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ArianeSCF-Monografia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA 
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL – DESSO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARIANE SABRINA DA CUNHA FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROCESSO DE TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE: 
Atuar e sonhar num cenário de resistência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2016 
 
ARIANE SABRINA DA CUNHA FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
O PROCESSO DE TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE: 
Atuar e sonhar num cenário de resistência 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Serviço Social da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito para obtenção do título de bacharel em Serviço 
Social. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Ilena Felipe Barros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte. 
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ferreira, Ariane Sabrina da Cunha. 
O processo de trabalho do/a assistente social na área da saúde: Atuar e 
sonhar num cenário de resistência/ Ariane Sabrina da Cunha Ferreira. - Natal, 
RN, 2016. 
137f. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Ilena Felipe Barros. 
 
Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento 
de Serviço social. 
 
 
1. Assistente Social - Processo de trabalho – Monografia. 2. 
Instrumentalidade Profissional – Monografia. 3. Saúde - Assistente social – 
Monografia. I. Barros, Ilena Felipe. II. Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte. III. Título. 
 
RN/BS/CCSA CDU 364-4:61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus por iluminar meus 
passos nessa caminhada. 
A minha mãe (Dora) e o meu pai (Ari), meus 
exemplos de vida. 
A toda minha família materna e paterna, que 
ao longo da minha graduação sempre esteve 
me apoiando. 
As minhas amizades verdadeiras, que 
conquistei ao longo do tempo. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Primeiramente, agradeço a Deus pela vida, pela família maravilhosa e amizades que 
tenho. Por me ouvir e sempre derramar bênçãos sobre meu caminho preenchendo este de 
alegrias. Além de nunca me desamparar diante dos obstáculos que surgiram na minha 
caminhada, me fortalecendo diariamente para superá-los com sabedoria e discernimento. 
Agradeço a minha mãe que foi aquela quem me ensinou a escrever e ler as primeiras 
palavras, aquela que sempre esteve ao meu lado apoiando as minhas decisões, acreditando nos 
meus sonhos, sendo a principal incentivadora para que eu nunca desistisse dos meus objetivos 
ao longo da vida, pois é mãe, passamos por tantos momentos juntas entre eles alguns não tão 
felizes, mas que nos tornaram fortes e muito mais unidas. A concretização desse momento tão 
importante na minha vida também faz parte da sua. Obrigada minha mãe amada, por querer 
sempre ter conhecimento do meu desempenho acadêmico, desde a escola até a universidade, 
por ser a minha maior motivadora nos estudos, quando eu estava sem ânimo para persistir e 
principalmente por todo amor, carinho e dedicação que tens por sua única filha. 
Agradeço a meu pai por todo esforço e dedicação para garantir o melhor para minha 
vida, pelo investimento na minha educação. Obrigada por sempre enfatizar que eu nunca 
deveria deixar de estudar e ter determinação para seguir adiante. Lembro-me perfeitamente no 
dia que recebi um dos maiores presentes que poderia receber que foi a tão sonhada aprovação 
no vestibular da UFRN. Logo me emocionei não só pela conquista, mas pelo fato de lembrar 
às vezes que você e meu querido avô Manoel (In Memoriam), relatavam para mim sobre a 
vida difícil que tiveram em Santana do Matos/RN, fazendo com que você ainda muito jovem 
e toda sua família partissem para Natal/RN, em busca de melhores condições de vida. 
Emociono-me, pois sei que você pai, parou de estudar para ajudar no sustento dos seus pais, 
trabalhando vendendo balas e chicletes pelos corredores dessa Universidade. Não poderia 
deixar de escrever sobre esse fato da sua vida e da minha também, pois sei do seu 
reconhecimento em ter uma filha estudando e agora se formando nessa mesma universidade 
que um dia quando jovem sonhou em estudar, mas que pelo pouco recurso financeiro e 
adversidades da vida teve que continuar trabalhando para sua subsistência. Serei grata 
eternamente por cada sacrifício que fizeste por mim, pelos ensinamentos e afetos 
compartilhados. 
Também agradeço ao meu cachorro Pingo, meu pequeno de 7 anos, que tem me 
alegrado inclusive nos dias cansativos. 
Agradeço aqueles que sempre estarão presentes em minha memória, mas que partiram 
desse plano e que não poderão compartilhar dessa vitória, mesmo sabendo que no meu 
coração estarão felizes com esse momento, a minha avó materna (Francisca) e meu avô 
(José), bem como a minha avó paterna (Sabina) e meu avô (Manoel). 
Meu agradecimento se expande para todos os meus familiares, pela amabilidade, 
atenção e apoio incondicional, que de uma forma ou de outra dedicaram e contribuíram para 
minha felicidade. Farei de tudo para nunca decepcionar vocês. 
Sou grata, a Edvânia, Luciana, Luciene, Thiara e Washington vocês acompanharam 
minhas alegrias e tristezas no decorrer da vida, entenderam os momentos em que estive 
ausente em festas e cinemas, para me dedicar à graduação, principalmente nessa fase final do 
curso. Realmente posso dizer que são amizades verdadeiras que possuem um lugar reservado 
no meu coração. 
Agradeço imensamente as minhas queridas amigas, logo da primeira semana de curso, 
Alana, Dayane e Raniely, com vocês construí uma amizade sincera ao longo desses quatro 
anos, compartilhamos alegrias, anseios, dúvidas, sonhos, horas esperando o ônibus para voltar 
para casa e claro muitas risadas. A graduação tem um momento de término, no entanto os 
laços que unem a nossa amizade se perpetuarão pelo tempo. Como sempre afirmo para vocês, 
repito novamente conte comigo para o que precisarem. 
Cada uma de vocês possui um jeitinho especial, a começar por você Alana, uma amiga 
que iniciou o curso após passar por um momento recente e muito difícil na sua vida e de seus 
familiares, mesmo assim persistiu com muita coragem diariamente para conquistar seus 
objetivos. Bem a nossa amizade teve início através de um seminário na disciplina de 
Sociologia I, que por coincidência futuramente se tornaria parte da sua temática de pesquisa 
do TCC. Mas acredito que nossa amizade se fortaleceu quando juntas vivenciamos o 
importante processo de estágio curricular obrigatório I e II, através dessa etapa da nossa 
formação acadêmica tivemos a oportunidade de nos aproximar da realidade da população 
usuária, da importância da nossa profissão na sociedade e também de partilharmos nossas 
expectativas sobre nosso futuro pessoal e profissional. Você é uma pessoa atenciosa, meiga 
que se preocupa com todos que lhe cercam, tive a chance de me aproximar de seus familiares 
e perceber que essas qualidades também se estendem a eles. Desejo que Deus permaneça 
confortando o coração de vocês diante da saudade sentida. Tenho orgulho em poder chamá-la 
de amiga. 
Minha amiga Dayane, você é a alegria em pessoa, aquela que contagia todo mundo 
com seu sorriso e espontaneidade, quando estamos reunidas a risada é garantida, aquela que 
me acompanha nas festas, que sempre esta pronta para me ouvir, que entende o cuidado e o 
amor que tenho pelos animais, pois também tem esse afeto por seus pets. Minha dupla em 
alguns trabalhos e provas, nos eventos acadêmicos, entre tantos outros momentos que 
pareciam simples, mas na verdadecontribuíam para ampliar a nossa amizade. 
Por fim, Raniely, amiga intelectual, muito dedicada aos estudos do curso, não que as 
outras do trio não sejam, pelo contrário todas são muito empenhadas em obter conhecimentos, 
mas você era aquela que sempre nos alertava sobre os textos disponíveis no sigaa, na xerox, 
que enviava artigos, livros em PDF e links correspondentes ao curso para o nosso 
aprimoramento. Agradeço amiga pela atenção conosco, também partilhei muitos estudos 
dirigidos, seminários e outros trabalhos acadêmicos com você. Agradeço a todas desse 
querido trio que citei, pois cada uma contribuiu para minha formação acadêmica e espero que 
eu tenha feito o mesmo para vocês. Desejo que possamos trilhar a nossa trajetória profissional 
com competência e comprometimento pela defesa dos direitos da população. Tenho certeza 
que o curso de Serviço Social me presenteou com a amizade de vocês. 
Seria egoísta se eu não mencionasse o meu agradecimento ao meu amado grupo de 
tantos debates, seminários e relatórios, e claro de tantas emoções compartilhadas. Meninas, 
com vocês também construí uma linda amizade, obrigada por tudo Anny Beatriz, Laura, 
Marcella, Maressa, Roberttha, Yasmim e ao trio de amigas supracitado. Vocês são pessoas 
especiais que com o passar dos anos dessa graduação constituiu esse grupo de amigas que 
transpõe os muros da universidade. Que Deus ilumine cada uma de vocês. 
Sem dúvidas não poderia deixar de agradecer a todos/as excelentes professores/as do 
curso de Serviço Social que foram de fundamental importância na minha vida acadêmica, sou 
grata pelos ensinamentos compartilhados com a turma 2012.2. Aproveitando o momento, 
agradeço as/os colegas da turma pelos quatro anos de convivência diária, troca de 
conhecimentos durante as aulas e momentos descontraídos. 
Também agradeço as minhas Supervisoras de Campo, Luciara Morais e Adriana 
Santos, por nos receberem com muita atenção, simpatia, paciência e competência profissional. 
Sempre compromissadas em contribuir com o nosso aprendizado, sobretudo na área da saúde. 
Deixo meu sincero agradecimento à equipe do Serviço Social da UPA/Pajuçara pela 
disponibilidade e colaboração nos questionários utilizados para essa pesquisa. 
Sou profundamente grata, a Profª. DrªIlena Felipe Barros, não só pela supervisão 
acadêmica durante o processo de estágio, na qual foi muito qualificada e satisfatória, mas pela 
honra em tê-la como Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso. Palavras não são 
suficientes para agradecê-la por toda sua compreensão, esclarecimentos partilhados, pelos 
livros que foram significativos na produção dessa pesquisa, por acompanhar com dedicação 
cada detalhe dessa produção teórica e pelo carinho que teve comigo e com as meninas que 
também foram suas orientandas. Querida professora, tenha certeza que minha formação 
profissional, nãо teria sido а mesma sem а sua presença como incrível docente, exemplo de 
profissional, entusiasmo e alegria. Você é bombação! (risos). 
Por fim, agradeço a todas as pessoas que foram importantes na minha vida durante 
essa caminhada de quatro anos. 
 
