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1 U 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MATEUS CÂNDIDO DE MELO COSTA OCTOPUS PROJETO DE UMA CASA NOTURNA EM PONTA NEGRA Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof. Dra. Bianca Carla Dantas de Araújo Natal, 2016 Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura. Costa, Mateus Cândido de Melo. Octopus: projeto de uma casa noturna em ponta Negra / Mateus Cândido de Melo Costa. – Natal, RN, 2016. 93f. : il. Orientadora: Bianca Carla Dantas de Araújo. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura. 1. Projeto arquitetônico – Casa noturna – Ponta Negra/RN – Monografia. 2. Lazer – Monografia. 3. Conforto acústico – Monografia. I. Araújo, Bianca Carla Dantas de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MATEUS CÂNDIDO DE MELO COSTA OCTOPUS PROJETO DE UMA CASA NOTURNA EM PONTA NEGRA Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________________ Bianca Carla Dantas De Araújo – Professora Orientadora – UFRN _______________________________________________________________ José Aureliano de Souza Filho – Professor – UFRN _______________________________________________________________ Debora Nogueira Pinto – Arquiteto Convidado 4 Aos meus pais, Flávio e Gilkissa. 5 AGRADECIMENTOS Agradecimentos no início de um trabalho final de graduação. Sempre me perguntei qual a necessidade de escrever isso, mas agora, fazendo esse trabalho, eu acho que a ficha finalmente caiu e eu notei quão importante é essa página. Já é meio que obvio e clichê agradecer a família logo no começo dos agradecimentos, então não vejo nenhum motivo para eu não começar também assim, não tinha nem como ser diferente, afinal se existe um grupo de pessoas que sempre acreditou e depositou em mim, esse grupo é a minha família, principalmente minha família materna, provavelmente por eu ser o primeiro dos netos de minha avó Tereza, o sobrinho que foi experimento inicial de todas as tias. Meus pais, Flávio e Gilkissa, não podem passar em branco, obviamente, afinal, me sustentaram e acreditaram em mim desde o dia vinte e cinco de maio de mil novecentos e noventa e dois, dia em que nasci. Meu pai, que sempre foi o chato que ficava acompanhando minhas notas na escola, com brincadeirinhas sem graça quando eu me dava mal em uma prova de matemática, afinal, segundo ele, eu era “o mestre da matemática”. Mas enfim, essa é a função dele, não fez mais do que sua obrigação (desculpa, mas eu precisava falar isso). Já minha mãe, eu acho que não existem páginas suficientes para escrever tudo o que eu gostaria de escrever para ela. Ela que me perturba o tempo todo perguntando onde eu estou, fica entrando o tempo todo no meu quarto para perguntar se eu quero assim ou assado, mexe nas minhas coisas e muda tudo de lugar, ela que faz tudo isso só para me agradar e querer o meu bem. Enfim, mãe é mãe e não tem o que discutir, não existe amor maior nem igual. 6 Passado a família acho que o normal dos agradecimentos é falar dos amigos, afinal, dizem que nossos amigos na verdade é a família que a gente escolheu. Mas são tantos amigos, tantas coisas que precisam ser ditas, que acho que fica melhor encerrar meus agradecimentos falando deles do que jogar logo no começo. Se tem algo que é impossível, é não citar os professores que tive durante toda a minha graduação, sem eles eu jamais teria chegado aqui. Primeiramente gostaria de agradecer minha orientadora, Bianca, não só por aceitar me orientar, mas por ter lecionado uma das matérias que eu mais gostei durante essa jornada. Também tenho que agradecer ao professor Renato Medeiros, que deixou de ser meu professor e passou a ser meu amigo, de conversas no whatsapp e muitas farras. Por mim todos os professores que abriram minha mente e me mostraram o lado bom da arquitetura, principalmente Carla Varela e Luciana, melhores professoras de projeto, Aldomar, que me apresentou ao conforto com suas aulas diferentes, Ruth, que me fez gostar (um pouco) de urbanismo e Petrus que graças a Deus colocava a gente para calcular, saudades números. Outra coisa importante que eu preciso agradecer são as novelas mexicanas e globais, DVD de Cia do Calipso, Whitney Houston e filmes da Disney, sem tudo isso, minhas tardes de projeto com a minha turma não teriam sido as mesmas (sim, a gente projetava assistindo/ouvindo essas coisas). Por falar em turma, acho que já posso falar dos amigos, de todos que me acompanharam de alguma forma durante todos esses anos. Não posso deixar de falar dos meus melhores amigos, que nem do curso são, mas mesmo assim me entendem e me apoiam. Vini e Tutu Caca, sempre me fazendo rir e ouvindo meus desabafos, meus companheiros de guerra, as duas pessoas que eu mais falo besteira. Se eu estou aqui escrevendo isso 7 uma hora dessas (01:24 da manhã) é porque eu provavelmente perdi muito tempo falando com vocês hoje, mas que com certeza esse “tempo perdido” valeu muito a pena, pois deixou meu dia bem mais leve. Obrigado amigos <3 Ao meu amigo João Victor que também faz esse curso de doido e entende toda essa confusão que é ser estudante de arquitetura. Obrigado Jão por todas as noites sem limites que a gente teve, obrigado pelas lições de moral que você já me deu, obrigado pelas nossas viagens nos últimos anos e desculpa se eu já te bati ou puxei sua barba, não era eu. A todos os meus amigos que me aturam e fazem as minhas noites mais animadas em especial Jaiara, talvez a pessoa mais louca que eu conheço, a pessoa que mais odeia esse trabalho e também a pessoa que mais me faz rir e também ao meu amigo Zé, sempre pesando positivo, sempre me motivando. Sebe, Andola, Tay, Lucas, Paloma, Ana, Mari, meninas do 10, Phil, Kim, Katrine, Aileen e principalmente Sheila e Juan, sem vocês meus dezesseis meses em Dublin teriam sido um lixo. Por falar em Dublin, esse período de intercambio me fez entrar em uma nova turma e fazer novas amizades, é impossível não agradecer as pessoas maravilhosas que essa turma me proporcionou conhecer, principalmente Rafaela, Aline Vecchi e Martin, sem vocês esses períodos não teriam sido tão legais e engraçados. E turma, se tem algo que eu realmente preciso agradecer é minha turma original, aos meus Boêmios. Sim, deixei para falar sobre as melhores pessoas do mundo no fim de tudo, afinal isso tem que ser fechado com chave de ouro. Esse grupo que, em sua maioria, entrou junto comigo nesse curso em 2010.2, essas pessoas que me fizeram chegar até aqui, como não falar individualmente de cada um? 8 Primeiramente aos que estão comigo nessa batalha, provavelmente acordados fazendo também esse trabalhofinal nesse exato momento. Luizão, Fili, Carolinda, Larry Potter e Dani fina, VAI DAR CERTO, GALERA! Obrigado a vocês por compartilhar dos desesperos ao longo desse semestre, por sempre falar o pouco que tinha feito só para consolar o outro e mostrar que estava tão atrasado quanto. Obrigado em especial a Luiza, praticamente minha dupla de TFG, pela companhia todas as tardes que, teoricamente, ficamos fazendo esse trabalho, mas, na real, ficávamos conversando besteira. Obrigado ao melhor imigrante (sim, o melhor), que foi praticamente meu co-orientador desse trabalho. Eu que, segundo boatos, cuidei de você na Irlanda e aqui em Natal e recebi todo esse cuidado de volta esse período, recebendo mensagens perguntando como estava meu trabalho, me mandando ir fazer e sempre oferecendo ajuda. Esse trabalho não seria nem metade, de fato, do que ele é se não fosse você, valeu de verdade. Babina linda que mesmo tão longe sempre se faz sempre tão presente. Minha primeira nova amiga dessa turma, minha companheira de comentários durante apresentação de trabalhos. A pessoa que pensa tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a mim. Obrigado <3 Erivania e Aless, melhores companheiras de viagem, as que sempre entendiam minhas loucuras, talvez por serem tão parecidas comigo. Duas irmãs que ganhei nesse curso, duas pessoas que sei que posso contar sempre que precisar. Obrigado <3 Txos, a dona e proprietária da maior retaguarda desse grupo. Não me refiro ao seu glúteo avantajado, mas sim ao seu temperamento australiano que sempre surgia quando precisava defender um de nos. Obrigado por tudo, obrigado por ser tão presente, volta logo <3 9 A minha Lady Guiga, sempre com seu jeitinho extrovertido, seu jeito que anda entre o sexy, o bagunçado e o natural. Obrigado por toda a parceria desde o colégio e, principalmente por ter colado seu papel na régua paralela no primeiro período, tenho certeza que essa foi uma das maiores crises de riso que eu já tive. A rainha do Twitter Rhenyara, eu tenho 48937602% de certeza que esse curso não teria sido tão leve sem você. Sempre levando as coisas na brincadeira, mas ao mesmo tempo tendo seu lado sério, trazendo assuntos que eu nunca tinha parado para pensar. Valiosa e Hatsu, as mais caladinhas do grupo. Sempre mais discretas, mais tímidas, mas sempre presentes. Estavam sempre ali do lado quando alguém precisava de alguma ajuda. E por fim, Barrosa Carnivora. Acho que o número de fotos juntas que nós dois enviamos no nosso grupo durante já basta para mostrar o quão presente você esteve em minha vida esse ano. Sempre presente quando preciso, sempre pronta para me defender mesmo quando estive errado, sempre preparada para me ajudar no que quer que fosse. Enfim, eu acho que é isso. Pelo tanto que eu escrevi agora realmente posso afirmar que sei o motivo de ter esse tópico chamado “agradecimentos” no começo dos trabalhos, sem certas coisas nada disso seria do jeito que é. 10 RESUMO COSTA, Mateus Cândido de Melo. Octopus: Projeto de uma casa noturna em Ponta Negra. 