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103Seção I - Conhecimentos Gerais IX CHOQUE Raphael Carvalho Sodré Duarte Diogo Maciel Silva Azevedo 1. INTRODUÇÃO Choque é defi nido como um estado de hipoperfusão orgânica ge- neralizada, ou seja, uma isquemia generalizada. As células não recebem o aporte de oxigênio necessário para manter a homeostase. A perfusão efetiva de um tecido depende do fl uxo sanguíneo total adequado e de uma distribuição adequada deste fl uxo. Caso não seja revertido, tende a evoluir para a síndrome de disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (presença de três ou mais comprometimentos orgânicos). 2. TIPOS DE CHOQUE De acordo com o mecanismo predominante que originou a hipoperfu- são orgânica generalizada, o choque pode ser classifi cado em 4 categorias: 2.1. Hipovolêmico Ocorre redução do volume sanguíneo total em relação ao espaço vas- cular total. Pode ser provocado por hemorragias ou perda de líquidos, como ocorre em queimaduras e perdas para o extravascular. 2.2. Cardiogênico Ocorre falência cardíaca. 104 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL 2.3. Obstrutivo extracardíaco Existe uma obstrução extra cardíaca que difi culta a circulação san- guínea, como tamponamento, pneumotórax hipertensivo ou tromboem- bolismo pulmonar. 2.4. Distributivo Ocorre uma vasodilatação arteriolar e venosa, devido a uma perda de controle vasomotor. Os choques sépticos, anafi láticos e neurogênicos estão nessa categoria. Os tipos de choque podem ainda ser divididos em hipodinâmicos, quando ocorre uma diminuição do débito cardíaco e aumento da re- sistência vascular periférica, e em hiperdinâmicos, quando ocorre um aumento do debito cardíaco e diminuição da resistência vascular perifé- rica. Os hipodinâmicos representam os hipovolêmicos, obstrutivos extra cardíacos e cardiogênicos, enquanto o choque hiperdinâmico representa os choques distributivos. 3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os choques hipodinâmicos se apresentam como: fáscies de sofri- mento, palidez cutaneomucosa, sudorese fria e pegajosa, taquicardia, ta- quipnéia, com pulsos fi nos ou impalpáveis, oligúria e hipotensão arterial (PA sistólica < 90mmHg). 105Seção I - Conhecimentos Gerais Seguem os critérios para o diagnóstico. Critérios empíricos para o diagnóstico de choque hipodinâmico É necessário ter 4 dos 6 critérios: 1) Fáscies de sofrimento ou alteração do estado mental 2) Taquicardia (FC > 100 bpm) 3) Taquipnéia (FR > 20 ipm) 4) Base excess < -5 mEq/L ou lactato sérico > 4mM. 5) Débito urinário < 0,5 ml/Kg/hora 6) Hipotensão arterial (PA sistólica < 90 mmHg) por um período maior que 20 min. Os choques hiperdinâmicos apresentam manifestações clínicas mais variadas, dependendo da etiologia deste. O choque séptico deve ser suspeitado na presença de um quadro sugestivo de sepse, associado à disfunção orgânica e presença de hipo- tensão arterial, não responsiva à reposição de fl uidos. Antes da reposição volêmica, ele pode se apresentar como um cho- que hipodinâmico, com o paciente apresentando os critérios descritos para choque hipodinâmico. Após a reposição volêmica, entretanto, as manifestações hiperdinâmicas aparecem, como pulsos amplos, PA di- vergente, febre, taquicardia, taquipneia e com a PA surpreendentemente baixa, inferior a 90 mmHg. Exames laboratoriais podem demonstrar alteração do número de leucócitos e acidose lática (lactato > 4mM). Na impossibilidade de dosagem do lactato, pode-se calcular o anion gap (AG = Na+ – (Cl- + HCO 3 -), o qual poderá estar elevado (>15 mEq/L). Seguem os critérios para sepse. Critérios para sepse Presença de um foco infeccioso provável somado a 2 ou mais dos seguintes: Temperatura axilar > 38ºC ou < 36ºC FC > 90 bpm FR > 20 imp ou PacO2 < 32 mmHg Leucocitose > 12000/mm3 ou leucopenia < 4000/mm3 ou bastonemia > 10% 106 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL No choque séptico, além desses critérios para sepse estarem preenchidos, existe disfunção orgânica (oligúria, alteração do estado mental) e hipoten- são arterial (PA sistólica <90 mmHg) não responsiva à reposição de fl uidos. O choque anafi lático compreende uma reação alérgica, mediada por IgE, desencadeada pela exposição a algum alérgeno. Pode ocorrer lombalgia, prurido, lesões cutâneas tipo urticária, angioedema de face, edema de glote, broncoespasmo e choque. O choque anafi lático é hiper- dinâmico. Reverte-se com adrenalina e volume, podendo utilizar ainda corticosteroides sistêmicos e anti-histamínicos. O choque neurogênico se apresentará com o paciente com extremi- dades quentes e FC tendendo a bradicardia. A terapêutica consiste em ressuscitação volêmica e uso de aminas vasopressoras como noradrena- lina ou fenilefrina. Achados clínicos da hipoperfusão orgânica. Sistema nervoso central Alteração no nível de consciência, delirium Sistema cardiovascular Hipotensão arterial, enchimento capilar lentifi cado, extre- midades frias, elevação dos níveis de lactato, taquicardia. Sistema respiratório Taquipnéia, dispnéia, hiper ou hipoventilação, hipóxia. Pele Pele pegajosa, fria, livedo reticular. Sistema digestório/ fígado Hipomobilidade, perda de função hepática, elevação das enzimas hepátias, elevação de bilirrubinas, íleo paralítico. Rins Oligúria, azotemia, IRA, necrose tubular aguda. Hematológico Plaquetopenia, alargamento dos tempos de coagulação, tendência à diátese hemorrágica. 4. OUTROS CHOQUES • Choque por embolia pulmonar maciça Há presença de turgência jugular, sopro de regurgitação tricúspide e no ECG pode aparecer sinais de sobrecarga ventricular direita e padrão S1Q3T3 (S proeminente em D1 e presença de Q e inversão de onda T 107Seção I - Conhecimentos Gerais em D3). Agentes inotrópicos devem ser usados no início para manter o débito cardíaco até o início de terapia trombolítica (rTPA). Em caso de risco de complicações hemorrágicas (como presença de incisões recen- tes), opta-se por embolectomia como terapia alternativa. • Choque por tamponamento cardíaco Suspeita-se principalmente após ferimentos por arma branca ou de fogo próximos ao esterno. Apresentam hipotensão, abafamento de bu- lhas, distensão de veias do pescoço e pulso paradoxal. O diagnóstico é feito principalmente por ecocardiograma ou tomografi a helicoidal. Pacientes com tamponamento cardíaco agudo necessitam de operação imediata com incisão por esternotomia, mas em caso de perda súbita dos sinais vitais, está indicada toracotomia por incisão submamária es- querda, entre as costelas, pois permite um acesso mais rápido. • Choque tireotóxico Hiperdinâmico (alto débito cardíaco e baixa resistência vascular periférica). Apresenta-se com taquicardia, taquipneia, terceira bulha e sopro sistólico. A presença de bócio, exoftalmia e sintomas prévios de tireotoxicose facilita o diagnóstico, sendo os pacientes em geral porta- dores da Doença de Graves. O tratamento é através de propiltiouracil em altas doses, lugol, prednisona e até betabloqueadores (estes últimos usados quando a pressão estiver acima de 90mmHg. • Choque mixedematoso Hipodinâmico, com bradicardia sinusal, hipotermia e bradipneia. O paciente apresenta história de hipotireoidismo com achados clássicos da doença (pele seca, edema periorbitário, edema de mãos e pés, ma- croglossia e refl exos tendinosos diminuídos. O tratamento inclui, além das medidas para o choque, reposição dos hormônios tireoidianos com 108 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL levotiroxina (T4), liotironina (T3) ou os 2 associados. • Choque adrenal (apoplexia adrenal) e choque hipofi