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DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes 1 No Brasil, as leis e normas criadas pelos políticos precisam estar sempre de acordo com a Constituição Federal. Para garantir que isso aconteça, existem diversos mecanismos, entre os quais está a Ação Direta de Inconstitucionalidade, ou ADI. ADIs e o Controle de Constitucionalidade DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes 2 A Constituição é a norma máxima de nosso país, o conjunto de princípios fundamentais que regem todas as leis da sociedade brasileira. Ela determina como o Estado é organizado, como os poderes são divididos e quais direitos e deveres os cidadãos possuem. AS leis criadas pela Câmara e pelo Senado e os atos normativos editados pelo presidente não podem contrariar os preceitos da Constituição Federal. O mesmo acontece em cada estado: leis estaduais e atos normativos de governadores devem seguir o que diz a respectiva constituição estadual. Para garantir que isso aconteça, existe o chamado controle de constitucionalidade. Ele pode ser difuso, quando é feito pela aplicação das leis por parte de juízes em casos concretos; ou ainda ser concentrado, quando o Supremo Tribunal Federal analisa a matéria legislativa e decide se ela está ou não em consonância com a Constituição que a rege. A Ação Direta de Inconstitucionalidade consta no artigo 102 da Constituição e é uma das ferramentas de controle concentrado. É uma ação judicial proposta ao STF para que este decida se determinada lei ou ato normativo é constitucional. Há uma lista limitada de pessoa e entidades que podem propor uma ADI. São elas: Presidente da República; As mesas do Senado, da Câmara e das Assembleias Legislativas; Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Procurador-geral da República; Partidos políticos; Entidades sindicais de âmbito nacional; Da Votação à aplicação de uma ADI DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes 3 Uma vez enviada ao STF, a ADI é analisada por um dos ministros, que será se relator. Ele busca informações sobre o tema e ouve opiniões do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República. A análise da origem a um relatório, que é enviado aos outros ministros. Passa-se então à votação, desde que haja pelo menos oito membros da corte presentes. A opção mais votada (declarar ou não a inconstitucionalidade da lei ou norma) torna-se a decisão final. Não é possível recorrer dessa decisão, a não ser por meio de embargos de declaração, que é um recurso para esclarecer contradição ou omissão em julgamento de um juiz ou de um órgão colegiado, como o STF. De acordo com a Constituição, a decisão tomada pelo Supremo tem efeito vinculante aos poderes Judiciário e Executivo em todas as esferas, além de ser retroativa. Dessa forma, em caso de inconstitucionalidade, a lei ou norma julgada torna-se nula em todas as ações dos poderes Judiciário e Executivo, inclusive para casos anteriores à conclusão da ADI. As ADIs que marcaram a História Para entender melhor como as ADIs funcionam na prática e sobre quais temas podem tratar, trago alguns exemplos de ações que tiveram grande repercussão. ADI 3.937, de junho de 2008 Proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria, a ação pedia a proibição do uso de amianto pela indústria. O material era usado na fabricação de caixas d’água, telhas, pastilhas de freio, entre outros, e causa diversas doenças – como infecções e câncer no pulmão – a quem tem contato direto com ele. O Supremo Tribunal Federal considerou seu uso inconstitucional e o proibiu em todo o país. ADI 4.277, de maio de 2011 DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes 4 Uma das ADIs que causou maior repercussão no Brasil, ela pedia a inconstitucionalidade do não reconhecimento da união entre pessoa do mesmo sexo como entidade familiar. O STF julgou a ação procedente e, a partir de então, a união homoafetiva passou a ser reconhecida pelo Estado brasileiro e considerada unidade familiar. ADI 4.815, de junho de 2015 A Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) propôs a ação pedindo que os artigos 20 e 21 do Código Civil, que tratam da obrigatoriedade de autorização prévia de biografados para a produção de biografias, fossem considerados inconstitucionais. Por unanimidade, o Supremo acatou o pedido e tornou essa autorização desnecessária. O caso gerou muita discussão por conta de ações de artistas contra autores que os biografaram. ADI 4.650, de setembro de 2015 Uma das ADIs com maior impacto sobre a política brasileira, a ação foi proposta pela OAB e pedia que fossem consideradas inconstitucionais as doações de pessoa jurídica para partidos e políticos em eleições. A partir das eleições municipais de 2016 passou a ser proibida essa contribuição no Brasil. ADI 5.540, de maio de 2017 A ação, movida pelo partido Democratas, tratou da obrigatoriedade de autorização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para investigar o então governador do estado, Fernando Pimentel. O STF decidiu que essa obrigatoriedade era inconstitucional e, portanto, o governador poderia ser investigado sem o consentimento da casa. A decisão afeta casos semelhantes em outros estados brasileiros.
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