Ariane Sabrina da Cunha Ferreira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nós vos pedimos com insistência 
não digam nunca: 
isso é natural! 
Diante dos acontecimentos de cada dia 
numa época em que reina a confusão 
em que corre o sangue 
em que o arbítrio tem força de lei 
em que a humanidade se desumaniza 
não digam nunca: 
isso é natural! 
Para que nada possa ser imutável!” 
(Bertolt Brecht) 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo analisar o processo de trabalho 
do/a assistente social na área da saúde, apreendendo como a instrumentalidade profissional 
facilita o desenvolvimento do processo de trabalho do/a assistente social na Unidade de 
Pronto Atendimento – UPA/Pajuçara. Essa pesquisa originou-se da experiência de estágio 
curricular obrigatório ocorrido nos semestres de 2015.1 e 2015.2 na referida instituição, que 
ao desenvolver os relatos no diário de campo, notava-se a importância que a utilização da 
instrumentalidade possuía no cotidiano profissional da nossa categoria. A instrumentalidade 
tem sido fundamental para responder, de modo totalizante, as demandas apresentadas durante 
o plantão na instituição supracitada, mas para a própria reflexão crítica da equipe de 
assistentes sociais em pensar qual a expressividade que a instrumentalidade profissional 
possui enquanto condição necessária para o processo de trabalho do/a assistente social. A 
metodologia utilizada foi à pesquisa qualitativa, sendo a análise dos dados apreendida através 
do método crítico-dialético. Para atingir os objetivos traçados para a realização dessa 
pesquisa, foram aplicados questionários com perguntas abertas para a equipe de três 
assistentes sociais que possuíam vínculo empregatício na referida instituição. A partir da 
coleta de dados foi possível constatar que as assistentes sociais visualizam a 
instrumentalidade e os instrumentos como espaço e possibilidade de mediação e articulação 
para a defesa dos direitos daqueles que demandam a sua intervenção, no entanto tem 
enfrentado muitos desafios que se introduzem na cotidianidade de seu exercício profissional 
em decorrência dos limites postos pelo capital e pela hegemonia neoliberal. 
 
Palavras-chave: Processo de Trabalho do/a Assistente Social. Saúde. Instrumentalidade 
Profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work of conclusion of course aims to analyze the process of social worker in the 
health area, seizing as the instrumentality facilitates the development of professional working 
process of social worker in the Er-UPA/Pajuçara. This research originated from the internship 
experience required in semesters of 2015.1 and 2015.2 in that institution to develop reports in 
the field journal, noted the importance that the use of instrumentality owned professional 
everyday our category. The instrumentality has been critical to respond, totalizing mode, the 
demands presented during the on duty the above-mentioned institution, but to his own critical 
reflection of the team of social workers to think what the expressiveness that the 
instrumentality has professional as a necessary condition for the worker process of social 
worker. The methodology used was the qualitative research, and the analysis of the data 
seized through the dialectic-critical method. To achieve the goals set for the completion of 
this research, questionnaires were applied with open-ended questions to the team of three 
social workers who had employment in that institution. From the collection of data was found 
that social workers see the instrumentality and the instruments as space and possibility of 
mediation and coordination for the defense of the rights of those who require his intervention, 
however has faced many challenges into the daily lives of your professional practice as a 
result of limits and capital losses by the neoliberal hegemony. 
 
Keywords: Worker process of Social worker. Health. Professional Instrumentality. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 1 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) .............................. 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
GRÁFICO 1 – Dimensões das privações humanas no mundo ............................................... 42 
 
GRÁFICO 2 – Taxa de desocupação (PME) ......................................................................... 51LISTA DE TABELAS 
 
 
TABELA 1 – Taxa de desocupação ........................................................................................ 40 
 
TABELA 2 – Composição da equipe multiprofissional da instituição ................................. 101 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABESS – Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social 
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
AIS – Ações Integradas de Saúde 
ANAS – Associação Nacional dos Assistentes Sociais 
CAP – Caixa de Aposentadoria e Pensões 
CBAS – Congresso Brasileiro de Serviço Social 
CBCISS – Comitê Brasileiro da Conferência Internacional de Serviço Social 
CEBES – Centro Brasileiro de Estudo de Saúde 
CEAS – Centro e Estudos e Ação Social de São Paulo 
CENEAS – Comissão Executiva Nacional de Entidades Sindicais e Pré-Sindicais de 
Assistentes Sociais 
CFAS – Conselho Federal de Assistentes Sociais 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CLT – Consolidação das Leis de Trabalho 
CooperaSUS – Rede de Cooperação Técnica e Apoio à Gestão do SUS 
CNS – Conferência Nacional de Saúde 
CNS – Conselho Nacional de Saúde 
CONASP – Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária 
CRESS – Conselho Regional de Serviço social 
CUT – Central Única dos Trabalhadores 
DAD – Departamento de Apoio à Descentralização 
DATA-PREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social 
DRU – Desvinculação de Receitas da União 
EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares 
EUA – Estados Unidos da América 
FENTAS – Fórum de Entidades Nacionais de Trabalhadores de Saúde 
FHC – Fernando Henrique Cardoso 
FMI – Fundo Monetário Internacional 
HUs – Hospitais Universitários 
IAPs – Instituto de Aposentadoria e Pensões 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
http://www.contraprivatizacao.com.br/2012/03/contra-ebserh-assine-o-abaixo-assinado.html
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil 
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
LOS – Lei Orgânica da Saúde 
MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social 
NOB -RH – Norma Operacional Básica de Recursos Humanos 
OMC – Organização Mundial do Comércio 
ONGs – Organizações não governamentais 
ONU – Organização das Nações Unidas 
OSCIPs – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público 
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
PCCs – Plano de Carreira, Cargos e Salários 
PME – Pesquisa Mensal de Emprego 
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
POSDR – Partido Operário Social-Democrata Russo 
PREV-SAÚDE – Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde 
PSF – Programa de Saúde da Família 
RJU – Regime Jurídico Único 
RNB – Renda Nacional Bruta 
RN – Rio Grande do Norte 
SAMU – Serviço Médico de Urgência 
SE – Salas de Estabilização 
SESP – Serviço Especial de Saúde Pública 
SMS – Secretaria Municipal de Saúde 
SUDS – Sistema Unificado Descentralizado de Saúde 
SUS – Sistema Único de Saúde 
UPA – Unidade de Pronto Atendimento 
URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 
UTI – Unidade de Tratamento Intensivo 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17 
2 TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E O PROCESSO DE TRABALHO DO/A 
ASSISTENTE SOCIAL ......................................................................................................... 21 
2.1 O CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL E SEUS REFLEXOS NA 
SOCIEDADE .......................................................................................................................... 21 
2.2 O TRABALHO E SUAS MUTAÇÕES NA SOCIEDADE CAPITALISTA .................... 43 
2.3 O PROCESSO DE TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL .................................... 52 
3 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE NO BRASIL:ATUAÇÃO DO/A 
ASSISTENTE SOCIAL E INSTRUMENTALIDADE PROFISSIONAL ........................ 61 
3.1 RESGATE DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE 
BRASILEIRA ........................................................................................................................... 62 
3.1.2 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BRASILEIRA: Uma análise a partir da 
Constituição Federal de 1988 até os dias atuais ....................................................................... 71 
3.2 ANALISANDO O TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE ............... 83 
3.3 UMA VISÃO SOBRE A UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA-
PAJUÇARA) – O lócus de pesquisa ........................................................................................ 97 
3.4 A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL: A experiência do processo de 
trabalho na Unidade de Pronto Atendimento (UPA-Pajuçara) .............................................. 104 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 123 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 127 
APÊNDICES ......................................................................................................................... 136 
Apêndice A ............................................................................................................................. 136 
 
