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VICTOR ARTHUR OLIVEIRA DE FARIAS Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico NATAL/RN 2018 www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol ppgscol@dod.ufrn.br 55-84-3342-2338 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA VICTOR ARTHUR OLIVEIRA DE FARIAS Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientadora: Profa. Dra. Patrícia dos Santos Calderon Natal/RN 2018 VICTOR ARTHUR OLIVEIRA DE FARIAS CONDICIONAMNTO GENGIVAL EM COROAS PROVISÓRIAS SOBRE IMPLANTES EM ÁREA ESTÉTICA: UM ENSAIO CLÍNICO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em: ____/____/_______ BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________________ Profa. Dra. Patrícia dos Santos Calderon – Orientadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte __________________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Rafaela Luz de Aquino Martins – Membro Interno Universidade Federal do Rio Grande do Norte __________________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Clara Soares Paiva Torres – Membro Externo Universidade Estadual do Rio Grande do Norte Natal/RN 2018 RESUMO INTRODUÇÃO: O fator estético é um dos critérios utilizados na definição do sucesso de reabilitações implantossuportadas. Os critérios estéticos dos profissionais para essa característica variam a depender da sua área de especialização e vivência clínica. O objetivo desse trabalho é mensurar a influência do condicionamento gengival no resultado estético, bem como avaliar a percepção de diferentes especialidades no resultado dessa intervenção em restaurações provisórias unitárias sobre implante na região do sorriso. METODOLOGIA: Dez pacientes foram submetidos a cirurgia de instalação de implante com conexão cônica. Todos os pacientes receberam próteses provisórias sobre implante em resina acrílica. O processo de condicionamento gengival foi realizado pela técnica não-cirúrgica de pressão gradual. Fotografias da região reabilitada foram realizadas na instalação da coroa provisória e na última sessão de condicionamento gengival. Três avaliadores especialistas e um clínico geral, mascarados com relação a fase da restauração provisória, aplicaram o Pink Esthetic Score (PES) a partir dos critérios observados nas fotografias. Cada avaliador repetiu o PES três vezes num espaço de 3 dias entre as avaliações, nas quais a sequência de fotografias era diferente. Os resultados foram avaliados estatisticamente utilizando o Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI), o teste não-paramétrico de Wilcoxon e o teste de qui-quadrado de Pearson. RESULTADOS: Os avaliadores tiveram uma concordância média para os valores de PES e todos os critérios constituintes (entre 40% e 75%), no qual o clínico geral apresentou maior grau de discordância em todos os parâmetros. O protesista foi o mais criterioso para as avaliações enquanto o clínico geral e o periodontista apresentaram medianas semelhantes para os escores antes e depois. Existiu diferença significativa entre a avaliação do PES antes e depois do condicionamento gengival para todos os avaliadores (p<0,05), indicando que houve melhora na estética após a realização do condicionamento gengival. CONCLUSÃO: O condicionamento gengival influencia positivamente no escore do PES e de seus parâmetros constituintes e essa diferença pode ser notada por todos os avaliadores. Palavras-chave: Implante Unitário, Estética Dentária, Condicionamento tecidual. ABSTRACT BACKGROUND: The esthetic outcome is one of the criteria used to build a definition of success in implant-supported restorations. The esthetic criteria of professionals for these characteristics vary depending on their area of specialization and clinical experience. The aim of this study is to measure the influence of soft tissue conditioning on esthetic outcome as well as to evaluate the perception of different specialties in the result of this intervention in provisional crowns on single implants in the smile zone. METHODS: Ten patients underwent an implant placement surgery to insert a morse tapered implant. All patients received an acrylic resin implant- supported provisional crown. The soft tissue conditioning process was performed with a non-surgical technique of gradual pressure. Photographs of the rehabilitated region were taken at the first provisional crown insertion and at the last session of soft tissue management. Three specialists and a general practitioner were selected as blinded examiners and applied the Pink Esthetic Score (PES) based on the criteria observed in the photographs. Each examiner repeated the PES three times within three days between analyses. Each evaluation had a different sequence of photos. The results were analyzed using the Intraclass Correlation Coefficient (ICC), the nonparametric Wilcoxon signed-rank test, and the Pearson’s chi-square test. RESULTS: The evaluators had a mean agreement for PES values and all the constituent criteria (between 40% and 75%), in which the general practitioner showed the greater degree of disagreement in all parameters. The prosthodontist gave the lowest scores for the evaluations while the general practitioner and the periodontist presented similar results (highest scores) for the before and after scores. There was a significant difference between the evaluation of PES before and after gingival conditioning for all evaluators (p <0.05), indicating that there was an improvement in aesthetics after gingival conditioning. CONCLUSION: Soft tissue conditioning positively influences the PES score and its constituent parameters and this difference could be noticed by all the evaluators. Keywords: Single Implant, Esthetic Dentistry, Tissue Conditioning. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Dimensões necessárias para se realizar a reabilitação com implantes ............... 15 Figura 2. Preparação do Guia Multifuncional previamente à realização da tomada radiográfica ......................................................................................................................... 16 Figura 3. Tomografia computadorizada realizada com o guia multifuncional em boca ... 17 Figura 4. Instalação do pilar e prova do cilindro provisório .............................................. 19 Figura 5. União do dente de estoque ao cilindro provisório ............................................. 20 Figura 6. Instalação do provisório .................................................................................... 21 Figura 7. Modificações do provisório em fase de condicionamento ................................. 23 Figura 8. Comparação de sessões de condicionamento .................................................... 24 Figura 9. Fluxograma dos pacientes envolvidos na pesquisa ........................................... 26 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Caracterização da amostra .................................................................................27 Tabela 2. Valores do Coeficiente de Correlação Intraclasse entre especialidades ........... 28 Tabela 3. Análise das médias dos escores do Pink Esthetic Score em função dos especialistas......................................................................................................................... 29 Tabela 4. Situação do PES antes e depois da realização do condicionamento gengival. .. 30 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3 2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 5 2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................... 5 2.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ESTÉTICA EM IMPLANTES UNITÁRIOS ..................................................................................................................................... 5 2.3 MANEJO DO TECIDO PERIIMPLANTAR ................................................................... 7 3.OBJETIVO ....................................................................................................................... 12 3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 12 3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................................................. 12 4. MÉTODO ......................................................................................................................... 