Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
X X I S e m i n á r i o d o P r o g r a m a d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m G e o l o g i a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á 25 a 29 de junho de 2018 Cur i t i ba - PR Modelagem e inversão de dados gamaespectrométricos do Arco Magmático de Mara Rosa e do Greenstone Belt de Faina, Goiás-Brasil Jessica Derkacz Weihermann Jessica.dweih@gmail.com Palavras-chave: aerogamaespectrometria, modelagem direta, inversão. Introdução e Caracterização do Problema O processamento de dados aerogeofísicos é essencial para o mapeamento geológico e exploração mineral, já que auxilia no reconhecimento da assinatura de estruturas e litotipos em superfície e subsuperfície em grandes áreas e em relativamente curtos intervalos de tempo. O processamento gamaespectrométrico fornece informações sobre a composição de diferentes unidades geológicas através do mapeamento dos radioelementos K40, Th232 e U238. Antes de serem processados, os dados aerogamaespectrométricos (AGRS) são submetidos a várias correções de rotina, as quais, em geral, fornecem bons resultados já consolidados na literatura. Na prática, desvios como mudanças abruptas da altura de voo (muitas vezes decorrentes de terrenos acidentados) não são raros e levam a problemas na interpretação das anomalias. A correção altimétrica ponto a ponto, praticada nos dados AGRS, não leva em consideração a área efetivamente amostrada durante um levantamento (“field of view”), ou seja, a base de um tronco de cone, cujo diâmetro varia com a altura de voo (o topo é constante e equivale ao diâmetro do sensor). Portanto, a rotina padrão de correção altimétrica implica em erros que se refletem nas contagens medidas, sobretudo por desprezar a sobreposição dos círculos amostrais ao longo das linhas de voo, e nas transformações subsequentes em concentrações. Técnicas clássicas que contemplam a atenuação do sinal como função da altura de voo estão sendo retomadas (e.g. Tammenmaa et al. 1976, Gunn 1978, Crosley & Reid 1982, Schwarz et al. 1992, Billings et al. 2003, Minty & Brodie 2015 e Druker 2017). A proposta da presente pesquisa é incorporar essas técnicas, que envolvem a modelagem direta e a inversão, e aplicá-las a dados AGRS com ênfase na exploração mineral. Ressalta-se que a proposta é inovadora e são raros os exemplos na literatura internacional. Para atingir os objetivos propostos, foram selecionadas duas áreas de estudo para avaliar a influência do espaçamento entre as linhas e da altura de voo na distribuição dos teores. As áreas de estudo estão situadas no Estado de Goiás (Fig. 1), sendo uma localizada no Arco Magmático de Mara Rosa e a outra no Greenstone Belt de Faina e representam uma cobertura de alta resolução e alta densidade de amostragem respectivamente. Figura 1: Mapa de localização das áreas de estudo. À esquerda Mara Rosa em vermelho (área do aerolevantamento em preto). À direita: Faina em preto (coincidente com a área do aerolevantamento), e subárea Faina, em verde. Contexto geológico As áreas de estudo estão inseridas na Província Tocantins que corresponde a uma expressiva zona orogênica neoproterozoica (Brasiliano/Pan-Africano) desenvolvida entre dois grandes blocos continentais: Cráton Amazônico a oeste e Cráton do São Francisco a leste. A porção oriental da província é ocupada pela Faixa Brasília, que compreende diferentes unidades geológicas e compartimentos tectônicos, e pode ser dividida em Zonas Externa e Interna (Fuck et al. 1993, Valeriano et al. 2008, Pimentel 2016). A Zona Externa inclui o embasamento Paleoproterozoico e sequências de margem continental passiva adjacentes ao Cráton do São Francisco. A Zona Interna é composta pelo Maciço de Goiás e o Arco Magmático de Goiás. O Maciço de Goiás compreende o Terreno Arqueano- Paleoproterozoico, rochas metassedimentares, complexos máfico-ultramáficos e sequências metavulcano-sedimentares associadas. O Arco Magmático de Goiás é uma faixa de acreção crustal Neoproterozoica, sendo subdividido em Arco de Arenópolis e Arco de Mara Rosa, nas porções meridional e setentrional, respectivamente (Pimentel 2016). O Terreno Arqueano-Paleoproterozoico de Goiás é constituído por sequências vulcano-sedimentares do tipo greenstone belt (aproximadamente 30%) e por rochas granito-gnáissicas (em torno de 70%), formando assim um terreno típico granito-greenstone (Almeida et al. 1977, Jost et al. 2014). Os greenstone belts ocorrem em cinco cinturões, Crixás, Guarinos, Pilar de Goiás, Serra de Santa Rita e Faina. O greenstone belt de Faina é composto na base por rochas vulcânicas ultramáficas, sotopostas a rochas efusivas máficas com intercalações de lentes de rochas extrusivas de composição intermediária a félsica (Resende et al. 1998). Os terrenos arqueanos constituem províncias minerais com grande potencial prospectivo, principalmente os do tipo greenstone, hospedeiros de mineralizações diversas (Borges et al. 2017). O Arco Magmático de Mara Rosa, localizado na porção noroeste do Estado de Goiás, é constituído por faixas metavulcano-sedimentares alongadas, com direções NNE-NE e NW-NNW subordinada, individualizadas por ortognaisses de composição tonalítica a granodiorítica. O Arco de Mara Rosa contém importantes depósitos de Au (Posse, Zacarias, Mundinho) e Cu-Au (Chapada) (Silva et al. 2007). Jazimentos minerais importantes na região central do Brasil estão associados ao hidrotermalismo, como aqueles do Arco Magmático de Mara Rosa e do Greenstone Belt de Faina. A gamaespectrometria desempenha um papel relevante na pesquisa de depósitos minerais associados a alterações hidrotermais potássicas, pois possibilita, além da identificação de áreas assim alteradas, a exploração de suas relações com processos de mineralização de ouro e prata, além de metais base (Cu-Pb-Zn), em vários ambientes geológicos (Shives et al. 2000, Silva et al. 2007, Ribeiro & Mantovani 2016). Considerando que as áreas de estudo encerram zonas de alteração hidrotermal com potencial econômico, as respostas gamaespectrométricas geralmente são significativas em função do enriquecimento de potássio e urânio, em relação ao tório. Materiais e Métodos Para o presente estudo estão sendo analisados e interpretados dados gamaespectrométricos e magnetométricos dos levantamentos aerogeofísicos do Arco Magmático de Mara Rosa (Lasa 2004) e do Greenstone Belt de Faina (Lasa 2013). Serão aplicados métodos de inversão e modelagem direta, visando uma melhor descrição e caracterização das principais rochas-alvo, bem como o mapeamento das variações dos teores dos radioelementos que indiquem zonas de alteração hidrotermal, além de avaliar estas respostas frente ao relevo. O arcabouço estrutural será baseado na magnetometria, onde se pretende melhor caracterizar os domínios regionais e unidades litológicas, com o intuito de definir zonas com potencial metalogenético. A gamaespectrometria mede as concentrações de potássio (K, %), tório (eTh, ppm) e urânio (eU, ppm). Relacionados com K, Th e U, alguns minerais permitem o mapeamento de zonas de alteração hidrotermal em diversos ambientes geológicos. Por exemplo, a alteração potássica na forma de K-feldspato e sericita é comumente associada com muitos tipos de depósitos, como os vulcanogênicos com metais base em sulfetos e ouro (Franklin 1996). A modelagem direta e a inversão estão diretamente relacionadas. A modelagem direta consiste em formular um modelo físico-geométrico, calcular sua resposta e compará-la aos dados observados. Já na inversão, o modelo físico-geométrico é calculado a partir dos dados observados, incluindo os erros dos ajustes (e.g. Barbosa & Pereira 2013), e pode ser usada para estimar e avaliar a qualidade de parâmetros de um modelo, além de aferir os efeitos de ruídos e a estabilidade dos dados. Os dados aerogamaespectrométricos são submetidos a várias correções de rotina, destacando-se as seguintes: (i) correção do tempo morto; (ii) remoção do backgroundda aeronave; (iii) remoção do background do radônio; (iv) correção do efeito Compton; (v) correção altimétrica e (vi) conversão de contagens para concentrações. Como já referido, a correção altimétrica é realizada ponto a ponto e não leva em conta a sobreposição dos círculos amostrais. Para contornar tais problemas a alternativa mais aceita é inverter os dados gamaespectrométricos para concentrações elementares no solo de forma rigorosa, levando em consideração a atenuação do sinal gamaespectrométrico com o aumento da distância fonte-detector (altura de voo), a distribuição das fontes dos radioelementos no solo e a resposta do detector (Minty & Brodie 2015). Como o problema inverso (e direto) em aerogamaespectrometria não admite solução única, esta característica pode ser usada de acordo com o problema geológico, para reduzir a ambiguidade, uma vez que várias formulações de problemas inversos podem satisfazer os dados geológicos (Druker 2017). Existem duas abordagens recentes de inversão gamaespectrométrica que serão testadas nas áreas de estudo: uma desenvolvida por Minty & Brodie (2015), na qual os dados são usados antes da aplicação da correção altimétrica, ou seja, “descorrigidos” da altura de voo, e a outra proposta por Druker (2017), na qual apenas os fotopicos (picos de energia) são retirados dos dados. A proposta de Minty & Brodie (2015) incorpora a sensibilidade dos detectores, os erros dos dados aéreos e um modelo direto da fonte que integra a variação topográfica da área de amostragem (‘’field of view’’) ao longo de todo o levantamento, eliminando assim os efeitos de terreno que normalmente permaneceriam nos dados com o uso dos métodos tradicionais de processamento. O método proposto por Druker (2017) engloba a altura da aeronave, o terreno 3D da área amostral, a sensibilidade direcional dos detectores e um