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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Carlos Torquato de Lima Júnior Graduação em Química (2004) e Mestrado em Ensino de Ciências (2009) pela Universidade de Brasília. Professor de química do CEM do 01 do Riacho Fundo I; CEM 01 do Núcleo Bandeirante; CED agrourbano Ipê do Riacho Fundo II e CED 02 de Taguatinga. Atualmente, trabalho na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE). FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS 1ª edição Ipatinga – MG 2021 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Carla Jordânia G. de Souza Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras © 2020, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. T314i Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2020. 113 p. il. Inclui referências. ISBN: 978-65-990786-0-6 1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. CDD: 100 CDU: 101 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científico (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO O QUE SÃO AS CIÊNCIAS NATURAIS? ..................................................... 7 1.1 ÁREAS DE CONHECIMENTO ..................................................................................... 7 1.2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO ................................................................................ 10 1.3 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA ..................................................................................... 13 FIXANDO O CONTEÚDO............................................................................................... 16 COMO O BRASIL ORGANIZA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS? ...... 21 2.1 DA CF/88 À BNCC .................................................................................................. 21 2.2 AS CIÊNCIAS NATURAIS NA BNCC ........................................................................ 26 2.3 CURRÍCULO .............................................................................................................. 32 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 35 COMO A CRIANÇA APRENDE? .............................................................. 41 3.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA...................................................................... 41 3.2 TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO ..................................................................................... 43 3.3 TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................................................................. 47 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 50 COMO ENSINAR CIÊNCIAS NATURAIS? ................................................. 56 4.1 METODOLOGIA TRADICIONAL ............................................................................... 56 4.2 METODOLOGIA INVESTIGATIVA ............................................................................. 57 4.3 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS ........................................................................................ 61 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 66 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS ............................................................................... 71 5.1 PLANEJAMENTO ...................................................................................................... 71 5.2 AVALIAÇÃO ............................................................................................................ 74 5.3 FAÇA O SEU PLANEJAMENTO ................................................................................ 77 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 81 QUAL MATERIAL DIDÁTICO UTILIZAR NAS AULAS DE CIÊNCIAS NATURAIS? ............................................................................................... 89 6.1 LIVRO DIDÁTICO ..................................................................................................... 89 6.2 MATERIAIS ALTERNATIVOS ...................................................................................... 93 6.3 PRODUZA SEU PRÓXIMO MATERIAL DIDÁTICO ..................................................... 95 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 99 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 105 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 106 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 6 CONFIRA NO LIVRO A Unidade 1 apresenta uma visão geral do que é conhecimento e detalha as diversas formas de conhecimento produzida pelo ser humano, com destaque para o conhecimento científico que é fonte do conhecimento de Ciências Naturais estudado em sala de aula. A Unidade 2 aborda a organização do ensino de Ciências Naturais no Brasil, começando com bases legais e finalizando com a construção dos currículos a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). O processo de aprendizagem é o foco da Unidade 3, a partir das ideias Jean Piaget, Lev Vigotski, David Ausubel, entre outros, são apresentadas teorias de como as crianças aprendem. A unidade 4 apresenta metodologias e estratégias didáticas para o ensino de Ciências Naturais, baseadas tantonas teorias de aprendizagem, quanto nos documentos oficiais BNCC e DCN. A Unidade 5 a apresenta o planejamento e da escolha consciente do processo avaliativo como fundamentais para organização do trabalho pedagógico. A Unidade 6 apresenta materiais e recursos didáticos disponíveis para aulas de Ciências Naturais. Além de propor e apresentar referencias para professores construírem seus próprios materiais didáticos. 7 O QUE SÃO AS CIÊNCIAS NATURAIS? 1.1 ÁREAS DE CONHECIMENTO Você já deve ter lido ou escutado que estamos na era do conhecimento. Nossa sociedade foi construída com base no conhecimento acumulado e transmitido de várias formas ao longo dos tempos. Desde a invenção da roda até o celular mais tecnológico, tudo gira em torno do conhecimento. Mas você já parou para refletir sobre o que realmente é conhecimento? Há diferentes propostas para conceituar conhecimento, algumas mais específicas e outras mais genéricas, como a de Popper (2007) que define conhecimento como o produto das nossas atividades intelectuais. Albert Einstein, Platão, Leonardo da Vinci forram indivíduos que produziram conhecimentos que afetam nossas vidas até hoje. Entretanto, não só grandes pensadores e cientistas podem produzir conhecimento, pessoas comuns como eu e você também podem produzir atividades intelectuais. Há algumas formas de classificar os tipos de conhecimentos produzidos, para Marconi e Lakatos (2019) são quatro tipos: Conhecimento popular; Conhecimento filosófico; Conhecimento religioso; Conhecimento científico. São quatro formas de ver o mundo que caminham associadamente. Na escola, vários dos tipos de conhecimento podem estar presentes. Mesmo que o Você provavelmente cresceu em uma época em que as fontes de conhecimento eram as pessoas mais velhas, os professores, as bibliotecas. Será que as crianças de hoje recorrem a essas mesmas fontes? UNIDADE 01 8 ensino religioso não seja obrigatório, estudantes e professores trazem para o ambiente escolar suas crenças e o respeito a fé de cada indivíduo é imprescindível. O conhecimento popular, também denominado senso comum, junto com o religioso, ou teológico, são os mais antigos e existem desde quando vivíamos nas cavernas. Uma das principais características do senso comum é que ele é passado de geração em geração. De acordo com Köche (2015) essa forma de conhecimento surge da necessidade de resolver problemas imediatos e espontâneos, sem planejamento. Já o conhecimento filosófico é o produto do trabalho intelectual sistemático, de acordo com Chauí (2000) o conhecimento científico é o mais novo, surge como uma maneira sistemática, metódica e cética de ver, compreender, explicar o mundo. Todas as formas de conhecimentos são admiráveis e possuem alguma importância para a sociedade, mas ao longo dessa Unidade de Aprendizagem iremos voltar nossa atenção para o conhecimento científico. Assim como o conhecimento pode ser dividido em quatros tipos, o conhecimento científico também pode ser dividido. Alguns podem pensar que a Ciência se resume a Química, Física e Biologia, entretanto, é muito mais que isso. O Universo é muito complexo e a Ciência se divide em diversos ramos para estudá-lo, veja a divisão de Fachin (2006). https://bit.ly/3aviPFJ 9 Figura 1: Divisão da Ciência Fonte: Adaptado de Fachin (2006, p. 26) As Ciências Naturais, assim como as Humanas, são factuais porque investigam de uma forma particular os fatos, diferentemente das formais que lidam, de maneira particular, com as ideias Fachin (2006). Essa divisão das ciências, como qualquer outra, é questionável. As divisões de modo geral são feitas para fins pedagógicos, a intenção é mostrar as diferenças e as similaridades entre as Ciências. Todas as Ciências têm em comum o fato de serem produzidas por humanos, apesar de só aquelas que têm o foco de estudo das relações humanas receberem a classificação de Ciências Humanas. Já as Ciências Naturais, segundo Driver et al. (1999) têm com o foco o estudo das construções desenvolvidas pela comunidade científica para interpretar a natureza. Dentro da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), documento que estabelece as aprendizagens essenciais para todos os estudantes brasileiros, a área de Ciências da Natureza abrange conceitos relacionados à Astronomia, Biologia, Física, Geologia e Química que devem ser estudados durante a Educação Básica. 10 1.2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO Atualmente, o que muitos desejam são vacinas, remédios, tratamentos com eficácia comprovada cientificamente para a COVID-19. Mas o que significa ser comprovado cientificamente? Quem são as pessoas que fazem esse trabalho? Como é o processo? Algo comprovado cientificamente é 100% verdadeiro? Para responder essas perguntas é necessário retroceder ao nascimento da ciência moderna. Até o século XVI, a ciência estava atrelada à filosofia, à religião e às ideias aristotélicas e a partir dos desdobramentos dos pensamentos renascentistas surgiu uma nova forma de conhecimento. Essa nova forma de interpretar o mundo, baseada no método experimental e na matemática revolucionou diversas áreas de estudos e mudou o curso da história. Entre os primeiros defensores do pensamento científico com base empírica estão os filósofos Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1650), e o físicos Galileu Galilei (1564-1642), mas as grandes mudanças nas atitudes científicas ocorreram no século VII com a mecânica de Issac Newton (1642-1727), os estudos dos gases de Robert Boyle (1627-1691), entre outros. De acordo com Köche (2015)o período em que esses estudiosos desenvolveram suas ideias é considerado, na História da Ciência, o início do que se convencionou chamar de Ciência Moderna, que se estende até o final do século XIX, quando começa a Ciência Contemporânea. Com o advento da Ciência Moderna, diversos campos de estudos desenvolveram uma forma sistemática de desenvolver suas pesquisas que ficou conhecida como: método científico. Para atingir o conhecimento científico seria necessário seguir várias etapas (observação – hipótese – experimentação – generalização – proposição de uma teoria). Veja o quadro: 11 Figura 2: Uma versão do Método Científico Clássico Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) De modo geral, esse método clássico é um exemplo de como as ciências, essencialmente as Ciências da Natureza, constroem o conhecimento científico, mas não é o único. De acordo com o pensamento positivista, representado principalmente pelas ideias de Augusto Comte (1798-1857), O método positivo é estabelecido com base na observação e na experiência, no acúmulo de evidências e na formulação de hipóteses, no encadeamento de ideias, e é ele quem deve instruir o pensamento positivo na elaboração do conhecimento científico (KOSMINSKY; GIORDAN, 2002, p. 12). Entretanto, há vários outros métodos científicos e quem decide se o método é científico ou não, é própria comunidade cientifica, por isso é importante publicar os resultados das pesquisas em revistas científicas, livros, congressos científicos. A partir da análise dos resultados os cientistas aceitam ou refutam os estudos publicados, dessa forma, a ciência se autorregula e evolui. 12 A partir do método científico clássico diversas metodologias investigativas foram desenvolvidas para a construção do conhecimento científico. As ciências Sociais (Antropologia, História, Geografia Humana, Sociologia) possuem outros métodos, assim como as Ciências Naturais, que são aceitos e utilizados pelos cientistas. Diversosfilósofos da ciência como Gaston Bachelard (1884 - 1962), Paul Karl Feyerabend (1924 – 1994), Imre Lakatos (1922-1974), Thomas Kuhn (1922-1996) e Karl Popper (1902-1994) contribuíram com suas visões sobre o método científico, a natureza do conhecimento científico e a epistemologia da ciência. Para Popper, por exemplo: O determinante de o que é científico está na possibilidade de ser testado e refutado, tornando o avanço científico um descartar de erros passados. Para o falsificacionista, o erro desempenha um papel importante na elaboração do conhecimento. Seria através da proposição de hipóteses audaciosas, passíveis de serem experimentalmente refutadas, que ocorreria o refinamento teórico, pois, ao se descobrir que a hipótese era falsa, poder-se-ia aprender muito sobre a verdade. O erro é, portanto, uma fonte de aprendizagem (Kosminsky; Giordan, 2002, p. 13, Grifo nosso). Há diversos exemplos de erros na história das ciências. Albert Einstein errou, assim como Issac Newton e Charles Darwin. Não só os cientistas erraram, as metodologias têm falhas, ou seja, assim como o todo ser humano nenhum método científico é perfeito. Nesse sentido, a ciência não só admite o erro, como também o usa como estratégia para construir o conhecimento, por isso, a ciência é uma ótima opção estudar e compreender o mundo. https://spoti.fi/3axNX7u https://bit.ly/39H6TkW 13 1.3 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA Já vimos que há diferentes divisões das produções do intelecto humano. As diferentes formas de conhecimentos constituem as produções intelectuais da nossa sociedade e devem ser transmitidas e apropriadas e o principal local para isso é a escola. As pessoas aprendem no dia a dia interagindo com os mais velhos, nas rodas de conversa, com as experiências pessoais e de várias outras formas, mas a escola é, e continuará sendo, o principal espaço para socialização, construção e apropriação de saberes sistematizado ao longo dos tempos pelo ser humano. Como não é possível compartilhar todo o conhecimento já produzido pela humanidade, é necessário selecionar o que é essencial no tempo e no espaço para ser trabalhado nas escolas. Mas, então, o que deve ser ensinado nas escolas? Alguns podem argumentar que apenas o conhecimento científico deve ser ensinado nas escolas. Entretanto, não é o conhecimento científico que é diretamente trabalhado, mas sim o escolar. O significado de conhecimento escolar envolve dois aspectos importantes: - trata-se de um conhecimento selecionado a partir de uma cultura social mais ampla, que passa por um processo de transposição didática, ao mesmo tempo que é disciplinarizado. - constitui-se no embate com os demais saberes sociais, diferenciando- se dos mesmos (LOPES, 1999, p. 24). No caso específico do conhecimento científico, ele é produzido nas Universidades, nos Institutos de Pesquisa e publicado em revistas científicas, livros, anais de congressos científicos etc. A linguagem, o contexto, os objetivos, o público do conhecimento científico são bem diferentes daqueles do conhecimento escolar. Quais tipos de conhecimentos são ensinados e aprendidos em sala de aula? https://bit.ly/3oNokV4 14 O conhecimento científico não é diretamente trabalhado nas escolas, antes disso, passa pelo processo de adaptação a até chegar a escola. A transição do conhecimento considerado como uma ferramenta a ser posto em prática, para o conhecimento como algo a ser ensinado e aprendido, é precisamente o que eu tenho chamado de transposição didática do conhecimento (CHEVALLARD, 2013, p. 9, Grifo nosso). De acordo com Chevallard (2013) a transposição didática consiste em um processo de adaptação do conhecimento produzido pelos cientistas (o Saber Sábio) que se transforma nos objetos de ensino dos currículos e livros didáticos (o Saber a Ensinar) até chegar ao conhecimento trabalhado nas salas de aula (o Saber Ensinado). A transposição seria, dessa forma, o processo de adequação do conhecimento científico ao contexto escolar. Durante o processo de adaptação há modificações que transformam não apenas a linguagem, mas o próprio conhecimento. As modificações ocorrem, também, devido a influências sociais e políticas. O que deve ser adaptado e estudado? No momento atual, há muita produção de conhecimento científico sobre COVID-19, o qual é adaptado até chegar às escolas, e então o professor escolhe como trabalhar o assunto com os estudantes. Algo parecido já ocorreu com outras doenças como: dengue, aids, tuberculose. No momento, a prioridade é para a COVID-19, em outro momento pode ser para outra doença. Além do que deve ser adaptado e estudado, há outras questões importantes como: quando, por que e como estudar determinados conhecimentos? O debate sobre essas perguntas, ao longo de anos, tem influenciado as legislações da educação brasileira para além dos currículos, causando efeitos também em materiais didáticos, bem como na prática do docente. Trataremos desses assuntos, com foco no processo de ensino-aprendizagem de Ciências Naturais, nas próximas unidades de aprendizagem. Já leu um artigo científico? Sua linguagem é a mais apropriada para o trabalho pedagógico na Educação Básica? 15 16 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O conhecimento é uma construção coletiva e a aprendizagem acontece por meio de eixos, na troca dos sentidos construídos no diálogo e na valorização das diferentes vozes que circulam nos espaços de interação. A partir desses eixos, é importante que o trabalho pedagógico com as crianças garanta o estudo articulado das Ciências Sociais, das Ciências Naturais, das Noções Lógicas Matemáticas e das Linguagens. Na perspectiva das ideias apresentadas no texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. O objetivo do trabalho com áreas do conhecimento é ajudar a criança a pensar de forma interdisciplinar e a desenvolver atitudes de observação, estudo e comparação das relações entre homem, espaço e natureza. PORQUE II. O trabalho didático com as áreas do conhecimento de forma articulada tem a finalidade de desafiar as crianças a simular situações, elaborar hipóteses, refletir sobre situações do cotidiano e se posicionar, estabelecendo relações e percebendo o significado dos saberes integrados dessas áreas em suas ações cotidianas. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 2. A pergunta e o perguntar têm um papel fundamental na pesquisa. Uma pergunta é um início necessário para a pesquisa, na medida em que ela coloca um problema que dá sentido ao ato de pesquisar. Sem problema não há pesquisa. Considerando esse referencial, qual das conclusões é correta? 17 a) Toda pergunta merece ser pesquisada. b) As perguntas são o cerne da pesquisa. c) Uma pesquisa pode prescindir de respostas. d) Toda pesquisa deve ser conclusiva. e) As respostas constituem o âmago da pesquisa. 