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Prática da Docência emPrática da Docência em Ensino ReligiosoEnsino Religioso AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Bem vindo(a)! Caros (as) estudantes, produzimos esse material com dedicação e comprometimento a �m de proporcionar para você uma oportunidade de aprendizado sobre Prática docente no Ensino Religioso. Apresentaremos re�exões teórico-metodológicas que interseccionam referenciais pedagógicos às especi�cidades de ensino-aprendizagem, no que diz respeito aos fenômenos religiosos e demais conteúdos que se relacionam ao sagrado e, portanto, pertencem ao escopo do Ensino Religioso. Iniciaremos nossa discussão com uma incursão teórica sobre a importância da prática docente como caminho para um ensino e aprendizagem constante de professores e estudantes. Apresentaremos alguns conceitos e de�nições de prática de ensino; campos de estudo da construção do saber do professor; e alguns tipos de saberes fundamentais na prática docente. Na segunda unidade, nos dedicaremos a pensar o processo histórico que constitui a relação entre Educação e Religião desde a Antiguidade, passando pela Idade Média até a atualidade. Em direção a terras brasileiras, iremos partilhar uma visão breve de como se con�gurou o Ensino Religioso por aqui. A partir de uma análise histórica, abordaremos desde a catequese jesuítica até as primeiras leis que sancionavam o ensino religioso como ferramenta para entendimento da pluralidade cultural em um Estado laico. Abordaremos, também, a elaboração da Base Nacional Comum Curricular direcionada ao Ensino Religioso. Já em nossa terceira unidade, buscamos nos aproximar de perspectivas cientí�cas que apontem para inteligências múltiplas na prática pedagógica e para a utilização de novas tecnologias educacionais. Nesse sentido, vamos nos debruçar sobre diferentes teóricos da educação que pautam a teoria da aprendizagem signi�cativa, metodologias ativas e o uso de novas tecnologias no Ensino Religioso. Por �m, veremos na última unidade algumas discussões acerca dos processos avaliativos para o ensino religioso. Nesse sentido, buscaremos re�etir sobre as relações que se estabelecem entre as concepções de Ensino Religioso e a prática pedagógica; a avaliação como um processo de Aprendizagem; e alguns modelos de avaliação possíveis, a partir de diferentes teóricos reconhecidos no campo teórico da educação. Esperamos que você possa se interessar pelas discussões aqui iniciadas! Bons Estudos! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 A prática docente no dia a dia escolar Unidade 2 Contexto histórico, competências e habilidades do/para o Unidade 3 Métodos de Ensino Unidade 4 Avaliação Unidade 1 A prática docente no dia a dia escolar AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Introdução Olá estudante da disciplina Prática docência em Ensino Religioso, é uma satisfação compartilhar este conteúdo com você. Nesta unidade abordaremos a importância de re�etir sobre a prática de ensino em sala de aula. Vamos analisar alguns autores que se destacam neste tema como Maurice Tardif e demonstrar como a prática de ensino está vinculada à história pessoal de cada professor. Re�etiremos sobre a construção dos saberes operados na docência e sobre como é fundamental que o professor compreenda de que modo são construídos seus conhecimentos e práticas, a partir dos teóricos selecionados. Sendo assim, trataremos a formação docente como tema fundamental para a qualidade da prática de ensino. Buscaremos explorar, também, a prática de ensino para a disciplina de Ensino religioso, que apresenta respaldo legal e deve ser oferecida como direito da formação integral do ser humano. A realidade escolar ainda está distante de oportunizar um ensino religioso de excelência, visto que a disciplina historicamente tem sido pautada pelas experiências, crenças e práticas dos professores, e nem sempre perpassa o compromisso ético com um saber diverso e plural. Destacamos que não temos por objetivo esgotar o tema proposto, por outro lado estes estudos são ferramentas para ampliar seus conhecimentos, sua busca pelo saber e te instrumentalizam para a prática do Ensino Religioso escolar. Bons estudos! A prática docente e a formação de professores AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Quando se trata do tema prática docente em sala de aula, é fundamental discutir o saber-fazer do professor. No exercício da docência, o professor é aquele que organiza os saberes de forma interligada aos conhecimentos pro�ssionais, que segundo Tardif (2000), são orientador pela pluralidade. Tratar da prática docente é re�etir sobre os sujeitos que possuem como ofício a arte de ensinar. É discutir sobre o saber-fazer do professor. Este saber é repleto de nuances e cheio de especi�cidades, pois cada professor tem sua caminhada pro�ssional, vivências, experiências e formação únicas (TARDIF, 2000). Esta arte é construída ao longo de uma formação pro�ssional e é também in�uenciada por diversas convivências com a realidade social e com as histórias particulares, no que tange às experiências escolares. Segundo Melo (2010), o pro�ssional docente passa pelo menos 16 anos nos bancos escolares, 12 no ensino fundamental, 3 no ensino médio, e posteriormente 4 na graduação. Os primeiros anos da infância são marcados por uma diversidade de conteúdos escolares. No entanto, mesmo que imperceptível, a metodologia de ensino modela e ensina os indivíduos dia a dia. A maneira de fazer dos professores é uma herança que in�uencia seus educandos por toda a vida. Para alguns esta in�uência será utilizada para reprodução, para outros para re�exão crítica e mudança do próprio modo de compreender o mundo. Deste modo, esta percepção da construção metodológica dos professores é útil principalmente para uma re�exão. A pergunta teórica norteadora poderia ser: Os professores compreendem que seu tempo de aprendizagem na infância contribuem para sua formação pro�ssional? (MELO, 2010) Ainda sobre a caminhada escolar, é no ensino médio que o sujeito decide/escolhe direcionar sua formação pro�ssional para se preparar e se tornar um educador, a partir do ingresso em uma graduação de licenciatura. A entrada no mundo acadêmico é um tipo de rito de passagem que possibilita a apropriação dos conteúdos cientí�cos. Neste ambiente, acontece o encontro entre teoria e prática, tais dimensões da prática docente devem estar sempre interligadas, mesmo que ainda seja uma prática de observar como os conceitos são aplicados pelos professores universitários. Esta prática é permeada por inúmeros desa�os, mas é fundamental na formação pro�ssional. Sobre a interação entre teoria e prática Deleuze (2004, p. 41) diz: [...] a prática é um conjunto de revezamentos de uma teoria a outra, e a teoria é um revezamento de uma prática a outra”. Nenhuma teoria pode se desenvolver sem encontrar uma espécie de muro e é preciso a prática para atravessar o muro. Nóvoa (1995, p. 26) também contribui com a nossa compreensão do assunto, elucidando que, “a formação de professores é provavelmente, a área mais sensível das mudanças em curso no setor educacional: aqui não se formam apenas pro�ssionais, aqui produz-se uma pro�ssão”. No entanto, no Brasil nos deparamos com uma situação de de�ciência na formação pro�ssional, pesquisas empíricas revelam a necessidade de uma revisão dos cursos de formação docente. O ministério da educação responsável pelo Instituto de Ensino Superior relata que: A formação inicial e continuada do professor exige que o parque das universidades públicas se volte (e não dê as costas para a educação básica. Assim, a melhora da qualidade da educação básica depende da formação de seus professores, o que decorre diretamente da formação das oportunidades oferecidas aos docentes. (MEC, 2008, p.08). O preparo para a docência é fundamental, devido a sua função na formação de pro�ssionais de inúmeras áreas do conhecimento. Quando se trata de trabalhar com educação, o pro�ssional precisa ser bem preparado, não apenas conhecendo os referenciais e delimitações teórico metodológicas de sua disciplina, mas também se colocando aberto aos saberes operados em outras disciplinas. (MELO, 2010) Conforme Tardif (2002), o docente precisa se apropriar de saberes que são construídos ao longo da prática pro�ssional. O autor de�ne tais saberes como “os conhecimentos, as competências, as habilidades e as atitudes dos docentes, ou seja, aquilo que foi muitas vezes falado de saber, saber fazer e de saber-ser”. (TARDIF, 2002, p. 60) Estes saberes são classi�cados pelo autor como saberes experienciais, saberes pro�ssionais e saberes disciplinares. Saberes da formação pro�ssional, são adquiridos na academia; Os Saberes disciplinares, relacionados aos conteúdos especí�cos dos diversos campos de saberes; Os saberes curriculares, expostos nos documentos institucionais e por �m o que nos interessa os saberes experienciais, que brotam das experiências individuais e coletivas sob a forma de habilidades e competências. (TARDIF, 2002, p. 31 - 39). Quanto aos saberes de formação pro�ssional, o autor os compreende como aqueles que são adquiridos na graduação e fazem parte de conteúdos especí�cos, de�nidos pela legislação. Já os saberes experienciais, dizem respeito ao conhecimento complexo que envolve o autoconhecimento do professor, bem como suas experiências com o exercício da pro�ssão ao se deparar com problemas e situações das mais diversas. Estes saberes lhe proporcionarão mais segurança no dia a dia escolar e fornecerão ferramentas para atuar em seu contexto de trabalho. Conforme Tardif estes saberes se apresentam desta maneira: surgem como núcleo vital do saber docente, núcleo