modelo de fonte que compreende prismas verticais retangulares com as mesmas dimensões horizontais da célula da malha requerida. Resultados preliminares Os dados geofísicos foram processados conforme a rotina padrão, para numa etapa futura serem comparados com os resultados gamaespectrométricos derivados da inversão. Os dados foram transformados em malhas regulares correspondentes a ¼ do espaçamento entre as linhas de voo (125 metros Mara Rosa, 50 metros Faina e 25 metros subárea Faina). Através do processamento gamaespectrométrico foram gerados mapas básicos (K, eU, eTh), transformados (eU/eTh, eU/K, eTh/K, F=K*eU/eTh, Kd=Ks-Ki/Ks, Ud= Us-Ui/Us) e ternários (R-K/G-eTh/B-eU; R-F/G-Kd/B-Ud). A Figura 2 mostra os mapas de F, Kd e Ud de Faina e Mara Rosa. A interpretação dos mapas básicos, transformados e ternários das áreas de estudo permitirá o reconhecimento da assinatura gamaespectrométrica das alterações hidrotermais potássicas, bem como o mapeamento das variações dos teores de radioelementos nas várias unidades geológicas, com base em mapas litogeofísicos. O processamento dos dados do campo magnético anômalo (CMA) envolveu a análise qualitativa (métodos de realce) para obter o arcabouço estrutural e definir domínios magnéticos. Foram aplicados aos dados do CMA (TMI) os filtros de redução ao polo (RTP) e continuação ascendente (UW), além dos seguintes métodos de realce: (i) gradiente horizontal total (GHT/THDR); (ii) amplitude do sinal analítico (ASA); (iii) inclinação do gradiente horizontal total (IGHT/TDX); (iv) inclinação do sinal analítico (ISA/TDR); (v) inclinação do sinal analítico do gradiente horizontal total (ISA-GHT/TAHG) e (vi) gradiente horizontal total da inclinação do sinal analítico (GHT-ISA/THDR-TDR) (Fig. 3). Resultados esperados Os principais resultados esperados estão relacionados com a comparação dos dados gamaespectrométricos processados pelo procedimento padrão e utilizando as novas técnicas (modelagem direta e inversão). Os resultados desta comparação serão utilizados na detecção e interpretação de zonas de alteração hidrotermal potássica, em correspondência a geração de modelos geofísico-geológicos que validem as mineralizações conhecidas e sugiram novos alvos exploratórios. Discussões e conclusões A gamaespectrometria é uma ferramenta útil para a caracterização de diferentes tipos litológicos e na identificação de possíveis alvos exploratórios. O processamento dos dados gamaespectrométricos em Mara Rosa e Faina resultou em mapas que mostram de forma clara a relação de zonas anômalas dos parâmetros F, Kd e Ud com as principais ocorrências auríferas disponíveis na literatura. Assim, espera- se que as novas técnicas possam refinar ainda mais as anomalias e sugerir outras. Etapas Futuras Os dados gamaespectrométricos serão processados conforme as novas técnicas (modelagem e inversão) e comparados com os dados já processados. Será desenvolvido e divulgado um algoritmo para a inversão de dados gamaespectrométricos que fornecerá estimativas das concentrações dos radielementos no solo. Em continuidade será procedida a integração geológica incorporando os dados magnetométricos. Espera- se a detecção da alteração hidrotermal usando a gamaespectrometria, envolvendo a modelagem direta e a inversão, além da geração de modelos geológico-geofísicos sugestivos de novos alvos exploratórios. Figura 2: Mapas do Parâmetro F, Kd e Ud de Faina (a,b,c respectivamente) e Mara Rosa (d,e,f respectivamente). Figura 3: Mapas do TMI-RTP UW200 e 300 m, TDR e TAHG de Faina (a, b c, respectivamente) e Mara Rosa (d, e, f, respectivamente). Agradecimentos Pesquisa financiada pela Capes através de bolsa de estudo. Agradecimentos à Orinoco Brasil Mineração Ltda pelos dados aerogeofísicos do Greenstone Belt de Faina. Referências Almeida, F. F. M., Hasui, Y., Brito Neves, B. B., Fuck, R.A. 1977. Províncias Estruturais Brasileiras. In: SBG, Simpósio de Geologia do Nordeste, 8, Campina Grande, Anais, 363-391. Barbosa, R. D., Pereira, J. G. 2013. Inversão 3D de dados Magnéticos na Região de Mara Rosa-Goiás, Brasil, utilizando Geosoft VOXI. In 13th International Congress of the Brazilian Geophysical Society,p. 520- 525. Billings, S. D., Minty, B. R. S., Newsam, G. N. 2003. Deconvolution and spatial resolution of airborne gamma-ray surveys: Geophysics, 68: 1257–1266. Borges, C. C. A., Toledo, C. L. B., Silva, A. M., Junior, F. C., Jost, H., de Carvalho Lana, C. 2017. Geochemistry and isotopic signatures of metavolcanic and metaplutonic rocks of the Faina and Serra de Santa Rita greenstone belts, Central Brazil: Evidences for a Mesoarchean intraoceanic arc. Precambrian Research, 292: 350-377. Crossley, D. J., Reid, A. B. 1982. Inversion of gamma-ray data for element abundances.Geophysics, 47(1): 117-126. Druker, E. 2017. Airborne gamma-ray spectrometry data processing using 1.5 D inversion. Journal of Environmental Radioactivity, 177:13-23. Franklin, J.M. 1996. Volcanic-associated massive sulphide base metals. In Geology of Canadian Mineral Deposit Types, Geological Survey of Canada, Geology of Canada, 8:158-183. Fuck R.A., Jardim de Sá E.F., Pimentel M.M., Dardenne M.A., Pedrosa Soares A.C. 1993. As faixas de dobramentos marginais do Cráton do São Francisco: síntese dos conhecimentos. SBG, Núcleos Bahia e Sergipe,p. 161-185. Gunn, P. J. 1978. Inversion of airborne radiometric data: Geophysics, 43:133–143. Jost, H., Carvalho, M. J., Rodrigues, V. G., Martins, R. 2014. Metalogênese dos greenstone belts de Goiás. Metalogênese das Províncias Tectônicas Brasileiras, CPRM, Belo Horizonte, p. 141-168. Lasa Engenharia e Prospecções S/A. 2013 Levantamento aeromagnetométrico e gamaespectrométrico no Estado de Goiás, áreas Faina e Infill Faina. Orinoco Brasil Mineração LTDA. Relatório Final. Lasa Engenharia e Prospecções S/A. 2004. Levantamento aerogeofísico do Estado de Goiás – Arco Magmático de Mara Rosa – Relatório Final, Volume I – Texto Técnico. Minty, B.R.S. and R. Brodie. 2015. The 3D inversion of airborne gamma-ray spectrometric data: Exploration Geophysics, 47:150–157.Pimentel, M. M. 2016. The tectonic evolution of the Neoproterozoic Brasília Belt, central Brazil: a geochronological and isotopic approach. Brazilian Journal of Geology, 46:67-82. Resende M.G., Jost H., Osborne G.A., Mol A.G. 1998. Stratigraphy of the Goiás and Faina greenstone belts, Central Brazil: a new proposal. Revista Brasileira de Geociencias, 28: 77-94. Ribeiro, V. B., Mantovani, M. S. M. 2016. Gamma spectrometric and magnetic interpretation of Cabaçal copper deposit in Mato Grosso (Brazil): Implications for hydrothermal fluids remobilization. Journal of Applied Geophysics, 135:223-231. Silva, A.M., Oliveira, C.G., Marques, G.C., Pires, A.C.B. 2007. Geophysical responses of hydrothermal rocks associated with copper-gold mineralization in the Neoproterozoic Mara Rosa Magmatic Arc, central Brazil.In: Proceedings of the fifth decennial international conference on mineral exploration, 2:1179-1183. Shives, R.B.K., Charnonneau, B.W., Ford, K.L. 2000. The detection of potassic alteration by gamma-ray spectrometry – Recognition of alteration related to mineralization. Geophysics, 65:2001-2011. Schwarz, G. F., Klingele, E. E., Rybach, L. 1992. How to handle rugged topography in airborne gamma- ray spectrometry surveys: First Break, 10:11–17. Tammenmaa, J. K., Grasty, R. L., Peltaniemi, M. 1976. The reduction of statistical noise in airborne radiometric data: Canadian Journal of Earth Sciences, 13:351–1357. Valeriano, C. M., Pimentel, M. M., Heilbron, M., Almeida, J. C. H., Trouw, R. A. J. 2008. Tectonic evolution of the Brasília Belt, Central Brazil, and early assembly of Gondwana. Geological Society London,294(1): 197-210. Dados Acadêmicos Nível: Doutorado; Data de ingresso na Pós-Graduação: Dezembro/2016; Área de Concentração: Geologia Exploratória; Linha de Pesquisa: Análise de Depósitos Minerais; Título original do Projeto de Pesquisa: “Modelagem e inversão de dados gamaespectrométricos do Arco Magmático de Mara Rosa e do Greenstone Belt de Faina, Goiás-Brasil”. Possui bolsa: Sim – Capes. Orientação: Prof. Dr. Francisco José Fonseca Ferreira. Co-orientação: Profa.Dra. Adalene Moreira Silva (Universidade de Brasília) e Prof. Dr. Saulo Pomponet Oliveira (Universidade Federal do Paraná). X X I S e m i n á r i o d o P r o g r a m a d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m G e o l o g i a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á 25 a 29 de junho de 2018 Cur i t i ba - PR Foraminíferos bentônicos da porção central da plataforma interna rasa paranaense: uma abordagem metodológica. Joicce Dissenha Gonçalves joi.ddg@gmail.com Palavras-chave: foraminíferos bentônicos aderidos, plataforma interna, metodologia. Introdução A plataforma interna rasa paranaense se caracteriza pela constante ação das ondas que remobilizam os sedimentos de fundo (Veiga et al., 2004, Sielski et al., 2017). A distribuição espacial e temporal, e a diversidade dos foraminíferos bentônicos são razoavelmente bem conhecidas, porém pouco se sabe sobre foraminíferos bentônicos incrustantes, e sua diversidade, riqueza, abundância e como essas espécies variam espacialmente e temporalmente (Walker et al., 2011). Estes organismos são comuns em ambientes de regiões marinhas rasas a profundas, sendo encontrados aderidos a detritos flutuantes na coluna de água, grãos de areia no sedimento de fundo ou a outros organismos (Walker op.cit.). A metodologia geralmente empregada no processo de triagem pode estar interferindo no conhecimento dessas formas incrustantes. A caracterização de ambientes através de foraminíferos é frequentemente realizada analisando a assembléia de espécimes separados por flotação e não especificando se o resíduo não flotado da amostra foi analisado. Cada vez mais torna-se clara a necessidade de uma revisão