17 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho trata de analisar sobre o processo de trabalho do/a assistente social 
na área da saúde, apreendendo como a instrumentalidade profissional facilita o 
desenvolvimento do processo de trabalho do/a assistente social, tendo como lócus da pesquisa 
a Unidade de Pronto Atendimento – UPA/Pajuçara, localizada na Avenida Moema Tinoco da 
Cunha Lima, 3393 - Pajuçara, CEP: 59136-245na zona norte do município de Natal/RN.E 
como público alvo a equipe de assistentes sociais que possuíam vínculo empregatício na 
referida instituição, durante a vivência de estágio curricular obrigatório que se realizou na 
mesma nos semestres de 2015.1 e 2015.2. 
Deste modo, como objetivos específicos para subsidiar essa pesquisa, buscaram-se 
analisar a trajetória histórica do desenvolvimento do capitalismo e seu embate na sociedade, 
evidenciando as transformações no mundo do trabalho; em seguida particularizar o processo 
de trabalho do/a assistente social; por conseguinte apresentar o contexto histórico da Política 
Nacional de Saúde, desde sua gênese até a contemporaneidade; e posteriormente analisar 
como é a percepção da equipe de assistentes sociais com relação ao processo de trabalho na 
UPA/Pajuçara, bem como desenvolver um estudo a respeito da instrumentalidade profissional 
e sua importância para o cotidiano das assistentes sociais da instituição referida. 
Sendo assim, como opção metodológica foi utilizada a pesquisa qualitativa, como 
sendo um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e 
técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou 
segundo sua estruturação. Esse processo implica em estudos segundo a literatura pertinente ao 
tema, observações, aplicação de questionários, entrevistas e análise de dados. (OLIVEIRA, 
2012, p.37). 
Diante disso, a análise dos dados se realizou através do método crítico-dialético, que 
segundo Oliveira (2012, p.53) “requer o estudo da realidade em seu movimento, analisando as 
partes em constante relação com a totalidade. Nessa perspectiva, em pesquisa qualitativa, 
além de ser recomendável a utilização dos fundamentos da dialética.” 
 
Segundo Marx, a dialética afirma a unidade inseparável entre a realidade 
objetiva e o sujeito que pensa e atua sobre essarealidade. Não se pode 
separar a teoria da prática, o dizer do fazer, a realidade do pensamento, o 
objeto do sujeito, nem o conhecimento da ação. A dialética de Marx é crítica 
e revolucionária porque considera e aborda toda realidade como histórica e 
transitória. Não se ajoelha diante de qualquer instituição nem teme o 
antagonismo da contradição. (KOHAN, 2005, p.3-4) 
18 
 
Corroborando com essa afirmação, é importante destacar o que Chagas (2012, p.2-3) 
aborda em relação ao método dialético de Marx, no qual pressupõe, sim, dois momentos 
inseparáveis: a investigação (ou a pesquisa) e a exposição (ou a apresentação). A 
investigação, ou o método de investigação (Forschungsmethode), é o esforço prévio de 
apropriação, pelo pensamento, das determinações do conteúdo do objeto no próprio objeto, 
quer dizer, uma apropriação analítica, reflexiva, do objeto pesquisado antes de sua exposição 
metódica. E a exposição, ou o método de exposição (Darstellungsmethode), não é 
simplesmente uma auto-exposição do objeto, senão ele seria acrítico, mas é uma exposição 
crítica do objeto com base em suas contradições, quer dizer, uma exposição crítico-objetiva da 
lógica interna do objeto, do movimento efetivo do próprio conteúdo do objeto. A exposição é 
uma expressão (tradução) ideal do movimento efetivo do real, isto é, trata-se não de uma 
produção, mas de uma reprodução do movimento efetivo do material, do real, de tal modo que 
o real se “espelhe” no ideal. Reproduzir quer dizer aqui para Marx reconstruir criticamente, 
no plano ideal, o movimento sistemático do objeto, pois o objeto não é dado pela experiência 
direta e imediatamente. 
Além disso, a metodologia utilizada nesse trabalho também contemplou pesquisa 
bibliográfica, tendo como referencial as categorias que abrangem a temática com autores/as 
de grande importância para o Serviço Social, tais como: José Paulo Netto (1999); (2011); 
(2012), Marcelo Braz (2012), Ricardo Antunes (2004); (2006), Elaine Behring (2003); 
(2004); (2011), Ivanete Boschetti (2011), Marilda Villela Iamamoto (2006); (2009); (2010); 
(2011), Sergio Lessa (1999), Giovanni Alves (2000); (2004); (2007), Maria Carmelita 
Yazbeck (1999), Maria Inês Bravo (2004); (2006); (2007); (2009); (2011); (2013), Yolanda 
Guerra (1997); (2000); (2007); (2013), e tantos/as outros/as que foram de fundamental 
contribuição para embasar esta pesquisa. 
Diante disso, a pesquisa apresenta os resultados da coleta de dados realizados 
mediante a aplicação de questionário com a equipe de três assistentes sociais que fizeram 
parte do setor de Serviço Social na Unidade de Pronto-Atendimento UPA/Pajuçara. 
Para tal coleta dos dados foi oportunizada a aplicação de questionários com perguntas 
abertas, significando que este se compõe de questões cuja formulação e ordens são unificadas, 
ou seja, o questionado acha simplesmente um espaço para emitir sua opinião. Tendo assim a 
ocasião para exprimir seu pensamento pessoal, traduzi-lo com suas próprias palavras, segundo 
seu próprio sistema de referências. Tal instrumento mostra-se particularmente precioso 
quando o leque das respostas possíveis é amplo ou então imprevisível, mal conhecido. 
19 
 
Permitindo ao mesmo tempo ao pesquisador assegurar-se da competência do interrogado, 
competência demonstrada pela qualidade de suas respostas. (LAVILLE, 1999, p.186). 
No que tange a temática esta tornou-se importante para a realização da pesquisa 
devido à experiência de estágio no âmbito da saúde pública e por meio da execução do projeto 
de intervenção, no qual tinha a finalidade de oportunizar a implementação das normas e 
rotinas institucionais do Serviço Social, bem como o planejamento da inserção do instrumento 
ficha social no conjunto de instrumentais existentes no setor. Justamente, no intuito de pensar 
a relevância e o significado da instrumentalidade no exercício profissional do/a assistente 
social na área da saúde. 
 Visto que, durante o período do estágio curricular obrigatório ao desenvolver os 
relatos no diário de campo, notava-se a importância que a utilização da instrumentalidade 
possuía no cotidiano profissional da nossa categoria não apenas no sentido de responder de 
modo totalizante as demandas apresentadas durante o plantão na Unidade de Pronto 
Atendimento – UPA/Pajuçara, mas para a própria reflexão crítica da equipe de assistentes 
sociais em pensar qual a expressividade e materialidade que a instrumentalidade profissional 
possuía enquanto condição necessária para o processo de trabalho do/a assistente social. 
 A pesquisa está estruturada em dois capítulos. O primeiro aborda as 
“Transformações Societárias e o Processo de Trabalho do/a Assistente Social” e esta 
dividido em três itens, o primeiro trata da contextualização do desenvolvimento do 
capitalismo e seus reflexos na sociedade, o segundo vai discorrer sobre a categoria trabalho, 
bem como as transformações no mundo do trabalho causadas pelo capital e por fim, o terceiro 
diz respeito ao processo de trabalho do/a assistente social fazendo uma análise sobre como 
este se constitui e suas particularidades. 
 O segundo capítulo por sua vez refere-se “A Política Nacional de Saúde no Brasil: 
Atuação do/a assistente social e instrumentalidade profissional”, estando inicialmente 
dividido em dois subitens, o primeiro visa resgatar a trajetória histórica da Política Nacional 
de Saúde brasileira e o segundo trata de analisar a referida política a partir da Constituição 
Federal de 1988 até a contemporaneidade. Em seguida, apresenta mais três itens, sendo o 
primeiro a respeito do trabalho do/a assistente social inserido na área da saúde, o segundo 
tratando sobre caracterização do espaço de pesquisa, e por fim o terceiro item vem debater a 
instrumentalidade profissional, levando em consideração os resultados da coleta de dados 
realizados para a construção dessa pesquisa. 
Nesse sentido, considera-se que a presente produção teórica possibilitará um 
aprofundamento da temática estudada, visando contribuir e ao mesmo tempo proporcionar 
20 
 
visibilidade para o fazer profissional da equipe de assistentes sociais da instituição 
pesquisada, bem como para o debate a respeito do processo de trabalho do/a assistente social 
e da instrumentalidade no âmbito da formação profissional, no tocante aos desafios e 
possibilidades de atuação postas a profissão no campo da saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
2.TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E O PROCESSO DE TRABALHO DO/A 
ASSISTENTE SOCIAL 
 
O presente capítulo será dividido em três itens, inicialmente traremos um resgate 
histórico do desenvolvimento do capitalismo, passando desde a sua existência que dá início na 
acumulação primitiva até a fase do capitalismo contemporâneo. Apresentando as diversas 
transformações que ocorreram de acordo com o avanço do capital, bem como serão expostos 
alguns dados estáticos em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil (IDH), o 
Índice de Gini e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), etc. 
Em seguida no segundo item, iremos apresentar o debate a respeito da categoria 
trabalho que tanto sofre os rebatimentos do sistema capitalista, diante disso evidenciaremos as 
repercussões postas a está categoria fundante para o ser social. 
Posteriormente, no terceiro item traremos o debate para a nossa profissão, destacando 
num primeiro plano uma breve análise do Serviço Social na sociedade capitalista, enfatizando 
que a nossa profissão esta inserida no processo de divisão social e técnica do trabalho, bem 
como salientaremos o trabalho do/a assistente social compreendido nesta sociabilidade. Por 
fim, trataremos de discutir sobre o modo como se constitui o processo de trabalho do/a 
assistente social e suas particularidades. 
 