3. A racionalidade científica, forma dominante de pensar e de agir na Modernidade, transformou o homem e sua ação em objetos de investigação. Passaram a ser tratados da mesma forma que as “coisas” e os fenômenos da natureza, como “objetos” fixos, imutáveis. O historicismo veio a se opor a essa perspectiva positivista,chamando a atenção para a dimensão histórica da existência, do mundo e da sociedade. As vertentes da pesquisa em educação que acompanharam essa discussão incorporaram ideias do historicismo e trouxeram para a prática da investigação o pressuposto de que a) a pesquisa educacional supõe a existência de métodos previamente definidos. b) a objetividade e a universalidade do conhecimento são garantidas pelos métodos de pesquisa. c) a metodologia da pesquisa determina a produção dos conhecimentos histórico- educacionais. d) o conhecimento da realidade só é possível por meio do controle do fenômeno educacional. e) o conhecimento educacional depende da compreensão dos processos sócio históricos. 4. A produção do conhecimento escolar crítico requer que a teoria anunciada na forma conceitual se transforme em ações no contexto de vida do aluno para alcançar uma visão crítica que move o seu agir no mundo para superar a visão fragmentada da realidade (FAVERI, J. E. Filosofia da educação: o ensino da filosofia na perspectiva freireana. 2ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 44) Na perspectiva das ideias do fragmento de texto acima, analise as seguintes asserções. I. A concepção crítica de conteúdo fundamenta-se na relação entre o saber cotidiano do estudante, suas condições existenciais e o saber metódico já 18 produzido. O produto dessa relação constitui sínteses qualitativamente melhoradas. PORQUE II. Pela reflexão crítica da realidade presente, o estudante busca organizar um novo saber na forma de teorias explicativas que identificam contradições e buscam sua superação com posturas concretas renovadas diante do seu contexto de vida. a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa da primeira. c) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira. d) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. 5. Apesar dos estudos sem utilidade imediata estarem desaparecendo, tal a importância dada atualmente aos saberes utilitários, a tendência para prolongar a escolaridade e o tempo livre deveria levar os adultos a apreciar cada vez mais, as alegrias do conhecimento e da pesquisa individual. É essencial que cada criança, esteja onde estiver, possa ter acesso, de forma adequada, às metodologias científicas de modo a tornar-se para toda a vida “amiga da ciência”. Isso se justifica porque o aumento dos saberes permite: I. Compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos. II. Favorecer o despertar da curiosidade intelectual. III. Estimular o sentido crítico. IV. Compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na capacidade de discernir. Estão corretas as afirmativas 19 a) I, II, III e IV. b) II e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) I e IV, apenas 6. De acordo com Lakatos (Fundamentos de Metodologia Científica) todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Assinale a alternativa que define corretamente o que é método científico, de acordo com o autor acima citado. a) O método é a base para o desenvolvimento de uma pesquisa estritamente científica com maior segurança e economia. É por meio da escolha e utilização de métodos que o pesquisador alcança os objetivos e comprova de forma imutável e infalível suas hipóteses. b) O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. c) O método é o conjunto das atividades assistemáticas desenvolvidas pelo pesquisador, para que por meio do seu problema de pesquisa possa alcançar o objetivo - conhecimentos válidos, verdadeiros e infalíveis -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. d) O método é o conjunto das atividades que buscam viabilizar a organização do trabalho do pesquisador, para que assim encontrar as respostas para seu problema de pesquisa, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos, verdadeiros e infalíveis -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. e) O método é o conjunto das atividades definidas pelo pesquisador para que suas hipóteses possam ser verificadas e nunca negadas e para que, com maior segurança e economia, permita alcançar o objetivo do problema de pesquisa - conhecimentos válidos, verdadeiros e imutáveis -, traçando o caminho a ser 20 seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. 7. O movimento que propõe, como tarefa central do ensino de Ciências, a de ensinar a natureza da ciência, pode ser definido em sete pontos, dos quais destacamos os três a seguir: I. O conhecimento científico é inacabado. II. O conhecimento científico é fundamentado em provas empíricas. III. O conhecimento científico é objetivo. Com relação aos pontos destacados a respeito do conhecimento científico, está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 8. O conhecimento científico distingue-se do conhecimento de senso comum sob muitos aspectos. Sob a perspectiva científica, é correto afirmar que: a) a tradição e os costumes são as principais fontes do conhecimento confiável. b) a testagem experimental não é um método confiável para obtenção de conhecimento. c) todo conhecimento confiável provêm do conhecimento filosófico. d) todo conhecimento é passível de crítica, mesmo aqueles que parecem os mais bem estabelecidos em um dado momento. e) em seu interior prevalece a existência de dogmas, isto é, verdades definitivas que não podem e não devem ser criticadas. 21 COMO O BRASIL ORGANIZA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS? 2.1 DA CF/88 À BNCC Imagine quantos equipamentos o celular pode substituir: fax, lanternas, câmeras, calculadoras, relógios são alguns exemplos. Nossas vidas mudaram bastante com o avanço dos celulares e outros equipamentos tecnológicos e cada da vez mais cedo os brasileiros têm acesso a eles. Já reparou que para construir esses dispositivos, além de materiais, há conhecimentos científicos e tecnológicos? Quando nós devemos começar a estudar sobre ciência e tecnologia? O ensino de Ciências no Brasil, atualmente, começa na primeira etapa da Educação Básica, na Educação Infantil. É essencial iniciar a imersão no mundo da ciência e da tecnologia desde, pois aproveita-se a curiosidade natural das crianças para tornar acessível o conhecimento construído ao longo de séculos. Entretanto, nem sempre foi assim, de acordo com Krasilchik (2000) antes de 1961 as aulas de Ciências eram apenas para as turmas de anos finais do ginásio (atualmente 8° e 9° anos do fundamental). Atualmente, o documento que regulamenta o ensino de ciências nas escolas públicas e particulares de Educação Básica no Brasil é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na Base estão contidas as competências, as habilidades, os valores e atitudes, além dos conteúdos que todos os estudantes das redes pública e particular devem estudarao longo de cada etapa da Educação Básica. Apesar de ter sido homologada pelo Ministério da Educação (MEC) em 20 dezembro de 2017, sua história começa em 1988 com a promulgação da nossa atual Constituição Federal. Vejamos o encadeamento de ações até chegar à BNCC. UNIDADE 02 22 A BNCC já estava prevista no Artigo 210 na Constituição, onde se diz: “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.” (BRASIL, 1988). Mesmo prevista, a Base demorou aproximadamente 30 anos para ser construída e entrar em vigor, primeiramente foi necessário publicar uma lei para detalhar e regulamentar os artigos da Constituição (205 a 214 e passagens de outros) que descrevem a nova estrutura da educação brasileira. Durante anos essa lei fundamental foi discutida e elaborada, até ser publicada em 1996 e hoje a conhecemos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sob o número 9394/96. No artigo 26 a LDB avança pouco no estabelecimento da Base, acrescenta o Ensino Médio e mais alguns detalhes como pode ser lido a seguir: Art. 26 - Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela (BRASIL, 1996). A primeira tentativa de estabelecer uma espécie de currículo nacional ocorreu com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que normatizou os dispositivos da Constituição e da LDB. Publicados em 1997, os PCN para o Ensino Fundamental Anos Iniciais (antigas 1ª a 4ª séries) eram constituídos de dez volumes, sendo seis volumes para as áreas de conhecimento, mais três volumes para os temas transversais e um volume para apresentar o que são os PCN. No ano seguinte, foram publicados os PCN para o Ensino Fundamental Anos Finais (antigas 5ª a 8ª séries) com a mesma estrutura do Ensino Fundamental Anos Iniciais. Veja a estrutura no quadro abaixo: Quadro 1: Parâmetros Curriculares Nacionais (para as antigas 1ª a 4ª séries) Volume 1 Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais Volume 2 Língua Portuguesa Volume 3 Matemática Volume 4 Ciências Naturais Volume 5 História e Geografia Volume 6 Artes Volume 7 Educação Física Volume 8 Ética Volume 9 Meio Ambiente e Saúde Volume 10 Pluralidade Cultural e Orientação Sexual Fonte: Adaptado de Brasil (2000) 23 Além de estabelecer os conteúdos referencias para currículos de cada estado e município do país, os PCN Brasil (2000) apresentaram um conjunto de proposições com o intuito de renovar e reelaborar as propostas de currículos do sistema educacional brasileiro, fornecendo informações e orientações com relação no processo de planejamento, estratégias de ensino-aprendizagem, práticas avaliativas. Um dos grandes avanços dos PCN foi apresentar os conteúdos por blocos temáticos, ao invés de disciplinas. No caso de Ciências da Natureza os blocos temáticos são quatro: Ambiente; Ser humano e saúde; Recursos tecnológicos; Terra e Universo. Sendo que os três primeiros blocos se desenvolvem durante todo o Ensino Fundamental e o bloco Terra e Universo a partir da antiga 5ª série. A opção por blocos é uma estratégia interessante para facilitar o trabalho interdisciplinar, mesmo que nos quatro blocos haja conteúdos de Astronomia, Biologia, Física, Geociências e Química, é sempre possível trabalhar de forma interdisciplinar, porque há conexões entre as diferentes Ciências Brasil (2000) Além dos blocos há os temas transversais (Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual) que perpassam todas as áreas de conhecimento. De acordo com os PCN: A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores (BRASIL, 2000, p. 45). Além disso, o intuito de sugerir os temas transversais não foi acrescentar novos conteúdos, mas dar visibilidade a temas e a problemas sociais atuais, propondo um trabalho pedagógico contextualizado. Mesmo que os temas tenham sido escolhidos pela abrangência nacional, é recomendado aos professores que trabalhem os temas a partir da realidade e necessidades locais, permitindo às crianças compreender os conceitos a partir da realidade que os cerca e ainda desenvolver habilidades e valores para modicar seu contexto. Vale ressaltar que os PCN não são normativos, ou seja, não são de adoção obrigatória pelos estados e municípios. Foram construídos para serem referenciais para a nossa rede de ensino, cabendo aos entes federados instituir grupos de trabalho para elaborar seus próprios currículos de acordo com suas particularidades 24 e necessidades. Desde sua publicação, os PCN são alvos de diversas controvérsias, principalmente no universo acadêmico. Galian (2014) expõe críticas com relação a imposição de organismos internacionais para implementação pelo Brasil de currículos que formem mão de obra moldáveis às requisições do sistema econômico. A autora relata, também, críticas aos fundamentos teóricos enfatizados e a padronização curricular no Brasil, desconsiderando as diversidades entre as regiões, até mesmo dentro de um mesmo município. Não foram só críticas negativas que os PCN receberam, Bonfim et alli (2013), por exemplo, cita o legado dos temas transversais que foi deixado pelos Parâmetros. Já Abreu e Mattos (2008) citam os PCN como ponto de partida para a questão da educação das relações étnico-raciais. Há outros aspectos positivos que podem ser percebidos a partir da análise dos documentos referenciais de 1997, tanto é que a publicação da BNCC não revogou os PCN, eles continuam válidos até o momento. Por si só, este fato releva sua importância para educação brasileira. O princípio referencial dos PCN permaneceu incomodando alguns especialistas no assunto, tanto é que em 2010, na 1ª Conferência Nacional de Educação (CONAE), citou em seu documento final a necessidade de uma base comum nacional normativa organizado por Fernandes (2010) Além disso, diversos outros movimentos como a definição das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCN, 2013), a criação do Sistema Nacional de Educação (SNE) e do Plano Nacional de Educação (PNE) e a transformação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em prova de seleção de candidatos para o ingresso nas universidades geraram pressões para a criação de uma base comum, que começou a ser construída em 2015 com a constituição de uma comissão de especialistas que elaborou uma proposta inicial, resultando, em 2017, após dois anos de debates como a sociedade, na homologação da BNCC. 25 Figura 3: Linha do tempo da BNCC Fonte: Adaptado de Brasil (2018a) 26 Ao fim dessa breve cronologia, percebe-se que a BNCC, bem como os PCN, atente ao que determina a Constituição e a LDB. Ademais, ambos documentos passaram por consultas à sociedade para democratizar a escolha dos conteúdos mínimos e comuns. Mesmo com todas as controvérsias durante a construção da BNCC, no documento final aprovado é possível perceber uma tendência de padronização dos conhecimentos a serem estudados pelos estudantes brasileiros, também presentes em currículos de países do mundo ocidental. 2.2 AS CIÊNCIAS NATURAIS NA BNCC A BNCC é um documento normativo,diferentemente dos PCN que eram referenciais, que estabelece as aprendizagens essenciais que todas as escolas do sistema de educação brasileiro. É uma nova organização do trabalho pedagógico, cujo foco está no desenvolvimento de competências. Há muita discussão no mundo acadêmico sobre o que são competências, para evitar controvérsias a BNCC define competência como: [...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2018a). Esta definição diz muito sobre o que se pretende com o enfoque em competência: sair do modelo de educação conteudista, para um modelo de https://bit.ly/2O4Za7W 27 formação de cidadãos capazes de mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver situações problemas. Então, para a BNCC uma pessoa competente para a vida cotidiana, o exercício da cidadania e para o mundo do trabalho não é aquela que apenas se apropriou de muita informação, mas aquela que sabe mobilizar habilidades, informações e valores no momento adequado. Foram estabelecidas dez competências para serem desenvolvidas durante a Educação Básica. Veja o quadro abaixo. Quadro 2: Competências gerais da educação básica 01 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 02 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 03 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 04 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 05 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 06 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 07 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 08 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo- se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 09 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Fonte: Adaptado de Brasil (BRASIL, 2018a, p. 9-10) 28 As dez competências gerais se articulam e devem ser desenvolvidas nas três etapas da Educação Básica (Ensino Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e, concomitantemente, por todas a áreas de conhecimento. Embora haja a segmentação da educação em etapas, as competências gerais são as mesmas, isso valoriza o processo contínuo e integrado de desenvolvimento de competências durante toda a Educação Básica. Na etapa de Educação Infantil a BNCC Brasil assegura às crianças seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento (Conviver; Brincar; Participar; Explorar; Expressar; Conhecer-se), bem como estabelece cinco campos de experiências: - O eu, o outro e o nós; - Corpo, gestos e movimentos; - Traços, sons, cores e formas; - Escuta, fala, pensamento e imaginação; - Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações (BRASIL, 2018a). Para cada um desses campos de experiências são definidos objetos de aprendizagem e desenvolvimento para três grupos de faixas etárias de Educação Infantil. Bebê Crianças bem pequenas Crianças Pequenas 0 a 1 ano e 6 meses 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses 4 anos a 5 anos e 11 meses A BNCC não cita a área de conhecimento Ciências Naturais para Educação Infantil, mas é possível perceber dentro dos objetos de aprendizagem e desenvolvimento conceitos que podem ser estudados a partir de atividades relacionadas a Ciências Naturais, vejamos, como um exemplo, o objeto de aprendizagem e desenvolvimento para Crianças Pequenas “Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história dos seus familiares e da sua comunidade” (BRASIL, 2018a, p. 51) Relatar esses fatos requer que a criança reflita sobre corpo, seu desenvolvimento e o ambiente ao seu redor. Para auxiliar nesse processo, o professor pode trabalhar previamente conceitos historicamente relacionados à Biologia, 29 levando em consideração o mundo da criança. Quanto menor a faixa etária, menor a complexidade dos objetos de aprendizagem e desenvolvimento. No caso de Crianças Bem Pequenas é indicado promover situações de aprendizagem com o intuito de “Compartilhar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela” e para Bebês “Explorar o ambiente pela ação e observação, manipulando, experimentando e fazendo descobertas” (BRASIL, 2018a, p. 51) São objetos de aprendizagem com menor nível de complexidade, quando comparados com os para Crianças Pequenas, porém não menos importantes, já que respeitam as capacidades da faixa etária e promovem momentos proveitosos de interação entre as crianças. Além disso, os objetos de aprendizagem e desenvolvimento valorizam as vivências, as habilidades e o contexto das crianças. [...] as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação (BRASIL, 2018a, p. 36). Além de conceitos relacionados às Ciências Naturais,pode ser estudado na Educação Infantil, o próprio processo científico, que, por meio de atividades investigativas, será desenvolvido com o intuito de proporcionar às crianças possibilidades de observar, explorar, manusear, elaborar questões e respostas relacionadas ao meio em que estão inseridas. Não é necessário esperar até o Ensino Fundamental para aproximar as crianças dos processos científicos. Em qualquer faixa etária é possível elaborar estratégias didáticas que possibilitem uma postura investigativa, valorizando sempre os saberes das crianças, suas experiências e os seus contextos. Crianças são curiosas por natureza, gostam de questionar e demonstram grande entusiasmo com os fenômenos aos seus redores. Aproveitar esse momento para trabalhar a cultura científica é fundamental para formar cidadãos críticos e conscientes do seu papel na sociedade. 30 Nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1° ao 5° ano) a BNCC organiza o processo em cinco áreas de conhecimento: Linguagens; Matemática; Ciências Naturais; Ciências Humanas; Ensino Religioso. Para a área de Ciências Naturais foram estabelecidas oito competências específicas. Veja o quadro: Quadro 3: Competências específicas de ciências da natureza para o ensino fundamental 01 Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 02 Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 03 Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza. 04 Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 05 Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 06 Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. 