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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA GABRIELA ELLEN DA SILVA GOMES CONCORDÂNCIA E ACURÁCIA DA AUTOPERCEPÇÃO EM RELAÇÃO AO EXAME CLÍNICO NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA PERIODONTAL NATAL, RN 2022 GABRIELA ELLEN DA SILVA GOMES CONCORDÂNCIA E ACURÁCIA DA AUTOPERCEPÇÃO EM RELAÇÃO AO EXAME CLÍNICO NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA PERIODONTAL Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de Artigo apresentado ao curso de graduação em odontologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em odontologia. Orientador: Prof. Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel. NATAL, RN 2022 Esta obra está licenciada com uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Permite que outros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, desde que creditem a você pela criação original. Link dessa licença: creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode CONCORDÂNCIA E ACURÁCIA DA AUTOPERCEPÇÃO EM RELAÇÃO AO EXAME CLÍNICO NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA PERIODONTAL Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de Artigo apresentado ao curso de graduação em odontologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em odontologia. Aprovada em: ______/______/______ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel Orientador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Prof. Dr. Francisco Leonardo da Silva Junior Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Prof. Dr. Kenio Costa de Lima Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE AGRADECIMENTOS A Odontologia não foi o primeiro caminho que pensei em seguir, mas, hoje, na iminência de dar um dos meus últimos passos na graduação eu tenho a certeza que fiz a escolha certa e não me vejo em nenhum outro lugar que não seja nessa linda profissão, que transforma não apenas sorrisos, mas sobretudo, a qualidade de vida das pessoas. Durante essa intensa jornada da graduação, tive o suporte de muitas pessoas especiais, sendo assim, nada mais justo do que tentar expressar toda a minha gratidão a elas. Começo agradecendo a Deus por sempre guiar os meus passos e abençoar a minha vida e da minha família. Aos meus pais, Luciana Araújo e Levi Silveira, por serem exemplos de pais dedicados, que nunca mediram esforços para proporcionar uma educação de qualidade a mim e ao meu irmão, sempre me apoiaram e orientaram da melhor maneira possível com palavras sábias e incentivadoras, principalmente em momentos que duvidei da minha capacidade. Muito obrigada por tudo que vocês fizeram e fazem por mim. Espero um dia conseguir retribuir. Ao meu irmão, Caio Gustavo, e a toda minha família, sempre com um gesto de carinho, uma palavra de incentivo, ou um simples momento de conversas formam uma grande rede de apoio, onde sei que sempre poderei contar. A todos os meus amigos da vida e os que a Odontologia me proporcionou, em especial aqueles que dividiram comigo cotidianamente a rotina desses intensos 5 anos (nomeio aqui Andressa, Ana Bia, Anna Clara, Carol, Jocélio, Gustavo, Lorena e Romana), compartilhando as angústias, receios, aprendizados, conquistas e colecionando, principalmente, momentos de muita alegria. Destaco também um agradecimento especial à minha dupla, Jocélio, por toda a parceria e pelo ombro amigo, a quem sempre pude recorrer. Ao meu orientador, Prof. Bruno Gurgel, por ter me proporcionado a oportunidade de estar na iniciação científica e por ter acreditado em mim, quando ainda estava no 4° período. Sou muito grata pelas oportunidades, pelos aprendizados e a experiência que adquiri durante todo esse tempo, sem dúvidas foram fundamentais para o meu crescimento. Agradeço também a Lidya Araújo, aluna de doutorado, por todo o suporte, orientação e conselhos proferidos durante essa caminhada. Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Francisco Leonardo da Silva Junior e Prof. Dr. Kenio Costa de Lima, por terem aceitado participar desse momento tão importante e pelas contribuições em prol do progresso deste trabalho. Por fim, agradeço a todos os professores que tive a oportunidade de aprender durante a graduação, foram grandes pilares para a minha formação. Agradeço aos pacientes que atendi durante esse tempo e que confiaram em mim para realizar os seus tratamentos. Agradeço também a todos os funcionários do Departamento de Odontologia, pela prontidão e ajuda durante essa caminhada. Tenho muito orgulho de ter estudado nessa instituição, que foi minha segunda casa durante toda essa jornada. 3 CONCORDÂNCIA E ACURÁCIA DA AUTOPERCEPÇÃO EM RELAÇÃO AO EXAME CLÍNICO NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA PERIODONTAL AGREEMENT AND ACCURACY OF SELF-PERCEPTION IN RELATION TO CLINICAL EXAMINATION IN THE DIAGNOSIS OF PERIODONTAL DISEASE Gabriela Ellen da Silva Gomes RESUMO Introdução: A autopercepção corresponde a uma abordagem não clínica pautada na percepção pelo indivíduo acerca da sua condição de saúde ou doença. Objetivo: Avaliar a concordância entre autopercepção de saúde ou doença periodontal com o diagnóstico estabelecido por meio do exame clínico periodontal. Metodologia: Trata- se de um estudo piloto do tipo observacional transversal com 53 pacientes, que responderam a um questionário estruturado sobre sinais, sintomas e fatores de risco da doença periodontal. Posteriormente, foram submetidos ao exame clínico e radiográfico para estabelecimento do diagnóstico periodontal. As prevalências do diagnóstico de autopercepção, do questionário e do exame clínico foram calculadas por análise descritiva. Utilizou-se o Coeficiente de concordância Kappa para analisar a concordância entre os diagnósticos. Valores de sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) serviram para analisar a qualidade