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UNIT - Medicina P5- Bianca Lima de Souza Dor neuropática: herpes zóster TUTORIA Dor neuropática (dor por lesão neural ou desaferentação): é a privação de um neurônio de suas aferências, ou central quando é secundária a lesões do sistema nervoso central. Definição SBED: dor que ocorre como uma consequência direta de uma doença ou lesão que afete o sistema somatosensorial. É uma síndrome dolorosa crônica em que o mecanismo que gera a dor é encontrado em algum local das vias nociceptivas, sem inicialmente estimular os nociceptores, diferente da dor nociceptiva ou fisiológica. ● Pode apresentar-se de três formas: constante, intermitente e evocada. ● Ainda não se conhecem exatamente os mecanismos fisiopatológicos, mas a lesão do trato neoespinotalâmico ou neotrigeminotalâmico na dor facial parece ser condição essencial para seu aparecimento. ● Essa dor é gerada no sistema nervoso, independentemente de estímulo externo ou interno. ● A secção do trato neoespinotalâmico, eficaz em eliminar a dor nociceptiva, agrava a dor neuropática; (desaferentação). ● Desaferentação: Quando um neurônio é privado de suas aferências, aparecem diversas alterações, incluindo: ○ Degeneração dos terminais pré-sinápticos; ○ Reinervação do local desaferentado por axônios vizinhos por brotamento (sprouting); ○ Substituição de sinapses inibitórias por excitatórias; ○ Ativação de sinapses anteriormente inativas; ○ Aumento da eficácia de sinapses antes pouco eficazes ou latentes. ● Estas alterações tornam as células desaferentadas hipersensíveis (células explosivas “bursting cells”). ● Este seria o mecanismo fisiopatológico da dor descrita como em queimação ou formigamento. ● Outra possibilidade é o componente constante da dor neuropática ser devido à hiperatividade das vias envolvidas. ● A estimulação elétrica dessas estruturas, em pacientes com dor neuropática, mimetiza a sensação dolorosa relatada por eles. 1 Compreender a dor neuropática (definição, quadro clínico e fisiopatologia) DEFINIÇÃO FISIOPATOLOGIA 2 ● A dor neuropática pode ser intermitente ou evocada (alodinia e hiperpatia). ● Atividade patológica que ocorre em nociceptores ou em axônios, que induzem mudanças secundárias no processamento central; ● Reações inflamatórias em raízes nervosas que induzem atividade ectópica em nociceptores aferentes primários (alodinia e dor espontânea). ● Aumento da atividade do sistema nervoso simpático que causa maior liberação de noradrenalina dos terminais simpáticos e causa uma expressão de novos receptores no neurônio aferente. (exacerbação da atividade de nociceptores). ● Mudanças neuroplásticas como uma consequência de lesão central ou periférica; → Dor intermitente: decorre da ativação das vias nociceptivas pela cicatriz formada no local da lesão ou por efapse que são impulsos motores descendentes que cruzam as vias nociceptivas no sítio de lesão do sistema nervoso. → Dor evocada: decorre de rearranjos sinápticos que sofreram desaferentação. A reinervação de células nociceptivas desaferentadas por aferentes táteis, por exemplo, faz com que a estimulação tátil, ao ativar neurônios nociceptivos, provoque uma sensação dolorosa desagradável (alodinia). Como essa dor depende da estimulação dos receptores e do tráfego dos impulsos pelas vias nociceptivas, ela pode ser aliviada pela secção cirúrgica. ● A hiperalgesia e a alodinia são os dois sintomas principais potencialmente provocados por estimulação mecânica, química ou térmica. HIPERALGESIA ● É uma resposta dolorosa exagerada produzida por um estímulo que normalmente provoca dor; ● Pode ter mecanismos periféricos, centrais ou ambos. ● No SNP, a sensibilização dos nociceptores aferentes primários (fibras Aδ e C) pode ser atribuída à liberação dos mediadores inflamatórios como bradicinina, histamina, prostaglandinas e substância P. ● Outro mecanismo periférico envolve a formação de um neuroma, ou seja, uma massa emaranhada de tecidos nervosos embutida na cicatriz de um nervo lesionado; podendo atuar como uma área sensível a estímulos mecânicos. ● Os neuromas acumulam ou “expõem” canais