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Livro Digital - Didática e a Formação do Professor I

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10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 1/41
RETROSPECTIVA HISTÓRICA
DA EDUCAÇÃO
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender a Pedagogia como ciência da educação;
• compreender a Didática como a disciplina que estuda o processo de
ensino no seu conjunto;
• relacionar a evolução da Pedagogia e a Didática com a evolução da
própria educação;
• conhecer as principais contribuições da história grega, romana, do
período do cristianismo, e na atualidade com relação à Pedagogia e a
Didática;
• conhecer as contribuições de Comenius, Pestalozzi, Rousseau, Herbart,
Froebel, Dewey para a construção da disciplina de Didática;
• identi�car as duas grandes fases da Didática no Brasil;
• reconhecer as tendências pedagógicas e seus pensadores com seus
métodos;
• conhecer as contribuições de Piaget e Vygotsky para a Didática;
• conhecer a identidade do professor;
• reconhecer a necessidade da interação professor e aluno no processo
ensino e aprendizagem;
• reconhecer que motivação e incentivação são elementos essenciais
para uma aprendizagem e�caz.
Unidade 1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 2/41
Tópico 1
RETROSPECTIVA DA
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Tópico 2
EVOLUÇÃO E
CONCEITOS DA
DIDÁTICA
Tópico 3
A IDENTIDADE DOS
PROFESSORES
RETROSPECTIVA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Unidade 1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 3/41
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Estamos iniciando mais um Caderno de Estudos, e nele vamos
realizar uma viagem dentro da História da Educação, para melhor
compreendermos a Pedagogia e a Didática, através de recortes históricos, que nos
remeterá à Grécia, passando por Roma, chegando ao Brasil.
Este recorte histórico nos dará subsídios para abarcarmos conhecimentos que nos
farão perceber o surgimento e quais as mudanças ocorridas até hoje dentro da
Pedagogia e da Didática.
A�nal, quais são seus interesses e objetivos e qual é sua funcionalidade? Questões
como estas podem soar como de fácil compreensão, mas deixarei para você,
acadêmico, dar as respostas.
A cada linha deste caderno, você é convidado(a) a viajar, questionando e
construindo seus conceitos em relação à Pedagogia e à Didática. Será que elas
estão entrelaçadas?
Para isso vamos buscar, na História da Educação, contribuições para as respostas.
Preparado? Então vamos iniciar.
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA NUMA
RETROSPECTIVA
Para compreendermos a Pedagogia e a Didática, faz-se necessário uma retomada
na História da Educação, e compreendermos inicialmente o que a História da
Educação tem a ver com a História da Pedagogia.
Conforme Luzuriaga (1985, p. 1):
A história da educação é parte da história da cultura, tal como esta, por sua vez, é
parte da história geral. [...] Para nós, a história é o estudo da realidade humana ao
longo do tempo. Não é, pois, matéria apenas do passado, senão que o presente
também lhe pertence, como corte, ou secção, no desenvolvimento da vida humana.
Por outro lado, a história da cultura se refere antes aos produtos da mente do
homem, tais como se manifestam na arte, na técnica, na ciência, na moral ou na
religião e em suas instituições correspondentes. A educação é uma dessas
manifestações culturais; e também tem sua história.
Unidade 1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 4/41
Por este motivo, estaremos apresentando neste início de estudos, o signi�cado da
Educação e da Pedagogia. Assim, conseguiremos vislumbrar dentro da linha do
tempo a construção destes conceitos.
Buscamos em Luzuriaga, (1985, p. 1-2) o signi�cado destas duas palavras:
Por educação entendemos, antes do mais, a in�uência intencional e sistemática
sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas signi�ca
também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações jovens, com o
�m de conservar a transmitir a existência coletiva. A educação é, assim parte
integrante, essencial, da vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há
seres humanos sobre a terra. Por outro lado, a educação é componente tão
fundamental da cultura quanto à ciência, a arte ou a literatura. Sem a educação não
seria possível aquisição e transmissão da cultura, pois pela educação é que cultura
sobrevive no espírito humano. Cultura sem educação seria cultura morta. E esta é
também uma das funções essenciais da educação: fazer sobreviver a cultura através
dos séculos.
Como se pode observar, a educação visa à formação integral do ser humano que
está relacionada a cultura, já a Pedagogia, ainda conforme Luzuriaga (1985, p. 2):
Chamamos pedagogia à re�exão sistemática sobre educação. Pedagogia é a ciência
da educação: por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação
sem pedagogia, sem re�exão metódica, seria pura atividade mecânica, mera rotina.
Pedagogia é ciência do espírito e está intimamente relacionada com �loso�a,
psicologia, sociologia e outras disciplinas, posto não dependa delas, eis que é uma
ciência autônoma.
Educação e pedagogia estão como prática para teoria, realidade para ideal,
experiência para pensamento, não como entidades independentes, mas fundidas
em unidade indivisível, como o anverso e o reverso da moeda.
Desse modo, a pedagogia é vista como uma prática educativa, uma re�exão sobre
a práxis pedagógica, ou seja, “a ciência pedagógica não visa apenas a pesquisar e
conhecer a realidade educativa, mas a agir sobre ela, fecundando-a,
transformando-a”. (ARANHA, 2006, p. 34).
Podemos observar que a História da Educação e a História da Pedagogia estão
conectadas. Percebe-se isso claramente com a fala de Luzuriaga (1985, p. 3-4), que,
ao tratar da existência das duas, aponta o fato de “[...] a história da educação
principia com a vida do homem e da sociedade, a da pedagogia só começa com a
re�exão �losó�ca, isto é, com o pensamento helênico, principalmente com
SÓCRATES e PLATÃO”.
Unidade 1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 5/41
HELENISMO:
Em um sentido amplo, Helenismo refere-se à in�uência que a cultura
grega (helênica, de Hellas, ou Grécia) passou a ter no Oriente Próximo
(Mediterrâneo oriental: Síria, Egito, Palestina, chegando até a Pérsia e
Mesopotâmia) após a morte de Alexandre (323 a.C.) e em consequência de
suas conquistas.
Como um dos períodos em que se divide tradicionalmente a História da
Filoso�a, o Helenismo vai da morte de Aristóteles (322 a.C.), ao fechamento
das escolas pagãs de �loso�a no Império do Oriente pelo imperador
Justiniano (525 d.C.).
O período do Helenismo é marcado na Filoso�a pelo desenvolvimento das
escolas vinculadas a uma determinada tradição, destacando-se a Academia
de Platão, a Escola Aristotélica, a Escola Epicurista, a Escola Estoica, o
Ceticismo e o Pitagorismo. Nessa época houve uma tendência predominante
ao Ecletismo e muitos �lósofos sofreram a in�uência de diferentes escolas. O
principal centro de cultura do Helenismo foi Alexandria, no Egito. (JAPIASSÚ;
MARCONDES, 2001, p. 91).
SÓCRATES:
O pensamento do �lósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca uma
reviravolta na história humana. Até então, a Filoso�a procurava explicar o
mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser
humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o pensador
romano Cícero, coube ao grego "trazer a �loso�a do céu para a terra" e
concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação
de Sócrates era levar as pessoas,por meio do autoconhecimento, à
sabedoria e à prática do bem.
FONTE: Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mestre-busca-verdade-
423245.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.
PLATÃO:
Na história das ideias, o grego Platão (427-347 a.C.), foi o primeiro
pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu
tempo, mas principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e
política. O objetivo �nal da educação, para o �lósofo, era a formação do
homem moral, vivendo em um Estado justo. [...]. Para Platão, "toda virtude é
conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e
o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira – portanto, a
educação não pode se restringir aos anos de juventude. Educar é tão
Unidade 1 - Tópico 1 
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mestre-busca-verdade-423245.shtml
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 6/41
importante para uma ordem política baseada na justiça – como Platão
preconizava – que deveria ser tarefa de toda a sociedade.
FONTE: Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/formacao/primeiro-pedagogo-
423209.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.
Outro fator importante a ser salientado nesta in�uência grega é a palavra
pedagogo, que, na Grécia Antiga, seria o escravo que conduzia a criança à escola e
conforme Saviani (2008, p. 4):
É interessante observar que a passagem do grego para a língua latina deu origem a
“paedagogatus”, substantivo masculino da quarta declinação que signi�ca educação,
instrução; “paedagogus” e “paedagoga”, com o sentido de pedagogo, preceptor,
mestre, guia, aquele que conduz; [...]
Reconhecendo o sentido da palavra pedagogo, que nos remete a história da Grécia
Antiga, vamos buscar um recorte na História da Educação e conhecer um pouco
mais dos caminhos para a construção desta história Educacional e Pedagógica.