desses testes diagnósticos. Para todos os testes, adotou-se nível de significância de 5%. Resultados: o nível de concordância entre autopercepção e exame clínico (Kappa= 0,029; p= 0,595), bem como entre diagnóstico por questionário e exame clínico (Kappa= 0,070; p= 0,413) foram considerados mínimos e sem concordância estatisticamente significativa. Somente entre a autopercepção do paciente e o diagnóstico por questionário a concordância foi razoável e estatisticamente significativa (Kappa= 0,35; p= 0,003). Os valores de (S), (E), (VPP) e (VPN) foram 23%, 66%, 84% e 10% para diagnóstico por autopercepção e 51%, 66%, 92% e 17% para diagnóstico por questionário, respectivamente. Conclusão: O diagnóstico por autopercepção não demonstrou concordância satisfatória com o exame clínico. Palavras-chave: autoimagem; doenças periodontais; diagnóstico clínico. ABSTRACT Introduction: Self-perception corresponds to a non-clinical approach based on the individual's perception of their health condition or illness. Objective: To evaluate the agreement between self-perception of health or periodontal disease and the diagnosis established through clinical periodontal examination. Methodology: This is a cross- sectional observational pilot study with 53 patients who answered a structured questionnaire about signs, symptoms and risk factors of periodontal disease. Subsequently, they were submitted to clinical and radiographic examination to establish the periodontal diagnosis. The prevalence of self-perception diagnosis, questionnaire and clinical examination were calculated by descriptive analysis. TheKappa concordance coefficient was used to analyze the concordance between the diagnoses. Sensitivity (S), specificity (E), positive predictive value (PPV) and negative predictive value (NPV) values were used to analyze the quality of these diagnostic 4 tests. For all tests, a significance level of 5% was adopted. Results: the level of agreement between self-perception and clinical examination (Kappa= 0.029; p= 0.595), as well as between diagnosis by questionnaire and clinical examination (Kappa= 0.070; p= 0.413) were considered minimal and without statistically significant agreement. Only between the patient's self-perception and the diagnosis by questionnaire was the agreement reasonable and statistically significant (Kappa= 0.35; p= 0.003). The values of (S), (E), (PPV) and (VPN) were 23%, 66%, 84% and 10% for self-perception diagnosis and 51%, 66%, 92% and 17% for questionnaire diagnosis, respectively. Conclusion: The diagnosis by self-perception did not show satisfactory agreement with the clinical examination. Keywords: self concept; periodontal diseases; clinical diagnosis. 1 INTRODUÇÃO A doença periodontal é entendida como uma doença inflamatória de caráter infeccioso que acomete os tecidos ao redor dos dentes e é causada pela interação entre os mecanismos nocivos liberados pelos periodontopatógenos presentes no biofilme e uma resposta imune desregulada do hospedeiro frente a estes1,2,3,4. A gengivite é a primeira manifestação patológica dessa doença, caracterizada por inflamação e sangramento gengival5, além da ausência de perda de inserção clínica, podendo ser reversível6. Entretanto, quando não tratado, esse quadro pode se tornar crônico e evoluir para a periodontite, condição caracterizada por destruição irreversível dos tecidos de inserção dentária, além de perda óssea, contribuindo para a formação de bolsas periodontais7,8,9,10. Estima-se que até 90% da população mundial padece de doença periodontal11, sendo a 11° doença mais prevalente no mundo quando em sua forma mais grave12. Pessoas em idade mais avançada, sexo masculino, de cor da pele preta, indivíduos de menor renda e menor escolaridade apresentam maior predisposição ao desenvolvimento dessa doença13,14,15. Quanto aos fatores sistêmicos, a literatura tem mostrado uma associação da doença periodontal com comorbidades 16,17,18 como síndrome metabólica, diabetes19, obesidade20, doenças cardiovasculares21, 22 e até mesmo resultados adversos da gravidez23. Acrescente-se ainda fatores relacionados ao comportamento, como o tabagismo, alcoolismo, fatores nutricionais e padrão de higiene24. A doença periodontal é considerada silenciosa, de modo que os sinais e sintomas são notados pelos indivíduos quando já estão em nível de maior comprometimento, como por exemplo mobilidade, mudança na posição dos dentes, desconforto e incapacidade funcional25,26,27. Desse modo, a maioria das pessoas minimiza a doença e busca por tratamento em situações de gravidade acentuada, quando a perda de inserção já aconteceu28,29,30. Assim, o monitoramento da doença periodontal na população, por meio do exame clínico, considerado o padrão-ouro no diagnóstico31, se mostra mais caro e demorado no tocante ao tempo clínico32,33,34,35,36, sem mencionar uma certa recusa pelo paciente em querer se submeter ao exame37,38. Nesse sentido, o autorrelato imediato surge como uma opção viável para auxiliar na triagem de doença periodontal39, sendo considerada uma alternativa acessível para ajudar na identificação dessa doença e orientar as pessoas a buscar ajuda profissional9,36,40. Em 2003, o Center for Disease Control and Prevention (CDC), juntamente com a American Academy of Periodontology (AAP), sugeriram a utilização de medidas não clínicas, isto é, autorreferidas para o monitoramento de periodontite 5 na população41. Sendo assim, questionamentos autorreferidos vêm sendo usados no controle e observação de certas condições crônicas e comportamentos de risco nos Estados Unidos42,43. A autopercepção corresponde a uma abordagem não clínica pautada na percepção pelo indivíduo acerca da sua condição de saúde44, sendo eficaz principalmente quando diante de casos mais avançados, podendo apresentar evidências responsáveis pela identificação da