2.1 O CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL E SEUS REFLEXOS NA 
SOCIEDADE 
 
A começar pela acumulaçãoprimitiva torna-se relevante destacar o que Netto e Braz 
(2012) assinalam que a acumulação primitiva produziu-se na Inglaterra na sua forma mais 
“clássica”, marcada pela violência contra os camponeses que possuíam terras e acabaram 
sendo expulsos. 
Após algumas décadas o resultado desse processo cruel foi, de um lado, a 
concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos e, de outro, o deslocamento para as 
cidades, de uma grande parcela de homens desapropriados de suas terras e de tudo, tendo 
apenas sua força de trabalho para oferecer. Sendo assim, de outro pólo, surgiu uma classe que 
detinha condições para comprar a força de trabalho que agora se oferecia: a burguesia, 
formada por grandes grupos comerciais aos quais se juntaram segmentos de antigos mestres-
artesãos que enriqueceram. Corroborando com o que foi exposto, os autores ressaltam que a 
22 
 
acumulação primitiva ocorreu ainda no âmbito do regime feudal, sob o Estado absolutista, no 
qual criou a condição fundamental para o surgimento do modo de produção capitalista: a 
relação capital/trabalho. 
Diante disso, é necessário evidenciar o estágio inicial do capital denominado como 
capitalismo comercial ou mercantil, no qual a burguesia afirmava-se como classe que tinha 
nas mãos o controle das principais atividades econômicas e confrontava-se com os privilégios 
da nobreza fundiária. Para Netto e Braz (2012) a burguesia se apresentava como uma classe 
revolucionária, cujos interesses se combinavam com os da massa da população, em especial 
pelo fato de ser a classe que tinha por tarefa liberar as forças produtivas dos limites que lhes 
eram colocados pelas relações feudais de produção e seu específico regime de propriedade. 
Um fato marcante observado pelos autores diz respeito à saga da expansão marítima1 
conduzida pelos grupos mercantis do sul da Europa que abriram as rotas para o Oriente e para 
as Américas. 
Posteriormente, a partir da oitava década do século XVIII, inicia-se o segundo estágio 
do capitalismo, chamado de capitalismo concorrencial persistindo até o último terço do século 
XIX, e se consolidando nos principais países da Europa Ocidental. De acordo com Netto e 
Braz (2012) a caracterização desse estágio como concorrencial diz respeito às amplas 
possibilidades de negócios que se abriam aos pequenos e médios capitalistas, na escala em 
que as dimensões das empresas não demandavam grandes massas de capitais para a sua 
constituição, a “livre iniciativa” tinha muitas chances de se consolidar em meio a uma 
concorrência desenfreada e generalizada. 
 
1A expansão marítima ocorreu nos séculos XV e XVI. Desse modo, a expansão marítima portuguesa 
caracterizou-se por duas vertentes. A primeira, de aspecto imediatista, realizada ao norte do continente africano, 
visava à obtenção de riquezas acumuladas naquelas regiões através de prática de pilhagens. A tomada de Ceuta, 
no norte da África (Marrocos), em 1415, seria um dos exemplos mais representativos deste tipo de 
empreendimento e marca o início da expansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Em menos de um século, 
Portugal dominou as rotas comerciais do Atlântico Sul, da África e da Ásia, cuja presença foi tão marcante 
nesses mercados que, nos séculos XVI e XVII, a língua portuguesa era usada nos portos como língua franca – 
aquela que permite o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionalidades. Na segunda vertente, o 
objetivo colocava-se mais a longo prazo, já que se buscava conquistar pontos estratégicos das rotas comerciais 
com o Oriente, criando ali entrepostos (feitorias) controlados pelos comerciantes lusos. Foi o caso da tomada das 
cidades asiáticas. Tal modo de expansão também ficou marcado pelo aspecto religioso (cruzadas), pois 
mantinha-se a idéia de luta cristã contra os muçulmanos. A expansão ultramarina permitiu, assim, uma 
convergência de interesses entre os setores mercantis e a nobreza, tendo o Estado o papel de controle e direção 
de tal empreendimento. O monopólio do comércio dos produtos asiáticos e o tráfico de escravos africanos (mão-
de-obra para as regiões produtoras de matérias-primas) enriqueciam não só os grupos mercantis, como geravam 
vultosas receitas para o tesouro régio, as quais a coroa, em certa medida, repassava à nobreza através da doação 
de mercês, bens móveis e de raiz, bem como de privilégios. (DIRETORIA DE ENSINO DA MARINHA, 2006, 
p.24-34). 
 
23 
 
É válido ressaltar que as lutas de classes2 fundadas na contradição entre capital e 
trabalho surgiram no capitalismo concorrencial, representando conforme Netto e Braz (2012) 
o antagonismo entre a burguesia e os trabalhadores, que inicialmente surgiram de modo 
grosseiro, mas foi ganhando politização que as tornaram mais conscientes. Outro aspecto que 
Netto e Braz (2012) analisam tem relação coma ausência de garantias aos trabalhadores que 
estavam à mercê do patronato, já que o Estado estava vinculado aos capitalistas e por isso 
atendia em grande parte aos interesses do capital. Os autores salientam que as funções do 
Estado burguês restringiam-se as tarefas de caráter repressivo, assegurando as condições 
externas para a acumulação capitalista, a manutenção da propriedade privada e da ordem 
pública. 
Sendo assim, a partir das últimas três décadas do século XIX, século XX e início do 
século XXI, destaca-se o estágio imperialista, caracterizado por mudanças econômicas como 
o surgimento dos monopólios e do papel dos bancos. No que tange ao capital monopolista, 
conforme Netto e Braz (2012), este foi consolidado na produção industrial, se constituindo 
como o oxigênio da economia capitalista, mobilizando formas particulares de controle das 
atividades econômicas, tais como o pool, o cartel, o sindicato, o truste3, etc. 
 
2 Com relação às lutas de classes, Marx e Engels indicaram – e sua posição passou a ser o ponto de vista 
marxista mais generalizado – que é na sociedade capitalista que as classes fundamentais se diferenciam mais 
claramente, que a consciência de classe se desenvolve de maneira mais completa e que as lutas de classes são 
mais agudas. Nesse sentido, a sociedade capitalista constitui, sob esses aspectos, um ponto culminante na 
evolução histórica das formas da sociedade dividida em classes. Nessa perspectiva, as lutas de classes modernas 
têm importância fundamental na teoria marxista, porque seu resultado final é concebido como uma transição 
para o socialismo, isto é, para uma sociedade sem classes. (BOTTOMORE, 2012, p.355). 
 
3 A começar pelo Pool este denomina-se como uma reunião temporária de duas ou mais empresas com fins 
especulativos. É justamente o caráter de manipulação de preços que diferencia o pool do consórcio, este 
regulamentado normalmente. O pool forma estoques de ações ou mercadorias comercializadas em Bolsas 
(cereais, café, açúcar etc.), procura forçar a elevação de preços e, então, vende com lucros elevados. 
Por Cartel tem-se que são grupos de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação 
coordenada, com vistas a interesses comuns. O tipo mais freqüente de cartel é o de empresas que produzem 
artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de mercado. O termo “cartel” refere-se em geral ao 
mercado internacional — onde chegam a existir cartéis de países —, enquanto se prefere utilizar termos como 
truste e sindicato para os mercados regionais. Os objetivos mais comuns dos cartéis são: 1) controle do nível de 
produção e das condições de venda; 2) fixação e controle de preços; 3) controle das fontes de matéria-prima 
(cartel de compradores); 4) fixação de margens de lucros e divisão de territórios de operação. As empresas que 
formam um cartel mantêm sua independência e individualidade, mas devem respeitar as regras aceitas pelo 
grupo, como a divisão do mercado e a manutenção dospreços combinados. Em geral, formam um fundo comum 
que serve de reserva orçamentária ao cartel. Esse fundo é utilizado para punir as empresas do grupo que não 
respeitarem o acordo e também para impedir que outras empresas penetrem em mercados já dominados. Na 
maioria dos países, a formação de cartéis que atuem internamente é proibida, por configurar uma situação de 
monopólio. 
Com relação ao Sindicato este refere-se a uma associação de trabalhadores assalariados visando à defesa de seus 
interesses perante os patrões e o Estado. Os sindicatos reúnem trabalhadores de uma mesma profissão, deum 
mesmo ramo industrial ou empresa. A organização de sindicatos operários acompanhou o desenvolvimento e a 
consolidação do capitalismo industrial. Nos primórdios da Revolução Industrial, a organização de sindicatos foi 
considerada ação criminosa. Na França, os sindicatos só foram reconhecidos como entidades legais em 1864, 
24 
 