2.1 PEDAGOGIA GREGA
A Pedagogia teve sua raiz na Grécia “onde se começou primeiro a meditar sobre
educação”. (LUZURIAGA, 1985, p. 44). Podemos perceber que as ideias pedagógicas
também possuem sua base na Grécia.
Conforme Luzuriaga (1985, p. 44): “Não se trata ainda, é claro, de ciência
propriamente dita, mas de teoria de educação, valiosa em nossos dias”.
A educação grega tem sua fonte no que os gregos chamavam de Paidéia. Para
Jaeger (2001), Paideia era o:
Processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente
humana” na Grécia antiga. O termo também signi�ca a própria cultura construída a
partir da educação. Era este o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e
para sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado pelos
gregos, a Paideia combinava ethos (hábitos) que o �zessem ser digno e bom tanto
para o governante quanto para o governado. Não tinha como objetivo ensinar
ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paideia também pode ser encarada
como o legado deixado de uma geração para outra na sociedade.
Outra de�nição para Paideia seria de uma educação integral, que consistia na
integração entre a cultura da sociedade e a criação individual de outra cultura
Unidade 1 - Tópico 1 
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/primeiro-pedagogo-423209.shtml
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 7/41
numa in�uência recíproca. “Os gregos criaram uma pedagogia da e�ciência
individual e, concomitantemente, da liberdade e da convivência social e política”
(GADOTTI, 2001, p. 30).
Uma educação tão rica também estava permeada por divergências. A sociedade
grega era dominada por espartanos e atenienses. Para os espartanos,
predominava a educação moral, a ginástica, ambas submetidas ao poder do
Estado, já para os atenienses, “embora dessem enorme valor ao esporte, insistiam
mais na preparação teórica para o exercício da política. Platão chegou mesmo a
desenvolver um currículo para preparar seus alunos a serem reis”. (GADOTTI,
2001, p. 30). O mundo grego foi muito rico em algumas tendências pedagógicas:
1 A de Pitágoras pretendia realizar na vida humana a ordem que se via no universo,
a harmonia que a matemática demostrava.
2 A de Isócrates centrava no ato educativo não tanto na re�exão, como queria
Platão, mas na linguagem e na retórica.
3 A de Xenofontes foi a primeira a pensar na educação da mulher embora restrita
aos conhecimentos caseiros e de interesse do esposo. Partia da ideia da dignidade
humana, conforme ensinara Sócrates.
Mas, de longe, Sócrates, Platão, e Aristóteles exerceram a maior in�uência no mundo
grego.
Os gregos eram educados através dos textos de Homero, que ensinavam as virtudes
guerreiras, o cavalheirismo, o amor à glória, à honra, à força, à destreza e à valentia.
O ideal homérico era ser sempre o melhor e conservar-se superior aos outros
(GADOTTI, 2001, p. 30-31).
ARISTÓTELES:
De todos os grandes pensadores da Grécia antiga, Aristóteles (384-322
a.C.) foi o que mais in�uenciou a civilização ocidental. Até hoje o modo de
pensar e produzir conhecimento deve muito ao �lósofo. Foi ele o fundador
da ciência que �caria conhecida como lógica e suas conclusões nessa área
não tiveram contestação alguma até o século 17. Sua importância no campo
da educação também é grande, mas de modo indireto. Poucos de seus
textos especí�cos sobre o assunto chegaram a nossos dias. A contribuição
de Aristóteles para o ensino está principalmente em escritos sobre outros
temas.
FONTE: Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aristoteles-428110.shtml>.
Acesso em: 18 fev. 2016.
Unidade 1 - Tópico 1 
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aristoteles-428110.shtml
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 8/41
Nesse contexto, percebemos que a Paideia se refere também à cultura, a qual
determina os costumes, a maneira de pensar e de tratar os valores. Para isso,
buscamos em Abbagnano (2000, p. 225) mais informações relacionadas a este
conceito:
Esse termo tem dois signi�cados básicos. No primeiro e mais antigo, signi�ca a
formação do homem, sua melhoria e seu re�namento. No segundo signi�cado,
indica o produto dessa formação, ou seja, o conjunto dos modos de viver e de
pensar cultivados, civilizados, polidos, que também costumam ser indicados pelo
nome de civilização.
Ainda relacionado a esta de�nição, Paideia, temos através de Abbagnano (2000, p.
225) as seguintes palavras:
No signi�cado referente à formação da pessoa humana individual, essa palavra
corresponde, ainda hoje, ao que os gregos chamavam de Paideia e que os latinos, na
época de Cícero e Varrão, indicavam com a palavra humanitas: educação do homem
como tal, ou seja, educação devida às “boas artes” peculiares do homem, que o
distinguem de todos os outros animais.
Quando nos referimos a “boas artes”, adentramos na poesia, na eloquência, na
�loso�a: “as quais se atribuía valor essencial para aquilo que o homem é e deve
ser, portanto para a capacidade de formar o homem verdadeiro, na sua forma
genuína e perfeita. Para os gregos, nesse sentido foi a busca e a realização que o
homem faz de si” (ABBAGNANO, 2000, p. 225).
Cabe ressaltar que os so�stas são os principais representantes da Pedagogia
grega. Conforme Luzuriaga (1985, p. 44):
A principal característica dessa nascente pedagogia é claridade e transparência,
como sucede com quaisquer correntes tomadas na fonte. As ideias aparecem
expostas de forma essencial, elementar, isto é, em seus fundamentos. Daí seu valor
pedagógico, didático, clássico. Nela não existe, sem embargo, tratado sistemático,
unitário, como há na �loso�a e na política. As ideias pedagógicas dos gregos
aparecem intimamente unidas com essas ciências: mas delas se distinguem
claramente.
FIGURA 1 - PAIDEIA
Unidade1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 9/41
FONTE: Disponível em:
<http://atelierdeducadores.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html>. Acesso em: 28 dez.
2015.
Na Grécia Antiga, muitas foram as mudanças relacionadas à educação, as quais
in�uenciaram os países do ocidente através da organização dos estudos, tendo
como base, níveis de ensino, que iam do elementar ao superior. Não nos parece
familiar caro acadêmico?
Vejamos em Gadotti (2001, p. 31):
A escola primária destinava-se a ensinar os rudimentos: leitura do alfabeto, escrita e
cômputo. Os estudos secundários compreendiam a educação física, a artística, os
estudos literários e cientí�cos. A educação física compreendia principalmente a
corrida a pé, o salto em distância, o lançamento do disco e do dardo, a luta, o boxe, o
pancrácio e a ginástica. A educação artística incluía o desenho, o domínio
instrumental da lira, o canto e o coral, a música e a dança. Os estudos literários
compreendiam o estudo das obras clássicas, principalmente de Homero, a �lologia
(leitura, recitação e interpretação do texto), a gramática e os exercícios práticos de
redação. Os estudos cientí�cos apresentavam a matemática, a geometria, a
aritmética, a astronomia. No ensino superior prevalecia o estudo da retórica e da
�losó�ca. A retórica estudava as leis do bem falar, baseadas numa tríplice operação:
a) Procurar o que se vai dizer ou escrever.
b) Pôr em certa ordem as ideias assim encontradas.
c) Procurar os termos mais apropriados para exprimir essas ideias.
Unidade 1 - Tópico 1 
http://atelierdeducadores.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 10/41
Observe que a cada momento nos deparamos com muitas de nossas vivências,
experiências e buscas educacionais.
Partiremos agora para Roma! A educação romana também é de extremo interesse
para nossos estudos. Você perceberá por que motivo.
2.2 PEDAGOGIA ROMANA
Dentro da educação romana, observa-se que seu desenvolvimento ocorreu mais
tarde que a grega, mas as duas possuíam elementos semelhantes.
Para Luzuriaga (1985, p. 58): “Embora a cultura e a educação romanas se
desenvolvessem mais tarde que as gregas, ambas seguiram marchas semelhantes,
como parte do mesmo todo, que Toynbee e outros historiadores chamaram
“civilização helênica””.
Perceba, caro acadêmico, que a Grécia se encontrava em um estágio avançado nas
questões culturais e educacionais em relação a Roma.
Sendo assim, os romanos buscaram incorporar alguns elementos da cultura grega,
que não foi de maneira pací�ca, pois os romanos tinham como preocupação os
interesses voltados a questões políticas e militares.
No que diz respeito à educação na civilização romana, podemos salientar que a
presença feminina era forte, dando a ela o papel da educação dos �lhos até os
sete anos de idade para o menino, que após esta idade passava aos cuidados do
pai. À mãe cabia o cuidado com a educação das meninas, voltadas para os serviços
domésticos. Observa-se aqui, uma educação totalmente doméstica.