necessidade de tratamento urgente35,45. Trata-se de um método de significativa importância para o projeto terapêutico, uma vez que o olhar do paciente sobre sua condição de saúde possibilita, por consequência, que o profissional possua um entendimento mais completo acerca da situação em que indivíduo se encontra46,47. Nesse sentido, diversos estudos foram desenvolvidos para investigar a validade de medidas de autorrelato sobre doença periodontal17,31,45,48,49,50,51,52, entretanto a literatura ainda se mostra divergente. Enquanto alguns estudos mostraram que a autopercepção para periodontite apresenta boa validação diagnóstica, consolidando-se como uma opção funcional para ajudar nas pesquisas de cunho epidemiológico, quando há pouco recurso necessário6,9,34,39,53,, outras pesquisas revelaram que a autopercepção de doença periodontal diferiu quando comparada ao diagnóstico do exame clínico profissional54, sendo ineficaz na detecção de doença periodontal pelo indivíduo55. Desse modo, o desenvolvimento desse estudo objetiva avaliar se a autopercepção individual exerce um nível de confiabilidade quando comparado ao diagnóstico obtido por meio de exame clínico periodontal na detecção do quadro de saúde ou doença do indivíduo pelo cirurgião-dentista e, assim, possibilitar o desenvolvimento futuro de um instrumento que permita o próprio paciente identificar possíveis sinais e sintomas de uma situação de doença que possa orientá-lo a buscar atendimento profissional. 2 METODOLOGIA 2.1 Considerações éticas Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sob parecer de número 5.004.443 (anexo A), apresentando-se de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Foram mantidos a confidencialidade dos dados coletados, bem como o anonimato dos participantes, que somente após os esclarecimentos necessários procederam com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice A). 2.2 Caracterização do estudo Trata-se de um estudo piloto do tipo observacional transversal de concordância e acurácia, uma vez que coletou informações subjetivas referentes à autopercepção dos pacientes em relação à sua condição periodontal e objetivas referentes ao exame clínico, em um único momento do tempo. 2.3 Local e População do estudo A pesquisa foi realizada nas clínicas do Departamento de Odontologia (DOD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com pacientes a partir de 6 18 anos de idade, que, por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido, concordaram em participar da pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN). O estudo foi realizado nos anos de 2021 e 2022 com os pacientes atendidos nas diversas clínicas existentes no referido Departamento. 2.3.1 Critérios de inclusão: Indivíduos de ambos os sexos com idade acima de 18 anos, atendidos em qualquer uma das clínicas do Departamento de Odontologia da UFRN e que tenham capacidade de responder aos questionamentos referentes à autopercepção de saúde bucal. 2.3.2 Critérios de exclusão: Foram excluídos do estudo indivíduos que apresentaram alguma condição que os incapacitassem de comparecer ao Departamento de Odontologia para as fases de coleta de dados e atendimentos da pesquisa. 2.4 Tamanho da amostra O cálculo do tamanho da amostra foi baseado no estudo de Eke e Dye (2009)34, que encontrou uma ocorrência de indivíduos que não percebem, no entanto apresentam periodontite grave de 22,7% e aqueles que percebem e apresentam periodontite de 77,3%.Utilizando a diferença das proporções de 55,4%, um poder do estudo de 80% e nível de significância de 95% seriam necessários um total de 381 participantes. Entretanto, realizou-se essa pesquisa como um estudo piloto com a finalidade de observar potenciais falhas e vieses que pudessem estar associados à metodologia empregada no desenvolvimento do estudo, além de servir como subsídio para calcular o tamanho da amostra final. Nesse caso, foram avaliados 53 pacientes. 2.5 Coleta de dados 2.5.1 Questionário de autopercepção Antes de serem submetidos ao exame clínico, os participantes da pesquisa foram instruídos a responder um questionário com uma série de perguntas acerca da saúde/ doença periodontal, presente no apêndice B. Esse formulário foi desenvolvido com base na literatura e a partir de um consenso prévio sobre fatores de risco e preditores da periodontite, realizado em 2019, com especialistas em Periodontia, no Departamento de Odontologia da UFRN, onde diversos aspectos foram elencados para a construção de um mecanismo para avaliar a autopercepção do paciente. Esse questionário apresenta perguntas referentes a sinais e sintomas da doença periodontal, como por exemplo, mobilidade, sangramento, mau-hálito, inchaço e inflamação, dentes mal posicionados, presença de recessão gengival, cálculo dentário, perdas dentárias; além de colher informações sobre fatores sociodemográficos (idade, gênero, raça, estado civil); fatores socioeconômicos (renda; nível de escolaridade; número de pessoas que residem na moradia; profissão; instituição de ensino que estuda/ estudou); fatores comportamentais (tabagismo; consumo de álcool; uso de drogas); fatores psicológicos (estresse, depressão, ansiedade); fatores sistêmicos (diabetes, doença cardiovascular, doença respiratória, hipertensão, doença autoimune, doença pulmonar, câncer, Alzheimer, hematopatologias, obesidade, uso de medicamentos); histórico familiar de doença sistêmica; fatores hormonais (gravidez; métodos contraceptivos, puberdade); hábitos 7 de higiene oral (quantidade de vezes que escova os dentes ao dia; uso do fio dentário, uso de enxaguante); história pregressa de doença periodontal. 