cuidadosa da fração resíduo para que a eventual presença de espécies incrustantes não seja negligenciada, permitindo uma caracterização mais realista do ambiente. Disaró et al., (2017) citam que deve haver uma triagem cuidadosa das amostras, incluindo a revisão rigorosa dos clastos para a detecção de foraminíferos incrustantes. Segundo estes autores, a plataforma continental da Bacia de Campos apresenta um grande número de foraminíferos incrustantes, tanto junvenis como adultos grandes e pequenos que se encontram aderidos aos grãos de sedimento; a presença destes indivíduos e a de espécies aderidas típicas de ambiente de alta energia indica que se trata de uma região com predomínio de forte hidrodinamismo junto ao fundo. Autores como Ribeiro-Ferreira et al., (2017) e Disaró (2014) citam a importância da triagem do resíduo em busca de espécimes que eventualmente não flutuaram. Esses autores destacam a necessidade de uma análise mais minuciosa dos clastos e suas reentrâncias e cavidades em busca de foraminíferos incrustados, garantindo padrões similares de triagem. Disaró (op. cit.) conclui que mesmo em ambientes de fundo predominantemente inconsolidado existe uma grande diversidade de foraminíferos incrustantes aderidos a litoclastos e bioclastos que habita a plataforma interna e parte da plataforma média e externa. A autora sugere que estudos futuros devam atentar a estes foraminíferos e que as triagens contemplem este grupo de foraminíferos, garantindo que sejam adequadamente representados uma vez que a detecção destas espécies é importante para a reconstrução de paleoambientes. Também é fundamental que nos trabalhos publicados explicite-se se o resíduo foi revisado ou se apenas a fração flotada foi observada. Muitos autores citam que usaram o processo de flotação (Eichler, 2017; Duleba et al., 2018; Eichler et al., 2016), mas não esclarecem se a presença de espécies incrustantes nos clastos foi observada. Este esclarecimento viabiliza comparações pois, ciente de que os incrustantes não foram checados, pode-se ainda assim fazer comparações restritas às espécies livres, ciente que não será possível discutir sobre as demais. O conhecimento da existência destas espécies altera as estimativas de densidade e diversidade locais e contribui com o conhecimento sobre os ambientes sob ação de ondas, possibilitando reconhecê-los no passado geológico. A grande proporção dessa fauna, quase escondida, aderida aos clastos motivou a discussão sobre a metodologia da triagem, demonstrando a importância desse cuidado metodológico para a https://www.researchgate.net/profile/Patricia_Eichler caracterização das associações de foraminíferos nos ambientes com ação de ondas, evitando a distorção gerada quando apenas espécies livres registradas na flotação são utilizadas. Assim, o objetivo da pesquisa é avaliar o quanto estas espécies presentes no resíduo podem alterar o resultado quando somadas aos espécimes registrados na flotação. A fauna aderida pode refletir características importantes do ambiente estudado (Walker et al., 2011). Se estes organismos segregarem esqueletos rígidos, podem ser preservados no registro fóssil e assim se tornam ferramentas valiosas em análise paleoecológica e paleoambiental (Taylor e Wilson, 2003). Área de Estudo A área de estudo correspondente ao sublitoral raso, entre 5 e 15 m de profundidade, exposto à ação ondas, da plataforma continental interna paranaense, que ainda não apresentava estudos caracterizando-a com base em foraminíferos. Durante um levantamento das características sedimentológicas realizado no ano de 2000 (Veiga et al., 2004), foram coletadas amostras adicionais, especificamente objetivando conhecer a composição e distribuição destes organismos, o que viabilizou a realização do presente estudo nesta região. A área compreende a porção central da plataforma interna rasa, num trecho de 32 km entre o entre o Balneário de Pontal do Sul e a Ponta de Matinhos, entre as latitudes 25°30’S e 25°54’S e longitudes 48°18’W e 48°36’W. Fundamentação teórica Foraminíferos são organismos unicelulares que podem secretar uma estrutura externadenominada testa, teca ou carapaça, com composição orgânica, calcária de calcita ou aragonita ou, mais raramente, silicosa (Pawlowski et al., 2003), e também pode ser formada pela agregação de partículas exógenas com cimento produzido pelo próprio organismo, formando carapaças de material aglutinado (Seyve, 1990). Globalmente abundantes, foraminíferos são encontrados em todas as latitudes e em todos os ambientes marinhos e transicionais; distribuem-se desde a zona intermaré até a zona hadal, fazendo parte do bentos desde o Cambriano, e do plâncton desde o Neojurássico (Boltovskoy, 1965; Seyve, 1990). O método da flotação das carapaças é amplamente empregado em estudos envolvendo foraminíferos e baseia-se na separação das carapaças dos demais clastos dos sedimentos por diferença de densidade. Tem a finalidade de concentrá-las, reduzindo o esforço de triagem (Boltovskoy, 1965). Neste processo é possível utilizar vários compostos, dentre eles o tetracloreto de carbono, tricloroetileno, bromofórmio ou soluções de bromofórmio com acetona. Também podem ser utilizadas soluções salinas, como sugerem Semensatto-Jr & Dias-Brito (2015). A separação das carapaças por flotação é o primeiro passo que, segundo Boltovskoy e Wright (1976), deve ser seguido pela checagem do resíduo, entretanto, este segundo passo é muitas vezes negligenciado ou até mesmo ignorado. Além da avaliação cuidadosa do resíduo, é importante que o material a ser triado passe por peneiramento, de modo que cada classe de tamanho seja observada separadamente. Segundo Boltovskoy & Wright (op. cit.), este processo permite ao pesquisador observar partículas de um mesmo tamanho e assim auxilia no processo de reconhecimento de espécimes e na remoção das carapaças da bandeja de triagem. Materiais e Métodos Os sedimentos foram coletados a partir de embarcação com equipamento busca-fundo tipo Petite Ponar, muitas vezes com auxílio de mergulhadores para garantir o correto funcionamento do busca- fundo e êxito do lançamento. As amostras para análise de foraminíferos foram coletadas nos primeiros centímetros (0-2 cm) da camada superficial do sedimento, fixadas com solução de formol 4% tamponada com tetraborato de sódio e coradas com Rosa de Bengala, adicionados ainda na embarcação. O corante é usado para evidenciar a presença do protoplasma de indivíduos vivos no momento da coleta. As amostras estão distribuídas ao longo de 5 transectos perpendiculares à linha de costa que distam de 6 a 8 km entre si (A, E, I, M, P). No Laboratório de Foraminíferos e Micropaleontologia Ambiental – LaFMA/UFPR as amostras foram lavadas em peneira de 63µm com água corrente, secas em estufa <60°C e submetidas a flotação com uso de tricloroetileno. O método da flotação foi utilizado para separação inicial das carapaças, porém tanto a flotação como o resíduo foram triados sob microscópio estereoscópico (Zeiss Discovery V8). A fração resíduo apresentou um volume total bastante expressivo sendo necessário quartear a amostra para manter a viabilidade e otimizar o tempo de triagem, sendo utilizado o quarteador “Otto Splitter”. Esse procedimento foi testado para validar a prática e descartar quaisquer incertezas de eficiência desse processo, garantindo que as espécies estejam sempre representadas na alíquota quarteada. Dois pontos (M1 e P17) foram analisados separadamente. Usando o teste paramétrico para comparação de k – proporção (nível de significância de 5%), os resultados demonstraram que uma alíquota (¼) é suficiente para verificar a importância da triagem do resíduo (Flotação x Resíduo), o software utilizado foi o XLSTAT (v. 2015.5.1.23600). Utilizando o software G-Power (Faul et al., 2009), foi possível calcular um ‘n’ amostral necessário para o estudo experimental. Assim, 12 pontos foram definidos a priori, como necessários para assegurar a efetividade do estudo da metodologia de triagem (Flotação X Resíduo), mantendo um tamanho da amostra com um poder acima de 0,8, o que significa que se tem 80 por cento ou maior probabilidade de detectar diferenças estatisticamente significativas nos dados. Ter uma especificação apropriada do tamanho amostral atribui validade interna ao estudo e deve ser requisito para a aprovação de protocolos de pesquisa e a publicação de trabalhos em revistas científicas (Brito et al., 2016). Os resultados serão analisados utilizando os softwares XLSTAT v. 2018, para Análise de Correspondência - distância de Hellinger e o software PAST (Paleontological Statistics Software Package for Educationand Data Analysis de Hammer; Harper; Ryan, 2001) para o Teste t de diversidade (Diversity t test). Resultados No resíduo foi observada maior abundância de indivíduos sésseis aderidos ou incrustados aos clastos em relação aos da flotação, porém em alguns pontos (D, E, F, G) espécies livres também foram encontradas na fração resíduo (Fig. 1). É indiscutível a diferença na abundância de espécimes aderidos aos clastos presentes no resíduo - cinco dos sete pontos analisados tiveram mais de 90% dos indivíduos nesta fração - ponto A 93%, B 94% C 99% D 93%, G 90%. O ponto E e F apresentaram uma diferença menor – ponto E 40% e ponto F 32%, isso se dá ao fato de espécimes livres estarem presentes também no resíduo e serem mais abundantes do que os espécimes aderidos – ponto E 34%, ponto F 68%, essa frequência pode indicar uma ineficiência na prática da flotação nesses pontos. Porém há ocorrência de espécimes livres no resíduo indicam que se o resíduo não fosse verificado essas espécies seriam ignoradas, subestimando a abundância e diversidade nesses pontos, pois quando somadas as porcentagens encontradas apenas no resíduo (tanto livre quanto aderido) estas continuam a indicar maior presença