2016. 93f. Monografia (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. O presente trabalho, submetido como trabalho final de graduação, desenvolvido na área de projeto de arquitetura, tem como objetivo geral o desenvolvimento de um anteprojeto de arquitetura de uma casa noturna para a cidade de Natal, dando uma ênfase no conforto acústico dos usuários. Tal equipamento será locado no bairro de Ponta Negra, bairro esse que possui um grande fluxo turístico na cidade. Esse trabalho foi realizado a partir de um estudo teórico-conceitual sobre o tema além da utilização de diferentes estudos de referência diretos e indiretos. O resultado final foi o desenvolvimento da proposta do anteprojeto da “OCTOPUS: Uma casa noturna em Ponta Negra” sendo um equipamento de médio porte com diferentes ambientes. Palavras-Chave: Lazer; Casa Noturna; Conforto Acústico; Projeto de arquitetura ABSTRACT The current paper, submitted as final graduation work, developed in the area of architecture project, has as general objective, the development of an architectural design of a nightclub for the city of Natal, giving an emphasis on the acoustic comfort of the users. Such equipment will be placed in the neighbourhood of Ponta Negra, a neighbourhood that has a great tourist presence in the city. This work was carried out based on a theoretical- conceptual study on the subject and also in the use of different direct and indirect reference studies. The final result of this work was the development of the design of "OCTOPUS: A nightclub in Ponta Negra", being a medium size equipment with different rooms. Keywords: Leisure; Nightclub; Acoustic Comfort; Architectural design 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Pepper’s Hall - Fachada Principal .............................................................. 28 Figura 2 - Planta Baixa ....................................................................................................... 29 Figura 3 – Camarotes, Pista de dança e Palco ........................................................... 30 Figura 4 - Camarotes e cabine do DJ ............................................................................ 30 Figura 5 - Casanova - Fachada Frontal ......................................................................... 32 Figura 6 - Pista de dança .................................................................................................. 33 Figura 7 - Planta baixa ....................................................................................................... 33 Figura 8 - Bar ........................................................................................................................ 34 Figura 9 - Nova rampa de acesso ................................................................................... 35 Figura 10 – Opium, Restaurante .................................................................................... 37 Figura 11 - Opium, Área Externa.................................................................................... 38 Figura 12 - Opium, Área Interna .................................................................................... 38 Figura 13 - Opium, Área Vip ............................................................................................ 38 Figura 14 - Opium, Lounge Externo .............................................................................. 38 Figura 15 - Fachada Inicial em 2006 ............................................................................. 39 Figura 16 - Fachada Atual ................................................................................................ 40 Figura 17 - Plantas .............................................................................................................. 41 Figura 18 - Vista da área V.I.P e o uso da volumetria do hexágono na composição dos ambientes ............................................................................................................ 42 Figura 19 - Pista de dança no térreo ............................................................................. 43 Figura 20 - Baias do bar .................................................................................................... 43 Figura 21 - Bar do segundo pavimento ........................................................................ 44 Figura 22 – Localização do Bairro .................................................................................. 45 Figura 23 - Vista do terreno a partir de seu ponto mais elevado ........................ 46 Figura 24 - Vista do terreno a partir da praia ............................................................ 47 Figura 25 - Localização do terreno ................................................................................48 12 Figura 26 - Terreno ............................................................................................................ 49 Figura 27 - Topografia do terreno ................................................................................. 49 Figura 28 - Carta dos ventos de Natal aplicada no terreno ................................... 51 Figura 29 - Carta Solar de Natal aplicada no terreno .............................................. 52 Figura 30 - Zoneamento Geral ........................................................................................ 63 Figura 31 - Fluxograma ..................................................................................................... 64 Figura 32- Esquema da primeira concepção .............................................................. 66 Figura 33 - Estudo volumétrico da primeira concepção ......................................... 67 Figura 34 - Croquis iniciais da proposta 1 ................................................................... 67 Figura 35 - Croquis inicias da segunda proposta ...................................................... 68 Figura 36 - Zoneamento inicial ....................................................................................... 69 Figura 37 - Topografia do terreno ................................................................................. 70 Figura 38 - Zoneamento vertical - Corte longitudinal ............................................. 71 Figura 39 - Croqui da vista sudoeste da solução final ............................................. 71 Figura 40 - Edificação em seu entorno ........................................................................ 72 Figura 41 - Zoneamento a partir da volumetria ........................................................ 73 Figura 42 - Planta baixa pavimento térreo ................................................................. 75 Figura 43 - Planta baixa pavimento -1 ......................................................................... 76 Figura 44 - Planta baixa pavimento +1......................................................................... 77 Figura 45 - Laje protendida ............................................................................................. 79 Figura 46 - Gráfico comparativo para lajes em concreto armado ou protendido ......................................................................................................................................... 80 Figura 47 - Edificação com revestimento externo em ACM preto ...................... 82 Figura 48 - Vista da fachada frontal .............................................................................. 88 Figura 49 - Vista da fachada posterior ......................................................................... 88 Figura 50 - Vista da fachada frontal .............................................................................. 89 Figura 51 - Vista para a Praia de Ponta Negra e Morro do Careca a partir da área aberta ............................................................................................................................ 89 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Prescrições urbanisticas ------------------------------------------------- 54 Tabela 2 - Pré-dimensionamento pista 1 ------------------------------------------- 60 Tabela 3 - Pré-dimensionamento pista 2 ------------------------------------------- 61 Tabela 4 - Pré-dimensionamento área pública aberta --------------------------- 61 Tabela 5 - Pré-dimensionamento setor administrativo -------------------------- 61 Tabela 6 - Pré-dimensionamento área de serviço -------------------------------- 62 Tabela 7 - Pré-dimensionamento área técnica ------------------------------------ 62 Tabela 8 - Quadro resumo ------------------------------------------------------------ 62 Tabela 9 - Superficies de revestimento --------------------------------------------- 84 Tabela 10 - Tempo de reverberação ------------------------------------------------ 85 Tabela 11 - Atenunação --------------------------------------------------------------- 85 Tabela 12 - Tabela de cálculo da caixa d'agua ------------------------------------- 87 14 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 5 RESUMO ................................................................................................................................ 