07 Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. 08 Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Fonte: Adaptado de Brasil (BRASIL, 2018a, p. 324) A área de Ciências Naturais é abrangente e engloba vários componentes https://bit.ly/3torGBs 31 curriculares, então, para incentivar a interdisciplinaridade e facilitar a elaboração dos currículos pelas redes de ensino, as aprendizagens essenciais foram organizadas em três unidades temáticas para o Ensino Fundamental. Quadro 4:: Organização das Unidades Temáticas Fonte: Brasil (2018c) As três unidades temáticas devem ser trabalhadas em todos os anos do Ensino Fundamental. Diferentemente dos PCN, em que Terra e Universo começava apenas no Ensino fundamental Anos Finais, na BNCC este tema começa desde os anos iniciais. Contudo, o que deve ser trabalhado em cada uma das unidades temáticas? As respostas estão na própria BNCC: A unidade temática Matéria e energia contempla o estudo de materiais e suas transformações, fontes e tipos de energia utilizados na vida em geral, na perspectiva de construir conhecimento sobre a natureza da matéria e os diferentes usos da energia. A unidade temática Vida e evolução propõe o estudo de questões relacionadas aos seres vivos (incluindo os seres humanos), suas características e necessidades, e a vida como fenômeno natural e social, os elementos essenciais à sua manutenção e à compreensão dos processos evolutivos que geram a diversidade de formas de vida no planeta. Estudam-se características dos ecossistemas destacando- se as interações dos seres vivos com outros seres vivos e com os fatores não vivos do ambiente, com destaque para as interações que os seres humanos estabelecem entre si e com os demais seres vivos e elementos não vivos do ambiente. Abordam-se, ainda, a importância da preservação da biodiversidade e como ela se distribui nos principais ecossistemas brasileiros. (BRASIL, 2018a, p. 325-326, Grifo nosso). 32 Na unidade temática Terra e Universo, busca-se a compreensão de características da Terra, do Sol, da Lua e de outros corpos celestes – suas dimensões, composição, localizações, movimentos e forças que atuam entre eles. Ampliam-se experiências de observação do céu, do planeta Terra, particularmente das zonas habitadas pelo ser humano e demais seres vivos, bem como de observação dos principais fenômenos celestes. Além disso, ao salientar que a construção dos conhecimentos sobre a Terra e o céu se deu de diferentes formas em distintas culturas ao longo da história da humanidade, explora-se a riqueza envolvida nesses conhecimentos, o que permite, entre outras coisas, maior valorização de outras formas de conceber o mundo, como os conhecimentos próprios dos povos indígenas originários. (BRASIL, 2018a, p. 328, Grifo nosso). Dessa maneira, a BNCC estabelece com clareza o que deve ser estudado em cada uma das unidades temáticas. Bem como, determina as habilidades e os conteúdos que devem ser estudados em cada ano de cada etapa do Ensino Fundamental com a finalidade de desenvolver as oito competências específicas de Ciências Naturais. Na Unidade de Aprendizagem 05 – A organização do trabalho pedagógico para o ensino de Ciências Naturais, iremos aprender a organizar o processo de ensino-aprendizagem de forma a desenvolver as competências por meio das habilidades e dos conteúdos citados na BNCC. 2.3 CURRÍCULO Por mais que a BNCC seja normativa e traga as competências gerais e especificas, bem como as habilidades, as atitudes e valores e os objetos de conhecimentos que devem ser estudados em cada ano de cada etapa da Educação Básica, a BNCC oficialmente não é o currículo. O próprio documento da BNCC esclarece sua função: Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra 33 a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação(BRASIL, 2018a, p. 8). A BNCC foi idealizada para diminuir a fragmentação das políticas públicas para a educação e alinhar as aprendizagens mínimas para os estudantes. Cada estado, município e o Distrito Federal (DF) deve construir seu próprio currículo com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e na BNCC, que são documentos complementares. Já as DCN foram elaboradas pelo CNE para orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino (BRASIL, 2013). Dessa forma, a BNCC apresenta o que deve ser estudado, enquanto as DCN detalham como deve ser estudado. O MEC estabeleceu um prazo de dois anos para os sistemas de ensino adequarem seus currículos à BNCC, esse prazo acabou no início do ano letivo de 2020. Para ajudar no processo, o Ministério da Educação (MEC) por meio da Portaria N. 331, de 2018 instituiu o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (PRO-BNCC) que visa apoiar, em regime de colaboração, as unidades da federação a elaborar e implementar currículos alinhados à BNCC Brasil (2018a) De acordo com a Resolução 02 de 2017 do CNE os currículos escolares devem ser estruturados em duas partes: BNCC (Conhecimentos e habilidades obrigatórias) mais a Parte Diversificada (Contextualização local e regional) (BRASIL, 2017b). Assim, a parte diversificada deve agregar à Base características sociais, ambientais e econômicas dos currículos. A BNCC pode resultar na homogeneização da educação brasileira? 34 https://bit.ly/2MT7Ihw 35 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Uma professora chega, cumprimenta seus alunos e pede que organizem as cadeiras e mesas em roda, pois vão começar a aula discutindo uma notícia. Em primeiro lugar, a professora verifica se estão todos ali. Uma aluna diz que algumas pessoas chegarão atrasadas por causa da chuva forte que caiu, mais uma vez, à tarde. E professora, então, explica ao grupo que a notícia que trouxe é exatamente sobre as chuvas que têm castigado as pessoas da cidade. Ela começa a perguntar se, entre os alunos, há alguém que tenha sofrido com a chuva. Vários alunos passam a dar seus depoimentos, falando sobre seus problemas como trânsito e com as enchentes: falam de lixo, entupimento de bueiros e canalização de rios. No final da aula, ela lê a notícia que trouxe e pede que cada um escreva um pequeno texto comentando o que pode ser feito para diminuir o problema das enchentes. Pela descrição da aula da professora, infere-se que sua prática é condizente com a concepção de aprendizagem apresentada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Com base nas informações apresentadas, avalie as afirmações a seguir: I. O tema proposto pela professora faz parte dos conteúdos de Ciências, e as atividades propostas por ela estão restritas ao âmbito dessa disciplina. II. A prática da professora incorpora a compreensão de que o aluno é alguém que tem o que dizer e que a sala de aula é espaço de construção compartilhada de conhecimentos. III. A atividade proposta revela o compromisso da professora com o desenvolvimento de competências dos alunos, pois ela considera os conhecimentos prévios e os amplia. IV. A professora seleciona os conteúdos e as atividades, relacionando-os em uma perspectiva interdisciplinar, às vivências a que os alunos são expostos em seu universo cultural. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) I e IV. 36 c) II e III. d) I, III e IV. e) II, III, IV. 2. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que determina os conhecimentos e habilidades essenciais que devem garantir o direito à aprendizagem e o desenvolvimento pleno de todos os estudantes. A respeito do assunto, conforme a última versão desse documento, considere as seguintes afirmativas: 1) A BNCC tem como um de seus marcos legais o Artigo 205 da Constituição Federal de 1988, que reconhece a educação como um direito fundamental de todos e um dever compartilhado entre o Estado, a sociedade e a família. 2) Conforme a BNCC, as decisões pedagógicas devem considerar o desenvolvimento de competências, com indicações claras sobre o que os alunos devem “saber”, e sobre o que eles devem “saber fazer”. 3) A implementação da BNCC deve levar em conta a diversidade cultural, social e econômica dos estados brasileiros, possibilitando que cada instituição de ensino construa o seu currículo de forma independente, e autônoma usando como base somente as necessidades da comunidade local a qual atende. 4) Considerando que a Educação Básica deve propender à formação e ao desenvolvimento humano, a BNCC defende explicitamente o compromisso com a educação integral. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. 3. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera serem desenvolvidas por todos os estudantes no decorrer da escolaridade básica. Com relação à BNCC, analise as 37 afirmativas a seguir: I. É um documento normativo que se aplica à educação escolar e está norteado pelos princípios éticos, políticos e estéticos visando à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. II. No Ensino Fundamental, as cinco áreas de conhecimento propiciam a comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes curriculares. III. É o currículo nacional para os sistemas e das redes escolares dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e é o parâmetro para a elaboração das propostas pedagógicas das instituições escolares. IV. O conceito de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se refere à duração da jornada escolar. Estão corretas as afirmativas a) II e IV, apenas. b) I e III, apenas. c) III e IV, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. 4. Sobre as dez competências gerais apresentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é correto afirmar: a) Uma das competências gerais é conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. b) Habilidade é a mobilização de conhecimentos, competências, atitudes e valores para a resolução de demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. c) Na Educação Infantil, as competências específicas de área, estabelecidas por cada área do conhecimento, evidenciam como as dez competências gerais se expressam nessas áreas. d) As dez competências gerais devem ser desenvolvidas pelos alunos, a partir do 38 Ensino Fundamental, para assegurarem uma formação humana integral tendo em vista a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. e) Os cinco campos de experiências da Educação infantil são: Conviver; Brincar; Participar; Explorar; Expressar; Conhecer-se. 5. “A área de Ciências da Natureza, por meio de um olhar articulado de diversos campos do saber, precisa assegurar aos alunos do Ensino Fundamental o acesso à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica.” Fonte: BNCC – A área de Ciências da Natureza – 2017 Consequentemente, de acordo com a BNCC, ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Naturezatem o compromisso com o desenvolvimento de a) letramento científico. b) alfabetização científica. c) experimentos científicos. d) inovação científica. e) conhecimento científico. 6. O ensino de Ciências Naturais é relativamente recente na escola fundamental, ganhou maior notoriedade com a Lei nº 5.692, quando passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau a partir de 1971. As Ciências têm se orientado por diferentes tendências, que ainda hoje se expressam nas salas de aula. Ainda que resumidamente, vale a pena reunir fatos e diagnósticos que não perdem sua importância como parte de um processo. Sobre a importância do ensino das Ciências Naturais no nível fundamental, é correto afirmar que a) o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma relação homem-natureza onde são favorecidas ações de exploração, acarretando a manipulação gênica, os desmatamentos, o acúmulo na atmosfera de produtos resultantes da combustão, o lixo industrial, hospitalar e doméstico. b) o conhecimento sobre como a natureza se comporta e a vida se processa 39 contribui para o aluno se posicionar com fundamentos acerca de questões bastante polêmicas e orientar suas ações de forma mais consciente. c) o ensino de Ciências Naturais orientou a necessidade do currículo responder ao avanço da postura “cientificista” e às demandas pedagógicas geradas por influência do movimento ambiental. d) o ensino de Ciências Naturais está relacionado com os processos do dia a dia da sociedade e isso torna as atividades práticas do conhecimento científico menos valorizadas e aplicadas. e) os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde começaram a deixar de ser abordados devido ao modelo desenvolvimentista mundialmente hegemônico. 7. O artigo 26 da Lei nº 9.394/96, LDB em vigor, afirma que os currículos da educação infantil devem contemplar a Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Em dezembro de 2017, o Conselho Nacional de Educação a aprovou. Sobre esse tema, é correto afirmar que a BNCC é um documento de caráter a) reflexivo. b) normativo. c) opcional. d) sugestivo. e) referencial. 8. Sobre o ensino de Ciências da Natureza, de acordo com a BNCC, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas. ( ) A área Ciências da Natureza tem como um de seus objetivos o desenvolvimento da capacidade de atuação sobre o mundo, por meio do trabalho individualizado da Química, da Física e da Biologia. ( ) Para alcançar os objetivos propostos pela BNCC, é necessário que os alunos sejam progressivamente estimulados e apoiados no planejamento e na realização cooperativa de atividades investigativas, seguindo as etapas pré- definidas pelo método científico. ( ) O processo investigativo deve ser o elemento central na formação dos estudantes, e o seu desenvolvimento deve acontecer de modo aliado às situações didáticas planejadas ao longo de toda a Educação Básica. 40 ( ) Para o sucesso do ensino de Ciências da Natureza, é necessário que seja promovido nos alunos o letramento científico, envolvendo a capacidade de compreender e interpretar o mundo. Assinale a sequência correta. a) F V F F b) F V F V c) F F V V d) V F V V e) V V F F 41 COMO A CRIANÇA APRENDE? 3.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA Como a criança aprende? É uma pergunta com respostas bem complexas que vêm sendo dadas há muito tempo. Desde a Grécia antiga, filósofos refletiram sobre o funcionamento da mente e, também, sobre os processos de aprendizagem. A Psicologia é a área de conhecimento que estuda e propõe respostas para essa e outras perguntas. Veremos nesta unidade de aprendizagem a importância da Psicologia para a educação, os principais autores que investigaram o processo de aprender, bem como as implicações de teorias de aprendizagem para o ensino de Ciências Naturais. A Psicologia é uma área de conhecimento que nasceu da Filosofia, como várias outras. O termo deriva de "psyché" (alma) e "logos" (estudo, compreensão). Assim, Psicologia pode ser definida como o "estudo da alma" ou a "compreensão da alma". Platão e Aristóteles, segundo Serbena e Raffaelli (2003)foram os primeiros, respectivamente, a iniciar a indagação e a sistematização psicológica. Outros filósofos também contribuíram com ideias que inspiraram pensadores e cientistas da área de psicologia. Veja um resumo no quadro a seguir: Quadro 5: Filósofos e contribuições para a compreensão da mente FILÓSOFO ALGUMAS OBRAS CONTRIBUIÇÕES Francis Bacon (1561-1626) - Nova Atlântida: a Grande Instauração; - Novo Órganon. - Defendeu o conhecimento baseado na experiência; - Pregou o Método indutivo. João A. Comênio (1592 – 1670) - Didática Magna; - O labirinto do mundo e o paraíso da alma. - Sistematizou a pedagogia e a didática; - Defendeu a educação para todos. René Descartes (1596-1650) - Discurso sobre o método; - Meditações sobre Filosofia Primeira. Defendeu o racionalismo e do inatismo. John Locke (1632 - 1704) - Ensaio sobre o entendimento humano; - Dois Tratados sobre o governo. - Refletiu sobre como a mente capta e traduz o mundo exterior; - Alegou que o ser humano nasce sem conhecimento (tábula rasa) e é preenchido de acordo com as experiências. UNIDADE 03 42 Jean J. Rousseau (1712- 1778) - O Contrato Social - Emílio, ou da Educação. - Defendeu a liberdade para a criança experimentar e aprender; - Pregou o retorno à natureza e o respeito ao desenvolvimento físico e cognitivo da criança. Fonte: Adaptado de Antônio (2014) Esses e outros filósofos propuseram ideias e hipóteses que inspiraram várias áreas de conhecimento. A Psicologia moderna teve muita influência dos antigos filósofos na construção de sua base teórica. A Psicologia de modo geral pode ser definida como: [...] a ciência que estuda os fenômenos psíquicos em sua natureza ou em suas manifestações e relações, objetivando descrevê-los e explicá-los em diferentes dimensões, sendo aplicável em diferentes áreas de conhecimento (RACY, 2012, p. 15) A Psicologia tem desenvolvido estruturas teóricas fundamentais para a compreensão do fenômeno de aprender. Assim, o conhecimento produzido no campo da Psicologia pode fornecer informações fundamentais para a educação. De acordo com Lomônaco (1999, p. 2) [...] a maior parte dos estudiosos admite atualmente que a aplicação de conhecimentos psicológicos para a compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno não é apenas possível, mas altamente desejável, para não dizer indispensável. Dessa forma, o estudo dos mecanismos de funcionamento da mente é Acesso em: 22 nov. 2020 https://bit.ly/36JNNsm https://bit.ly/3jo36w3 https://bit.ly/3cHeh1A https://bit.ly/3rmRkFa https://bit.ly/2YIEdBJ 43 essencial para o docente poder agir com fundamento a respeito da conduta, da atuação dos estudantes e, principalmente, mediar o processo de ensino- aprendizagem. A contribuição da Psicologia para a Educação não se resume a intervenções terapêuticas em casos particulares, mas em todos os diversos aspectos que podem influenciar no processo de ensino-aprendizagem, tais como: sociais, ambientais, políticos, econômicos, culturais, institucionais e, também, psicológicos. 