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Fundamentos e Metodologia do Ensino de Ciências Naturais e Saúde Infantil

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Torquato de Lima Júnior 
 
Graduação em Química (2004) e Mestrado em Ensino de Ciências (2009) pela 
Universidade de Brasília. Professor de química do CEM do 01 do Riacho Fundo I; CEM 01 
do Núcleo Bandeirante; CED agrourbano Ipê do Riacho Fundo II e CED 02 de Taguatinga. 
Atualmente, trabalho na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da 
Educação (EAPE). 
FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO 
ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS 
 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 
 
 
 
 
 
 
 
© 2020, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização 
escrita do Editor. 
 
 
T314i 
 
 
Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . 
Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, MG: 
Editora Única, 2020. 
113 p. il. 
 
Inclui referências. 
 
ISBN: 978-65-990786-0-6 
 
1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. 
 
CDD: 100 
CDU: 101 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles 
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos 
científico (artigos, monografias, dissertações e teses), 
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre 
questões citadas em cada unidade, associando-o a 
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu 
cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
O QUE SÃO AS CIÊNCIAS NATURAIS? ..................................................... 7 
1.1 ÁREAS DE CONHECIMENTO ..................................................................................... 7 
1.2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO ................................................................................ 10 
1.3 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA ..................................................................................... 13 
FIXANDO O CONTEÚDO............................................................................................... 16 
COMO O BRASIL ORGANIZA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS? ...... 21 
2.1 DA CF/88 À BNCC .................................................................................................. 21 
2.2 AS CIÊNCIAS NATURAIS NA BNCC ........................................................................ 26 
2.3 CURRÍCULO .............................................................................................................. 32 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 35 
COMO A CRIANÇA APRENDE? .............................................................. 41 
3.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA...................................................................... 41 
3.2 TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO ..................................................................................... 43 
3.3 TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................................................................. 47 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 50 
COMO ENSINAR CIÊNCIAS NATURAIS? ................................................. 56 
4.1 METODOLOGIA TRADICIONAL ............................................................................... 56 
4.2 METODOLOGIA INVESTIGATIVA ............................................................................. 57 
4.3 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS ........................................................................................ 61 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 66 
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE 
CIÊNCIAS NATURAIS ............................................................................... 71 
5.1 PLANEJAMENTO ...................................................................................................... 71 
5.2 AVALIAÇÃO ............................................................................................................ 74 
5.3 FAÇA O SEU PLANEJAMENTO ................................................................................ 77 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 81 
QUAL MATERIAL DIDÁTICO UTILIZAR NAS AULAS DE CIÊNCIAS 
NATURAIS? ............................................................................................... 89 
6.1 LIVRO DIDÁTICO ..................................................................................................... 89 
6.2 MATERIAIS ALTERNATIVOS ...................................................................................... 93 
6.3 PRODUZA SEU PRÓXIMO MATERIAL DIDÁTICO ..................................................... 95 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 99 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 105 
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 106 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
A Unidade 1 apresenta uma visão geral do que é conhecimento e 
detalha as diversas formas de conhecimento produzida pelo ser 
humano, com destaque para o conhecimento científico que é 
fonte do conhecimento de Ciências Naturais estudado em sala de 
aula. 
A Unidade 2 aborda a organização do ensino de Ciências Naturais 
no Brasil, começando com bases legais e finalizando com a 
construção dos currículos a partir da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) e da Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). 
 
 
O processo de aprendizagem é o foco da Unidade 3, a partir das 
ideias Jean Piaget, Lev Vigotski, David Ausubel, entre outros, são 
apresentadas teorias de como as crianças aprendem. 
A unidade 4 apresenta metodologias e estratégias didáticas para o 
ensino de Ciências Naturais, baseadas tantonas teorias de 
aprendizagem, quanto nos documentos oficiais BNCC e DCN. 
 
 
A Unidade 5 a apresenta o planejamento e da escolha consciente 
do processo avaliativo como fundamentais para organização do 
trabalho pedagógico. 
A Unidade 6 apresenta materiais e recursos didáticos disponíveis 
para aulas de Ciências Naturais. Além de propor e apresentar 
referencias para professores construírem seus próprios materiais 
didáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
O QUE SÃO AS CIÊNCIAS 
NATURAIS? 
 
 
 
1.1 ÁREAS DE CONHECIMENTO 
Você já deve ter lido ou escutado que estamos na era do conhecimento. 
Nossa sociedade foi construída com base no conhecimento acumulado e 
transmitido de várias formas ao longo dos tempos. Desde a invenção da roda até o 
celular mais tecnológico, tudo gira em torno do conhecimento. Mas você já parou 
para refletir sobre o que realmente é conhecimento? Há diferentes propostas para 
conceituar conhecimento, algumas mais específicas e outras mais genéricas, como 
a de Popper (2007) que define conhecimento como o produto das nossas atividades 
intelectuais. Albert Einstein, Platão, Leonardo da Vinci forram indivíduos que 
produziram conhecimentos que afetam nossas vidas até hoje. Entretanto, não só 
grandes pensadores e cientistas podem produzir conhecimento, pessoas comuns 
como eu e você também podem produzir atividades intelectuais. 
 
 
 
Há algumas formas de classificar os tipos de conhecimentos produzidos, para 
Marconi e Lakatos (2019) são quatro tipos: 
 
 Conhecimento popular; 
 Conhecimento filosófico; 
 Conhecimento religioso; 
 Conhecimento científico. 
 
São quatro formas de ver o mundo que caminham associadamente. Na 
escola, vários dos tipos de conhecimento podem estar presentes. Mesmo que o 
Você provavelmente cresceu em uma época em que as fontes de conhecimento eram 
as pessoas mais velhas, os professores, as bibliotecas. Será que as crianças de hoje 
recorrem a essas mesmas fontes? 
 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
ensino religioso não seja obrigatório, estudantes e professores trazem para o 
ambiente escolar suas crenças e o respeito a fé de cada indivíduo é imprescindível. 
O conhecimento popular, também denominado senso comum, junto com o 
religioso, ou teológico, são os mais antigos e existem desde quando vivíamos nas 
cavernas. Uma das principais características do senso comum é que ele é passado 
de geração em geração. De acordo com Köche (2015) essa forma de conhecimento 
surge da necessidade de resolver problemas imediatos e espontâneos, sem 
planejamento. Já o conhecimento filosófico é o produto do trabalho intelectual 
sistemático, de acordo com Chauí (2000) o conhecimento científico é o mais novo, 
surge como uma maneira sistemática, metódica e cética de ver, compreender, 
explicar o mundo. 
 
 
 
Todas as formas de conhecimentos são admiráveis e possuem alguma 
importância para a sociedade, mas ao longo dessa Unidade de Aprendizagem 
iremos voltar nossa atenção para o conhecimento científico. Assim como o 
conhecimento pode ser dividido em quatros tipos, o conhecimento científico 
também pode ser dividido. Alguns podem pensar que a Ciência se resume a 
Química, Física e Biologia, entretanto, é muito mais que isso. O Universo é muito 
complexo e a Ciência se divide em diversos ramos para estudá-lo, veja a divisão de 
Fachin (2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3aviPFJ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
Figura 1: Divisão da Ciência 
 
Fonte: Adaptado de Fachin (2006, p. 26) 
 