a partir do qual os professores tentam transformar suas relações de exterioridade com os saberes em relações de interioridade com sua própria prática. Neste sentido, os saberes experienciais não são saberes como os demais; são, ao contrário, formados de todos os demais, mas retraduzidos, “polidos” e submetidos às certezas construídas na prática e na experiência (TARDIF, 2002, p. 54). Figura 1 - Saberes docentes segundo Tardif Conhecimento do cotidiano e vivência do professor Discursos, métodos, objetivos e programas escolares. TARDIF Saberes disciplinares Saberes de formação profissional Saberes de experiência Saberes currícularesSaberes pedagógicos, transmitidos pelas instituições Considera Entendidos como São Constituem Pode ser Saberes específicos de cada disciplina Fonte: Silva, 2013. Por sua vez, Pimenta (2010) defende que os saberes da experiência não são um padrão de segurança. Sua análise teórica vai além, quando propõe ao docente atualizações de formação contínuas. A autora ressalta a necessidade da prática vinculada à teoria, não bastando somente a re�exão para construção do saber. Deve- se produzir um movimento que vai da re�exão individual à re�exão coletiva, com o auxílio signi�cativo da teoria, inserida em um processo coletivo. Outro autor que debate a questão da formação pro�ssional é Bondía (2002), quando sugere que não existe um processo padronizado ou um modelo normativo. Para o autor, a formação para prática docente acontece também na interação, na relação com o outro, que seria o que de fato promove sentido para as práticas. Desta maneira, falar sobre as experiências em sala de aula, sobre as escolhas operadas na docência, colocar-se disponível para ouvir os pares, são procedimentos indispensáveis para o processo formativo. A relação entre os saberes está presente nos estudos de Tardif (2002), rati�cada por Gauthier (2006), quando esclarece que é muito mais pertinente conceber o ensino como a mobilização de vários saberes os quais formam uma espécie de reservatório no qual o professor se abastece para responder às exigências especí�cas de sua situação concreta de ensino. Também identi�ca alguns saberes. E os classi�ca em seis saberes: os curriculares, os disciplinares, das ciências da educação, da tradição pedagógica e os saberes experienciais que somados constituem-se em saberes da ação pedagógica. Destaca ainda a importância de não �car reservado esses saberes somente com o professor, é necessário divulgar esses saberes. Por isso, a importância de instituir momentos na Instituição de convivências entre os docentes. A sociedade contemporânea do conhecimento passa por um período de grandes desa�os e paradigmas, quanto à formação inicial e continuada dos docentes. Pois vivemos em uma sociedade em ritmo de transformação cada vez mais acelerada e competitiva, o que gera a demanda por docentes criativos, conscientes e que possam oferecer novas dimensões à função social da escola. A escola no contexto atual das tecnologias, “passa a ser desa�ada a oferecer processos pedagógicos que tenham como foco a aprendizagem nas suas múltiplas visões e dimensões”. Estes novos desa�os são reconhecidos pelos professores, porém além de existirem paradigmas educacionais que oferecem certa resistência à rápidas mudanças, temos problemas sociais estruturais que di�cultam o processo. É neste contexto que a prática docente é provocada a buscar um caminho novo quanto às concepções educacionais, políticas e didáticas metodológicas. (BEHRENS, 2004) Diante destes desa�os, Tardif (2002 p. 11) discute sobre o saber docente. Segundo a autora: O saber não é uma coisa que �utua no espaço, o saber dos professores e o saber deles está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua história pro�ssional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola. Enquanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o termo se de�ne em seu artigo, Art. 62-A: A formação dos pro�ssionais a que se refere o inciso III do art. 61, far- se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo habilitações tecnológicas. Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os pro�ssionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação pro�ssional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação (BRASIL, 1996). Pimenta (1999), também discute a formação de professores e ressalta a questão da construção da identidade pro�ssional, de�nindo-a como um processo, que se dá pela construção do sujeito e signi�cado social da pro�ssão. Ressalta a necessidade da avaliação constante de seus modos de fazer, mantendo as práticas consagradas e reorganizando outras. Saviani a�rma sobre estes saberes que con�guram o trabalho do educador: O ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens, constitui o trabalho educativo que é próprio do educador, a�rma que sendo o processo educativo um fenômeno complexo, os saberes nele envolvidos também o são (SAVIANI, 1996, p. 147). Destacamos que é importante admitir o ensino como ferramenta que mobiliza vários saberes que produzem uma espécie de reservatório. Nele o professor se abastece para responder a exigências especí�cas de sua situação concreta de ensino (GAUTHIER, 2013, p. 28). A prática docente nas escolas constitui-se como uma missão cultural, na qual a atuação do professor demanda estratégia. Não deve ser organizada apenas do ponto de vista técnico, pois seu ofício é complexo. É necessária a construção de habilidades que não podem ser engessadas, mas que estejam em constante re�exão, articulação de conhecimentos e tomada de decisão. Embora seja permeada por processos, habilidades, compreensão e conhecimentos, Shulman (1997) defende que todos estes componentes são necessários para facilitar e efetuar o processo de ensino-aprendizagem. Desse modo, paraque esta prática se torne mais profunda e diversi�cada, é necessário desconstrução e reconstrução contínua. O mesmo autor propõe diversas categorias para este desenvolvimento do professor. São eles: conhecimento do conteúdo especí�co, conhecimento pedagógico do conteúdo, conhecimento do currículo, conhecimento dos alunos e suas características e dos contextos educacionais. O professor imerso nessa prática de preparo e formação, atuará como mediador ou tradutor do conhecimento e é nesta mediação que o trabalho de análise individual de seus alunos, nos mais diversos contextos culturais, se faz necessário para a escolha das melhores técnicas e métodos pedagógicos. Para que o exercício pro�ssional do professor seja e�caz, é necessária uma formação adequada. É o que Tardif (2000), denomina como saber docente. A ação docente implica a mobilização do tripé professor-aluno- conhecimento, sendo que este se organiza em função da visão de homem mundo na qual se apoia. Esses elementos se modi�cam em virtude do contexto sócio, histórico e geográ�co originando uma teoria pedagógica. Cada teoria ou paradigma possibilitará a formação de um tipo de homem (aspecto antropológico) e um tipo de �nalidade (aspecto teológico) (EYNG, 2007, p. 115). Diante de tantos desa�os na prática de ensino, é necessário reconhecer o papel central do professor em qualquer processo de ensino aprendizagem. Cabe a ele uma articulação de saberes ampla em seu exercício pro�ssional. Ele interpreta, compreende e orienta. Por isso, necessita de uma qualidade de formação e de boas condições para desenvolver seu trabalho. A prática docente e a disciplina de ensino religioso no Brasil AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga A prática docente em sala de aula é um assunto de grande relevância para a educação. Destacamos, como escolha didática, sua relevância em relação à disciplina de ensino religioso, considerando que existe um enorme desa�o quanto às suas �nalidades, objetivos e práticas. Na área de formação de professores de Ensino Religioso há pouca pesquisa e publicação. Embora seja um componente curricular com amparo legal, sua aplicação nem sempre acontece de forma adequada nas escolas, mesmo que exista uma de�nição da proposta curricular com os Pcns elaborados pelo Fórum Nacional Permanente do ensino religioso (FONAFER). Faz-se necessária uma formação especí�ca nesta área, sobre isso a LDB 9394/96 estabelece: A formação de professores para atuação na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Os cursos de formação para professores de Ensino Religioso devem observar o embasamento legal da Constituição, da LDB e dos outros conselhos estaduais. Esta regulamentação deve assegurar o respeito à diversidade e pluralidade cultural e religiosa. A disciplina de ensino religioso é prevista na legislação nacional para ser oferecida na Educação Básica com a �nalidade de uma educação para a cidadania plena. Esta área do conhecimento é sustentada pelo pressuposto destes estudos para formação integral do ser humano, como coloca Cândido (2002, p. 40): O Ensino Religioso, no contexto da educação cidadã, tem como pressuposto a dignidade humana, que independe da opção religiosa. Sua especi�cidade consiste em trabalhar o fenômeno religioso. O reconhecimento das diferentes tradições religiosas, bem como o estudo das diferentes tradições, precisa acontecer já nas séries iniciais. Importante lembrar também o papel do professor como referência para as crianças, adolescentes e jovens. Em diferentes graus de intensidade, todo professor, em todas as séries, in�uencia, através de suas atitudes, de sua postura. O docente que atua na área do conhecimento de Ensino Religioso Escolar necessita ter uma ampla apropriação teórica e metodológica sobre as questões da cultura, do sagrado, das relações sociais e éticas. Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica no Estado do Paraná (2008, p. 47) está estabelecido que: Qualquer religião deve ser tratada como conteúdo escolar, uma vez que o Sagrado compõe o universo cultural humano e faz parte do modelo de organização de diferentes sociedades. A disciplina de Ensino Religioso deve propiciar a compreensão, comparação e análise das diferentes manifestações do Sagrado, com vistas à interpretação dos seus múltiplos signi�cados. Ainda, subsidiará os educandos na compreensão de conceitos básicos no campo religioso e na forma como as sociedades são in�uenciadas pelas tradições religiosas, tanto na a�rmação quanto na negação do Sagrado. Desse modo, os cursos de formação para professores de Ensino Religioso devem se basear nas normativas legais dadas pela constituição, LDB e resoluções do sistema de ensino. O curso oferecido não deve ser confessional, nem apresentar qualquer tipo de proselitismo, mas sim, elencar o respeito à diversidade cultural e religiosa. Segundo as normas, a disciplina deve ser inter-religiosa e não restrita a uma única denominação. É importante que os pressupostos teóricos para o ensino religioso sejam aplicados conforme a normativa em âmbito nacional. O parecer 97/99 causou estranheza quando, em 1999, o próprio CNE (Conselho Nacional de Educação), ao se ocupar com o assunto da formação de professores para o Ensino Religioso, indicou que: [...] não lhe compete autorizar, nem reconhecer, nem avaliar cursos de licenciatura em ensino religioso, cujos diplomas tenham validade nacional [...], competindo aos Estados e municípios organizarem os conteúdos do ensino religioso nos seus sistemas de ensino e as normas para a habilitação e admissão dos professores. No entanto, gradativamente as pesquisas sobre a construção da disciplina Ensino Religioso vem ganhando mais espaço. O tema tem sido amplamente discutido e pesquisado nos programas de Pós Graduação, a exemplo dos estudos de Bárbara Raquel do Prado Gimenez Corrêa (2006), na dissertação “A concepção dos professores sobre o sagrado: implicações para a formação docente” (PUCPR). O trabalho citado foi realizado com um grupo de professores da rede pública do Paraná. Indicou que o maior número de professores de Ensino Religioso eram formados em História, seguido de Pedagogia e Filoso�a. Outros professores que lecionavam a disciplina tinham formação em Geogra�a, Letras e Matemática. A pesquisa também apontou a fragilidade do processo de formação continuada e a escassez de referenciais teóricos sobre o sagrado em diálogo com o Ensino Religioso e a prática pedagógica. A autora considera como o maior desa�o dessa área pro�ssional, a necessidade de formação especí�ca de professores para atuação no Ensino Religioso. 6 elementos que interferem na prática docente, segundo a pesquisa observatório do professor AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Quais fatores podem ser decisivos para transformar a prática docente? A partir de mais de 3 mil horas de entrevistas, a pesquisa Observatório do Professor, feita pelo Instituto Península em parceria com a PS2P – Observatório de comportamento e cultura, identi�cou os elementos que interferem na prática do professor que vão além da didática e do domínio do conteúdo. De acordo com o levantamento, que buscou identi�car quem é o professor fora dos muros da escola e quais são as suas angústias e paixões, professores que conseguiram criar uma ponte de relacionamento com os seus alunos geralmente levam elementos da sua história de vida para as práticas pedagógicas. “Nos melhores exemplos que nós descobrimos, o professor teve que buscar referências na sua vida pessoal para encontrar caminhos para solucionar problemas que antecedem muito a questão do conteúdo e interferem no processo de aprendizagem”, explica Heloisa Morel, diretora do Instituto Península. Para entender osprofessores além dos números e dados, pesquisadores foram a campo para fazer 30 entrevistas em profundidade e �zeram 10 vivências presenciais com 60 horas de �lmagem, além de reunir informações de 20 diários online com 3 mil horas de acompanhamento remoto do dia a dia de professoras e professores de diferentes regiões do Brasil. A pesquisa também envolveu a observação de seis grupos online de pro�ssionais de educação que contam com mais de 1 milhão de membros. Com base nessa análise, o estudo identi�cou seis elementos que interferem na prática do docente: Identidade: a força das histórias de vida e as experiências pessoais dos professores são determinantes para sua prática; Reciprocidade: as experiências educacionais positivas ou negativas podem mudar a relação deles com a educação e a �gura de professores-referência podem exercer in�uência sobre seu desejo de se tornar educador; Afeto: o aspecto relacional tem um impacto importante na relação professor- aluno. Ambiente: o fator é considerado um elemento chave na experiência educacional; Conheça a pesquisa Observatório do Professor. ACESSAR http://www.institutopeninsula.org.br/conheca-a-pesquisa-observatorio-do-professor/ Coletividade: a maior parte dos professores não se sente parte de um projeto maior de escola; Reputação: os professores e especialistas entrevistados ressaltam nas suas falas que a escola pública é envolta por um conjunto de simbolismos e preconceitos. “Talvez a pro�ssão do professor seja uma das mais complexas que o país tem. Ele tem que olhar muitas dimensões, não apenas o técnico”, ressalta a diretora do Instituto Península. Ao ampliar o horizonte para considerar elementos que vão além da didática na aprendizagem, ela ainda menciona que essas soluções reforçam a necessidade de políticas públicas olharem para o desenvolvimento integral dos professores. “Nós não vamos conseguir formar alunos para os desa�os do século 21 se os professores ainda não se sentem preparados para isso. De uma forma sistêmica, o desenvolvimento integral do professor não é discutido.” Apesar da rede brasileira de educação básica contar com mais de 2 milhões de educadores, entre outros destaques, a pesquisa também identi�cou um sentimento comum entre boa parte deles: a solidão. Para muitos professores, há pouco espaço de diálogo e troca de experiência com os colegas. “Seu olhar sobre a educação navega entre o prazer de ensinar e a frustração de não conseguir fazer os alunos aprenderem. Muitos sentem o peso de serem vistos como os únicos responsáveis por transformar a realidade das comunidades em que atuam, sentindo-se expostos e até vulneráveis com o desa�o”, destaca o observatório. Além de apresentar os principais destaques da pesquisa, o Observatório do Professor reúne textos e vídeos que contam histórias de educadores de diferentes regiões do país que atuam em diferentes contextos. “Com o desenvolvimento integral do docente, o domínio dos conteúdos e uma comunidade escolar fortalecida é possível lidar com desa�os dos alunos, se conectar a eles e garantir ambientes de aprendizagem, construindo a ponte que liga ao conhecimento e in�uenciando positivamente todo o sistema educacional”, conclui o observatório a partir de descobertas e re�exões da pesquisa. REFLITA Quando pensamos na pro�ssão docente, não conseguimos omitir a re�exão sobre vários assuntos, diversos conceitos e uma complexidade de concepções do “ser professor”. Assim, muitas questões permeiam a nossa pro�ssão, sendo importante re�etir sobre a imagem e a função do professor ao longo do tempo, e como elas se estabelecem hoje. Fonte: António Nóvoa Caro (a) estudante, no decorrer desta unidade compreendemos a importância da re�exão e do preparo para a prática docente de qualidade. Buscamos diversos teóricos para nos orientar sobre a complexidade que incide sobre o tema e assinalamos que a prática docente é permeada de nuances que não devem ser negligenciadas no processo da formação. Ressaltamos também a importância dos saberes docentes e demarcamos que a construção do professor desde sua primeira experiência na escola pode in�uenciar a sua formação docente. Demonstramos que é de suma importância a formação teórica e prática na academia. Esta oportuniza a apropriação dos conteúdos cientí�cos, bem como o exercício da alteridade, do diálogo interdisciplinar e da constante abertura para repensar as nossas práticas, reorganizando-as quando necessário. Por �m, realizamos uma breve re�exão sobre as práticas pedagógicas na disciplina Ensino Religioso, demonstrando que a disciplina ainda está em processo de consolidação, no que tange à aplicação de práticas de ensino de qualidade nas escolas. Essas re�exões iniciais te introduzem na formação docente voltada ao Ensino Religioso e oferecem alguns caminhos teóricos para lidar com a prática escolar. Esperamos que o tema suscite interesse e que você busque se apropriar desses e outros referenciais de estudo para uma formação de excelência. Conclusão - Unidade 1 Livro Filme Web https://go.eadstock.com.br/o2 Web Web https://go.eadstock.com.br/o3 https://go.eadstock.com.br/o4 Unidade 2 Contexto histórico, competências e habilidades do/para o ensino religioso AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Introdução Olá estudante da disciplina “Prática da Docência em Ensino Religioso”, na unidade a seguir, apresentaremos o processo histórico que constitui a relação entre Educação e Religião desde a Antiguidade, passando pela Idade Média até a atualidade. Em direção a terras brasileiras, iremos partilhar uma visão breve de como se con�gurou o Ensino Religioso por aqui, a partir de uma análise histórica, abordaremos da catequese jesuítica até as primeiras leis que sancionavam o ensino religioso como ferramenta para entendimento da pluralidade cultural em um Estado laico. Por �m, abordaremos a elaboração da Base Nacional Comum Curricular direcionada ao Ensino Religioso, que características o