13 4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO ............................................................................... 13 4.2 PLANO AMOSTAL.............................................................................................................. 13 4.3 CRITÉRIO DE INCLUSÃO .............................................................................................. 13 4.4 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO ............................................................................................. 13 4.5 VARIÁVEIS............................................................................................................................ 14 4.6 EXECUÇÃO DA INTERVENÇÃO.................................................................................. 15 4.6.1 FASE PRÉ-CIRÚRGICA ........................................................................................................... 15 4.6.2 FASE CIRÚRGICA...................................................................................................................... 18 4.6.3 FASE PROTÉTICA...................................................................................................................... 19 4.7 APLICAÇÃO DO PES ......................................................................................................... 25 4.8 ANÁLISE DE DADOS ......................................................................................................... 26 4.9 ASPECTOS ÉTICOS ........................................................................................................... 26 5. RESULTADOS ............................................................................................................... 28 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................... 28 5.2 AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS ........................................................................... 30 6. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 34 6.1 A MOTIVAÇÃO ESTÉTICA DA REABILITAÇÃO COM IMPLANTES DENTÁRIOS ................................................................................................................................. 34 6.2 A UTILIZAÇÃO DO PES POR DIFERENTES ESPECIALIDADES NA AVALIAÇÃO DA ESTÉTICA DE IMPLANTES UNITÁRIOS .................................... 34 6.3 AVALIAÇÃO ESTÉTICA DO CONDICIONAMENTO GENGIVAL ATRAVÉS DO PES ........................................................................................................................................... 36 7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 39 ANEXOS ............................................................................................................................... 45 Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 3 1.INTRODUÇÃO A Implantodontia moderna aborda de maneira ampliada o sucesso de um tratamento de reabilitação oral, em que além de respeitar os princípios de osseointegração, o implante deve receber uma restauração protética que esteja em condições ideais de oclusão, adaptação e estética. Essas condições proporcionam satisfação ao paciente, fornecendo assim qualidade à longevidade da prótese sobre implante (BUSER E BELSER, 2004; CHO ET AL, 2010, DEL FABBRO ET AL, 2015). Nesse sentido, a avaliação estética participa como um importante ponto a ser considerado no tratamento, principalmente quando realizada em região estética, que quando aliada a outros parâmetros, terá sua contribuição para o êxito da intervenção (CHO ET AL, 2010; DEN HARTOG, 2011; DEN HARTOG, 2014). Em reabilitações unitárias, a mensuração do critério estético pode ser determinada a partir de parâmetros que levam em consideração tanto a mucosa periimplantar como aspectos da prótese sobre implante (FÜRHAUSER ET AL, 2005, BELSER ET AL 2009). Aspectos que avaliam a restauração protética apresentam uma maior previsibilidade, já que o cirurgião-dentista é responsável por determinar as características que são levadas em consideração em sua avaliação, como coloração, forma, tamanho e caracterização, o que não acontece de forma direta nos critérios relacionados à mucosa periimplantar, como por exemplo a formação de papila distal e mesial ou a disposição do tecido mole na região do processo alveolar (DEN HARTOG ET AL, 2011). Para redimensionar a mucosa considerando sua situação inicial para uma condição esteticamente mais adequada, é possível realizar o condicionamento gengival (ZETU E WANG, 2005, MORTON ET AL, 2014). Essa manobra clínica é um processo de remodelação da mucosa periimplantar para o desenvolvimento de estruturas anatômicas semelhantes às do periodonto presente circundando os elementos dentários, como papila interdental e zênite gengival, dando assim naturalidade e uma melhor estética à restauração protética. A falta de cuidados como o condicionamento da mucosa periimplantar pode resultar na ausência de estruturas anatômicas normalmente presentes no periodonto e no não desenvolvimento de um perfil de emergência da coroa, artificializando a restauração protética (FUENTEALBA E JOFRÉ, 2015). Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 4 O processo de condicionamento gengival, quando realizado pela técnica de pressão gradual, se mostra como uma alternativa não-invasiva que apresenta resultados satisfatórios quando comparado a outros métodos, fazendo com que essa fase seja de grande importância para a obtenção de uma estética inicial satisfatória, bem como a manutenção de uma estética final consistente (LEVINE ET AL, 2017; WITTNEBEN ET AL 2013). O fator limitante para o desenvolvimento da estética através do condicionamento gengival é dado pela capacidade do tecido mole em responder ao tratamento, chegando a um limite de melhora determinado pelas próprias condições teciduais. A depender do profissional que desenvolve o condicionamento ou avalia a estética de um implante dentário, é possível que setenham diferenças entre seus critérios, podendo ser influenciado pelo seu conhecimento específico, assim como acontece em diferentes especialidades ao avaliar reabilitações esteticamente através de instrumentos específicos para tal (CHO et al 2010). Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo avaliar o efeito do condicionamento gengival na estética de coroas unitários provisórias sobre implantes na região do sorriso, comparando a sensibilidade de diferentes tipos de especialistas. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 5 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Com o envelhecimento progressivo da população mundial e a busca constante por qualidade de vida, a reabilitação oral tem tido um importante papel na saúde geral. Nesse panorama, a implantodontia vem ganhando destaque nos últimos anos, apresentando altos índices de sucesso, viabilidade a longo prazo e mostrando resultados positivos de satisfação por parte de profissionais e pacientes (ALBREKTSSON et al, 1986; AL-SABBAGH, 2006). Os implantes dentários tem sido uma alternativa na reabilitação desde a descoberta da osseointegração (BRÅNEMARK et al 1969). O processo de osseointegração pode ser definido pela formação óssea diretamente na superfície do implante dentário no qual esse complexo pode ser submetido a uma determinada função. No caso do implante dentário, quando submetido a uma carga mastigatória sem apresentar falhas, pode-se dizer que houve osseointegração do implante ao tecido ósseo. O processo de osseointegração é complexo e depende tanto de características do tecido ósseo, como tipo do osso a se realizar a implantação, bem como características do implante, como o desenho do implante, características da plataforma e tipo de superfície (ALBREKTSSON et al, 1986; AL-SABBAGH, 2006). Quando comparado a outros tipos de reabilitação, os implantes dentários apresentam como uma de suas principais vantagens a longevidade, conferindo estabilidade, conforto e estética ao tratamento (LEVI et al, 2003). O sucesso de um implante dentário é abordado de forma ampliada, em que além de seguir e respeitar princípios biológicos como a osseointegração, esse deve suportar uma restauração protética em função oclusal, além de apresentar-se esteticamente agradável, de modo a fornecer satisfação ao paciente com relação ao tratamento. Nesse sentido, o componente estético entra como um importante aspecto no tratamento, onde aliado a outros parâmetros terá sua contribuição para o êxito da reabilitação (AL-SABBAGH, 2006; CHO et al 2010). 