3.2 TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO O século XX foi fecundo para as teorias da aprendizagem, diversos psicólogos e pesquisadores desenvolveram e divulgaram diferentes teorias a respeito dos processos de aprendizagem e influenciaram a educação, principalmente nos países ocidentais. Vejamos de forma resumida alguns deles: BurrhusFrederic Skinner (1904-1990) foi um psicólogo estadunidense adepto do behaviorismo. Segundo Moreira (1999) a teoria behaviorista ou comportamentalista é baseada na análise dos comportamentos observáveis e mensuráveis do sujeito, nas respostas que ele dá aos estímulos externos, desconsiderando os processos cognitivos. O behaviorismo não começou com Skinner, outros pesquisadores como, Ivan Pavlov (1849 – 1936), Edward Thorndike (1874 – 1949), John Watson (1878 – 1958) entre outros, construíram o alicerce dessa teoria psicológica. Mesmo não sendo o primeiro, Skinner se tornou o mais conhecido entre os expoentes do behaviorismo. Skinner fez vários pós-doutorados, trabalhou nas universidades de Minnesota, Indiana e Harvard e foi produtivo até seus últimos dias. Seus principais livros são Tecnologia do Ensino, O Comportamento dos Organismos e Ciência e Comportamento Humano. https://bit.ly/3rgBdIU 44 Jean William Fritz Piaget (1896-1980) foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço que criou a teoria da epistemologia genética, que procura explicar, por meio da observação e da experimentação, os processos fundamentais do conhecimento. A perspectiva piagetiana para os processos cognitivos é usada para explicar o desenvolvimento das habilidades intelectuais e a construção do conhecimento. Base de sua teoria, de acordo com Moreira (1999), está nos processos assimilação, acomodação e equilibração. Em suma, na perspectiva piagetiana os processos pelos quais as estruturas cognitivas se modificam, de forma gradual, mediante a contínua interação entre o indivíduo e o ambiente é o cerne do desenvolvimento cognitivo. Fonte para suas obras foi a observação do desenvolvimento dos seus três filhos, a partir da qual, mas não somente, defendeu os “Estágios de desenvolvimento” que divide o desenvolvimento cognitivo da criança em quatro estágios: sensório-motor (até 2 anos), pré-operacional (2 a 7 anos), operacional- concreto (7 aos 12 anos) e operacional-formal (a partir dos 12 anos). Piaget produziu dezenas de livros, entre eles: O Nascimento da Inteligência na Criança; A Epistemologia Genética; e A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Lev Semionovitch Vigotski (1896-1934) foi um erudito russo que primeiramente se formou em direito, depois se especializou em literatura e psicologia e ainda se formou em medicina. No contexto histórico da Revolução Russa (1917) ele desenvolveu e defendeu, baseado no materialismo marxista, que a formação da consciência depende das relações sociais. Algo muito diferente de outras correntes de pensamento que defendiam os estímulos e respostas e os processos cognitivos. Para Vigotski, os processos psicológicos aconteciam primeiro no plano social e depois no plano individual. Dessa forma, segundo Moreira (1999) o desenvolvimento do ser humano não pode ser entendido fora no contexto social e cultural no qual ele está inserido. O ponto central de sua teoria é o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que é, de forma resumida, a diferença e entre o que o indivíduo já sabe e aquilo que ele tem potencialidade de aprender, sob orientação de alguém. Vigotski morreu cedo, aos 38 anos, mas deixou grande obras que foram continuadas e refinadas por seus colaboradores. Seus três principais livros são: Psicologia pedagógica; Psicologia da arte; e Pensamento e fala. Além disso, produziu 45 artigos, palestras, textos e aulas que até hoje são estudadas para compreender sua teoria dentro do seu contexto. Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879 – 1962) foi um médico e estudioso francês que apresentou sua concepção da origem dos processos psicológicos (psicogenética). Sua experiência como médico no acompanhamento de “crianças doentes, casos de retardo, epilepsia, anomalias psicomotoras em geral” (DANTAS, 2019, p. 35) bem como, no atendimento a adultos sequelados em guerras, além de outros fatores, lhe proporcionou experiência e conhecimento para desenvolver suas ideias a respeito do desenvolvimento humano de forma global, considerando fatores biológicos e socioambientais. De acordo com Mahoney e Almeida (2005) tal qual Piaget, Wallon dividiu o desenvolvimento das crianças em estágios: impulsivo-emocional; sensório- motor e projetivo; personalismo; categorial; e puberdade e adolescência. Além disso, ao estudar os estágios do desenvolvimento infantil, Wallon propôs a análise integrada das dimensões afetiva, motora e cognitiva. Na teoria walloniana afetividade, segundo Dantas (2019) ocupa lugar central e possui raízes biológicas e função social. A afetividade, para Wallon, não é sinônimo de carinho e amor e está relacionada a coisas que nos afetam e engloba emoção, sentimento e paixão. Os principais livros de Wallon publicados em português são: A Evolução Psicológica da Criança, Do Ato ao Pensamento: ensaio de psicologia comparada, e As Origens do Pensamento na Criança. Deste modo, embora de Wallon tenha iniciado na medicina, sua trajetória acadêmica foi ampla e gerou bastante conhecimento para a Psicologia e consequentemente para a Educação. David Paul Ausubel (1918 – 2008) foi médico e psicólogo estadunidense com doutorado em Psicologia do Desenvolvimento e é bastante conhecido por ter concebido a expressão aprendizagem significativa. De acordo com Moreira (2011, p. 13)“a aprendizagem significativa ocorre quando ideias expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o aprendente já sabe.” Outro conceito criado por Ausubel foi o de subsunçor ou ideia-âncora, que é a denominação a um conhecimento específico de um indivíduo que permite dar significado a um novo conhecimento que lhe é apresentado ou descoberto, segundo o mesmo autor supracitado. Dessa forma, aprendizagem significativa é a resultante do 46 processo de organização, assimilação do novo conhecimento na estrutura cognitiva do aprendiz. Alguns livros importantes de Ausubel: Educational Psychology: a cognitive view, The psychology of meaningful verbal learning, The acquisition and retention of knowledge. Em português o professor-autor Marco Antônio Moreira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul publicou diversos livros baseado na teoria de Ausubel, entre eles Aprendizagem Significativa: a teoria e textos complementares (MOREIRA, 2011). Carl Ransom Rogers (1902 – 1987) foi outro estudioso estadunidense, se graduou em História e se tornou doutor em Psicologia Educacional. A partir de sua experiência profissional como psicoterapeuta e professor, Rogers criou uma abordagem humanística denominada Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) (MOREIRA, 2010). Para Rogers cada pessoa tem em si a capacidade de entender o que a está tornado infeliz e provocar mudanças em suas vidas e, a partir de dessa capacidade latente, o terapeuta pode ajudar o indivíduo a mobilizar suas tendências intrínsecas em direção à compreensão de si mesmo e ao crescimento pessoal, (MOREIRA, 1999). Na perspectiva da ACP, o paciente, ou, como Rogers prefere chamar, o cliente, deve ser o centro do processo, porque cabe a ele a resolução de seus próprios problemas e encontrar a autorrealização, ao terapeuta cabe o papel de facilitar o processo. No contexto da educação, as ideias de Rogers colocam o estudante no centro do processo e ao professor cabe a atuação como facilitador. O que ocorre geralmente é o contrário, o professor e conteúdo são o centro do processo em sala e o estudante é periférico. Mas por que Rogers defendeu uma visão tão diferente? Porque na sua perspectiva os estudantes devem ter interesse para aprender. Essa e outras ideias são defendidas no livro publicado em português com o nome: Liberdade para Aprender. Outros livros de Rogers são: Tornar-se pessoa e Psicoterapia e consulta psicológica.47 3.3 TEORIAS DA APRENDIZAGEM A maioria dos filósofos e teóricos da educação não desenvolveram suas teorias em sala de aula, mas suas ideias têm sido aplicadas dentro da educação e gerando resultados importantes para a aprendizagem. De acordo com Moreira (1999, p. 139-140) a aprendizagem pode ser dividida em três tipos gerais: [...] a cognitiva que resulta no armazenamento organizado de informações na mente do ser que aprende; a afetiva, que resulta de sinais internos ao indivíduo e pode ser identificada com experiências tais como prazer e dor, satisfação ou descontentamento, alegria ou ansiedade; e a psicomotora, que envolve respostas musculares adquiridas por meio de treino e prática (Grifos do autor). A influência das teorias psicológicas na educação resultou em três abordagens diferentes aplicadas ao ensino: a comportamentalista (behaviorista), a cognitivista e a humanista. Baseada, principalmente, em Skinner, a abordagem comportamentalista resume o processo ensino à relação estímulo-resposta. Nessa perspectiva, o estudante é considerado moldável pelo processo de ensino e a aprendizagem é Teorias da aprendizagem: um encontro entre os pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico. Makeliny Oliveira Gomes Nogueira e Daniela Leal. Disponível em: https://bit.ly/3tr2EBN .Acesso em: 25 nov. 2020. Piaget, Vigotski, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. Yves de la Taille, Marta Kohl de Oliveira e Heloisa Dantas. Disponível em: https://bit.ly/3cF0uZj .Acesso em: 25 nov. 2020. Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Christiane Martinatti Maia. Disponível em: https://bit.ly/3jo787F .Acesso em: 25 nov. 2020. https://bit.ly/3tr2EBN https://bit.ly/3cF0uZj https://bit.ly/3jo787F 48 observada na mudança de comportamento, menosprezando os processos internos que ocorrem na mente do indivíduo. Essa abordagem teve e ainda tem muita influência na educação. Lomônaco (1999) elenca algumas aplicações dos trabalhos de Skinner: Instrução programada; Sistema personalizado de instrução; Técnicas de modelagem de respostas adequadas; Exclusão da punição no processo de ensino; Sistema de vales. Muitos programas de computador, livros, revistas, cursos, instruções escolares foram elaborados no século passado fundamentados com o objetivo de propiciar reforços positivos e negativos para o obter uma mudança de comportamento (aprendizagem). Com o passar do tempo foram caindo em desuso, mas atualmente, com o crescente acesso aos smartphones e à internet, passou a crescer a oferta de aplicativos para a educação construídos com base na técnica de estímulo-resposta. A abordagem cognitivista, baseada em Piaget, Ausubel, entre outros, prioriza o entendimento dos processos mentais relacionados à aquisição, à organização, ao armazenamento e à mobilização do conhecimento. Como vimos, cada teoria defende em maior ou menor peso fatores como a afetividade, a genética, a cultura, o ambiente, o momento histórico e social no processo de ensino-aprendizagem. Dentro dessa abordagem, o processo educacional deve levar em consideração que o estudante está inserido em um contexto social, e a observação, a investigação, o questionamento, a reflexão, a motivação, o trabalho em grupo são fundamentais para o desenvolvimento intelectual. Em síntese, na abordagem cognitivista o foco está nos processos pelos quais a aprendizagem se realiza, e não, somente, no resultado da aprendizagem (MOREIRA, 1999). Na abordagem humanística, que tem como principal representante Carl Rogers, o foco do ensino deve estar no estudante como pessoa, sendo este o principal ator do processo e possuidor de potencialidades a serem desenvolvidas, respeitando sua liberdade para fazer escolhas. Nessa perspectiva, para Rogers a função da escola é construir o processo educacional com finalidade de promover o crescimento pessoal do estudante e o papel do professor é ser um facilitador da 49 aprendizagem (FERRARI, 2008). Pode parecer que o papel do professor seja extremamente passivo, mas, pelo contrário, requer que o professor aprenda a praticar a empatia, a confiança, a compreensão para criar condições favoráveis para o crescimento intelectual e para o desenvolvimento da autonomia do estudante, sempre respeitando sua liberdade. O processo de aprendizagem do ser humano é complexo, não há uma abordagem teórica que o explique por completo, por isso, ao longo dos tempos foram construídas novas perspectivas de como aprendemos. O estudo das teorias de aprendizagem é fundamental para a formação dos professores, pois fornecem recursos não só para entender o comportamento dos estudantes, mas também para entender como aprendem e assim poder elaborar, planejar, executar situações de aprendizagem viáveis em sala de aula. Nessas três primeiras unidades de aprendizagem (UA) vimos as bases para o ensino de ciências, que são o conhecimento, o currículo e o processo de ensino- aprendizagem, nas próximas três UA iremos aprender como usar esses recursos para a prática em sala de aula no ensino de Ciências Naturais com foco nas crianças. Há várias teorias de como o ser humano aprende. Será que uma é melhor do que a outra? 50 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Considerando-se a relação entre desenvolvimento e aprendizagem na perspectiva de Vygotsky, é correto afirmar que I. desenvolvimento e aprendizagem são independentes e o desenvolvimento favorece as novas aprendizagens. II. desenvolvimento e aprendizagem ocorrem simultaneamente e são vistos como um processo único. III. desenvolvimento e aprendizagem são independentes e aprendizagem é um processo externo, não envolvido ativamente no desenvolvimento. IV. desenvolvimento e aprendizagem são interdependentes e aprendizagem tem papel fundamental no desenvolvimento. V. processos de maturação e aprendizagem constituem o desenvolvimento e são complementares entre si. Assinale a opção correta. a) Apenas o item I está certo. b) Apenas o item II está certo. c) Apenas o item V está certo. d) Apenas os itens I e III estão certos. e) Apenas os itens IV e V estão certos. 2. A professora afirmou que a baleia é um mamífero. Inconformado, Pedro argumentou: “Mamífero é vaca, gato, cachorro, cujos filhotes mamam. A baleia vive dentro d’água, tem nadadeiras, é um peixe”. A maioria dos colegas concordou com Pedro, mas todos começaram a mudar de idéia ao assistir a um filme em que apareciam baleias pequenas sendo amamentadas. Pedro começou a perceber que morar fora d’água não é algo que defina os mamíferos, e que ter rabo de peixe, nadadeiras e morar na água não são características apenas dos peixes. A aprendizagem de Pedro foi gerada, segundo a teoria piagetiana, pelo processo de 51 a) anulação do conhecimento anterior e substituição deste por conteúdos novos e diferentes. b) associação de novos conteúdos àqueles que já faziam parte da sua estrutura cognitiva. c) comparação entre informações contrastantes e o reforço do conhecimento anterior. d) desequilíbrio, por conflito cognitivo, e acomodação do novo conhecimento ao anterior. e) reforço positivo por parte da professora, dos colegas e da família. 3. Estar no espaço lúdico com outras crianças é um primeiro passo no movimento de brincar inclusivo. Alunos com limitações de movimento conseguem observar as ações das pessoas no seu entorno, mas seu brincar pode se restringir bastante, pelo atraso neuropsicomotor, pela incoordenação na manipulação dos objetos ou pela falta de um sistema de comunicação e linguagem. REILY, L. Escola Inclusiva: linguagem e mediação. Campinas: Papirus, 2004, p.54 (com adaptações). Nesse sentido, a prática pedagógica inclusiva,na perspectiva da mediação cultural de Vygotsky, deve enfatizar I. o uso de situações-problema desafiadoras que coloquem o aluno, de forma contextualizada, em atividade. II. a organização do planejamento didático de forma que o aluno possa aprender por meio de observação e imitação. III. o ato de pensar sobre o seu próprio processo em atividade, incentivando a conscientização sobre sua aprendizagem. IV. a organização do currículo e de recursos que possibilitem o acesso do aluno aos objetos de conhecimento lúdicos e desafiadores. É correto apenas o que se afirma em a) I e II. b) I e III. c) II e IV. 52 d) I, III e IV. e) II, III e IV. 4. Vigotsky descreveu a zona de desenvolvimento proximal como a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar por intermédio da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial determinado pela solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989 (adaptado). Para criar zonas de desenvolvimento proximal e nelas intervir, é fundamental que, nas situações de aprendizagem, o professor a) destaque erros e equívocos cometidos pelos alunos e espere que encontrem o problema. b) indique o erro e a resposta correta, propondo, sempre que necessário, novas situações de aprendizagem. c) anuncie que algo está errado e espere que os alunos encontrem o equívoco, fornecendo a resposta correta caso não consigam obtê-la. d) elogie os resultados obtidos pelos alunos, mesmo que ruins, para não desestimulá- los, corrigindo-os em seguida. e) forneça pistas aos alunos e fique atento ao curso de raciocínio destes, reformulando questões ou problemas sempre que for necessário. 5. Lev Semenovitch Vygotsky, psicólogo russo, elaborou sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. Esse pressuposto teórico, conhecido como Teoria Histórico-Cultural, apresenta como questão central a apropriação de conhecimentos pela interação do sujeito com o contexto social. Considerando os pressupostos da teoria vygotskyana, avalie as afirmações a seguir. a) O desenvolvimento cognitivo é produzido no processo de internalização da interação social com a cultura. b) Ao acessar a língua escrita, o indivíduo se apropria das técnicas inerentes a este instrumento cultural, modificando suas funções mentais superiores. 53 c) A apropriação da linguagem específica do meio sociocultural transforma os rumos do desenvolvimento individual. d) O desenvolvimento das funções psíquicas superiores decorre de funções existentes no indivíduo. e) A educação sistemática e organizada pode contribuir com o processo de aquisição dos sistemas de conceitos científicos, o que modifica a estrutura do pensamento do indivíduo. É correto apenas o que se afirma em a) I e IV. b) I e V. c) II, III e IV. d) I,II, III e V. e) II, III, IV e V. 6. A professora de uma escola pública tem sua prática pedagógica fundamentada na teoria de Jean Piaget. Essa professora irá desenvolver com uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental uma aula de Ciências sobre o tema força e movimento, utilizando a abordagem construtivista. Nesse contexto, qual deverá ser a proposta de trabalho elaborada pela professora? a) Demonstrar aos estudantes, em laboratório, experimentos relacionados ao tema e realizar avaliação do conteúdo trabalhado. b) Utilizar livro didático e figuras previamente selecionadas para sintetizar conceitos e informações relacionados ao conteúdo trabalhado. c) Aplicar exercícios de fixação em níveis crescentes de complexidade para a internalização dos conteúdos pelos estudantes. d) Partir do saber do cotidiano do estudante sobre a relação entre força e movimento para provocar o surgimento de hipóteses, criar conflitos cognitivos para desenvolvimento do conceito desejado. e) Realizar leituras informativas sobre o conteúdo e, a partir da apresentação de slides ilustrativos, descrever o conceito de força e de movimento, apresentando 54 exemplos. 7. Vários estudiosos deste século podem ser classificados como teóricos do Construtivismo. Entre eles, os principais são: Jean Piaget, Henri Wallon, L. S. Vigotsky, A. N. Leontiev, A. R. Luria e Emília Ferreiro. Esses dois últimos pesquisadores foram a fundo no estudo sobre a aquisição da escrita pela criança, sendo suas obras consideradas referenciais teóricos. Dos autores citados Piaget é, sem dúvida, o mais importante teórico do construtivismo. Sobre sua obra, analise as afirmativas a seguir: I. Os dois pressupostos básicos de sua obra são o Interacionismo e o Construtivismo Sequencial. II. Para o biólogo o desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio. III. O eixo central de sua teoria sobre o desenvolvimento mental é justamente a interação entre o organismo e o meio ambiente em que está inserido. Estão corretas as afirmativas a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas d) II e III, apenas. e) II, apenas. 8. Observe a imagem abaixo. 55 A charge acima pode ser associada ao humanismo de Carl Rogers (1902- 1987), sobre o qual foram feitas as afirmações a seguir: I. A pessoa é mais que um organismo biológico, é um ser humano que pensa, sente, escolhe, decide, é um ser com capacidade de mudança, o que implica que a educação deva ter tais características e centrar seu processo nas necessidades do aluno. II. Da mesma forma que o desenvolvimento é autodirigido, o conhecimento é autodescoberto, o que supõe que o professor exerça a função de integrador de conhecimentos em um processo de aprendizagem compensadora que ocorre em grupo. III. A autoavaliação é função da capacidade de valoração pessoal e envolve a independência, a criatividade, a autoconfiança, que são todas facilitadas quando a autoavaliação e a autocrítica são básicas, sendo que a avaliação feita por outros é secundária. IV. A autodisciplina é a única possibilidade real de estabelecer disciplina e deve ser imposta, pois será através da motivação pessoal por um determinado conteúdo que o aluno irá disciplinar-se, objetivando uma comunicação mais efetiva e uma aprendizagem mais verdadeira. Correspondem às concepções humanistas de Rogers associadas à Educação as afirmações a) I e II, apenas. b) III e IV, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 56 COMO ENSINAR CIÊNCIAS NATURAIS? 