texto parece se defender e como podemos compreender suas prioridades por meio da Ciência da Religião. Elaboramos esta apostila para auxiliar no percurso entre questões como: a religião tem espaço na educação formal? Qual é este espaço, ele é ocupado por todas as crenças? O que esperar do Ensino Religioso como docente e para o estudante? Como esta disciplina se organiza no Brasil e como posso contribuir para esse processo? Respostas que precisam de tempo e experiência para serem melhor formuladas e que esperamos, por meio deste material, te ajudar nos primeiro passos. Bons estudos! Contexto histórico, competências e habilidade do/para o ensino religioso AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Religião e Educação: da Antiguidade à Idade Média A tentativa de explicar o funcionamento do universo é uma premissa importante para a maioria das religiões. Provavelmente por esse motivo, nas primeiras sociedades do Crescente Fértil, a prática da escrita e seu ensinamento estava relacionado ao poder religioso. Se o imperador e nobres aprendiam escrita e leitura é porque eram considerados representantes divinos. Assim não havia uma separação precisa sobre as leis que organizavam o mundo e aquelas que organizavam a sociedade. O mundo imaterial, o além, era uma representação perfeita do que as pessoas já viviam em terra. Por exemplo, conforme aventa Cardoso (2004), para os egípcios, após a morte, a recompensa de um camponês seria poder lavrar em terras sempre férteis, sem a sombra da fome. Os sacerdotes além de cultuar os deuses, compartilhariam de suas moradas nos céus. Os faraós, já considerados divindades na terra, continuariam reinando com seus súditos e servos, e atingiria plenamente os poderes de um deus. Sem precisar retroceder tanto no tempo, na Idade Média, Jacques Le Goff (2002) assinala para a defesa dos clérigos de que o modelo de sociedade vigente havia sido atribuído por Deus. O criador teria deixado os oratores, membros da Igreja, para proteção espiritual. Os bellatores,nobres e rei, para a proteção militar. E os laboratores, os camponeses, para prover alimentos a todos. Se você nascesse lavrador, foi da vontade de Deus, e assim deveria permanecer, como seus �lhos também serão lavradores e os �lhos deles. Igualmente, o rei passará a Coroa para seu primogênito. Questionar tal modelo seria considerado uma tentativa de contestar as ordens divinas, um pecado gravíssimo. Esta relação parece ser uma regra do indivíduo religioso, que procura espelhar sua sociedade no modelo que entende se aproximar do sagrado. Para isso, a instrução de crianças e adultos a respeito do mundo parte do mesmo conhecimento produzido nos templos. Isso faz parte da formação de nossa personalidade, cultura, visão de mundo. Faz sentido organizar as coisas da maneira que consideramos ideal. Porém, é uma forma pertinente de controle social, o que torna a produção de conhecimento um objeto de poder. Tanto é que os primeiros registros de julgamentos de crimes contra religião datam já da Grécia Antiga, sendo aquele protagonizado por Sócrates o mais famoso deles. Como assinala José Neto (2018), o maior peso das acusações contra o �lósofo grego era de que o mesmo possuía práticas pedagógicas corruptoras, que entravam em con�ito com a religião tradicional. E neste caso percebemos a ação de um grupo especí�co em favor da condenação de Sócrates, eram aristocratas e políticos importantes. Para tais pessoas, colocar em xeque a crença nos deuses ou o seu papel no cotidiano abriria espaço para questionar a legitimidade de suas propriedades e cargos políticos, visto que ambos eram considerados heranças divinas e hereditárias naquela sociedade. Figura 1 – Ilustração medieval da sociedade tripartida, sistema no qual Igreja e nobreza se apoiavam para justi�car os diferentes papéis protagonizados nesta sociedade. Exemplo de como a religião explica o mundo nesse período. Fonte: acesse o link Disponível aqui https://d2rbodpj0xodc.cloudfront.net/stories/365500207309260681/fd2768e1-84f8-4248-878a-783456b297f2.jpeg No mundo da Antiguidade, a relação entre educação e religião parece ter sido sempre estreita. A partir da leitura de S. Junqueira (2011), o equivalente pode ser dito sobre a Idade Média, onde o ensino formal e catequético se confundiam Na Europa, é de signi�cativa importância o papel da Instituição Católica como responsável pela in�uência no processo de formação cultural dos diversos países desse continente. Desde as escolas monacais até a organização das Congregações especi�camente para assumir escolas e universidades, é notória a in�uência do ensino da instrução religiosa, dos catecismos na formação da elite, seja da nobreza e ou da burguesia nascente (JUNQUEIRA, 2011, p. 28). Interessante notar o caráter excludente da educação nesse período. Tendência que se alteraria a partir da Reforma Protestante, já a partir dos primeiros reformistas, como Lutero e Melanchthon, ressaltando a importância da educação elementar para todos. No entanto, esforços concretos para um ensino público seriam presenciados apenas duzentos anos mais tarde, na Alemanha e na França. O desenvolvimento das cidades, com o crescimento do comércio de produtos manufaturados e início da formação de uma classe operária são provavelmente os maiores motivos para a demanda de uma população minimamente instruída. Figura 2 - Busto de Sócrates. O pensador grego teria sido o primeiro criminoso punido com a morte devido à acusação de agir contra tradição religiosa em suas práticas. O maior erro de Sócrates foi questionar “Será que os deuses existem, ou são como dizemos que são?”. O su�ciente para a perseguição da aristocracia e elite política. Fonte: acesse o link Disponível aqui https://www.britannica.com/biography/Socrates Em território germânico, os primeiros acenos para educação universal partiram do próprio Estado. Na França, ainda com forte in�uência da Igreja Católica, são os abades que se ocupam da pedagogia. Contudo, nos dois casos se observa a defesa de um conteúdo pautado por ensinamentos cristãos. Até este momento na Europa, é correto a�rmar que todo ensino era ensino religioso, não necessariamente de uma religião, no caso dos países reformados, e expressamente católico nas nações de língua latina. Veja bem, ilustre estudante, o século XVII será o primeiro período em que se pode observar a ideia de educação para todas as pessoas, uma ideia que foi estimulada com a ideia protestante de que todos deveriam ler a Bíblia e não apenas os clérigos, como acontecia com o catolicismo da época. E o século XVIII, a primeira vez que se defende essa educação sem o vínculo com ideias de uma religião especí�ca. Mas o que provocou essa separação? Quando a Igreja tem a hegemonia do discurso religioso questionada, com a Reforma Protestante, torna contraditória a orientação educacional para uma religião especí�ca. Sobretudo nas regiões onde protestantes e católicos frequentavam a mesma escola. Isso enfraquece a ideia de que a instituição de ensino tenha o papel de ensinar sobre uma religião especí�ca. Com o fortalecimento dos Estados Absolutistas, o poder do rei procura se desvencilhar ou se aproximar da in�uência religiosa. Mais um ponto de fragilidade, pois se demonstra a possibilidade de educação como administração exclusiva do governante. Figura 3 - Gravura representando uma sala de aula de orientação protestante no século XVI Fonte: acesse o link Disponível aqui https://www.museeprotestant.org/en/notice/the-protestant-education-in-the-xvith-century/ Com a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, se torna prática a ideia de um Estado que governe sem defender uma religião especí�ca. Este momento foi muito importante para a ideia de tolerância religiosa, como ressaltamos também na Unidade 2 da Apostila “Fenômenos Religiosos na Contemporaneidade”, pois defende a inexistência de classes hereditárias na sociedade (como a nobreza e a realeza), uma instituição que tinha no discurso religioso uma de suas principais fontes de legitimidade. E também em razão de ser compartilhado o pensamento de direitos básicos de cidadania, como a liberdade de expressão e liberdade religiosa. A cisão entre Educação e Religião não foi instantânea, porém, a partir desse momento o Estado se coloca como protagonista do ensino. Por vezes, esse afastamento cede à colaboração, conforme os interesses das duas instituições. Mas lentamente pode ser notado um processo de laicização do conhecimento. As con�gurações históricas comentadas no último parágrafo se passam entre os séculos XVI e XVIII. A partir de 1800, ou seja, no século XIX, a segunda fase da Revolução Industrial provocara dois tipos de práticas pedagógicas. Para a população operária, observamos uma expansão do ensino elementar obrigatório, público e gratuito para responder à necessidade de mão-de-obra cada vez mais técnica no trabalho das fábricas. Para elite �nanceira e política, a instrução universitária estava em exponencial ascensão. Figura 4 – Sala de aula do �nal do século XIX, em Washington, USA. A disposição dos alunos e os elementos da sala não são estranhos à nossa realidade. A separação por turmas e do conteúdo por disciplinas se desenvolve lentamente a partir do século XVI. Fonte: acesse o link Disponível aqui https://picryl.com/media/grade-school-children-posed-in-classroom-with-teacher-standing-in-back-of-room É durante o século XIX que se consolidam os saberes acadêmicos que aprendemos nos dias de hoje, como História, Biologia, Física, entre outros. A educação foi peça essencial também para a transição dos Estados nacionais. Nas escolas elementares se instituía a língua que deveria ser falada por todos em um país, e como o idioma nacional seria corretamente