2.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ESTÉTICA EM IMPLANTES UNITÁRIOS É importante ressaltar que a percepção estética da reabilitação oral ocorre diferentemente entre pacientes e cirurgiões-dentistas. As conclusões obtidas pelo Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 6 profissional a partir da avaliação de princípios clínicos e radiográficos são considerados análises objetivas. Entrevistas ou questionários a respeito da estética dos implantes podem ser realizados como ferramentas na avaliação da satisfação do paciente para com o tratamento, sendo assim, métodos de análise subjetivas (COSYN, 2012; DEN HARTOG, 2011). Na análise objetiva, é possível observar na literatura a presença de vários índices que tentam agrupar os principais critérios clínicos que influenciam diretamente na estética de um implante dentário. O Papilla Filled Index (PFI), avalia apenas a papila periimplantar, utilizando uma escala que varia entre ausente, normal e hiperplásica; e a descoloração da mucosa periimplantar, onde podia ou não transparecer a margem de titânio do implante (JEMT 1997). Fürhauser et al. sugeriram em 2005 um novo índice denominado Pink Esthetic Score (PES). Esse índice monitora a condição dos tecidos moles na definição e manutenção da estética para implantes unitários comparando as coroas implantossuportadas aos dentes homólogos através de fotografias. Além das dimensões da papila mesial, papila distal e da cor do tecido gengival, o PES avalia também os níveis do tecido mole com relação ao implante, seu contorno e textura , incluindo também o nível de reabsorção do processo alveolar, totalizando 7 critérios que variam em um escore crescente de 0 a 2 para cada categoria, onde 0 representa ausência, 1 significa um resultado incompleto ou parcial e 2 representa a presença da característica quando comparado ao dente homólogo, podendo alcançar um total de 14 pontos em sua avaliação máxima (FÜRHAUSER ET AL, 2005). Outros índices surgiram com a proposta de incorporar variáveis relacionados à prótese em índices que já avaliavam características estéticas da mucosa periimplantar. O Implant Crown Aesthetic Index (ICAI) foi desenvolvido com o objetivo de trazer as abordagens protéticas e periimplantares em um só instrumento de avaliação abordando 9 critérios. A distância mesiodistal, a posição da borda incisal, a convexidade vestibular, a cor e a translucidez eram os critérios avaliados na coroa enquanto a posição da margem da mucosa periimplantar com relação ao dente adjacente, as papilas periimplantares, o contorno, a superfície e a coloração da mucosa periimplantar eram os critérios utilizados por esse instrumento para os tecidos moles. O avaliador deveria atribuir valores nos quais 0 representava um resultado estético excelente e 5 uma estética considerada pobre (MEIJER ET AL, 2005). Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 7 Devido a baixa reprodutibilidade e baixa aceitação clínica do ICAI, o White Esthetic Score (WES) foi desenvolvido para aliar-se ao PES no sistema PES/WES de avaliação estética de implantes. O WES incorpora a estética relacionada apenas à característica restritas à própria coroa do implante, como por exemplo a sua forma, contorno, volume, textura, translucidez e o trabalho de caracterização, que aliadas aos parâmetros gengivais avaliados pelo PES resultam num conceito de avaliação mais amplo para a estética de implantes unitários (BELSER, 2009, TETTAMANTI et al 2016). Tettamanti e colaboradores compararam em 2016 a aplicação do ICAI e do PES/WES a um novo instrumento de avaliação estética denominado Peri-Implant and Crown Index (PICI). Dez ortodontista, protesistas, clínico gerais e pessoas leigas avaliaram 30 fotografias de pacientes repetidamente e aleatoriamente em um curto espaço de tempo, afim de identificar o teste mais preciso para a avaliação estética de próteses implantossuportadas. Como conclusão, esse estudo trouxe o PES/WES e o PICI como os testes que menos apresentaram variações de resultados ao longo das avaliações e sugere o uso desses instrumentos para avaliação estética. É necessário ressaltar que existem exigências de resultados estéticos favoráveis não só por parte dos profissionais, mas também pelos pacientes, onde a satisfação e aprovação final de ambos, juntamente a outras características, conferem a um implante dentário, de fato, um prognóstico favorável. No amplo e atual campo da Implantodontia, ainda se fazem necessárias evidências científicas que apontem e qualifiquem melhor os aspectos objetivos e subjetivos que determinam o sucesso estético de implantes dentários unitários na região anterior, para que dessa forma a Odontologia consiga executar com mais precisão e excelência a reabilitação de pacientes parcialmente edêntulos. 2.3 MANEJO DO TECIDO PERIIMPLANTAR É necessário levar em consideração que para se obter uma estética adequada na região da implantação, deve-se levar em conta aspectos relacionados ao implante e ao sítio que se pretende reabilitar. O posicionamento do implante deve se encontrar de modo que seja possível a reabilitaçãosem prejuízo estético. O tecido ósseo disponível deve ser suficiente, sem apresentação de deformidades expressivas na região do processo alveolar, que normalmente sofre reabsorção ao longo do tempo após a perda Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 8 dentária (BASHUTSKI E WANG, 2007, CHOW & WANG 2010). A quantidade de tecido mole e o biótipo periodontal também devem ser avaliados. Pacientes com pouca disponibilidade de mucosa queratinizada e de biótipo fino podem apresentar dificuldades na estética rosa como recessões ou aparência acinzentada devido à transparência de componentes metálicos (BASHUTSKI E WANG, 2007, YEUNG, 2008). Considerando que esses fatores podem influenciar negativamente na estética da reabilitação tem-se então o planejamento reverso como mandatório para a obtenção de bons resultados estéticos em próteses implantossuportadas (BASHUTSKI E WANG, 2007). Nesse sentido foram desenvolvidas manobras clínicas com o objetivo de melhorar o arcabouço periimplantar da prótese, remodelando o tecido mole de acordo com sua disponibilidade e limitações. Essas técnicas recebem o nome de condicionamento gengival (CHOW & WANG 2010). Algumas técnicas de condicionamento gengival podem ser cirúrgicas e geralmente tem como objetivo realizar incisões, retalhos e suturas a fim de modelar o tecido mole na região do implante de modo que após a sua cicatrização, o resultado se assemelhe à papilas interdentais (PRATO et al, 2004, QUESADA et al 2014). Cirurgias de enxerto de tecido conjuntivo por meio de enxerto gengival livre ou de enxerto pediculado podem ser realizadas após a osseointegração do implante para se obter uma maior disponibilidade de tecido mole (CAIRO, PAGLIARO & NIERI, 2008, CHOW & WANG 2010). A técnica da pressão gradual consiste numa técnica não-cirúrgica de condicionamento gengival em que alterações nas dimensões da prótese provisória são realizadas com acréscimos em resina acrílica de modo a pressionar a mucosa periimplantar, remodelando-a de acordo com a conformação que se deseja obter. (WITTNEBEN et al, 2013, FURZE et al 2016). Os pontos de contato entre os dentes adjacentes e a próteses provisória em implantes unitários terão um papel importante na conformação da papila e devem ser posicionados de maneira que a papila tenha espaço suficiente para se desenvolver (CHOQUET et al, 2001). Essa técnica é de execução simples e apresenta resultados satisfatórios, porém alguns cuidados devem ser tomados durante a sua realização. Pressões excessivas podem ocasionar ulcerações e perdas teciduais representando um dano estético ao tratamento. A adição de resina acrílica pode gerar regiões porosas que precisam receber acabamento e polimento para evitar a criação de um fator adicional de Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 9 retenção de biofilme com a instalação da prótese temporária, o que representaria um risco de desenvolvimento de doenças periimplantares (OLIVEIRA ET AL 2002, WITTNEBEN et al, 2013, QUESADA et al 2014) Furze e colaboradores (2016) comparam, através de fotografias, dois grupos de implantes de carga tardia quanto a sua estética. Um dos grupos desse