iônicos e receptores fisiológicos e patológicos, que geram focos de hiperexcitabilidade e atividade ectópica. ● Desse modo, a hiperalgesia pode ser causada por: ○ Liberação de mediadores inflamatórios que sensibilizam os nociceptores; ○ Formação de neuroma, que acumulam canais iônicos que geram focos de hiperexcitabilidade; ALODINIA ● Alodinia significa dor provocada por um estímulo que normalmente não é doloroso. ● Também pode ser desencadeada por estímulos que, em geral, são percebidos como inócuos. ● Isso pode ser atribuído a sensibilização central ou periférica. ● A sensibilização periférica é devida à liberação persistente e à 2 DOR DESENCADEADA POR ESTÍMULOS 3 presença de substâncias inflamatórias ou algogênicas no local. ● A sensibilização central pode ampliar a dimensão do campo receptivo sensorial, reduzir o limiar de percepção sensorial (dor) e gerar hipersensibilidade a vários estímulos inócuos. ● A sensibilização central ocorre quando os aminoácidos excitatórios (glutamato e aspartato) e a substância P ligam- se aos receptores localizados nos neurônios de transmissão do corno dorsal. ● Os receptores específicos para glutamato incluem os receptores do (NMDA) e os receptores não- NMDA [AMPA], que podem acentuar e prolongar a despolarização, aumentando a sensibilidade do sistema nociceptivo. ● A ativação de receptores não- NMDA, especificamente de AMPA, pode sensibilizar ainda mais os receptores NMDA. ● Entre as alterações centrais, à medida que o nervo lesionado se regenera pode haver crescimento das fibras Aβ dentro das camadas envolvidas na transmissão da dor. ● Os nervos que não transmitem normalmente os estímulos dolorosos se projetam para essas regiões, a dor pode ser desencadeada por estímulos inócuos. ● A regeneração também provoca desorganização sensorial. ● Outra alteração central que contribui para a alodinia é a perda dos controles inibitórios. ● Isso ocorre quando os interneurônios inibitórios segmentares ou as vias inibitórias descendentes (mediadas por serotonina e anorepinefrina) têm suas funções deprimidas. ● Desse modo, a alodinia pode ser causada por: ○ Sensibilização central; ○ Reorganização; ○ Perda dos controles inibitórios. ● A dor independente de estímulos (ou dor espontânea) pode ocorrer sem um estímulo desencadeante, de modo que os sintomas podem ser contínuos ou intermitentes. ● As parestesias e as disestesias podem ter origem periférica em virtude dos impulsos ectópicos que percorrem as fibras Aβ, Aδ e C, que se originam como atividade espontânea. ● Os disparos paroxísticos, ou dor em choque elétrico, bem como a dor em queimação contínua, se originam das descargas ectópicas ou efápticas geradas por qualquer tipo de fibra. ● A dor independente de estímulos também pode ser causada por depressão das vias inibitórias. ● Na maioria das síndromes dolorosas neuropáticas, a dor independente de estímulos ocorre juntamente com a dor desencadeada por estímulos; ● O bloqueio da estimulação aferente periférica pode normalizar pelo menos temporariamente o processamento central anormal. 3 DOR INDEPENDENTE DE ESTÍMULOS CAUSAS DA DOR NEUROPÁTICA 4 ● Neuropatia diabética, na qual há acometimento predominante de fibras mielínicas finas e amielínicas; ● Neuropatia alcoólica, que compromete indistintamente qualquer tipo de fibra; ● Neuropatia causada por carência de vitamina B12; ● Neuralgia pós-herpética, em que são acometidas preferencialmente fibrasmielínicas grossas do ramo oftálmico do nervo trigêmeo ou dos nervos intercostais, manifestando-se como uma mononeuropatia dolorosa; ● Dor da síndrome do membro fantasma; ● Dor por avulsão do plexo braquial; ● Dor após trauma raquimedular; ● Dor após acidente vascular encefálico. ● Pode ser originada em afecções traumáticas, inflamatórias, vasculares, infecciosas, neoplásicas, degenerativas, desmielinizantes e iatrogênicas. ● Seu início pode coincidir com a atuação do fator causal, porém, mais comumente, ocorre após. ● Em geral, o fator causal não pode ser removido. ● A maioria dos pacientes apresenta déficit sensorial e a distribuição da dor tende a sobrepor-se, à perda sensorial. A dor