2.5.2 Exame clínico Posteriormente ao preenchimento do questionário de autopercepção, os pacientes foram submetidos ao exame clínico periodontal completo conferido por professores especialistas em Periodontia35 treinados para esse fim. Para a realização do exame clínico, o paciente estava acomodado em cadeira odontológica e o avaliador portava de instrumentais referentes a exame clínico periodontal, como sondas periodontais Carolina do Norte, OMS (Organização Mundial da Saúde) e Nabers, além de materiais para exame radiográfico, como posicionadores para tomada radiográfica periapical pelo método convencional na técnica do paralelismo56. Os parâmetros clínicos observados durante o exame foram: I) Índice de placa visível (IPV) (Ainamo e Bay, 1975)57: com auxílio da seringa tríplice, o dente foi seco por meio de leves jatos de ar sobre as faces vestibular e lingual/ palatina, na qual observou-se visualmente presença ou ausência de biofilme. Para o cálculo da porcentagem desse índice, considerou-se a quantidade de faces com biofilme dividido pelo resultado da seguinte soma (multiplicação do número de dentes anteriores vezes quatro mais multiplicação do número de dentes posteriores vezes cinco). II) Índice de sangramento gengival (ISG) (Ainamo e Bay, 1975)57: a sonda OMS contornou suavemente a margem gengival, dentro da região de sulco (até 0,5mm), em toda sua extensão (vestibular, lingual/ palatina, mesial e distal). Considerou-se como presença de sangramento, quando este estava presente após 30 segundos decorridos do procedimento e ausência de sangramento quando o contrário foi observado. Para o cálculo da porcentagem desse índice, divide a quantidade de faces com sangramento pelo número de dentes total multiplicado por quatro. III) Sangramento à sondagem (SS): parâmetro observado com o auxílio da sonda Carolina do Norte, que penetra na região de sulco gengival/ bolsa periodontal em seis sítios por dente (distovestibular, vestibular, mesiovestibular, distolingual, lingual e mesiolingual). Após a sondagem, esperou-se o tempo de 30 segundos para observar se houve ou não sangramento no sítio. Para o cálculo da porcentagem desse índice, considera a quantidade de faces com sangramento dividido pelo número de dentes vezes seis. IV) Profundidade de sondagem (PS): por meio da sonda Carolina do Norte, foi medida a distância da margem gengival até o fundo da bolsa periodontal ou sulco gengival em seis sítios do dente (distovestibular, vestibular, mesiovestibular, distolingual, lingual e mesiolingual). V) Nível de inserção clínica (NIC): medida obtida por meio da soma da profundidade clínica de sondagem com o valor da distância entre margem gengival (MG) e junção cemento-esmalte (JCE), com auxílio da sonda Carolina do Norte. VI) Recessão gengival (RG): medida da distância entre margem gengival (MG) e a 8 Junção cemento-esmalte (JCE), com auxílio da sonda Carolina do Norte. A recessão foi classificada seguindo os preceitos da atual classificação (Caton et al., 2018)58 , como tipo 1 (RT1) quando não houver perda de inserção interproximal, como tipo 2 (RT2) quando a perda de inserção interproximal for menor ou igual à perda de inserção vestibular ou como tipo 3 (RT3), quando a perda de inserção interproximal for maior que a perda de inserção vestibular. VII) Cálculo dentário: detectado visualmente (cálculo supragengival) ou ao passar a sonda OMS/ Carolina do Norte na região subgengival, quando houver dúvida na presença de cálculo subgengival. VIII) Faixa de mucosa ceratinizada (MC): medida da união mucogengival (UMG) até a margem gengival (MG) com auxílio da sonda Carolina do Norte. IX) Fenótipo periodontal: a sonda Carolina do Norte foi inserida na região de sulco gengival e, desse modo, visualizou se o fenótipo era considerado não espesso (sonda visível através do epitélio) ou espesso (sonda não visível) (De Rouck et al., 2009)59. X) Mobilidade: com auxílio do cabo do espelho e do cabo da sonda periodontal, observou se o dente apresenta grau de movimentação. E, a partir disso, classificou o grau de mobilidade que esse dente apresenta: grau I (0.2-1 mm na direção horizontal), grau II (mais de 1 mm na direção horizontal), grau III (direção horizontal e vertical) (Caton et al., 2018)58. XI) Lesão de furca: a sonda Nabers foi inserida na região de furca vestibular/ palatina/ lingual, mesial e distal e medida a milimetragem de perda óssea. O exame radiográfico também foi realizado para auxiliar no diagnóstico desse tipo de lesão. A classificação foi realizada seguindo os preceitos de Hamp, Nyman e Lindhe (1975)60, sendo considerada classe I, quando a perda de inserção foi menor que 2 mm, classe II quando maior que 2mm, mas sem atravessar a furca ou como classe III, quando houve envolvimento de toda a área de furca. Após a realização do exame clínico, o exame radiográfico periapical convencional foi realizado para a confirmação da presença de perda óssea e nortear o diagnóstico clínico periodontal. Dessa forma, o paciente foi diagnosticado, de acordo com a atual classificação das doenças periodontais e peri-implantares58,61, como portador de saúde periodontal, quando o sangramento a sondagem (SS) estiver em menos de 10% dos sítios, como gengivite, quando o sangramento a sondagem (SS) estiver presente em mais de 10% dos sítios mas sem perda de inserção clínica, ou de periodontite, quando o paciente apresentar perda de inserção clínica em dois ou mais sítios interproximais não adjacentes e profundidade de sondagem (PS) igual ou superior a 4 mm. Caso o diagnóstico tenha sido de periodontite, foi analisado o Estádio e Grau correspondentes à situação do paciente. Estádios: refere-se à severidade e complexidade dadoença. Estádio I: perda de inserção clínica interproximal entre 1-2 mm no pior sítio ou perda óssea no terço coronal inferior a 15%, PS correspondendo até 4 mm, ausência de perda de dente devido à periodontite e perda óssea do tipo horizontal. Estádio II: perda de inserção clínica interproximal entre 3-4 mm no pior sítio ou perda 9 óssea coronal entre 15% e 33%, PS até 5 