Segundo, analisam Netto e Braz (2012) os bancos, inicialmente, funcionavam como 
intermediários de pagamentos e com o desenvolvimento do capitalismo, tornaram-se o 
instrumento essencial sistema de crédito. Desse modo, ainda nessa análise a fusão dos capitais 
monopolistas industriais com os bancários formou o capital financeiro, que ganhou 
centralidade no terceiro estágio evolutivo do capitalismo – o estagio imperialista. 
Torna-se então relevante destacar que este estágio evolutivo do capitalismo passou por 
transformações expressivas, podendo ser divididas em três fases, sendo a primeira delas a fase 
“clássica” que vai de 1890 a 1940, posteriormente a fase dos “anos dourados” localizada no 
fim da segunda guerra mundial até a entrada dos anos setenta e por último a fase do 
capitalismo contemporâneo de meados dos anos setenta aos dias atuais. 
A começar pela fase denominada “clássica” do imperialismo compete destacar o 
contexto sociopolítico da época que foi marcado por sucessivas crises, sendo a principal e 
mais profunda delas a crise de 1929, na qual revelava para os dirigentes da burguesia que 
eram imprescindíveis novas formas de intervenção do Estado na economia capitalista. Tendo 
em vista este contexto, evidencia-se que na Europa Ocidental e Nórdica industrializada, 
conforme Netto e Braz (2012) ocorreram o surgimento de partidos políticos que 
representavam os trabalhadores e desenvolvia políticas de massas chegando aos parlamentos, 
atrelado a isto o fortalecimento do movimento sindical levantou bandeiras que mobilizavam 
grandes contingentes de trabalhadores. Além disso, em 1917 na Revolução Russa4 ocorreu à 
 
sendo sua proibição decretada durante a Revolução Francesa pela Lei Chapellier. No Brasil, uma lei promulgada 
em 1907 reconheceu o direito de os trabalhadores se organizarem livremente, mas, com o Estado Novo (1937-
1945), os sindicatos foram enquadrados numa estrutura corporativista controlada pelo Ministério do Trabalho. 
Baseado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o Estado fiscaliza toda atividade sindical no país, desde a 
carta de autorização para a criação de determinado sindicato até as finanças da entidade, podendo decretar a 
intervenção quando julgar que a atuação da entidade não corresponde às determinações legais. 
No que tange ao Truste este se caracteriza por ser um tipo de estrutura empresarial na qual várias empresas, já 
detendo a maior parte de um mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle, estabelecendo 
preços elevados que lhes garantam elevadas margens de lucro. Os trustes têm sido proibidos em vários países, 
mas a eficácia dessa proibição não é muito grande. (SANDRONI, 1999, p.84-616). 
 
4 A Revolução Russa é o resultado de um processo de três movimentos: as revoluções de 1905, de setembro e de 
outubro de 1917. A Revolução de 1905 (ou “Domingo Sangrento”), após a derrota da Rússia para o Japão, 
significou um conjunto de revoltas, coordenadas pelo Conselho Operário (Sovietes), que enfraqueceram o poder 
absoluto do Czar (monarca russo), que respondeu reprimindo os movimentos dos trabalhadores. Anos mais tarde, 
e pela situação econômica e social a partir do envolvimento russo na Primeira Guerra Mundial, as revoltas 
voltaram a fragilizar o poder do Czar, levando à sua deposição e decapitação e instalando-se um governo 
provisório (liberal), o que é conhecido como a Revolução de Fevereiro (1917).O Partido Operário Social-
Democrata Russo (POSDR) dividiu-se desde 1903 em duas tendências: os Mencheviques (grupo minoritário, que 
entendia a luta dos trabalhadores mediante a participação na política institucional, e que um processo 
revolucionário deveria esperar o pleno desenvolvimento do capitalismo na Rússia, um país que saía do 
feudalismo e desindustrializado) e os Bolcheviques (tendência majoritária, liderada por Lênin, que defendia uma 
luta revolucionária imediata, para desenvolver a “ditadura do proletariado”). Os bolcheviques, em outubro e 
novembro de 1917, promoveram a Revolução de Outubro, sob o lema “Todo Poder aos Sovietes”. Inicia-se o 
processo de conformação da União de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que vai dar origem ao “Bloco 
25 
 
criação do primeiro Estado proletário, significando um conjunto de promessas há muito 
tempo inscrito no imaginário dos trabalhadores, atraindo a simpatia e o apoio das frentes 
operárias, demonstrando ser um duro golpe contra o imperialismo. 
Diante desse contexto, os autores apontam que na Europa Nórdica, Inglaterra, França e 
Estados Unidos, a nova forma de intervenção do estado na economia não destruiu a 
democracia política. Mas no tocante aos países como Alemanha, Itália, Portugal e Espanha, 
instalou-se o regime político, que valorizava o controle monopolista da economia, instaurando 
em especial o cerceamento de todos os direitos e garantias ao trabalho e aos trabalhadores, o 
fascismo. 
 
Sendo assim, um suporte teórico era necessário, tendo em vista que esse tipo 
de intervenção estatal contrariava os dogmas do pensamento liberal-
conservador, no qual determinava que o papel do Estado devesse ser 
mínimo. O principal responsável por essa inovação foi Keynes, no qual 
afirmava que o capitalismo não dispõe espontânea e automaticamente da 
faculdade de utilizar inteiramente os recursos econômicos, seria preciso para 
tal utilização plena que o Estado operasse como um regulador dos 
investimentos privados através do direcionamento dos seus próprios gastos. 
(NETTO; BRAZ, 2012, p.207-208). 
 
 
No tocante aos “anos dourados” o capitalismo monopolista vivenciou uma fase 
excelente, haja vista que foram quase três décadas em que o sistema apresentou resultados 
econômicos nunca vistos. No entanto, como fazem notar Netto e Braz (2012), apresentou-se 
um paradoxo a está realidade a União Soviética passou a usufruir de grande prestígio e poder, 
deixando de ficar isolada e passando a ser cercada por um conjunto de países que, libertados 
da ocupação nazista, romperam com o capitalismo e se preparavam para experiência 
socialista. 
Corroborando com o que foi exposto na Europa Nórdica e Ocidental (à exceção de 
Espanha e Portugal), o movimento operário e sindical e os partidos ligados aos trabalhadores 
conquistaram enorme legitimidade, estabelecendo limites e restrições efetivos aos 
monopólios. Além disso, a direção militar, política e econômica do sistema imperialista, a 
partir do Eixo (Alemanha/Itália/Japão), transferiram-se da Europa para os Estados Unidos. E 
diante desse marco, a economia do imperialismo apresentou mudanças significantes, no qual 
o fluxo das exportações de capitais se alterou passando dos países cêntricos para outros países 
cêntricos, bem como as transferências para países periféricos passaram a serem, sobretudo 
empréstimos de Estado imperialista a Estado periférico(NETTO; BRAZ, 2012, p.209-210) 
 
Socialista” (promovendo e inspirando as lutas de classes e revolucionários em todo o mundo) e à Guerra Fria. 
(MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p.251-252). 
26 
 
Um aspecto importante que merece ser destacado no contexto dos “anos dourados” diz 
respeito à organização do trabalho industrial chamada de taylorismo-fordismo que conforme 
analisa Antunes (2006, p.24-25) entende-se o fordismo essencialmente como a forma pela 
qual a indústria e o processo de trabalho concretizou-se ao longo deste século, cujos 
elementos constitutivos básicos eram dados pela produção em massa, através da linha de 
montagem e de produtos mais homogêneos; por meio do controle dos tempos e movimentos 
pelo cronômetro taylorista e da produção em série fordista; pela existência do trabalho 
parcelar e pela fragmentação das funções; pela separação entre elaboração e execução no 
processo de trabalho; pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela 
constituição/consolidação do operário-massa, do trabalhador coletivo fabril, entre outras 
dimensões. Menos do que um modelo de organização societal, que abarcaria igualmente 
esferas ampliadas da sociedade, compreende-se o fordismo como o processo de trabalho que, 
junto com o taylorismo, predominou na grande indústria capitalista ao longo deste século. 
Desse modo, o fordismo se apresentava não apenas com um caráter técnico sobre a 
divisão social do trabalho, mas sendo capaz de regular as relações sociais, exercendo o 
controle sobre o modo de vida e de consumo dos trabalhadores. Ainda em torno deste debate, 
Behring e Boschetti (2011) analisam que o keynesianismo5 e o fordismo, associados, 
 