neuropática apresenta-se nas formas: constante, intermitente (ambas são espontâneas) e evocada. → Dor constante: dor em queimação, dormência ou formigamento, ou como dolorimento. Trata-se de uma disestesia (sensação anormal desagradável). Tende a ser agravada pela interrupção cirúrgica das vias de dor (acentuam a desaferentação). → Dor intermitente: frequente nas lesões nervosas periféricas e da medula espinal. É relatada como dor em choque. Seu trajeto não segue o do nervo. → Dor evocada: mais comum nas lesões encefálicas, é frequente nas lesões medulares e do sistema nervoso periférico, podendo manifestar-se sob a forma de alodinia ou hiperpatia. ● Varicela-zoster: A infecção primária pelo vírus varicela-zoster (VZV), que é caracterizada por lesões vesiculares em uma base eritematosa em diferentes estágios de desenvolvimento com lesões mais concentradas na face e no tronco. ● Herpes zoster: resulta da reativação do VVZ latente que obteve acesso aos gânglios sensoriais durante a varicela. É caracterizado por uma erupção vesicular dolorosa e unilateral, que ocorre em um único ou dois dermátomos contíguos. ● Herpes, ou cobreiro é uma doença causada pelo Vírus Varicela-Zóster (VVZ), o mesmo que causa também a Catapora. 4 QUADRO CLÍNICO 2. Entender a Herpes Zóster (epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento) INTRODUÇÃO 5 ● Esse vírus permanece em latência durante toda a vida. ● A reativação ocorre na idade adulta ou em pessoas com comprometimento imunológico, como os portadores de doenças crônicas. ● Há pacientes que desenvolvem herpes-zóster após contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zóster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente imunizado. ● É também possível uma criança adquirir varicela por contato com doente de zóster. ● Não há dados consistentes sobre a incidência de varicela no Brasil, uma vez que somente os casos graves internados e óbitos são de notificação compulsória. ● Entretanto, a estimativa é de cerca de 3 milhões de casos ao ano. ● No período de 2006 a 2016, o número de internações variou de 4.200 a 12.600 por ano no Sistema Único de Saúde (SUS). ● As regiões com maior número de internações foram Sudeste e Nordeste. ● Fatores de risco: idade (reativação ente 50-59 anos); imunossupressão; pacientes transplantados; pacientes com doenças autoimunes; pacientes HIV positivo; trauma físico sexo feminino; brancos; estresse psicológico nos 6 meses prévios ao HZ; Portadores de doenças crônicas e etc. ● Pessoas com Herpes zóster podem transmitir o vírus, causando varicela em pessoas que nunca tiveram varicela ou a vacina contra varicela. ● O vírus é transmitido por contato direto com as lesões ativas da herpes zoster ou por transmissão aérea. ● O VVZ é o único de entre os herpes vírus que pode ser transmitido pela via área. ● As lesões se tornam não infecciosas após se tornarem crostas. PRIMO-INFECÇÃO ● O VVZ entra no organismo geralmente pela via aérea e propaga-se rapidamente. ● Começa a infectar células mucoepiteliais, onde se multiplica, e depois é transmitido aos neurónios. ● As partículas virais entram pelas terminações nervosas dos nervos sensitivos do SNP e depois percorrem os axônios, em sentido retrógrado, até aos corpos celulares. ● Nos corpos celulares, o genoma viral é depositado no núcleo, onde fica protegido dos anticorpos que são formados durante a primoinfeção. ● Depois de estar dentro do núcleo, mantém-se latente, não se multiplicando. 5 EPIDEMIOLOGIA TRANSMISSÃO FISIOPATOLOGIA 6 ● Geralmente, o vírus estabelece latência em células dos nervos cranianos, raízes dorsais dos nervos e gânglios nervosos autonómicos. ● Apesar de permanecer latente durante décadas, a exposição ao VVZ parece constituir um estímulo ao aumento da resposta mediada por células T em indivíduos imunocompetentes, promovendo a sua defesa. ● Com efeito, julga-se que a imunidade específica mediada por células T contra o VVZ tenha um papel fundamental na proteção contra o HZ e a NPH, ajudando a manter o vírus inativo. ● Essa imunidade é desencadeada primariamente pela primoinfeção do vírus e é necessária para a resolução