As Ciências Naturais, assim como as Humanas, são factuais porque investigam 
de uma forma particular os fatos, diferentemente das formais que lidam, de maneira 
particular, com as ideias Fachin (2006). 
Essa divisão das ciências, como qualquer outra, é questionável. As divisões de 
modo geral são feitas para fins pedagógicos, a intenção é mostrar as diferenças e 
as similaridades entre as Ciências. Todas as Ciências têm em comum o fato de serem 
produzidas por humanos, apesar de só aquelas que têm o foco de estudo das 
relações humanas receberem a classificação de Ciências Humanas. Já as Ciências 
Naturais, segundo Driver et al. (1999) têm com o foco o estudo das construções 
desenvolvidas pela comunidade científica para interpretar a natureza. 
Dentro da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), documento que 
estabelece as aprendizagens essenciais para todos os estudantes brasileiros, a área 
de Ciências da Natureza abrange conceitos relacionados à Astronomia, Biologia, 
Física, Geologia e Química que devem ser estudados durante a Educação Básica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
1.2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
Atualmente, o que muitos desejam são vacinas, remédios, tratamentos com 
eficácia comprovada cientificamente para a COVID-19. Mas o que significa ser 
comprovado cientificamente? Quem são as pessoas que fazem esse trabalho? 
Como é o processo? Algo comprovado cientificamente é 100% verdadeiro? Para 
responder essas perguntas é necessário retroceder ao nascimento da ciência 
moderna. 
Até o século XVI, a ciência estava atrelada à filosofia, à religião e às ideias 
aristotélicas e a partir dos desdobramentos dos pensamentos renascentistas surgiu 
uma nova forma de conhecimento. Essa nova forma de interpretar o mundo, 
baseada no método experimental e na matemática revolucionou diversas áreas de 
estudos e mudou o curso da história. 
Entre os primeiros defensores do pensamento científico com base empírica 
estão os filósofos Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1650), e o físicos 
Galileu Galilei (1564-1642), mas as grandes mudanças nas atitudes científicas 
ocorreram no século VII com a mecânica de Issac Newton (1642-1727), os estudos 
dos gases de Robert Boyle (1627-1691), entre outros. De acordo com Köche (2015)o 
período em que esses estudiosos desenvolveram suas ideias é considerado, na 
História da Ciência, o início do que se convencionou chamar de Ciência Moderna, 
que se estende até o final do século XIX, quando começa a Ciência 
Contemporânea. 
Com o advento da Ciência Moderna, diversos campos de estudos 
desenvolveram uma forma sistemática de desenvolver suas pesquisas que ficou 
conhecida como: método científico. Para atingir o conhecimento científico seria 
necessário seguir várias etapas (observação – hipótese – experimentação – 
generalização – proposição de uma teoria). Veja o quadro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
Figura 2: Uma versão do Método Científico Clássico 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 
 
De modo geral, esse método clássico é um exemplo de como as ciências, 
essencialmente as Ciências da Natureza, constroem o conhecimento científico, mas 
não é o único. De acordo com o pensamento positivista, representado 
principalmente pelas ideias de Augusto Comte (1798-1857), 
O método positivo é estabelecido com base na observação e na 
experiência, no acúmulo de evidências e na formulação de hipóteses, 
no encadeamento de ideias, e é ele quem deve instruir o pensamento 
positivo na elaboração do conhecimento científico (KOSMINSKY; 
GIORDAN, 2002, p. 12). 
Entretanto, há vários outros métodos científicos e quem decide se o método é 
científico ou não, é própria comunidade cientifica, por isso é importante publicar os 
resultados das pesquisas em revistas científicas, livros, congressos científicos. A partir 
da análise dos resultados os cientistas aceitam ou refutam os estudos publicados, 
dessa forma, a ciência se autorregula e evolui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
A partir do método científico clássico diversas metodologias investigativas 
foram desenvolvidas para a construção do conhecimento científico. As ciências 
Sociais (Antropologia, História, Geografia Humana, Sociologia) possuem outros 
métodos, assim como as Ciências Naturais, que são aceitos e utilizados pelos 
cientistas. Diversosfilósofos da ciência como Gaston Bachelard (1884 - 1962), Paul Karl 
Feyerabend (1924 – 1994), Imre Lakatos (1922-1974), Thomas Kuhn (1922-1996) e Karl 
Popper (1902-1994) contribuíram com suas visões sobre o método científico, a 
natureza do conhecimento científico e a epistemologia da ciência. Para Popper, por 
exemplo: 
O determinante de o que é científico está na possibilidade de ser 
testado e refutado, tornando o avanço científico um descartar de 
erros passados. Para o falsificacionista, o erro desempenha um papel 
importante na elaboração do conhecimento. Seria através da 
proposição de hipóteses audaciosas, passíveis de serem 
experimentalmente refutadas, que ocorreria o refinamento teórico, 
pois, ao se descobrir que a hipótese era falsa, poder-se-ia aprender 
muito sobre a verdade. O erro é, portanto, uma fonte de 
aprendizagem (Kosminsky; Giordan, 2002, p. 13, Grifo nosso). 
Há diversos exemplos de erros na história das ciências. Albert Einstein errou, 
assim como Issac Newton e Charles Darwin. Não só os cientistas erraram, as 
metodologias têm falhas, ou seja, assim como o todo ser humano nenhum método 
científico é perfeito. Nesse sentido, a ciência não só admite o erro, como também o 
usa como estratégia para construir o conhecimento, por isso, a ciência é uma ótima 
opção estudar e compreender o mundo. 
 
 
https://spoti.fi/3axNX7u
https://bit.ly/39H6TkW
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
1.3 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA 
 
 
 
Já vimos que há diferentes divisões das produções do intelecto humano. As 
diferentes formas de conhecimentos constituem as produções intelectuais da nossa 
sociedade e devem ser transmitidas e apropriadas e o principal local para isso é a 
escola. As pessoas aprendem no dia a dia interagindo com os mais velhos, nas rodas 
de conversa, com as experiências pessoais e de várias outras formas, mas a escola é, 
e continuará sendo, o principal espaço para socialização, construção e apropriação 
de saberes sistematizado ao longo dos tempos pelo ser humano. 
Como não é possível compartilhar todo o conhecimento já produzido pela 
humanidade, é necessário selecionar o que é essencial no tempo e no espaço para 
ser trabalhado nas escolas. Mas, então, o que deve ser ensinado nas escolas? Alguns 
podem argumentar que apenas o conhecimento científico deve ser ensinado nas 
escolas. Entretanto, não é o conhecimento científico que é diretamente trabalhado, 
mas sim o escolar. 
O significado de conhecimento escolar envolve dois aspectos importantes: 
- trata-se de um conhecimento selecionado a partir de uma cultura 
social mais ampla, que passa por um processo de transposição 
didática, ao mesmo tempo que é disciplinarizado. 
- constitui-se no embate com os demais saberes sociais, diferenciando-
se dos mesmos (LOPES, 1999, p. 24). 
No caso específico do conhecimento científico, ele é produzido nas 
Universidades, nos Institutos de Pesquisa e publicado em revistas científicas, livros, 
anais de congressos científicos etc. A linguagem, o contexto, os objetivos, o público 
do conhecimento científico são bem diferentes daqueles do conhecimento escolar. 
Quais tipos de conhecimentos são ensinados e aprendidos em sala de aula? 
 
https://bit.ly/3oNokV4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
O conhecimento científico não é diretamente trabalhado nas escolas, antes 
disso, passa pelo processo de adaptação a até chegar a escola. 
A transição do conhecimento considerado como uma ferramenta a 
ser posto em prática, para o conhecimento como algo a ser ensinado 
e aprendido, é precisamente o que eu tenho chamado de 
transposição didática do conhecimento (CHEVALLARD, 2013, p. 9, 
Grifo nosso). 
De acordo com Chevallard (2013) a transposição didática consiste em um 
processo de adaptação do conhecimento produzido pelos cientistas (o Saber Sábio) 
que se transforma nos objetos de ensino dos currículos e livros didáticos (o Saber a 
Ensinar) até chegar ao conhecimento trabalhado nas salas de aula (o Saber 
Ensinado). A transposição seria, dessa forma, o processo de adequação do 
conhecimento científico ao contexto escolar. Durante o processo de adaptação há 
modificações que transformam não apenas a linguagem, mas o próprio 
conhecimento. As modificações ocorrem, também, devido a influências sociais e 
políticas. 
O que deve ser adaptado e estudado? No momento atual, há muita 
produção de conhecimento científico sobre COVID-19, o qual é adaptado até 
chegar às escolas, e então o professor escolhe como trabalhar o assunto com os 
estudantes. Algo parecido já ocorreu com outras doenças como: dengue, aids, 
tuberculose. No momento, a prioridade é para a COVID-19, em outro momento pode 
ser para outra doença. 
Além do que deve ser adaptado e estudado, há outras questões importantes 
como: quando, por que e como estudar determinados conhecimentos? O debate 
sobre essas perguntas, ao longo de anos, tem influenciado as legislações da 
educação brasileira para além dos currículos, causando efeitos também em 
materiais didáticos, bem como na prática do docente. Trataremos desses assuntos, 
com foco no processo de ensino-aprendizagem de Ciências Naturais, nas próximas 
unidades de aprendizagem. 
 