FIGURA 2 - A EDUCAÇÃO ROMANA
Unidade 1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 11/41
FONTE: Disponível em: <http://blocs.xtec.cat/ecologiaisostenibilitat/2014/05/31/lescola-
romana/>. Acesso em: 29 dez. 2015.
É interessante observarmos que os meninos eram preparados para servir Roma,
eram trabalhados, nestes jovens, suas habilidades para guerrear, eram
desenvolvidas através da educação, a necessidade de conhecer os grandes nomes
da história romana, tendo como exemplo seus grandes personagens e criando
nesses jovens o respeito e o amor a sua pátria.
A educação romana, assim como a grega, passou por várias fases, e podemos
salientar que após a presença da educação familiar na educação romana, sentiu-se
a necessidade de sair deste espaço com interesses meramente locais e passar a
ver em nível universal.
Neste momento, a educação passa a ter uma visão mais humanista – lembra o que
vimos anteriormente como conceito de Paideia? Assim, surge neste período, a
ideia de um homem voltado como ser humano, com o caráter como base de sua
formação. Surgem também a partir desta ideia, através de pensadores da época
exemplos de Pedagogia.
Dentro da Pedagogia romana, há pensadores que buscavam através da oratória,
elevar e levar orientações relacionadas à ética e a visão espiritual.
Vamos ver alguns destes pensadores? É interessante as formas como eles viam a
Pedagogia.
Unidade 1 - Tópico 1 
http://blocs.xtec.cat/ecologiaisostenibilitat/2014/05/31/lescola-romana/
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 12/41
Varrão (116-27 a.C.): este pensador tratou de assuntos relacionados à gramática,
dando ênfase à formação culta. Além deste movimento, adentrou na medicina,
música, direito e na área matemática.
Conforme Luzuriaga (1985, p. 65): “Este representa a transição da educação antiga
para a nova, helenística. Autor de obra famosa, “Disciplina em nove livros”, espécie
de enciclopédia didática, tratou especialmente da gramática e de seu ensino de
modo cientí�co”.
Cícero, Marco Túlio (106 -43 a.C.): foi o maior dos oradores e pensadores políticos
de sua época. Sua fonte era a �loso�a. Construiu também os alicerces do processo
educativo romano.
Luzuriaga, (1985, p. 65) a�rma que:
Representa o tipo mais ouro da humanitas, da Paideia, da cultura espiritual. Sua
�nalidade é, nesse sentido, a formação do estadista-orador, que não só deve
conhecer retórica, mas ainda �loso�a. O ideal está compreendido no Estado, mas o
estado não apenas nacional, senão também mundial.
Quintiliano, Marco Fábio (35-96 d.C.): foi famoso crítico literário e retórico.
Elaborou escritos que tratavam da formação cultural dos romanos da infância à
maturidade. Trata, nestes volumes, a educação fundamental, a alfabetização e não
utilização de castigos físicos às crianças.
Segundo Luzuriaga (1985, p. 66 - 67):
Para Quintiliano a educação começa na primeira infância, no seio da família. Nesta
educação doméstica deve-se pôr o máximo de cuidado no ambiente que rodeia a
criança aias e companhias ‘por que naturalmente conservamos o que aprendemos
nos primeiros anos, como as vasilhas novas o primeiro perfume do licor que
receberam’. Nesta primeira idade o menino há de aprender em forma de jogo “para
que não aborreça o estudo quem ainda não lhe tem afeição.
Sêneca, Lucius Annaeus (4 a.C. – 65 d.C.): sua preocupação estava voltada à mente
humana, a qual, para ele, era frágil e complexa. Sendo necessária a educação com
a presença de um mestre (professor ou pedagogo) para auxiliar esta criança ou
jovem a alcançar seus objetivos. Sêneca via a escola como um espaço que deveria
ensinar para a vida. A ética foi um de seus fundamentos.
Conforme Luzuriaga (1985, p. 65):
A educação tem um caráter ativo. [...] Sêneca realça também a necessidade de
conhecer a individualidade do educando e, portanto, o valor da psicologia para a
educação. Diz também que a educação retórica deve reduzir-se, em compensação,
Unidade 1 - Tópico 1 
10/09/2020 Livro Digital - Didática e a Formação do Professor
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/PED09_didatica_e_a_formacao_do_professor/unidade1.html?topico=1 13/41
ampliar-se a educação �losó�ca. Finalmente, exalta a importância do educador, ‘a
quem devemos apreciar como um dos nossos mais queridos e próximos familiares’.
Para maior aprofundamento de seus estudos, com relação aos
pensadores, indicamos os sites abaixo:
<http://www.arqnet.pt/portal/biogra�as/cicero.html>
<http://www.dec.ufcg.edu.br/biogra�as/MarcuTeV.html><http://www.dec.ufcg.edu.br/biogra�as/Quintili.html>
<http://www.�loso�a.com.br/bio_popup.php?id=66>.
Caro acadêmico! Podemos observar até o momento, que a educação vem sendo
modi�cada e adaptada às necessidades de cada povo. Podemos perceber que a
forma como a educação veio sendo desenvolvida, tanto gregos, como romanos,
nos deixaram um legado que cabe salientar alguns pontos. São eles: a democracia,
a cidadania, respeito às leis e ao Estado de direito, a coletividade, o patriotismo, a
educação, a ética e a presença da Pedagogia.
Alguns �lmes que podem auxiliar você no entendimento deste período
greco-romano:
FARAÓ 1964: Produção polonesa, com uma reconstituição belíssima da
época. Trata das disputas pelo poder entre as classes militares e religiosas,
120 min.
BEN-HUR 1959: História ambientada no início da Era Cristã, que conta com
as lutas de Ben-Hur para libertar Jerusalém do domínio romano, 211 min.
Você poderá encontrar estes �lmes no YouTube.
Seguindo nossa linha do tempo, vamos agora para a educação cristã, que nos
remeterá a alguns padres que buscaram através da doutrina da Igreja, criar novas
formas de educação.
Unidade 1 - Tópico 1 
http://www.arqnet.pt/portal/biografias/cicero.html
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MarcuTeV.html
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Quintili.html
http://www.filosofia.com.br/bio_popup.php?id=66
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2.3 O CRISTIANISMO E O IDEAL EDUCACIONAL
O ponto de partida para os trabalhos da educação junto aos povos europeus na
Idade Média teve seu desenvolvimento com a presença da Igreja Cristã, pois “por
ocasião da invasão dos bárbaros, a cultura greco-romana esteve a ponto de ser
destruída, o que não aconteceu graças, em grande parte, à atuação da Igreja
Cristã, pois somente através da religião foi possível educar os novos povos”
(PILETTI, 1987, p. 82).
É importante salientar que durante o domínio da Igreja, a concepção de educação
que predominava era a que “se opunha ao conceito liberal e individualista dos
gregos e ao conceito de educação prática e social dos romanos” (PILETTI, 1987, p.
82). Neste período do domínio da Igreja, o que predominou como educação foi o
apego aos aspectos morais e não intelectuais do homem.
Podemos apresentar dentro deste período os primeiros educadores e
pedagogistas cristãos, sendo que quase todos os padres eram educadores. Entre
os primeiros educadores podemos citar um dos maiores, Santo Agostinho. (354-
430).
Santo Agostinho: esse foi o “maior dos Padres da Igreja e um dos pensadores mais
importantes de todos os tempos” (LUZURIAGA, 1985, p. 75).
FIGURA 3 - SANTO AGOSTINHO
Unidade 1 - Tópico 1 
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FONTE: Disponível em: <http://www.fabricadeimagemsjt.com.br/tag/santo-agostinho/>.
Acesso em: 5 jan. 2016.
Ele escreveu muitas obras, das quais se destacam, de acordo com Luzuriaga (1985,
p. 76):
“Con�ssões”, autobiogra�a da juventude, de grande valor psicológico; “A Cidade de
Deus”, a primeira �loso�a da história e que teria enorme repercussão no futuro; e o
pequeno tratado “O Mestre” no qual expõe ao �lho suas ideias sobre educação.
Deve-se também contar entre suas obras didáticas, o tratado “Da Ordem”, em que
explica sua concepção da educação integral humanística.
Saviani (2008, p. 5) nos apresenta que Santo Agostinho em sua obra “De magistro”,
escrita em 389, retrata um diálogo com seu �lho Adeodato, no qual, dava ao �lho
as coordenadas ou uma educação não voltada somente às verdades divinas, mas
também humanas.
Para Saviani, (2008, p. 5), “Evidencia-se, portanto, que, mesmo não lançando mão,
em momento algum, do termo “pedagogia”, a problemática pedagógica está no
Unidade 1 - Tópico 1 
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centro da análise empreendida por Santo Agostinho”.