4.1 METODOLOGIA TRADICIONAL Na mais recente edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) de 2018 o desempenho dos estudantes brasileiros em Ciências ficou abaixo do nível básico necessário para o exercício consciente da cidadania. O PISA é um estudo comparativo organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desde 2000 e ocorre a cada 3 anos. Os resultados de 2018 mostram que entre os 78 países, estados ou cidades avaliados especificamente em Ciências, o Brasil ficou na posição 64, com 404 pontos, ao lado da Argentina e do Peru. Entre os países avaliados da América Latina ficamos à frente apenas do Panamá (365) e da República Dominicana (336). A média dos avaliados é 489 pontos em Ciências e o Brasil permanece no mesmo patamar desde 2009, quando obteve 405 pontos, ou seja, além de distante da média, não estamos evoluindo, o que é bastante preocupante. No Brasil aindaé incipiente a realização de avaliações em larga escala que investiguem o que estudantes estão aprendendo em Ciências. Em 2019 foi incluído no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) provas de Ciências da Natureza, mas apenas uma amostra de estudantes do 9° ano fizeram a avaliação e os resultados ainda serão publicados. Mesmo sem esses dados, é possível afirmar que a aprendizagem em Ciências no Brasil precisa melhorar, baseado no que a comunidade acadêmica de ensino de Ciências discute a anos em diversos Encontros, Simpósios e Congressos pelo Brasil, além de realizar pesquisas, publicar UNIDADE 04 https://bit.ly/2MUEZZT 57 livros e artigos e propor alternativas para a prática pedagógica de ciências. Segundo Santos et al. (2015)o processo de ensino de Ciências da Natureza, que historicamente vem sendo realizado em muitas escolas, desenvolve uma abordagem superficial dos conteúdos, com foco na memorização e fora do contexto do estudante. As características dessa metodologia são reflexos da concepção de que o papel da escola é transmitir o saber escolar. Prevalece ainda, na cultura escolar, um processo pedagógico essencialmente instrumental e ações sustentadas em uma lógica ultrapassada, que vê no professor um depositário e cobrador de conhecimentos por meio de verificações que exigem dos alunos “decorebas” isentas de compreensão (FREIRE, 2007). A metodologia de ensino de ciências que ainda temos hoje é fragmento de uma concepção de educação tradicional, na qual as aulas costumam ser expositivas, conteudistas, descontextualizadas e com o objetivo de treinar o estudante ao longo da educação básica para passar nas provas, vestibulares e ENEM. Em contraponto, Borges (2012) propõem algumas ações para a melhoria do ensino de ciências no Brasil: interação entre a escola e a comunidade; diversificação das metodologias de ensino; valorização dos profissionais e do trabalho coletivo da escola. Algumas ações competem principalmente ao Estado e outras à sociedade. Aos professores, cabe, essencialmente a diversificação das metodologias de ensino. Conforme defendem Santos e Cardoso (2019, p. 133) Os docentes precisam compreender a importância de sair de sua zona de conforto e enxergar que o modo tradicional de ensino precisa passar por modificações para que suas aulas atendam às necessidades atuais da educação, ou estarão condenados a aulas enfadonhas onde o aluno apenas será ouvinte de uma gama de informações que lhe será útil apenas para as avaliações de rotina. Dessa forma, apenas o trabalho conjunto e efetivo do Estado, comunidades escolar e sociedade em geral pode mudar o panorama da educação científica atual no Brasil. Várias mudanças são necessárias, o caminho é longo e tortuoso, ainda assim, cabe a nós professores fazer a nossa parte da melhor maneira possível. 4.2 METODOLOGIA INVESTIGATIVA Há diversas metodologias que podem auxiliar os professores durante o processo educativo, cada uma é um caminho utilizado para ensinar e aprender. 58 Cada uma com suas características e referenciais teóricos diferentes, compete ao professor conhecer e adotar de forma consciente aquela que lhe permita desenvolver seu trabalho da melhor forma. Há anos as pesquisas e as avaliações têm mostrado que o ensino de ciências está voltado mais para a memorização do que para a aprendizagem significativa. Por isso, é fundamental uma mudança, por meio da adoção de novas metodologias que incrementem a qualidade das aulas de ciências no Brasil. Na tentativa de mudar cada vez mais esse cenário no ambiente escolar entre os alunos e também entre os próprios professores, novas metodologias de ensino estão sendo estudadas e aplicadas com o objetivo de despertar a curiosidade dos alunos, bem como o incentivo pela busca de um conhecimento cada vez mais contextualizado. A BNCC e as DCN propõem a abordagem investigativa como caminho essencial para o processo de ensino-aprendizagem em ciências: [...] a área de Ciências da Natureza, por meio de um olhar articulado de diversos campos do saber, precisa assegurar aos alunos do Ensino Fundamental o acesso à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica (BRASIL, 2018, p.321, Grifo nosso). [...] não basta que os conhecimentos científicos sejam apresentados aos alunos. É preciso oferecer oportunidades para que eles, de fato, envolvam-se em processos de aprendizagem nos quais possam vivenciar momentos de investigação que lhes possibilitem exercitar e ampliar sua curiosidade, aperfeiçoar sua capacidade de observação, de raciocínio lógico e de criação, desenvolver posturas mais colaborativas e sistematizar suas primeiras explicações sobre o mundo natural e tecnológico, e sobre seu corpo, sua saúde e seu bem-estar, tendo como referência os conhecimentos, as linguagens e os procedimentos próprios das Ciências da Natureza (BRASIL, 2018 p. 331, Grifo nosso). A organização do trabalho pedagógico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares, a https://bit.ly/3rmsANb https://bit.ly/36Jq2Rj 59 diversidade nos agrupamentos de alunos, as diversas linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os variados suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio, as atitudes investigativas, a articulação entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaços de expressão cultural (BRASIL, 2013 p. 120, Grifo nosso). De modo geral, a abordagem investigativa é um conjunto de práticas pedagógicas que propõe ao longo do processo, entre outras ações: a observação; o levantamento de hipóteses; a investigação, a pesquisa; o registro; a resolução de problemas, a sintetização de ideias e a proposição de inovações. Ensino por meio da investigação não significa seguir um conjunto de passos predefinidos em sala de aula, conforme o método científico clássico, pelo contrário, a proposta é, também, incorporar a imprevisibilidade ao processo, de adotar experiências instigantes e motivadoras, que permitam aos estudantes construir conhecimentos e desenvolver habilidades e valores fundamentais para a formação do cidadão. Nesse sentido, a abordagem investigativa deve ser entendida como: [...] elemento central na formação dos estudantes, em um sentido mais amplo, e cujo desenvolvimento deve ser atrelado a situações didáticas planejadas ao longo de toda a educação básica, de modo a possibilitar aos alunos revisitar de forma reflexiva seus conhecimentos e sua compreensão acerca do mundo em que vivem (BRASIL, 2018a, p. 322). Dois pontos importantes nesse trecho da Base são: o caráter contínuo do processo e a possibilidade de refletir sobre o conhecimento e sua relação com o mundo. Para que isso ocorra é fundamental que a estrutura organizacional do sistema de ensino propicie condições para que os professores planejem e executem situações didáticas anuais e diárias de acordo com a realidade dos estudantes. O professor sozinho não é capaz de realizar o planejamento contínuo, e a reflexão crítica sobre o conhecimento por parte do estudante não é automática, requer bastante trabalho pedagógico para acontecer. Mas como trabalhar o processo investigativo em sala de aula? A BNCC fornece um caminho ao orientar a promoção do ensino de ciências por meio de 60 situações investigativas nas quais os estudantes possam trabalhar quatro grupos de modalidades de ação: Definição de problemas; Levantamento, análise e representação; Comunicação; Intervenção. Conforme Sasseron (2018)salientou, essas modalidades de ação propostas na BNCC consideram a diversidade de atividades envolta naconstrução de entendimento a respeito dos conhecimentos científicos e sobre a própria ciência. Conforme já vimos anteriormente, a Base organiza as aprendizagens essenciais das Ciências da Natureza do Ensino Fundamental em unidades temáticas (Matéria e Energia, Vida e Evolução e Terra e Universo). Para cada unidade temática há os objetos de conhecimento e as habilidades que são estruturados em ordem crescente de complexidade ao longo da Educação Básica. De acordo com a BNCC, as “habilidades mobilizam conhecimentos conceituais, linguagens e alguns dos principais processos, práticas e procedimentos de investigação envolvidos na dinâmica da construção de conhecimentos na ciência.” (BRASIL, 2018a, p. 330). Assim, as habilidades se configuram como essenciais para colocar em prática as modalidades de ação por meio de situações investigativas. Vejamos como exemplo as habilidades propostas na Base para o 1º ano do Ensino Fundamental de Ciências da Natureza: Quadro 6: Habilidades 11 -Comparar características de diferentes materiais presentes em objetos de uso cotidiano, discutindo sua origem, os modos como são descartados e como podem ser usados de forma mais consciente. 2 - Localizar, nomear e representar graficamente (por meio de desenhos) partes do corpo humano e explicar suas funções. 3 - Discutir as razões pelas quais os hábitos de higiene do corpo (lavar as mãos antes de comer, escovar os dentes, limpar os olhos, o nariz e as orelhas etc.) são necessários para a manutenção da saúde. 4 -Comparar características físicas entre os colegas, reconhecendo a diversidade e a importância da valorização, do acolhimento e do respeito às diferenças. 5- Identificar e nomear diferentes escalas de tempo: os períodos diários (manhã, tarde, noite) e a sucessão de dias, semanas, meses e anos. 6- Selecionar exemplos de como a sucessão de dias e noites orienta o ritmo de atividades diárias de seres humanos e de outros seres vivos. Fonte: Adaptado de Brasil (2018a, p. 333) A primeira habilidade é indicada para trabalhar o objeto de conhecimento: 1 A numeração adotada é diferente da numeração presente no documento original. 61 Características dos materiais. As habilidades dois, três e quatro para os objetos de conhecimento: Corpo humano e respeito à diversidade. Finalmente, as habilidades cinco e seis para o objeto: Escalas de tempo. A partir de então, cabe ao docente construir estratégias para o desenvolvimento das aulas. 4.3 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS As estratégias didáticas constituem a parte operacional do processo e cabe ao professor definir os elementos que comporão o caminho a ser seguido. Faz parte da autonomia docente a escolha das estratégias didáticas para o desenvolvimento do processo educativo e é nesta ação que se manifesta a intencionalidade do professor. Por exemplo, se ele quer desenvolver uma aula sobre higiene pessoal para estudantes do Ensino Fundamental apenas com aulas expositivas, centradas no professor, significa que sua intenção não é a aprendizagem, mas sim a transmissão de conhecimentos. Agora, caso o professor escolha estratégias que valorizem os conhecimentos prévios dos estudantes, promovam interação entre as partes, permitam questionamentos e reflexões, pode significar que ele está interessado em promover a aprendizagem significativa. Vamos imaginar um exemplo simples, uma professora quer desenvolver determinada aula sobre higiene pessoal para estudantes do 1° ano. Após refletir, ela decide desenvolver a aula sobre a importância de se lavar as mãos. Para tal fim, ela leva os estudantes, antes da refeição, para o lavatório onde a aula começa a ser desenvolvida. Durante a aula, ela permite as discussões, a interação, os questionamentos, a observação, a demonstração, a reflexão. Essa aula ancorada em uma situação real e habitual com certeza vai ser mais significativa do que uma aula puramente expositiva. Depois de imaginar a situação, reflita: Qual estratégia é mais indicada para o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e valores https://bit.ly/3cCfBmp https://bit.ly/3jjfbmo 62 indicadas na BNCC? Antes de responder visualize a imagem a seguir: Figura 4: Formas de interação em sala de aula Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Uma aula interativa e prática, baseada numa situação real e necessária para a promoção da saúde das crianças com certeza vai ser mais significativa que uma aula expositiva onde o professor se torna um mero transmissor de saberes. Além disso, permite o desenvolvimento de diversas habilidades e valores só possíveis por meio da interação, como: discutir, debater, argumentar, entre outras. O ensino de ciências deve ser desenvolvido por meio de estratégias que propiciem aos estudantes situações de aprendizagem que permitam: a construção do conhecimento; o aproveitamento dos conhecimentos prévios; o respeito aos estágios de desenvolvimento; a interação entre as partes; a valorização do contexto social e tecnológico. Para tal fim, Carvalho (2017, p. 9) propõem Sequências de Ensino Investigativas (SEI) que se configuram como: 63 [...] sequências de atividades (aulas) abrangendo um tópico do programa escolar em que cada atividade é planejada, do ponto de vista do material e das interações didáticas, visando proporcionar aos alunos: condições de trazer seus conhecimentos prévios para iniciar os novos, terem ideias próprias e poder discuti-las com seus colegas e com o professor passando do conhecimento espontâneo ao científico e adquirindo condições de entenderem conhecimentos já estruturados por gerações anteriores. As SEI podem ser organizadas e desenvolvidas, na maioria das vezes, por meio de atividades-chaves: problema contextualizado; atividade de sistematização; contextualização do conhecimento; avaliação e/ou aplicação. Figura 5: Sequência de Ensino Investigativa Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) O problema contextualizado pode ser uma experiência prática ou mental, uma simulação, uma demonstração caso a experiência seja perigosa ou requeira destreza, uma foto, uma imagem, uma notícia midiática, entre várias outras opções. O que não pode faltar, segundo Carvalho (2017) é a sequência de etapas visando dar oportunidade aos estudantes de declarar e testar suas hipóteses, passar da ação manipulativa à intelectual estruturando seu pensamento e apresentando argumentações discutidas entre os participantes, além da resolução do problema. 64 A atividade de sistematização pode ser feita com um texto que aborde todo o processo de resolução do problema. De acordo com Carvalho (2017)é por meio do texto que o conhecimento, conceitos e ideias discutidos durante o processo podem ser sistematizados, de preferência com a utilizando da linguagem formal da Ciência. A contextualização é outra atividade-chave. Todo conhecimento deve ser apresentado dentro de um contexto. De preferência dentro do físico-social- tecnológico dos estudantes. Não faz sentido muito desenvolver uma atividade investigativa para discutir os cuidados necessários à prevenção de choques elétricos em escolas e regiões sem acesso à energia elétrica. Seria mais significativo para os estudantes específicos destas escolas discutir os cuidados necessários para lidar com produtos inflamáveis, geralmente usados como combustíveis para lamparinas. O Brasil é um país muito grande e diverso, os contextos mudam de região para região, cidade para cidade e de escola para escola dentro de uma mesma cidade. A avaliação e/ou a aplicação do conhecimento deve se desenvolver durante todo o processo. O fato de a avaliação aparecer como última atividade-chave, não quer dizer que ela deva ocorrerapenas no final. A avaliação deve ser formativa com a finalidade de promover as aprendizagens. Não adianta mudar vários pontos da metodologia de ensino e continuar com avaliações ao final do processo para classificar os estudantes e atender a burocracia administrativa das escolas. Uma prática avaliativa que proporciona bastante informações essenciais para a avaliação formativa é o uso de caderno de registros reflexivos durante as situações investigativas. Nesta unidade de aprendizagem vimos a necessidade de adotar novas metodologias e estratégias de ensino para promover a aprendizagem de Ciências da Natureza, com destaque para a metodologia investigativa, que é aconselhada pela BNCC e pelas DCN. Agora falta entender como pode ser feita a organização do trabalho pedagógico na perspectiva da metodologia investigativa, que é o tema da próxima unidade de aprendizagem. É indispensável a existência de laboratório e materiais sofisticados para realizar atividades investigativas em sala de aula? 65 https://bit.ly/2MOH4q5 https://bit.ly/36HE7yH 66 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Métodos pedagógicos são modelos teóricos que dão sustentação à criação de currículos escolares e orientam os planejamentos gerais e os planos de aula. Eles abrangem desde a forma de como o conteúdo escolar é passado até como os professores devem se relacionar com os alunos. É a partir da escolha do método pedagógico, que a escola define a) quais conteúdos ela irá ensinar, como ela irá ensinar e qual será a forma de avaliar o aprendizado dos alunos. b) a possibilidade de utilização ou não de aparelhos tecnológicos dentro do espaço escolar, ou mesmo durante as aulas. c) a organização espacial das salas de aula, assim como a arrumação dos demais locais da escola, como refeitório etc. d) o tipo de atendimento psicopedagógico prestado aos professores e alunos, além dos encaminhamentos prestados. e) que modelo de disciplinamento, regras, normas de convivência e controles são utilizados para os alunos. 2. A professora de uma escola pública tem sua prática pedagógica fundamentada na teoria de Jean Piaget. Essa professora desenvolverá com uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental uma aula de Ciências sobre o tema força e movimento, utilizando a abordagem construtivista. Nesse contexto, qual deverá ser a proposta de trabalho elaborada pela professora? a) Demonstrar aos estudantes, em laboratório, experimentos relacionados ao tema e realizar avaliação do conteúdo trabalhado. b) Utilizar livro didático e figuras previamente selecionadas para sintetizar conceitos e informações relacionados ao conteúdo trabalhado. c) Aplicar exercícios de fixação em níveis crescentes de complexidade para a internalização dos conteúdos pelos estudantes. d) Partir do saber do cotidiano do estudante sobre a relação entre força e movimento para provocar o surgimento de hipóteses, criar conflitos cognitivos para desenvolvimento do conceito desejado. 67 e) Realizar leituras informativas sobre o conteúdo e, a partir da apresentação de slides ilustrativos, descrever o conceito de força e de movimento, apresentando exemplos. 