Já leu um artigo científico? Sua linguagem é a mais apropriada para o trabalho 
pedagógico na Educação Básica? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. O conhecimento é uma construção coletiva e a aprendizagem acontece por 
meio de eixos, na troca dos sentidos construídos no diálogo e na valorização das 
diferentes vozes que circulam nos espaços de interação. A partir desses eixos, é 
importante que o trabalho pedagógico com as crianças garanta o estudo 
articulado das Ciências Sociais, das Ciências Naturais, das Noções Lógicas 
Matemáticas e das Linguagens. Na perspectiva das ideias apresentadas no texto 
acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. 
 
I. O objetivo do trabalho com áreas do conhecimento é ajudar a criança a pensar 
de forma interdisciplinar e a desenvolver atitudes de observação, estudo e 
comparação das relações entre homem, espaço e natureza. 
PORQUE 
II. O trabalho didático com as áreas do conhecimento de forma articulada tem a 
finalidade de desafiar as crianças a simular situações, elaborar hipóteses, refletir 
sobre situações do cotidiano e se posicionar, estabelecendo relações e 
percebendo o significado dos saberes integrados dessas áreas em suas ações 
cotidianas. 
 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
 
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da 
I. 
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa 
correta da I. 
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas. 
 
2. A pergunta e o perguntar têm um papel fundamental na pesquisa. Uma pergunta 
é um início necessário para a pesquisa, na medida em que ela coloca um 
problema que dá sentido ao ato de pesquisar. Sem problema não há pesquisa. 
Considerando esse referencial, qual das conclusões é correta? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
a) Toda pergunta merece ser pesquisada. 
b) As perguntas são o cerne da pesquisa. 
c) Uma pesquisa pode prescindir de respostas. 
d) Toda pesquisa deve ser conclusiva. 
e) As respostas constituem o âmago da pesquisa. 
 
3. A racionalidade científica, forma dominante de pensar e de agir na 
Modernidade, transformou o homem e sua ação em objetos de investigação. 
Passaram a ser tratados da mesma forma que as “coisas” e os fenômenos da 
natureza, como “objetos” fixos, imutáveis. O historicismo veio a se opor a essa 
perspectiva positivista,chamando a atenção para a dimensão histórica da 
existência, do mundo e da sociedade. As vertentes da pesquisa em educação 
que acompanharam essa discussão incorporaram ideias do historicismo e 
trouxeram para a prática da investigação o pressuposto de que 
a) a pesquisa educacional supõe a existência de métodos previamente definidos. 
b) a objetividade e a universalidade do conhecimento são garantidas pelos 
métodos de pesquisa. 
c) a metodologia da pesquisa determina a produção dos conhecimentos histórico-
educacionais. 
d) o conhecimento da realidade só é possível por meio do controle do fenômeno 
educacional. 
e) o conhecimento educacional depende da compreensão dos processos sócio 
históricos. 
 
4. A produção do conhecimento escolar crítico requer que a teoria anunciada na 
forma conceitual se transforme em ações no contexto de vida do aluno para 
alcançar uma visão crítica que move o seu agir no mundo para superar a visão 
fragmentada da realidade (FAVERI, J. E. Filosofia da educação: o ensino da filosofia na 
perspectiva freireana. 2ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 44) 
 
Na perspectiva das ideias do fragmento de texto acima, analise as seguintes 
asserções. 
I. A concepção crítica de conteúdo fundamenta-se na relação entre o saber 
cotidiano do estudante, suas condições existenciais e o saber metódico já 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
produzido. O produto dessa relação constitui sínteses qualitativamente 
melhoradas. 
PORQUE 
II. Pela reflexão crítica da realidade presente, o estudante busca organizar um 
novo saber na forma de teorias explicativas que identificam contradições e 
buscam sua superação com posturas concretas renovadas diante do seu 
contexto de vida. 
 
a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa 
correta da primeira. 
b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma 
justificativa da primeira. 
c) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição 
verdadeira. 
d) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição 
falsa. 
e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. 
 
5. Apesar dos estudos sem utilidade imediata estarem desaparecendo, tal a 
importância dada atualmente aos saberes utilitários, a tendência para prolongar 
a escolaridade e o tempo livre deveria levar os adultos a apreciar cada vez mais, 
as alegrias do conhecimento e da pesquisa individual. É essencial que cada 
criança, esteja onde estiver, possa ter acesso, de forma adequada, às 
metodologias científicas de modo a tornar-se para toda a vida “amiga da 
ciência”. Isso se justifica porque o aumento dos saberes permite: 
 
I. Compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos. 
II. Favorecer o despertar da curiosidade intelectual. 
III. Estimular o sentido crítico. 
IV. Compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na capacidade de 
discernir. 
 
Estão corretas as afirmativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
a) I, II, III e IV. 
b) II e III, apenas. 
c) II e IV, apenas. 
d) I, III e IV, apenas. 
e) I e IV, apenas 
 
6. De acordo com Lakatos (Fundamentos de Metodologia Científica) todas as 
ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em 
contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são 
ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de métodos 
científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o 
emprego de métodos científicos. Assinale a alternativa que define corretamente 
o que é método científico, de acordo com o autor acima citado. 
a) O método é a base para o desenvolvimento de uma pesquisa estritamente 
científica com maior segurança e economia. É por meio da escolha e utilização 
de métodos que o pesquisador alcança os objetivos e comprova de forma 
imutável e infalível suas hipóteses. 
b) O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior 
segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e 
verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando 
as decisões do cientista. 
c) O método é o conjunto das atividades assistemáticas desenvolvidas pelo 
pesquisador, para que por meio do seu problema de pesquisa possa alcançar o 
objetivo - conhecimentos válidos, verdadeiros e infalíveis -, traçando o caminho a 
ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. 
d) O método é o conjunto das atividades que buscam viabilizar a organização do 
trabalho do pesquisador, para que assim encontrar as respostas para seu 
problema de pesquisa, com maior segurança e economia, permite alcançar o 
objetivo - conhecimentos válidos, verdadeiros e infalíveis -, traçando o caminho a 
ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. 
e) O método é o conjunto das atividades definidas pelo pesquisador para que suas 
hipóteses possam ser verificadas e nunca negadas e para que, com maior 
segurança e economia, permita alcançar o objetivo do problema de pesquisa - 
conhecimentos válidos, verdadeiros e imutáveis -, traçando o caminho a ser 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. 
 
7. O movimento que propõe, como tarefa central do ensino de Ciências, a de 
ensinar a natureza da ciência, pode ser definido em sete pontos, dos quais 
destacamos os três a seguir: 
 
I. O conhecimento científico é inacabado. 
II. O conhecimento científico é fundamentado em provas empíricas. 
III. O conhecimento científico é objetivo. 
 
Com relação aos pontos destacados a respeito do conhecimento científico, 
está correto o que se afirma em 
a) I, apenas. 
b) I e II, apenas. 
c) I e III, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) I, II e III. 
 
8. O conhecimento científico distingue-se do conhecimento de senso comum sob 
muitos aspectos. Sob a perspectiva científica, é correto afirmar que: 
a) a tradição e os costumes são as principais fontes do conhecimento confiável. 
b) a testagem experimental não é um método confiável para obtenção de 
conhecimento. 
c) todo conhecimento confiável provêm do conhecimento filosófico. 
d) todo conhecimento é passível de crítica, mesmo aqueles que parecem os mais 
bem estabelecidos em um dado momento. 
e) em seu interior prevalece a existência de dogmas, isto é, verdades definitivas que 
não podem e não devem ser criticadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
COMO O BRASIL ORGANIZA O 
ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS? 
 
 
 
2.1 DA CF/88 À BNCC 
Imagine quantos equipamentos o celular pode substituir: fax, lanternas, 
câmeras, calculadoras, relógios são alguns exemplos. Nossas vidas mudaram 
bastante com o avanço dos celulares e outros equipamentos tecnológicos e cada 
da vez mais cedo os brasileiros têm acesso a eles. Já reparou que para construir esses 
dispositivos, além de materiais, há conhecimentos científicos e tecnológicos? 
Quando nós devemos começar a estudar sobre ciência e tecnologia? 
O ensino de Ciências no Brasil, atualmente, começa na primeira etapa da 
Educação Básica, na Educação Infantil. É essencial iniciar a imersão no mundo da 
ciência e da tecnologia desde, pois aproveita-se a curiosidade natural das crianças 
para tornar acessível o conhecimento construído ao longo de séculos. Entretanto, 
nem sempre foi assim, de acordo com Krasilchik (2000) antes de 1961 as aulas de 
Ciências eram apenas para as turmas de anos finais do ginásio (atualmente 8° e 9° 
anos do fundamental). 
 