Outra personalidade, já no período da Pedagogia medieval, era São Tomás de
Aquino, que conforme Saviani (2008, p. 5-6) diz que:
Essa mesma problemática é retomada por Santo Tomás de Aquino, quase nove
séculos mais, igualmente sem recorrer, em momento algum, ao termo “pedagogia”.
Em obra homônima, Santo Tomás parte exatamente da re�exão de Santo Agostinho
para concluir que o ensino comporta uma ‘dupla matéria, cujo sinal é o duplo ato
cumulado pelo ensino. Pois, uma das suas matérias é aquilo mesmo que se ensina;
outra, a pessoa a quem se comunica a ciência’.
Passando por Santo Tomás de Aquino, nos encontramos no período renascentista.
A Renascença, conforme Luzuriaga (1985, p. 93):
A Renascença não é apenas movimento erudito ou literário, antes é nova forma de
vida, nova concepção do homem e do mundo, baseada na personalidade humana
livre e na realidade presente. A Renascença rompe com a visão ascética e triste da
vida, característica da Idade Média, e dá lugar a uma nova concepção humana,
risonha e prazenteira da existência.
Podemos dizer que a pedagogia dentro da Renascença, signi�cou, conforme
Luzuriaga (1985), o descobrimento de um novo homem, livre e com personalidade,
respeitando suas concepções políticas ou religiosas; a escola humanista foi criada
através dos conhecimentos gregos e romanos; os estudos passaram a ser mais
leves, voltados ao espírito de liberdade e de crítica, buscando a aquisição de
conhecimentos voltados às áreas literárias, linguísticas, realistas e cientí�cas.
Dentro ainda do período Renascentista encontramos a Reforma Religiosa,
conhecida como período REFORMA ou REFORMA PROTESTANTE. Na Pedagogia da
religião reformada encontramos muitos educadores e pedagogistas. Entre eles,
temos um de grande destaque:
Lutero, Martinho (1483-1546): para ele, a educação estaria sendo melhor
aproveitada fosse desvencilhada dos dogmas da igreja e passassem a ser
dependentes do Estado. Assim sendo: “o ensino poderia atingir todo o povo,
nobres e plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas” (PILETTI, 1987, p. 106).
FIGURA 4 - MARTINHO LUTERO
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FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biogra�a-de-martinho-lutero/>.
Acesso em: 5 jan. 2016.
Cabe ressaltar, caro acadêmico, que Lutero buscava informar que ao Estado
“caberia tornar a frequência “a escola obrigatória” e cuidar para que todos os seus
súditos cumprissem a obrigatoriedade de enviar seus �lhos à escola” (PILETTI,
1987, p. 106).
A principal obra de Lutero, porém, “foi à tradução da Bíblia para o alemão, idioma
que por isso se impôs pouco a pouco a todas as escolas” (LUZURIAGA, 1985, p.
115).
A Igreja Católica vendo todo este movimento, relacionado também às reformas
educacionais, e com a perda de �éis, busca ações dentro da própria igreja com a
CONTRARREFORMA, que foi a convocação do Concílio de Trento, no ano de 1546.
Conforme Santiago (2016), no site Info-escola:
Concílio de Trento é o nome de uma reunião de cunho religioso (tecnicamente
denominado concílio ecumênico) convocada pelo papa Paulo III em 1546 na cidade
de Trento, na área do Tirol italiano. Com o surgimento e consequente expansão
do protestantismo profundas modi�cações atingiram a Igreja Católica. Uma reação a
tal expansão, vulgarmente denominada "Contrarreforma" foi guiada pelos papas
Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, buscando combater a
expansão da Reforma Protestante. Além da reorganização de várias comunidades
religiosas já existentes, outras foram criadas, dentre as quais a Companhia de Jesus
ou Ordem dos Jesuítas, tendo comofundador Santo Inácio de Loyola.
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Caro acadêmico! Até o momento tomamos conhecimento de parte da caminhada
realizada pela educação e pela Pedagogia. Podemos perceber que adentramos
pela Filoso�a, é verdade, mas tornou-se necessário para entendimento do conceito
de Pedagogia.
Dentro desta linha do tempo, nos deparamos com muitas situações que ocorrem
ainda hoje, que nos dão base ao que buscamos dentro da educação e da
Pedagogia. Algumas delas podemos citar: a necessidade e cuidado com a
educação dos �lhos; dar a alfabetização, o amparo necessário para o
desenvolvimento da criança.
Além da educação humanista, a ciência passa a ter presença fundamental nesta
caminhada, principalmente com a presença do pensamento positivista dos
�lósofos Francis Bacon, Galileu Galilei e René Descartes. Os três pensadores que
contribuíram para o incremento da ciência moderna.
Para melhor compreensão, logo abaixo se encontra breve histórico dos
conhecimentos deixados por estes três pensadores.
Francis Bacon (1561-1626), Galileu Galilei (1564-1642) e René Descartes foram os
três pensadores que contribuíram de maneira toda especial para o
desenvolvimento da ciência moderna, independente da autoridade eclesiástica e
construída a partir da observação e do estudo experimental da natureza. Ao
método dedutivo, em que todos os conhecimentos particulares são derivados
dedutivamente, a partir das verdades universais e absolutas, pré-estabelecidas
pela autoridade, Bacon opôs o método indutivo, através do qual, pela observação
e estudo de fatos particulares, podemos chegar a conhecimentos e verdades mais
gerais. O método indutivo tornou-se a mola mestra da ciência moderna.
Para Galileu, o verdadeiro cientista é aquele que observa diretamente o mundo da
natureza, ao invés de limitar-se a consultar os textos aristotélicos e bíblicos. É
próprio de mentes vulgares, tímidas e servis preferir dirigir os olhos a um mundo
de papel em lugar de orientá-los para o verdadeiro e real mundo da natureza,
fabricado por Deus. Só a experiência permite-nos ler e interpretar o livro da
natureza. E a experiência não engana. A ordem do Universo é uma ordem
matemática, expressa através de triângulos, círculos e outras �guras geométricas.
A contribuição de Descartes para a mudança de atitude frente ao conhecimento
também é grande. Basta observarmos as quatro regras que estabeleceu em seu
Discurso do Método, para que tenhamos uma ideia de sua contribuição para o
desenvolvimento da ciência:
1º Nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que não se conheça como
evidente, e só admitir juízos compostos de ideias claras e distintas.
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2º Dividir cada uma das di�culdades em tantas partes quantas for possível e
necessário para sua mais fácil solução.
3º Conduzir por ordem os conhecimentos, começando pelos mais simples e fáceis
para chegar, depois, pouco a pouco, aos mais complexos.
4º Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que se possa ter
segurança de nada haver omitido.
Embora mais orientadas ao desenvolvimento da ciência, as contribuições de
Bacon, Galileu e Descartes tiveram repercussões na educação. Esta, a partir de
então, passou a dar mais ênfase ao método indutivo, através do qual o próprio
aluno chega à descoberta do conhecimento, ao estudo da natureza e a preocupar-
se com a sistematização dos procedimentos didáticos. Seria preciso estudar e
aprender de forma cientí�ca, segundo métodos bem planejados.
FONTE: Piletti e Piletti (1987)
Para que você, acadêmico, tenha um maior entendimento deste período,
deixamos a sugestão do �lme:
As profecias de Nostradamus: ele foi médico, pesquisador e é retratado
neste �lme o con�ito existente entre a tradição e o novo modelo de ciência e
de pesquisa apresentada por Nostradamus.
Caro acadêmico, observamos, até o momento, os caminhos seguidos pela
Educação e a Pedagogia. Cabe salientar que conforme Saviani (2008, p. 6):
Foi a partir do século XIX que tendeu a se generalizar a utilização do termo
“pedagogia” para designar a conexão entre a elaboração consciente da ideia da
educação e o fazer consciente do processo educativo, o que ocorreu mais
fortemente nas línguas germânicas e latinas do que nas línguas anglo-saxônicas. E
esse fenômeno esteve fortemente associado ao problema da formação de
professores. A necessidade da formação docente já fora preconizada por Comenius,
no século XVII, e o primeiro estabelecimento de ensino destinado à formação de
professores teria sido instituído por São João Batista de La Salle, em 1684, em Reims,
com o nome de “Seminário dos Mestres”.
Com esta fala de Saviani (2008) podemos perceber que surge entre os grandes
educadores e pedagogistas, no século XVII, João Amós Comenius. Esse educador e
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pedagogista, conheceremos melhor nas próximas páginas, tratando diretamente
da Didática.
Tratando-se de Pedagogia, é a partir de século XIX que se viu a “necessidade de
universalizar a instrução elementar e desta forma, buscou-se a organização dos
sistemas nacionais de ensino” (SAVIANI, 2008, p. 8). Nesta busca pela organização
dos sistemas de ensino, vamos nos ater à pedagogia na atualidade.