estudo recebeu um provisório com a realização de condicionamento gengival pela técnica da pressão gradual por 6 meses, enquanto o outro grupo, após a fase de cicatrização, recebeu uma coroa final, sem fase de provisório. Para compara-los esteticamente, as fotografias dos referidos casos foram submetidas à análise de avaliadores de acordo com os critérios do PES/WES. Parâmetros de perda óssea também foram levados em consideração nesse estudo através de tomadas radiográficas periódicas. Observou-se que o grupo em que foi realizado o condicionamento gengival apresentou melhores resultados estéticos em todos os critérios avaliados(p < 0,05), com exceção de aspectos relacionados à coroa como forma (p= 0.07), textura de superfície (p=0.544) e cor da restauração (p=0.508). Quanto à perda óssea, não foi observada diferença significativa entre os grupos. Como conclusão, percebe-se que houve vantagem no resultado estético de próteses unitárias sobre implante que receberam condicionamento sob as que não receberam e que, além disso, esse resultado podia ser creditado à manipulação do tecido periimplantar, já que a perda óssea não havia demonstrado influência significativa entre os dois grupos. É importante ressaltar que a técnica de pressão gradual ocorre baseada em modificações na restauração protética, ocasionando modificações também no arcabouço periimplantar. Sendo assim, as restaurações provisórias podem ser utilizadas na etapa de remodelação, já que essas permitem mudanças em suas dimensões. Assim sendo, as próteses finais trabalham na manutenção do perfil da mucosa periimplantar que foi conseguido como resultado final da fase de condicionamento gengival (ELIAN et al 2007, do NASCIMENTO et al, 2012). Desse modo, a restauração protética final juntamente ao arcabouço do tecido periimplantar se complementam na definição do critério estético dos implantes dentários e a sua estética rosa pode ser aprimorada através de técnicas de condicionamento gengival a fim de se obter um resultado de estética geral mais satisfatório. 2.4 AVALIAÇÃO ESTÉTICA POR DIFERENTES ESPECIALISTAS Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 10 A estética objetiva em implantodontia segue parâmetros para sua avaliação que podem variar dependendo de que componente estético se deseja avaliar (coroa ou mucosa periimplantar) ou a depender da escolha do instrumento de avaliação. Além disso, quando realizada por profissionais de diferentes especialidades, o julgamento estético de implantes pode sofrer variações justamente pela diferença da formação entre os profissionais, que desenvolvem aptidões e critérios de acordo com sua rotina clínica e conhecimento específico. Durante a validação do seu instrumento de avaliação estética, O PES, Fürhauser e colaboradores (2005) submeteram grupos de protesistas, cirurgiões orais, ortodontistas e estudantes de odontologias (5 avaliadores em cada grupo) a realizarem o PES em 30 fotografias de reabilitações com coroas unitárias sobe implante. Através da análise de variância dos resultados, a diferença entre os grupos foi significante (p=0.001), onde os ortodontistas apareceram como os profissionais mais criteriosos e os protesistas sendo os menos criterioso para o índice. Os autores justificam o alto critério dos ortodontistas com relação ao índice pela frequência com que essa especialidade precisa lidar com exigências estéticas em dentes naturais, havendo então diferença entre o senso crítico dessa especialidade comparada as outras. Em 2014, Vaidya e colaboradores utilizaram o índice PES/WES e o ICAI para avaliação de 20 fotografias de pacientes com reabilitações implantossuportadas unitárias por 6 grupos de profissionais (dois ortodontistas, dois protesistas, dois cirurgiões orais, dois periodontistas, dois técnicos em saúde bucal, dois assistentes de saúde bucal). Para todos os instrumentos utilizados, a diferença entre os grupos foi significativa (p≤0,001). Como conclusão do estudo, os autores trazem que os dois instrumentos em questão tem efetividade semelhante para a avaliação estética dos casos apresentados, porém o viés tendencioso da visão subjetiva da estética em cada especialidade, por cada profissional, não conseguiu ser superado. Dani e colaboradores (2018) desenvolveram um estudo onde se objetivava verificar a compatibilidade das avaliações estéticas aravés de fotografias de 20 reabilitações unitárias com implantes na região maxilar anterior através dos índices PES/WES de 20 profissionais de diferentes especialidades (4protesistas, 4 periodontistas, 4 cirurgiões orais, 4 endodontistas e 4 clínicos gerias). Além disso, 25 pessoas leigas também foram consultadas na pesquisa, onde elas deveriam identificar o implante dentre os elementos naturais. As avaliações entre os grupos de Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 11 profissionais mostraram diferença significativa (p<0,05). Foi observado também que quando os valores de PES/WES eram superiores à 16, 80% do grupo de leigos não era capaz de identificar qual o elemento reabilitado, enquanto os que recebiam notas inferiores a 10 eram identificados por 64% dos participantes desse grupo. Como conclusão desse estudo, o autor aponta a definição do caráter estético das reabilitações pelos profissionais como a junção critério subjetivo e objetivo, onde os dois elementos juntos trabalham em sua construção. Percebe-se então que além de análises objetivas, existem também diferenças quanto à subjetividade do profissional a respeito da aparência e da definição de estética construída pela sua vivência em ambiente clínico, sua formação e sua experiência profissional. Essa fato credita a determinadas especialidades um senso crítico mais apurado que outras mesmo quando esse tipo de avaliação se dá através de um instrumento de parâmetros objetivos, como o PES. Sendo assim, diferentes profissionais podem ter julgamentos divergentes sobre o mesmo caso, então, se faz necessária a avaliação desses casos por um número variados de especialistas para que alterações em características muito específicas, como o condicionamento gengival, sejam percebidas e quantificadas. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 12 3.OBJETIVO 3.1 OBJETIVO GERAL Avaliar a efetividade do condicionamento gengival no resultado estético de coroas unitárias provisórias sobre implante em região do sorriso. 3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO a) Avaliar através do Pink Esthetic Score o escore antes e após condicionamento gengival da estética rosa de coroas unitárias provisórias sobre implante na região do sorriso. b) Comparar o resultado do Pink Esthetic Score em diferentes especialidades odontológicas. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 13 4. MÉTODO 4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO O estudo é do tipo individuado, onde as informações colhidas de cada paciente representaram a unidade de análise do dado pesquisado. Um acompanhamento da intervenção ao longo do tempo foi realizado classificando-o quanto a dimensão temporal como longitudinal. O estudo em questão trata-se de um ensaio clínico não- controlado não-randomizado onde todos os pacientes incluídos foram submetidos às mesmas intervenções clínicas sem a presença de um grupo controle. 4.2 PLANO AMOSTAL A população estudada nessa pesquisa foi constituída por pacientes reabilitados com coroas provisórias unitárias sobre implantes obtidos através do projeto de extensão “Reabilitação Unitária Implantossuportada” no Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-Natal/RN. Todos os pacientes que foram reabilitados no período de Agosto de 2016 à Novembro de 2018 foram incluídos nesse trabalho, sendo essa uma amostragem não-probabilística por conveniência. 4.3 CRITÉRIO DE INCLUSÃO • Paciente com necessidade de reabilitação através de coroa unitária sobre implante que compreende a região da estética do sorriso; • Paciente com presença de dente homólogo contralateral hígido, restaurado ou reabilitado com prótese fixa sobre dente em bom estado; • Paciente com estabilidade oclusal; • Paciente com o processo de condicionamento gengival concluído. 4.4 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO • Pacientes submetidos à cirurgias plásticas periodontais ou enxertos de tecido mole durante a fase de provisório. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 14 4.5 VARIÁVEIS Variáveis Definição Tipo Categoria/Escala de medida PES (dependente) Instrumento de mensuração estética que avalia características da mucosa periimplantar Quantitativa discreta Score de 0 a 14. Elemento dentário ausente (Independente) Identificação do elemento dentário a ser reabilitado. Categórica nominal mutuamente exclusiva Numeração correspondente ao elemento dentário de acordo com a classificação da FDI World Dental Federation. Posição do elemento dentário ausente (Independente) Posição do elemento dentário a ser reabilitado Categórica nominal mutuamente exclusiva Anterior ou posterior. Implantação (Independente) Tipo de cirurgia de para colocação do implante Categórica nominal mutuamente exclusiva Implante imediato ou Implante em sítios cicatrizados. Tipo de carga (Independente) Tipo do protocolo de carga recebido após a colocação do implante Categórica nominal mutuamente exclusiva Tardia ou Imediata. Cirurgia de Enxerto (Independente) Cirurgia realizada para colocação de enxerto ósseo. Categórica nominal mutuamente exclusiva Realizada ou não Realizada. Tipo de Cirurgia de Enxerto (Independente) Tipo de cirurgia realizada para colocação de enxerto ósseo. Categórica nominal mutuamente exclusiva Enxerto em bloco, Preenchimento alveolar, Levantamento de seio maxilar, Enxerto em bloco e preenchimento alveolar, Levantamento de seio maxilar e preenchimento alveolar. Tipo do pilar protético Tipo do pilar protético instalado sobre implante. Categórica nominal mutuamente exclusiva Angulado ou Convencional. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 15 4.6 EXECUÇÃO DA INTERVENÇÃO 4.6.1 FASE PRÉ-CIRÚRGICA Durante o exame clínico inicial foram realizadas medidas interoclusais e mesio-distais da região a ser reabilitada com o auxílio de um compasso de ponta seca e uma régua milimetrada. A área referida devia apresentar, com relação às medições citadas, no mínimo 5 mm e de 7 a 9 mm, respectivamente, para ser considerada ideal para o recebimento do tratamento. Em casos onde a medida do espaço mésio-distal encontrada foi inferiores ao que se estabeleceu, foi realizado um slice em esmalte dentário de no máximo 1 mm, em cada dente vizinho, utilizando uma broca cilíndrica diamantada em alta rotação. Se o espaço fosse mais restrito, impossibilitando o uso do slice, o paciente era excluído e encaminhado para realização de ortodontia. Radiografias periapicais com o auxílio de um posicionador foram realizadas para investigar a presença de restos radiculares, avaliar inicialmente a disponibilidade óssea da região e para verificar a distância interradicular dos dentes adjacentes ao espaço edêntulo. Em casos de raízes convergentes com espaço inferior à 7 mm, o paciente foi encaminhado para tratamento ortodôntico. As dimensões necessárias para realização do tratamento de reabilitação com implantes está representada na Figura 1. Em seguida, as arcadas dentárias foram moldadas com alginato, e modelos em gesso especial foram obtidos para a confecção de um guia multifuncional. Após a instalação e ajuste do guia, foi realizada uma perfuração transfixante na região de cíngulo ou centro da face oclusal do dente artificial presente no guia, no sentido do Sessões de condicionamento gengival Número de sessões de condicionamento gengival Quantitativa discreta Quantidade de sessões realizadas. Número de semanas em fase de provisório Número de semanas em que o paciente se manteve na fase de reabilitação provisória. Quantitativa discreta Número de semanas em que o paciente estevede provisório. Biótipo periimplantar Espessura da mucosa periimplantar. Categórica nominal mutuamente exclusiva Fino, intermediário ou espesso Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 16 longo eixo do dente homólogo, utilizando uma broca esférica para peça reta número 5.0, e a cavidade formada foi preenchida com guta percha. Pacientes que faziam uso de prótese adesiva ou de prótese parcial removível em bom estado receberam a perfuração e a aplicação de guta percha na própria peça protética. Imagens representando a sequência de preparação do guia estão representadas na Figura 2. Figura 1. Dimensões necessárias para se realizar a reabilitação com implantes. A: Distância interradicular; B: Distância mesio-distal e interoclusal medida por compasso de ponta seca. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 17 Figura 2. Preparação do Guia Multifuncional previamente à realização da tomada radiográfica. Passo 1: Guia Multifuncional; Passo 2: Perfuração transfixante no dente de estoque da prótese provisória; Passo 3: Preenchimento da perfuração com material radiopaco; Passo 4: Guia multifuncional pronto para realização da tomografia computadorizada. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 18 Foram realizadas tomografias computadorizadas de feixe cônico na área a ser reabilitada. A tomada radiográfica foi realizada com o guia multifuncional em boca. As dimensões do implante a ser instalado e a seleção dos demais componentes foram selecionadas a partir do exame tomográfico. A Figura 3 ilustra uma tomada radiográfica realizada com o guia multifuncional em posição, tornando possível a análise mais precisa da região específica da base óssea onde se planeja realizar a cirurgia de implantação. Figura 3. Tomografia computadorizada realizada com o guia multifuncional em boca. 4.6.2 FASE CIRÚRGICA Nos casos que o exame tomográfico demonstrou a necessidade de realização de enxertos, sejam eles em bloco, preenchimento alveolar ou levantamento de seio maxilar, esses foram realizados em um momento cirúrgico anterior à implantação. Nos casos em que restos radiculares ainda estavam presentes e não foi possível a realização de implantes imediatos, após a exodontia preencheu-se o alvéolo com osso Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 19 liofilizado bovino em pó. A cirurgia de colocação dos implantes só ocorreu após o período de cicatrização de cirurgias previamente realizadas com intervalo de 4 meses de espera para remodelação tecidual, com exceção de implantes imediatos que foram inseridos imediatamente após a exodontia do elemento dentário a ser substituído. Todos os implantes realizados foram de conexão interna cônica TitamaxCM (Neodent®). Apenas um especialista (cirurgião bucomaxilofacial e implantodontista) realizou todas as cirurgias de implantação e de enxertia. 4.6.3 FASE PROTÉTICA Para o protocolo de carga tardia, seguiu-se com a instalação do parafuso tapa implante para aguardar a osseointegração por um período de 4 a 6 meses. Após isso, foi realizada a cirurgia de reabertura para instalação do cicatrizador, selecionado de acordo com a espessura tecidual. Após 20 dias, o cicatrizador foi removido para seleção e instalação do pilar. O pilar protético escolhido foi um munhão universal com dimensões e angulações específicas de acordo com a necessidade particular de cada caso. A prótese provisória foi confeccionada a partir do guia multifuncional ou de dentes de estoque. Para a cimentação das coroas provisórias utilizou-se o cimento de hidróxido de cálcio. A representação de todos os passos desde a instalação do pilar até a instalação do provisório encontram-se na sequência de Figuras 4, 5 e 6. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 20 Figura 4. Instalação do pilar e prova do cilindro provisório. Passo 1: Remoção do cicatrizador; Passo 2: Prova do pilar teste do kit de seleção; Passo 3: Verificação da altura oclusal Passo 4: Instalação do pilar protético selecionado; Passo 5: Aplicação de torque no pilar protético com a catraca manual; Passo 6: Prova do cilindro provisório. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 21 Figura 5. União do dente de estoque ao cilindro provisório. Passo 5: Desgaste do dente de estoque; Passo 8: Aplicação de resina acrílica no dente de estoque; Passo 9: Adaptação do dente de estoque sobre o cilindro provisório; Passo 10: Acabamento do Provisório. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 22 Figura 6. Instalação do provisório. Passo 11: Aplicação de cimento de hidróxido de cálcio na parte interna do cilindro provisório; Paso 12: Remoção do excesso de cimento da região do sulco periimplantar; Passo 13: Prótese provisória sobre implante instalada. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 23 Em casos de carga imediata, quando foram obtidos registros ≥ 45 N na catraca manual e ≥ 70 ISQ no instrumento de análise da frequência de ressonância (Osstell®), foi realizada a instalação do pilar protético e provisionalização imediata utilizando o guia multifuncional ou dente de estoque para confecção da prótese provisória. Após um período de quinze dias da instalação do provisório, iniciou-se a etapa de condicionamento gengival. Para os implantes que receberam carga, o processo de condicionamento gengival se iniciaram após o período de osseointegração. A técnica utilizada foi a de pressão gradual onde eram feitas alterações na prótese provisória possibilitando o manejo progressivo da mucosa periimplantar através de pequenos acréscimos ou desgastes. Os acréscimos foram realizados com resina acrílica, através da técnica de Nealon. Em seguida realizou-se a prova do provisório em boca, quando deveria ser observada uma região de isquemia nas áreas que se desejava condicionar para garantir assim que o acréscimo tinha condições suficientes para pressionar a gengiva e remodela-la. Essa aparência isquêmica deveria apresentar regressão total em, no máximo, 10 minutos após a colocação do provisório encaixado sobre o pilar. Caso a mucosa periimplantar não tornasse a sua coloração normal, desgastes foram realizados utilizando fresas esféricas de tungstênio número 5,0 acopladas em peça reta para que a pressão exercida pelo provisório não fosse excessiva, o que poderia causar ulcerações e até mesmo necrose por isquemia na região do condicionamento. As próteses provisórias receberam polimento com pontas de silicone com óxido de alumínio após todas as alterações. O número de sessões de condicionamento variou de acordo com a resposta tecidual do paciente. Ao atingir um nível de condicionamento gengival considerado satisfatório ou após não apresentar progressão a partir das sessões anteriores, o processo de condicionamento era finalizado sendo o paciente encaminhado para a etapa posterior do tratamento que é a moldagem de trabalho. Essa etapa foi realizada por quatro profissionais utilizando a mesma técnica sob supervisão de um único professor durante todas as etapas, desde a confecção do provisório até o condicionamento gengival. A sequência dos passos do condicionamento gengival podem ser acompanhadas nas figuras 7 e 8. Condicionamento gengivalem coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 24 Figura 7. Modificações do provisório em fase de condicionamento. Passo 1: Aplicação de resina acrílica fotopolimerizável na região cervical do provisório; Passo 2: Isquemia do tecido periimplantar ao se realizar a prova do provisório modificado em boca; Passo 3: Adequação do provisório, acabamento e polimento. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 25 Figura 8. Comparação de sessões de condicionamento Passo 4: Primeira sessão de condicionamento Passo 5: Última sessão de condicionamento. 4.7 APLICAÇÃO DO PES Todos os pacientes incluídos na pesquisa passaram por sessões fotográficas para o registro de imagens da sua condição protética e periimplantar para posterior avaliação estética de suas reabilitações provisórias. A câmera utilizada para a fotografia foi uma Canon EOS Rebel T3i, com lente EF 100MM F/2.8L Macro IS USM e Flash Canon Macro ring lite MR-14EX II. Os ajustes da câmera foram padronizados da seguinte maneira: abertura de diafragma de 32 f, Velocidade de 1/200 e ISO 100 e a potência do flash de ¼. Foram realizadas tomadas fotográficas Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 26 da restauração provisória na sessão de confecção da restauração e na última sessão antes da moldagem de trabalho. As fotografias obtidas durante a fase de provisório foram distribuídas aleatoriamente num arquivo digital onde quatro avaliadores mascarados em relação ao processo de reabilitação avaliaram as condições estéticas dos tecidos periimplantares de acordo com os critérios do PES (Anexo1), onde “0” representa uma avaliação desfavorável para o quesito, “1” representa um resultado intermediário e “2” um valor favorável para a característica em questão. O grupo de avaliadores era composto por cirurgiões-dentistas especialistas (um periodontista, um protesista e um implantodontista) e um clínico geral. Cada profissional realizou a avaliação separadamente e as fotos foram expostas através do mesmo dispositivo de imagem no mesmo ambiente. A aplicação do índice foi repetida 3 vezes com espaços entre as repetições de 3 dias. Para cada avaliação, a sequência da exposição das fotografias era alterada, de modo que em todas as sessões, a ordem fosse diferente. O escore final para cada especialista foi representado pela média das três avaliações para cara fotografia. 4.8 ANÁLISE DE DADOS Os dados coletados foram dispostos em um baco de dados organizado no software Microsoft Excel versão 2016. Uma análise descritiva dos dados foi conduzida inicialmente apresentando valores absolutos para as das variáveis estudadas. Após isso, análises estatísticas dos valores de PES foram realizada para cada caso antes e depois do processo de condicionamento gengival para cada grupo de avaliador através do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 22.0. Para avaliação do nível de concordância entre cada examinador foi utilizado o Coeficiente de Concordância Intraclasse (CCI). Para avaliar a mudança dos valores de PES da mucosa periimplantar entre o antes e depois do condicionamento gengival foi utilizado o teste não-paramétrico de Wilcoxon e na análise da associação entre a melhora ou piora dos casos com o antes e depois do processo de condicionamento gengival, foi utilizado o teste do qui-quadrado de Pearson. 4.9 ASPECTOS ÉTICOS Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 27 Obedecendo à resolução nº. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), esse trabalho teve seu projeto apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL) anteriormente ao início de suas atividades clínicas. A aprovação pelo CEP-HUOL foi decretada sob o parecer nº. 900.542 (Anexo 2). Todos os pacientes participantes da pesquisa foram orientados de forma escrita e verbal a respeito das características do estudo, seus objetivos e possíveis riscos (Anexo 3), estando de acordo com as condições, os pacientes foram solicitados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, colaborando com a pesquisa como voluntários, tendo o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 28 5. RESULTADOS 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Trinta pacientes foram incluídos na pesquisa, porém 9 ainda encontram-se em fase pré-cirúrgica ou aguardando o período de osseointegração dos implantes, logo não participaram desse estudo. Dos 21 pacientes restantes (8 finalizados e 13 em fase de provisório), cinco não possuíam fotografia antes e depois do condicionamento, 4 necessitaram receber enxerto gengival para correção de deficiências estéticas e 2 não concluíram a etapa de condicionamento gengival, totalizando uma amostra de 10 pacientes finalizados e submetidos às análises dos especialistas. A Figura 9 traz o fluxograma de todos os pacientes envolvidos na pesquisa desde a triagem. A Tabela 1 apresenta dados descritivos da amostra. Figura 9. Fluxograma dos pacientes envolvidos na pesquisa. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 29 Tabela 1. Caracterização da amostra. Dentre os motivos que ocasionaram a perda dentária, os mais frequentes foram fratura radicular (4) e a cárie (4). Com relação às ausências, os elementos de perda mais recorrentes por parte dos pacientes que buscaram tratamento com implantes foram os incisivos centrais e laterais esquerdos. A maioria das perdas ocorreram em região anterior, onde todos os pacientes que tiveram perdas envolvendo essa região utilizavam algum tipo de reabilitação prévia na qual a mais recorrente foi a prótese parcial removível. Nenhum dos pacientes com necessidade de prótese na região de pré-molares utilizava reabilitações prévias ao tratamento com implantes (3 pacientes). Características da amostra N Gênero Masculino 3 Feminino 7 Idade 37,1 (24-49) Tempo da perda Menos de 1 ano 2 De 1 a 5 anos 1 Mais de 5 anos 7 Elemento em reabilitação Incisivo 6 Canino 1 Pré-molar 3 Presença de enxerto Enxerto em bloco pré-implantação 3 Preenchimento Alveolar 2 Enxerto de osso liofilizado durante implantação 2 Sem Enxerto 3 Biótipo Espesso 8 Médio 1 Fino 1 Número de condicionamentos 3,5 (1-5) Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 30 Todos os pacientes da amostra tiveram a estética como queixa principal para a procura do tratamento com implantes. Da amostra selecionada, apenas um implante imediato foi realizado e apenas 2 implantes receberam carga imediata seguindo os critérios estabelecidos para tal, sendo o implante imediato e os dois implantes de carga imediata realizados em três pacientes diferentes. Todos os pacientes receberam condicionamento gengival através da técnica não-cirúrgica da pressão gradual por no mínimo 1 sessão e no máximo 5 sessões. 