do episódio de Varicela. VARICELA ZÓSTER ● Quando a imunidade celular se encontra deprimida, ocorre períodos de suscetibilidade à reativação do VVZ, com a possibilidade de desenvolvimento de HZ. ● A ocorrência que aumenta com a idade, principalmente devido ao fenômeno de imunossenescência que leva a uma diminuição na resposta inflamatória. ● O vírus que estava latente nos gânglios da raiz dorsal começa a se replicar por causa de uma queda transitória na imunidade celular. ● Menos de 20% dos pacientes que desenvolvem erupções cutâneas têm sintomas sistêmicos significativos, como cefaléia, febre, mal-estar ou fadiga. ● O quadro clínico clássico é caracterizado por erupção cutânea e neurite aguda. ● Fase prodrômica: 2 a 3 dias antes da erupção cutânea, dor, parestesia, alodínia, prurido e disestesia. ● Fase aguda: 7 a 10 dias durante a erupção cutânea. ● Fase de regressão: 2 a 4 semanas, com febrícula, astenia, cefaléia e fotofobia. ANTECEDEM AS LESÕES CUTÂNEAS: ● Dores nevrálgicas (nos nervos); ● Parestesias (formigamento, agulhadas, adormecimento, pressão etc); ● Ardor e coceira locais; ● Febre; ● Dor de cabeça; ● Mal-estar. LESÃO ELEMENTAR: ● É uma vesícula sobre a vermelhidão da pele. 6 QUADRO CLÍNICO 7 ● A erupção é unilateral, raramente ultrapassa a linha mediana e segue o trajeto de um nervo. ● Surge de modo gradual e leva de 2 a 4 dias para se estabelecer se tornando pustulosa. ● A erupção cutânea pode ser hemorrágica em pessoas imunossuprimidas e pessoas de idade avançada. ● Em hospedeiros imunocompetentes, as lesões se crostam por 7 a 10 dias e não são mais consideradas infecciosas. ● Cicatrizes e hipo ou hiperpigmentação podem persistir meses a anos. ● Regiões mais comprometidas: torácica (53% dos casos); Cervical (20%); Trajeto do nervo trigêmeo (15%); Lombossacra (11%). ● Em pacientes imunodeprimidos, as lesões surgem em localizações atípicas e, geralmente, disseminadas. ● O envolvimento do VII par craniano (facial) leva à combinação de paralisia facial periférica (paralisia de Bell) e rash no pavilhão auditivo, denominada síndrome de Hawsay-Hurt, com prognóstico de recuperação pouco provável. ● Lesões na ponta e asa do nariz sugerem envolvimento do ramo oftálmico do trigêmeo, com possível comprometimento ocular. NEURITE AGUDA: ● Os pacientes descrevem uma sensação profunda de queimadura ou esfaqueamento. ● Em um estudo, 75% dos pacientes tem dor prodômica constante ou intermitente e normalmente precede a erupção cutânea em 2- 3 dias (intervalo pode ser maior). ● Em um estudo, 18% dos pacientes tiveram dor na área de erupçãopor pelo menos 30 dias. NEURALGIA PÓS-HERPÉTICA: ● Dor significativa que persiste por 90 dias após o início da erupção cutânea. ● Os sintomas sensoriais também podem incluir dormência, prurido, alodínia e disestesias no dermátomo afetado. ● O diagnóstico laboratorial, não é utilizado para confirmação ou descarte dos casos de varicela Herpes-Zóster, exceto quando é necessário fazer o diagnóstico diferencial em casos graves. TESTES SOROLÓGICOS MAIS UTILIZADOS: ● Ensaio imunoenzimático (ELISA); ● Aglutinação pelo látex (AL); ● Imunofluorescência indireta (IFI); ● Reação em cadeia da polimerase (PCR): padrão ouro. ● O vírus pode ser isolado das lesões vesiculares durante os primeiros 3 a 4 dias de erupção ou identificado pelas células gigantes multinucleadas, em lâminas preparadas, a partir de material obtido de raspado da lesão. ● Teste direto de anticorpo fluorescente ou por cultura em tecido. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● Varíola (erradicada); ● Coxsackioses; ● Infecções cutâneas; ● Dermatite herpetiforme; ● Impetigo; ● Erupção variceliforme de Kaposi; ● Riquetsioses; ● Entre outras. 