2.4 CONCEITO DE PEDAGOGIA NA ATUALIDADE
Com o passar dos anos, já no século XX, nos deparamos com diversas perguntas,
muitas respondidas, outras que ainda hoje nos deixam com dúvidas relacionadas
ao que é Pedagogia.
Relacionado a esta pergunta, podemos buscar na fala de Saviani (2008, p.135)
prováveis respostas.
Se, para responder à questão formulada sobre o que devemos entender por
pedagogia, recorrermos aos livros que tratam do assunto, é possível que nossa
perplexidade aumente ainda mais. As conceituações multiplicam-se, o pedagógico
desdobra-se em múltiplos enfoques e a esperada uni�cação das perspectivas se
desfaz. Há os que de�nem a pedagogia como sendo a ciência da educação. Outros
negam-lhe caráter cientí�co, considerando-a predominantemente como arte de
educar. Para alguns ela é antes técnica do que arte, enquanto outros a assimilam à
�loso�a ou à história da educação, não deixando de haver, até mesmo, quem a
considere como teologia da educação.
Segue Saviani (2008, p. 135):
Outra forma de entender a pedagogia é dada pelo termo “teoria”, de�nindo-a como
teoria da educação. Mas, há, também, de�nições combinadas como ciência de arte
de educar, ciência de caráter �losó�co que estuda a educação apoiada em ciências
auxiliares, e teoria e prática da educação.
No entanto, um exame mesmo que super�cial das diversas e, múltiplas
caracterizações do termo “pedagogia” permite perceber que, para lá da diversidade,
há um ponto comum: todas elas trazem uma referência explícita à educação.
Perante as apresentações de Saviani, percebe-se que a pedagogia está em sua
caminhada sendo observada, analisada e estruturada de diversas maneiras. Não
podemos a�rmar que exista um consenso entre os estudiosos, mas abrem-se
possibilidades de a cada momento, surgirem novas conceituações.
De�nir Pedagogia acreditamos que seja difícil, pois assim, estaríamos engessando
todo um processo educativo, e não é essa a intenção.
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Tendo isso em vista, Saviani (2008, p. 141) compreendeu pedagogia como:
De qualquer modo, não deixa de ser auspicioso constatarum claro reconhecimento,
pelo menos em algumas esferas, como �ui do livro de Genovesi, de que o caráter da
pedagogia como ciência da educação tende a se de�nir de forma mais precisa,
obtendo em consequência, aceitação no universo cientí�co.
Com efeito, mesmo nos casos em que se procura articular a educação e a pedagogia
no contexto dos chamados novos paradigmas que vieram a obter grande circulação
a partir da década de 90 do século XX, o estatuto cientí�co da pedagogia é admitido
sem restrições. É o que se pode constatar na obra Manuale di pedagogia generale,
de Franco Frabboni e Franca Pinto Minerva. Frabboni chega mesmo a considerar, em
outro livro denominado Manual de Didática Geral, que o século XX foi o século da
pedagogia, em que esta se constitui em ciência. E, na esteira dessa constatação
animadora, acaba por prognosticar que o século XXI será o século da didática que
atingirá, também, o próprio estatuto de cienti�cidade.
Frente a estas colocações, compreende-se que a Pedagogia possui um caráter
cientí�co, fazendo com que ela possua ligação direta com a educação e tendo uma
posição importante dentro do processo da História da Educação. Podemos abarcar
que a Pedagogia é considerada uma ciência, que está articulada com a História da
Educação, a Sociologia, a Psicologia, a Filoso�a, e demais ciências da educação.
Caro acadêmico! Esperamos que tenha obtido uma resposta a nosso
questionamento, percebendo perante tudo o que foi estudado até o momento,
dentro desta linha do tempo, que a História da Educação está contida na
Pedagogia, como a Pedagogia está contida na História da Educação e nas demais
ciências da educação. Estamos dentro deste recorte histórico, construindo mais
etapas para que a Pedagogia continue transformando-se e buscando novas
possibilidades de mudança dentro da sociedade e do mundo globalizado em que
estamos inseridos.
Cabe a cada um de nós, o posicionamento nesta caminhada e o desenvolvimento
de novas alternativas educativas, pois Imbernón (2000, p. 17) diz:
[...] quando se buscam alternativas para o futuro, não há outra saída a não ser
relembrar um passado que, embora seja objeto de interpretação pessoal, em parte
podemos a�rmar que é um ato constatável, sobretudo nos aspectos que continuam
vigentes e que se podem recuperar, modi�car ou refutar. Não esqueçamos que o
nosso passado foi o futuro (incerto e sempre diferente de como o imaginamos) de
outras pessoas. O futuro vai sendo construído com peças do passado e do presente.
Desta forma, é preciso buscar no passado possíveis caminhos para que em nosso
futuro tenhamos maiores oportunidades, e estando no presente, fazer com que
cada atitude, ação, busca, nos remeta a passos que no futuro serão responsáveis
pela implementação e desenvolvimento da educação num todo.
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Seguindo nossa caminhada histórica, vamos dar segmento aos nossos estudos,
tratando sobre as tendências pedagógicas.
3 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Quando falamos em Pedagogia, a temos com o status de ciência da educação.
Nesta perspectiva, vamos adentrar neste espaço e conhecer as tendências
pedagógicas que perpassaram e perpassam a educação, enquanto futuros
professores e professoras.
É sabido que com a evolução da humanidade, tudo evolui, seja econômica e
socialmente e não seria diferente com a educação.
Na Pedagogia, encontramos várias tendências pedagógicas, as quais estão
envolvidas com as práticas escolares. Quando falamos em prática escolar,
podemos considerar como:
[...] na concretização das condições que asseguram a realização do trabalho docente.
Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”, já que a escola
cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade concreta que, por sua vez,
apresenta-se como constituída por classes com interesses antagônicos (LIBÂNEO,
1990, p. 19)
Desta forma podemos compreender que a prática escolar está envolta por
diversos mecanismos que fomentam a formação do homem, sociedade e da
educação como um todo. Conforme Libâneo (1990, p. 19):
A prática escolar, assim, tem atrás de si condicionantes sociopolíticos que
con�guram diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente,
diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relação professor-
aluno, técnicas pedagógicas etc.
Para tanto, as tendências pedagógicas vêm carregadas destes pressupostos, cada
qual trazendo sua concepção com relação a cada �gura relacionada à educação.
Traremos a partir deste momento uma classi�cação pedagógica, a qual possui
uma relação sociopolítica. Para Libâneo (1990, p. 21) as tendências pedagógicas
foram classi�cadas em liberais e progressistas. Segue um diagrama para melhor
entendimento:
FIGURA 5 - DIAGRAMA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
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FONTE: As autoras
Cada uma destas tendências será apresentada a seguir, dando assim uma ideia a
você, acadêmico, de como cada uma delas se posiciona com relação ao professor,
ao aluno, aos métodos e o papel da escola.
Você poderá realizar uma re�exão, durante a leitura, sobre como foi sua
preparação enquanto aluno das séries iniciais e �nais e como você se vê dentro
destas tendências.
Estaremos nos utilizando das ideias de Libâneo para melhor entendimento de
cada tendência pedagógica.
3.1 PEDAGOGIA LIBERAL
A Pedagogia Liberal tem como doutrina:
[...] defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais na
sociedade, estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade
privada dos meios de produção, também denominada “sociedade de classes”. A
pedagogia Liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade
(LIBÂNEO, 1990. p. 21)
Cabe ressaltar que a Pedagogia Liberal possui como base o sistema capitalista,
repassando à escola o papel de “preparar os indivíduos para o desempenho de
papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais” (LIBÂNEO, 1990, p. 21). O
indivíduo precisa adaptar-se às normas vigentes da sociedade.
Junto à Pedagogia Liberal está inserida a Tendência Tradicional.
3.1.1 Tendência Tradicional
A Tendência Tradicional possui grande in�uência ainda na atualidade, pois consiste
em preparar os alunos para terem uma posição junto à sociedade. Para a escola
�ca a função do repasse dos conteúdos, e ao aluno �ca a obrigatoriedade de se
esforçarem para obter o conhecimento necessário para seu crescimento.
Cabe salientar que se o aluno não conseguir acompanhar os estudos, esse deve ir
em busca de uma escola onde tenha ensino pro�ssionalizante.
Observa-se que todos recebem o conhecimento, mas não existe a preocupação
em reconhecer que cada um possui seu momento de aprender. Nessa tendência,
os conteúdos de ensino estão abarcados “nos conhecimentos e valores sociais
acumulados pelas gerações adultas e repassadas ao aluno como verdades”
(LIBÂNEO, 1990, p. 23-24).