5Modalidade de intervenção do Estado na vida econômica, com a qual não se atinge totalmente a autonomia da 
empresa privada, e que prega a adoção, no todo ou em parte, das políticas sugeridas na principal obra de Keynes, 
A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, 1936. Tais políticas propunham solucionar o problema do 
desemprego pela intervenção estatal, desencorajando o entesouramento em proveito das despesas produtivas, por 
meio da redução da taxa de juros e do incremento dos investimentos públicos. As propostas da chamada 
“revolução keynesiana” foram feitas no momento em que a economia mundial sofria o impacto da Grande 
Depressão, que se estendeu por toda a década de 30 até o início da Segunda Guerra Mundial. Suas idéias 
influenciaram alguns pontos do New Deal, o programa de recuperação econômica de Franklin D. Roosevelt 
(1933-1939). De fato, sob o estímulo de grandes despesas governamentais, impostas pelo conflito mundial, a 
crise do desemprego deu lugar à escassez de mão-de-obra na maioria dos países capitalistas. Para a maioria dos 
economistas, era a comprovação da eficácia das propostas keynesianas. Surgiu a convicção de que o capitalismo 
poderia ser salvo, desde que os governos soubessem fazer uso de seu poder de cobrar impostos, reduzir juros, 
contrair empréstimos e gastar dinheiro. Após 1945, a teoria econômica keynesiana converteu-se em ortodoxia, 
tanto para os economistas quanto para a maioria dos políticos. O keynesianismo lançou raízes principalmente 
nos Estados Unidos, temerosos de que o regresso dos veteranos de guerra pudesse provocar nova depressão. Em 
1946, foi aprovada a Lei do Emprego, que transformou em obrigação legal do governo manter o pleno emprego 
mediante empréstimos e financiamentos de obras públicas. No período imediatamente posterior à guerra, a 
política econômica e uma parcela importante dos trabalhos teóricos dos keynesianos centraram-se no problema 
da manutenção do pleno emprego. Assim, as pesquisas voltavam-se para as flutuações da atividade econômica a 
curto prazo, para os meios de vencer a depressão e para a tendência à estagnação, manifestada a longo prazo pelo 
sistema econômico. Os trabalhos mais importantes baseados nas idéias de Keynes surgiram nos Estados Unidos, 
elaborados por um grupo de jovens economistas liderados por Alvin Hansen, professor em Harvard. Alguns 
desses trabalhos referem-se ao arcabouço técnico de A Teoria Geral; outros procuram analisar as relações entre 
os salários reais e nominais, tendo como preocupação o equilíbrio no desemprego, bem como os fatores que 
contribuem para o esgotamento dos períodos de elevado nível de atividade econômica e o início das depressões. 
Mas os trabalhos teóricos de maior alcance dos keynesianos prendiam se às tendências, a longo prazo, da 
economia capitalista (a chamada teoria do declínio das oportunidades de investimento) e à possibilidade de o 
nível de atividade econômica ser influenciado ou determinado pelo governo mediante uma política monetária e 
fiscal. (SANDRONI, 1999, p.324). 
27 
 
constituíam os pilares do processo de acumulação acelerada de capital no pós-1945, com forte 
expansão da demanda efetiva, altas taxas de lucros, elevação do padrão de vida das massas no 
capitalismo central, e um alto grau de internacionalização do capital, sob o comando da 
economia norte-americana, que sai da guerra sem grandes perdas físicas e com imensa 
capacidade de investimento e compra de matérias primas, bem como de dominação militar. 
O Estado a serviço dos monopólios para legitimar-se passou a reconhecer os direitos 
sociais, a consequência desse reconhecimento e a pressão da classe trabalhadora consolidaram 
as políticas sociais e ampliaram a sua abrangência, na configuração de um conjunto de 
instituições que dariam forma aos vários modelos de Estado de Bem-Estar Social. Conforme 
aponta Netto e Braz (2012) Nesses modelos, a orientação macroeconômica de caráter 
keynesiano combinado com a organização da produção taylorista-fordista alcançou o seu auge 
durante os anos de ouro e o capitalismo monopolista o seu dinamismo econômico a garantia 
de expressivos direitos sociais e o fez no marco de sociedades nas quais tinham vigência 
instituições políticas democráticas, apoiadas por ativa ação sindical e pela presença de 
partidos políticos de massas. No entanto, a onda longa expansiva dos “anos dourados” 
esgotou-se entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a segunda metade dos anos sessenta. 
Diante dessa conjuntura, foi constituída a terceira fase do estágio imperialista, 
denominado de capitalismo contemporâneo que teve sua gênese na década de 1970.Ainda 
nessa década segundo os autores, ocorreu um fato importante que já foi mencionado 
anteriormente, isto é, o esgotamento da onda longa de expansão econômica, na qual a taxa de 
lucro começou a declinar em alguns países europeus, Estados Unidos e no Japão, atrelado a 
isto também ocorreu à redução do crescimento econômico nos países capitalistas. Partindo 
para o plano político dessa conjuntura do final dos anos sessenta e entrada dos anos setenta, é 
possível destacar algumas manifestações anticapitalistas como, por exemplo: a mobilização 
francesa de 19686. 
 
 
6O Maio de 1968 na França foi um fato sócio-político e cultural que entrou para o acervo das memórias do 
século XX como um legado histórico. Não se trata de um fato isolado em um país, região, continente ou região 
do hemisfério terrestre. Ele somou-se a outros fatos históricos, em diferentes partes e tomou proporções de um 
grande furacão que atingiu todo o globo, ocidental e oriental. O Maio de 68 francês não foi uma simples rebelião 
juvenil porque os ideais libertários que ele continha rapidamente espalharam-se em diferentes partes do mundo, 
em diferentes conjunturas sócio-políticas e culturais. Expressou-se pelo inconformismo, como um gritode 
revolta de estudantes, que se disseminou entre trabalhadores, mulheres, negros e outras categorias sociais 
oprimidas, que passaram a se organizar em movimentos sociais. 
Os sujeitos que protagonizaram as ações de rebeldia e consagraram-se como atores principais do Maio de 68 
francês não foram inicialmente os operários-ainda que muitos deles tenham aderido, num segundo momento, ao 
movimento, deflagrando uma grande greve, principalmente na indústria automobilística (Renault e Citröen). Os 
protagonistas principais do Maio 1968 francês foram os estudantes, os professores, jornalistas, poetas, escritores, 
cineastas e alguns técnicos do setor público. Inicialmente, os conflitos que levaram a eclosão do movimento em 
28 
 
 Netto e Braz (2012) apresentam que o peso do movimento sindical aumentou 
significativamente nos países centrais, demandando não somente melhorias salariais, mas 
ainda contestando a organização da produção nos moldes taylorista-fordistas. Acrescentando 
ao conjunto destas mobilizações, também ocorreu a revolta estudantil, a mobilização dos 
negros norte-americanos e o movimento feminista. Conforme estes autores afirmam o cenário 
de 1967 a 1973 se demonstrou desfavorável ao imperialismo, tendo em vista a estabilidade 
das experiências socialistas, bem como a derrota dos Estados Unidos no Vietnã7, 
evidenciando assim que o capital monopolista encontrava-se na defensiva. 
No que tange ao contexto econômico, novamente é preciso afirmar que havia uma 
acentuada desaceleração do crescimento econômico vinculada à queda da taxa de lucros, além 
disso, os custos das garantias sociais conquistadas por meio do trabalho estavam aumentando, 
mediante o reconhecimento dos direitos sociais, provocando uma alta da carga tributária. 
Sendo assim, torna-se importante apresentar a analise de Netto e Braz (2012, p.227) a 
respeito da estratégia política global implementada pelo capitalismo monopolista diante da 
recessão de 1974-1975, que conforme os autores o primeiro passo realizado foi o ataque ao 
movimento sindical, considerado um dos suportes do sistema de regulação social introduzido 
nos vários tipos de Welfare State, com o capital atribuindo às conquistas do movimento 
sindical a responsabilidade pelos gastos públicos com as garantias sociais e a queda da taxa de 
lucro às suas demandas salariais. No final da década de 1970, o ataque se deu através de 
medidas legais restritivas, que culminaram na redução do poder de intervenção do movimento 
sindical. 
 
Nanterre não eram diretamente econômicos, não era a exploração do capital que contestavam, mas a 
opressão/dominação cultural. Por isto, Maio francês, pelo seu conteúdo libertário, tornou-se o mais emblemático 
símbolo das lutas de 1968, que eclodiram em outras partes do globo. (GOHN, 2008, p-4-7) 
7A Revolução no Vietnã. Sob o comando de Ho Chi Minh, na “Liga pela Independência” (Vietminh), o Vietña 
liberta-se da colonização francesa no fim da Segunda Guerra Mundial (1945). Após a divisão do país em dois (na 
Conferência de Genebra), em 1954, o norte constitui a República Democrática do Vietnã (Vietnã do Norte). É 
em 1976, com as forças do governo do norte junto à “Frente Nacional para a Libertação do Vietnã” (FNL, os 
Vietcongues, do sul), que se reunifica o país, formando assim a República Socialista do Vietnã. A revolução, de 
orientação pró-soviética, promoveu uma significativa reforma agrária, a nacionalização das indústrias e a 
produção cooperativada. Para evitar a “expansão comunista”, a revolução (e a libertação do sul) foi enfrentada 
pelos Estados Unidos, na conhecida “Guerra do Vietnã”. Essa guerra se estendeu desde 1959 até a derrota dos 
invasores norte-americanos e sua retirada em 1973, e onde morreram entre 3 a 4 milhões de vietnamitas (do sul e 
do norte), 2 milhões de cambojanos e cerca de 50 mil soldados norte-americanos. Diante disso, as repercussões 
desse conflito, pela sua duração e dramaticidade, e nos Estados Unidos, pelos altos custos e pela derrota militar, 
foram enormes: ondas de protestos antiguerras e pela paz nos Estados Unidos e no mundo todo; o 
antiamericanismo e o anti-imperialismo se fortaleciam, e com a consigna Yanquies go home!, os movimentos 
guerrilheiros e de libertação nacional tiveram um estímulo com o triunfo da revolução vietnamita. (MONTAÑO; 
DURIGUETTO, 2011, p.253). 
29 
 
Concomitantemente ocorre o esgotamento do padrão de acumulação rígida o 
taylorismo-fordismo e funda-se a acumulação flexível que se apoia na flexibilidade dos 
processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Esse 
processo caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas 
maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas 
altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação 
flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre 
setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no 
emprego no chamado "setor de serviços", bem como conjuntos industriais completamente 
novos em regiões até então subdesenvolvidas (HARVEY, 1992, p. 140). 
Ainda sobre as observações de Harvey (1992), é destacado que a acumulação flexível, 
na medida em que ainda é uma forma própria do capitalismo, mantém três características 
fundamentais desse modo de produção. A começar pelo fato que é voltado para o 
crescimento; em segundo lugar, este crescimento em valores reais se sustenta na exploração 
do trabalho vivo no universo da produção e respectivamente o capitalismo tem uma intrínseca 
dinâmica tecnológica e organizacional. 
 