na fração resíduo - F 99%, ponto E 74%. Figura 1: Porcentagem de espécimes livres x aderidos nas frações Flotação (Flot) e Resíduo (Res), nos pontos testados (A,B,C,D,E,F,G). Flotação A triagem desses espécimes flotados, ou seja, livres foi realizada integralmente para os 12 pontos escolhidos para compor o ‘n’ amostral. A prática desse processo é mais simples e há concentração de carapaças de foraminíferos presentes simplifica a triagem; corroborando com a finalidade desse procedimento que é facilitar a triagem e a separação das carapaças. Alguns espécimes registrados foram identificados em nível de gênero e ilustrados com fotomicrografias (Fig.2). Observou-se uma fauna predominantemente livre na fração da flotação; a maioria das amostras analisadas apresentara uma abundância baixa de foraminíferos, entre 1% e 26% quando comparada aos aderidos no resíduo (Fig.1). https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1888754615001318#! Figura 2: Fotomicrografias em Microscopia óptica (MO) dos espécimes encontrados na fração flotação. Gêneros apresentados: A- Bulimina, B- Uvigerina, C- Hopkinsina, D- Bolivina, E- Buliminella, F- Caronnia, G- Miliammina, H- Cribroelphidium, I- Nonionella, J- Ammonia, K- Cassidulina? e L- Ammonia?. Resíduo Dos 12 pontos definidos, 07 foram triados para a fração resíduo. Observou-se grande quantidade de foraminíferos aderidos aos grãos. Os exemplares registrados no resíduo correspondem principalmente a espécies de hábito incrustante, aderidas aos litoclastos e bioclastos e que não ocorrem comumente livres (Fig.3). Figura 3: Fotomicrografias em Microscopia eletrônica de varredura (preto e branco) e em MO (coloridas) dos espécimes de foraminíferos aderidos aos grãos na porção de resíduo das amostras. Discussões e conclusões Sem a observação detalhada dos grãos e inspecionando as reentrâncias, a ocorrência dos espécimes incrustados ou aderidos passaria despercebido, o que causaria estimativa imprecisa das espécies que caracterizam o ambiente. Além disso, a diversidade e a abundância seriam em subestimadas. Etapas Futuras Será finalizada a triagem dos 5 pontos restantes para compor o ‘n’ amostral necessáriopara testar o método. Os dados serão avaliados através de análises estatísticas, visando comparar as associações presentes nas frações da flotação e do resíduo, de forma que se possa avaliar se a inclusão das espécies incrustantes às demais registradas no resíduo muda ou não o padrão geral obtido sem elas, podendo posteriormente realizar uma caracterização fidedigna da plataforma interna rasa do Paraná com base em foraminíferos. Será avaliada em que tipo de amostra e ambiente esta triagem meticulosa torna-se imprescindível e, se porventura houver características nas amostras que indiquem claramente esta necessidade, ela será indicada apesar de ser, sem dúvida, mais onerosa. A B C A D E F G H I J K L Agradecimentos Agradeço ao Laboratório de Foraminíferos e Micropaleontologia Ambiental – LaFMA, pelo imenso apoio na viabilização desse projeto, pelo acesso ao material necessário para preparação das amostras, triagem e identificação das espécies, bem como toda ajuda de custo fornecida a qual permitiu me manter nesse período. Agradeço também ao Museu de Ciências Naturais - MCN, da UFPR, pelo apoio e espaço estrutural necessário para realização deste trabalho. Referências Boltovskoy, E., 1965. Los foraminíferos recientes. Biología, métodos de estudio, aplicación oceanográfica. Buenos Aires: Editorial Universitaria, 511 p. Boltovskoy, E., Wright, R., 1976. Recent Foraminifera: Dr. W. Junk, b.v. - Publishers - The Hague. 515p. Brito, C. J., da Silva Grigoletto, M. E.,. de Toledo Nóbrega O., Córdova, C., 2016. Dimensionamento de amostras e o mito dos números mágicos: ponto de vista. Revista Andaluza de Medicina del Deporte. Volume 9, Issue 1, March 2016, Pages 29-31. https://doi.org/10.1016/j.ramd.2015.02.007. Disaró, S. T., 2014. Caracterização da Plataforma Continental da Bacia de Campos (Brasil, SE) fundamentada em Foraminíferos Bentônicos Recentes. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação em Geociências. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 196pp. Disaró, S. T., Aluizio, R., Ribas, E. R., Pupo, D. V., Tellez, I. R., Watanabe, S., Totah, V. I., Koutsoukos, E. A. M., 2017. Foraminíferos bentônicos naplataforma continental da Bacia de Campos. In: Falcão, A. P. C., Lavrado, H.P., (eds). Ambiente Bentônico: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 3. p. 65-110. Duleba, W., Teodoro, A.C., Debenay J-P., Alves Martins M. V., Gubitoso S., Pregnolato L. A., 2018. Environmental impact of the largest petroleum terminal in SE Brazil: A multiproxy analysis based on sediment geochemistry and living benthic foraminifera. PLoS ONE 13(2): e0191446. https://doi.org/10.1371/journal. pone.0191446. Eichler, P. P. B., 2017. Foraminifera zonation and water renewal in transects along Bertioga Channel, SP, Brazil. 662 X Gjra - Global Journal For Research Analysis. Faul, F., Erdfelder, E., Buchner, A., & Lang, A.-G. 2009. Statistical power analyses using G*Power 3.1: Tests for correlation and regression analyses. Behavior Research Methods, 41, 1149-1160. Pawlowski, J., Holzmann, M., Tyszka, J., 2013. New supraordinal classification of Foraminifera: Molecules meet morphology. Marine Micropaleontology, 100:1-10. Ribeiro-Ferreira, V. P., Curbelo - Fernandez, M. P., Filgueiras, V. L., Mello, R. M., Falcão, A. P. C., Disaró, S. T., Mello e Sousa, S. H., Lavrado, H. P., Veloso, V. G., Esteves, A. M., Paranhos, R. 2017. Métodos empregados na avaliação do compartimento bentônico da Bacia de Campos. In: Falcão, A. P. C., Lavrado, H.P., (eds). Ambiente Bentônico: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 3. p. 15-39. Semensatto - Jr, D. L., Dias-Brito, D., 2015. Soluções salinas alternativas para flotação de tecas de foraminíferos. Researchgate. https://www.researchgate.net/publication/266458657. Seyve C., 1990. Introdução à micropaleontologia. Angola, Elf Aquitaine Angola, 231 p. Sielski, L. H., Angulo, R. J., Souza, M. C., Veiga,F. A., 2017. Surficial sediments of the Paraná Inner Continental Shelf, Southern Brazil. Quaternary and Environmental Geosciences (2017) 08(2):22-35. Taylor, P. D., Wilson, M. A., 2003. Palaeoecology and evolution of marine hard substrate communities. Earth Sci. Rev. 62, 1–103. Veiga F. A., Angulo, R. J., MARONE, E., BRANDINI, F. P., 2004. Características sedimentológicas da plataforma continental interna rasa na porção central do litoral paranaense. Boletim Paranaense de Geociências, n. 55, p. 67-75, 2004. Editora UFPR. Veiga, F. A., 2005. Processos morfodinâmicos e sedimentológicos na plataforma continental rasa paranaense. Tese de Doutorado. Pós-Graduação em Geologia, Depart. Volume 9, Issue 1, March 2016, Pages 29-31. Walker, S. E., Parsons - Hubbard, K., Richardson - White, S., Brett, C., Powell, E., 2011. Alpha and beta diversity of encrusting foraminifera that recruit to long-term experiments along a carbonate platform- to-slope gradient: Paleoecological and paleoenvironmental implications. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 312, p. 325-349. Dados Acadêmicos Mestrado; Abril/2017 ingresso na Pós-Graduação; Geologia Ambiental; Evolução, dinâmica e recursos costeiros; Foraminíferos da porção central da plataforma interna rasa paranaense; Não possuo bolsa. Orientação: Prof. Dr. Rodolfo José Angulo - Co-orientação: Dra. Sibelle Trevisan Disaró https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1888754615001318#! https://www.sciencedirect.com/science/journal/18887546 https://www.sciencedirect.com/science/journal/18887546 https://www.sciencedirect.com/science/journal/18887546/9/1 https://doi.org/10.1016/j.ramd.2015.02.007 https://doi.org/10.1371/journal.%20pone.0191446 https://www.researchgate.net/profile/Patricia_Eichler https://www.sciencedirect.com/science/journal/18887546/9/1 http://www.posgeol.ufpr.br/home/wp-content/uploads/2015/12/EVOLUCAO-DIN%C3%82MICA-E-RECURSOS-COSTEIROS-2016.pdf XXI Seminário do Programa de Pós-Graduação em Geologia Universidade Federal do Paraná 25 a 29 de junho de 2018 Cur it iba - PR Alimentação artificial de praias com sedimentos de dragagem dos portos de Paranaguá-PR e São Francisco do Sul-SC José Augusto Simões Neto gu_to_ja@hotmail.com Palavras-chave: costeira, erosão, obras. Introdução A atividade em alguns dos principais portos do sul do Brasil depende diretamente de obras de dragagem em canais de acesso. As movimentações portuárias, intensas e constantes, geram alterações sobre o ambiente e carecem de regras normativas e técnicas para que os impactos ambientais sejam amenizados (Machado et al. 2012). No Brasil, a gestão de dragagens está pautada na Resolução Conama nº 454 (Brasil, 2012), cujo teor aponta para políticas públicas que devem ser adotadas e a possibilidade de uso benéfico do material dragado, definido como: “...utilização do material dragado, no todo ou em parte, como recurso material em processos produtivos que resultem em benefícios ambientais, econômicos ou sociais, portanto, sem gerar degradação ambiental, como alternativa à sua mera disposição no solo ou em corpo de água”. Tipificando inclusive nesta norma a utilização de areia dragada na engorda ou alimentação artificial de praias (beach nourishment). No Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) e na Baía da Babitonga, estados do Paraná e Santa Catarina, respectivamente, operam quatro portos com localizações indicadas na Figura 01, são eles os portos de Antonina, Paranaguá, Itapoá e São Francisco do Sul. Sendo os responsáveis pelas maiores movimentações de materiais dragados os portos de Paranaguá e São Francisco do Sul. Considerando este cenário e a dinâmica do sistema costeiro nesta região, pretende-se com esta pesquisa identificar praias