3. “Ciências e Biologia são disciplinas que muitas vezes não despertam interesse dos alunos, devido à utilização de nomenclaturas complexas para as mesmas. Isso exige do professor que faça a transposição didática de forma adequada e também faça uso de diversas estratégias e recursos” (NICOLA; PANIZ, 2016, p. 358). Sobre o processo de ensino e aprendizagem de Ciências, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas. ( ) A busca de informações em fontes variadas é procedimento importante para o ensino e aprendizagem de Ciências. ( ) Experimentações são o ponto de chegada do processo de ensino, aquilo que se pretende que o estudante compreenda e sistematize, ao longo ou ao final de suas investigações. ( ) O ensino de procedimentos só é possível pelo trabalho com diferentes temas de Ciências Naturais, que serão investigados de formas distintas, com atenção para aqueles que permitem ampliar a compreensão da realidade local. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a) V,V, F. b) V, F, V. c) F, F, V. d) F, V, F. e) F, V, V. 4. As teorias científicas oferecem modelos lógicos e categorias de raciocínio, um painel de objetos de estudo, que são um horizonte para onde orientar as investigações em aulas e projetos de Ciências. Nessa perspectiva, de acordo com a BNCC, é correto afirmar que a) os professores devem seguir o modelo tradicional do ensino de Ciências, primando pela transmissão do conhecimento historicamente acumulado. 68 b) o ensino de Ciências precisa ser considerado sinônimo da descrição de seu instrumental teórico ou experimental, com ênfase no método. c) o ensino de Ciências na Educação Básica precisa ser um ensino superficial, deixando o aprofundamento para a Educação Superior. d) os aspectos do desenvolvimento de valores e atitudes também merecem atenção ao no processo de ensino de Ciências Naturais. e) o professor deve ter clareza de que o ensino de Ciências se resume à apresentação de definições científicas, de modo sucinto e objetivo. 5. Sobre as situações que devem ser promovidas no ensino de Ciências para a aprendizagem, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta a(s) correta(s). I. Definir problemas. II. Levantar, analisar e representar explicações e/ou modelos. III. Comunicar. IV. Intervir. a) I, II, III e IV. b) Apenas II e III. c) Apenas I, II e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas II. 6. A utilização da experimentação em sala de aula é uma tendência já defendida desde a década de 1970 pelos projetos curriculares, no entanto até hoje há resistências para sua incorporação. Uma das potencialidades pedagógicas e os principais desafios de se utilizar a experimentação nas aulas de ciências são, respectivamente: a) permitir que os alunos possam resolver um problema real; falta de infraestrutura das escolas e falta de interesse dos alunos. b) estimular o professor; falta de interesse dos alunos e falta de recursos. c) compreender a ciência como um produto e não como um processo; falta de infraestrutura nas escolas. 69 d) compreender a ciência como um processo e não como um produto; falta de preparo dos professores e falta de infraestrutura das escolas. e) estimular o professor; falta de infraestrutura das escolas. 7. Estratégias didáticas para uma sequência de ensino investigativa (SEI) em Ciências pode ser feita a partir das atividades a seguir: 1) Avaliação e/ou aplicação. 2) Problema. 3) Contextualização. 4) Sistematização de conhecimentos. De acordo com a SEI, assinale a opção que indica a sequência correta das propostas, de cima para baixo. a) 2 – 3 – 4 – 1. b) 1 – 3 – 2 – 4. c) 2 – 4 – 3 – 1. d) 3 – 2 – 1 – 4. e) 4 – 1 – 2 – 2. 8. A aula expositiva ______ foi criada antes da descoberta do Brasil. Ela é herdeira de um período medieval em que os ______ ainda estavam sendo criados, e, como não era possível cada um ter o seu próprio material, as ordens eclesiásticas tinham o ‘lector’, aquele que lia para os interessados. Já numa aula em que o aluno é ______, o educador é aquele que não somente expõe conteúdos como antigamente, mas também instiga reflexões, lança desafios e promove interações usando os recursos disponíveis. Assim, quando a aula termina, o resultado é um aluno que aprendeu a pesquisar, a interagir, a conceituar, a transferir e a usar ______ diferentes, ao invés de ser somenteum mero _____ ou espectador. (ANTUNES, 2014). Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima. a) convencional – livros – protagonista – habilidades – ouvinte b) invulgar – textos – aliado – habilidades – orador 70 c) irreverente – livros – adepto – recursos – ouvinte d) ocasional – papéis – protagonista – técnicas – repassador e) convencional – papéis – aliado – recursos – contemplador 71 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS 5.1 PLANEJAMENTO Qual é a relação do planejamento com a organização do trabalho pedagógico? Quais os níveis de planejamento na educação? Há contradição entre planejamento e flexibilidade? Qual a importância do contexto para o planejamento? Qual é a relação entre planejamento e avaliação? Como planejar e avaliar? Essas são algumas perguntas que serão norteadoras desta unidade de aprendizagem. O planejamento educacional não se resume àquele momento em que o professor pensa suas aulas antes de realizá-las, faz parte de algo mais amplo que é a Organização do Trabalho Pedagógico (OTP). O trabalho pedagógico é vinculado tanto às exigências legais do sistema educacional quanto ao contexto social de cada unidade escolar. Dessa forma a OTP faz parte de todos os níveis de organização do sistema nacional de educação, da constituição até o trabalho pedagógico em sala de aula. O sistema nacional de educação é organizado para ser planejado em vários níveis, conforme o esquema abaixo: UNIDADE 05 https://bit.ly/2NXJ5Ri https://bit.ly/36GDWnm https://bit.ly/3jiHP70 72 Figura 6: Níveis de planejamento de ensino Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) O Planejamento Educacional é o primeiro nível e decorre das orientações e recomendações que constam na Constituição Federal (1988) e na LDB 9394/96 (1996), além de leis e normas estaduais e municipais. De acordo com Menegolla e Sant’anna (2014)o planejamento educacional é o instrumento básico, direcional e articulado de todo o processo educacional, a partir do qual todas as ações são constituídas no intuito de propiciar a formação integral do ser humano. Além disso, segundo os mesmos autores, o planejamento educacional deve ser compreendido como instrumento educacional a nível nacional, estadual, regional e escolar. O Planejamento Curricular é decorrente do planejamento educacional. Seu papel é estabelecer as diretrizes da educação, instituir um caminho a ser seguido pela comunidade escolar. O planejamento do currículo não é apenas escolher os conhecimentos que serão estudados, é mais do que isso, abrange as situações circunstanciais da vida escolar e social do aprendiz. Menegolla e Sant’anna (2014). A BNCC e as DCNEB são os documentos obrigatórios para estruturação curricular dos sistemas de ensino, com a finalidade de construir a uniformidade e proporcionar a mesma qualidade do processo pedagógico para todos os estudantes do Brasil. 73 O Planejamento de Ensino é o guia da ação escolar, é subsequente ao planejamento curricular e é feito para nortear a ação de toda a comunidade escolar. Deve ser construído a partir de propostas de ações pedagógicas consistentes, levando em conta os aspectos culturais, espaciais e temporais do contexto escolar. Uma forma de planejamento de ensino é a construção de um projeto-político-pedagógico, também conhecido como PPP, que é o documento em que consta a proposta pedagógica específica de cada escola, da qual as ações docentes são decorrentes. Cabe ao docente construir o Plano de Disciplina. Ele é atrelado ao PPP da escola e deve apresentar a previsão geral do trabalho que o professor irá realizar em um período determinado, como ano ou semestre. Neste plano deve constar as competências, habilidades, objetos de conhecimentos, valores e atitudes e que serão desenvolvidos durante o período, bem como as práticas avaliativas que nortearão o processo. De acordo com Menegolla e Sant’anna (2014) o plano de disciplina deve ter as seguintes características: objetividade, funcionalidade, simplicidade, flexibilidade e utilidade. Não é preciso planejar detalhadamente toda a disciplina de uma vez, é importante dividir em partes, chamadas Planos de Unidade. Cada plano de unidade pode ser temático, abrangendo objetivos comuns a um mesmo tema que serão trabalhados em sequência. Sendo assim, o plano de unidade é mais específico que o plano de disciplina, por isso, além das competências, habilidades, objetos de conhecimentos, atitudes e valores, devem constar os recursos humanos e materiais, bem como as estratégias didáticas e avaliativas. Neste nível de planejamento é papel do professor deixar bem claro como conduzirá o processo, os materiais de ensino, o cronograma, a progressão do processo de ensino-aprendizagem. O Plano de Aula é a parte mais específica do processo de planejamento, nele devem constar as ações docentes para aquela aula específica. Cada aula deve ser pensada, analogicamente, como um degrau de uma escala, onde o que foi trabalhado é o degrau anterior e o que está em planejamento é o degrau seguinte. Só o professor regente tem competência para decidir quando e como dar o próximo passo, mesmo que esteja previso algo diferente no plano de unidade. Portanto, deve haver flexibilidade durante o processo pedagógico. O professor deve ter autonomia para modificar seu planejamento com o propósito de obter melhores resultados. Isso implica ser flexível, já que um planejamento que não abre a possibilidade de 74 modificações no processo não respeita a complexidade que é o processo educativo. Em síntese, há diversos argumentos para a realização do planejamento por parte do professor: - ajuda o professor a definir os objetos que atendam os reais interesses dos alunos; - possibilita ao professor selecionar e organizar os conteúdos mais significativos para seus alunos; - facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo a estrutura da disciplina; - ajuda o professor a selecionar os melhores procedimentos e os recursos, para desencadear um ensino mais eficiente, orientando o professor no modo como deve agir; - ajuda o professor a agir com maior segurança na sala de aula; - o professor evita a improvisação, a repetição e a rotina no ensino; - facilita uma melhor integração com as mais diversas experiências de aprendizagem; - ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente; - ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e participativa (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 2014, p. 66). 5.2 AVALIAÇÃO O processo avaliativo é parte fundamental do processo de planejar. Todo planejamento de ensino deve ser flexível e a modificação deve ocorrer após O planejamento deve antever diversos problemas que podem impactar o processo de ensino-aprendizagem, mas não é possível evitar todos. Quais os obstáculos que você espera poder encontrar no processo educativo que te façam modificar seu planejamento? Conheça exemplos de planos de aulas alinhados à BNCC para Ciências Naturais. Disponível em: https://bit.ly/3pSdLBu . Acesso em: 15 dez. 2020 https://bit.ly/3pSdLBu 75 avaliação do processo. De acordo com Villas Boas (2002) a avaliação decorre do trabalho pedagógico. Sendo assim, o planejamento de ensino e a avaliação da aprendizagem devem ser feitos de forma integrada. Portanto, a avaliação faz parte do planejamento e deve ser utilizada com o intuito de melhorar o processo de ensino- aprendizagem. Mas como avaliar os estudantes no processo? Osprocessos avaliativos tradicionalmente adotados nas escolas brasileiras são aqueles que, essencialmente, requerem dos estudantes a devolução dos conhecimentos que lhes foram dados durantes as aulas. Quanto mais parecido o estudante reproduz na avaliação o que professor ou o livro didático discorreu, mais elevada é sua nota. A consequência dessa tradicional prática avaliativa é a famosa “decoreba”, porque é mais rápido e prático decorar que aprender. A função da escola não é incentivar a memorização de conteúdo, mas sim propiciar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, entre outras. Basicamente, a avaliação que temos serve para verificar o que foi retido na ação e depois classificar os estudantes em níveis. Além disso, de acordo com Conrad e Openo (2019) ela ocorre em pontos críticos e designados no processo de ensino-aprendizado. Da mesma forma que orienta a mudança na metodologia de ensino, a BNCC também propõe a adoção da avaliação formativa nos currículos estaduais e municipais em todas as modalidades de ensino. Construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos (BRASIL, 2018a, p. 21). Mas o que é e por que a predileção da BNCC pela avaliação formativa? A avaliação formativa é aquela que se situa no centro do processo de formação, sua função é “contribuir para uma boa regulação da atividade de ensino (ou de https://bit.ly/2YJADHv https://bit.ly/3ardBuk 76 formação, no sentido amplo). Trata-se de levantar informações úteis à regulação do processo ensino/aprendizagem.” (HADJI, 2001, p. 20). Sendo assim, ela deve ser baseada e orientada, principalmente, pelas produções diárias dos estudantes. Durante o processo de ensino-aprendizagem os estudantes fornecem informações importantes, por meio da análise dessas informações o professor pode identificar as fragilidades e potencialidades dos estudantes e intervir. Não é necessário esperar até o final do bimestre, semestre ou ano para intervir, quanto mais rápido melhor. Sendo assim, a avaliação formativa é e deve ser um processo contínuo. A avaliação contínua pode assumir várias formas, tais como a observação e o registro das atividades dos alunos, sobretudo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, trabalhos individuais, organizados ou não em portfólios, trabalhos coletivos, exercícios em classe e provas, dentre outros. Essa avaliação constitui um instrumento indispensável do professor na busca do sucesso escolar de seus alunos e pode indicar, ainda, a necessidade de atendimento complementar para enfrentar dificuldades específicas, a ser oferecido no mesmo período de aula ou no contraturno, o que requer flexibilidade dos tempos e espaços para aprender na escola e também flexibilidade na atribuição de funções entre o corpo docente (BRASIL, 2013, p. 123). Há diversos instrumentos avaliativos que podem ser utilizados no processo de ensino-aprendizagem, alguns são mais comuns como as provas e trabalhos e outros mais escassos como registros e portfólios. Os registros e os portfólios são instrumentos essenciais para acompanhar e repensar o trabalho pedagógico. A observação sistemática, crítica e criativa do comportamento de cada criança, de grupos de crianças, das brincadeiras e interações entre as crianças no cotidiano, e a utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.), feita ao longo do período em diversificados momentos, são condições necessárias para compreender como a criança se apropria de modos de agir, sentir e pensar culturalmente constituídos. Conhecer as preferências das crianças, a forma delas participarem nas atividades, seus parceiros prediletos para a realização de diferentes tipos de tarefas, suas narrativas, pode ajudar o professor a reorganizar as atividades de modo mais adequado ao alcance dos propósitos infantis e das aprendizagens coletivamente trabalhadas (BRASIL, 2013, p. 95). Por meio do acompanhamento desses registros o professor pode replanejar suas atividades, mudar suas estratégias, intervir no momento ideal para sanar dificuldades dos estudantes, ou seja, refletir para reorientar as ações pedagógicas em prol das aprendizagens. 77 5.3 FAÇA O SEU PLANEJAMENTO Chegou o momento de mobilizar os aprendizados desenvolvidos até aqui para realizar o planejamento de um Plano de Unidade de Ciências da Natureza. Há várias formas de planejar o ensino, nesta unidade de aprendizagem o planejamento será orientado de acordo com o recomentado pelos documentos oficiais (DCN e BNCC). Figura 7: Etapas do Planejamento Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 78 A primeira etapa é compreender a realidade para a qual o plano será construído. Qual é o perfil da escola? Qual é a faixa etária dos estudantes? Onde a escola está localizada? Quais as demandas da comunidade? Qual é o perfil geral dos estudantes? As respostas a essas perguntas podem ajudar a compreender o contexto para o qual o planejamento será feito. Baseada no contexto escolar, a etapa fundamental do planejamento é a escolha dos objetivos. O estabelecimento dos objetivos gerais e específicos é prenúncio do caminho a ser seguido e dos meios para a ação formativa. O papel dos professores na escolha dos objetivos é limitado porque a BNCC já determina quando e o que deve ser trabalhado em sala de aula. Sendo assim, os objetivos gerais podem ser baseados nas competências específicas, e os objetivos específicos nas habilidades e nos objetos de conhecimento de Ciências da Natureza. Existem oito competências específicas de Ciências da Natureza que devem ser desenvolvidas durante o Ensino Fundamental. Quadro 7: Competências especificas de ciências da Natureza para o Ensino Fundamental 01 Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 02 Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 03 Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza. 04 Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 05 Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 06 Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. 07 Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendoaos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. 