escrito. O ensino cívico de discussão das leis, direitos e deveres de um cidadão disputam o espaço da catequese e moral religiosa. A partir dessas transformações, o ensino se inclinou para uma reprodução do projeto político do Estado. Com a laicidade, teorias cientí�cas procuravam explicar a sociedade. Teoriascomo a de Cesare Lombroso, procuravam explicar biologicamente a existência de problemas sociais. Algo como buscar de�nir a “natureza” de um bandido, ou da pobreza, a partir de atributos físicos como formato do crânio, tamanho da testa, distância entre os olhos. Caminhos semelhantes foram traçados pelos evolucionistas sociais, como Edward Tylor e Herbet Spencer, que legitimavam a existência de classes mais abastadas do que outras, ou a dominação de um povo sobre outro, a partir da lógica de superioridade genética e/ou cultural. Logo podemos observar que a laicização do ensino está menos ligada a um re�namento intelectual da sociedade e mais a um sistema político e econômico. Nesse sentido, há poucas mudanças estruturais no papel e desenvolvimento da educação. Permanece uma ferramenta de reprodução do discurso de classes dominantes. Como observa Junqueira, tal composição se manteria até o �nal da II Guerra Mundial Quando em 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas homologou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um novo marco no desenvolvimento das ideias contemporâneas foi assinalado. Entre os itens da declaração a�rma-se o direito à liberdade religiosa e a obrigatoriedade da instrução, aspectos que favorecem a discussão sobre o Ensino Religioso como um componente no currículo em vista de uma geração aberta ao diálogo e a novas relações socioculturais (JUNQUEIRA, 2011, p. 36). Até aqui podemos construir o seguinte desenvolvimento temporal a respeito da relação entre Educação e Religião: nos primeiros registros sobre a prática de ensino, o mesmo é um direito circunscrito às elites e administrado por sacerdotes; algo que decorre até a Reforma Protestante, onde passa a circular a ideia de educação universal para a leitura do Evangelho, e se presencia uma fragmentação religiosa que descaracteriza a ideia de que a educação deve ser orientada para uma con�ssão especí�ca; o poder do Estado cresce e junto seu papel de garantir a educação elementar, nas universidades a produção do conhecimento passa a se dirigir cada vez mais à prática cientí�ca do que a saberes religiosos; até o momento que o cienti�cismo cria seus “monstros” como a bomba atômica e a teoria de evolução racial; lidando com esses traumas mundiais, a partir da metade do século XX o discurso laico inclui a religião como aspecto cultural importante de ser compreendido, assim como as diferenças entre povos precisam ser dialogadas, não confrontadas. O Ensino Religioso no Brasil Sobre a relação entre educação e religião, o cenário brasileiro, embora bastante in�uenciado, carrega mais diferenças do que semelhanças com o que aconteceu de maneira geral no Ocidente e expomos até aqui. O maior responsável por isso possivelmente é o fato de que a Reforma Protestante foi combatida com sucesso na Igreja Católica da Península Ibérica, onde Igreja e Estado parecem ter concordado por muito mais tempo a respeito da forma como a população deveria ser instruída. Contudo, a princípio houve um con�ito entre colonizadores portugueses e padres jesuítas. O segundo grupo teimava em catequizar os indígenas e nas comunidades que formavam, as aldeias e reduções, acabavam por protegê-los da captura e escravidão pelos portugueses. Não que nesses locais, a população nativa estivesse isenta de violência psicológica ou trabalhos forçados pelos padres, como narra J. Pinheiro (2007) A intenção do jesuíta era retirar o índio do contato nocivo com o branco, pois esse, com seus atos e maneiras pecaminosas, induziam o índio ao pecado. Essa estratégia levou os jesuítas à construção e administração de aldeias. No caso extremo da retirada do contato com o branco, temos o exemplo das reduções. [...] (o padre jesuíta Manuel de Anchieta da) Nóbrega, numa carta datada de 1507, dizia que a conversão pelo amor não apresentava os resultados esperados [...] acreditava na sujeição pelo medo, levando o índio a se converter e civilizar (PINHEIRO, 2007, p. 23). Apesar de expulsos, os jesuítas construíram as primeiras escolas no Brasil, e a educação não estava destinada apenas aos indígenas. Entre os principais povoados que recém se erguiam em terras brasileiras havia sempre a possibilidade de encontrar um cômodo para se ensinar catequese, ler e escrever conduzido por um padre jesuíta. Não esquecendo dos colégios construídos em futuras capitais do Brasil, como São Paulo e Fortaleza. Com a saída da Companhia de Jesus, a educação continua sob domínio da Igreja Católica e é conduzida por um braço da Inquisição. A catequização continuou fazendo parte do ensino elementar, inclusive de maneira mais enérgica e com punições para leigos que por ventura tentassem lecionar sobre religião, inclusive a católica. Este quadro se manteve durante todo o período colonial, começando a se alterar apenas com a vinda da Família Real. Durante esse tempo, o padre como educador remonta a atmosfera retratada por Negrão (2008), que agia a serviço do senhor de terras, como seu lado benevolente e atuando na instrução de seus �lhos. Observe, ilustre estudante, que durante os primeiros trezentos anos de educação no Brasil, a mesma atingiu uma parcela muito pequena da população e esteve sempre ligada a preceitos religiosos. É importante questionar quão grande não é a in�uência de um contexto como esse na formação cultural-religiosa de um povo e ao mesmo tempo compreender que algo que passou tanto tempo se formando, não vai ser extinguido do dia para a noite. No entanto, com o período conhecido como Brasil Império certas transformações se iniciam, mas apenas para as classes mais altas Figura 5 - Modelo de missão jesuítica implantado no Brasil. Era costume o colégio ou escola ser construído ao lado do prédio principal, a Igreja. Exemplo de como o Ensino Religioso se confundiu, por muitos anos de nossa história, com o catecismo. Fonte: acesse o link Disponível aqui https://amigopai.files.wordpress.com/2017/03/reduc3a7c3a3o-jesuitica.jpg?w=900 Progressivamente, o Estado, então ainda monárquico, amplia o pequeno sistema educacional, com a criação de cursos do Ensino Superior (Medicina e Cirurgia). São criadas também a Academia Militar, a Academia da Marinha e a Escola de Comércio, a Escola Real de Ciências e Artes e Ofícios, bem como a Academia de Belas Artes. Não há, porém, signi�cativa evolução no ensino para as classes populares, enquanto nas classes mais abastadas criam-se: bibliotecas, imprensa, teatro, escolas especializadas (JUNQUEIRA, 2011, p. 38). Se a Constituição de 1824 considerava a educação primária para todos os cidadãos um dever do Estado, Braga e Mazzeu (2017) demonstram que esta não era uma realidade observada na prática. Primeiro, havia uma de�ciência na distribuição de escolas no território brasileiro, se concentrando nas capitais. Segundo, visto que ainda vivíamos sob um regime escravocrata, esses direitos não se extendiam à parcela da sociedade nesta condição, o que excluía a maior parte da população. No caso do ensino religioso, este permanecia catequético e reservado ao catolicismo. O que impedia indígenas, africanos e seus descendentes de partilharem suas crenças publicamente. Após a Proclamação da República, em 1889, a situação começaria a se alterar. Do início do século XX a taxa de população analfabeta no Brasil foi de 65,3% da população, até 9,6% em 2010, como podemos acompanhar na tabela a seguir: Para o Ensino Religioso, no entanto, a abordagem católica deixa uma lacuna que não foi de pronto preenchida. A proposta de Rui Barbosa, para o qual nas escolas públicas não deveria ser imposta qualquer tipo de crença, parece ter banido a discussão religiosa do currículo escolar por noventa anos. Pois somente a partir de 1980 a inclusão do Ensino Religioso nas escolas começa a ser debatida. O processo de redemocratização pelo qual passava o Brasil nesse momento deu forças a ideias de respeito à diversidade cultural, valorização das identidades regionais e do pluralismo de pensamentos. Temas que entravam em acordo com o cenário mundial. Aquele de 1948, como assinalado porJunqueira (2011) sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e o �m da Guerra Fria que já se aproximava. Dois eventos que imporiam discussões sobre como conviver melhor com as diferenças. Além da reprodução de conhecimento, a escola passa a ser considerada como um espaço para desenvolvimento da cidadania e da formação política. Com isso, discutir sobre as diversas religiões no Brasil e no mundo vai de algo facultativo para uma questão de emergência para que se construa um país consciente e orgulhoso de sua cultura, sua história e a boa relação com outras culturas e histórias Tabela 1 – Tabela sobre analfabetismo na faixa etária de 15 anos ou mais – Brasil 1900/2010. Ano População com 15 anos ou mais (em milhares) Total Analfabeta Taxa de analfabetismo 1900 9.728 6.348 65,3 1920 17.564 11.409 65,0 1940 23.648 13.269 56,1 1950 30.188 15.272 50,6 1960 40.233 15.964 39,7 1970 53.633 18.100 33,7 1980 74.600 19.356 25,9 1991 94.891 18.682 19,7 2000 119.533 16.295 13,6 2010 144.814 13.933 9,6 Fonte: BRAGA; MAZZEO, 2017, p. 26. no mundo, mas também na profusa sociedade brasileira. Como informa Junqueira (2011), de tal entendimento é que, em 1996, foi sancionada a Lei n. 9.394, cujo artigo 33 de�nia Art. 33 – O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 1° – Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a de�nição dos conteúdos do Ensino Religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2° – Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a de�nição dos conteúdos do Ensino Religioso. (BRASIL, 1996) Em 2010, o Plano Nacional de Educação reforçaria o papel do Ensino Religioso na formação do estudante brasileiro, indicando uma série de ações que contribuem para tal. Por exemplo, orienta explicitamente que os livros didáticos abordem a diversidade religiosa; insere o estudo da diversidade cultural-religiosa no currículo de licenciaturas; garante a laicidade no ensino público, sem privilegiar rituais de religiões, reconhecendo e respeitando nossa multiplicidade cultural. A caminhada até aqui foi longa, certo? Observamos que, nos primeiros milênios de sociedade escrita, educação e religião eram indissociáveis. Com o questionamento da hegemonia religiosa sobre toda a Europa, a Reforma Protestante inicia um processo que, com a ascensão dos Estados Absolutistas e posterior desenvolvimento dos países-nação, resulta na ideia de educação laica e administrada em suas bases pelo poder público. No Brasil, a relação entre Igreja e educação foi mais estável e duradoura, desde o Descobrimento atuando de maneira a disciplinar a sociedade a partir do catolicismo e instruindo a ler e escrever. Com a República, percebemos um aumento gradativo no nível de escolarização. Contudo, é necessário atentar para o fato de que apenas a partir de 1980 temos menos de 30% da população analfabeta, atingindo menos de 10% apenas em 2010. A partir do Plano Nacional de Educação se organizam as discussões que resultariam na Base Nacional Comum Curricular, cuja versão �nal data de 2017. Se trata de um documento que estabelece normas para as redes pública e particular de ensino. Na BNCC se encontram divididas disciplinas e conteúdos conforme os níveis infantil, fundamental e médio, bem como o que será trabalhado nas séries de cada um desses estágios. Sobre tal planejamento, o Ensino Religioso recebe a mesma atenção que outras disciplinas das Ciências Humanas. Um evento importante para a disciplina e um sinal de reconhecimento de como o estudo das religiões pode contribuir para a compreensão da sociedade. Conforme organizado por E. Honorato (2018), neste novo plano de educação, os objetivos do Ensino Religioso visam SAIBA MAIS O debate sobre a laicidade do Estado ainda é palco para intensas discussões em muitos lugares, incluindo o Brasil. Sobretudo no que diz respeito à educação, o esforço para conter a ciência nas escolas e impedir um diálogo frutífero sobre diversidade religiosa, de gênero, de ideias tem sido a tônica de certos segmentos fundamentalistas do cristianismo. Esse con�ito com ideias religiosas se não representa algo novo, parece ter adquirido, nas últimas quatro décadas, uma nova roupagem, caracterizada pela disputa com a�nco por novos espaços, como, por exemplo, as salas de aula da educação básica pública e privada, resultando em con�itos frequentes com as ideias evolutivas, na produção de material didático próprio para o ensino de ciências e biologia, na multiplicação de estratégias de divulgação de suas ideias por meio de congressos, palestras, vídeos e endereços eletrônicos e em sua mais recente atuação na esfera política, procurando modi�car a legislação para permitir o ensino do criacionismo. Fonte: DORVILLÉ; SELLES. Criacionismo: transformações históricas e implicações para o ensino de Ciências e Biologia. In:Cadernos de Pesquisa. Vol. 46, nº 160, p. 442-465. São Paulo, Abril/Junho, 2016. Acompanhado dos objetivos do Ensino Religioso, o documento do Ministério da Educação compreende que seu conteúdo se concentra no âmbito das diferentes Ciências Humanas e Sociais, destacando as Ciências das Religiões, no plural como destaca Honorato (2018). O que compreende tanto a formação em Ciência das Religiões, mas também História e Sociologia, por exemplo, quando estas se propõem a estudar o fenômeno religioso a partir de suas disciplinas. Na mesma coletânea que o estudo acima referido foi publicado, R. Santos (2018) salienta que o pro�ssional do Ensino Religioso deve estar comprometido com uma educação social e laica, se afastando do papel de representante de uma con�ssão religiosa. Difere o graduado em Ciência das Religiões, daquele formado em Teologia. Enquanto o teólogo é um especialista de sua crença, ou seja, tem um conhecimento orientado por princípios religiosos, o cientista da religião se pauta sobre um estudo histórico, empírico e metódico, incluindo �loso�as de vida, formas subjetivas de espiritualidade, considerando diferentes manifestações conforme seus contextos, tempo e espaço. É um conhecimento sobre as religiões e não para suas instituições. O autor ainda destaca que entre pro�ssionais de renome das Ciências das Religiões, como Mircea Eliade e Wilfred Smith, a história das religiões comparada, a partir da segunda metade do século XX, já demonstra preocupações intelectuais semelhantes aquelas que seriam ponderadas na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Religioso no Brasil. A exemplo, a ideia de história comparada se concentra em uma análise transversal das manifestações religiosas, como atributos em comum de variadas religiões, de que maneira disposições sociais e geográ�cas podem produzir similaridades e diferenças de culto. Sempre no sentido compreender as sociedades de maneira horizontal, sem hierarquia. Concordamos que este tipo de abordagem parece adequado ao que é proposto na BNCC sobre as competências especí�cas do Ensino Religioso 1. Proporcionar a aprendizagem dos conteúdos religiosos, culturais e estéticos, a partir de manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos; 2. Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito de promoção dos direitos humanos; 3. Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares da vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a constituição federal; 4. Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos de cidadania. (HONORATO, 2018, p. 35) Aqui ilustre estudante, dê uma folheada pela apostila “Fenômenos religiosos na contemporaneidade”. As quatrounidades que a compõem foram pensadas de maneira a debater e contemplar efervescências sociais ligadas às competências listadas. Esperamos que este material venha lhe ser caro para eventuais consultas mesmo depois de sua graduação. A partir da década de 2010, o Brasil presencia uma nova onda de crescimento demográ�co, junto com a difusão do acesso a internet. Nesse contexto, vemos crescer a demanda por um Estado preocupado com a questão das chamadas minorias, conforme destaca S. Magalhães (2018). Para a autora, caso tais particularidades não sejam observadas no ambiente escolar, contribuímos para evasão escolar e a falta de acesso a uma formação adequada para grandes setores da sociedade como os bairros mais pobres, a população negra, LGBTS, entre outros setores onde o ensino necessita ser inclusivo, contemplar essas realidades que tomam voz e coragem de se apresentar neste contexto de informação e cultura globalizada. Em alguns casos como o da sexualidade, as religiões e a cultura cristã no Brasil ainda apresentam resistência. Nesse sentido, caberia ao cientista da religião, ao professor de ensino religioso produzir uma aula que procure impedir a discriminação no ambiente escolar e debater sobre as diferenças em nossa sociedade, como é possível conviver em harmônia, mesmo que discordemos sobre comportamentos e ideias, se aprendemos a respeitar culturas, posturas, crenças diferentes das nossas. 1. Aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e �loso�as de vida, a partir de pressupostos cientí�cos, �losó�cos, estéticos e éticos. 2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e �loso�as de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios. 3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver. 5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente. 6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz (HONORATO, 2018, p. 36). REFLITA O trecho a seguir constitui na narrativa de um ritual de cura do povo Bhil, situados no sul da Índia, fronteira com Bangladesh: No ritual de cura dos Bhils, há um detalhe particularmente interessante. O mago "puri�ca" o espaço ao lado do leito do doente e desenha um mandol com farinha de milho. No interior do desenho, ele insere a casa de Isvor e Bhagwân, traçando igualmente as suas �guras. Esse desenho é mantido até a cura completa do doente. O próprio termo mandol trai sua origem indiana. Trata-se, evidentemente, do mandala, desenho complexo que tem uma importante função nos ritos tântricos indo-tibetanos. Mas o mandala é antes de tudo uma imago mundi: ele representa simultaneamente o Cosmo em miniatura e o panteão. Sua construção equivale a uma recriação mágica do mundo. Por conseguinte, quando o feiticeiro Bhil desenha o mandol ao pé do leito de um doente, repete a cosmogonia, embora os cantos rituais que entoa não aludam expressamente ao mito cosmogonico. A operação tem, certamente, um objetivo terapêutico. Convertido simbolicamente em contemporâneo da Criação do Mundo, o doente mergulha na plenitude primordial; deixa-se penetrar pelas forças gigantescas que, in illo tempore, tornaram possível a Criação. (ELIADE, 1972, p. 22). O autor comenta como o ritual se utiliza da mandala para invocar um imago mundi, ou seja a representação de um momento sagrado para os crentes do hinduísmo. Esta dinâmica está presente em praticamente em todas religiões, por exemplo, na missa católica, o momento da comunhão evoca as palavras ditas por Jesus na Santa Ceia. Você consegue distinguir outros rituais que têm esse caráter mitológico de recriação de uma passagem do sagrado? Dentro do cristianismo, que datas se utilizam dessa recriação? E em outras religiões, que semelhanças podemos observar? Exercitar questionamentos como esse, além de uma postura metodológica da Ciência das Religiões, abarca as três unidades temáticas destinadas ao Ensino Religioso pela Base Nacional Comum Curricular. Vamos tentar? Para que isso seja possível na docência do Ensino Religioso, a Base Nacional Comum Curricular propõe três unidades temáticas 1. Alteridade: sugerida para se trabalhar ao longo do Ensino Fundamental, principalmente nos anos iniciais. Nesta unidade, o objetivo central é propor ao estudante o reconhecimento e a valorização do caráter singular e diverso do homem por meio da identidade e do respeito às semelhanças e diferenças, bem como a compreensão dos símbolos e seus signi�cados, partindo da relação entre imanência e transcendência. 