E, particularmente no que diz respeito à segunda característica, os autores 
acrescentam: “Curiosamente, o desenvolvimento de novas tecnologias gerou 
excedentes de força de trabalho, que tornaram o retorno de estratégias 
absolutas de extração de mais-valia, mais viável mesmo nos países 
capitalistas avançados... O retorno da superexploração em Nova Iorque e Los 
Angeles, do trabalho em casa e do "teletransporte", bem como o enorme 
crescimento das práticas de trabalho do setor informal por todo o mundo 
capitalista avançado, representa de fato uma visão bem sombria da história 
supostamente progressista do capitalismo. Em condições de acumulação 
flexível, parece que sistemas de trabalho alternativos podem existir lado a 
lado, no mesmo espaço, de uma maneira que permita que os empreendedores 
capitalistas escolham à vontade entre eles.” (HARVEY, 1992, p.175). 
 
 
A acumulação flexível basilou-se também na reestruturação produtiva que provocou 
um deslocamento dos suportes eletromecânicos para os eletroeletrônicos, e como 
consequências dessa mudança foram geradas três implicações, conforme os autores, sendo a 
primeira referente ao trabalhador coletivo, no qual as atividades intelectuais e operações 
foram se complexificando e se ampliando. A segunda refere-se às exigências postas a força de 
trabalho diretamente envolvida na produção, isto é, quem entra no mercado de trabalho deve 
ter qualificação, polivalência e multifuncionalidade. No entanto, essa realidade apresenta dois 
30 
 
pólos, um deles é a garantia mínima de segurança no emprego para alguns trabalhadores, 
enquanto no outro pólo, existe uma grande quantidade de trabalhadores precarizados. 
Com relação à terceira implicação de acordo com Netto e Braz (2012), o que se 
destaca é a gestão da força de trabalho pautada no controle dessa força pelo capital através da 
participação e envolvimento dos trabalhadores, valorizando a comunicação e a redução das 
hierarquias mediante a utilização de equipes de trabalho, caracterizando o toyotismo8, nas 
relações de trabalho, estimulando o sindicalismode empresa. Um aspecto importante 
abordado pelos autores refere-se ao fato de que o capital empenhava-se em dissolver a 
consciência de classe9 dos trabalhadores, utilizando o discurso de que a empresa era a 
extensão de sua casa, fazendo com que os trabalhadores vinculassem o seu êxito pessoal com 
o êxito da empresa. Dessa forma, os capitalistas passaram a denominar os trabalhadores não 
mais como “operários” ou “empregados”, mas a chamá-los de “colaboradores” entre outras 
denominações. 
Em vista disto, não é surpreendente que como consequências dessas transformações 
realizadas pelo capital, a principal classe afetada tenha sido a dos trabalhadores que sofreram 
com a redução salarial, bem como a precarização do emprego, demarcando um ponto 
expressivo da ofensiva do capital contra o trabalho, que substituiu o pleno emprego presente 
 
8O toyotismo não é meramente “modelo japonês” ou o “japonismo”. Apesar de ter a sua gênese histórica no 
Japão, nos anos 50, é a partir da mundialização do capital que ele adquiriu uma dimensão universal. A partir daí 
ele perde sua singularidade restrita e seu valor ontológico para a produção capitalista o projeta como uma 
categoria universal, que articula, em si, um complexo de particularidades regionais, nacionais (e locais), seja de 
setores e empresas. (ALVES, 2007, p.158). 
 O toyotismo é regido pelo princípio da flexibilidade, que articula alguns 3 valores universais – o valor do 
envolvimento (o nexo essencial do toyotismo, que implica a captura da subjetividade do trabalho pelo capital) e 
os valores da produção fluída e da produção difusa. O cerne do toyotismo é a busca do “engajamento 
estimulado” do trabalho, principalmente do trabalhador central, o assalariado “estável”, para que ele possa operar 
uma série de dispositivos organizacionais que sustentam a produção fluída e difusa. Como exemplo do toyotismo 
percebemos os mais diversos tipos de Programas de Gerenciamento pela Qualidade Total, pela busca da 
produção “just-in-time”, pela utilização do “kan-ban”, pelas novas formas de pagamento e de remuneração 
flexível, pela terceirização capaz de instaurar uma “produção enxuta”. Tais dispositivos organizacionais 
contingentes são inúmeros. Mas o que cabe resgatar são seus princípios intrínsecos de busca do envolvimento do 
trabalho e da busca recorrente de uma produção difusa (através da terceirização) e fluída (recorrendo, nesse caso, 
em última instância, a utilização de novas tecnologias microeletrônicas). Seja nas indústrias, onde tal sistema 
produtivo se originou, sejam nos bancos e empresas capitalistas as mais diversas, o toyotismo tenta se tornar um 
“senso comum” da produção de valor. Estamos diante, portanto, de um conceito com maior densidade ontológica 
do que imaginam sociólogos ou engenheiros de produção, muitos deles voltados para a análise empirista e 
restrita do processo real. (ALVES, 2000, p.4) 
 
9 Sobre consciência de classe tem-se o seguinte: Identidade cultural e compreensão política, pensada, vivida e 
sentida por cada grupo social sobre seus interesses estratégicos a longo prazo. Não se adquire nem se logra por 
decreto, mas a partir de experiências históricas, tradições e lutas políticas. Nunca está dada, jamais existe 
previamente: vai sendo construída a partir dos conflitos. Na maioria das vezes, é gerada a saltos. Quando a 
conquista, a classe trabalhadora pode passar da necessidade econômica à vontade política. A consciência de 
classe é parte integrante da luta de classes. Começar a construí-la é começar a ganhar a luta. (KOHAN, 2005, 
p.3). 
 
31 
 
nos “anos dourados” pela defesa de formas precárias de emprego, eximindo os trabalhadores 
de garantias sociais, além de criar empregos em tempo parcial forçando o trabalhador a se 
submeter a várias ocupações para prover o seu sustento. 
 É nessa perspectiva que surge a subcontratação, terceirização, externalização do 
trabalho, ao retirar o trabalhador da formal relação salarial, permitindo ao capital dispor, 
quase na sua totalidade, da mão de obra de acordo com suas necessidades. A relação “formal 
(regulada e relativamente protegida por lei e com a presença do Estado) passa agora a se 
tornar “informal” (desprotegida, desregulada e numa relação direta, quase pessoal, entre 
empregado e empregador, por cada empresa e sem a mediação, compulsória de leis, direitos e 
do Estado). Agora a tendência é que quase todos os postos de trabalho dependam das 
flutuações do mercado, estando o trabalhador na sua quase totalidade à mercê desse processo, 
sem garantias, sem estabilidade (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p.199-200). 
Além disso, outras conseqüências foram acentuadas como a crise do movimento 
sindical, bem como a redução do contingente de operários industriais. E principalmente o 
desemprego maciço permanente tornando irreversível o exército industrial de reserva. Diante 
da ofensiva do capital ao trabalho, é valido destacar a análise realizada por Netto e Braz 
(2012) no qual, evidenciam que a exponenciação da “questão social” se caracteriza como um 
aspecto marcante do capitalismo contemporâneo, sendo está naturalizada e acrescida da 
criminalização do pauperismo e dos pobres. 
Nesse sentido, Netto e Braz (2012), salientam que o capitalismo contemporâneo 
detalhou-se pelo fato de, nele o capital estar destruindo as regulamentações, colocadas através 
das lutas do movimento operário e dos trabalhadores. Culminando no desmonte dos vários 
tipos de Welfare State10, que atualmente se expressa como exemplo da estratégia do capital 
 