08 Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a 79 respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Fonte: Adaptado de Brasil (2018a, p. 324) As habilidades estão estabelecidas na BNCC para cada ano do Ensino Fundamental. Por exemplo, para as turmas de 5° ano do Ensino Fundamental é previsto o desenvolvimento, em Ciências da Natureza, dentro da unidade temática Vida e Evolução, das seguintes habilidades: Quadro 8: Habilidades para o 5° ano EF – Ciências da Natureza CÓDIGO HABILIDADES EF05CI06 Selecionar argumentos que justifiquem por que os sistemas digestório e respiratório são considerados corresponsáveis pelo processo de nutrição do organismo, com base na identificação das funções desses sistemas. EF05CI07 Justificar a relação entre o funcionamento do sistema circulatório, a distribuição dos nutrientes pelo organismo e a eliminação dos resíduos produzidos. EF05CI08 Organizar um cardápio equilibrado com base nas características dos grupos alimentares (nutrientes e calorias) e nas necessidades individuais (atividades realizadas, idade, sexo etc.) para a manutenção da saúde do organismo. EF05CI09 Discutir a ocorrência de distúrbios nutricionais (como obesidade, subnutrição etc.) entre crianças e jovens a partir da análise de seus hábitos (tipos e quantidade de alimento ingerido, prática de atividade física etc.). Fonte: Adaptado de Brasil (2018a, p. 341) Os objetos de conhecimentos vinculados às habilidades citadas anteriormente são: Quadro 9: Objetos de conhecimento Nutrição do organismo Hábitos alimentares Integração entre os sistemas digestório, respiratório e circulatório. Fonte: Adaptado de Brasil (2018a, p. 340) A metodologia e as estratégias de ensino são a parte operacional do planejamento. É nesta etapa que o professor vai detalhar as estratégias didáticas baseadas na Sequência de Ensino Investigativa SEI que começa com a escolha do Problema dentro do contexto dos estudantes, seguido da escolha das atividades de 80 sistematização do conhecimento, passando pela contextualização do conhecimento sistematizado e finalizando com a avaliação e/ou aplicação do que foi aprendido. O processo avaliativo faz parte da escolha da metodologia e das estratégias de ensino e conforme recomendado na DCN e na BNCC deve ser formativo. Ser formativo significa que deve ser contínuo e as informações produzidas ao longo do processo devem orientar a prática avaliativa. Os instrumentos de avaliação podem ser: trabalhos individuais ou coletivos, provas, portfólio, registros, pesquisa, autoavaliação, entre outros. Para o desenvolvimento da metodologia e das estratégias de ensino é importante selecionar os recursos materiais e humanos adequados. A aula pode acontecer na sala, no laboratório, ao ar livre, seja como e em qual lugar for, sempre é necessário organizar e preparar os recursos que apoiam o processo educativo. Com base nas etapas de planejamento e em tudo que foi trabalhado até aqui, construa um Plano de Unidade temático, com alguns Planos de Aula, para uma turma de 5° ano do Ensino Fundamental sob o tema: A importância da alimentação saudável para a saúde infantil. Considere que você é o professor de uma escola pública que atende uma comunidade carente, onde a maioria dos estudantes estão dentro da faixa etária esperada e há dentro da escola uma horta comunitária abandonada. Outro aspecto relevante é que a principal refeição da maioria dos estudantes é geralmente feita na escola. Lembre-se que o ato de planejar pode evidenciar suas concepções de educação, sua metodologia de ensino e tudo aquilo que você pensa sobre o processo de ensino-aprendizagem. Fica a dica: Aprenda como estruturar um Plano de Aula de acordo com a BNCC Disponível em: https://bit.ly/3jiuZpf . Acesso em: 15 dez. 2020. https://bit.ly/3jiuZpf 81 FIXANDO O CONTEÚDO 1. As práticas de avaliação na Educação Básica revelam concepções diversas sobre a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos. Quando se sustenta na reflexão sobre os sujeitos avaliados e as ações dos avaliadores, a avaliação transforma-se em estratégia pedagógica fundamental, uma vez que possibilita comparar avanços, analisar competências e dificuldades e, como consequência, orientar o planejamento de intervenções que impulsionem o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. De acordo com essas ideias, qual deve ser a função da avaliação da aprendizagem nas instituições de Educação Básica? a) Pressupor uma ação comparativa dos desempenhos dos alunos em relação ao que se espera que todos alcancem. b) Permitir uma prática investigativa que envolva o conhecimento sobre os sujeitos avaliados e revele o comprometimento dos educadores com conquistas e avanços desses sujeitos. c) Desempenhar o papel de prática educativa coletiva, com base em métodos de verificação da aprendizagem dos alunos. d) Favorecer a utilização de instrumentos de avaliação variados como principal estratégia dos professores para medir a aprendizagem dos alunos. e) Constituir-se como prática que, na dinâmica das instituições escolares, tem a função de quantificar o nível de conhecimento adquirido pelos alunos. 2. Aos poucos, rabiscos vão se transformando em agrupamentos de rabiscos, vão aparecendo algumas bolinhas e traços soltos dos agrupamentos. Isso se deve ao fato de as crianças começarem a levantar o lápis do papel e a perceberem que suas ações geram registros. Ao fazerem estas constatações, começam a relacionar os rabiscos às coisas à sua volta. Um conjunto de bolinhas pode ser um cachorro, um barco, uma ninhada de patinhos e outras tantas formas que a criança nominar. Isso ocorre porque a criança quer contar algo por meio de suas formas, portanto, ela faz de conta que uma mancha no papel é uma árvore, que uma embalagem de pasta de dentes é um carro; essa intenção de dizer algo é 82 denominada de representação. JUNQUEIRA FILHO, G. A. et al. Convivendo com crianças de zero a seis anos. In: RAPOPORT, A. et al. O dia a dia na educação Infantil. Porto Alegre: Mediação, 2012 – Adaptado No fragmento de texto apresentado, são feitas considerações acerca do trabalho pedagógico no cotidiano da educação infantil, as quais se embasam nas orientações contidas nas políticas para a infância vigentes nas diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil, especificamente no parecer CNE/CEB n. 20/2009 e na resolução CNE/CEB n. 05/2009. A partir do texto apresentado, avalie as afirmações a seguir: I. O currículo da educação infantil é definido como um conjunto de conteúdos, ou seja, objetos de conhecimento, que articulam as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. II. O planejamento, imprescindível às propostas educativas, deve ser flexível e contextual, adequado à idade das crianças, o que exige, por exemplo, separar as linguagens, para que haja clareza no desenvolvimento das atividades que envolvem artes, corpo e linguagens expressivas. III. A proposta pedagógica deve primar pela orientação de vivencias, desenvolvidas por meio de metodologias específicas para a educação infantil, e promoção de atividades de expressão motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças. IV. A avaliação deve contemplar o conhecimento sobre as preferênciasdas crianças, a maneira como elas se envolvem nas atividades, os parceiros escolhidos por elas para interagir em diferentes contextos, o que subsidiará a reorganização da praxis de modo assertivo. V. A prática pedagógica deve preparar as crianças para o momento de transição, para o ensino fundamental, o que justifica o desenvolvimento de atividades por áreas, com conteúdos de artes, corpo e linguagem, assegurando-se a continuidade dos processos educativos vividos pela criança. 83 É correto apenas o que se afirma em a) II e III. b) III e IV. c) I, II e V. d) I, II, IV e V. e) I, II, IV e V. 3. Do ponto de vista formal, atualmente todos os alunos podem visar à excelência, na medida em que todos podem, em princípio, entrar nas áreas de maior prestígio, desde que autorizados por seus resultados escolares. A escola é gratuita, os exames são objetivos e todos podem tentar a sorte. O quadro formal da igualdade de oportunidades e do mérito foi globalmente instalado em grande número de países. DUBET, F. O que é uma escola justa? Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v.34, n. 123, p. 539-55, 2004 (com adaptações). A escola legitima, pela via da apreciação do mérito pessoal dos alunos, as diferenças e as desigualdades entre indivíduos, transformando-as em um escalonamento dos rendimentos escolares. Assim, legitima-se como instituição que oferece oportunidades para todos, ainda que não ofereça a todos a mesma coisa. SACRISTÁN, J. G. A educação obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001 (com adaptações). I. Considerando-se o contexto meritocrático exposto pelos autores, estimulado pela ampla utilização das avaliações externas como instrumentos de quantificação da qualidade da educação, cabe ao professor, no exercício da sua profissão, propor alternativas que visem a garantir a igualdade de oportunidades para todos os alunos. Nesse contexto, avalie as afirmativas. II. Sendo a escola uma instituição pública e as avaliações externas padronizadas, cabe ao professor preparar seus estudantes para que alcancem bom desempenho nos exames e obtenham os melhores índices possíveis a fim de conseguir acesso às áreas de maior prestígio. III. É importante atuar com responsabilidade na formação e na preparação dos estudantes para as avaliações e fortalecer seus méritos pessoais, o que exige 84 focalizar a Língua Portuguesa e a Matemática como prática eficiente de melhoria do rendimento escolar. IV. Participar de ações colaborativas na escola, a partir de um planejamento coletivo em que se utilizem os índices obtidos em avaliações externas como mais um elemento de análise da realidade escolar, sem desconsiderar a realidade de cada aluno, é uma prática que contribui para a formação não só do estudante, mas também do profissional. V. De posse dos resultados das avaliações externas, o docente deve embasar-se nos fundamentos da pesquisa educacional para identificar avanços e problemas pelos quais passa a escola e, a partir desse diagnóstico, propor ações para melhorar o processo educativo. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II, IV. e) II, III, IV. 4. Durante todo o curso de Pedagogia, Júlia teve a oportunidade de conhecer as diferentes tendências, concepções ou teorias educacionais que dão suporte à organização do trabalho da escola e à prática educativa. Com isso, percebeu a necessidade de se contrapor à fragmentação, à rotina, ao autoritarismo e à centralização do poder. Um dos caminhos a serem trilhados é a construção do projeto político-pedagógico como um instrumento de luta em busca da qualidade e da almejada cidadania. Qual é a ação fundamental para que uma escola tenha o projeto-político- pedagógico pretendido? a) Planejamento de metas pela equipe gestora para os segmentos e áreas do conhecimento. b) Diagnóstico permanente da realidade escolar com registro dos dados e das discussões. c) Elaboração do projeto por uma coordenação administrativo-pedagógica 85 especializada. d) Utilização de técnica e de metodologias específicas para a elaboração de projetos. e) Divulgação de dados de desempenho para uma classificação das turmas. 5. Entre os instrumentos utilizados no processo ensino-aprendizagem, a professora Cida, ao final de cada ciclo avaliativo, realiza uma “roda de conversa” com seus alunos para discutir as aprendizagens construídas, levando em consideração o desempenho individual, a participação e interesse nas aulas, as relações interpessoais vivenciadas e as atitudes conquistadas. Os alunos avaliam seu próprio desempenho, avaliam o professor, e esse, por sua vez, avalia a turma. Essa prática de avaliação está associada a quais concepções? I. Democrática, embasada na autoavaliação e no saber-fazer dos alunos. II. Arbitrária, centrada no exercício de poder e na imposição de ideias da professora sobre o grupo. III. Mediadora, centrada na troca de ideias, pontos de vista e reflexão sobre o percurso da aprendizagem. IV. Conservadora, centrada em momentos pontuais para discussão e classificação de desempenho individual e comportamentos. É correto apenas o que se afirma em a) II. b) IV. c) I e III. d) I e IV. e) II e III. 6. Uma Escola Estadual desenvolveu, no âmbito de seu planejamento curricular, um projeto de preservação do meio ambiente junto à comunidade, em parceria com uma organização não-governamental (ONG). O projeto se referia a coleta seletiva e tratamento de lixo e teve efeitos tanto no aspecto geral da escola quanto no bairro. 86 Para se concretizar na prática educativa, o planejamento no qual se inseriu o projeto deve ter sido construído com base a) nos pressupostos que estruturam a criação da ONG. b) no estudo do contexto cultural, político e econômico da comunidade escolar e do seu entorno. c) na análise das técnicas de ensino, haja vista a neutralidade que apresentam, quando devidamente utilizadas. d) no estudo da Cultura, visando à manutenção do pensamento hegemônico e, por decorrência, da estrutura social. e) na relativização das teorias de ensino-aprendizagem cujo papel na formação acadêmica é distinto do exigido no contexto escolar. 7. Considere a situação em que uma professora da Educação Infantil, há cinco anos, prevê no planejamento de suas aulas, a utilização de muitas brincadeiras em sala, que está organizada para atender as crianças em seus aspectos físicos, cognitivos, afetivos e motores. Considere, ainda, que, em determinada aula, seus alunos arrumaram a sala para simular atendimento a animais machucados e doentes. Enfileiraram bichos de pelúcia e começaram a tratá-los e a medicá-los. Colocaram na porta uma placa que indicava que a sala era um consultório veterinário. Alguns alunos vestiram aventais e outros atenderam como atendentes e donos dos animais. Com base na situação descrita, infere-se que, entre os objetivos da atividade realizada pela professora, inclui-se o de I. ensinar comportamentos sociais, por meio de processos de interação que se iniciam aos três anos de idade, e, portanto, correspondem a um nível cognitivo mais elementar da criança. II. desenvolver a sociabilidade e o senso de cooperação na criança. III. demonstrar às crianças a capacidade delas para agir como adultos, constituindo um ritual de passagem da infância para a adolescência. IV. auxiliar no desenvolvimento da imaginação e da capacidade de utilização de símbolos representativos de pessoas e coisas do mundo real. 87 É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) II e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) I, II, III, IV. 8.O papel da teoria é oferecer aos professores perspectivas de análises para compreenderem os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles intervir, transformando-os. Por isso, é fundamental o permanente exercício da crítica das condições materiais em que o ensino ocorre. O desenvolvimento desse processo é possibilitado pela atividade de pesquisa, que se inicia com a análise e a problematização das ações e das práticas, confrontadas com as explicações teóricas sobre elas, com experiências de outros atores e olhares de outros campos de conhecimento, com os objetivos que se pretendem e com as finalidades da educação na formação da sociedade humana. FONTE: PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poiesis. São Paulo, V. 3, n. 3 e 4, 2005/2006, p. 5-24 (adaptado). As autoras corroboram o estabelecido nas Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia ao afirmarem que, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica, são propiciadas ao egresso, entre outras funções, as de planejamento, execução e avaliação de atividades educativas. Com base nessas indicações, infere-se que é necessário implementar, na escola, momentos coletivos dedicados a estudos, pesquisas e planejamento, com o objetivo de que professores e gestores possam melhor compreender as situações de ensino-aprendizagem. Com relação a esse contexto, avalie as afirmações a seguir: I. Os professores e a equipe pedagógica devem realizar um diagnóstico da comunidade com a qual trabalham, estabelecer ações pedagógicas coletivas por meio de estudos teóricos e práticos e assumir, coletivamente, sua 88 função social frente aos educandos. II. Os professores devem elaborar planejamentos flexíveis, instrumentos avaliativos que contribuam para a formação humana e romper com práticas avaliativas direcionadas à simples classificação meritocrática dos educandos. III. Os professores devem elaborar planejamentos individualizados, considerando o que é específico de cada turma, e aplicar provas ao final de cada bimestre, reestruturando continuamente sua prática pedagógica. IV. Os professores e a equipe pedagógica devem elaborar plano de ação coletivo, centrado no processo de ensino-aprendizagem e realizar avaliações no que tange não somente à aprendizagem, mas também ao ensino. V. Os professores devem decidir individualmente o melhor caminho a seguir no processo de ensino-aprendizagem, para tomar decisões, mesmo sem conhecer as necessidades de sua turma. É correto apenas o que se afirma em: a) I, II e IV. b) I, III e V. c) I, IV e V. d) II, III e IV. e) II, III, V. 89 QUAL MATERIAL DIDÁTICO UTILIZAR NAS AULAS DE CIÊNCIAS NATURAIS? 6.1 LIVRO DIDÁTICO O livro didático é, provavelmente, o principal material de apoio para o processo de ensino-aprendizagem no Brasil. De acordo com Carneiro e Mól (2005)é o recurso mais utilizado no ensino de Ciências, apesar da existência de vários materiais curriculares e tecnológicos a disposição hoje em dia. Sua influência é evidente, já que são fontes para preparar aula, pesquisar e conduzir o processo pedagógico. De modo geral, Choppin (2004) defende que o livro didático exerce quatro funções essenciais, que podem variar consideravelmente de acordo com o contexto: 1. Função referencial, também chamada de curricular ou programática, desde que existam programas de ensino: o livro didático é então apenas a fiel tradução do programa ou, quando se exerce o livre jogo da concorrência, uma de suas possíveis interpretações. Mas, em todo o caso, ele constitui o suporte privilegiado dos conteúdos educativos, o depositário dos conhecimentos, técnicas ou habilidades que um grupo social acredita que seja necessário transmitir às novas gerações. 2. Função instrumental: o livro didático põe em prática métodos de aprendizagem, propõe exercícios ou atividades que, segundo o contexto, visam a facilitar a memorização dos conhecimentos, favorecer a aquisição de competências disciplinares ou transversais, a apropriação de habilidades, de métodos de análise ou de resolução de problemas, etc. 3. Função ideológica e cultural: é a função mais antiga. A partir do século XIX, com a constituição dos estados nacionais e com o desenvolvimento, nesse contexto, dos principais sistemas educativos, o livro didático se afirmou como um dos vetores essenciais da língua, da cultura e dos valores das classes dirigentes. Instrumento privilegiado de construção de identidade, geralmente ele é reconhecido, assim como a moeda e a bandeira, como um símbolo da soberania nacional e, nesse sentido, assume um importante papel político. Essa função, que tende a aculturar — e, em certos casos, a doutrinar — as jovens gerações, pode se exercer de maneira explícita, até mesmo UNIDADE 06 90 sistemática e ostensiva, ou, ainda, de maneira dissimulada, sub- reptícia, implícita, mas não menos eficaz. 