2. Manifestações religiosas: pretende-se fazer com que o educando conheça, valorize o respeito às diferentes experiências e manifestações religiosas; 3. Crenças religiosas e �loso�as de vida: o educando terá a oportunidade de se relacionar com diferentes tradições, movimentações religiosas e �losó�cas de vida que se estendem aos mitos, manifestações da fé, doutrinas religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imortalidade, princípios e valores éticos. (HONORATO, 2018, p. 36 - 37). A forma como as unidades temáticas foram separadas na BNCC parecem corresponder às expectativas da Ciência da Religião sobre uma história comparada. W. Smith (1986) compreende que, ao estudamos diferentes religiões, observamos a nós mesmos, o ser humano em suas possibilidades. Também corrobora com a ideia de M. Eliade (2008) de que toda religião constitui em legítima forma de se vivenciar o sagrado. Por isso a importância de uma análise detida sobre seus ritos, símbolos e principais ideias religiosas. A partir de tais noções seria possível estudar as religiões sem sua hierarquização. Algo que vai de encontro ao que é proposto na base curricular do Ensino Religioso no Brasil. Ilustre Estudante, observamos a relação entre Educação e Religião desde os primórdios da escrita. Uma longa caminhada, não é? Repleta de con�itos. Alguns �lósofos, como Deleuze, comparam o ato de produzir conhecimento com uma caminhada no deserto. Uma conversa com colegas é sempre bom para agregar novas visões de mundo e perceber falhas em nosso raciocínio. Mas a verdadeira magia acontece no silêncio ou no caos de nossa solidão. Quando olhamos para a forma como Educação e Religião caminharam lado a lado, a coesão social que esta parceria cria, funciona como uma espécie de proteção contra esses questionamentos. Tudo a religião ensinaria e explicaria, questionar se torna um erro perante a Deus ou deuses. A Idade Média que o diga. Mesmo os gregos, considerados pais da racionalidade europeia, executaram uma de suas mentes mais brilhantes por questionar demais a linha tênue que separava, em sua sociedade, conhecimento e religião. A pressão era tanta que a ciência oitocentista parece querer expulsar o cristianismo de sua História, o que não é possível. O passado não pode ser mudado, suas consequências até o presente, também não. E o resultado desse sufocamento foi catastró�co, mencionamos o evolucionismo social e técnicas pouco sutis de identi�car uma genética biológica por trás de uma organização política e econômica que criava sua pobreza, como todo sistema está fadado a repetir os mesmos erros sempre, caso não sofra mudanças. No Brasil, tais alterações estão acontecendo neste momento. Nesta unidade, ao apresentar os objetivos, unidades temáticas, competências e habilidades para o ensino religioso, esperamos que tenham se fortalecidos os critérios pelos quais deve se pautar o pro�ssional da Ciência das Religiões em diálogo com a comunidade não- cientí�ca. Comparando, mostrandoo que existe de diferente, mas principalmente em comum, entre as várias formas de crer, praticar e evocar o sagrado. Leitura complementar Conclusão - Unidade 2 FICA A DICA Web MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000. Neste ensaio de doze páginas, podemos compreender o questionamento do autor dirigido à como pensar e produzir uma educação uni�cador. No sentido de um conhecimento que dialogue com outras disciplinas, que não se resuma a seu próprio círculo. E também que trabalhe aproximando as pessoas, sociedades umas das outras. MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000. Neste ensaio de doze páginas, podemos compreender o questionamento do autor dirigido à como pensar e produzir uma educação uni�cador. No sentido de um conhecimento que dialogue com outras disciplinas, que não se resuma a seu próprio círculo. E também que trabalhe aproximando as pessoas, sociedades umas das outras. https://go.eadstock.com.br/o5 Web ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972. Embora este não seja o tema especí�co da unidade, a relação que procuramos traçar sobre história das religiões comparada e as diretrizes curriculares do Ensino Religioso no Brasil é colocada em prática nesta obra. O autor observa como mitos e ritos de diversas culturas carregam semelhanças entre si, o que reforça a perspectiva de alteridade e compreensão do universo do Outro. ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972. Embora este não seja o tema especí�co da unidade, a relação que procuramos traçar sobre história das religiões comparada e as diretrizes curriculares do Ensino Religioso no Brasil é colocada em prática nesta obra. O autor observa como mitos e ritos de diversas culturas carregam semelhanças entre si, o que reforça a perspectiva de alteridade e compreensão do universo do Outro. https://go.eadstock.com.br/o6 Web NETO, José R. Maia. Cerceamento religioso da atividade intelectual: o que podemos aprender com o julgamento de Sócrates. In. D’AVILA-LEVY, Claudia Masini; CUNHA, Luiz Antônio (Orgs.). Embates em torno do Estado laico [livro eletrônico]. São Paulo: SBPC, 2018. Um texto da coletânea Embates em torno do Estado Laico, trabalhada em outras unidades do curso. O artigo analisa o julgamento de Sócrates a partir dos relatos de Platão e Diógenes Laércio. Interessante para re�etir sobre a coragem do �lósofo grego, e a importância de uma sociedade que não paute o desenvolvimento intelectual a partir de um viés unicamente religioso. NETO, José R. Maia. Cerceamento religioso da atividade intelectual: o que podemos aprender com o julgamento de Sócrates. In. D’AVILA-LEVY, Claudia Masini; CUNHA, Luiz Antônio (Orgs.). Embates em torno do Estado laico [livro eletrônico]. São Paulo: SBPC, 2018. Um texto da coletânea Embates em torno do Estado Laico, trabalhada em outras unidades do curso. O artigo analisa o julgamento de Sócrates a partir dos relatos de Platão e Diógenes Laércio. Interessante para re�etir sobre a coragem do �lósofo grego, e a importância de uma sociedade que não paute o desenvolvimento intelectual a partir de um viés unicamente religioso. https://go.eadstock.com.br/o8 Livro Filme Unidade 3 Métodos de Ensino AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Introdução Olá, estudante da disciplina “Prática Docência em Ensino Religioso”. Fico muito feliz em compartilhar com você esse conteúdo que foi produzido pensando unicamente no seu processo de formação. Esse material é signi�cativo para a formação em Ciência das Religiões, pois visa inserir você no campo conceitual que discute a docência do ensino religioso em diferentes contextos, a partir de múltiplas metodologias. Essas vêm sendo atualizadas e reformuladas em um ritmo acelerado, para corresponder às demandas sociais e escolares da nossa sociedade em um contexto marcado pela globalização e desenvolvimento de inúmeras ferramentas de comunicação e informação. Nosso diálogo busca se aproximar de perspectivas cientí�cas que apontem para inteligências múltiplas na prática pedagógica e para a utilização de novas tecnologias educacionais. Nesse sentido, vamos nos debruçar sobre diferentes teóricos da educação que pautam a teoria da aprendizagem signi�cativa, metodologias ativas e o uso de novas tecnologias no Ensino Religioso. Proponho que esse seja um espaço de partilha e aprendizado sobre esse tema tão complexo e rico que é a docência do ensino religioso. Convido você para essa caminhada ao encontro de novos usos de métodos de ensino. Bons estudos! O uso das metodologias ativas para o ensino religioso AUTORIA Ma. Laís Azevedo Fialho Me. Giovane Marrafon Gonzaga Aprendizagem signi�cativa em um contexto de globalização Na última unidade, discutimos os objetivos, unidades temáticas, competências e habilidades para o ensino religioso. Agora, vamos pensar conjuntamente sobre a utilização de novas tecnologias educacionais e sobre a inúmeras possibilidades de métodos e práticas educacionais, que contribuam para o objetivo de produzir um ensino religioso de qualidade. É importante localizar a nossa conversa em contexto de transformações que vêm ocorrendo no cenário social mundial nas últimas décadas, em consonância aos avanços cientí�cos e tecnológicos. Elas têm produzido modi�cações em todas as áreas do conhecimento e revelado um mundo globalizado, que requer do cidadão disponibilidade para situações de construção de conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento de habilidades cognitivas su�cientes para proporcionar o letramento cientí�co em relação às novas demandas. Diversos teóricos da educação, a exemplo de Moran (2000), indicam que a sociedade atual passa por um período de constantes mudanças, em que episódios ocorrem de modo simultâneo e, muitas vezes, não é humanamente possível acompanhar as alterações ocorridas em todos os segmentos dessa sociedade, inclusive no da educação. Nesse contexto, um