cujos relacionamentos entre a ocupação humana e a evolução do perfil praial resultam em desiquilíbrios,com praias erodidas e/ou ocupações e edificações irregulares. A hipótese central da tese em elaboração é a de que os sedimentos dragados, nos portos estudados, podem e devem ser utilizados no reestabelecimento do equilíbrio sedimentar de praias em Itapoá-SC, Matinhos-PR, Pontal do Paraná-PR e Paranaguá-PR (Ilha do Mel). Geologia geral e dinâmica costeira As unidades geológicas nas áreas objeto de estudos correspondem ao domínio de depósitos sedimentares cenozoicos, representado principalmente por planícies com cordões litorâneos, planícies paleoestuarinas quaternárias e depósitos atuais de praia, eólicos e plataformais (Souza, 1998; Angulo et al. 2016a). Na plataforma interna predominam sedimentos siliciclásticos com diâmetro médio entre 0,016 e 1,032 mm, ou seja, das classes silte fino até areia muito grossa, e possuem teores de carbonatos e matéria orgânica geralmente inferior a 5% (Oliveira, 2015). Na costa paranaense e catarinense, seguindo o padrão do sistema de geração de ondas no Atlântico Sul, a propagação das mesmas está vinculada aos centros de geração em áreas oceânicas distantes (Angulo et al. 2016b), independentes das direções dos ventos locais, no litoral sul brasileiro os eventos de ondas de alta energia são formados principalmente a partir de ciclones subtropicais (Bigarella et al. 1978). Na costa estudada as marés são semidiurnas com interações de cooscilações não lineares (Mantovanelli 1999). A amplitude da maré de sizígia é de 1,5 m, na costa oceânica e 2,2 m, no interior do estuário. Também as marés meteorológicas podem atingir 80 cm acima do nível das marés astronômicas (Marone & Jamiyanaa 1997). As marés geram correntes de enchente e vazante e, ainda podem criar vórtices de maré (Camargo et al. 2003). Figura 1: Localização dos portos, da área de estudo e principais toponímias. Materiais e Métodos Os métodos e as ferramentas analíticas utilizadas para a realização das metas deste estudo são: Coleta e organização de dados bibliográficos referentes a dinâmica sedimentar do CEP, aspectos físicos e químicos dos sedimentos, impactos ambientais da dragagem e aplicações de resíduos de dragagem em portos. Aquisição e organização dos dados referentes às operações de dragagem, volumes de sedimentos dragados anualmente, conformação geral dos canais e locais de dragagem, batimetria e cartografia. Campo e amostragem, pretende-se realizar duas semanas de campo e amostragens nos canais de portos no Paraná e Santa Catarina, no segundo semestre do ano de 2018. Esta atividade de campo tem objetivos específicos de coleta de amostras de sedimentos. Análises físico-químicas com a finalidade de averiguação e calibração dos dados obtidos com as administrações dos portos, as amostras coletadas em campo serão submetidas a análises granulométricas no Laboratório de Estudos Sedimentológicos – LABSED, eventualmente poderão ser realizados testes e ensaios tecnológicos no Instituto Lactec. Visita técnica ao Porto de Hamburgo Alemanha, tendo em vista não somente a pesquisa proposta, mas também o aprimoramento do conhecimento técnico-científico em janeiro de 2018 foi realizada uma visita técnica ao Porto de Hamburgo na Alemanha. O objetivo principal foi conhecer as operações de dragagem realizadas naquele porto e principalmente a destinação aplicada aos sedimentos oriundos desta atividade. Cartografia e geoprocessamento, utilizando banco de dados reunindo todas as informações obtidas da pesquisa, pretende-se em plataforma SIG - Sistemas de Informação Geográfica (GIS) a unificação em produto finais do estudo, como mapas temáticos de balanço sedimentar, mapas de aproveitamento sedimentar e mapa de indicações de despejo/engorda de praias. Hipótese e Objetivos Para o desenvolvimento de todo o estudo, partir-se-á de uma hipótese central de que praias com problemáticas de erosão podem receber aportes artificiais de sedimentos dragados. Para testar esta hipótese define-se alguns objetivos gerais e específicos. A tese de doutorado terá como objetivo geral a caracterização sedimentológica dos materiais dragados e das praias em estudo. Ainda como objetivos específicos serão caracterizadas e separaras as zonas de ocorrência granulométricas e de contaminantes, cálculos de movimentação e balanço sedimentar, definição dos locais de deposição sedimentar conforme granulometria, indicar setores com problemas relacionados a conflitos de ocupação de solo e erosão costeira, elaborar mapas e imagens com possibilidades de rotas de aproveitamento do material dragado. Por fim, relatar as conclusões em artigos e tese de doutoramento. Resultados obtidos A partir dos resultados obtidos na fase dos estudos correspondente ao nível de mestrados, considerando ainda o cronograma atual de pesquisa, foram alcançadas as seguintes publicações: Resumo 1: Panorama geral da mineração na planície costeira do estado do Paraná. Publicado em Anais do X Simpósio Sul -Brasileiro de Geologia, ST917. Curitiba. Resumo 2: Possibilidade de aproveitamento dos sedimentos de dragagem do porto de Paranaguá. Publicado em Anais XVI Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA, Volume 2, Número 1, Bertioga - São Paulo. Resumo 3: Sedimentos dragados no porto de Hamburgo - estudo comparativo de manejo. 49° Congresso Brasileiro de Geologia. Rio de Janeiro. (Aceito em maio de 2018). Resumo 4: Episódios de alimentação de praia no sul do Brasil, questões relacionadas e perspectivas. 49° Congresso Brasileiro de Geologia. Rio de Janeiro. (Aceito em maio de 2018). Artigo 1: Possibilidade de aproveitamento dos sedimentos de dragagem do porto de Paranaguá. Quaternary and Environmental Geosciences (http://dx.doi.org/10.5380/abequa.v8i2.54333). Resultados esperados Os resultados esperados ao término do doutorado compreendem a um mapa de aproveitamento sedimentar, análises físicos-químicas validando as amostras e dados levantados na pesquisa durante o mestrado e doutorado, tese indicando as possibilidades de aproveitamento de material de dragagem e praias indicadas para engorda, além da seguinte produção científica: Resumos 5 e 6: XVII Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA. Viçosa. (Serão submetidos em 2019) Resumos 7 e 8: Congresso Brasileiro de Geologia. (Serão submetidos em 2020). Resumo 9 e 10: 36th International Geological Congress. Delhi (Serão submetidos em 2020). Artigo 2: Artigo de revisão de episódios de alimentação de praia no Brasil. Ocean & Coastal Management. (Será submetido em 2019). Artigo 3: Resultado Final - Alimentação artificial de praias com sedimentos de dragagem dos portos de Paranaguá-PR e São Francisco do Sul-SC. Journal of Coastal Research. (Será submetido em 2020). Fundamentação, discussões e conclusões A pesquisa se apresenta como oportunidade de estudar a aplicação dos milhões de metros cúbicos de material dragado, destacado o fato da disponibilidade de grande parte dos dados produzidos pelas entidades envolvidas, que somados aos dados próprios produzidos no doutorado, totalizam mais de 150 pontos de sedimentos amostrados e analisados. http://dx.doi.org/10.5380/abequa.v8i2.54333 Figura 2: Exemplos de praias com conflitos de erosão versus ocupação dos solos estudadas. A – Itapoá; B – Ponta do Poço, Pontal do Paraná; C e D – Praia do Forte, Ilha do Mel. As praias com variações negativas na linha de costa, ilustradas nas imagens da Figura 02, com obras improvisadas e tentativas de contenção da erosão, tornam-se então objeto principal de estudo. Por fim, conclui-se ainda que a norma ambiental vigente e outrora citada, preconiza que “As propostas de uso benéfico do material dragado poderão ser elaboradas pelo empreendedor em parceria com outras instituições, entidades públicas, universidades, empresas e organizações da sociedade civil”. Restandoao projeto não somente a contribuição científica, mas também a contrapartida social. Agradecimentos À Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina – APPA, pela prontidão e empenho na disponibilização dos dados requeridos por meio do processo sob n˚ 14.21.496-5, ao Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM/ANM, ao Laboratório de Estudos Sedimentológicos e Petrologia Sedimentar - LABsed, Instituto Lactec e ao Laboratório de Estudos Costeiros - LECOST. Referências Bibliográficas ANGULO R.J. SOUZA M.C. MÜLLER M.E.J. Noernberg M.A. Soares C.R. Borzone C.A. Marone E. Quadros C.J.L. 2016b. Erosão e acresção no litoral paranaense. In: Muehe D. (org.). Erosão e progradação do litoral brasileiro. 2ª edição revisada e atualizada. Editora MMA, Brasilia, 01-66: no prelo. ANGULO R.J. BORZONE C.A. NOERNBERG M.A. QUADROS C.J.L. SOUZA M.C. ROSA L.C. 2016a. The State of Paraná Beaches. In: Andrew D.S. Klein A.H.F. (Ed. 1). Brazilian beach Systems. Springer International Publishing AG, Switzerland, 419-464p. BIGARELLA J. J. BECKER R. D. MATOS D. J. WERNER A. 1978. A Serra do Mar e a porção oriental do Estado do Paraná... Um problema de segurança ambiental e nacional. Curitiba, Governo do Paraná/SEPL/ADEA. 249p. A B C D BRASIL 2012. Resolução Conama Nº 454, de 01 de novembro de 2012. "Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos referenciais para o gerenciamento do material a ser dragado em águas sob jurisdição nacional.” Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 216, 08 nov. 2012. Seção 1, p. 66. CAMARGO R. HARARI J. 2003. Modeling the Paranagua Estuarine Complex, Brazil: tidal circulation and cotidal charts. Revista Brasileira de Oceanografia. v. 51(único). 23-31. MACHADO S.C. RIBEIRO J.A. 2012. Dragagem e conflitos ambientais em portos clássicos e modernos: uma revisão. Sociedade e Natureza. n. 3, 519-534. MANTOVANELLI 1999. A Caracterização da dinâmica hídrica e do material particulado em suspensão na Baía de Paranaguá e em sua bacia de drenagem. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Terra, Programa de Pós-Graduação em Geologia, Curitiba, 152p. MARONE E. JAMIYANAA D. 1997. Tidal characteristics and a variable boundary numerical model for the M2 tide for the estuarine complex of the Bay of Paranaguá, PR, Brazil. Nerítica, 11(1-2):95-107. OLIVEIRA L.H.S. 2015. Morfologia e sedimentologia da plataforma continental interna paranaense. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Terra, Programa de Pós- graduação em Geologia, Curitiba, 86p. SOUZA, M.C. Mapeamento da planície costeira e morfologia e dinâmica das praias do Município de Itapoá, Estado de Santa Catarina: subsídios à ocupação. 169 f. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Geologia Ambiental, Departamento de Geologia, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999. Dados Acadêmicos Doutorado (progressão 02/04/2018); Geologia Ambiental – Evolução, dinâmica e recursos costeiros. Sem bolsa. Orientação: Profª. Drª. Maria Cristina de Souza. X X I S e m i n á r i o d o P r og r a m a d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m G e ol o g i a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á Quimioestratigrafia, faciologia e diagênese de sequências carbonáticas aptianas não marinhas: Poço 9RJS730 (Entorno de Iara) João Victor Dabela Alcantara joao.victor@ufpr.br Palavras-chave: diagênese, aptiano, carbonatos Introdução Segundo Riccomini et. al (2012), a ocorrência de acumulações gigantes de óleo em regiões de águas ultra profundas da Bacia de Santos corresponde a maior descoberta mundial da indústria petrolífera nos últimos 50 anos, tendo potencial para tornar o Brasil um dos principais produtores globais. Contudo, a exploração destas reservas é permeada por desafios tecnológico e as características inerentes ao sistema petrolífero. As rochas que são reservatórios no Pré Sal compreendem sequências carbonáticas de origem microbial não marinhas (Estrella, 2008). Rochas carbonáticas não marinhas (e.g. travertinos, tufas calcárias, microbialitos, calcretes, espeleotemas) possuem uma natural complexidade no que diz respeito a distribuição de fácies e propriedades permo-porosas, reflexo dos diversos processos e das condições ambientais nas quais ocorre a deposição dos sedimentos (Dupraz, 2008). Esta heterogeneidade pode ainda ser acentuada por processos pós deposicionais superpostos, que podem modificar parâmetros petrofísicos gerando porosidade secundária ou destruindo a porosidade primária, geração de novos minerais e cimentos, modificação de fábricas deposicionais primárias, compactação de grãos, por exemplo. Estes processos além de modificarem as propriedades do reservatório e consequentemente sua qualidade, também alteram as assinaturas geoquímicas e isotópicas de forma significativa com o decorrer da evolução dos estágios diagenéticos. Justificativa A caracterização dos produtos relacionados a processos diagenéticos e as condições nas quais esses ocorrem, é fundamental para uma melhor compreensão da distribuição vertical de fácies e características permo-porosas de um poço produtor de hidrocarbonetos Desta forma, a interpretação do ambiente deposicional com base nas assinaturas geoquímicas integrada a caracterização faciológica de uma sequência sedimentar é uma ferramenta chave para definir as condições de evolução da diagênese de reservatórios de petróleo, que por fim serão úteis para determinar o potencial e a qualidade das sequências aptianas do pré-sal, tendo importância econômica e científica. Localização O principal objeto de estudo desta pesquisa corresponde ao testemunho de sondagem oriundo do bloco produtor comercial de óleo denominado “Entorno de Iara” operado pela Petrobras, inserido no campo de Atapu na Bacia de Santos. O testemunho do poço 9-BRSA-1284-RJS (Figura 1) possui profundidade medida de 5715 metros e uma lâmina d´água de até 2295 metros, com um intervalo aproximado de 200 metros. Os litotipos observados constituem sequências de carbonatos laminados pertencentes a formação Barra Velha que integra o Grupo Guaratiba. Todos os dados de poços que serão usados nessa pesquisa são públicos e estão disponíveis na Agência Nacional do Petróleo (ANP), conforme a Tabela 1, atualizada e disponibilizada pela ANP em janeiro de 2018. Poço Operador Bacia Data de Conclusão da Perfuração Testemunho Perfilagem Sísmica FIT/LOT Amostra Lateral Confidencialidade 9730RJS Petrobras Santos 03/02/2015 Existe Existe Existe Existe Existe Público Tabela 1: Tabela de solicitação de acesso aos poços Figura 1: Mapa de localização das bacias sedimentares de Santos e Campos com os poços estudados inseridos na área do pré sal. Fonte: ANP/BDEP. Modificado. Contexto geológico A Bacia de Santos localiza-se na porção sudeste da margem atlântica brasileira, entre o litoral dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná Limitada fisiograficamente pelo alto de Cabo Frio a norte e pelo Alto de Florianópolis a sul. De modo semelhante as outras bacias da margem atlântica, a Bacia de Santos apresenta 3 megassequências tectono-estratigráficas (Pereira & Feijó, 1994). A megassequência continental (sinrifte), de idade neocominana/barremiana representada pela Formação/Grupo Guaratiba, é composta por sequências siliciclásticas grossas assentadas sobre rochas vulcânicas toleíticas (Fm. Camboriú). Em seguida, ocorre a megassequências transicional caracterizada por intercalações de evaporitos e rochas siliciclásticas aptianas de ambiente marinho restrito. Por fim, a megassequência pós-rifte é caracterizada pela deposição de rochas siliciclásticas e carbonáticas da Fm. Florianópolis e Guarujá respectivamente, que posteriormente foram recobertos por sistemas transgressivos clástico-carbonáticos (Fm. Itanhaém) de idade neo-albiana. Recobrindo essas megassequências tem-se os depósitosregressivos compostos por plataformas carbonáticas (sistema Iguape/Marambaia) subjacentes a arenitos e folhelhos da Fm. Sepitiba. Grupo Guaratiba e Formação Barra Velha - Segundo Moreira et. al (2007) o grupo Guaratiba é subdividido em cinco formações, sendo que as Fm. Piçarras, Itapema e Barra Velha constituem a fase rifte da bacia. A formação Barra Velha depositou-se em ambiente transicional continental – marinho raso e é subdividida em sequência inferior e superior. A sequência inferior é composta por calcários microbiais, estromatólitos, laminitos e folhelhos. Além destes litotipos também ocorrem associados grainstones e packstones constituídos de bioclastos. Por fim, na sequência superior há a ocorrência de estromatólitos e laminitos microbiais dolomitizados (Papaterra, 2010). Objetivos O objetivo geral desta pesquisa é definir como os processos diagenéticos influenciam na faciologia, petrofísica, assinaturas geoquímicas e isotópicas no testemunho de sondagem do poço 9-BRSA-1284- RJS (Entorno de Iara), focando nas fácies mais representativas do intervalo, como esferulitos e schurbs, intervalos com evaporitos, etc, além de entender porque num poço com alta porosidade a permeabilidade é baixa, fazendo-se necessário a aplicação de técnicas EOR (enhanced oil recovery) refletindo diretamente na qualidade de exploração de óleo. Materiais e Métodos O intervalo possui aproximadamente 90 metros de extensão (Figura 2), portanto será selecionada uma escala adequada para descrição utilizando as fácies mais representativas do intervalo para descrições microscópicas pormenorizadas, onde serão analisadas as feições diagenéticas que ocorrem, tais como relações de contato entre grãos, identificação de minerais neoformados, cimentação, feições de dolomitização, geração de porosidade primária e feições de dissolução e precipitação. Para a análise faciológica serão realizados estudos petrográficos e de seções delgadas com auxílio de lupa e microscópio de luz transmitida respectivamente, para a definição e descrição destas fácies. A seleção destes pontos para petrografia será feita a partir da análise macroscópica (descrição de aspectos principais, como litotipos, estruturas, tipos de porosidade e cor). Integrado a esse estudo, também serão realizadas análises de microscopia eletrônica de varredura (MEV), que permite a tomada de imagens em alta resolução da superfície da amostra em escala microscópica com aparência tridimensional e análises de microtomografia computadorizada de raios – x (microCT), que consiste em uma técnica não destrutiva que permite a visualização da estrutura interna e externa da amostra com base em modelos tridimensionais renderizados, gerados a partir de um conjunto de imagens, possibilitando o cálculo permeabilidade e distribuição do tamanho médio dos poros integrados a modelos tridimensionais para melhor visualização da geometria interna das amostras. A segunda parte do projeto consistirá em estudar a evolução do ambiente sedimentar, correlacionado com as feições faciológicas e diagenéticas descritas previamente e características mineralógicas e químicas. Para isso, serão realizados estudos isotópicos de pontos de interesse ao longo do testemunho. Os isótopos analisados compreendem os de Oxigênio e Carbono. A seleção destas amostras ocorrerá a partir das fácies e da profundidade do testemunho. A análise de sinais isotópicos de carbono e oxigênio será utilizada para interpretações a respeito do ambiente de formação, como temperatura, salinidade, natureza e influência dos fluídos, processos biogeoquímicos etc. Por fim serão utilizadas as técnicas analíticas de difratometria de raios -x e de fluorescência de raios -x, que se baseiam na interação do raio-x com a amostra, sendo útil para determinar a estrutura atômica e molecular de substâncias e identificar elementos químicos presentes com número atômico maior ou igual a 12. Estas técnicas serão aplicadas para uma análise semi quantitativa de minerais ao longo do intervalo para identificar variações na composição química Figura 2: Testemunho de sondagem do poço produtor 9-BRSA-1284-RJS constituído de laminitos da Formação Barra Velha Resultados esperados Espera-se que possa ser definida uma associação entre feições diagenéticas observada nos intervalos do testemunho com a variação de fácies sedimentares, parâmetros petrofísicos (porosidade, permeabilidade, tamanho médio de poros), e assinatura de isótopos estáveis. Por fim, que os dados obtidos mostrem também uma correlação entre os diferentes poços e inferências sobre a evolução da ambiência e das condições na qual as rochas modificaram-se. Agradecimentos Ao Laboratório de Análise de Minerais de Rochas (LAMIR-UFPR), a Shell Brasil LTDA e a Agência Nacional do Petróleo Este projeto está inserido no âmbito do Projeto Diagênese, fruto de uma parceria técnico científica entre o LAMIR e a Shell Brasil LTDA, consequência da Lei do Petróleo (Lei 9.478 de 6 de agosto de 1997), que visa fomentar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico e científico Referências Castro, R.D., Picolini, J.P. 2014. Principais aspectos da geologia regional da Bacia de Campos. In: Kowsmann, R.O., editor. Geologia e Geomorfologia. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 1. p. 1-12. Dupraz, C. 2008. Processes of carbonate precipitation in modern microbial mats – Earth Science Review - EARTH-01545; N° of Pages 22 Estrella, G. O.; Azevedo, R. L. M.; Formigli Filho, J. M. 2009. Pré-sal: conhecimento, estratégia e oportunidades, in J. P. R. Veloso (coord.). Teatro Mágico da Cultura, Crise Global e Oportunidades do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 2009, pp. 67-78. Papaterra, G.E.Z. 2010. Pre-salt: geological concepts on a new exploratory frontier in Brazil. Rio de Janeiro, 2010. Xiii, 81 f. Dissertação de mestrado em Geologia. Programa de pos graduação em geologia, instituto de geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Pereira, M.J, Feijó, F.J., 1994. Bacia de Santos. Boletim de Geociências da Petrobras 8(1), 219-234 Riccomini, et.al. 2012. Pré-Sal: Geologia e Exploração. REVISTA USP • São Paulo • n. 95 • p. 33-42. Novembro 2012 Moreira, J. L. P. et.al. 2007 Bacia de Santos. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v.15 n.2, p 531-549 Dados Acadêmicos Nível: Mestrado. Data de ingresso na Pós-Graduação: 01/04/2018; Área de concentração: Geologia Exploratória; Linha de Pesquisa: Análise de Bacias Sedimentares; Título original do projeto de pesquisa: Quimioestratigrafia. faciologia e diagênese de sequencias carbonáticas aptianas não marinhas: Poço RJS730 (Entorno de Iara). Possui bolsa: Sim, Projeto Diagênese UFPR/SHELL/FUNPAR. Orientação: Anelize Manuela Bahniuk Rumbelsperger Co-orientação: Leonardo Fadel Cury X X I S e m i n á r i o d o P r o g r a m a d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m G e o l o g i a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á 25 a 29 de junho de 2018 Cur i t i ba - PR Análise de fácies e propriedade petrofísicas em análogos a reservatórios heterogêneos no Grupo Itararé, Bacia do Paraná Lara Ferreira Neves larafneves@hotmail.com Palavras-chave: reservatórios análogos, heterogeneidade, fácies Introdução Um sistema petrolífero pode ser descrito pela interdependência de fatores geológicos e processos essenciais à formação e acumulação de hidrocarbonetos. Os fatores geológicos dependem da rocha geradora, reservatório, selante e de soterramento. Os processos essenciais à formação podem ser descritos como formação de armadilhas, geração, migração e acumulação de hidrocarbonetos (Magalhães et al., 1995). Depósitos sedimentares associados a fluxos gravitacionais em águas profundas constituem importantes reservatórios e conhecimentos a respeito desses depósitos têm aumentado nos últimos anos. Porém, a geometria deposicional das fácies e o interrelacionamento entre os diferentes fatorescontroladores da distribuição dos arenitos são pouco entendidos. Na Bacia do Paraná, quatro sistemas petrolíferos apresentam potencial para geração e acumulação de hidrocarbonetos, são eles: Ponta Grossa- Itararé, Ponta Grossa- Rio Bonito, Irati- Rio Bonito e Irati- Pirambóia (Arthur & Soares, 2002). O sistema Ponta Grossa- Itararé apresenta acumulações de gás e condensando armazenado nos arenitos no Grupo Itararé, como no campo de Barra Bonita, com rocha geradora contida na porção superior da Formação Ponta Grossa, em folhelhos devonianos (Milani & Catto, 1998). O Grupo Itararé contém registros de sedimentação durante o período de glaciação gondwânica neopaleozoica na Bacia do Paraná (Vesely & Assine, 2004) e os maiores volumes de reservatórios arenosos estão contidos no Membro Rio Segredo da Formação Taciba e a parte superior da Formação Campo Mourão, cuja porosidade máxima é de 10%. O Membro Rio Segredo, descrito por França & Potter (1989), é considerado o melhor reservatório do Grupo Itararé por ser constituído de corpos arenosos espessos (até 50 m), de grande continuidade lateral, além de estar associado ao folhelho do Membro Rio do Sul e/ou lamitos do Membro Chapéu do Sol como rochas selante. O predomínio de níveis estratigráficos de arenitos com bom potencial para reservatórios favorece o acumulo de hidrocarbonetos, principalmente de gás proveniente das rochas geradoras da Formação Ponta Grossa (França & Potter, 1988). Entretanto, o Grupo Itararé é caracterizado pela alta complexidade em relação a diversos processos de deposição que resultam em alta heterogeneidade na distribuição de fácies e associações de fácies, com baixa continuidade lateral dos litotipos. A rotina de caracterização de reservatórios em subsuperfície tem como principal fonte de dados os poços, o que requer elevados recursos financeiros e, ainda assim, não proporciona observar a dimensão horizontal. Como uma alternativa viável para suprir informações adicionais aos poços, as análises de afloramentos em superfície, como reservatórios análogos, permitem a aquisição de dados e propriedades petrofísicas, tais como porosidade, permeabilidade, radioatividade natural das rochas, elementos arquiteturais, geometrias dos depósitos e fácies em uma resolução muito maior que o usual no desenvolvimento de um reservatório de petróleo (Slatt, 2006). Em afloramento também é possível observar, em maior detalhe, a variação espacial das propriedades essenciais de um reservatório, como porosidade e permeabilidade que controlam o armazenamento e fluxo de fluidos, e suas relações com os controles deposicionais e diagenéticos (Slatt, 2006). Dentro dessa temática, este trabalho visa compreender as heterogeneidades presentes em reservatórios, assim como seus controles deposicionais, utilizando como exemplo o Grupo Itararé, Bacia do Paraná, na região de Mafra e Doutor Pedrinho em Santa Catarina (figura 1). Testemunhos disponíveis das Formações Taciba e Campo Mourão em Mafra, assim como afloramentos na área de Doutor Pedrinho, são analisados neste trabalho com o intuito de avaliar as heterogeneidades presentes nas sucessões arenosas de forma a integrar dados de superfície e subsuperfície, e compreender a continuidade lateral de acordo com as correlações estratigráficas. A hipótese deste trabalho consiste na possibilidade de, a partir da construção de um modelo conceitual de deposição por correlação de dados de fácies, perfis geofísicos e propriedades petrofísicas, de testemunhos e afloramento, ser possível uma melhor caracterização do reservatório e suas heterogeneidades do que com base somente em perfis de poços. A geração do modelo possui como maior motivação o estabelecimento de critérios preditivos para exploração/explotação de gás em reservatórios complexos e de baixa permeabilidade em depósitos de águas profundas. Figura 1: Mapa de localização e esboço geológico das áreas de estudo (Fonte do esboço geológico: CPRM, 2004) Contexto geológico A Bacia do Paraná corresponde a uma bacia intracratônica com vasta região de sedimentação na América do Sul, possui uma área de aproximadamente 1.600.000 km² e está contida na porção meridional do Brasil. A bacia estende-se para a Argentina, Paraguai e Uruguai, apresenta evolução tectonossedimentar policíclica e possui sucessão sedimentar-magmática entre Neo-Ordoviciano e Neocretáceo (Milani, 2004). O preenchimento da bacia, descrito por Milani (1997), ocorreu através de ciclos tectonossedimentares de segunda ordem, limitados por descontinuidades regionais, as supersequências são: Rio Ivaí (Ordoviciano-Siluriano), Paraná (Devoniano), Gondwana I (Carbonífero- Eotriássico), Gondwana II (Meso a Neotriaássico), Gondwana III (Neojurássico-Eocretáceo) e Bauru (Neocretáceo) (Milani, 1997). Essas supersequências estão associadas a ciclos transgressivos- regressivos paleozóicos e a ciclos sedimentares continentais durante o mesozóico (Milani & Ramos, 1998). As espessuras máximas da bacia atingem 7.000 metros em seu depocentro. O Grupo Itararé pertence a Supersequência Gondwana I, que iniciou após o ápice das condições glaciais, a sedimentação ocorreu através do degelo, com mecanismos de transporte e deposição associados a fluxos de massa e ressedimentação que retrabalharam o substrato. Esses processos de sedimentação geraram depósitos de diamictitos intercalados com arenitos, com elementos glacioterrestres e glaciomarinhos (Milani & Ramos, 1998). Através de mapeamentos realizados nos estados de Santa Catarina e Paraná, Schneider et al., (1974) subdividiu o Grupo Itararé em Formação Campo do Tenente, Formação Mafra e Formação Rio do Sul. França & Potter (1988), realizaram o mapeamento regional da unidade Itararé e através de análises de testemunhos e perfis de poços definiram três unidades para o Grupo Itararé, Formação Lagoa Azul, Formação Campo Mourão e Formação Taciba. Para este trabalho, a estratigrafia adotada abrange