10 ABSTRACT ............................................................................................................................. 10 LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. 13 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 16 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................... 18 1.1 – TURISMO EM NATAL .......................................................................................... 18 1.2 – LAZER NOTURNO ................................................................................................. 20 1.3 – CONFORTO ACÚSTICO ....................................................................................... 24 2 - ESTUDOS DE REFERÊNCIA .......................................................................................... 27 2.1 – ESTUDOS DIRETOS .............................................................................................. 27 2.1.1 – PEPPER’S HALL .............................................................................................. 27 2.1.2 – CASANOVA ECOBAR ................................................................................... 31 2.2 – ESTUDOS INDIRETOS .......................................................................................... 37 2.2.1 – OPIUM MAR .................................................................................................. 37 2.2.2 – JOSEFINE/ROXY ............................................................................................ 39 3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS .............................................................................. 45 3.1 – TERRENO ................................................................................................................ 45 3.1.1 – LOCALIZAÇÃO ............................................................................................... 45 3.1.2 – ASPECTOS FÍSICOS ....................................................................................... 48 3.1.3 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS ....................................................... 50 3.2 – CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................................ 52 3.2.1 – PLANO DIRETOR E CODIGO DE OBRAS .................................................. 53 15 3.2.2 – CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO ......................................................................................................................... 55 3.2.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE ..................................................................... 57 4 – MÉTODO DE PROJETO ............................................................................................... 58 4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES ....................................................................... 58 4.2 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................................................................. 60 4.3 – RELAÇÕES PROGRAMÁTICAS ........................................................................... 63 5 – PROPOSTA FINAL......................................................................................................... 65 5.1 – PARTIDO ARQUITETÔNICO ............................................................................... 65 5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA ................................................................................ 65 5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS ...................................................................................... 72 5.3.1 – INSERÇÃO URBANÍSTICA ........................................................................... 72 5.3.2 – SOLUÇÕES FUNCIONAIS/RELAÇÕES SOCIOESPACIAIS ...................... 74 5.3.3 – ESTRUTURA ................................................................................................... 78 5.3.4 – MATERIAIS ..................................................................................................... 80 5.3.5 – CONFORTO ACÚSTICO ............................................................................... 82 5.3.6 – RESERVATÓRIO DE ÁGUA .......................................................................... 86 5.3.7 – PERSPECTIVAS .............................................................................................. 88 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 90 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 91 16 INTRODUÇÃO A noite natalense vem ficando a cada dia mais diversificada e espaços destinados ao lazer noturno vêm surgindo dia após dia. Porém, na grande maioria das vezes, esses espaços são edificações já existentes que passam a ter seu uso modificado, sendo adaptadas para a nova função. São exemplos desses espaços a boate Pink Elephant, na zona leste da cidade, o Whiskritorio e o Casanova ecobar, localizados na zona sul da cidade e todas com uma programação ativa de festas durante os fins de semana. Em alguns casos, como o Galpão 29 e o Ateliê bar e petiscaria, ambos no bairro da ribeira, as edificações sequer receberam uma melhoria acústica ou física adequada para exercer tal atividade, porém, nos dois casos, um simples galpão que recebeu uma estrutura mínima de bar e banheiro, são utilizados para realização de festas. Um dos poucos casos na cidade, de edificação que foi totalmente reformada para tal função, é a boate Pepper’s Hall, em ponta negra. O edifício, inaugurado em 2011, conta com todos os requisitos básicos para exercer o papel de uma boate, com projeto acústico, lumínico e de segurança adequado. Diante deste contexto, o intuito desse trabalho é a elaboração de um anteprojeto arquitetônico planejado desde o início para exercer a função de casa noturna, tendo todos os requisitos que um empreendimento precisa para funcionar adequadamente, dando uma ênfase em seu tratamento acústico. O trabalho abrangerá todas as premissas para projeto, tanto do ponto de vista de soluções formais e estruturais, como do ponto de vista da contextualização da edificação e da inserção do usuário no edifício. Já para atender às necessidades específicas do público alvo e pensando no fator de rotatividade dos usuários na edificação, serão 17 abordadas diretrizes para casas noturnas, onde serão discutidos os aspectos que contribuem para um ambiente adequado para tal uso. As condicionantes climáticas e legais também serão discutidas no trabalho, a fim de mostrar os aspectos que fizeram o projeto personalizado para o contexto, o clima, a cidade, e o entorno. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver um anteprojeto de arquitetura de uma casa noturna para a cidade de Natal, com ênfase no conforto acústico dos usuários. A estrutura deste trabalho é dividida em dois volumes. O primeiro deles corresponde ao trabalho escrito, enquanto o outro é composto pelo jogo de pranchas de desenhos arquitetônicos. O primeiro volume é organizado em cinco partes divididas em tópicos e subtópicos de acordo com suas especificidades. Primeiramente será feita uma contextualização geral sobre conceitos teóricos que foram estudados para a elaboração desse trabalho. Em seguida serão apresentados os estudos de referência diretos e indiretos utilizados como base inicial do projeto arquitetônico. Após isso serão abordadas as condicionantes projetuais e legais acerca do projeto. A quarta parte do volume escrito apresenta o programa do projeto, contendo o programa de necessidades e o pré-dimensionamento do mesmo. E por fim, a última parte apresenta o memorial descritivo/justificativo da proposta final do projeto. 18 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO O processo de projeto praticado por arquitetos não é um processo explicito nem linear. Na maioria das vezes está cercado por aspectos subjetivos, baseados na intuição e desprendido de conceitos, não atribuindo a ele uma rotina racional. Para um melhor entendimento sobre o tema estudado notou-se a necessidade de um aprofundamento teórico em alguns conceitos que estão estritamente ligados ao assunto. Inicialmente, a partir de consultas prévias na literatura disponível, observou-se a importância da definição de alguns conceitos como lazer, lazer noturno e conforto acústico. Além disso, se notou importante um estudo sobre o turismo na cidade e, principalmente, na área onde o projeto será desenvolvido. O conhecimento destes é importante para a fundamentação do estudo. 