7 DIAGNÓSTICO 8 TRATAMENTO SINTOMÁTICO: ● Para pessoas sem risco de agravamento da Herpes-Zóster, o tratamento deve ser sintomático. ● Pode-se administrar antitérmico, analgésico não salicilato e, para atenuar o prurido, anti- histamínico sistêmico. ● Além disso, deve-se fazer a recomendação da higiene da pele com água e sabonete, com o adequado corte das unhas. ● Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso de antibióticos. TRATAMENTO ESPECÍFICO: ● O tratamento específico da varicela é realizado por meio da administração do antiviral aciclovir, que é indicado para pessoas com risco de agravamento. ● O aciclovir é um antiviral que impede a replicação do VZV e tem um bom potencial em erradicar o vírus e aliviar os sintomas rapidamente. ● Esta droga tem a característica de só ser absorvida pelas células que estão infectadas pelo vírus, apresentando uma baixa gama de efeitos colaterais. ● É mais eficaz quando iniciado até as primeiras 72h após o início das lesões. ● O aciclovir devido a sua baixa biodisponibilidade e a necessidade de dosagem frequente levaram ao desenvolvimento de agentes antivirais de geração posterior (valaciclovir e famciclovir) com melhor farmacocinética e menor frequência de dosagem. ● Antes de 72 horas: recomendamos terapia antiviral para pacientes com herpes zóster não complicado que se apresente dentro de 72 horas após os sintomas clínicos. A terapia deve ser iniciada dentro desse prazo para maximizar os benefícios potenciais. ● Após 72 horas: administraremos terapia antiviral após 72 horas, se novas lesões estiverem aparecendo no momento da apresentação, pois isso indica a replicação viral em andamento. A terapia antiviral mais de 72 horas após o início das lesões em pessoas imunocompetentes é desconhecida. ● Pacientes Imunocomprometidos: a terapia antiviral deve ser iniciada em todos os pacientes Imunocomprimidos com herpes zoster mesmo que se apresentem após 72 horas. O início rápido da terapia é crítico no paciente imunocomprometido. Os hospedeiros Imunocomprometidos com zoster disseminado, devem ser hospitalizados para terapia intravenosa com aciclovir. ● Terapias Adjuvantes: Agentes como gabapentina, antidepressivos tricíclicos ou glicocorticóides podem ser utilizados em pacientes selecionados com neurite aguda. ● Vacinação: ○ Monovalente: indicada para surto hospitalar a partir dos nove meses de idade. 8 TRATAMENTO PREVENÇÃO 9 ○ Vacina tríplice viral: dada aos (sarampo, caxumba e rubéola); ○ Vacina tetraviral: administrada aos 15 meses de idade se a criança tiver recebido uma dose da vacina tríplice viral entre 12 e 14 meses (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). ● Lavar as mãos após tocar nas lesões; ● Isolamento: crianças com varicela não complicada só devem retornar à escola após todas as lesões terem evoluído para crostas. ● Pacientes internados: isolamento de contato e respiratório até a fase de crosta; ● Desinfecção recorrente dos objetos contaminados com secreções nasofaríngeas; ● Imunoprofilaxia com monovalente em surtos de ambiente hospitalar. ● O vírus herpes simplex HSV-1 ou HHV-1 é uma das duas cepas da família do Herpesvírus que pode causar infecções latentes em neurônios ganglionares sensoriais (formações bulbosas ao longo dos nervos do sistema nervoso autônomo ou ANS). ● Esta cepa é geralmente adquirida no início do desenvolvimento. ● A OMS estima que 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos de idade estejam infectadas com esta cepa viral (67% da população). ● É a principal causa de gengivoestomatite herpética, também conhecida como "herpes labial". ● Essas podem aparecer no palato, gengiva, língua, lábios ou regiões adjacentes da face. ● O vírus permanece dormente ou quiescente nos gânglios. células neurais, mantendo as células infectadas vivas, por interferência com os mecanismos de apoptose. ● Apresenta início súbito, geralmente após sensação de dormência, prurido, pontadas, dor e ardência nos lábios. As vesículas rompem-se em cerca de 4 a 6 dias, ocorrendo formação de crosta. ● Quando o vírus é reativado por vários fatores desencadeantes (outras infecções, estresse, alterações hormonais, luz, trauma físico, imunosupressão), os sintomas do herpes labial reaparecem. ● Outra forma muito mais grave de infecção pelo HHV-1 é a meningoencefalite herpética. ● Segunda cepa classificada no grupo dos "vírus herpes simplex". ● A manifestação clínica mais comum é o herpes genital. ● A infecção se apresenta com quadro sintomático com duração de até duas semanas, que se apresenta com lesões ulcerativas e dolorosas, que podem aparecer de forma recorrente. ● Estima-se que 491 milhões de adultos (13% da população mundial) estejam infectados com o HHV-2. ● É transmitida por contato sexual. 