 
 
Atualmente, o documento que regulamenta o ensino de ciências nas escolas 
públicas e particulares de Educação Básica no Brasil é a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC). Na Base estão contidas as competências, as habilidades, os 
valores e atitudes, além dos conteúdos que todos os estudantes das redes pública e 
particular devem estudarao longo de cada etapa da Educação Básica. Apesar de 
ter sido homologada pelo Ministério da Educação (MEC) em 20 dezembro de 2017, 
sua história começa em 1988 com a promulgação da nossa atual Constituição 
Federal. Vejamos o encadeamento de ações até chegar à BNCC. 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
A BNCC já estava prevista no Artigo 210 na Constituição, onde se diz: “Serão 
fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar 
formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e 
regionais.” (BRASIL, 1988). Mesmo prevista, a Base demorou aproximadamente 30 
anos para ser construída e entrar em vigor, primeiramente foi necessário publicar uma 
lei para detalhar e regulamentar os artigos da Constituição (205 a 214 e passagens 
de outros) que descrevem a nova estrutura da educação brasileira. Durante anos 
essa lei fundamental foi discutida e elaborada, até ser publicada em 1996 e hoje a 
conhecemos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sob o 
número 9394/96. No artigo 26 a LDB avança pouco no estabelecimento da Base, 
acrescenta o Ensino Médio e mais alguns detalhes como pode ser lido a seguir: 
Art. 26 - Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma 
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de 
ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, 
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da 
cultura, da economia e da clientela (BRASIL, 1996). 
A primeira tentativa de estabelecer uma espécie de currículo nacional 
ocorreu com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que 
normatizou os dispositivos da Constituição e da LDB. Publicados em 1997, os PCN para 
o Ensino Fundamental Anos Iniciais (antigas 1ª a 4ª séries) eram constituídos de dez 
volumes, sendo seis volumes para as áreas de conhecimento, mais três volumes para 
os temas transversais e um volume para apresentar o que são os PCN. No ano 
seguinte, foram publicados os PCN para o Ensino Fundamental Anos Finais (antigas 5ª 
a 8ª séries) com a mesma estrutura do Ensino Fundamental Anos Iniciais. Veja a 
estrutura no quadro abaixo: 
 
Quadro 1: Parâmetros Curriculares Nacionais (para as antigas 1ª a 4ª séries) 
Volume 1 Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais 
Volume 2 Língua Portuguesa 
Volume 3 Matemática 
Volume 4 Ciências Naturais 
Volume 5 História e Geografia 
Volume 6 Artes 
Volume 7 Educação Física 
Volume 8 Ética 
Volume 9 Meio Ambiente e Saúde 
Volume 10 Pluralidade Cultural e Orientação Sexual 
Fonte: Adaptado de Brasil (2000) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
Além de estabelecer os conteúdos referencias para currículos de cada estado 
e município do país, os PCN Brasil (2000) apresentaram um conjunto de proposições 
com o intuito de renovar e reelaborar as propostas de currículos do sistema 
educacional brasileiro, fornecendo informações e orientações com relação no 
processo de planejamento, estratégias de ensino-aprendizagem, práticas 
avaliativas. 
Um dos grandes avanços dos PCN foi apresentar os conteúdos por blocos 
temáticos, ao invés de disciplinas. No caso de Ciências da Natureza os blocos 
temáticos são quatro: Ambiente; Ser humano e saúde; Recursos tecnológicos; Terra 
e Universo. 
Sendo que os três primeiros blocos se desenvolvem durante todo o Ensino 
Fundamental e o bloco Terra e Universo a partir da antiga 5ª série. A opção por blocos 
é uma estratégia interessante para facilitar o trabalho interdisciplinar, mesmo que nos 
quatro blocos haja conteúdos de Astronomia, Biologia, Física, Geociências e 
Química, é sempre possível trabalhar de forma interdisciplinar, porque há conexões 
entre as diferentes Ciências Brasil (2000) Além dos blocos há os temas transversais 
(Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual) que 
perpassam todas as áreas de conhecimento. De acordo com os PCN: 
A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e 
um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as 
questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma 
coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola 
propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores (BRASIL, 
2000, p. 45). 
Além disso, o intuito de sugerir os temas transversais não foi acrescentar novos 
conteúdos, mas dar visibilidade a temas e a problemas sociais atuais, propondo um 
trabalho pedagógico contextualizado. Mesmo que os temas tenham sido escolhidos 
pela abrangência nacional, é recomendado aos professores que trabalhem os 
temas a partir da realidade e necessidades locais, permitindo às crianças 
compreender os conceitos a partir da realidade que os cerca e ainda desenvolver 
habilidades e valores para modicar seu contexto. 
Vale ressaltar que os PCN não são normativos, ou seja, não são de adoção 
obrigatória pelos estados e municípios. Foram construídos para serem referenciais 
para a nossa rede de ensino, cabendo aos entes federados instituir grupos de 
trabalho para elaborar seus próprios currículos de acordo com suas particularidades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
e necessidades. 
Desde sua publicação, os PCN são alvos de diversas controvérsias, 
principalmente no universo acadêmico. Galian (2014) expõe críticas com relação a 
imposição de organismos internacionais para implementação pelo Brasil de currículos 
que formem mão de obra moldáveis às requisições do sistema econômico. A autora 
relata, também, críticas aos fundamentos teóricos enfatizados e a padronização 
curricular no Brasil, desconsiderando as diversidades entre as regiões, até mesmo 
dentro de um mesmo município. 
Não foram só críticas negativas que os PCN receberam, Bonfim et alli (2013), 
por exemplo, cita o legado dos temas transversais que foi deixado pelos Parâmetros. 
Já Abreu e Mattos (2008) citam os PCN como ponto de partida para a questão da 
educação das relações étnico-raciais. Há outros aspectos positivos que podem ser 
percebidos a partir da análise dos documentos referenciais de 1997, tanto é que a 
publicação da BNCC não revogou os PCN, eles continuam válidos até o momento. 
Por si só, este fato releva sua importância para educação brasileira. 
O princípio referencial dos PCN permaneceu incomodando alguns 
especialistas no assunto, tanto é que em 2010, na 1ª Conferência Nacional de 
Educação (CONAE), citou em seu documento final a necessidade de uma base 
comum nacional normativa organizado por Fernandes (2010) Além disso, diversos 
outros movimentos como a definição das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para 
a Educação Básica (DCN, 2013), a criação do Sistema Nacional de Educação (SNE) 
e do Plano Nacional de Educação (PNE) e a transformação do Exame Nacional do 
Ensino Médio (ENEM) em prova de seleção de candidatos para o ingresso nas 
universidades geraram pressões para a criação de uma base comum, que começou 
a ser construída em 2015 com a constituição de uma comissão de especialistas que 
elaborou uma proposta inicial, resultando, em 2017, após dois anos de debates como 
a sociedade, na homologação da BNCC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
Figura 3: Linha do tempo da BNCC 
 
Fonte: Adaptado de Brasil (2018a) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
Ao fim dessa breve cronologia, percebe-se que a BNCC, bem como os PCN, 
atente ao que determina a Constituição e a LDB. Ademais, ambos documentos 
passaram por consultas à sociedade para democratizar a escolha dos conteúdos 
mínimos e comuns. Mesmo com todas as controvérsias durante a construção da 
BNCC, no documento final aprovado é possível perceber uma tendência de 
padronização dos conhecimentos a serem estudados pelos estudantes brasileiros, 
também presentes em currículos de países do mundo ocidental. 
 