os trabalhos de Schneider et al. (1974) e França & Potter (1988). Materiais e Métodos Os métodos utilizados para a elaboração do trabalho contemplaram revisão bibliográfica, aquisição de dados petrofísicos e geoquímicos em testemunhos e seleção e descrição de afloramentos. A revisão bibliográfica visou compreender a geologia regional e local, assim como os métodos adequados a serem utilizados. A descrição de fácies foi realizada através da descrição de três testemunhos, totalizando 177,8 metros e análise detalhada de um afloramento. Os equipamentos utilizados para a aquisição de dados petrofísicos foram gamaespectrômetro e mini permeâmetro. A leitura da radiação emitida pelos elementos U, K e Th foi realizada a partir da utilização do equipamento gamaespectrômetro portátil RS-230 BGO Super-SPEC, cedido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e previamente calibrado pela empresa. A leitura foi realizada durante 120 segundos enquanto o equipamento se mantinha em contato com a amostra. Os valores de gama total foram convertidos para API (American Petroleum Institute), medida de referência estabelecida pela Universidade de Houston, Texas. O valor API é calculado através das componentes urânio, tório e potássio, API= 4Th+ 8U+16K (Ellis & Singer, 2008), onde U e Th são medidos em ppm e K em porcentagem. Os dados de permeabilidade foram adquiridos através do mini permeâmetro TinyPerm II, Vindium Engineering, Inc., permeâmetro a ar portátil, cedido pelo Instituto de Geociências da USP (Universidade de São Paulo). A medição é realizada através do contato da abertura de 9mm do equipamento com a amostra, através de uma borracha que evita o vazamento e força o ar a entrar apenas na amostra. Quando pressionado o bocal da sonda, é gerado um vácuo na parte interna do equipamento. Através de um microcontrolador, o volume de ar retirado da rocha é controlado e então o valor da permeabilidade é fornecido de formato adimensional que posteriormente é convertido em milidarcy (mD) através de curva de calibraçãofornecida com o equipamento. Foram realizadas 3 leituras do mesmo local e então realizada a média das leituras. Os valores foram obtidos a cada 30cm ao longo dos testemunhos. Os dados geoquímicos foram adquiridos a partir do método de fluorescência de raios X (FRX) que identifica os elementos maiores, menores e traço. Os testemunhos e afloramentos foram analisados a partir do contato do equipamento XL3T Niton Thermo durante 120 segundos, o equipamento foi cedido pela CPRM. Resultados obtidos Foram individualizadas 21 fácies com base na descrição de três testemunhos e um afloramento, a tabela 1 contempla as fácies descritas e suas siglas correspondentes. A partir da obtenção dos dados estratigráficos, petrofísicos (435 pontos com valores de permabilidade) e geoquímicos (513 pontos com dados geoquímicos), foram elaborados perfis comparativos dos testemunhos e do afloramento (exemplo na figura 2). Dentre os poços analisados e afloramento, o poço RB3 (Figura 2) é o que apresenta os maiores valores de permeabilidade, na fácies Ag(mf), próximo ao topo do testemunho. O valor médio de permeabilidade para essa fácies é de 316 mD. O menor valor de permeabilidade desse poço ocorre na fácies Rtd com valor de 44 mD. De forma geral, os valores obtidos por espectometria gama (K, Th, U e API) possuem baixa amplitude (figura 2). O valor máximo API ocorre na fácies Ag(mf) de 62 e mínimo de 57 na fácies Afl. A abundância dos principais óxidos obtidos por fluorescência de raios X, por fácies, encontram-se na tabela 1. Destacam-se os óxidos SiO2, Al2O3, Fe2O3 e Cao como os principais discriminantes entre as fácies. Discussões e conclusões Apesar da análise dos dados obtidos ainda estar em fase inicial, as fácies que possuem melhor potencial de reservatório são Ag(gf) e Ag(mf), com permeabilidade variando de 103 a 542 mD (média de 385mD) para a fácies Ag(gf) e valores de 28 a 1971 mD (média de 316mD) para a fácies Ag(mf). Essas fácies possuem ocorrência restrita nos poços e espessura máxima de 10,95 metros para a fácies Ag(mf). A fácies Ag(gf) ocorre no poço TC4 e a fácies Ag(mf) no poço RB3. A continuidade lateral e o real potencial de reservatório dessas fácies será analisado em afloramento. Tabela 1: Fácies descritas, siglas correspondentes e abundância média dos principais óxidos. Sigla Fácies SiO2 Al2O3 K2O Fe2O3 P2O5 CaO TiO2 MnO MgO Cm Conglomerado maciço 54,60 8,24 2,65 2,45 0,16 6,32 0,23 0,49 0,26 Caf Conglomerado de matriz areia fina 55,60 7,28 1,77 3,15 0,08 2,64 0,54 0,08 0,00 Ac Arenito conglomerático 57,51 8,88 2,16 1,93 0,23 3,17 0,20 0,20 0,00 Ag(gf) Arenito grosso a arenito fino granocrescente ascendente 62,94 8,12 2,59 1,73 0,06 2,25 0,23 0,08 0,22 Aml Arenito médio com lentes de argila dispersas 67,73 5,30 1,43 0,59 0,11 1,98 0,20 0,06 0,22 Amb Arenito médio com brechas 68,04 8,01 1,87 1,99 0,30 1,23 0,52 0,06 0,37 Ai(mc) Arenito médio a arenito conglomerático granocrescente ascendente 76,54 6,43 1,53 0,78 0,14 1,10 0,37 0,04 0,00 Ag(mf) Arenito médio a arenito fino granodecrescente ascendente 66,38 6,86 1,47 2,00 0,18 0,62 0,54 0,14 0,17 Ag(ms) Arenito médio a silte granodecrescete ascendente 71,54 6,10 1,58 0,73 0,18 2,31 0,20 0,12 0,42 Ai(fc) Arenito fino a conglomerado granocrescente ascendente 49,52 6,78 1,93 4,22 0,09 2,86 0,49 0,13 0,00 Ag(fs) Arenito fino a silte granodescrescente ascendente 67,73 5,34 1,37 0,57 0,24 1,38 0,29 0,08 0,07 Afl Arenito fino com laminações de argila 73,72 6,90 1,53 0,65 0,19 1,73 0,36 0,09 0,34 Afm Arenito muito fino maciço 67,33 7,30 1,55 0,43 0,24 0,82 0,20 0,02 0,02 Ag(mmf) Arenito médio a arenito muito fino granodescrescente ascendente 67,06 4,98 1,36 0,59 0,15 1,00 0,25 0,05 0,16 Amfl Arenito muito fino com lentes de argila 71,30 8,11 1,53 1,22 0,50 1,45 0,41 0,09 0,15 Amfm Arenito muito fino maciço 66,44 6,34 1,43 1,04 0,33 1,49 0,30 0,04 0,00 Dm Diamictito 66,44 6,34 1,43 1,04 0,33 1,49 0,30 0,04 0,00 Sld Siltito Deformado 66,83 6,80 1,50 1,26 0,36 1,62 0,41 0,05 0,11 Sl Siltito 64,87 6,50 1,52 2,10 0,74 1,48 0,49 0,06 0,00 Hfl Heterolito com estruturas de fluidização Flh Folhelho 25,81 4,31 1,82 4,34 0,05 8,53 0,49 0,04 0,00 Rtd Ritmito deformado 56,78 9,54 1,96 3,24 0,29 1,83 0,66 0,07 0,59 Etapas Futuras As próximas atividades previstas são aquisição dos dados petrofísicos e geoquímicos em afloramento já selecionado e descrito na região de Doutor Pedrinho-SC. A partir da aquisição dos dados, serão comparados os resultados obtidos em testemunhos e afloramento, e elaboração do modelo conceitual proposto. Agradecimentos Fonte de financiamento da pesquisa, CNPq- Projeto: “Depósitos de transporte em massa na sucessão Neopaleozóica da Bacia do Paraná: estratigrafia, aspectos estruturais e significado tectônico” número: 461650/2014-2. Agradeço a Universidade do Contestado em Mafra pela liberação do uso dos testemunhos e infraestrutura, ao Instituto de Geociências da USP e CPRM pelo uso dos equipamentos. Figura 2: Perfil do Poço RB3 contendo fácies, valores de gama, permeabilidade e geoquímica Referências Artur, P. C., Soares, P. C. 2002. Paleoestruturas e Petróleo na Bacia do Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Geociências, v. 32, p.433-448. Ellis, D.V., Singer, J. M. 2008. Well Logging for Earth Scientists, Springer, 699p. França, A. B. & Potter, P. E. 1988. Estratigrafia, ambiente deposicional e análise de reservatório do Grupo Itararé (Permocarbonífero), Bacia do Paraná. B. de Geociências da Petrobrás, v.2, p.147-191. França, A.B. & Potter, P.E. 1989. Estratigrafia, ambiente deposicional e análise de reservatório do Grupo Itararé (Permocarbonífero), Bacia do Paraná.Boletim de Geociências da Petrobrás, 3, p.17-28. Magalhães, A.J.C., Caixeta, J.M., Gomes, N. 1995. Controle Deposicional na Diagênese dos Arenitos Caruaçu, Bacia do Recôncavo. B. Geoci. PETROBRAS, Rio de Janeiro. 9(2/4), abri/dez. p. 237- 247. Milani, E. J. & Catto, E. 1998. Petroleum Geology of the Paraná Basin, Brazil. AAPG International Conference & Exhibition, p.442-443. Milani, E. J. & Ramos V. A. 1998. Orogenias Paleozóicas no Domínio Sul-Ocidental do Gondwana e os Ciclos de Subsidência da Bacia do Paraná. Revista Brasileira de Geociências. v. 28 n. 4, p. 473-484. Milani, E. J. 1997. Evolução Tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu Relacionamento com a Geodinâmica Fanerozóica do Gondwana Sul-ocidental. Tese (Doutorado) - Programa de Pós- Graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (RS). 255 p. Milani, E. J. 2004. Comentários sobre a origem e evolução tectônica da Bacia do Paraná. In: Mantesso- Neto, V., Bartorelli, A., Carneiro, C.D.R., Brito-Neves, B.B. (Eds.) Geologia do Continente Sul- Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo: Beca, p.265-279. Schneider, R.L.; Muhlmann, H.; Tommasi, E.; Medeiros, R.A.; Daemon, R.F., Nogueira, A. A. 1974 Revisão Estratigráfica da Bacia do Paraná. Congresso Brasileiro de Geologia, 28, v.1, p. 41- 66. Slatt, R.M. 2006. Stratigraphic Reservoir Characterization for Petroleum Geologists, Geophysicists and Engineers. University of Oklahoma. Norman, Oklahoma 73019, U.S.A. 1ed. v. 6, 493p. Vesely, F.F. & Assine M. L. 2004. Seqüências e tratos de sistemas deposicionais do Grupo Itararé, norte do Estado do Paraná. Revista Brasileira de Geociências, v. 34, p. 219-230. Dados Acadêmicos Nível: Mestrado; Data de ingresso na Pós-Graduação: abril de 2017; Área de concentração: Geologia Exploratória; Linha de Pesquisa: Análise de bacias sedimentares; Título original do projeto de pesquisa: Análise de fácies e propriedade petrofísicas em análogos a reservatórios heterogêneos no Grupo Itararé, Bacia do Paraná; Possui bolsa: não. Orientação: Carlos Conforti Ferreira Guedes. Co-orientação: Fernando Farias Vesely. X X I S e m i n á r i o d o P r o g r a m a d e P ó s -
Compartilhar