10Com relação aos tipos de Welfare State, segundo Mishra (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 94) 
destacam à começar pelo Plano Beveridge, criado na Inglaterra, este apresentou como princípios que estruturou 
o Welfare State, os seguintes: 1) responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos cidadãos, por 
meio de um conjunto ações em três direções: regulação da economia de mercado a fim de manter elevado nível 
de emprego; prestação pública de serviços sociais universais, como educação, segurança social, assistência 
médica e habitação; e um conjunto de serviços sociais pessoais; 2) universalidade dos serviços sociais; e 3) 
implantação de uma “ rede de segurança” de serviços de assistência social. 
Corroborando com isto existem outros tipos de Welfare State, como por exemplo, o liberal, predominando nos 
Estados Unidos, Canadá e Austrália, com as seguintes características: políticas focalizadas de assistência aos 
comprovadamente pobres, reduzidas transferências universais ou planos modestos de previdência; benefícios 
restritos à população de baixa renda; reforma social limitada pelas normas tradicionais e liberais da ética do 
trabalho; critérios rigorosos para acesso aos benefícios e associados ao estigma e benefícios modestos. Nos 
países em que predominam tais características, o Estado encoraja o mercado, tanto passiva (ao garantir apenas o 
mínimo) quanto ativamente (ao subsidiar esquemas privados de previdência). Outro tipo de Welfare State teria 
como base o modelo bismarckiano, que predominou na Áustria, França, Alemanha e Itália. Nestes, não havia 
uma obsessão liberal com a mercadoria e a busca pela eficiência nunca foi marcante, a consessão de direitos 
sociais não era uma questão controvertida; os direitos preservam o status ligado à estratificação social, o que 
limitaria sua capacidade redistributiva; o edifício estatal substitui o mercado enquanto provedor de benefícios 
32 
 
para suprimir os direitos sociais duramente alcançados pelos trabalhadores, bem como acabar 
com as garantias ao trabalho, por meio, da flexibilização. 
Sendo assim, neste momento cabe salientarmos o debate a respeito do neoliberalismo 
que por sua vez contribuiu para aguçar ainda mais a ofensiva do capital e a 
desregulamentação dos direitosda população. Desse modo, o avanço dos ideais neoliberais 
começou a se estruturar a partir da crise capitalista de 1969-1973 marcada pela desaceleração 
do crescimento econômico, no qual já salientamos anteriormente. Conforme afirma Anderson 
(1995) o neoliberalismo surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial, como uma reação 
teórica ao Estado intervencionista e de bem-estar social, tendo suas premissas elaboradas no 
texto de Friedrich Hayeck, “O caminho da servidão”, publicado em 1944, sendo que “seu 
propósito era combater o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases para um 
outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro” (Anderson, 1995, p.10). 
 
O que se pode denominar ideologia neoliberal compreende uma concepção 
de homem (considerado atomisticamente como possessivo, competitivo e 
calculista), uma concepção de sociedade (tomada como um agregado 
fortuito, meio de o indivíduo realizar seus propósitos privados) fundada na 
ideia da natural e necessária desigualdade entre os homens e uma noção 
rasteira da liberdade vista como função da liberdade de mercado (NETTO; 
BRAZ, 2012, p.238) 
 
 
Dessa forma, os neoliberais partiam do pressuposto que a proteção social garantida 
pelo Estado social, por meio de políticas redistributivas, prejudicava o desenvolvimento 
econômico pelo fato de aumentar o consumo e diminuir a poupança da população. Se 
baseando por isso, conforme Navarro (apud Behring e Boschetti, 2011, p.126) os neoliberais 
defendem uma programática em que o Estado não deve intervir na regulação do comércio 
exterior nem na regulação dos mercados financeiros, pois o livre movimento de capitais 
garantirá maior eficiência na redistribuição de recursos internacionais. 
 
sociais, de modo que a previdência privada possui papel secundário. Nesses regimes corporativos havia uma 
ênfase estatal na manutenção das diferenças de status, os benefícios eram comprometidos com a família 
tradicional devido ao legado da Igreja, os benefícios voltados para as famílias incentivavam a maternidade e 
baseava-se no princípio da subsidiaridade, o que levaria o Estado a intervir apenas quando a capacidade da 
família se exaurisse. Por fim, tem-se o regime “social-democrata”, que conforme Esping-Andersen (1991) 
agrupava os países que instituíram políticas sociais universais e cujos direitos sociais foram estendidos às classes 
médias. Esse modelo de Welfare State promovia uma igualdade com melhores padrões de qualidade e não 
apenas igualdade das necessidades mínimas. Sendo sustentados em dois princípios para a implementação das 
políticas sociais: serviços e benefícios compatíveis com os gastos mais refinados da classe média e igualdade na 
prestação de serviços que garante aos trabalhadores plena participação na qualidade dos direitos desfrutados 
pelos mais ricos. Os benefícios são desmercadorizantes e universalistas, todas as camadas são incorporadas a um 
sistema universal de seguros, mas com benefícios graduados de acordo com os ganhos habituais. (ESPING-
ANDERSEN, 1991 apud BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.99-100). Conforme Behring e Boschetti (2011, 
p.108) o Brasil acompanha as tendências internacionais de incremento da intervenção do Estado diante das 
expressões da questão social, mas com características muito particulares. 
33 
 
A hegemonia do neoliberal se deu inicialmente nos governos de Thatcher (Inglaterra, 
1979), Reagan (EUA, 1980), Khol (Alemanha, 1982) e Schlutter (Dinamarca, 1983). Mas 
essa doutrina econômica não se restringiu apenas a estes países citados. 
Conforme Anderson (1995), quase todos os governos eleitos na Europa ocidental na 
década de 1980 implementaram programas seguindo suas diretivas. Dessa forma, a Inglaterra 
foi o país que incrementou os princípios neoliberais de forma mais “pura”: contraiu a emissão 
monetária, elevou as taxas de juros, rebaixou os impostos sobre os altos ganhos, eliminou o 
controle sobre os fluxos financeiros, criou níveis de desemprego maciço, atenuou as greves, 
aprovou legislações anti-sindicais, realizou corte nos gastos sociais e estabeleceu um vasto 
programa de privatização. No que concerne ao governo norte-americano de Reagan, sua 
política neoliberal pautou-se na competição militar com a União Soviética como estratégia 
para “quebrar” a economia soviética e reindustrializar a América, reduzindo impostos em 
favor dos ricos, elevando as taxas de juros, enfraquecendo a única greve de trabalhadores em 
sua gestão e criando um déficit público ao entrar na corrida armamentista. 
Posteriormente a ideologia neoliberal ao demonizar o Estado, afirmando que este 
deveria passar por uma reforma propiciou a partir da década de 1980 um processo de contra-
reforma do Estado promovendo o desmonte ou a redução de direitos e garantias sociais. 
Assim, Behring e Boschetti (2011), acrescem que nesta mesma conjuntura os países 
capitalistas centrais não foram capazes de resolver a crise do capitalismo nem alteraram os 
índices de recessão e baixo crescimento econômico, no entanto, as medidas que foram 
tomadas apresentaram efeitos destrutivos para as condições de vida da classe trabalhadora, 
tendo em vista que gerou um aumento significativo do desemprego, destruição de postos de 
trabalho não qualificados, redução dos salários por causa do aumento da oferta de mão-de-
obra e redução de gastos com as políticas sociais. 
Vale notar a contribuição de Netto e Braz (2012) ao apontar que o ataque do grande 
capital às dimensões democráticas da intervenção do Estado começou tendo por alvo a 
regulamentação das relações de trabalho e se desenvolveu no sentido de reduzir, fragmentar e 
privatizar os sistemas de seguridade social. Prosseguiu estendendo-se à intervenção do Estado 
na economia, pautando-se num processo de privatização, no qual o grande capital impôs 
“reformas” que retiraram do controle estatal empresas e serviços, através do qual o Estado 
entregou ao grande capital, para exploração privada e lucrativa, complexos industriais inteiros 
(siderurgia, indústria naval e automotiva, petroquímica) e serviços essenciais como 
distribuição de energia, transportes, saneamento básico, telecomunicações entre outros. 
34 
 
Ainda nesta linha de discussão torna-se importante traçar um breve panorama do 
neoliberalismo no Brasil. Sendo assim, a partir da década de 1980 o cenário brasileiro passou 
por profundas mudanças começando pela retomada do Estado democrático de direito, que nas 
décadas anteriores no longo período de ditadura militar a população brasileira sofria com a 
repressão, com a crescente desigualdade social, o desemprego exacerbado e a falta de 
perspectiva de melhores condições de vida. E diante desse novo contexto social e político os 
sujeitos passaram ter a liberdade de expressão e a lutar pela defesa da democracia e de seus 
respectivos direitos. 
Como faz notar Behring e Boschetti (2011), o movimento operário e popular era um 
ingrediente político da história recente do país, que ultrapassou o controle das elites. Sua 
presença e sua ação interferiram na agenda política ao longo dos anos 1980 e pautaram alguns 
eixos na Constituinte, como exemplo, a reafirmação das liberdades democráticas; impugnação 
da desigualdade descomunal e afirmação dos direitos sociais; reafirmação das ingerências do 
FMI; direitos trabalhistas; e reforma agrária. 
A Constituição demonstrou o duro processo de mobilizações dos sujeitos sociais, bem 
como a disputa de interesses específicos, no entanto, alguns aspectos tiveram evolução como 
os direitos sociais, no que tange a seguridade social, os direitos humanos e políticos, a ponto 
de Ulisses Guimarães considerar uma “Constituição Cidadã”. 
Conforme Sader (2016) apresenta, o esgotamento dos planos heterodoxos de controle

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