 
 
 
 
2.2 AS CIÊNCIAS NATURAIS NA BNCC 
A BNCC é um documento normativo,diferentemente dos PCN que eram 
referenciais, que estabelece as aprendizagens essenciais que todas as escolas do 
sistema de educação brasileiro. É uma nova organização do trabalho pedagógico, 
cujo foco está no desenvolvimento de competências. Há muita discussão no mundo 
acadêmico sobre o que são competências, para evitar controvérsias a BNCC define 
competência como: 
[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), 
habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e 
valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do 
pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 
2018a). 
Esta definição diz muito sobre o que se pretende com o enfoque em 
competência: sair do modelo de educação conteudista, para um modelo de 
https://bit.ly/2O4Za7W
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
formação de cidadãos capazes de mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e 
valores para resolver situações problemas. Então, para a BNCC uma pessoa 
competente para a vida cotidiana, o exercício da cidadania e para o mundo do 
trabalho não é aquela que apenas se apropriou de muita informação, mas aquela 
que sabe mobilizar habilidades, informações e valores no momento adequado. 
Foram estabelecidas dez competências para serem desenvolvidas durante a 
Educação Básica. Veja o quadro abaixo. 
 
Quadro 2: Competências gerais da educação básica 
01 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, 
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e 
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
02 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, 
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, 
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar 
soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 
03 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e 
participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 
04 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), 
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, 
matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias 
e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento 
mútuo. 
05 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de 
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as 
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir 
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal 
e coletiva. 
06 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de 
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do 
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu 
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 
07 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, 
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e 
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo 
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em 
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 
08 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-
se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com 
autocrítica e capacidade para lidar com elas. 
09 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se 
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento 
e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, 
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 
10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, 
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, 
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 
Fonte: Adaptado de Brasil (BRASIL, 2018a, p. 9-10) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
As dez competências gerais se articulam e devem ser desenvolvidas nas três 
etapas da Educação Básica (Ensino Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e, 
concomitantemente, por todas a áreas de conhecimento. Embora haja a 
segmentação da educação em etapas, as competências gerais são as mesmas, isso 
valoriza o processo contínuo e integrado de desenvolvimento de competências 
durante toda a Educação Básica. 
Na etapa de Educação Infantil a BNCC Brasil assegura às crianças seis direitos 
de aprendizagem e desenvolvimento (Conviver; Brincar; Participar; Explorar; 
Expressar; Conhecer-se), bem como estabelece cinco campos de experiências: 
- O eu, o outro e o nós; 
- Corpo, gestos e movimentos; 
- Traços, sons, cores e formas; 
- Escuta, fala, pensamento e imaginação; 
- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações (BRASIL, 
2018a). 
Para cada um desses campos de experiências são definidos objetos de 
aprendizagem e desenvolvimento para três grupos de faixas etárias de Educação 
Infantil. 
 
Bebê Crianças bem pequenas Crianças Pequenas 
0 a 1 ano e 6 
meses 
1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses 4 anos a 5 anos e 11 meses 
 
A BNCC não cita a área de conhecimento Ciências Naturais para Educação 
Infantil, mas é possível perceber dentro dos objetos de aprendizagem e 
desenvolvimento conceitos que podem ser estudados a partir de atividades 
relacionadas a Ciências Naturais, vejamos, como um exemplo, o objeto de 
aprendizagem e desenvolvimento para Crianças Pequenas “Relatar fatos 
importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história dos seus familiares e 
da sua comunidade” (BRASIL, 2018a, p. 51) 
 Relatar esses fatos requer que a criança reflita sobre corpo, seu 
desenvolvimento e o ambiente ao seu redor. Para auxiliar nesse processo, o professor 
pode trabalhar previamente conceitos historicamente relacionados à Biologia, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
levando em consideração o mundo da criança. 
Quanto menor a faixa etária, menor a complexidade dos objetos de 
aprendizagem e desenvolvimento. No caso de Crianças Bem Pequenas é indicado 
promover situações de aprendizagem com o intuito de “Compartilhar, com outras 
crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora 
dela” e para Bebês “Explorar o ambiente pela ação e observação, manipulando, 
experimentando e fazendo descobertas” (BRASIL, 2018a, p. 51) 
São objetos de aprendizagem com menor nível de complexidade, quando 
comparados com os para Crianças Pequenas, porém não menos importantes, já que 
respeitam as capacidades da faixa etária e promovem momentos proveitosos de 
interação entre as crianças. Além disso, os objetos de aprendizagem e 
desenvolvimento valorizam as vivências, as habilidades e o contexto das crianças. 
[...] as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os 
conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e 
no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas 
pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, 
conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e 
consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira 
complementar à educação familiar – especialmente quando se trata 
da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve 
aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar), 
como a socialização, a autonomia e a comunicação (BRASIL, 2018a, 
p. 36). 
Além de conceitos relacionados às Ciências Naturais,pode ser estudado na 
Educação Infantil, o próprio processo científico, que, por meio de atividades 
investigativas, será desenvolvido com o intuito de proporcionar às crianças 
possibilidades de observar, explorar, manusear, elaborar questões e respostas 
relacionadas ao meio em que estão inseridas. Não é necessário esperar até o Ensino 
Fundamental para aproximar as crianças dos processos científicos. Em qualquer faixa 
etária é possível elaborar estratégias didáticas que possibilitem uma postura 
investigativa, valorizando sempre os saberes das crianças, suas experiências e os seus 
contextos. Crianças são curiosas por natureza, gostam de questionar e demonstram 
grande entusiasmo com os fenômenos aos seus redores. Aproveitar esse momento 
para trabalhar a cultura científica é fundamental para formar cidadãos críticos e 
conscientes do seu papel na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1° ao 5° ano) a BNCC organiza o 
processo em cinco áreas de conhecimento: Linguagens; Matemática; Ciências 
Naturais; Ciências Humanas; Ensino Religioso. Para a área de Ciências Naturais foram 
estabelecidas oito competências específicas. Veja o quadro: 
 
Quadro 3: Competências específicas de ciências da natureza para o ensino fundamental 
01 Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o 
conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 
02 Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da 
Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação 
científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, 
tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e 
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
03 Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao 
mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações 
que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, 
buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos 
conhecimentos das Ciências da Natureza. 
04 Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de 
suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, 
incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 
05 Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e 
negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência 
socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a 
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 
06 Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação 
para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e 
resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e 
ética. 
07 Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na 
diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos 
conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. 
08 Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, 
resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza 
para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a 
respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, 
sustentáveis e solidários. 
Fonte: Adaptado de Brasil (BRASIL, 2018a, p. 324) 
 
A área de Ciências Naturais é abrangente e engloba vários componentes 
https://bit.ly/3torGBs
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
curriculares, então, para incentivar a interdisciplinaridade e facilitar a elaboração dos 
currículos pelas redes de ensino, as aprendizagens essenciais foram organizadas em 
três unidades temáticas para o Ensino Fundamental. 
 
Quadro 4:: Organização das Unidades Temáticas 
 
Fonte: Brasil (2018c) 
 
As três unidades temáticas devem ser trabalhadas em todos os anos do Ensino 
Fundamental. Diferentemente dos PCN, em que Terra e Universo começava apenas 
no Ensino fundamental Anos Finais, na BNCC este tema começa desde os anos 
iniciais. Contudo, o que deve ser trabalhado em cada uma das unidades temáticas? 
As respostas estão na própria BNCC: 
A unidade temática Matéria e energia contempla o estudo de 
materiais e suas transformações, fontes e tipos de energia utilizados na 
vida em geral, na perspectiva de construir conhecimento sobre a 
natureza da matéria e os diferentes usos da energia. 
A unidade temática Vida e evolução propõe o estudo de questões 
relacionadas aos seres vivos (incluindo os seres humanos), suas 
características e necessidades, e a vida como fenômeno natural e 
social, os elementos essenciais à sua manutenção e à compreensão 
dos processos evolutivos que geram a diversidade de formas de vida 
no planeta. Estudam-se características dos ecossistemas destacando-
se as interações dos seres vivos com outros seres vivos e com os fatores 
não vivos do ambiente, com destaque para as interações que os seres 
humanos estabelecem entre si e com os demais seres vivos e 
elementos não vivos do ambiente. Abordam-se, ainda, a importância 
da preservação da biodiversidade e como ela se distribui nos 
principais ecossistemas brasileiros. (BRASIL, 2018a, p. 325-326, Grifo 
nosso). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
Na unidade temática Terra e Universo, busca-se a compreensão de 
características da Terra, do Sol, da Lua e de outros corpos celestes – 
suas dimensões, composição, localizações, movimentos e forças que 
atuam entre eles. Ampliam-se experiências de observação do céu, do 
planeta Terra, particularmente das zonas habitadas pelo ser humano 
e demais seres vivos, bem como de observação dos principais 
fenômenos celestes. Além disso, ao salientar que a construção dos 
conhecimentos sobre a Terra e o céu se deu de diferentes formas em 
distintas culturas ao longo da história da humanidade, explora-se a 
riqueza envolvida nesses conhecimentos, o que permite, entre outras 
coisas, maior valorização de outras formas de conceber o mundo, 
como os conhecimentos próprios dos povos indígenas originários. 
(BRASIL, 2018a, p. 328, Grifo nosso). 
Dessa maneira, a BNCC estabelece com clareza o que deve ser estudado em 
cada uma das unidades temáticas. Bem como, determina as habilidades e os 
conteúdos que devem ser estudados em cada ano de cada etapa do Ensino 
Fundamental com a finalidade de desenvolver as oito competências específicas de 
Ciências Naturais. 
Na Unidade de Aprendizagem 05 – A organização do trabalho pedagógico 
para o ensino de Ciências Naturais, iremos aprender a organizar o processo de 
ensino-aprendizagem de forma a desenvolver as competências por meio das 
habilidades e dos conteúdos citados na BNCC. 
 