1.1 – TURISMO EM NATAL A modalidade de turismo praticado em Natal é baseada no turismo de massa, modalidade essa que se volta para o turismo de lazer e recreação. Dessa forma, o processo de urbanização turística vem transformando os espaços de lazer da cidade em áreas turísticas. Durante os ultimos anos a atividade turística em Natal vem se tornando uma das atividades econômicas mais significativas, não só na cidade, mas também em todo o estado. Essa consolidação da atividade turística na cidade se deu devido aos grandes investimentos feitos pelo poder público na área. A atividade turística na cidade veio se consolidar durante a década de 1990, quando foi implantada a política do Programa de Desenvolvimento 19 do Turismo no Rio Grande do Norte – PRODETUR/RN, onde ocorreram grandes investimentos no turismo, principalmente nas áreas de praia. Durante esse programa de desenvolvimento os espaços contemplados com esses recursos a praia de Ponta Negra e toda a área da Via Costeira. Devido a isso, o bairro de Ponta Negra recebeu recursos para melhoria de esgotamento sanitário, drenagem, pavimentação, urbanização, iluminação pública e outros fatores importantes para a sua infraestrutura (FONSECA, 2005). Após a execução dessas políticas de turismo na região, foi notória a melhoria e o aumento da infraestrutura turística por toda a cidade, essa melhoria pôde ser notada, principalmente, devido ao grande aumento no número de leitos de hospedagem na região que houve nesse período. Como consequência disso, novos investidores internacionais foram atraídos para o bairro e, devido a isso, novos estabelecimentos internacionalmente renomados se instalaram em Ponta Negra. O crescimento da atividade turística passa também despertar, além do desenvolvimento econômico, o processo de urbanização. Esse fenômeno é notoriamente percebido principalmente ao longo da Avenida Engenheiro Roberto Freire, importante avenida da cidade que liga os bairros da zona sul à Ponta Negra. De acordo com Furtado (2005), a partir dos meados dos anos de 1990, essa Avenida passa a concentrar uma variedade de serviços, destinados a atender tanto os turistas quanto residentes dos bairros próximos. Embora Ponta Negra seja considerada um forte polo turístico da Cidade, no bairro ainda é muito forte a presença do uso do solo residencial, tanto pelas classessocioeconômicas elevadas, quanto pelas populares. Esses também fazem uso da praia como opção recreação e lazer, além dos 20 equipamentos construídos a partir dos investimentos na área do turismo, como bares, restaurantes, boates, entre outros. Portanto, a praia de Ponta Negra é considerada o principal espaço turístico da cidade, frequentada tanto por residentes como por turistas advindos de várias partes do Brasil e do mundo, em busca de espaços de lazer e recreação. 1.2 – LAZER NOTURNO A palavra “lazer” é definida como um conjunto de atividades em que um indivíduo participa por livre e espontânea vontade, podendo ser para descansar, divertir ou socializar. O lazer vem adquirindo lugar de crescente destaque em nossa sociedade contemporânea, contrapondo-se ao que movimenta a sociedade industrial - o trabalho. O conceito de lazer é baseado principalmente nas definições teóricas do sociólogo francês Dumazedier (1976) no seu livro “Lazer e cultura popular” (1976). Segundo Dumazedier o lazer, como conhecemos hoje, surgiu na modernidade Europeia do século XIX, como fruto da revolução industrial, que naquele tempo ocorria nos principais centros urbanos da Europa, sobretudo na Inglaterra. Durante esse período os proletariados com longas jornadas de trabalho, começaram a reivindicar uma melhor distribuição social do “tempo” a partir do início do século XX, a fim de aumentar o tempo para suas atividades de lazer para compensar a exaustão adquirida. O Movimento Trabalhista Internacional contribuiu diretamente para a evolução no aumento do tempo livre e para uma abordagem mais racionalizada e positiva do lazer enquanto fenômeno social. Para ele, o lazer se contrapõe ao trabalho e corresponde a uma liberação periódica do 21 trabalho no fim do dia, da semana, do ano e da vida, quando a aposentadoria é alcançada. Dumazedier conceitua o lazer como: "O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais" (Dumazedier, 1976). Geralmente o significado de lazer está relacionado ao "não- trabalho", tempo livre ou desocupado dedicado à diversão, à recuperação de energias, à fuga das tensões e os problemas do cotidiano. Alguns estudiosos, pessoas comuns considerem uma perda de tempo ou que o lazer não faz parte das necessidades essenciais de uma sociedade, as pessoas precisam de momentos de ócio para alcançar uma melhor qualidade de vida. Segundo Luiz O. Lima Camargo (2003), o lazer é uma escolha individual, onde suas atividades são sempre livres de obrigações, é um tempo no qual pode-se exercitar mais o fazer-por-fazer sem que, necessariamente, haja um ganho financeiro em vista ou um preço sério a ser pago. A propriedade mais óbvia do lazer é sua realização na busca da compensação ou substituição de algum esforço que a vida impõe. Já Victor A. de Melo e Edmundo de Drummond A. J. (2003) afirmam que: (...) as atividades de lazer são observáveis no tempo livre das obrigações, sejam elas profissionais, religiosas, domésticas ou decorrentes das necessidades fisiológicas. E também afirmam que há compromisso no tempo de lazer, por exemplo quando vamos ao cinema, devemos respeitar o horário de início da sessão (MELO e DRUMMOND, 2003, p. 31). 22 A busca de prazer no horário de lazer é sempre a primeira opção de um indivíduo. É o tempo que ele pode aproveitar para atingir seu bem-estar o que promove o seu desenvolvimento pessoal, recuperando a sua energia, é um momento que ele procura a fazer o que realmente gosta sem obrigações. A importância do lazer para a sociedade é ainda reforçada com o reconhecimento desse como direito social, presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição Federal do Brasil. Dentre as diferentes ramificações dos tipos de lazer existem o lazer esportivo, lazer alternativo, lazer ativo, entre outros. Para o tipo de estabelecimento que está sendo proposto, se fez necessário um estudo mais aprofundado sobre o lazer noturno. Lazer noturno é definido como todo o tipo de atividade de lazer associado ao período da noite e as atividades onde elas se desenvolvem, como bares, discotecas e outros locais onde os pilares centrais são, principalmente, a música e a bebida. De acordo com Magnani (2005) o lazer noturno surgiu no século XIX e ao longo do tempo as atividades relacionadas ao lazer noturno vieram sofrendo intensas modificações devido a necessidade de solucionar problemas urbanos que estavam sendo causados devido a tais atividades ou, para satisfazer as necessidades dos usuários dos espaços de lazer noturno. Barral (2006, p. 14) afirma que os espaços de lazer noturno são locais que “proporcionam aos indivíduos o ver e o ser visto, a circulação, os encontros e os desencontros, ligação e reforço dos vínculos de sociabilidade”. Essas características que diferenciam a vivência do espaço de lazer, de outros tipos de espaço, como escola e trabalho. 23 Segundo Ferreira (2007), a vida noturna é um elemento da identidade urbana que se projeta na tentativa de atrair mais polaridades e investimentos. O lazer noturno comparece como sentido de vida, de movimento, de alegria, de animação, de provocação de estímulos. Inclusive, muitas reuniões e movimentos políticos surgiram em torno de uma mesa de bar. Esse tipo de atividade contribui para o um rápido crescimento econômico tanto da cidade, como do país. As cidades se tornam mais atrativas para pessoas que curtem, frequentam, apreciam e sustentam os espaços de lazer noturno. Ainda de acordo com Ferreira (2007) a cidade e sua economia são pontos de partida para o entendimento da noite, que antes de ser dos jovens é, principalmente, da cidade. A vida noturna é parte da economia e a economia da noite é a economia da diversão. “A noite faz-se da conjugação da oferta e da procura. Soa artificial desconectá-las. Não é possível imaginar, por exemplo um irish pub, sem a gente que o frequenta e sustenta a cultura que lhe é própria. Mas o observador rapidamente se apercebe que a oferta da noite é fisicamente diversificada. Há discotecas, bares, pubs, cafés. Espaços abertos para a rua, outros para o lado da falésia, outros ainda em lugares mais recônditos, fora da vista de quem anda na rua em que a noite rola. Há também diversificação funcional, mesmo especialização, pelo menos em alguns casos. Espaços mais voltados para a dança, como as discotecas ou os bares com área de dança; outros proporcionando sociabilidades, as vezes amenas, outros exaltadas, em torno das bebidas; outros ainda, mais ruidosos, fazendo da música o seu leitmotiv. ” (FERREIRA, 2007; p 4) O enfoque principal desse trabalho, uma casa noturna, tem como característica principal propor o lazer noturno, que é marcado pela busca de um convívio social, diversão, entretenimento, etc. Este tipo de 24 estabelecimento pode incorporar diversos espaços como bares, restaurantes entre outros serviços ligados a atividades de lazer noturno. 