sário São semelhantes. A perda aguda dos efeitos dos glicocorticoides leva a um choque hipodinâmico. Hiponatremia refratária e hipoglicemia são achados frequentes. O tratamento se dá por reposição hormonal, utili- zando-se hidrocortisona IV 100mg. Intoxicações por drogas ilícitas ou medicamentos também são capa- zes de levar ao choque.Em geral causam depressão miocárdica e vaso- plegia. Em alguns desses choques, podem-se usar antídotos. Antídotos para intoxicações por drogas ou medicamentos. Droga Antídoto Antagonistas do canal de cálcio Gluconato de cálcio Betabloqueadores Glucagon Benzodiazepínicos Flumazenil Opioides narcóticos Naloxone 5. TRATAMENTO Medidas gerais Monitor cardíaco; Oxímetro de pulso; Oxigênio em mascara de Hudson; Acesso venoso periférico com jelco n 16 ou 18. Em caso de vítimas de trauma ou choque hemorrágico, instala-se 2 acessos venosos periféricos; Coleta de sangue para tipagem, bioquímica, hemograma, gaso- metria arterial, enzimas cardíacas, lactato e PCR. Em determi- 109Seção I - Conhecimentos Gerais nados casos, pode-se dosar hormônios tireoidianos e cortisol; Na presença de insufi ciência ventilatória, deve ser intubado e posto em ventilação mecânica (lembrando que pacientes com instabilidade hemodinâmica não devem ser submetidos a uma PEEP acima de 10cmH 2 O). A saturação deve estar acima de 92%; A reposição de fl uidos é fundamental, mas não deve ser feita se o paciente estiver congesto (ortopneia, 3º bulha, estertores pulmonares) ou hipervolêmico; Cateter de Foley deve ser instalado para monitorização do dé- bito urinário. O cateter de Swan-Ganz ou cateter com mensuração de PVC deve ser usado em todo paciente com doença cardíaca. Em pa- cientes não submetidos à monitorização hemodinâmica invasi- va, pode-se avaliar a resposta à reposição pela diurese (volume adequado a partir de 0,5 mL/kg/h em adultos e 1 mL/kg/h em crianças); Aminas vasopressoras são indicadas em caso de choque refra- tário a reposição volêmica, quando a PA sistólica estiver abaixo de 80mmHg ou a PAM invasiva abaixo de 65-70mmHg. As aminas vasopressoras mais utilizadas no choque são dopamina e noradrenalina, as quais também tem efeito inotrópico. A do- butamina é uma amina inotrópica, sem efeito vasopressor. Drogas vasoativas. Fármaco Faixa de dose Mecanismo de ação Inotrópico Dobutamina 2-20 μg/kg/min B1- adrenérgico Dopamina (baixa dose) 5-10 μg/kg/min B1- adrenérgico, dopaminérgico Epinefrina (baixa dose) 0,06-0,20 μg/kg/min B1 e B2 - adrenérgico, menor efeito Alfa Vasoconstrictor e inotrópico Dopamina (alta dose) >10 μg/kg/min A- adrenérgico, menor ef. dopa- minérgico Epinefrina (alta dose) 0,21-0,42 μg/kg/min A - adrenérgico, menor ef. B1 e B2 110 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL Norepinefrina 0,02-0,45 μg/kg/min A - adrenérgico, menor ef. B1 e B2 Vasoconstrictor Fenilefrina 0,2-2,5 μg/kg/min A- adrenérgico Vasopressina 0,01-0,04U/min Receptor V1 Vasodilatador Milrinone 0,4-0,6 μg/kg/min Inibidor da fosfodiesterase Dopamina (dose muito baixa) 1-4 μg/kg/min Dopaminérgico Nitroglicerina 0,05-5 μg/kg/min Formação de óxido nítrico Nitroprussiato 0,25-10μg/kg/min Formação de óxido nítrico • Tratamento da acidose Lática A anaerobiose celular decorrente da carência de O 2 origina o ácido lático, cuja consequência é a acidose. Pode-se usar bicarbonato de sódio venoso em pacientes com acidose lática e pH plasmático inferior a 7,1. Os diferentes tipos de choques apresentam particularidades que me- recem ser comentada a parte. 5.1. Choque hipovolêmico O controle da via aérea é fundamental na abordagem inicial e se existir evidências de rebaixamento de nível de consciência ou suspeita de aspiração, indica-se o acesso defi nitivo à via aérea. Nesse tipo de choque, deve-se defi nir o grau de perda, que são ao todo divididas em 4 classes, conforme as especifi cações a seguir. 