 
 
2.3 CURRÍCULO 
Por mais que a BNCC seja normativa e traga as competências gerais e 
especificas, bem como as habilidades, as atitudes e valores e os objetos de 
conhecimentos que devem ser estudados em cada ano de cada etapa da 
Educação Básica, a BNCC oficialmente não é o currículo. O próprio documento da 
BNCC esclarece sua função: 
Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e 
das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e 
das propostas pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o 
alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual 
e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à 
elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta 
de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da 
educação(BRASIL, 2018a, p. 8). 
A BNCC foi idealizada para diminuir a fragmentação das políticas 
públicas para a educação e alinhar as aprendizagens mínimas para 
os estudantes. Cada estado, município e o Distrito Federal (DF) deve 
construir seu próprio currículo com base nas Diretrizes Curriculares 
Nacionais (DCN) e na BNCC, que são documentos complementares. 
Já as DCN foram elaboradas pelo CNE para orientar o planejamento 
curricular das escolas e dos sistemas de ensino (BRASIL, 2013). 
 
Dessa forma, a BNCC apresenta o que deve ser estudado, enquanto as DCN 
detalham como deve ser estudado. 
O MEC estabeleceu um prazo de dois anos para os sistemas de ensino 
adequarem seus currículos à BNCC, esse prazo acabou no início do ano letivo de 
2020. Para ajudar no processo, o Ministério da Educação (MEC) por meio da Portaria 
N. 331, de 2018 instituiu o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional 
Comum Curricular (PRO-BNCC) que visa apoiar, em regime de colaboração, as 
unidades da federação a elaborar e implementar currículos alinhados à BNCC Brasil 
(2018a) 
De acordo com a Resolução 02 de 2017 do CNE os currículos escolares devem 
ser estruturados em duas partes: BNCC (Conhecimentos e habilidades obrigatórias) 
mais a Parte Diversificada (Contextualização local e regional) (BRASIL, 2017b). 
Assim, a parte diversificada deve agregar à Base características sociais, 
ambientais e econômicas dos currículos. 
 
 
 
 
 
 
A BNCC pode resultar na homogeneização da educação brasileira? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/2MT7Ihw
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. Uma professora chega, cumprimenta seus alunos e pede que organizem as 
cadeiras e mesas em roda, pois vão começar a aula discutindo uma notícia. Em 
primeiro lugar, a professora verifica se estão todos ali. Uma aluna diz que algumas 
pessoas chegarão atrasadas por causa da chuva forte que caiu, mais uma vez, à 
tarde. E professora, então, explica ao grupo que a notícia que trouxe é 
exatamente sobre as chuvas que têm castigado as pessoas da cidade. Ela 
começa a perguntar se, entre os alunos, há alguém que tenha sofrido com a 
chuva. Vários alunos passam a dar seus depoimentos, falando sobre seus 
problemas como trânsito e com as enchentes: falam de lixo, entupimento de 
bueiros e canalização de rios. No final da aula, ela lê a notícia que trouxe e pede 
que cada um escreva um pequeno texto comentando o que pode ser feito para 
diminuir o problema das enchentes. 
 
Pela descrição da aula da professora, infere-se que sua prática é condizente com 
a concepção de aprendizagem apresentada pelos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN). Com base nas informações apresentadas, avalie as afirmações 
a seguir: 
I. O tema proposto pela professora faz parte dos conteúdos de Ciências, e as 
atividades propostas por ela estão restritas ao âmbito dessa disciplina. 
II. A prática da professora incorpora a compreensão de que o aluno é alguém 
que tem o que dizer e que a sala de aula é espaço de construção 
compartilhada de conhecimentos. 
III. A atividade proposta revela o compromisso da professora com o 
desenvolvimento de competências dos alunos, pois ela considera os 
conhecimentos prévios e os amplia. 
IV. A professora seleciona os conteúdos e as atividades, relacionando-os em uma 
perspectiva interdisciplinar, às vivências a que os alunos são expostos em seu 
universo cultural. 
 
É correto apenas o que se afirma em: 
a) I e II. 
b) I e IV. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
c) II e III. 
d) I, III e IV. 
e) II, III, IV. 
 
2. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que determina os 
conhecimentos e habilidades essenciais que devem garantir o direito à 
aprendizagem e o desenvolvimento pleno de todos os estudantes. A respeito do 
assunto, conforme a última versão desse documento, considere as seguintes 
afirmativas: 
 
1) A BNCC tem como um de seus marcos legais o Artigo 205 da Constituição 
Federal de 1988, que reconhece a educação como um direito fundamental 
de todos e um dever compartilhado entre o Estado, a sociedade e a família. 
2) Conforme a BNCC, as decisões pedagógicas devem considerar o 
desenvolvimento de competências, com indicações claras sobre o que os 
alunos devem “saber”, e sobre o que eles devem “saber fazer”. 
3) A implementação da BNCC deve levar em conta a diversidade cultural, social 
e econômica dos estados brasileiros, possibilitando que cada instituição de 
ensino construa o seu currículo de forma independente, e autônoma usando 
como base somente as necessidades da comunidade local a qual atende. 
4) Considerando que a Educação Básica deve propender à formação e ao 
desenvolvimento humano, a BNCC defende explicitamente o compromisso 
com a educação integral. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. 
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. 
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. 
 
3. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece conhecimentos, 
competências e habilidades que se espera serem desenvolvidas por todos os 
estudantes no decorrer da escolaridade básica. Com relação à BNCC, analise as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
afirmativas a seguir: 
 
I. É um documento normativo que se aplica à educação escolar e está 
norteado pelos princípios éticos, políticos e estéticos visando à formação 
humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e 
inclusiva. 
II. No Ensino Fundamental, as cinco áreas de conhecimento propiciam a 
comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes 
curriculares. 
III. É o currículo nacional para os sistemas e das redes escolares dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios e é o parâmetro para a elaboração das 
propostas pedagógicas das instituições escolares. 
IV. O conceito de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se 
refere à duração da jornada escolar. 
 
Estão corretas as afirmativas 
a) II e IV, apenas. 
b) I e III, apenas. 
c) III e IV, apenas. 
d) I e II, apenas. 
e) I, II e III. 
 
4. Sobre as dez competências gerais apresentadas na Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC), é correto afirmar: 
a) Uma das competências gerais é conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde 
física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo 
suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 
b) Habilidade é a mobilização de conhecimentos, competências, atitudes e valores 
para a resolução de demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício 
da cidadania e do mundo do trabalho. 
c) Na Educação Infantil, as competências específicas de área, estabelecidas por 
cada área do conhecimento, evidenciam como as dez competências gerais se 
expressam nessas áreas. 
d) As dez competências gerais devem ser desenvolvidas pelos alunos, a partir do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
Ensino Fundamental, para assegurarem uma formação humana integral tendo 
em vista a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
e) Os cinco campos de experiências da Educação infantil são: Conviver; Brincar; 
Participar; Explorar; Expressar; Conhecer-se. 
 