9 3. Conhecer os 8 tipos de vírus herpes e as doenças que eles causam VHH-1 VHH-2 10 ● O HHV-3 responde ao nome de vírus varicela-zoster (VZV), que, como o próprio nome sugere, causa a varicela (em crianças) e telhas (em adultos). ● Nos Estados Unidos, estimou-se anteriormente que o vírus VZV infectou 99,6% das pessoas com 40 anos ou mais. ● Em média, um doente infectará até 12 outras pessoas antes de ser curado. ● Felizmente, a vacina contra esse vírus reduziu drasticamente os padrões epidemiológicos da varicela nos últimos anos. ● Mais conhecido como "vírus Epstein-Barr", este agente infeccioso é a principal causa de mononucleose infecciosa aguda. ● Nos EUA, estima-se que, na idade adulta, mais de 90% das pessoas foram infectadas e desenvolveram anticorpos contra o vírus. ● A mononucleose é conhecida como "doença do beijo" porque é transmitida pela saliva. ● Em crianças essa infecção é assintomática, causando no máximo um quadro de faringite. ● 75% da população adulta infectada apresenta quadro de mononucleose, caracterizado por inflamação dos linfonodos, febre, fadiga e faringite. ● O HHV-5 ou citomegalovírus (CMV) é outra causa de mononucleose infecciosa. ● Nos EUA, estima-se que 50 a 85% da população adulta esteja infectada. ● As principais vias de transmissão são: oral e a respiratória, podendo também ser transmitido pelo leite materno, saliva, urina, secreção do cérvix uterino, placenta, transfusões, transplantes e relação sexual. ● A grande maioria das pessoas imunocompetentes não apresenta sintomas após o contato com o patógeno, ou estes são mínimos. ● Em pessoas imunossuprimidas, como outros vírus do Herpes, este agente pode permanecer dormente e reativar quando o sistema imunológico dohospedeiro está fraco. ● O citomegalovírus também tem alguma importância clínica no cenário obstétrico, pois pode causar complicações fetais. 10 VHH-3 VHH-4 VHH-5 VHH-6 11 ● O VHH-6 é consideravelmente menos conhecido. ● Este agente infeccioso pode ser dividido em dois subtipos: HHV-6A (vírus linfotrópico humano) e HHV-6B (causando roséola infantil). ● Em qualquer caso, o HHV-6B é o mais clinicamente relevante. ● A infecção pelo HHV-6B em crianças se manifesta como erupções cutâneas transitórias, que aparecem após 3 dias de febre. ● É muito mais comum em bebês entre 6 meses e 3 anos de idade e geralmente não é tratado como uma entidade clínica principal. ● A roséola infantum é uma infecção primária, caracterizada por um exantema súbito, acompanhado de febres altas, com duração de três a cinco dias. Em seguida, são notadas erupções cutâneas espalhadas pelo tronco, mas nunca aparecem na face. ● Em adultos é rara; ● É um vírus muito parecido com o VHH-6. Embora a maioria dos casos de roséola seja causada por HHV-6, o HHV-7 também foi isolado em alguns pacientes. ● Este vírus é atípico como poucos, porque causa câncer. ● É a causa do sarcoma de Kaposi, um tumor maligno do endotélio linfático típico de pessoas imunossuprimidas, que geralmente se apresenta como saliências manchadas na pele (embora também possa afetar o TGI ou os pulmões). ● Esse vírus possui uma série de genes homólogos que, agindo com a célula hospedeira, a promovem a se tornar cancerígeno. ● O HHV-8 também pode ser localizado em algumas formas de linfoma Hodgkin's e não- Hodgkin's, mieloma múltiplo, doença de Castleman's, principalmente, em pacientes HIV positivo. MENINGITE ● Meningite: é a inflamação das meninges, as membranas que envolvem o sistema nervoso central (SNC). ● Geralmente, se deve à infecção aguda da pia-máter e da aracnóide e se estende pelo espaço subaracnóideo (leptomeningite). ● Meningites causadas por vírus: enterovírus, herpes simples tipo 2, varicela-zoster e herpes-vírus simples tipo 1. ● Meningites causadas por bactérias: Streptococcus pneumoniae, o pneumococo; Neisseria meningitidis, o meningococo; e Listeria monocytogenes, a listéria. 