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No que tange ao relacionamento professor e aluno, ocorre a predominância da
autoridade do professor, o qual “ exige atitude receptiva dos alunos e impede
qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula” (LIBÂNEO, 1990, p. 24). A
atenção e o silêncio são a base para que o aluno seja disciplinado e obtenha êxito
na absorção dos conhecimentos.
O método utilizado pelo professor é verbal, a “ênfase nos exercícios, na repetição
de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar
hábitos” (LIBÂNEO, 1990, p. 24). A “decoreba” faz-se presente nessa tendência
pedagógica, em muitos casos, ainda hoje. A preocupação com a construção do
conhecimentonão é levada como base, estuda-se para a prova e para tirar boas
notas.
FIGURA 6 - TENDÊNCIA TRADICIONAL
FONTE: Disponível em: <http://blogtresalunas.blogspot.com.br/2011/10/caracteristicas-
educacao-tra�cional.html>. Acesso em: 28 fev. 2016.
Conforme Libâneo (1990 p. 24-25):
A aprendizagem é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequentemente à
coação. A retenção do material ensinado é garantida pela repetição de exercícios
sistemáticos e recapitulação da matéria. A transferência da aprendizagem depende
do treino. [...]
É interessante observar que a preocupação com as avaliações está restrita aos
exercícios, provas, e trabalhos de casa. E se não obtiver êxito nestas avaliações, o
aluno é punido com notas baixas, em muitos casos, o professor verbaliza perante
os demais alunos a fragilidade no que tange à construção do conhecimento do
aluno. E quando positiva, classi�ca-o, dando ênfase ao fator numérico e não à
construção de conhecimento.
Na atualidade, a Tendência Tradicional ainda persiste. Está atuante na sociedade
através de algumas “escolas religiosas ou leigas que adotam uma orientação
clássico-humanista ou uma orientação humano-cientí�ca, sendo que esta se
aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa história educacional”
(LIBÂNEO, 1990, p. 25).
3.1.2 Tendência Liberal Renovada Progressista
Na Tendência Liberal Renovada Progressista, o papel da escola �ca compreendido
em “adequar as necessidades individuais ao meio social, e para isso, ela deve se
organizar de forma a retratar, o quanto é possível, a vida” (LIBÂNEO, 1990, p. 25)
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Aqui o interesse dos alunos está em primeiro lugar, ocorrendo a integração
através de experiências cotidianas.
Para a escola �ca a responsabilidade de “permitir ao aluno educar-se, num
processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre
estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente” (LIBÂNEO, 1990, p.
25).
Com relação aos conteúdos de ensino, nesta tendência, observa-se uma inversão
com relação à Tendência Tradicional. Conforme Libâneo (1990, p. 25):
Como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades, os
conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experiências que o sujeito
vivencia frente a desa�os cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto,
muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos
organizados racionalmente. Trata-se de “aprender a aprender”, ou seja, é mais
importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito.
Passaremos a compreender melhor com os educadores que buscaram através de
seus métodos aprimorarem essa tendência. Entre eles encontramos Maria
Montessori. Seu método é assim apresentado:
FIGURA 7 - MARIA MONTESSORI
FONTE: Disponível em: <http://www.ecole-montessori-internationale-rueil.com/en/maria-
montessori-2/>. Acesso em: 11 jan. 2016.
O QUE É O MÉTODO MONTESSORI DE ENSINO?
Método Montessori é o nome que se dá ao conjunto de teorias, práticas e
materiais didáticos, criado ou idealizado inicialmente por Maria Montessori. De
acordo com sua criadora, o ponto mais importante do método é, não tanto seu
material ou sua prática, mas a possibilidade criada pela utilização dele de se
libertar a verdadeira natureza do indivíduo, para que esta possa ser observada,
compreendida, e para que a educação se desenvolva com base na evolução da
criança, e não o contrário.
Montessori escreveu que o desenvolvimento se dá em “períodos sensíveis”, de
forma que em cada época da vida predominam certas características e
sensibilidades especí�cas. Sem deixar de considerar o que há de individual em
cada criança, Montessori pode traçar per�s gerais de comportamento e de
possibilidades de aprendizado para cada faixa etária, com base em anos de
observação.
Unidade 1 - Tópico 1 
http://www.ecole-montessori-internationale-rueil.com/en/maria-montessori-2/
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A compreensão mais completa do desenvolvimento permite a utilização dos
recursos mais adequados a cada fase e, claro, a cada criança em seu momento, já
que as fases não são estanques e nem têm datas exatas para começar e terminar.
Dando suporte a todo o resto, os seis pilares educacionais de Montessori são:
• Autoeducação.
• Educação como Ciência.
• Educação Cósmica.
• Ambiente Preparado.
• Adulto Preparado.
• Criança Equilibrada.
Autoeducação é a capacidade inata da criança para aprender. Por desejar absorver
todo o mundo à sua volta e compreendê-lo, a criança o explora, investiga e
pesquisa. O método Montessori proporciona o ambiente adequado e os materiais
mais interessantes para que a criança possa se desenvolver por seus próprios
esforços, no seu ritmo e seguindo seus interesses.
Educação Cósmica é a melhor forma de auxiliar a criança a compreender o
mundo. De acordo com este princípio, o educador deve levar o conhecimento à
criança de forma organizada – cosmos signi�ca ordem, em oposição a caos –,
estimulando sua imaginação e evidenciando que tudo no universo tem sua tarefa
e que o ser humano deve ser consciente de seu papel na manutenção e melhora
do mundo.
Educação como ciência é a maneira de compreender a criança e o fenômeno
educativo de acordo com Montessori, e defendida pela ciência de hoje. Em
Montessori, o professor utiliza o método cientí�co de observações, hipóteses e
teorias para entender a melhor forma de ensinar cada criança e para veri�car a
e�cácia de seu trabalho no dia a dia.
Ambiente preparado é o local onde a criança desenvolve sua autonomia e
compreende sua liberdade em escolas e lares montessorianos. O ambiente
preparado é construído para a criança, atendendo às suas necessidades biológicas
e psicológicas. Em ambientes preparados encontram-se mobília de tamanho
adequado e materiais de desenvolvimento para a livre utilização da criança.
Adulto Preparado é o nome que damos, em Montessori, para o pro�ssional que
auxilia a criança em seu desenvolvimento completo. Esse adulto deve conhecer
Unidade 1 - Tópico 1 
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cienti�camente as fases do desenvolvimento infantil e, por meio da observação e
do domínio de ferramentas educativas de e�ciência comprovada, guiar a criança
em seu desabrochar, de forma que este se dê nas melhores condições possíveis.
Criança equilibrada é qualquer criança em seu desenvolvimento natural. Por meio
da utilização correta do ambiente e da ajuda do adulto preparado, as crianças
expressam características que lhes são inatas. Entre outras, encontram-se o amor
pelo silêncio, pelo trabalho e pela ordem. Todas as crianças nascem com estas
características e as desenvolvem melhor entre zero e seis anos.
Todos os princípios do método Montessori devem funcionar em união, para que a
criança se desenvolva de forma completa e equilibrada. É necessário compreender
a criança para identi�car nela os sinais da e�ciência daquilo que lhe está sendo
oferecido. De acordo com Montessori, “uma das provas da correção do processo
educacional é a felicidade da criança”.
O método Montessori tem sido utilizado em escolas por todo o mundo, desde o
berçário até o Ensino Médio. Além disso, aplica-se Montessori em escolas
especiais, clínicas de psicopedagogia e lares mundo afora. Clínicas de repouso
aproveitam características do método montessoriano para o tratamento de
demência e Alzheimer e iniciativas empresariais aplicam princípios do método
para o melhor desenvolvimento de seus negócios.FONTE: Disponível em: <http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/05/o-que-
e-o-metodo-montessori-de-ensino>. Acesso em: 11 jan. 2016.
Decroly traz seu método do centro de interesses. Veja como é interessante este
método. Depois discutiremos sobre ele.
FIGURA 8 – OVIDE DECROLY
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-decroly-
307894.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.
OVIDE DECROLY
Decroly foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na
possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a
aprender. Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aula e
coincidem com propostas pedagógicas difundidas atualmente. É o caso da ideia de
globalização de conhecimentos – que inclui o chamado método global de
alfabetização e dos centros de interesse. 
Unidade 1 - Tópico 1 
http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/05/o-que-e-o-metodo-montessori-de-ensino
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O princípio de globalização de Decroly se baseia na ideia de que as crianças
apreendem o mundo com base em uma visão do todo, que posteriormente pode
se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à ordem. O modo mais adequado
de aprender a ler, portanto, teria seu início nas atividades de associação de
signi�cados, de discursos completos, e não do conhecimento isolado de sílabas e
letras. "Decroly lança a ideia do caráter global da vida intelectual, o princípio de
que um conhecimento evoca outro e assim sucessivamente", diz Marisa Del
Cioppo Elias, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. 