5.2 AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS A partir do resultado das médias das três aplicações do PES feitas pelos especialistas nos diferentes tempos foi realizado o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) para avaliar a relação de concordância entre pares de especialistas para um mesmo parâmetro representados na Tabela 2. Tabela 2. Valores do Coeficiente de Correlação Intraclasse entre especialidades. Parâmetros CG x PROT CG x IMP CG x PE PROT x IMP PROT x PEPE x IMP Papila Mesial (A) 0,266 (p=0,215) 0,285 (p=0,290) 0,608 (p=0,240) 0,200 (p=0,278) 0,463 (p=0,076) 0,519 (p=0,051) Papila Mesial (D) 0,860 (p<0,001) 0,915 (p<0,001) 0,812 (p<0,001) 0,774 (p=0,003) 0,700 (p=0,008) 0,863 (p<0,001) Papila Distal (A) 0,341 (p=0,153) 0,493 (p=0,062) 0,451 (p=0,082) 0,664 (p=0,013) 0,826 (p=0,001) 0,587 (p=0,029) Papila Distal (D) 0,365 (p=0,135) 0,784 (p=0,002) 0,489 (p=0,063) 0,538 (p=0,044) 0,223 (p=0,255) 0,321 (p=0,168) Nível Gengival (A) 0,628 (p=0,019) 0,197 (p=0,280) 0,276 (p=0,205) 0,324 (p=0,165) 0,273 (p=0,208) 0,462 (p=0,950) Nível Gengival (D) 0,109 (p=0,375) 0,179 (p=0,299) 0,800 (p=0,002) 0,159 (p=0,321) 0,359 (p=0,139) 0,231 (p=0,247) Contorno (A) 0,242 (p=0,017) * 0,572 (p=0,033) * 0,662 (p=0,013) * Contorno (D) 0,724 (p=0,006) 0,184 (p=0,294) 0,733 (p=0,005) 0,023 (p=0,473) 0,425 (p=0,061) -0,006 (p=0,508) Convexidade da raíz (A) 0,320 (p=0,169) 0,152 (p=0,328) 0,166 (p=0,313) 0,320 (p=0,169) 0,497 (p=0,60) 0,897 (p>0,001) Convexidade da raíz (D) * * * * 0,500 (p=0,500) 0,453 (p=0,081) Coloração (A) 0,230 (p=0,248) 0,228 (p=0,095) 0,534 (p=0,045) 0,825 (p=0,001) 0,791 (p=0,002) 0,839 (p=0,001) Coloração (D) 0,391 (p=0,117) 0,346 (p=0,149) 0,574 (p=0,032) 0,654 (p=0,015) 0,704 (p=0,008) 0,483 (p=0,066) Textura (A) 0,372 (p=0,130) 0,374 (p=0,129) 0,259 (p=0,221) 0,642 (p=0,017) 0,555 (p=0,038) 0,875 (p>0,001) Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 31 Clínico Geral (CG); Protesista (PROT); Implantodontista(IMP); Periodontista (PE); Antes(A); Depois (D); Pink Esthetic Score (PES); Correlação não aplicável devido à baixa variância dos dados (*). Coeficiente de Correlação Intraclasse. Diferença estatística: p <0,05. Quanto às médias de CCI entre todos os especialistas (CG x PROT x IMP x PE), os quesitos papila mesial (A), nível (A), nível (D), contorno (D), convexidade da raíz (A), textura (D) e PES (D) tiveram baixos níveis de concordância geral (CCI < 0,40). Os parâmetros papila distal (A), papila distal (D), contorno (A), convexidade da raíz (D), coloração (A), coloração (D), textura (A) e PES (A) apresentaram concordância média (0,4 ≤ CCI < 0,75) enquanto apenas a papila mesial (D) apresentou uma média ótima de concordância quando foram comparados todos os profissionais (CCI= 0,820). O teste não-paramétrico de Wilcoxon foi aplicado para o escore total do PES especificamente e a Tabela 3 trás a comparação das medianas de todos os pacientes avaliados por cada especialista antes e depois do condicionamento gengival. Todos os valores entre antes e depois apresentaram diferença significativa para todos os especialistas (p<0,05). Tabela 3. Análise das médias dos escores do Pink Esthetic Score em função dos especialistas. PES Antes PES Depois Especialistas n Mediana (Q25-Q75) Mediana (Q25-Q75) Valor de p Clínico Geral 10 8,90 (8,02−10,82) 12,85 (11,90−14) 0,005 Protesista 10 6,80 (5,15−7,67) 11,75 (9,32−13,30) 0,007 Implantodontista 10 8,75 (6,35−10,45) 12,05 (9,55−13,07) 0,013 Periodontista 10 8,25 (5,90−9,22) 12,80 (11,90−17,70) 0,005 Distância interquartílica (Q25-Q75a); Tamanho da amostra em valores absolutos (n). Teste de Wilcoxon. Diferença estastística: p<0.05. Textura (D) 0,467 (p=0,074) * 0,150 (p=0,330) * 0,215 (p=0,262) 0,607 (p=0,024) PES (A) 0,104 (p=0,380) * * 0,702 (p=0,008) 0,570 (p=0,033) 0,758 (p=0,003) PES(D) 0,650 (p=0,015) 0,083 (p=0,404) 0,794 (p=0,002) 0,285 (p=0,198) 0,493 (p=0,062) 0,388 (p=0,119) Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 32 As associações das variáveis do PES antes e depois para a avaliação do efeito do condicionamento gengival na visão de cada especialista foram verificadas pelo teste do qui-quadrado de Pearson e demonstrados na Tabela 4 Tabela 4. Situação do PES antes e depois da realização do condicionamento gengival Parâmetro Melhora Manutenção Piora Valor de p Papila Mesial p=0.227 Clínico Geral 7 (70%) 3 (30%) - Protesista 9 (90%) 1 (10%) - Implantodontista 10 (100%) - - Periodontista 9 (90%) 1 (10%) - Total 35 (87.5%) 5 (12.5%) - Papila Distal Clínico Geral 9 (90%) 1 (10%) - p=1.000 Protesista 9 (90%) 1 (10%) - Implantodontista 9 (90%) 1 (10%) - Periodontista 9 (90%) 1 (10%) - Total 36 (90%) 4 (10%) - Nível Clínico Geral 9 (90%) 1 (10%) - p=0.327 Protesista 9 (90%) 1 (10%) - Implantodontista 7 (70%) 1 (10%) 2(20%) Periodontista 8 (80%) 2 (20%) - Total 33 (82.5%) 5 (12.5%) 2 (5%) Contorno Clínico Geral 7 (70%) 3 (30%) - p=0.244 Protesista 7 (70%) 1 (10%) 2 (20%) Implantodontista 9 (90%) 1 (10%) - Periodontista 8 (80%) 2 (20%) - Total 31 (77.5%) 7 (17.5%) 2 (5%) Convexidade Clínico Geral 2 (20%) 8 (80%) - p=0,583 Protesista 3 (30%) 7 (70%) - Implantodontista 3 (30%) 5 (50%) 2 (20%) Periodontista 3 (30%) 6 (60%) 1 (10%) Total 11 (27.5%) 26 (65%) 3 (7.5%) Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 33 Teste do qui-quadrado de Pearson. Diferença estastística: p<0.05. Coloração Clínico Geral 2 (20%) 5 (50%) 3 (30%) p=0.398 Protesista 5 (50%) 4 (40%) 1 (10%) Implantodontista 6 (60%) 3 (30%) 1 (10%) Periodontista 7 (70%) 2 (20%) 1 (10%) Total 20 (50%) 14 (35%) 6 (15%) Textura Clínico Geral 4 (40%) 6 (60%) - p=0.733 Protesista 4 (40%) 4 (40%) 2 (20%) Implantodontista 3 (30%) 4 (40%) 3 (30%) Periodontista 4 (40%) 4 (40%) 2 (20%) Total 15 (37.5%) 18 (45%) 7 (17.5%) PES Clínico Geral 10 (100%) - - p=0.265 Protesista 9 (90%) - 1 (10%) Implantodontista 8 (80%) - 2 (20%) Periodontista 10 (100%) - - Total 37 (92.5%) - 3 (7.5%) Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 34 6. DISCUSSÃO 6.1 A MOTIVAÇÃO ESTÉTICA DA REABILITAÇÃO COM IMPLANTES DENTÁRIOS A estética em implantodontia é uma preocupação comum não só dos pacientes, mas também dos profissionais. Além da devolução da capacidade mastigatória, a procura pelo serviço de reabilitação oral com implantes é motivada também pela estética, principalmente quando acomete elementos dentários na região anterior. Para a amostra estudada, todos os pacientes relataram que a estética era a principal motivação pelo qual tinham procurado tratamento com implantes. Yao et al conduziu uma revisão sistemática em 2014 reunindo estudos que discutiam sobre a perspectiva do paciente a respeito de tratamento com implantes e foi observado que os pacientes em questão consideravam a estética e a função mastigatória como principais queixas e razões pela procura do tratamento com implantes. Apesar de ser uma forte motivação, a estética ainda se mostra secundária à função mastigatória na população de maneira geral, que aparece como o principal motivo pela procura pela reabilitação com implantes. Em contrapartida, na população mais jovem, a estética é a principal motivação para procura por implantes dentários (KORFAGE et al 2018). Nota-se que todos os pacientes que haviam ausências anteriores avaliados no presente estudo faziam uso de algum tipo de reabilitação protética, o que já não era frequente em pacientes com ausências posteriores. A preocupação com o resultado estético do tratamento com implantes demonstrado pelo paciente deve também ser prioridade no tratamento planejado pelo cirurgião-dentista. Manobras como o condicionamento gengival podem ajudar na obtenção de um resultado estético mais aceitável,logo sua execução deve ser levada em consideração (WITTNEBEN et al, 2013, FURZE et al 2016). 