111Seção I - Conhecimentos Gerais Perda estimada de líquido Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda volêmica (ml) até 750 750-1500 1500-2000 >2000 Perda volêmica (% volume sanguíneo) até 15% 15 - 30% 30-40% >40% Pulso <100 >100 >120 >140 Pressão arterial Normal Normal Diminuída Diminuída Frequência respira- tória 14-20 20-30 30-40 >35 Diurese >30ml/h 20-30ml/h 5-15ml/h Desprezível Estado mental Levemente ansioso Modera- damente ansioso Ansioso, confuso Confuso, letárgico Reposição volêmica Em geral não necessitam Cristalóide Cristalóide e sangue Cristalóide e sangue Perdas na classe I apresentam poucas repercussões clínicas e em geral não necessitam de reposição volêmica, com a volemia sendo restaurada por mecanismos orgânicos compensatórios em até 24 horas. Na classe II já ocorre aumento da FC e FR e diminuição da pressão de pulso (diferença entre a PA sistólica e a PA diastólica). Na classe III, existe uma perda sanguínea que pode atingir 2000mL. Oligúria, rebaixamento do nível de consciência, taquicardia e taquipneia acentuadas estão presentes. O tratamento já envolve reposição de crista- loides e também concentrado de hemácias. Na classe IV há uma perda superior a 2000 mL. Ocorre obnubilação ou coma, diminuição da pressão sistólica e diastólica (esta ultima por vezes não mensurável) e anúria. O tratamento envolve reposição com cristaloides e concentrado de hemácias, além de intervenção cirúrgica. O volume a ser administrado nos pacientes hemorrágicos geralmen- te é 3 vezes o volume perdido, ou seja, para cada 1mL de sangue perdi- do, infunde-se 3mL de cristaloide. De imediato, já se obtém 2 acessos 112 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL venosos periféricos e no adulto infunde-se 2000mL. Na criança, o valor é de 20 mL/kg. Em caso de necessidade de transfusão sanguínea, prefere-se trans- fundir sangue tipo específi co, mas na ausência deste, opta-se pelo con- centrado de hemácias tipo O. Em mulheres em idade fértil, sangue o tipo O e Rh negativo. Como complicações de reposição em grandes volumes, temos a hi- potermia, coagulopatia e síndrome de compartimento do abdome. Nes- ta última, os pacientes apresentam excesso de líquido dentro do abdo- me, tipicamente líquido intersticial na parede do intestino, mesentério e omento, podendo ocorrer também ascite e distensão de alças. O aumen- to da pressão abdominal diminui o fl uxo sanguíneo para as vísceras do peritônio e ocasionam disfunções orgânicas. Os sinais cincluem baixo débito urinário, abdome tenso e desconforto respiratório. O diagnóstico é confi rmado pela medição da altura da coluna de urina acima da sínfese púbica. Altura acima de 20cm estão sob risco e acima de 40cm necessitam em geral de intervenção para reduzir a pressão intra-abdominal. 5.2. Choque cardiogênico A principal causa é o infarto do miocárdio, mas as outras causas in- cluem miocardiopatias, drogas, cirurgia, arritmias, valvulopatias e mio- cardite aguda1. Inicio com infusão de líquidos, objetivando Pressão Capilar Pulmo- nar entre 16 e 18mmHg. Após isso, administra-se dobutamina e nora- drenalina. Os pacientes devem ser monitorizados com cateter de Swan- Ganz, quando indicado, pois é fato controverso na literatura. Em caso do comprometimento isquêmico, o balão intra-aortico de contrapulsação (BIAC) e a angioplastia primária podem ser salvadores. 113Seção I - Conhecimentos Gerais Os trombolíticos são pouco efi cazes nesses casos. O BIAC é contrain- dicado na insufi ciência aórtica e em doença arterial grave de membros inferiores. A angioplastia primaria é a melhor forma de salvar um choque por IAM e está indicada em um tempo de dor de até 24 horas. 