mm, ausência de perda de dentes devido à periodontite e perda óssea do tipo horizontal. Estádio III: perda de inserção clínica interproximal de 5 mm ou mais no pior sítio ou perda óssea afetando o terço médio da raiz ou além, PS maior ou igual a 6 mm, perda de até 4 dentes devido à periodontite, pode estar associado à perda óssea vertical de até 3 mm, lesões de furca grau II ou III e defeito de rebordo moderado. Estádio IV: perda de inserção clínica interproximal igual ou superior a 5 mm no pior sítio ou perda óssea se estendendo à metade ou terço apical da raiz, perda de 5 dentes ou mais devido à periodontite, características de complexidade mencionadas no estágio III e ainda pode ser observado disfunção mastigatória, trauma de oclusão secundário, defeitos de rebordo grave, problemas de ordem mastigatório e menos de 20 dentes presentes. Grau: refere-se ao risco de progressão da doença. Grau A: caso não tenha ocorrido progressão nos últimos 5 anos (evidência direta) ou perda óssea/ano de até 0,25 mm (evidência indireta). Nessa categoria, o paciente não apresenta fatores de risco (tabagismo ou diabetes). Grau B: caso a progressão tenha sido menor que 2 mm em 5 anos (evidência direta) ou perda óssea/ ano entre 0,25-1 mm (evidência indireta). Referente ao tabagismo, foram considerados nesse grau pacientes fumantes que consomem quantidade inferior a 10 cigarros por dia, quanto aos diabéticos a HbA1c deveria ser inferior a 7%. Grau C: caso a progressão tenha sido maior ou igual a 2 mm (evidência direta) ou perda óssea/ano superior a 1 mm (evidência indireta). Referente ao tabagismo, foram considerados nesse grau pacientes fumantes que consomem quantidade superior ou igual a 10 cigarros por dia, quanto aos diabéticos a HbA1c deveria ser maior ou igual a 7%. 2.6 Diagnóstico por questionário Um outro periodontista, que desconhecia os diagnósticos clínicos, analisou as respostas dos pacientes referentes às perguntas do questionário sobre sinais e sintomas referentes à doença periodontal, concedendo o seu diagnóstico somente com base nessas respostas. As perguntas analisadas por ele foram os itens de 1 a 9, conforme apresentado no apêndice B. 2.7 Análise de dados Os dados coletados foram anotados na ficha clínica desenvolvida e apresentada no apêndice C. Os dados referentes às informações individuais dos pacientes em relação às demais variáveis foram analisadas estatisticamente de forma descritiva através do software SPSS® 22.0. As prevalências do diagnóstico de autopercepção, do diagnóstico por questionário e do exame clínico foram calculadas por meio de análise descritiva. Em seguida, para analisar a concordância entre os métodos diagnósticos, foi utilizado o Coeficiente de concordância Kappa. Foram ainda medidos os valores de sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) na análise de qualidade dos testes clínicos ou diagnósticos. Para todos os testes, um nível de significância estatística de 5% foi estabelecido. 10 3 RESULTADOS Foram avaliados 53 pacientes, sendo 33 do sexo feminino (62,3%) e 20 do sexo masculino (37,7%), com média de idade de 48,16 anos (±12,89). Maior prevalência de indivíduos da raça autorreferida branca (24 indivíduos, representando 45,3% da amostra), seguidos de pardos (19 indivíduos, representando 35,8%) e negros (10, representando 18,9%). A maioria refere uma renda de um salário mínimo (37,7%) ou menos (32,1%), cerca de 24,5% (13, em números absolutos) conta com renda que varia entre dois e quatro salários mínimos, enquanto que apenas 2 (1,9%) ganham entre cinco e nove salários. Quanto à escolaridade, a maior parte apresenta ensino médio completo (67,92%, 36 em número absoluto), 6 (11,32%) possuíam fundamental incompleto, 6 (11,32%) possuíam ensino superior e apenas 5 (9,43%) possuíam ensino superior. A tabela 1 demonstra a quantidade de parâmetros clínicos observados no exame clínico (periograma) e que se correlacionam diretamente às perguntas do questionário de autopercepção sobre sinais e sintomas da doença periodontal, são eles: Sangramento à sondagem (SS), relacionado à pergunta “Você nota se sua gengiva sangra?”; Recessão Gengival (RG), relacionado à pergunta “Você nota algum dente mais comprido que outro, com exposição de raiz?”; Mobilidade (M), relacionado à pergunta “Você percebe se seus dentes apresentam mobilidade?”; Cálculo (C), relacionado à pergunta “Você percebe a presença de tártaro?”. Apesar de existirem diversos outros parâmetros clínicos coletados durante o exame, optou-se por levar em consideração apenas esses, já que correspondem exatamente às perguntas do questionário e, assim, pode-se comparar as respostas autopercebidas com a avaliação clínica. Nesse sentido, observa-se que a maioria dos pacientes (37,73%, n=20) relatou perceber apenas dois sintomas, enquanto poucos pacientes (5,66%, n=3) relataram apresentar os quatro sintomas. Quanto ao exame clínico, a maior parte dos pacientes (41,50%, n=22) foram diagnosticados com a presença de três parâmetros clínicos, poucos pacientes (7,54%, n=4) apresentavam apenas um parâmetro clínico identificado. Destaca-se que todos os pacientes tinham pelo menos um parâmetro clínico detectado pelo exame e, apesar disso, nove pacientes (16,98%) disseram não perceber nenhum desses sintomas acima mencionados. Tabela 1 Análise da distribuição dos parâmetros clínicos associados à doença apontados pelos próprios pacientes no questionário e pelo diagnóstico clínico. Natal/RN 2022. QUANTIDADE DE PARÂMETROS CLÍNICOS ASSINALADOS AUTOPERCEPÇÃO DIAGNÓSTICO CLÍNICO 0 9 (16,98%) 0 (0%) 1 12 (22,64%) 4 (7,54%) 2 20 (37,73%) 15 (28,30%) 3 9 (16,98%) 22 (41,50%) 4 3 (5,66%) 12 (22,64%) TOTAL 53 (100%) 53 (100%) Fonte: Dados da pesquisa. 