5. “A área de Ciências da Natureza, por meio de um olhar articulado de diversos 
campos do saber, precisa assegurar aos alunos do Ensino Fundamental o acesso 
à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem 
como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e 
procedimentos da investigação científica.” Fonte: BNCC – A área de Ciências da 
Natureza – 2017 
 
Consequentemente, de acordo com a BNCC, ao longo do Ensino 
Fundamental, a área de Ciências da Naturezatem o compromisso com o 
desenvolvimento de 
a) letramento científico. 
b) alfabetização científica. 
c) experimentos científicos. 
d) inovação científica. 
e) conhecimento científico. 
 
6. O ensino de Ciências Naturais é relativamente recente na escola fundamental, 
ganhou maior notoriedade com a Lei nº 5.692, quando passou a ter caráter 
obrigatório nas oito séries do primeiro grau a partir de 1971. As Ciências têm se 
orientado por diferentes tendências, que ainda hoje se expressam nas salas de 
aula. Ainda que resumidamente, vale a pena reunir fatos e diagnósticos que não 
perdem sua importância como parte de um processo. Sobre a importância do 
ensino das Ciências Naturais no nível fundamental, é correto afirmar que 
 
a) o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma relação homem-natureza 
onde são favorecidas ações de exploração, acarretando a manipulação gênica, 
os desmatamentos, o acúmulo na atmosfera de produtos resultantes da 
combustão, o lixo industrial, hospitalar e doméstico. 
b) o conhecimento sobre como a natureza se comporta e a vida se processa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
contribui para o aluno se posicionar com fundamentos acerca de questões 
bastante polêmicas e orientar suas ações de forma mais consciente. 
c) o ensino de Ciências Naturais orientou a necessidade do currículo responder ao 
avanço da postura “cientificista” e às demandas pedagógicas geradas por 
influência do movimento ambiental. 
d) o ensino de Ciências Naturais está relacionado com os processos do dia a dia da 
sociedade e isso torna as atividades práticas do conhecimento científico menos 
valorizadas e aplicadas. 
e) os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde começaram a deixar de ser 
abordados devido ao modelo desenvolvimentista mundialmente hegemônico. 
 
7. O artigo 26 da Lei nº 9.394/96, LDB em vigor, afirma que os currículos da educação 
infantil devem contemplar a Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Em 
dezembro de 2017, o Conselho Nacional de Educação a aprovou. Sobre esse 
tema, é correto afirmar que a BNCC é um documento de caráter 
a) reflexivo. 
b) normativo. 
c) opcional. 
d) sugestivo. 
e) referencial. 
 
8. Sobre o ensino de Ciências da Natureza, de acordo com a BNCC, assinale com V 
as afirmativas verdadeiras e com F as falsas. 
 
( ) A área Ciências da Natureza tem como um de seus objetivos o 
desenvolvimento da capacidade de atuação sobre o mundo, por meio do 
trabalho individualizado da Química, da Física e da Biologia. 
( ) Para alcançar os objetivos propostos pela BNCC, é necessário que os alunos 
sejam progressivamente estimulados e apoiados no planejamento e na 
realização cooperativa de atividades investigativas, seguindo as etapas pré-
definidas pelo método científico. 
( ) O processo investigativo deve ser o elemento central na formação dos 
estudantes, e o seu desenvolvimento deve acontecer de modo aliado às 
situações didáticas planejadas ao longo de toda a Educação Básica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
( ) Para o sucesso do ensino de Ciências da Natureza, é necessário que seja 
promovido nos alunos o letramento científico, envolvendo a capacidade de 
compreender e interpretar o mundo. 
 
Assinale a sequência correta. 
a) F V F F 
b) F V F V 
c) F F V V 
d) V F V V 
e) V V F F 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
COMO A CRIANÇA APRENDE? 
 
 
 
3.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA 
Como a criança aprende? É uma pergunta com respostas bem complexas 
que vêm sendo dadas há muito tempo. Desde a Grécia antiga, filósofos refletiram 
sobre o funcionamento da mente e, também, sobre os processos de aprendizagem. 
A Psicologia é a área de conhecimento que estuda e propõe respostas para essa e 
outras perguntas. Veremos nesta unidade de aprendizagem a importância da 
Psicologia para a educação, os principais autores que investigaram o processo de 
aprender, bem como as implicações de teorias de aprendizagem para o ensino de 
Ciências Naturais. 
A Psicologia é uma área de conhecimento que nasceu da Filosofia, como 
várias outras. O termo deriva de "psyché" (alma) e "logos" (estudo, compreensão). 
Assim, Psicologia pode ser definida como o "estudo da alma" ou a "compreensão da 
alma". Platão e Aristóteles, segundo Serbena e Raffaelli (2003)foram os primeiros, 
respectivamente, a iniciar a indagação e a sistematização psicológica. Outros 
filósofos também contribuíram com ideias que inspiraram pensadores e cientistas da 
área de psicologia. Veja um resumo no quadro a seguir: 
 
Quadro 5: Filósofos e contribuições para a compreensão da mente 
FILÓSOFO ALGUMAS OBRAS CONTRIBUIÇÕES 
Francis Bacon 
(1561-1626) 
- Nova Atlântida: a 
Grande Instauração; 
- Novo Órganon. 
- Defendeu o conhecimento baseado na 
experiência; 
- Pregou o Método indutivo. 
João A. 
Comênio (1592 
– 1670) 
- Didática Magna; 
- O labirinto do mundo 
e o paraíso da alma. 
 
- Sistematizou a pedagogia e a didática; 
- Defendeu a educação para todos. 
René Descartes 
(1596-1650) 
- Discurso sobre o 
método; 
- Meditações sobre 
Filosofia Primeira. 
Defendeu o racionalismo e do inatismo. 
 
John Locke 
(1632 - 1704) 
- Ensaio sobre o 
entendimento 
humano; 
- Dois Tratados sobre o 
governo. 
- Refletiu sobre como a mente capta e traduz 
o mundo exterior; 
- Alegou que o ser humano nasce sem 
conhecimento (tábula rasa) e é preenchido 
de acordo com as experiências. 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
Jean J. 
Rousseau (1712-
1778) 
- O Contrato Social 
- Emílio, ou da 
Educação. 
 
- Defendeu a liberdade para a criança 
experimentar e aprender; 
- Pregou o retorno à natureza e o respeito ao 
desenvolvimento físico e cognitivo da criança. 
Fonte: Adaptado de Antônio (2014) 
 
 
 
Esses e outros filósofos propuseram ideias e hipóteses que inspiraram várias 
áreas de conhecimento. A Psicologia moderna teve muita influência dos antigos 
filósofos na construção de sua base teórica. 
A Psicologia de modo geral pode ser definida como: 
[...] a ciência que estuda os fenômenos psíquicos em sua natureza ou 
em suas manifestações e relações, objetivando descrevê-los e 
explicá-los em diferentes dimensões, sendo aplicável em diferentes 
áreas de conhecimento (RACY, 2012, p. 15) 
A Psicologia tem desenvolvido estruturas teóricas fundamentais para a 
compreensão do fenômeno de aprender. Assim, o conhecimento produzido no 
campo da Psicologia pode fornecer informações fundamentais para a educação. 
De acordo com Lomônaco (1999, p. 2) 
[...] a maior parte dos estudiosos admite atualmente que a aplicação 
de conhecimentos psicológicos para a compreensão dos processos 
de desenvolvimento e aprendizagem do aluno não é apenas possível, 
mas altamente desejável, para não dizer indispensável. 
Dessa forma, o estudo dos mecanismos de funcionamento da mente é 
 
 
 
Acesso em: 22 nov. 2020
https://bit.ly/36JNNsm
https://bit.ly/3jo36w3
https://bit.ly/3cHeh1A
https://bit.ly/3rmRkFa
https://bit.ly/2YIEdBJ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
essencial para o docente poder agir com fundamento a respeito da conduta, da 
atuação dos estudantes e, principalmente, mediar o processo de ensino-
aprendizagem. A contribuição da Psicologia para a Educação não se resume a 
intervenções terapêuticas em casos particulares, mas em todos os diversos aspectos 
que podem influenciar no processo de ensino-aprendizagem, tais como: sociais, 
ambientais, políticos, econômicos, culturais, institucionais e, também, psicológicos. 
 