dos principais papéis atribuídos à educação é o de dotar a humanidade com uma capacidade de garantir o seu próprio crescimento e desenvolvimento sustentável, oferecendo às pessoas as condições para que cada uma seja sujeito de sua própria história. Para o autor, o aprendizado efetivo acontece quando novas dimensões da realidade que antes nos escapavam, passam a ser percebidas e ressigni�cadas, ao ampliarmos o círculo de compreensão que nos rodeia. [...] como numa cebola, vamos descascando novas camadas que antes permaneciam ocultas à nossa percepção, o que nos faz perceber de uma outra forma. Aprendemos mais quando estabelecemos pontes entre a re�exão e a ação, entre a experiência e a conceituação, entre a teoria e a prática; quando ambas se alimentam mutuamente. Aprendemos quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético, o pessoal e o social. Aprendemos pelo pensamento divergente, por meio da tensão, da busca, e pela convergência - pela organização, pela integração. Aprendemos pela concentração em temas ou objetivos de�nidos ou pela atenção difusa, quando estamos de antenas ligadas, atentos ao que acontece ao nosso lado. Aprendemos quando perguntamos, questionamos. Aprendemos quando interagimos com os outros e o mundo e depois, quando interiorizamos, quando nos voltamos para dentro, fazendo nossa própria síntese, nosso reencontro do mundo exterior com a nossa reelaboração pessoal (MORAN, 2000, p. 23). Cabe mencionar a Comissão de Educação para o século XXI que indica a urgência em não negligenciar as políticas educativas, considerando que a educação e o conhecimento constituem-se enquanto uma riqueza e uma via privilegiada de construção de um novo sujeito, que estabelece relações mais fraternas e solidárias entre grupos e nações [...] a Comissão faz questão de a�rmar sua fé no papel essencial da educação parao desenvolvimento contínuo das pessoas e das sociedades: não como um remédio milagroso, menos ainda como um "abre te sésamo” de um mundo que tivesse realizado todos os seus ideais, mas como uma via – certamente, entre outros caminhos, embora mais e�caz – a serviço de um desenvolvimento humano mais harmonioso e autêntico, de modo a contribuir para a diminuição da pobreza, da exclusão social, das incompreensões, das opressões, das guerras (DELORS, 1998, p. 5). Considerando o tempo, mostra-se de extrema importância que o processo de ensino-aprendizagem admita, também, no processo de escolarização, como objeto de conhecimento, as experiências dos próprios educandos. É o que Ausubel (1973) discute sobre aprendizagem signi�cativa, para o autor ela só ocorre quando teoria e prática se relacionam, a partir da experiência concreta. O autor postula que a aprendizagem é consideravelmente mais sólida, do ponto de vista do estudante, quando este consegue relacionar os conhecimentos apreendidos às suas próprias experiências pessoais e universo cultural. Os fatores cognitivos e de motivação interpessoal in�uenciam, sem dúvida, o processo de aprendizagem de forma concomitante e é provável que interajam mutuamente de várias formas. A aprendizagem escolar não tem lugar num vácuo social, mas antes em relação com outros indivíduos, os quais – além de manifestarem vários laços emocionais pessoais – agem largamente como representantes impessoais da cultura. Durante o percurso de desenvolvimento da personalidade, o indivíduo também adquire uma orientação de motivação característica para a aprendizagem. Isto não só afeta o modo como adquirir novas atitudes e julgamentos de valor, como também in�uencia, de forma objetiva, o âmbito, a profundidade e a e�cácia dos próprios processos de aprendizagem mais objetivos (AUSUBEL, 1973, p. 17). Ainda pautando a teoria da aprendizagem signi�cativa de Ausubel (1973); Silva e Schirlo (2014) postulam que aspectos fundamentais da aprendizagem só ocorrem se o educando consegue vivenciar, direta ou indiretamente, os diversos saberes que lhes são ministrados em sala de aula. Os autores se referenciam nos principais teóricos da teoria da aprendizagem signi�cativa para apontar que o conhecimento só pode ser produzido em uma dinâmica de inter-relações entre o novo e o velho conhecimento. Tal entendimento vê-se con�rmado se nos lembrarmos de que as informações recebidas pela mente são processadas através de um sistema de comparações, analogias e sínteses (BRITO; CHAGAS, 2016, p. 81) Em outras palavras, embora as nossas convicções pessoais sejam sobre o mundo exterior, nós só temos acesso direto à nossa própria mente. Desse modo, mesmo que uma realidade social exista no mundo exterior, o que nós acessamos e produzimos é um pensamento sobre essa realidade. Corroborando tal ideia, Miguens (2009) postula que o nosso pensamento sobre a realidade externa, é um pensamento arbitrado, ajuizado e ajustado à nossa compreensão, e não a realidade de fato. Relacionando tal perspectiva teórica com o Ensino Religioso, Silva e Schirlo (2014) apontam a necessidade de compreender a dinâmica do Ensino Religioso em suas particularidades epistemológicas e pedagógicas. Nesse sentido, a prática docente deve: [...] valorizar a experiência do outro (do educando), proporcionando uma aprendizagem que se inicia em sala de aula, com o acervo experiencial da escola, e se expande para a comunidade, onde o fenômeno religioso se desdobra em valores sociais diversos, moldando caráter, pensamentos e práticas (BRITO; CHAGAS, 2016, p. 81 - 82). Com as discussões levantes até esta etapa, nós observamos que a aprendizagem signi�cativa seria um processo de apreensão de novos conhecimentos e a ressigni�cação daqueles já adquiridos a partir de uma interação entre os novos conhecimentos/experiências e aqueles pré-existentes, provocando mudanças profundas e produtivas na estrutura cognitiva do educando. Tais considerações teórico-pedagógicas permitem considerar que essa nova realidade conduz a uma variedade de sugestões de como os processos de ensino e de aprendizagem devem ser desenvolvidos, para atender às exigências impostas pela sociedade atual. Nesse sentido, Alarcão (2001) argumenta que os pro�ssionais da educação devem estar aptos para atuar na realidade escolar do século XXI, conscientes dos desa�os e das possibilidades da sua pro�ssão. Para o autor, é imprescindível vislumbrar uma “nova forma de estar na pro�ssão e de viver a pro�ssão assumindo que, perante a imprevisibilidade, a constante mudança e a exigência dos contextos de atuação, a formação ao longo da vida surge como imperativo inquestionável (ALARCÃO, 2001, p. 13). Para isso, é indispensável que o professor internalize diversos conhecimentos, com a �nalidade de desenvolver e/ou aprimorar suas habilidades. Nesse contexto, há uma preocupação mundial em relação à formação de professores, pois o desenvolvimento da capacidade pro�ssional que assegura as condições necessárias para exercer o magistério está vinculado aos saberes envolvidos nessa formação. Logo, é relevante que o educador esteja em constante atualização e, nesse sentido, gostaríamos de conversar um pouco agora sobre as metodologias ativas que têm se inserido com vigor no campo educacional. Você já ouviu falar neste conceito? Não se preocupe, se é um termo novo para você, re�etiremos sobre ele e abordaremos e algumas possibilidades de como fazer uso em sua prática docente. Metodologias ativas Conforme Moran (2000), a tecnologia traz hoje integração de todos os espaços e tempos. O processo de ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada que se mescla, hibridiza constantemente. De acordo com o autor, as instituições educacionais atentas às mudanças sociais escolhem essencialmente dois caminhos, um mais ameno e que aponta para mudanças progressivas, e outro que se relaciona à mudanças profundas. No caminho mais suave, o modelo curricular tradicional se mantém, mas privilegia-se o envolvimento maior do estudante por meio de metodologias ativas, como o ensino por projetos de forma mais interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended e a sala de aula invertida. Outras instituições adotam modelos distintos que redesenham o projeto educacional, os espaços físicos, as metodologias, baseadas em atividades, desa�os, problemas, jogos e onde cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e também aprende com os outros em grupos e projetos, com supervisão de professores orientadores. REFLITA Com as mudanças na sociedade, as formas de ensinar também sofreram alterações, tanto os professores como os alunos percebem que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas. É inevitável a pergunta: Para onde mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade interconectada? Fonte: MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000. Partindo dessa nova escola teórica, os métodos tradicionais que privilegiam a transmissão de informações pelos professores, deixam de fazer sentido com o acesso cada vez mais democratizado à informação. Valente (2012) compreende que podemos aprender em qualquer lugar, a qualquer momento, com a Internet e a divulgação aberta de muitos cursos e materiais. Para ele, isso é complexo, pois não temos modelos prévios bem sucedidos para aprender de forma �exível numa sociedade altamente conectada. A presença das tecnologias digitais de comunicação e educação (TDICs) no nosso dia a dia tem alterado visivelmente os meios de comunicação e como nos comunicamos. As possibilidades e o potencial que essas tecnologias oferecem para a comunicação são enormes. É possível vislumbrar mudanças substanciais nos processos comunicacionais, alterando a maneira como recebemos e acessamos a informação (VALENTE, 2014, p. 142). O autor lamenta que as
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