11 VHH-7 VHH-8 4. Diferenciar a meningite e a encefalite e reconhecer as alterações do LCR causadas 12 ● As meningites por vírus são as infecções virais mais comuns do SNC; ● Meningite asséptica: inclui etiologias como bactérias de difícil cultivo (Leptospira, treponema, mycoplasma) e parasitas (toxoplasma); ● Muitos dos sintomas encontrados nas meningites e encefalites se sobrepõem, tornando o diagnóstico diferencial mais difícil; ● Meningoencefalite: meningites que possuem um certo grau de acometimento encefálico (maioria dos casos); ● O intervalo entre o início da sintomatologia sistêmica e os sintomas neurológicos nas meningites virais varia de horas a dias; ● Na maioria dos casos, o início dos sintomas é súbito, caracterizado por cefaléia intensa, rigidez nucal e febre. ● As meningites virais não cursam tão gravemente como as meningites bacterianas; ● O vírus da caxumba é considerado o principal agente causal de meningites virais no mundo; ● 50% dos pacientes com caxumba cursam com pleocitose liquórica em alguma fase da doença. Desta, uma significativa proporção desenvolverá sintomatologia meníngea; ● Nas meningites e encefalites, os achados do exame clínico tem variação em função da idade do paciente, do agente etiológico e de fatores complicadores da doença; ● Crianças e idosos: costumam apresentar quadros mais atípicos às vezes sem febre; escassos sinais de irritação meningorradicular e até sem queixa de cefaléia; Nas crianças às vezes apresentando somente recusa à alimentação, vômitos, irritabilidade, choro fácil ou letargia; ● Pacientes com meningites virais, apesar de apresentarem quadros agudos com significativo desconforto, irritabilidade, cefaleia intensa e, por vezes leve sonolência, estarão sempre alertas e orientados; ● A presença de sinais de lateralização ou convulsões focais ocorrem mais comumente em meningites bacterianas ou nas encefalites, nessas, o sensório é perturbado; ENCEFALITE ● Encefalite: processo inflamatório no parênquima encefálico associado à evidência clínica de disfunção encefálica. ● O processo inflamatório pode se estender até as meninges que revestem o encéfalo (meningoencefalite). ● Quadro clínico: ○ Disfunção cognitiva: distúrbios agudos de memória; ○ Mudanças de comportamento (desorientação, alucinações, psicose, mudanças de personalidade, agitação); ○ Alterações neurológicas focais (anomia, afasia, ataxia, hemiparesia, hemianopsia, déficits de nervos cranianos etc); ○ Crises epilépticas: tônico-clônicas generalizadas, parciais, simples e complexas. ● A presença de febre, cefaléia, síndrome mental flutuante, sinais neurológicos focais e convulsões 12 13 parciais favoreceram a etiologia infecciosa; ● As pesquisas de LCR são úteis apenas em crianças, devendo o material ser coletado na primeira semana da doença. Fora dessas condições, o resultado é positivo em menos de 5% dos pacientes. ● As encefalites virais apresentam maior potencial de gravidade; ● Encefalites X meningites: nas encefalites predominam o acometimento precoce do sensório, que pode variar desde a leve confusão mental até o delírio, torpor e coma; ● Indivíduos imunocomprometidos estão mais sujeitos a encefalites pelos vírus herpes, do sarampo, adenovírus, ECHO e HIV; ● A mais frequente encefalite esporádica no mundo atual parece ser devida à infecção pelo vírus herpes simples tipo 1. De curso extremamente grave quando não tratada; ENCEFALITE CAUSADA PELOS HSV-1 ● A infecção aguda do HSV-1 causa quadro clínico de gengivoestomatite. ● Após essa fase inicial, o vírus se aloja no gânglio trigeminal, onde assume a forma latente. ● A reagudização da infecção causa lesões cutâneas papulovesiculares e pruriginosas em algum ramo do trigêmeo. ● Após reativação, o HSV-1 pode atingir o SNC por duas vias: a primeira ocorre através das terminações nervosas do nervo olfatório; a segunda ocorre pelas terminações nervosas trigeminais que inervam as meninges. ● Na encefalite por HSV-1, a sensibilidade da PCR é de 96%, e a especificidade é de 99%, quando o LCR é estudado entre o 2º e o 10º dia, a contar do início dos sinais e sintomas. 13 14 ALTERAÇÕES DO LCR 14
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