11 Ao se analisar a tabela 2 é possível identificar o nível de concordância entre os diferentes métodos de avaliação (diagnóstico realizado pelo periodontista a partir do exame, diagnóstico realizado por um periodontista por meio do questionário e a autopercepção do paciente) sobre o diagnóstico de saúde e doença. A proporção de indivíduos realmente doentes corresponde a 88,67% (n=47), já o número de indivíduos saudáveis corresponde à 11, 32% (n=6). Na primeira parte, referente à comparação entre Autopercepção x Diagnóstico por exame clínico, observa-se que, de maneira geral, a concordância sobre o estado de saúde/ doença varia, sendo maior para saúde do que doença. Entre os 53 pacientes, 47 tiveram o diagnóstico clínico como doente, entretanto apenas 11 (23,40%), de fato, concordaram com o diagnóstico clínico emitido pelo profissional. Enquanto 6 pacientes foram considerados saudáveis, 4 deles (66,66%) realmente perceberam seu estado de saúde (tabela 2). Na segunda parte, referente à comparação entre Diagnóstico por questionário x Diagnóstico por exame, observa-se que o diagnóstico dado pelo periodontista ao analisar as respostas do questionário concordam com o exame clínico em 4 pacientes para saúde (66,66%), já para doença concordam em 24 pacientes (51,06%) (tabela 2). Na terceira parte, referente à comparação entre Diagnóstico por questionário x Autopercepção, observa-se que houve uma concordância de 25 pacientes como saudáveis, enquanto que para doença concordam em 11 pacientes (tabela 02). Tabela 2. Valores com relação ao nível de concordância para saúde e doença entre os diferentes métodos de avaliação. Natal/RN 2022. DIAGNÓSTICO POR EXAME AUTOPERCEPÇÃOSAÚDE DOENÇA TOTAL SAÚDE 4 (7,54%) 36 (67,92%) 40 (75,47%) DOENÇA 2 (3,77%) 11 (20,75%) 13 (24,52%) TOTAL 6 (11,32%) 47 (88,67%) 53 (100%) DIAGNÓSTICO POR EXAME DIAGNÓSTICO POR QUESTIONÁRIO SAÚDE DOENÇA TOTAL SAÚDE 4 (7,54%) 23 (43,39%) 27 (50,94%) DOENÇA 2 (3,77%) 24 (45,28%) 26 (49,05%) TOTAL 6 (11,32%) 47 (88,67%) 53 (100%) AUTOPERCEPÇÃO DIAGNÓSTICO POR QUESTIONÁRIO SAÚDE DOENÇA TOTAL SAÚDE 25 (47,16%) 2 (3,77%) 27 (50,94%) DOENÇA 15 (28,30%) 11 (20,75%) 26 (49,05%) TOTAL 40 (75,47%) 13 (24,52%) 53 (100%) Fonte: Dados da pesquisa Referentemente à concordância entre os três métodos de percepção da doença, pode-se observar que há uma correspondência entre os diagnósticos, tendo em vista que os valores de Coeficiente Kappa foram diferentes de zero, conforme mostrado na tabela 03. Entretanto, entre exame clínico e autopercepção (Kappa= 0,029 e p= 0,595), bem como entre exame clínico e diagnóstico por questionário (Kappa= 0,070 e p= 0,413) as concordâncias foram consideradas mínimas e, sem associação estatisticamente significativa. Quanto à autopercepção e diagnóstico por questionário, observa-se uma concordância considerada razoável (Kappa= 0,35 e p= 12 0,003) e estatisticamente significativa (tabela 03). Os valores de referência para interpretação da concordância são mostrados na tabela 04 (Landis e Koch, 1977)62. Tabela 3. Valores do Coeficiente Kappa e a significância entre os três diagnósticos analisados. Natal/RN 2022. VALOR DO COEFICIENTE KAPPA P-VALOR Exame clínico x Autopercepção 0,029 0,595 Exame clínico x Diagnóstico por questionário 0,070 0,413 Autopercepção x Diagnóstico por questionário 0,35 0,003 Fonte: Dados da pesquisa. Tabela 4. Interpretação do Coeficiente Kappa. VALOR DO COEFICIENTE KAPPA NÍVEL DE CONCORDÂNCIA <0 Não existe concordância 0-0,19 Concordância mínima 0,20-0,39 Concordância Razoável 0,40-0,59 Concordância Moderada 0,60-0,79 Concordância Substancial 0,80-1,00 Concordância Perfeita Fonte: Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics 1977; 33: 159-174. Os valores de sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) são utilizados na análise de qualidade de testes clínicos ou diagnósticos. Nesse estudo, avaliamos os valores de (S), (E), (VPP) e (VPN) quanto ao diagnóstico por meio da autopercepção do indivíduo e do questionário (avaliado pelo profissional) comparado ao diagnóstico padrão-ouro (periograma), conforme observado na tabela 05. Em relação à sensibilidade (S), que representa a capacidade do teste diagnóstico identificar corretamente indivíduos doentes entre aqueles que realmente são doentes, observou-se que para a autopercepção esse valor foi menor (23%), quando comparado ao diagnóstico pelo questionário (51%). Em relação à especificidade (E), que representa a capacidade do teste diagnóstico identificar corretamente indivíduos saudáveis entre aqueles que realmente são saudáveis, tanto para a autopercepção quanto para o diagnóstico por meio do questionário houve o mesmo valor (66%). O valor preditivo diz respeito à capacidade com que um determinado teste diagnóstico pode predizer a ocorrência da doença, podendo ser um valor preditivo positivo (VPP), que mede a proporção de doentes entre aqueles ditos doentes pelo teste diagnóstico (autopercepção ou questionário), ou valor preditivo negativo (VPN), que mede a proporção de saúde entre aqueles diagnosticados como saudáveis pelo teste diagnóstico (autopercepção ou questionário). Dessa forma, tanto o (VPP), quanto o (VPN) foi maior para o diagnóstico por questionário (92% e 17%, respectivamente) do que o de autopercepção (84% e 10%, respectivamente). 13 Tabela 5. Valores de sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) do questionário e autopercepção com os resultados obtidos por meio do exame clínico da doença periodontal. Natal/RN 2022. AUTOPERCEPÇÃO QUESTIONÁRIO EXAME S E VPP VPN S E VPP VPN 23% 66% 84% 10% 51% 66% 92% 17% S (sensibilidade); E (especificidade); VPP (valor preditivo positivo); VPN (valor preditivo negativo). Fonte: dados da pesquisa. 