6.2 A UTILIZAÇÃO DO PES POR DIFERENTES ESPECIALIDADES NA AVALIAÇÃO DA ESTÉTICA DE IMPLANTES UNITÁRIOS Desde sua introdução no estudo da implantodontia até os dias atuais, o PES tem sido um dos instrumentos de avaliação estética mais utilizado para a avaliação de implantes unitários. Idealizado e validado por Fürhauser e colaboradores em 2005, o PES Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 35 avalia critérios específicos da mucosa periimplantar que influenciam diretamente na harmonização do implante dentário com os dentes naturais. Quando bem estabelecidos ou modificados por técnicas específicas de condicionamento gengival, os elementos da mucosa periimplantar podem ajudar a mimetizar a reabilitação no sorriso, trazendo ótimos resultados estéticos. Nesse trabalho, o PES foi utilizado para avaliar os efeitos estéticos do condicionamento gengival em casos de implantes unitários por quatro especialistas distintos. Com relação à utilização do PES como instrumento para avaliação dos mesmo pacientes por diferentes especialista, pôde se observar que houve diferenças entre os critérios de julgamento dos profissionais. De modo geral, os critérios foram de média concordância (valores entre 40% à 75%). Quando comparado com as avaliações dos outros especialistas, os escores designados pelo clínico geral apresentaram, em sua maioria, valores de CCI abaixo de 40%, representando uma baixa concordância nas avaliações. Isso pode ser explicado pela falta de vivência clínica com implantes dentários e uma formação mais restrita, quando comparados aos demais profissionais. O Periodontista apresentou maiores valores de concordância quando comparado a todos os profissionais. Nas avaliações feitas pelo Periodontista e o Implantodontista, os parâmetros Papila Mesial (D), Convexidade da Raíz (A), Coloração (a), Textura (A) e PES (A) obtiveram CCI acima de 75%, o que representaram índices ótimos de concordância nas avaliações, onde todos esses resultados apresentaram significância estatística (p≤0,05), representando o par de especialista com opiniões mais similares. Níveis de concordância entre diferentes especialistas e clínicos gerais também se mostraram baixos no estudo conduzido por Dani e colaboradores (2018), no qual grupos de 4 especialistas e 1 grupo de clínicos gerais foram avaliadores de 24 casos de implantes unitários através do instrumento PES/WES. Para valores de PES, os clínicos gerais discordaram mais de todos os outros especialistas, enquanto o cirurgião e o periodontista tiveram índices de concordância mais similares, assim como encontrado no presente estudo. Os autores atribuíram esse fato justamente à possível dificuldade técnica que o clínico geral pode encontra de identificar parâmetros relacionados ao tecido periimplantar. (DANI et al 2018). Outros estudos também avaliam o julgamento estético de especialidades diferentes quanto ao PES para implantes unitários e concluíram que há uma variabilidade de opiniões a respeito dos parâmetros periimplantares, pois apesar de ser um instrumento avaliativo para estética objetiva, a subjetividade do critério profissional é capaz de influenciar nos seus resultados, sendo os escores das avaliações da estética do tecido Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 36 periimplantar mais diversificadas que os critérios estéticos protéticos (CHO et al 2010; VAIDYA et al 2014; AL-DOSARI et al 2016). 6.3 AVALIAÇÃO ESTÉTICA DO CONDICIONAMENTO GENGIVAL ATRAVÉS DO PES Neste estudo, o especialista mais criterioso para as avaliações de PES de forma geral foi o Protesista, achado também encontrado em estudos com metodologia semelhante (VAIDYA et al 2014, AL-DOSARI et al 2016). O clínico geral é o profissional que creditou maiores valores para o desempenho da mucosa periimplantar nos casos iniciais e também deu as nota mais altas para os casos finalizados, seguido do Periodontista, que são as especialidades profissionais que costumam dar resultados mais generosos em avaliações estéticas, resultados esses que concordam com outros autores (GEHRKE et al 2008, VAIDYA et al 2014). Ao considerar as medianas das avaliações de PES na visão de todos os especialistas de um modo geral, é possível afirmar que os casos encontram-se num patamar estético de um resultado inferior anteriormente ao condicionamento (expresso numericamente por valores de PES variando de 6,80 à 8,95 entre os especialistas) evoluindo de forma geral para um patamar estético mais bem avaliado (expresso numericamente por valores de PES variando de 11,75 à 12,85 entre os especialistas). Com relação às avaliações do PES antes e depois do condicionamento sob julgamento de um mesmo especialista, percebeu-se diferença significativa entre todos os profissionais (p<0,05), mesmo sendo um estudo de amostra reduzida, a variação positiva desses valores pode ser um indicativo que o condicionamento gengival tem um papel modificador no perfil de emergência do tecido mole nos casos da amostra estudada. Analisando os critérios de melhora e piora entre os pacientes antes e depois do condicionamento, é possível observar que na grande maioria dos critérios do PES, incluindo o escore total, os profissionais relatam melhoras nos casos avaliados. O PES é um índice de avaliação estética geral, logo apresenta parâmetros que não são influenciados pelo condicionamento gengival como a convexidade da raíz, a coloração e textura do tecido mole. Apesar disso, os valores de PES comparando o antes e depois continuaram apresentando melhoras na maioria dos casos. Com exceção dos critérios anteriormente citados, Todos os outros constituintes do índice (papila mesial, papila distal, nível gengival, contorno gengival e o resultado final) sofreram, em sua maioria, melhoras após a técnica aplicada na visão de todos os especialistas. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 37 O estudo de Furze e colaboradores (2016) é o pioneiro em ensaios clínicos que abordam o efeito do condicionamento gengival em implantes unitários. O estudo utilizou de um grupo teste de próteses sobre implante que recebiam condicionamento, comparado à um grupo controle que não recebeu nenhum tipo de preparação do tecido periimplantar. Este estudo corrobora com os resultados encontrados no qual o PES é afetado positivamente pelo uso de provisórios sobre implante sob condicionamento gengival pela técnica da pressão gradual, também apresentando diferença significativa entre os grupos. Após 3 anos de instalação das coroas finais, os resultados de PES para as coroas que receberam condicionamento gengival continuam apresentando-se superiores aos das coroas que não receberam (FURZE et al 2018). Como limitações do estudo, a ausência de um grupo controle não dá condições para comparar o resultado final de um tratamento com e sem condicionamento, porém um comparativo entre o mesmo paciente antes e depois da intervenção foi realizado. O número reduzido de pacientes avaliados também é uma limitação do atual estudo, porém os resultados atuais são parciais e a indivíduos continuam sendo selecionados. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 38 7. CONCLUSÃO De acordo com os achados desse estudo, é possível concluir que o condicionamento gengival tem um papel importante na manutenção e melhora da estética de implantes unitários na região do sorriso. A avaliação de diferentes especialistas a respeito de elementos da estética rosa de próteses provisórias sobre implantes utilizando o PEStem correlação média, devido à diferenças de formação entre os profissionais, bem como o seu nível de familiaridade com casos semelhantes em sua rotina clínica. Apesar disso, todos os profissionais foram capazes de avaliar o efeito positivo do condicionamento nos casos apresentados, não só no escore total, mas também nos parâmetros periimplantares que o constituem, indicando que o condicionamento gengival tem influência positiva na estética de implantes unitários na região do sorriso. Condicionamento gengival em coroas provisórias sobre implantes em área estética: um ensaio clínico 39 REFERÊNCIAS 1. Buser D, Martin W, Belser UC. Optimizing esthetics for implant restorations in the anterior maxilla: anatomic and surgical considerations. International Journal of Oral & Maxillofacial Implants. 2004 Nov 2;19(7). 2. Cho HL, Lee JK, Um HS, Chang BS. 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