1.3 – CONFORTO ACÚSTICO Nesse tipo de projeto existe a presença de música alta, dança e grande circulação de usuários, o que proporciona um alto nível de pressão sonora em todo o seu contexto. Devido a isso, existem variáveis indispensáveis que afetam o uso deste espaço que estão relacionados ao conforto do local e seu entorno. Portanto, os aspectos em relação a estratégias de conforto acústico serão indispensáveis ao elaborar o projeto. Conforto ambiental está relacionado com a atmosfera agradável que rodeia o ser humano. Este é um aspecto indispensável ao se tratarde um estabelecimento de lazer noturno, onde a maioria das atividades ali realizadas proporcionam ruídos, por exemplo. Desta forma, o conforto acústico é o aspecto a ser levado em consideração neste trabalho, enfatizando as relações do empreendimento com o usuário e o entorno do mesmo. Existem as normas que regulam esse tipo de estabelecimento em relação aos ruídos na área externa do local, de acordo com o entorno do ambiente. Da mesma forma, existem normas e parâmetros que definem níveis de conforto acústico relacionados com a qualidade interna do ambiente em relação ao som e a percepção do usuário. O conforto acústico está associado à sensação fisiológica de prazer ou desprazer dos usuários no interior dos ambientes. Segundo SCHMID (2005), a acústica é provavelmente o aspecto mais complexo em um ambiente construído, visto que, numa mesma obra, deve variar suas características para realçar efeitos diversos. O conforto acústico existe quando o ambiente proporciona a ausência de sons indesejáveis no ambiente e boa inteligibilidade da fala (ou 25 clareza musical). Dependendo do caso, o conforto acústico pode depender de uma boa absorção sonora, de um eficiente isolamento acústico, ou de dos dois fatores de modo simultâneo. A partir disso, tem-se os conceitos de condicionamento e isolamento acústico. De acordo com Solon do Valle (2009), “condicionamento acústico consiste em criar uma sonoridade agradável dentro de um ambiente, controlando a reverberação e os ecos, consertando problemas modais e promovendo uma resposta frequente adequada ao tipo de utilização”. Inserido nesse contexto, outro conceito bastante importante é a reverberação, definida como o som que permanece no ambiente mesmo depois que sua produção seja cessada. Esse fenômeno é combatido mediante a inserção de objetos e superfícies absorventes, recuperando-se, assim, a clareza dos sons gerados, perdendo-se em amplificação. Um dos fatores para trabalhar a adequação acústica é o tempo de reverberação ótimo, que se define como o tempo de reverberação adequado para determinado ambiente e atividade, expresso em segundos, que vai ser alcançado através do equilíbrio entres os materiais refletores e absorventes utilizados. No projeto de uma casa noturna, é imprescindível a preocupação do projeto com o isolamento acústico entre os ambientes e entre a edificação e o meio externo. De acordo com Valle (2009), “o isolamento acústico consiste em não deixar passar som de dentro para fora, nem de fora para dentro de um ambiente”. Para que o projeto seja isolado de forma eficiente, o mesmo deve ser preparado contra duas formas de transmissão sonora: a transmissão aérea – pelo ar –, ou de impacto, transmitida através da estrutura (paredes, lajes e pisos). Segundo Schmid (2005), os materiais rígidos e com superfícies lisas e duras amplificam o som e são, muitas vezes, a causa das dificuldades 26 acústicas, tornando o som confuso e sem clareza. Já as superfícies absorvedoras facilitam a clareza e diminuem a amplificação do som. O tratamento arquitetônico de lajes e paredes de um ambiente influenciam tanto no isolamento, quando o condicionamento acústico do local. Soluções como o uso da laje, piso flutuante, paredes com bastante massa, sendo dupla ou não, e o uso de esquadrias acústicas auxiliam no isolamento acústico do ambiente. Já para auxiliar no condicionamento acústico, soluções como a utilização de painéis absorventes nas paredes e forro para controle da reverberação, são as solições mais comumente utilizadas. No projeto a ser elaborado, todos esses fatores serão estudados para que possa ser proposto um ambiente adequado para exercer a atividade que o edifício terá. 27 2 - ESTUDOS DE REFERÊNCIA 2.1 – ESTUDOS DIRETOS Para os estudos diretos, dois equipamentos de lazer noturno foram selecionados para serem analisados. A boate Pepper’s Hall, localizado em Ponta Negra, aproximadamente na mesma região onde será proposto o novo estabelecimento e o Casanova EcoBar, localizado em candelária. 2.1.1 – PEPPER’S HALL Um ambiente moderno, que combina Music Bar, Boate e Gastronomia, dando vida ao mais moderno Dining Club de Natal. Tecnologia de iluminação, som e acústica, programação diferenciada, com eventos selecionados, atrações de renome nacional e internacional e estilos musicais diversificados, do sertanejo à música eletrônica, fazem do Pepper’s Hall um local destinado à diversão e cultura. Os elementos que compõem a decoração do ambiente remetem sofisticação e proporcionam uma excelente sensação de conforto. Amplamente conhecida e considerada uma das mais populares da cidade, a boate Pepper’s Hall se localiza na Av. Roberto Freire, n° 3071, no bairro de Ponta Negra. O bairro é predominante residencial, mas o entorno onde o Pepper’s está inserido existem outros equipamentos de lazer noturno e um vasto número de equipamentos de serviço dos mais diversos tipos, principalmente hotéis e pousadas. O Pepper’s está entre um dos locais mais frequentados na cidade quanto se diz a respeito de opções de lazer noturno. A casa foi fundada em 2011 com o intuito de trazer um novo conceito de balada na cidade, que nessa época sofria uma escassez de opções de equipamentos desse tipo 28 devido ao encerramento das atividades da maioria das casas noturnas existentes. Figura 1 – Pepper’s Hall - Fachada Principal Fonte : http://www.agendanatal.com.br/barOuPub/pepper-s-hall/7 O estabelecimento possui uma capacidade máxima rotativa de oitocentos e quarenta pessoas e funciona sempre no período noturno, entre quinta-feira e sábado, sempre a partir das vinte e duas horas até às cinco da manhã. 29 Figura 2 - Planta Baixa Fonte: Pepper’s Hall O terreno onde a boate está inserida possui uma área de aproximadamente setecentos metros quadrados, sendo praticamente todo ocupado pela edificação. Além disso, a casa possui um estacionamento próprio no terreno ao lado que foi incorporado ao longo dos anos. Esse estacionamento ficava inicialmente em um terreno de aproximadamente oitocentos metros quadrados e depois foi incorporado outro terreno de dimensões aproximadamente iguais, totalizando um estacionamento de mil e seiscentos metros quadrados. Em relação aos acessos, o estabelecimento possui três entradas distintas, sendo uma delas para o público geral, na rua Pedro Fonseca Filho, e dois acessos exclusivos para funcionários, sendo um também na rua Pedro Fonseca Filho e o outro pela Avenida Eng. Roberto Freire. 30 Figura 3 – Camarotes, Pista de dança e Palco Fonte: http://www.bobflash.com.br/natal/local/pepper-s-hall Ao entrar na boate, o público passa por uma grande área de check- in e logo em seguida se dirige a uma grande escada que leva ao pavimento superior da edificação, onde fica a parte principal da boate. O estabelecimento conta com uma grande pista de dança, possuindo aproximadamente duzentos e oitenta metros quadrados, em formato retangular. O local passou por diversas reformas ao longo dos anos e, em sua atual configuração, além da pista de dança, a casa também conta com três camarotes exclusivos, na área lateral da pista de dança e em oposição à entrada principal, um palco, um grande bar, em posição oposta ao palco, a cabine do DJ, ao lado dos camarotes e dois banheiros, sendo um masculino e um feminino. Figura 4 - Camarotes e cabine do DJ Fonte: http://www.bobflash.com.br/natal/local/pepper-s-hall 31 O estudo realizado junto ao Pepper’s Hall foi referência projetual para a casa noturna que será apresentada no tocante a informações quanto ao: - Programa - Pré-dimensionamento - Público potiguar - Estratégias de conforto acústico - Zoneamento - Acessibilidade 2.1.2 – CASANOVA ECOBAR Um dos destaques do lazer alternativo noturnona capital potiguar, O Casanova EcoBar se localiza na Av. Senador Salgado Filho, n° 3526, no bairro de Candelária. O bairro, localizado na Zona administrativa Sul da cidade, é um bairro predominantemente residencial, porém no entorno onde se localiza o Casanova é notória a presença de diversos equipamentos de serviço como posto de gasolina, hotel, academias, restaurantes e shopping centers. O bar fica localizado na via mais movimentada da cidade que possui um grande fluxo de veículos durante todos os períodos do dia. O estabelecimento de lazer noturno possui uma capacidade máxima de setecentas pessoas e funciona sempre no período noturno entre quarta-feira e sábado, sendo das vinte horas até as quatro e meia da manhã nas quartas e quintas e das vinte horas até as seis horas da manhã nas sextas e sábados. 32 O terreno possui uma área de aproximadamente quatrocentos e noventa metros quadrados e o estabelecimento uma área construída de aproximadamente trezentos e quinze metros quadrados. Seu entorno é predominantemente residencial de até dois pavimentos, porem também são encontrados edifícios verticais de até vinte pavimentos e equipamentos de serviço nessa região. Figura 5 - Casanova - Fachada Frontal Fonte: Tribuna do Norte O acesso ao Casanova é único tanto para funcionários, como para atrações e clientes, acesso esse dado pela Av. Senador Salgado Filho, através de uma única rampa (figura 5) de dois lances, com uma pequena área de check-in entre os dois lances. O acesso fica na fachada frontal do equipamento, caracterizado pela grande varanda sob o deck de madeira ali presente. 