4 DISCUSSÃO Com o intuito de avaliar se a autopercepção do indivíduo exerce o mesmo nível de confiabilidade na detecção de doença periodontal do que aquele obtido pelo exame clínico, os resultados desse estudo concentraram-se em comparar o diagnóstico obtido por meio da percepção do indivíduo sobre sinais e sintomas de doença com aquele concedido pelo exame clínico, observando-se um baixo nível de concordância entre eles. Além disso, outro viés de diagnóstico utilizado para comparação corresponde aquele realizado pelo periodontista com base nas respostas do questionário, para que pudesse ser observado se, de fato, um questionário de autopercepção pode ser utilizado como um instrumento de predição da doença periodontal. Este, por sua vez, demonstrou uma concordância considerada razoável com o diagnóstico por autopercepção. Ao comparar a percepção dos pacientes sobre sangramento à sondagem (SS), recessão gengival (RG), mobilidade (M) e cálculo (C) com o que foi observado no exame clínico, observa-se, de forma geral, que a maioria relatou menos sintomas do que realmente possui, conforme diagnosticado clinicamente. Apenas 5,66% dos pacientes disseram apresentar os quatro sintomas, enquanto 22,64% foram clinicamente diagnosticados com os quatro parâmetros, 16,98% dos pacientes disseram não apresentar nenhum dos sintomas, enquanto que o exame detectou pelo menos um sintoma em cada paciente. Uma das explicações para essa divergência, se deve ao fato de que entre os 47 pacientes diagnosticados como doentes, alguns receberam o diagnóstico de gengivite, considerada uma fase ainda inicial da doença periodontal, na qual os sintomas não impactam tão fortemente a qualidade de vida dos pacientes como acontece na periodontite64,65. Tal fato se associa com alguns estudos que mencionam a doença periodontal como uma doença silenciosa em que os sintomas mais graves (por exemplo dor, incapacidade funcional, perda dentária) demoram a aparecer, diante disso os pacientes costumam subestimar a presença da doença e dificilmente notam a sintomatologia inicial27,28,29,66. Outros estudos podem corroborar o resultado observado neste, Airila-Månsson e colaboradores (2007)32, assim como Buhlin e colaboradores (2002)67, desenvolveram uma pesquisa para avaliar problemas bucais relatados pelos pacientes em comparação ao exame clínico, como resultado observaram que o sangramento gengival foi subnotificado pelo paciente, assim como pode ter sido um parâmetro pouco reconhecido pelo paciente nesse estudo. Outros achados também atestam esses resultados, o sangramento gengival e acúmulo de cálculo demonstraram baixa sensibilidade pelo paciente37,54,68, em comparação com a 14 mobilidade e recessão gengival, que são comuns em um estágio mais grave da doença69. Em relação ao nível de concordância entre os métodos de percepção da doença, observa-se que para exame clínico e autopercepção (Kappa= 0,029 e p= 0,595) houve um nível de concordância mínimo e sem associação estatisticamente significativa. Outros estudos35,54,70 desenvolvidos com metodologia similar ao presente estudo, na qual os indivíduos participantes foram submetidos ao exame clínico e aplicação de questionário sobre autopercepção de sinais e sintomas de doença periodontal, obtiveram resultados semelhantes a este. De maneira geral, concluíram que a concordância entre impressões subjetivas do paciente e o diagnóstico clínico não é alta, os dados mostram uma disparidade entre a autoavaliação de doença periodontal e o exame clínico. Referente a esse resultado, uma constatação feita por Genco e colaboradores (2007)50 em seu estudo pode ser umadas razões que expliquem essa baixa concordância. De acordo com esse autor, a concordância entre autopercepção a partir de perguntas em questionários comparada a diagnósticos consolidados mudam a depender da doença. Aquelas doenças que geram dor e interferem no cotidiano são reportadas mais facilmente pelas pessoas e as levam à procura por tratamento odontológico. No campo da Odontologia, por exemplo, o autorrelato parece ser válido para observação de perda de dentes e presença de prótese4,71. Quando se refere à percepção da doença periodontal, a sua validade demonstra certa variabilidade, na qual melhores resultados estão associados à autopercepção por profissionais de saúde72. Como contraponto a esse resultado, existem estudos que demonstram uma boa validade de medidas de autorrelato para doença periodontal, uma revisão sistemática realizada por Blicher e colaboradores (2005)39 examinou 16 estudos sobre essa temática e concluiu que a autopercepção possui potencial para detectar doença periodontal, mais especificamente a periodontite. Dessa forma, algumas limitações presentes nesse estudo podem ter interferido no nível de concordância entre o exame clínico e a percepção do indivíduo. Uma delas é o fato de alguns pacientes participantes estarem em tratamento, no Departamento de Odontologia, durante as fases de coleta da pesquisa, sendo assim, quando indagados se apresentavam alguma sintomatologia eles respondiam que no momento não possuíam, mas que já tinham percebido em um momento anterior ao tratamento. Outra limitação que pode ser mencionada é referente ao fato de que alguns estudos aplicaram questionários já validados, como por exemplo o da Associação Americana de Periodontia (AAP)73 ou da Organização Mundial da Sáude (OMS)74, diminuindo as possíveis interferências que perguntas subjetivas pudessem ocasionar e influenciar na percepção do paciente. No presente estudo, ao comparar a relação entre os diagnósticos pelo questionário e exame clínico percebe-se que a concordância foi mínima (Kappa= 0,070 e p= 0,413) e sem associação estatisticamente significativa. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que o periodontista, que analisou o questionário respondido pelo paciente, baseou seu diagnóstico nas respostas do próprio paciente. Logo, se o paciente não conseguiu identificar com precisão o seu diagnóstico, as suas respostas refletiram essa percepção e como o profissional avaliador, cego para o exame clínico, baseou seu diagnóstico apenas nas respostas, consequentemente, foi induzido ao erro. Essa pode também ter sido uma razão para que tenha havido uma concordância razoável (Kappa= 0,35 e p= 0,003) e estatisticamente significativa entre autopercepção e diagnóstico por questionário. 