 
 
3.2 TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO 
O século XX foi fecundo para as teorias da aprendizagem, diversos psicólogos 
e pesquisadores desenvolveram e divulgaram diferentes teorias a respeito dos 
processos de aprendizagem e influenciaram a educação, principalmente nos países 
ocidentais. Vejamos de forma resumida alguns deles: 
 
 BurrhusFrederic Skinner (1904-1990) foi um psicólogo estadunidense adepto 
do behaviorismo. Segundo Moreira (1999) a teoria behaviorista ou 
comportamentalista é baseada na análise dos comportamentos observáveis 
e mensuráveis do sujeito, nas respostas que ele dá aos estímulos externos, 
desconsiderando os processos cognitivos. O behaviorismo não começou com 
Skinner, outros pesquisadores como, Ivan Pavlov (1849 – 1936), Edward 
Thorndike (1874 – 1949), John Watson (1878 – 1958) entre outros, construíram o 
alicerce dessa teoria psicológica. Mesmo não sendo o primeiro, Skinner se 
tornou o mais conhecido entre os expoentes do behaviorismo. Skinner fez 
vários pós-doutorados, trabalhou nas universidades de Minnesota, Indiana e 
Harvard e foi produtivo até seus últimos dias. Seus principais livros são 
Tecnologia do Ensino, O Comportamento dos Organismos e Ciência e 
Comportamento Humano. 
 
https://bit.ly/3rgBdIU
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 Jean William Fritz Piaget (1896-1980) foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo 
suíço que criou a teoria da epistemologia genética, que procura explicar, por 
meio da observação e da experimentação, os processos fundamentais do 
conhecimento. A perspectiva piagetiana para os processos cognitivos é 
usada para explicar o desenvolvimento das habilidades intelectuais e a 
construção do conhecimento. Base de sua teoria, de acordo com Moreira 
(1999), está nos processos assimilação, acomodação e equilibração. Em 
suma, na perspectiva piagetiana os processos pelos quais as estruturas 
cognitivas se modificam, de forma gradual, mediante a contínua interação 
entre o indivíduo e o ambiente é o cerne do desenvolvimento cognitivo. Fonte 
para suas obras foi a observação do desenvolvimento dos seus três filhos, a 
partir da qual, mas não somente, defendeu os “Estágios de desenvolvimento” 
que divide o desenvolvimento cognitivo da criança em quatro estágios: 
sensório-motor (até 2 anos), pré-operacional (2 a 7 anos), operacional-
concreto (7 aos 12 anos) e operacional-formal (a partir dos 12 anos). Piaget 
produziu dezenas de livros, entre eles: O Nascimento da Inteligência na 
Criança; A Epistemologia Genética; e A Equilibração das Estruturas 
Cognitivas. 
 Lev Semionovitch Vigotski (1896-1934) foi um erudito russo que primeiramente 
se formou em direito, depois se especializou em literatura e psicologia e ainda 
se formou em medicina. No contexto histórico da Revolução Russa (1917) ele 
desenvolveu e defendeu, baseado no materialismo marxista, que a formação 
da consciência depende das relações sociais. Algo muito diferente de outras 
correntes de pensamento que defendiam os estímulos e respostas e os 
processos cognitivos. Para Vigotski, os processos psicológicos aconteciam 
primeiro no plano social e depois no plano individual. Dessa forma, segundo 
Moreira (1999) o desenvolvimento do ser humano não pode ser entendido 
fora no contexto social e cultural no qual ele está inserido. O ponto central de 
sua teoria é o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que é, 
de forma resumida, a diferença e entre o que o indivíduo já sabe e aquilo que 
ele tem potencialidade de aprender, sob orientação de alguém. Vigotski 
morreu cedo, aos 38 anos, mas deixou grande obras que foram continuadas 
e refinadas por seus colaboradores. Seus três principais livros são: Psicologia 
pedagógica; Psicologia da arte; e Pensamento e fala. Além disso, produziu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
artigos, palestras, textos e aulas que até hoje são estudadas para 
compreender sua teoria dentro do seu contexto. 
 Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879 – 1962) foi um médico e estudioso francês 
que apresentou sua concepção da origem dos processos psicológicos 
(psicogenética). Sua experiência como médico no acompanhamento de 
“crianças doentes, casos de retardo, epilepsia, anomalias psicomotoras em 
geral” (DANTAS, 2019, p. 35) bem como, no atendimento a adultos 
sequelados em guerras, além de outros fatores, lhe proporcionou experiência 
e conhecimento para desenvolver suas ideias a respeito do desenvolvimento 
humano de forma global, considerando fatores biológicos e socioambientais. 
De acordo com Mahoney e Almeida (2005) tal qual Piaget, Wallon dividiu o 
desenvolvimento das crianças em estágios: impulsivo-emocional; sensório-
motor e projetivo; personalismo; categorial; e puberdade e adolescência. 
Além disso, ao estudar os estágios do desenvolvimento infantil, Wallon propôs 
a análise integrada das dimensões afetiva, motora e cognitiva. Na teoria 
walloniana afetividade, segundo Dantas (2019) ocupa lugar central e possui 
raízes biológicas e função social. A afetividade, para Wallon, não é sinônimo 
de carinho e amor e está relacionada a coisas que nos afetam e engloba 
emoção, sentimento e paixão. Os principais livros de Wallon publicados em 
português são: A Evolução Psicológica da Criança, Do Ato ao Pensamento: 
ensaio de psicologia comparada, e As Origens do Pensamento na Criança. 
Deste modo, embora de Wallon tenha iniciado na medicina, sua trajetória 
acadêmica foi ampla e gerou bastante conhecimento para a Psicologia e 
consequentemente para a Educação. 
 David Paul Ausubel (1918 – 2008) foi médico e psicólogo estadunidense com 
doutorado em Psicologia do Desenvolvimento e é bastante conhecido por 
ter concebido a expressão aprendizagem significativa. De acordo com 
Moreira (2011, p. 13)“a aprendizagem significativa ocorre quando ideias 
expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não arbitrária 
com aquilo que o aprendente já sabe.” Outro conceito criado por Ausubel foi 
o de subsunçor ou ideia-âncora, que é a denominação a um conhecimento 
específico de um indivíduo que permite dar significado a um novo 
conhecimento que lhe é apresentado ou descoberto, segundo o mesmo 
autor supracitado. Dessa forma, aprendizagem significativa é a resultante do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
processo de organização, assimilação do novo conhecimento na estrutura 
cognitiva do aprendiz. Alguns livros importantes de Ausubel: Educational 
Psychology: a cognitive view, The psychology of meaningful verbal learning, 
The acquisition and retention of knowledge. Em português o professor-autor 
Marco Antônio Moreira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
publicou diversos livros baseado na teoria de Ausubel, entre eles 
Aprendizagem Significativa: a teoria e textos complementares (MOREIRA, 
2011). 
 Carl Ransom Rogers (1902 – 1987) foi outro estudioso estadunidense, se 
graduou em História e se tornou doutor em Psicologia Educacional. A partir 
de sua experiência profissional como psicoterapeuta e professor, Rogers 
criou uma abordagem humanística denominada Abordagem Centrada na 
Pessoa (ACP) (MOREIRA, 2010). Para Rogers cada pessoa tem em si a 
capacidade de entender o que a está tornado infeliz e provocar mudanças 
em suas vidas e, a partir de dessa capacidade latente, o terapeuta pode 
ajudar o indivíduo a mobilizar suas tendências intrínsecas em direção à 
compreensão de si mesmo e ao crescimento pessoal, (MOREIRA, 1999). Na 
perspectiva da ACP, o paciente, ou, como Rogers prefere chamar, o 
cliente, deve ser o centro do processo, porque cabe a ele a resolução de 
seus próprios problemas e encontrar a autorrealização, ao terapeuta cabe 
o papel de facilitar o processo. No contexto da educação, as ideias de 
Rogers colocam o estudante no centro do processo e ao professor cabe a 
atuação como facilitador. O que ocorre geralmente é o contrário, o 
professor e conteúdo são o centro do processo em sala e o estudante é 
periférico. Mas por que Rogers defendeu uma visão tão diferente? Porque 
na sua perspectiva os estudantes devem ter interesse para aprender. Essa e 
outras ideias são defendidas no livro publicado em português com o nome: 
Liberdade para Aprender. Outros livros de Rogers são: Tornar-se pessoa e 
Psicoterapia e consulta psicológica.

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