4. Função documental: acredita-se que o livro didático pode fornecer, sem que sua leitura seja dirigida, um conjunto de documentos textuais ou icônicos, cuja observação ou confrontação podem vir a desenvolver o espírito crítico do aluno. Essa função surgiu muito recentemente na literatura escolar e não é universal: só é encontrada — afirmação que pode ser feita com muitas reservas — em ambientes pedagógicos que privilegiam a iniciativa pessoal da criança e visam a favorecer sua autonomia; supõe, também, um nível de formação elevado dos professores (CHOPPIN, 2004, p. 553). Devido a sua importância, de acordo com Albuquerque e Ferreira (2019) desde 1938 há no Brasil interferência estatal na avaliação, por meio de leis e decretos para compra e distribuição de livros didáticos, além da criação de órgãos para lidar com o assunto. Atualmente está em vigor o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que é um programa que visa: [...] avaliar e disponibilizar obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, de forma sistemática, regular e gratuita, às escolas públicas de educação básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital e às instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o Poder Público (BRASIL, 2017a, p. 7). O PNLD é um dos maiores programas de distribuição de livro do mundo. Segundo Albuquerque e Ferreira (2019) é um programa que ajuda na democratização do acesso ao conhecimento a milhares de estudantes de todas as regiões do Brasil e contribui para a melhoria do trabalho pedagógico dos professores (experientes e novatos) que atuam nas diversas redes públicas de ensino. Os livros do PNLD antes de serem aprovados para distribuição para professores e estudantes passam por avaliação criteriosa de especialistas de Instituições de Ensino Superior e de professores da Educação Básica. Os livros que estão em salas de aula de Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental atenderam a critérios preestabelecidos que vão desde a avaliação de conceitos, metodologia e valores até a observação da BNCC. Portanto, todos os livros didáticos presentes no Guia de Livros Didáticos de 2019 (GLD-2019) estão de acordo com o que determina a Base. https://bit.ly/3cHMkqq 91 No GLP-2019 é possível conhecer as perspectivas pedagógicas que orientaram a avaliação das obras. Além disso, apresenta resenha para cada obra com as principais características, potencialidades e fragilidades que auxiliam o professor na escolha do livro. As resenhas são estruturas em tópicos: Visão Geral; Descriçãoda Obra; Análise da Obra; Em Sala de Aula. A partir da leitura das resenhas o professor irá conhecer de cada obra: os referenciais teórico-metodológicos, a abordagem didático-pedagógica, a estrutura, a forma de organização, a descrição e a análise da proposta de interação e investigação, além de como os recursos apresentados que podem contribuir efetivamente para o trabalho pedagógico em sala de aula. Há também modelos de fichas de análise e o hiperlink para acessar a versão eletrônica das obras, caso o professor ache necessário. Quadro 10: Livros didáticos para os Anos Iniciais do E. F.na área de Ciências da Natureza TÍTULO AUTORES EDITORA AKPALÔ Lilian Sourient, Denise Bigaiski Editora do Brasil QUATRO CANTOS Amélia Porto, Lízia Ramos, Sheila Goulart Dimensão BURITI MAIS Ana Carolina de A. Yamamoto Moderna CIÊNCIAS Geslie Coelho FTD ENCONTROS Ângela Gil, Sueli Fanizzi FTD ODISSEIA Antonio Lembo, Isabel Costa, Silmara Sapiense Vespasiano SEI ÁPIS Rogério G. Nigro Ática CRESCER Katia Mantovani, Maria R. de Campos Editora do Brasil CONECTADOS Roberta Bueno FTD APRENDER JUNTOS Robson Rocha SM LIGAMUNDO Sezar Sasson, Débora Cristina de A. Godoy, César da Silva Júnior, Sonelise A. Cizoto, Paulo Sérgio B. Sanches Saraiva NOVO PITANGUÁ Leonel Favalli, Karina Pessôa Moderna VAMOS APRENDER Vanessa Michelan SM ANAPIÃ Trivellato, Cida Lico Escala Fonte: Adaptado de Brasil (2018c) Quadro 11: Coleções de obras para a Educação Infantil TÍTULO AUTORES EDITORA APRENDER COM A CRIANÇA: EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO Priscila Monteiro, Monique Deheinzelin, Autêntica 92 Ana Flávia Castanho CADÊ? ACHOU! EDUCAR, CUIDAR E BRINCAR NA AÇÃO PEDAGÓGICA DA CRECHE Aline Pinto Positivo PÉ DE BRINCADEIRA Ângela Cordi Positivo PRÁTICAS COMENTADAS PARA INSPIRAR: FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL Joyce M. Rosset, Lucila Almeida, Maria Helena Webster, Joyce Eiko Fukuda Editora do Brasil Fonte: Adaptado de Brasil (2018c) Após a escolha, a escola receberá as coleções das obras para distribuição integral. Sendo que os estudantes dos Anos Iniciais receberão o Livro do Estudante e os docentes o Manual do Professor. No caso da Educação Infantil, apenas os professores receberão livro. O PNLD de 2019 trouxe uma novidade para os Anos Iniciais, que é a possibilidade de escolher uma Obra Interdisciplinar e um Projeto Integrador. São três tipos de Obras apresentadas no GLD-2019: Disciplinar, Interdisciplinar e Projeto integrador. Quadro 12: Obras Interdisciplinares no GLD-2019 que envolvem Ciências OBRAS INTERDISCIPLINARES COMPONENTES CURRICULARES AUTORES EDITORA APRENDER JUNTOS Ciências, História e Geografia Mônica Lungov, Robson Rocha, Raquel dos S. Funari, Leda L. da Silva SM VEM VOAR Ciências, Geografia e História Isabel Rebelo Roque, Wagner Nicaretta Scipione BURITI MAIS Ciências, História e Geografia Fernanda Pereira Righi, Mônica Torres Cruvinel, Natalia Leporo Moderna GOSTO DE SABER Ciências, Geografia e História Aércio de Mello, Maria B. de Araujo, Terra Sul 93 Maribel L.Mendes ÁPIS Ciências, Geografia e História Rogério g. Nigro, Maria Elena Simielli, Anna Maria Charlier Ática Fonte: Adaptado de Brasil (2018c) Quadro 13: Projetos Integradores no GLD-2019 que envolvem Ciências PROJETOS INTEGRADORES COMPONENTES CURRICULARES AUTORES EDITORA APRENDENDO COM PROJETOS Arte, Ciências, Educação Física, Geografia, História e Língua Portuguesa Anike Laurita, Vanessa Machado Evoluir CIDADANIA EM AÇÃO Geografia e Ciências Rosaly B. Chianca, Silvia H. M. de A. Campos, Lília de A. Costa Nogara Vera Cruz AR – Aprender e Relacionar Ciências, Língua Portuguesa e Matemática Lilian Bacich Moderna DA ESCOLA PARA O MUNDO Língua Portuguesa, Arte, História, Geografia, Matemática e Ciências Giulianny Russo, Thais Ogeda, Ana Clara Bin; Valquíria Pereira; Viviane Villela; Renata Frauendorf; Maria C. Galvão; Bárbara Passos; Laís Oliveira Ática Fonte: Adaptado de Brasil (2018c) O professor e a escola podem optar por receber uma Obra Interdisciplinar que envolva, por exemplo, três componentes curriculares (Ciências, História e Geografia, por exemplo) ou receber uma obra de cada componente separada. Já a possibilidade de receber os Projetos Integradores não é excludente, é possível escolher uma coleção de Projeto Integrador, independentemente da escolha entre obras disciplinares ou interdisciplinares. 6.2 MATERIAIS ALTERNATIVOS Ter o livro didático para trabalhar em sala de aula com os estudantes era um dos maiores anseios dos professores. Atualmente ter o livro didático não é suficiente, o processo educativo está em constante mudança, novas necessidades e facilidades surgiram na sociedade e foram incorporadas à educação, uma delas é 94 o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Antigamente, as principais fontes de informações eram os mais velhos, a TV, os professores e os livros. Na sociedade atual isso mudou, muitas vezes os estudantes chegam à escola com informações que o professor desconhece. Neste contexto, o papel do professor no processo de ensino-aprendizagem vem mudando. Antes visto como transmissor de conhecimento, agora as TIC tornaram essa visão ultrapassada, pois as tecnologias permitem acesso a informações diretamente na fonte do conhecimento, sem intermediários. Consequentemente, o papel do professor deve mudar de detentor do conhecimento para orientador do processo de ensino-aprendizagem. Na educação, as TIC proporcionam: [...] novas relações com a memória/registro visual, escrita e oral, novas estruturas de enunciados multimodais, novos formatos de comunicação e interação social e novas formas de visualização e representação de esquemas abstratos que implicam em novas formas de compreensão e desenvolvimento cognitivo. Além disso, a inserção maciça das tecnologias nos modos de produção exige uma nova educação. Se hoje o trabalho intelectual já é automatizado, é tarefa urgente e fundamental da educação fornecer uma formação geral sólida e desenvolver o pensamento abstrato (MASSI, 2015, p. 7). Há grande potencial de inovação nos materiais didáticos por meio do uso das TIC. A tecnologia por si só não consegue desenvolver o processo, entretanto, a tecnologia mediada pelo professor em sala de aula pode ser transformadora. Imagine duas situações: a primeira é descrever e mostrar para as crianças em sala de aula as fases da lua, os eclipses e os pontos cardeais apenas com giz e quadro negro; e a segunda é realizar a mesma tarefa com recursos digitais, tais como vídeos, simuladores e jogos. A segunda pode ser bem mais dinâmica e motivadora para a construção do conhecimento do que a primeira, desde que mediada adequadamente pelo professor. As crianças que estão em sala de aula são nativas digitais, nasceram em um mundo cada vez mais conectado, onde a informação é difundida muito rapidamente. A incorporação de TIC aos materiais didáticos pode ser uma forma de incorporar novas estratégias para o desenvolvimento de competências e habilidades em sala de aula. O uso de vídeos, aplicativos, simuladores, mídias sociais, jogos, áudios para a construção de novas experiências pedagógicas que proporcionem momentos de investigação e valorizem o diálogo e a colaboração entre os 95 envolvidos pode transformar não só as aulas de Ciências, mas o próprio processo educativo. Figura 8: TIC na educação Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 6.3 PRODUZA SEU PRÓXIMO MATERIAL DIDÁTICO No GLP-2019 há a recomendação:[...] o livro didático deve subsidiar o ensino de Ciências, a partir de uma perspectiva investigativa e lúdica, pois nossas crianças estão inseridas em um universo tecnológico atrativo e, muitas vezes, mais interessante do que a sala de aula (BRASIL, 2018c, p. 4). Imagine-se sendo contratado por uma escola que adota recursos didáticos tecnológicos. Você possui as habilidades básicas para usá-los? https://spoti.fi/2MCMUuR 96 A palavra subsidiar dá a entender que o livro didático deve auxiliar, contribuir, ajudar no processo de ensino-aprendizagem em Ciências, ou seja, não deve ser o único recurso didático. Até porque os livros didáticos são obras paradas no tempo e no espaço. Vamos raciocinar! Como os livros presentes no GLP-2019 foram publicados até 2018 e distribuídos em 2019, nenhum livro aborda, por exemplo, o tema científico mais importante do século até o momento, a COVID-19. Sendo assim, se o professor seguir estritamente o livro didático, nos próximos anos ele não vai abordar a pandemia do coronavírus, já que os livros didáticos para a Educação Infantil têm ciclo de uso de três anos e os livros para os Anos Iniciais têm ciclo de quatro anos. Outro ponto importante é que os livros aprovados para distribuição são os mesmos para todo o país, então os temas abordados e os exemplos são, geralmente, genéricos e sem as especificidades das diversas regiões do Brasil. Podendo resultar em temas e exemplos que podem ser significativos para estudantes de determinada região e sem sentido para estudantes de outras regiões. Para superar esse problema o professor pode buscar outros materiais didáticos ou também produzir seu próprio material. Um material que aborde, respeite e valorize os temas locais que podem ser significativos no tempo e no espaço para os estudantes. https://bit.ly/3cCxP7j https://bit.ly/3tkWu6a https://bit.ly/2MxS63f 97 https://bit.ly/2MRWE4g https://bit.ly/3axKBRJ https://bit.ly/3tugsve https://bit.ly/2YJM41Y 98 99 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Na aula de Ciências, em uma escola de Ensino Fundamental, ao trabalhar um determinado assunto a partir do livro didático adotado, o professor é interpelado por um aluno sobre a atualidade daquela matéria. O aluno explicou que, tendo acessado o site de uma universidade pela Internet, leu que havia novos conhecimentos sobre o conteúdo em pauta, que contrariavam o que estava no livro. Diante da situação, o professor, que sempre tivera posturas que valorizam a produção de conhecimentos pelos alunos, deve a) incentivar a turma a pesquisar sobre o assunto para avaliar as novas informações trazidas pelo aluno, deslocando a discussão para uma próxima aula. b) desqualificar a Internet como meio de transmissão do conhecimento, informando sobre a existência de muitos sites não confiáveis. c) acatar a informação do aluno como verdadeira, indicando à turma que esse conhecimento será objeto de avaliação. d) recomendar à turma que estude pelo livro didático adotado, explicando que a prova terá o livro como base. e) impor-se ao aluno, confirmando que o livro adotado é atual e suas informações estão corretas. 2. Uma das formas de ampliar o universo discursivo das crianças é propiciar situações organizadas, como roda de conversa ou brincadeiras de faz-de-conta. Outra forma de ampliação da linguagem oral é o contato com variados tipos de textos e manifestações culturais. Para que essas práticas sejam possíveis na escola, faz- se necessário a) dispor de um acervo, em sala de aula, com livros e outros materiais, possibilitando às crianças a escolha de suas leituras, facilitando o empréstimo de livros e promovendo momentos específicos de conversas sobre as interpretações das leituras. b) manter uma biblioteca bem organizada na qual os alunos só tenham acesso aos livros com o acompanhamento de um adulto que escolha a obra a ser lida, 100 impedindo que o acervo seja danificado. c) promover rodas de conversa, nas quais os alunos falem de suas vivências, sem, no entanto, possibilitar que essa prática se amplie para a troca de experiências do que foi lido, seja por ele, seja por um adulto, nas atividades programadas pela escola. d) possibilitar que os alunos levem os livros para casa, independentemente do seu nível de alfabetização. Quando os alunos não souberem ler, poderão ser auxiliados por um adulto, que fará um relatório, por escrito, acerca do texto e do entendimento da criança a respeito deste. e) deixar a criança livre para escolher o que quer ler sem ter a preocupação de cobrar seu entendimento da leitura, para que o ato de ler não seja entendido como algo chato e entediante a ser avaliado pelo professor. 3. Na escola em que João é professor, existe um laboratório de informática, que é utilizado para os estudantes trabalharem conteúdos em diferentes disciplinas. Considere que João quer utilizar o laboratório para favorecer o processo ensino- aprendizagem, fazendo uso da abordagem da Pedagogia de Projetos. Nesse caso, seu planejamento deve a) ter como eixo temático uma problemática significativa para os estudantes, considerando as possibilidades tecnológicas existentes no laboratório. b) relacionar os conteúdos previamente instituídos no início do período letivo e os que estão no banco de dados disponível nos computadores do laboratório de informática. c) definir os conteúdos a serem trabalhados, utilizando a relação dos temas instituídos no Projeto Pedagógico da escola e o banco de dados disponível nos computadores do laboratório. d) listar os conteúdos que deverão ser ministrados durante o semestre, considerando a sequência apresentada no livro didático e os programas disponíveis nos computadores do laboratório. e) propor o estudo dos projetos que foram desenvolvidos pelo governo quanto ao uso de laboratórios de informática, relacionando o que consta no livro didático com as tecnologias existentes no laboratório. 101 4. Na atualidade, o surgimento de um novo tipo de sociedade tecnológica é determinado principalmente pelos avanços das tecnologias digitais de comunicação e informação e pela microeletrônica. Essas novas tecnologias – assim consideradas em relação às tecnologias anteriormente existentes -, quando disseminadas socialmente, alteram as qualificações profissionais. A ciência, hoje, na forma de tecnologias, altera o cotidiano das pessoas e coloca-se em todos os espaços. Não há dúvidas de que as novas tecnologias de comunicação e informação trouxeram mudanças consideráveis e positivas para a educação. Vídeos, programas educativos na televisão e no computador, sites educacionais e softwares diferenciados transformam a realidade da aula tradicional, dinamizam o espaço de ensino-aprendizagem, onde anteriormente predominava a lousa, o giz, o livro e a voz do professor. Para que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) possam trazer alterações no processo educativo, elas precisam, no entanto, ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente. Isso significa que é preciso respeitas as especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que seu uso realmente faça diferença. KENSKI, V. M. Educação e tecnologia: o novo ritmo da informação. Campinas: Papirus, 2007. (adaptado). Na perspectiva do texto acima, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I – Os avanços das tecnologias digitais de comunicação e informação e da microeletrônica podem ser incorporados às tecnologias mais antigas no trabalho educativo, desde que se compreendamas especificidades do ensino e da própria tecnologia. PORQUE II – O ensino mediado pelas TIC permite ampliar não somente as possibilidades pedagógicas de aprendizagem, mas também a interação entre os atores do processo educativo. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta 102 da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 5. O livro didático é peça importante no processo de aprendizagem e, por isso mesmo, sua seleção e adoção devem ser cuidadosamente realizadas. Sobre os parâmetros significativos para a seleção do livro didático, analise as afirmativas a seguir: I. Não deve propiciar situações textuais de preconceitos discriminatórios. II. Deve ser coerente do ponto de vista teórico com as matérias apresentadas. III. Deve mostrar caminhos metodológicos comprovadamente eficazes. Está correto o que se afirma em a) II, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 6. Ao investigar sobre a importância do livro didático enquanto instrumento de apoio aos professores de ciências no desenvolvimento de suas aulas no Ensino Fundamental, Siganski e colaboradores (2008) refletem sobre como este material pode contribuir para a melhoria do trabalho do professor em sala de aula. De acordo com os autores e suas reflexões apresentadas neste artigo, julgue os itens abaixo como VERDADEIRO (V) ou FALSO (F) e, em seguida, marque a opção CORRETA. ( ) O livro didático é apenas um dentre os materiais de ensino disponíveis para o ensino de Ciências, sendo que o aprendizado pelo aluno está relacionado com a maneira de utilização do livro pelo professor em sala de aula. ( ) Os livros didáticos atuais de Ciências apresentam a ciência de maneira contextualizada, e aliada da sociedade e da sua vida cotidiana, concebendo o 103 método científico como um conjunto de regras fixas para encontrar a verdade. ( ) Em muitas situações, o livro didático costuma ser a única referência para o trabalho do professor, passando a assumir o papel de currículo e de definidor das estratégias de ensino, interferindo de modo significativo nos processos de seleção, planejamento e desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula. ( ) Há livros didáticos utilizados nas aulas de Ciências da Natureza que apresentam temas e exemplos não condizentes com o contexto social em que o aluno está inserido, acarretando em obstáculos para a aprendizagem significativa. A sequência CORRETA é a) V, V, F, F. b) F, F, V, V. c) V, F, V, V. d) V, V, F, V. e) F, V, V, F. 7. Segundo Circe Bittencourt (2006, p. 71), “o livro didático tem sido objeto de avaliações contraditórias nos últimos tempos”. Existem os que o adotam e se posicionam de forma positiva em relação ao livro e os que negam veementemente e fazem críticas acentuadas ao mesmo. Porém, é inegável sua presença e sua influência nas práticas escolares no Brasil de longa data. Pensando nesse objeto tão complexo e controverso, a autora, em relação a uma possível definição sobre o livro didático e seus aspectos estruturantes, apresenta vários elementos que podem ajudar numa percepção mais clara e precisa desse objeto. Em relação a esses elementos constitutivos e que auxiliam melhor na compreensão dessa obra tão complexa e presente nas práticas escolares brasileiras, assinale a alternativa correta. a) É um recurso didático que deve ser seguido estritamente pelo professor, sem recorrer a outros materiais didáticos. b) É uma mercadoria, apenas um produto de comercialização pertencente à lógica do mercado. c) É um artefato cultural para a doutrinação dos estudantes que aborda 104 completamente os conteúdos que são pertinentes aos currículos escolares. d) É um artefato cultural que tem as funções: de informação, de estruturação e organização da aprendizagem. e) É um guia completo para ser consultado antes de desenvolver qualquer atividade em sala de aula. 8. Sobre o PNLD marque a alternativa correta. a) É programa dos governos estaduais para distribuição de livros didático e paradidáticos para escolas estaduais. b) O livro para entrar no Guia de Livro Didático é avaliado por comissão técnica específica e qualificada com base em vários critérios previstos pelo edital. c) Os livros selecionados pelo PNLD apresentam apenas fatos científicos, sem qualquer tipo de ideologias. d) A escolha do livro didático é feita diretamente pela escola, sem participação dos professores e alunos. e) O PNLD é um programa de livro didático do governo que disponibiliza livros didáticos para todos os estudantes do Brasil. 105 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 01 UNIDADE 02 QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 B QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 C UNIDADE 03 UNIDADE 04 QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 D QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 A UNIDADE 05 UNIDADE 06 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 B 106 REFERÊNCIAS ABREU, M.; MATTOS, H. 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