15 Para determinar a qualidade e precisão dos métodos diagnósticos nesse estudo, valores de sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) foram analisados. Referente à acurácia do diagnóstico por meio da autopercepção, comparada ao diagnóstico padrão-ouro, observa-se valor de sensibilidade (S) correspondente a 23% e de especificidade (E) igual a 66%. Tratam-se de porcentagens baixas, considerando que os níveis de (S) e (E) são considerados aceitáveis quando superiores a 75% e considerados bons somente acima de 80%75. Uma das razões que podem explicar a baixa sensibilidade da autopercepção nesse estudo é o fato de que a maioria das perguntas foram de um único domínio, isto é, sobre percepção dos sinais e sintomas de doença pelo próprio indivíduo. Chatzopoulos e colaboradores (2016)76 concluíram que a sensibilidade e até mesmo a especificidade do modelo de autopercepção aumentou quando envolveu perguntas referentes a dois domínios, como itens de risco para periodontite (por exemplo, “você percebe se a gengiva sangra?”) associados a itens de diagnóstico mencionados pelo dentista (por exemplo, “algum dentista disse que você tinha perda óssea ao redor do dente?”). Sendo assim, como o presente estudo contou com apenas duas perguntas de domínio “diagnóstico pelo dentista” (“já teve o diagnóstico de doença periodontal?” e “já teve o diagnóstico de perda óssea?”) possa ser que tenha sofrido influência para uma baixa sensibilidade. Em seu estudo, Vered e colaboradores (2003)63 obtiveram valor de sensibilidade baixa (28%), já a especificidade também foi maior que a sensibilidade, assim como no presente estudo, entretanto considerada mais alta (83%). Referente aos valores preditivos, o VPP foi mais baixo (5%) que o VPN (54%). Já no presente estudo, o (VPP) correspondeu a 84% e o (VPN) a 10%. Os valores preditivos estão associados à capacidade do teste diagnóstico predizer a ocorrência da doença baseado no resultado do padrão-ouro (nesse caso, o exame clínico), quando positivo mede a probabilidade de aqueles ditos doentes pelo teste serem realmente doentes, já quando negativo mede a capacidade de o paciente ser saudável quando o teste o apontar como saudável63,77,78. Tratam-se de valores que não são fixos, pois dependem da prevalência da doença na população do estudo e, por isso, seu valor pode variar, sendo difícil estipular uma comparação assertiva entre diferentes estudos79,80. Ao comparar os valores de sensibilidade (S) e especificidade (E) do diagnóstico dado a partir da interpretação das respostas do questionário com os da autopercepção, observa-se que o diagnóstico por questionário obteve o mesmo valor de especificidade que a autopercepção (66%). Já quanto à capacidade de reconhecer indivíduos verdadeiramente doentes, o diagnóstico por questionário obteve maior valor de sensibilidade, correspondente a 51%. Isso pode ser explicado pelo fato de o periodontista ter o conhecimento para discernir entre características de sinais e sintomas que são conclusivos para determinar o diagnóstico de doença, diferentemente do paciente. Os valores preditivos do diagnóstico por questionário foram maiores (VPP = 92% e VPP = 17%) que os valores de diagnóstico por autopercepção (VPP = 84% e VPN = 10%). Esses valores acabam sendo mais utilizados que sensibilidade (S) e especificidade (E), pois predizem a probabilidade ou não de doença a partir do resultado do teste diagnóstico. Considerando a mesma população e mesma prevalência de doença nesse estudo, é possível estabelecer uma comparação entre esses valores preditivos. Logo, conclui-se que o diagnóstico por questionário mostrou melhores valores para predizer o resultado que o diagnóstico por autopercepção. 16 Em razão das limitações desse estudo, novas pesquisas podem ser realizadas para corrigir essas falhas e observar o resultado da concordância entre autopercepção e o padrão-ouro. Até mesmo porque medidas de autorrelato são ferramentas promissoras de triagem de doença periodontal na população, principalmente quando diante de limitação de recursos, além de funcionar como um mecanismo que estimula a conscientização das pessoas sobre a sua condição bucal e orientam na busca por ajuda profissional. 5 CONCLUSÃO Diante dos resultados apresentados, conclui-se que o diagnóstico por autopercepção não demonstrou um nível de concordância satisfatório com o exame clínico. Entretanto, considerando as limitações desse estudo, novas pesquisas ainda são necessárias para que tais falhas sejam reparadas, pois a utilização da autopercepção não deve ser descartada. Trata-se de uma ferramenta que pode funcionar como um meio de triagem de doença periodontal na população, quando recursos são escassos, além de funcionar como um mecanismo estimulador da educação em saúde bucal. REFERÊNCIAS 1. PIHLSTROM, B. L., MICHALOWICZ, B. S. & JOHNSON, N. W. Periodontal dis- eases. Lancet 366, 1809–1820 (2005). 2. ROBERTS, F. A. & DARVEAU, R. P. Microbial protection and virulence in peri- odontal tissue as a function of polymicrobial communities: symbiosis and dysbiosis. Periodontol 2000 69, 18–27, (2015).3. OLIVEIRA, L. C. Existem alterações nos perfis microbiológicos subgengivais de pacientes tabagistas com periodontite após o tratamento periodontal não cirúr- gico?: uma revisão sistemática. Rio de Janeiro, 2019. Dissertação (Mestrado Profissional-Clínica Odontológica) –Programa de Pós Graduação, Faculdade de Odontologia, UFRJ, Rio de Janeiro. 4. GENCO, R. J.; SANZ, M. Clinical and public health implications of periodontal and systemic diseases: An overview. 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