33 Figura 6 - Pista de dança Fonte: Casanova Ao adentrar o estabelecimento os clientes podem optar entre a área da varanda ou se dirigir para os salões cobertos, estando conscientes que estes dois ambientes dão acesso ao salão de dança ou, como é chamado, “aquário”. O “aquário” se trata de um salão de aproximadamente 40m² e cabine para DJ, recentemente equipado com novas estratégias de conforto acústico para uma melhor relação com os demais ambientes do estabelecimento. Figura 7 - Planta baixa Fonte: Casanova 34 O bar (figura 8) se encontra na parte posterior da casa noturna, onde também são encontrados os banheiros para os clientes e um pequeno escritório para a administração. A área restrita aos funcionários se resume a banheiros, depósito e cozinha sendo seu acesso por uma área de circulação comum a todos. Figura 8 - Bar Fonte: Casanova As vagas para estacionar presentes no terreno do Ecobar não se apresentam suficientes para o público recebido já que totalizam apenas quatro vagas sendo uma delas para portadores de necessidades especiais e uma para idosos, visto isso, o estabelecimento oferece o terreno vazio encontrado na esquina do cruzamento da Avenida Salgado Filho com a Rua Senador José Ferreira de Souza como uma alternativa para seus usuários. Uma curiosidade sobre o bar é que o mesmo foi instalado em uma edificação já existente, tendo sua função de casa noturna adaptada para o 35 que se apresentava levantado. Isso implicou em várias reformas na construção durante todos os seus anos de funcionamento para adequar os ambientes às suas necessidades e normas vigentes. A reforma mais recente se trata da ampliação dos banheiros para o público geral e a construção de uma nova rampa (figura 9) na fachada principal que se adequasse melhor ao código de incêndio do Rio Grande do Norte e a NBR 9050. Figura 9 - Nova rampa de acesso Fonte: Casanova O estudo realizado junto ao Casanova Ecobar foi referência projetual para a casa noturna que será apresentada no tocante à informações quanto ao: - Programa - Pré-dimensionamento - Público potiguar - Adequação à normas vigentes - Zoneamento 36 Além do Pepper’s Hall e do Casanova EcoBar, outros locais da cidade também foram visitados, como o Ateliê Bar e Petiscaria, no bairro da Ribeira, A boate Pink Elephant, no bairro de Tirol e o Whiskritório Pub, no bairro de Capim Macio. Em todos esses locais visitados fora feitas entrevistas indiretas com os usuários, buscando opiniões diversas sobre os ambientes em questão procurando saber quais aspectos poderiam ser melhorados para poder aplica-los nesse projeto. No Pepper’s Hall e na Pink Elephant, ambas caracterizadas por serem uma boate fechada com um único ambiente, era recorrente ouvir reclamações sobre a falta de lugares para sentar e poder descansar um pouco. Além disso, também foi muito citado a quantidade de ar-condicionado no local, visto que, para muitos, os ambientes eram muito calorentos. Nas duas boates citadas e também no Ateliê e no Casanova Ecobar, os usuários citavam a falta de diversidade musical, visto que nesses locais a música é uma só independentemente de onde esteja o usuário. Nas boates, devido ao fato de ser um único ambiente, e no Casanova e no Ateliê, apesar de possuírem mais de um ambiente, a música tocada é a mesma. O fator comum em todos os cinco locais visitados foi a demora tanto na entrada, quanto na saída do equipamento, devido à pouca quantidade de caixas para check-in e check-out, causando grandes filas tanto no início quanto no final das festas. Todos esses fatores foram levados em consideração para a elaboração desse trabalho. 37 2.2 – ESTUDOS INDIRETOS 2.2.1 – OPIUM MAR O clube Opium Mar, localizado em Barcelona, foi a principal referência para a elaboração desse projeto. O clube, criado no final de 2007, fica localizado no Port Olimpic de Barcelona e possui uma capacidade para 3000 pessoas, o que a coloca no posto de maior clube à beira-mar da cidade. Figura 10 – Opium, Restaurante Fonte: http://www.opiumbarcelona.com A Opium é uma mistura de restaurante com clube noturno, possuindo as duas funções em diferentes horas do dia. O restaurante funciona das 11:30 da manhã até as 23:45 da noite, momento em que o restaurante encerra suas funções e sua área passa a ser um lounge para a balada, que acontece durante toda a noite até o amanhecer. 38 Figura 11 - Opium, Área Externa Figura 12 - Opium, Área Interna Fonte: http://www.opiumbarcelona.com Um dos grandes atrativos da Opium é sua imagem de exclusividade já que, mesmo com sua grande capacidade, o espaço possui diversas áreas e terraços exclusivos (figura 13) que atraem grande público. Devido ao seu espaço amplo, o local é ideal para todos os tipos de evento, que podem ser de pequeno, médio e grande porte utilizando todos, ou apenas alguns dos ambientes disponíveis. Figura 13 - Opium, Área Vip Figura 14 - Opium, Lounge Externo Fonte: http://www.opiumbarcelona.com Esse conceito de misturar uma boate com um terraço que possui uma vista para o mar foi a principal diretriz para a elaboração desse trabalho, tendo a Opium como uma das principais referências projetuais. 39 2.2.2 – JOSEFINE/ROXY Localizada em Belo Horizonte, mais precisamente no bairro da Savassi, uma cidade brasileira que reúne uma quantidade considerável de bares, botecos e afins. Ali fica a Roxy, clube-danceteria projetado e, posteriormente, reformado pelo arquiteto - e DJ ocasional - Fred Mafra. Para ele, o objetivo de casas como a Roxy é surpreender e seduzir o público, além de oferecer comodidade, escapismo, flexibilidade e tecnologia. No trabalho, o arquiteto recebeu carta branca dos proprietários nas duas ocasiões que atuou no estabelecimento, em 2006 para a inauguração e em 2011 para um trabalho de reforma. A edificação criada para a Roxy tem quase mil metros quadrados construídos, em dois pisos de plantas retangulares e conta com duas pistas de dança, três bares, quatro camarotes vip escamoteáveis (podendo virar uma só), dois lounges e áreas de fumantes com teto retrátil. Figura 15 - Fachada Inicialem 2006 Fonte: http://migre.me/v5OnO http://migre.me/v5OnO 40 Inicialmente, a face principal da construção (figura 15) era definida por um pano de vidro laminado, recoberto por película branca. Onde Mafra a classificava como uma fachada minimalista e diz que a configuração busca amenizar o caos urbano do entorno. Ela foi elaborada, explica o autor, para facilitar o acesso a portadores de necessidades especiais. Na reforma ocorrida em 2011, Mafra continuou com a fachada minimalista (Figura 16) mas apostando na cor negra, além de revestir os pano de vidro laminado com películas espelhadas prata escura, com cada módulo do vidro acima da rampa recebendo um painel de LCD voltado para a face exterior, totalizando vinte módulos. Figura 16 - Fachada Atual Fonte: http://migre.me/v5OqD http://migre.me/v5OqD 41 O partido é decorrente da volumetria do hexágono (Figura 18) e da exploração de todas as suas faces, em tamanhos diferentes. “Elementos prismáticos, pilares formados pela união de triângulos com quadrados e volumes lapidados instigam o percurso, pois alteram a percepção dependendo do ângulo a partir do qual se olha”, descreve o autor. As plantas (Figura17) são, no entanto, simétricas em quase todos os ambientes. Figura 17 - Plantas Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-40176/josefineroxy-fred-mafra/legenda-roxy/ 42 Figura 18 - Vista da área V.I.P e o uso da volumetria do hexágono na composição dos ambientes Fonte: http://migre.me/v5OM3 A cabine do DJ, disposta no fim do eixo principal da pista do térreo, tem visão total do clube. A pista ficou mais longilínea (Figura 19), três vezes maior que a antiga. Em uma de suas laterais foi instalado o bar principal, composto por sete baias (Figura 20) que setorizam o serviço, evitando aglomerações. http://migre.me/v5OM3 43 Figura 19 - Pista de dança no térreo Fonte: http://migre.me/v5P7H Figura 20 - Baias do bar Fonte: http://migre.me/v5P3s As baias são emolduradas por pórticos em forma de trapézio, realizados em drywall duplo e acústico que impede a entrada do som e facilita o atendimento em cada nicho. O topo dos hexágonos serve como anteparo e luminária para as barras de vídeo leds pixel mapping, instaladas no perfil de alumínio do drywall e vedadas com policarbonato, onde o resultado é um teto texturizado, tridimensional, com a luz em constante movimento. O piso superior, considerado um espaço privado no club, abriga a segunda pista de dança, um terceiro bar (Figura 21), lounge e banheiros, Mafra buscou uma mescla de elementos em cores vivas e quentes, como vermelho, roxo e lilás. Os assentos são embutidos nas paredes com curvas, que remetem à estética dos anos 1970. A pista de dança, para 200 pessoas, possui iluminação programada e conta com 200 pontos de luz. http://migre.me/v5P3s 44 Figura 21 - Bar do segundo pavimento Fonte: http://migre.me/v5Pmc Esse projeto de clube noturno foi referência projetual para esse trabalho no tocante à elaboração de: - Programa de necessidades - Pré-dimensionamento - Zoneamento - Estética - Materiais/estruturas - Integração de ambientes http://migre.me/v5Pmc 45 3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS 3.1 – TERRENO 3.1.1 – LOCALIZAÇÃO O terreno escolhido para a execução do projeto localiza-se na rua Coronel Inácio Vale, no bairro de Ponta Negra, inserido na Região Administrativa Sul da cidade de Natal/RN. O bairro está inserido na Zona de Adensamento Básico segundo o Plano Diretor (PD) do município – Lei Complementar n° 82 de 21 de junho de 2007. Limita-se a norte com o bairro de Capim Macio e Parque das Dunas, a sul com o município de Parnamirim, a Leste com o Oceano Atlântico, e a Oeste com o bairro de Neópolis. Figura 22 – Localização do Bairro Fonte: Acervo pessoal Segundo Anuário da Prefeitura do Natal (2014), o bairro de Ponta Negra possui uma área de 1382 hectares - sendo um dos maiores da cidade 46 em extensão territorial - onde residem aproximadamente 25 mil pessoas (com base no censo de 2010) resultando em uma densidade habitacional de 18,12 habitantes/ha. Ainda de acordo com o Anuário 2014, o bairro tem 70% de seu território com drenagem de águas pluviais e 75% pavimentados. O terreno foi escolhido pelo fato de estar localizado em uma área de grande fluxo turístico na cidade. O bairro de Ponta Negra já é famoso por sua agitada vida noturna, devido ao fato de o bairro possuir um grande número de bares e casas noturnas. Além do fato do terreno ser no bairro maior movimentação noturna da cidade, outros aspectos essenciais como suas dimensões e o fato de ser de frente ao mar foram fundamentais em sua escolha. Figura 23 - Vista do terreno a partir de seu ponto mais elevado Fonte: Acervo pessoal O bairro de Ponta Negra conta com uma estrutura de serviços voltada ao turista, como casas de câmbio, correios, bares, hotéis, restaurantes, boates, paradas de ônibus, shoppings e pontos turísticos como o Morro do Careca e a praia de Ponta Negra. 