Os centros de interesse são grupos de aprendizado organizados segundo faixas de
idade dos estudantes. Eles também foram concebidos com base nas etapas da
evolução neurológica infantil e na convicção de que as crianças entram na escola
dotadas de condições biológicas su�cientes para procurar e desenvolver os
conhecimentos de seu interesse. "A criança tem espírito de observação; basta não
o matar", escreveu Decroly. 
Necessidade e interesse
O conceito de interesse é fundamental no pensamento de Decroly. Segundo ele, a
necessidade gera o interesse e só este leva ao conhecimento. Fortemente
in�uenciado pelas ideias sobre a natureza intrínseca do ser humano preconizadas
por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Decroly atribuía às necessidades básicas a
determinação da vida intelectual. Para ele, as quatro necessidades humanas
principais são comer, abrigar-se, defender-se e produzir. 
A trajetória intelectual e pro�ssional de Decroly se assemelha a da contemporânea
Maria Montessori (1870-1952). Como a italiana, o educador belga se formou em
medicina. Encaminhando- se para a neurologia, também como ela trabalhou com
de�cientes mentais, criou métodos baseados na observação e aplicou-os à
educação de crianças consideradas "normais". Ambos acreditavam que o ensino
deveria se aproveitar das aptidões naturais de cada faixa etária. 
Mas, ao contrário de Montessori, cujo método previa o atendimento individual na
sala de aula, Decroly preferia o trabalho em grupos, uma vez que a escola, para
ele, deveria preparar para o convívio em sociedade. Outra diferença é que a escola
montessoriana recebe as crianças em ambientes preparados para tornar
produtivos os impulsos naturais dos alunos, enquanto a escola o�cina de Decroly
trabalha com elementos reais, saídos do dia a dia. 
Os métodos e as atividades propostos pelo educador têm por objetivo,
fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a
expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no
processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela
Unidade 1 - Tópico 1 
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observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz
com que a criança externe e compartilhe o que aprendeu.
Linguagens múltiplas
No campo da expressão, Decroly dedicou cuidadosa atenção à questão da
linguagem. Para ele, não só a palavra é meio de expressão, mas também, entre
outros, o corpo, o desenho, a construção e a arte. 
Com a ampliação do conceito de linguagem, que a linguística viria a corroborar,
Decroly pretendia dissociar a ideia de inteligência da capacidade de dominar a
linguagem convencional, valorizando expressões "concretas" como os trabalhos
manuais, os esportes e os desenhos.
Escolas que são o�cinas
A marca principal da escola decroliana são os centros de interesse, nos quais os
alunos escolhem o que querem aprender. São eles também que constroem o
próprio currículo, segundo sua curiosidade e sem a separação tradicional entre as
disciplinas. "Hoje se fala tanto em interdisciplinaridade e projetos didáticos. Isso
nada mais é do que os centros de interesse", diz a professora Marisa del Cioppo
Elias. Os planos de estudo dos centros de interesse podem surgir, entre as
crianças menores, das questões mais corriqueiras.
FONTE: Disponível em:
<http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-decroly-
307894.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.
Outro educador que permeia esta tendência é John Dewey, o qual apresenta o
método de projetos. Esse método é muito utilizado na atualidade. Veri�que sua
aplicabilidade.
FIGURA 9 – JOHN DEWEY
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-dewey-
307892.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.
JOHN DEWEY
Quantas vezes você já ouviu falar na necessidade de valorizar a capacidade de
pensar dos alunos? De prepará-los para questionar a realidade? De unir teoria e
prática? De problematizar? Se você se preocupa com essas questões, já esbarrou,
mesmo sem saber, em algumas das concepções de John Dewey, �lósofo norte-
americano que in�uenciou educadores de várias partes do mundo. No Brasil
Unidade 1 - Tópico 1 
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-decroly-307894.shtml
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-dewey-307892.shtml
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inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, ao colocar a
atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da educação. 
Dewey é o nome mais célebre da corrente �losó�ca que �cou conhecida como
pragmatismo, embora ele preferisse o nome instrumentalismo - uma vez que,
para essa escola de pensamento, as ideias só têm importância desde que sirvam
de instrumento para a resolução de problemas reais. No campo especí�co da
pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada educação progressiva. Um
de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. O que importa é o
crescimento – físico, emocional e intelectual. 
O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos
conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no
currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si
mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que
permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto
o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no
campo institucional, mas também no interior das escolas.
Estímulo à cooperação
In�uenciado pelo empirismo, Dewey criou uma escola-laboratório ligada à
universidade onde lecionava para testar métodos pedagógicos. Ele insistia na
necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática, pois acreditava que as
hipóteses teóricas só têm sentido no dia a dia. Outro ponto-chave de sua teoria é a
crença de queo conhecimento é construído de consensos, que por sua vez
resultam de discussões coletivas. "O aprendizado se dá quando compartilhamos
experiências, e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja
barreiras ao intercâmbio de pensamento", escreveu. Por isso, a escola deve
proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez de
lidar com as crianças de forma isolada.
Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para a
capacidade de pensar dos alunos. Dewey acreditava que, para o sucesso do
processo educativo, bastava um grupo de pessoas se comunicando e trocando
ideias, sentimentos e experiências sobre as situações práticas do dia a dia. Ao
mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as sociedades foram �cando
complexas, a distância entre adultos e crianças se ampliou demais. Daí a
necessidade da escola, um espaço onde as pessoas se encontram para educar e
ser educadas.
O papel dessa instituição, segundo ele, é reproduzir a comunidade em miniatura,
apresentar o mundo de um modo simpli�cado e organizado e, aos poucos,
conduzir as crianças ao sentido e à compreensão das coisas mais complexas. Em
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outras palavras, o objetivo da escola deveria ser ensinar a criança a viver no
mundo.
"A�nal, as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida
e, em outro, vivendo", ensinou, argumentando que o aprendizado se dá
justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais. A
Educação, na visão deweyana, é "uma constante reconstrução da experiência, de
forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder
aos desa�os da sociedade". Educar, portanto, é mais do que reproduzir
conhecimentos. É incentivar o desejo de desenvolvimento contínuo, preparar
pessoas para transformar algo.
A experiência educativa é, para Dewey, re�exiva, resultando em novos
conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa
verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um
problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da
situação e que tenha a chance de testar suas ideias. Re�exão e ação devem estar
ligadas, são parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a inteligência dá
ao homem a capacidade de modi�car o ambiente a seu redor.
Liberdade intelectual para os alunos
A �loso�a deweyana remete a uma prática docente baseada na liberdade do aluno
para elaborar as próprias certezas, os próprios conhecimentos, as próprias regras
morais. Isso não signi�ca reduzir a importância do currículo ou dos saberes do
educador. Para Dewey, o professor deve apresentar os conteúdos escolares na
forma de questões ou problemas e jamais dar de antemão respostas ou soluções
prontas. Em lugar de começar com de�nições ou conceitos já elaborados, deve
usar procedimentos que façam o aluno raciocinar e elaborar os próprios conceitos
para depois confrontar com o conhecimento sistematizado. Pode-se a�rmar que
as teorias mais modernas da didática, como o construtivismo e as bases teóricas
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, têm inspiração nas ideias do educador.
FONTE: Disponível em:
<http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-dewey-307892.shtml>.
Acesso em: 11 jan. 2016.
Cabe aqui ressaltar a presença de Piaget, baseado em sua psicologia genética.
Conforme Libâneo (1990, p. 26-27): “O ensino baseado na psicologia genética de
Piaget tem larga aceitação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à
tendência progressista muitas das escolas denominadas “experimentais” [...]”.
3.1.3 Tendência Liberal Renovada não diretiva (Escola Nova)
Unidade 1 - Tópico 1 
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Compete compreendermos ainda, sobre a Tendência Liberal Renovada não
diretiva, denominada como Escola Nova. Nessa tendência, o papel da escola volta-
se mais para as questões psicológicas do que as pedagógicas e sociais. Para
Libâneo (1990, p. 27):
Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do
indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. Rogers
considera que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os
procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito
pouca importância, face ao propósito de favorecer a pessoa um clima de
autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem consigo próprio
e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao
de uma boa terapia.
Os métodos antes utilizados passam a ser considerados desnecessários, dando
ênfase “ao esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a
aprendizagem do aluno” (LIBÂNEO, 1990, p. 27)
O professor passa a ser neste método um “especialista”. Cabe ressaltar, que este
método foi elaborado por Carl Rogers, sendo mais um psicólogo clínico do que
educador.