5.3. Choque séptico Deve-se inicialmente infundir em média 5 litros nas primeiras 6 ho- ras e aproximadamente 14 litros nas primeiras 72 horas. Preconiza-se 1 litro de soro fi siológico a 0,9% em 15 a 20 minutos. A seguir, infunde-se 1 litro de Ringer-Lactato. Caso a PAM, após essas medidas, esteja inferior a 65mmHg, emprega-se as aminas vasopres- soras, com noradrenalina sendo a droga de escolha. Em caso de refra- tariedade ao uso da noradrenalina em altas doses, pode-se prescrever vasopressina. Doses de glicocorticoides como a hidrocortisona podem ser utilizadosquando as aminas vasopressoras forem prescritas. Deve-se puncionar um cateter venoso central para medida da PVC. Se a noradrenalina for utilizada, deve-se instalar um cateter com aferi- ção da PAM. Quando o paciente recuperar a hemodinâmica, alterna-se infusões de Ringer-Lactato e infusões de coloides do tipo amido (pois estes apresentam propriedades anti-infl amatórias, inibem a ativação en- dotelial e inibem a coagulopatia provocada pelo endotélio). Existe um protocolo de condução inicial de doentes com sepse grave e choque séptico, ressuscitados nas primeiras 6 horas, chamado de tera- pia guiada por metas. Nesse estudo, o tratamento é guiado por pressão venosa central (PVC), pressão arterial média (PAM), débito urinário e saturação venosa central (SvcO 2 ). Dentro das primeiras 6 horas, as seguintes metas devem ser atingidas: 114 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL Pressão arterial média = 65 mmHg; Pressão venosa central = 8-12 mmHg; Débito urinário = 0,5 ml/kg/h; Saturação venosa de O2 = 70%. Para o diagnóstico do agente infeccioso e posterior antibioticoterapia e abordagem da fonte de infecção, obtém-se duas amostras de homo- cultura (uma pelo acesso periférico e outra por acesso central). Culturas de outros materiais poderão ser feitos com base na suspeita clínica. A coleta, entretanto, não deve atrasar o início da antibioticoterapia. Após o rastreio do agente causador, deve-se prescrever antibiótico empirica- mente. O maior benefício ocorre quando iniciadas dentro da primeira hora. Se existir focos de infecção passíveis de intervenção, a abordagem cirúrgica deverá ser empregada, buscando a menos invasiva possível. Os níveis glicêmicos controlados rigorosamente não demonstraram benefício e aumentaram os índices de hipoglicemia. Objetiva-se apenas uma glicemia menor que 180 mg/dL. 115Seção I - Conhecimentos Gerais Fluxograma 16: Terapia guiada por metas para choque séptico - O2 suplementar - Intubação orotraqueal e ventilação mecânica (se necessário) -CVC e cateter arterial Sedação, paralisia (se em intubação orotraqueal) ou ambos PVC < 8mmHg? (ideal da PVC entre 8 -12 mmHg). Sim. PAM < 65 mmHg ou > 90 mmHg? (ideal da PAM entre 65 e 90mmHg). Sim. SvO2 < 70%? (ideal da SvO2 acima de 70%). Sim Todas as metas atingidas? -Pressão arterial média = 65-90 mmHg -Pressão venosa central = 8-12 mmHg -Débito urinário = 0,5 ml/kg/h -Saturação venosa de O2 = >70% Não: Bolus 500ml de cristalóide em 30 min Não: Drogas vasoativas < 65: Vasopressoras (dopamina ou norepinefrina) >90: vasodilatadores (nitroglicerina ou nitroprussiato) Não: Transfusão até hematócrito igual ou superior 30%. Se SvO2 permanecer < 70%: inotrópicos. Não Sim: admissão hospitalar 116 Coleção Pedagógica 12 | Condutas em Cirurgias do HUOL LEITURA COMPLEMENTAR Towsend Jr CM, Beauchamp RF, Evers BM, Mattox KL. Sabiston text- book of Surgery: Th e biological Basis of Modern Surgical Practice, 18th ed. Philadelphia: Saunders-Elsevier; 2008. Martins HS, Brandão Neto RA, Scalabrini Neto A, Velasco IT. Emergências Clínicas: abordagem prática. 5a ed. São Paulo: Manole; 2010. Katzung BG. Farmacologia básica e clínica. 9a ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan; 2006.
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