47 Figura 24 - Vista do terreno a partir da praia Fonte: Acervo pessoal A infraestrutura do bairro é satisfatória, contando com coleta de lixo diariamente, com o abastecimento de água em 98,57% do bairro, saneamento em grande parte de sua extensão e acesso à energia elétrica. Tem 4.657 linhas de telefonia pública, é 70% drenada e 75% pavimentada. 1 unidade básica de saúde. 1 delegacia distrital, 2 delegacias especializadas, 1 base comunitária e 11 praças. A maior parte da população é alfabetizada e tem renda entre 3 e 5 salários mínimos (SEMURB, 2013). Dentro do bairro, o terreno está situado na Rua Coronel Inácio Vale, estando atualmente desocupado. O terreno escolhido possui uma localização estratégica, possuindo uma vista panorâmica da praia de Ponta Negra e localizado próximo a uma grande quantidade de hotéis, devido a sua aproximação a Via Costeira, onde ficam localizados os maiores hotéis da cidade. 48 Figura 25 - Localização do terreno Fonte: Google maps (modificado pelo autor) 3.1.2 – ASPECTOS FÍSICOS Para a resolução do projeto arquitetônico, os aspectos físicos são fatores de extrema importância por se tratar de condicionantes determinantes para soluções projetuais mais adequadas. O terreno possui aproximadamente quatro mil e oitocentos metros quadrados, possuindo setenta e três metros de dimensão na face voltada para a rua Cel. Inácio Vale, sessenta e dois metros na lateral voltada para o sul, sessenta e nove metros na lateral voltada para norte e setenta e quatro metros na face voltada para o Oceano Atlântico. 49 Figura 26 - Terreno Fonte: Acervo pessoal Além disso, o terreno possui um desnível de aproximadamente dezenove metros do ponto mais elevado, na rua Cel. Inácio Vale, ao ponto mais baixo, já na faixa de areia da praia. Figura 27 - Topografia do terreno Fonte: Acervo pessoal 50 3.1.3 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS Uma vez escolhido o terreno, a análise bioclimática deste se destaca como ponto de partida para as primeiras decisões de projeto a serem adotadas. Tomando-se conhecimento das trajetórias do sol e dos ventos predominantes, é possível identificar as potencialidades do terreno, assim como a definição dos primeiros zoneamentos. Natal está localizada na Zona Bioclimática 8, caracterizada pela presença de um clima quente e úmido, além da abundância de radiação solar durante todo o ano. Os ventos predominantes vêm da direção sudeste, leste e sul conforme a carta dos ventos de Natal. Mesmo se tratando de um projeto de uma casa noturna que, em sua maioria não possuem uma grande quantidade de aberturas, sabendo dessas informações é possível fazer as análises para se determinar as aberturas de forma a receber boa parte dos ventos e protegeras que ficarem na direção do poente, quando necessário. A análise da carta solar e da carta de ventos é importante para esse equipamento, mesmo sendo um edifício onde os ambientes são, em sua maioria, fechados e com climatização artificial, para melhorar a eficiência do uso de aparelhos de ar-condicionado devido ao ganho térmico nas fachadas, além de se fazer necessario a renovação de ar nos ambientes. 51 Figura 28 - Carta dos ventos de Natal aplicada no terreno Fonte: Acervo pessoal Com base na carta solar de Natal foi possível verificar a insolação durante o ano, notando-se que o trajeto em que o sol se apresenta de maneira mais intensa no sentido leste-oeste (nascente-poente), ressaltando que existe uma variação da angulação deste percurso que depende da estação do ano, sendo esta variação máxima no verão e no inverno. Embora seja um equipamento de uso, em sua maioria, noturno, alguns setores do edifício funcionam durante todo o dia, como a área administrativa. Sendo assim, essa área do projeto foi elaborada pensando nas proteções solares necessárias para que houvesse um maior conforto térmico durante o dia. Como as principais aberturas do edifício ficam voltadas para oeste e leste, estratégias de proteção das aberturas foram utilizadas, como a colocação de brises de madeira em toda a fachada principal da casa noturna, que fica voltada para oeste, como o uso de grande beiral nas salas 52 administrativas, que ficam voltadas para o Oceano Atlântico, privilegiando a vista de quem ali está. Figura 29 - Carta Solar de Natal aplicada no terreno Fonte: Acervo pessoal 3.2 – CONDICIONANTES LEGAIS O estudo da legislação incidente ao terreno é vital para os estudos iniciais de um projeto arquitetônico. Devem ser analisados, para a legalização do projeto de acordo com as normas, a regulamentação incidente estabelecida pelo Plano Diretor de Natal (2007), o Código de Obras e Edificações do Município de Natal (2004), a norma de acessibilidade NBR 9050/2004, e o Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte. 53 3.2.1 – PLANO DIRETOR E CODIGO DE OBRAS O macrozoneamento da cidade de Natal divide a totalidade do território do Município em três zonas: I - Zona de Adensamento Básico; II - Zona Adensável e III - Zona de Proteção Ambiental. O bairro de Ponta Negra, onde o terreno do projeto está localizado é classificado como uma Zona de Adensamento básico. No entanto, dentro do bairro outros tipos de classificação são presentes, como a Zona de Proteção Ambiental (ZPA) 05 e 06, a Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) da Vila de Ponta negra e também a Zona Especial de Interesse Turístico (ZET) é classificada como Zona Especial de Interesse Turístico (ZET) 01, onde fica localizado o terreno escolhido. Existem 04 ZET’s no Município: ZET – 1 (Ponta Negra), ZET – 2 (Via Costeira), ZET – 3 (Praia do Meio) e ZET – 4 (Redinha), que são devidamente regulamentadas nos Instrumentos de Ordenamento Urbano, do ano de 2009. Dessa forma, de acordo com o Plano diretor do Município de Natal, a parte do bairro onde está inserido o terreno, corresponde a Zona de Interesse Turístico I, portanto possui legislação e prescrições urbanísticas específicas, não se aplicando o índice de aproveitamento e recuos aplicados ao restante do bairro. A ZET – 1 apresenta quadro de prescrições urbanísticas contendo usos permitidos e tolerados, área mínima de lotes, índices urbanísticos, recuos e demais legislações específicas para cada uso. Para o projeto em questão aplicam-se as prescrições urbanísticas da Tabela 01, referentes ao uso como prestação de serviço 54 Tabela 1 - Prescrições urbanisticas USO LOTE EDIFICAÇÃO Prestação de Serviços Área Mínima (m²) Frente Mínima (m) Índices Urbanísticos Recuos Mínimos Gabarito Máximo (M) Utilização Ocupação Frontal (m) Lateral (m) Fundo (m) 7,5m medidos em qualquer ponto do terreno 360 12 1,2 60% 5,00 1,50 3,00 Fonte: Instrumentos de Ordenamento Urbano de Natal, 2009 Nota: Elaboração do autor, 2016. O Código de Obras é o instrumento utilizado para disciplinar os procedimentos executivos e administrativos além das regras gerais e especificas relacionadas as obras, edificações e equipamentos, inclusive os destinados ao funcionamento de órgãos ou serviços públicos. Trata-se de uma lei complementar que tem como objetivos de orientar os projetos e as execuções das obras e edificações do município. No âmbito municipal, essa lei tem o objetivo de garantir índices mínimos aceitáveis de habitabilidade, principalmente no que se refere à segurança e salubridade, através da regulamentação das atividades de elaboração e aprovação de projetos, licenciamento para construir, execução de obras, utilização e manutenção das obras e edificações públicas e privadas. A quantidade de estacionamento necessária depende do tipo de via em que o terreno se encontra e do uso da edificação. Sendo assim, deve-se analisar a legislação para uma via local, visto que o terreno se localiza na rua Cel. Inácio do Vale, caracterizada como uma via local de acordo com o código de obas. Quanto a tipologia a edificação é caracterizada como restaurantes, salão de festas e boates, logo, é exigido uma vaga para cada 20m² de área de público para esse tipo de edificação. 55 O código de obras estabelece ainda que as dimensões mínimas de uma vaga de estacionamento para carros são de 2,40m X 4,50m, sendo recomendadas 2,50 X 5,00m e para o estacionamento de carros pequenos e médios, em ângulo de 90º em relação à via, deve ser prevista a circulação mínima de 5,00m. Além disso o Código de Obras ainda exige que o estabelecimento tenha área de carga e descarga, embarque e desembarque, e lixo. Além disso o Código de Obras ainda diz que todas as edificações públicas ou privadas de uso coletivo, devem garantir o acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida, atendendo as seguintes condições e de conformidade com as normas da ABNT. E também é existente a preocupação com os fatores climáticos, toda edificação deve ser projetada com a observância e orientação dos pontos cardeais, atendendo, sempre que possível, aos critérios mais favoráveis de ventilação, insolação e iluminação. 