Carl Rogers, foi o inspirador da pedagogia não diretiva, psicólogo-clínico e
educador. Suas ideias in�uenciaram um número expressivo de educadores e
professores.
O relacionamento entre professor e aluno passa a ser visto como o aluno o centro
das atenções e o professor um especialista, pois conforme Libâneo (1990, p. 28):
[...] propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua personalidade
através da vivência de experiências signi�cativas que lhe permitam desenvolver
características inerentes à sua natureza. O professor é o especialista em relações
humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e autêntico.
Quanto à avaliação, nessa tendência ela não possui grande signi�cado, o que é
levado em conta é a autoavaliação, onde o aluno busca re�etir sobre o que
aprendeu neste processo.
3.1.4 Tendência Liberal Tecnicista
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A Tendência Liberal Tecnicista atua:
[...] no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista) articulando-
se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança
de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é
o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo,
e�cientemente, informações precisas, objetivas e rápidas (LIBÂNEO, 1990, p. 29).
No que diz respeito aos conteúdos de ensino, esses estão sistematizados em
materiais como: livros didáticos, vídeos etc.
O relacionamento entre professor e aluno nessa tendência é algo meramente
técnico. Conforme Libâneo (1990, p. 30):
O professor é apenas um elo entre a verdade cientí�ca e o aluno, cabendo-lhe
empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é o indivíduo responsivo, não
participa da elaboração do programa educacional. Ambos são espectadores frente a
verdade objetiva. A comunicação professor-aluno tem um sentido exclusivamente
técnico, que é o de garantir a e�cácia da transmissão do conhecimento. Debates,
discussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco importam as
relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem.
Cabe salientar, que dentro dos pressupostos de aprendizagem, na Tendência
Tecnicista, “dizem que aprender é uma questão de modi�cação do desempenho: o
bom ensino depende de organizar e�cientemente as condições estimuladoras, de
modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou”
(LIBÂNEO, 1990, p. 30). Seguindo esse pensamento, podemos compreender que o
condicionamento faz parte dessa tendência, sendo quepodemos considerar
Skinner, Gagné, Bloom e Mager como autores que contribuem para esses estudos.
No que diz respeito também a prática escolar, essa Tendência Tecnicista toma o
lugar da Escolanovista “pelo menos no nível de política o�cial; os marcos de
implantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam
o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus” (LIBÂNEO, 1990, p. 31).
Caro acadêmico! Até o momento veri�camos as tendências pertencentes a
Pedagogia Liberal.
3.2 PEDAGOGIA PROGRESSISTA
A Pedagogia Progressista, como a própria palavra já diz, refere-se “para designar
as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais,
sustentam implicitamente as �nalidades sociopolíticas da educação” (LIBÂNEO,
1990, p. 32).
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Cabe ressaltar que dentro de um sistema capitalista, instituir uma nova tendência
pedagógica, tornou possível ser essa tendência “um instrumento de luta dos
professores ao lado de outras práticas sociais” (LIBÂNEO, 1990, p. 32).
Libâneo (1990) apresenta a Pedagogia Progressista em três tendências:
libertadora, libertária e a crítico-social dos conteúdos. Cada uma delas traz suas
necessidades e verdades (se assim podemos dizer).
3.2.1 Tendência Progressista Libertadora
A Tendência Libertadora tem como base Paulo Freire, grande educador brasileiro,
que apresenta uma educação “não formal”. Cabe aqui salientar que:
Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar vêm adotando
pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se fala na educação em geral, diz-se
que ela é uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que
apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de
consciência dessa mesma realidade, a �m de nela atuarem num sentido de
transformação social (LIBÂNEO, 1990, p. 33).
Com relação à ideia de cada uma das tendências já apresentadas, ainda diz
Libâneo (1990, p. 33):
Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” – que visa apenas depositar
informações sobre o aluno –, quanto a educação renovada – que pretenderia uma
libertação psicológica individual – são domesticadoras, pois em nada contribuem
para desvelar a realidade social de opressão. A educação libertadora, ao contrário,
questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com
os outros homens, visando a uma transformação – daí ser uma educação crítica.
(Grifos nossos).
Com relação aos conteúdos de ensino, podemos então perceber que nada se
compara ao que foi aprendido até o momento. O que antes era visto como
conteúdos tradicionais passam a dar lugar ao denominados “temas geradores”. Os
temas geradores são retirados do cotidiano dos alunos, as leituras são elaboradas
a partir do próprio aluno com a orientação do professor.
No que diz respeito ao método de ensino, baseia-se nos grupos de discussão,
dando assim a liberdade de voz e vez. O professor “é um animador que, por
princípio deve “descer” ao nível dos alunos, adaptando-se as suas características e
ao desenvolvimento próprio de cada grupo” (LIBÂNEO, 1990, p. 34). Ainda a�rma
que o professor “deve caminhar “junto”, intervir no momento indispensável,
embora não se furte, quando necessário, a fornecer uma informação mais
sistematizada”.
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Observa-se que a relação professor-aluno se dá através do diálogo, sendo que “a
relação é horizontal, onde educador e educandos se posicionam como sujeitos do
ato de conhecimento. O critério de bom relacionamento é a total identi�cação com
o povo, sem o que, a relação pedagógica perde consistência” (LIBÂNEO, 1990, p.
34).
Importante salientar que o professor, não perde em momento algum seu lugar
enquanto educador, ele não se ausenta do processo ensino-aprendizagem, “mas
que permanece vigilante para assegurar ao grupo um espaço humano para “dizer
sua palavra”, para se exprimir sem se neutralizar” (LIBÂEO, 1990, p. 35).
Para que exista este movimento, é necessário que existam passos da
aprendizagem: codi�cação-decodi�cação e problematização da situação. Pois
conforme Libâneo (1990, p. 34): “[...] permitirão aos educandos um esforço de
compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de conhecimento da
sua realidade, sempre através da troca de experiências em torno da prática social”.
Pode-se compreender que a força motivadora da aprendizagem é a “educação
problematizadora”. Pois conforme Libâneo, (1990, p. 35):
A motivação se dá a partir da codi�cação de uma situação-problema, da qual se
toma distância para analisá-la criticamente. ‘Esta análise envolve o exercício de
abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio e representações da
realidade concreta, a razão de ser dos fatos’.
Cabe salientar que esta Tendência Libertadora, tem como seu precursor, Paulo
Freire, (1921-1997), que se utilizou da realidade do educando para construir seu
conhecimento, a partir de sua realidade, de sua vivência diária. Este foi o mais
célebre educador de nosso país, Brasil, ganhando reconhecimento internacional
através de sua pedagogia.
FIGURA 10 - PAULO FREIRE
FONTE: Disponível em: <http://professoressolidarios.blogspot.com.br/2015/01/frases-de-
paulo-freire.html>. Acesso em: 22 jan. 2016.
Repassamos a você, caro(a) acadêmico(a), possibilidades de
aprofundamento com relação a Paulo Freire. Busque em:
<https://www.youtube.com/watch?v=hJmOCNgl7WU>.
Unidade 1 - Tópico 1 
http://professoressolidarios.blogspot.com.br/2015/01/frases-de-paulo-freire.html
https://www.youtube.com/watch?v=hJmOCNgl7WU
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Intitulado: Paulo Freire: Educação para um Brasil melhor. Este e outros
vídeos estarão auxiliando você em seu conhecimento.
3.2.2 Tendência Progressista Libertária
Na Tendência Progressista Libertária, o papel da escola é de que a:
[...] escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido
libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir modi�cações institucionais, a
partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão “contaminando” todos os
sistemas. A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos
institucionais de mudança (assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações
etc.) (LIBÂNEO, 1990, p. 36).
A Tendência Libertária traz em sua �loso�a sua “resistência contra a burocracia
como instrumento da ação dominadora do estado, que tudo controla (professores,
programas, provas etc.), retirando a autonomia” (LIBÂNEO, 1990, p. 36).
Com relação aos conteúdos de ensino apresentados nessa tendência, observa-se
que “as matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. É um
instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das
experiências vividas pelo grupo [...]” (LIBÂNEO, 1990, p. 36). Os conteúdos não são
cobrados, sendo primordial que os alunos tenham uma maior participação nos
interesses dos grupos em nível social.
A vivência em grupo, como forma de autogestão é à base do método de ensino
desta tendência. Nesta perspectiva conforme Libâneo (1990, p. 37):
Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto de vida,
as atividades e a organização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração
dos programas e a decisão dos exames que não dependem nem dos docentes, nem
dos alunos)”. Os alunos têm a liberdade de trabalhar ou não, �cando o interesse
pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo.
A relação professor-aluno �ca caracterizada como o professor sendo um
“orientador e um catalizador” (LIBÂNEO,

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