEs em situações de sua vida fora das sessões de terapia. Essa sequência pode sofrer alterações, de acordo com o objetivo a ser alcançado para ada um dos MEs desadaptativos.
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