3.2.2 – CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO O código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte classifica um equipamento de lazer noturno é como reunião pública e edificações com essa classificação devem atender as exigências de dispositivos de proteção contra incêndio, de acordo com a área construída e altura da edificação. O equipamento de lazer noturno com altura entre seis e quinze metros e área construída superior a 750m², deve atender as exigências da norma como: Prevenção fixa (hidrantes); Prevenção móvel (extintores de incêndio); 56 Chuveiros automáticos (sprinkler) nas circulações e área comuns e nas dependências de risco “C”; Iluminação de emergência; Sinalização; Escada convencional; Instalação de hidrante público; Além dessas normas existem outros requisitos relevantes para o anteprojeto que devem ser atendidos como as portas de saída de emergência, que deverão ter abertura no sentido de saída e destravamento por barra anti-pânico. Em ambientes com mais de 100 lugares, além das aberturas normais de entrada, deverão dispor de saídas de emergência com largura mínima de dois metros e vinte centímetros (2,20m), acrescendo-se uma unidade de passagem (cinquenta e cinco centímetros) para excedentes de 100 pessoas. Em edificações com mais de um pavimento terão escadas com largura mínima de um metro e sessenta centímetros (1,60m), para público de até200 pessoas, acrescendo-se uma unidade de passagem de cinquenta e cinco centímetros (0,55 m), para excedentes de 200 pessoas. Se faz obrigatória a utilização de guarda-corpo nas sacadas, rampas e escadas, em material resistente, evitando-se quedas acidentais. Deve-se dispor de locais de espera com área obedecendo a proporção de doze metros quadrados (12 m²) para público de 200 pessoas, acrescendo-se dois metros quadrados (2m2) para excedentes de 100 pessoas. A lotação máxima será calculada de acordo com os seguintes parâmetros: a. pessoas sentadas: uma pessoa para cada 0,70 m²; 57 b. pessoas em pé: uma pessoa para cada 0,50 m²; c. nas arquibancadas: para cada 1m² considera-se duas pessoas sentadas ou três pessoas em pé; d. não serão considerados no cálculo a área de circulação e “halls”; 3.2.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE A NBR 9050 tem o objetivo de estabelecer critérios e parâmetros técnicos a serem observados no projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. A norma visa proporcionar à maior quantidade à maior quantidade de pessoas, independente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos. Os critérios exigidos pela norma serão consultados mediante necessidades, mas alguns dos critérios que podem influenciar a concepção do projeto nesse momento são as determinações referentes aos vãos livres mínimos que são de 80cm, acessos sem barreiras, tanto social quanto serviço, as dimensões mínimas para banheiros de 1,50m por 1,70m e as inclinações de rampas e dimensões de corrimãos e guarda-corpo. Em relação ao estacionamento, na NBR9050 é citado que é dispensada a vaga adaptada para pessoas com deficiência quando o estacionamento contiver até 10 vagas, de 11 a 100 vagas, é exigida 1 vaga reservada à deficiente, e quanto houver mais de 100 vagas, é necessário que 1% destas sejam adaptadas. As vagas devem conter sinalização vertical e horizontal, e estar ligada às principais rotas de entrada. Junto a essas vagas deve existir um espaço adicional, para circulação da cadeira de roda, de 1,20m de largura, que deve estar associado a guia de acesso à calçada. 58 4 – MÉTODO DE PROJETO O processo projetual consiste em uma progressão, ou seja, parte de um ponto – contexto considerado problemático – e evolui em direção a uma proposta de solução. Ele varia conforme cada pessoa, pois é um fenômeno de natureza nitidamente psicológica. De acordo com Evan Silva (1998), para que a composição evolua à uma solução adequada ela necessita passar por etapas especificas. Sendo essas etapas programa, partido arquitetônico, estudos preliminares, anteprojeto e projeto definitivo. Na prática profissional, os procedimentos apresentam semelhanças quanto à configuração geral. Os momentos de comunicação e de exposição dos resultados caracterizam as etapas de desenvolvimento do processo projetual. Estas se distinguem pelo grau de definição alcançado. O método do projeto elaborado a seguir teve como embasamento principal para a composição arquitetônica a bagagem teórica deste autor, dos qual será subtraído e adaptado as diretrizes e conceitos que mais possam enriquecer o processo e qualificar o produto. No caso, será apresentado uma proposta de nível anteprojeto que, segundo Silva (1998), se define como "uma solução geral do problema, com a definição de partido adotado, da concepção estrutural e das instalações, possibilitando a clara compreensão da obra a ser executada. Nesta etapa, faltam informações pormenorizadas". 4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades da casa noturna foi definido a partir dos estudos de referência e pesquisas relacionadas ao tema. Para elaboração do programa de necessidades, o projeto foi dividido em seis áreas principais: Pista de dança 1, pista de dança 2, área 59 aberta, Área de serviços, área administrativa e área técnica. Após essa divisão em áreas gerais do projeto, foi feito o programa de cada uma dessas áreas. Pista 1 – (400/500 pessoas) Pista de dança; Palco; Camarim; Camarotes; Bar; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE). Pista 2 – (150/200 pessoas) Cabine DJ; Bar; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE). Área aberta – (300/350 Pessoas) Bar; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE); Área para mesas e cadeiras. Administrativo – Recepção; Sala de Administração; Sala de reunião; Escritório (2); Financeiro; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE). Serviço – Bilheteria; Recepção/Espera; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE); Depósito; Copa; Recebimento de mercadorias; Cozinha; Dispensa; Banheiros com vestiário (Masc./ Fem./ PNE); Casa de gás; Casa de lixo. Técnico – Casa de Maquinas; Sala de controle (Elétrico/eletrônico). Estacionamento – O cálculo para a quantidade de vagas de estacionamento foi realizado de acordo com o código de obras de Natal, que define que o empreendimento sob a classificação de restaurante, boate, ou salão de festa, 60 localizados em vias locais, deve-se prever no mínimo uma vaga para cada 20m² de área de público. Após elaborado o programa de necessidades do equipamento a ser projetado, foi feito um pré-dimensionamento do edifício para, em seguida, começar a elaboração do projeto da casa noturna. 4.2 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO Com base no programa de necessidades, nos estudos de referência e nas normas necessárias para a elaboração do projeto, como o código de obras, o plano diretor e o Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do estado, foi elaborado o pré-dimensionamento dos ambientes presentes no projeto. O cálculo do pré-dimensionamento dessas áreas públicas será baseado da norma do Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte. Essa norma estabelece uma área mínima de 0,70m² para as pessoas sentadas e 0,50m² para as pessoas em pé. Para que haja um maior conforto, serão consideradas as áreas de 0,8m² para pessoas em pé e 1m² para pessoas sentadas. Tabela 2 - Pré-dimensionamento pista 1 Nota: Elaborado pelo autor, 2016. 61 Tabela 3 - Pré-dimensionamento pista 2 Nota: Elaborado pelo autor, 2016. Tabela 4 - Pré-dimensionamento área pública aberta Nota: Elaborado pelo autor, 2016. Tabela 5 - Pré-dimensionamento setor administrativo Nota: Elaborado pelo autor, 2016. 62 Tabela 6 - Pré-dimensionamento área de serviço Nota: Elaborado pelo autor, 2016. Tabela 7 - Pré-dimensionamento área técnica Nota: Elaborado pelo autor, 2016. Tabela 8 - Quadro resumo Nota: Elaborado pelo autor, 2016. 63 4.3 – RELAÇÕES PROGRAMÁTICAS Após construção do programa e da elaboração do pré- dimensionamento, o passo seguinte é a interpretação e organização dos dados coletados em forma de organograma, onde estão apresentados dos elementos devidamente relacionados entre si. Figura 30 - Zoneamento Geral Fonte: Acervo pessoal O zoneamento considerou a necessidade que cada setor tem de se relacionar com os acessos e os demais setores. Outro fator importante levado em consideração foi a relação do terreno com a visual para o mar, deixando os principais ambientes de permanência prolongada com a visual mais privilegiada e, também, relacionar com o norte do terreno, para projetar os espaços abertos em áreas passíveis de receber a ventilação natural predominante vinda de sudeste. 64 Figura 31 - Fluxograma Fonte: Acervo pessoal A área comum se caracteriza como a principal zona do projeto, por isso o seu posicionamento central antecedendo todas as outras zonas. Já a área da administração se configura como o único local do equipamento de permanência prolongada, por esse motivo foi posicionado voltado para
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