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ConceitodeInformacaonaMuseologia-Galvao-2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA 
 
 
 
 
 
ANA LUIZA DANTAS GALVÃO 
 
 
 
 
 
CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA MUSEOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A 
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
 
 
 
 
 
 
ANA LUIZA DANTAS GALVÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA MUSEOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A 
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Departamento 
de Ciência da Informação da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, como requisito para obtenção do 
grau de Bacharel em Biblioteconomia. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Gabrielle 
Francinne de Souza Carvalho Tanus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Catalogação de Publicação na Fonte. 
UFRN / Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
 
 Galvão, Ana Luiza Dantas. 
 Conceito de informação na Museologia e sua relação com a Ciência da 
Informação / Ana Luiza Dantas Galvão. - 2018. 
 51f.: il. 
 
 Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de 
Ciências da Informação. Natal, RN, 2018. 
 Orientador: Profa. Dra. Gabrielle Francinne de Souza Carvalho Tanus. 
 
 1. Conceito de Informação - Monografia. 2. Museologia - Monografia. 3. 
Ciência da Informação - Monografia. 4. Interdisciplinaridade - Monografia. I. 
Tanus, Gabrielle Francinne de Souza Carvalho. II. Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte. III. Título. 
 
RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 069.01 
 
 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
 
 
 
 
 
 
ANA LUIZA DANTAS GALVÃO 
 
 
 
 
CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA MUSEOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A 
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso em 
Biblioteconomia da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte – UFRN, como 
parte das exigências para a obtenção do 
título de Bacharel em Biblioteconomia. 
 
Natal, 17 dezembro de 2018. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Profa. Dra. Gabrielle Francinne de Souza Carvalho Tanus (Orientadora) 
Departamento de Ciência da Informação 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Profa Dra. Luciana de Albuquerque Moreira 
Departamento de Ciência da Informação 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Profa Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti 
Departamento de Ciência da Informação 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Paciência. Ótima palavra para começar. Paciência para entender que é só um 
trabalho… um trabalho importante, mas só um. Paciência para escolher um tema e 
não abrir mão dele. Paciência que muitas pessoas precisavam ter quando eu sei que 
exagerei ou não cumpri com algo. Paciência que nunca tive e aprendi a ter, e 
certamente cresci com isso. Paciência da minha orientadora por me acompanhar 
nesta jornada. Paciência dos amigos pelas boas palavras de fé quando eu não as 
tinha. Paciência que agora não preciso mais ter, pois finalmente conclui este 
trabalho. 
Aos meus pais Célia Dantas e Cláudio Galvão, e minhas irmãs Ana Carolina e 
Ana Cláudia, por terem me dado apoio para chegar até aqui. Construir esse trabalho 
não foi fácil, ninguém nunca disse que era, mas sempre ouvi que valeria muito a 
pena concluí-lo da maneira como eu queria, que não haveria sensação melhor 
quando acontecesse. 
Antes do todo e qualquer coisa um IMENSO agradecimento a minha 
orientadora Gabrielle Francinne Tanus. Meus amigos hoje em dia sabem seu nome 
e sobrenome, e provavelmente gostam mais de você do que de mim. Agradeço por 
aceitar conversar comigo e ouvir sobre minha vaga ideia de tema, pela constante 
ajuda em me fazer construir este trabalho, por ter paciência, me apoiar e continuar 
aqui. Obrigada! 
Obrigada aos amigos que fiz ao longo desses quatro anos de curso, pelas 
risadas, trabalhos e comidas que compartilhamos. Algumas coisas realmente podem 
mais na memória do que outras, mas sem dúvidas foram grandes momentos de 
aprendizados e descobertas juntos todas essas pessoas incríveis que conheci ao 
longo do curso. Os BiblioAmigos que fiz tanto na UFRN como em outras 
universidades que visitei ou que pude manter contato realmente contribuíram para 
que de alguma maneira eu fosse abrindo meus olhos para inúmeras coisas que 
posso vivenciar depois daqui. 
 
 
 
 
 
E a vida acadêmica não seria a mesma sem vocês, Magaly Alexandre e 
Melissa Fontes. Obrigada estranhamente por terem entrado neste curso e pela 
amizade que sei que durará outras vidas. Pelas coisas que não temos em comum, 
mas que no fim das contas não ligamos tanto e buscamos realmente melhorar uma 
na outra e totalmente livre de julgamentos. Agradeço também pela empresa e igreja 
que não fundamos, mas seguimos os padrões da ABNT para cria-la inicialmente. 
Vocês sabem o quanto custou a cada uma chegar até aqui e eu sei que todas 
podemos e muito mais longe do que pensamos. Grata! Gratidão! 
Agradeço aqueles poucos e muitos amigos que em 5 minutos de conversa me 
davam dicas, que sempre perguntavam como eu estava e como o TCC estava indo. 
Aos que me compraram brigadeiros e empadas enquanto eu estudava, aos 
familiares, amigos e conhecidos que sempre me desejaram boas energias falando 
que eu conseguiria. Aos que preferem permanecer anônimos e aqueles que não 
poderei citar o nome um a um para agradecer o pouco de carinho e paciência que 
recebi. Muito obrigada! 
Falaram-me que construir um TCC seria uma tarefa difícil, que eu teria que 
me esforçar e buscar pelos conhecimentos adquiridos no decorrer deste curso. Me 
senti realmente perdida em muitas ocasiões, mas realmente vi que além do que 
aprendemos e do conhecimento que buscamos a vida sempre mostra que são as 
pessoas que nos cercam que nos ajudam a crescer e vencer as grandes e pequenas 
batalhas que surgem ao longo da vida. Certamente eu não seria quem sou pelas 
coisas boas, mas certamente eu também não teria chegado até aqui sem as pedras 
no caminho que me fizeram buscar mais e me ver que certas vitórias sempre podem 
maiores e conquistadas mais de uma vez. 
Diante de tantos momentos de alegria ou tristeza ocorridos neste pequeno 
departamento, quero agradecer imensamente aos professores com quem tive 
contato e pude aprender um pouco mais a cada dia, um sincero obrigada: Andrea, 
Antonia, Eliane, Fernando, Francisco, Jacqueline, Luciana, Nadia, Pedro e Rildeci. E 
agradeço também aos que passaram brevemente por esta casa: Carla, Claudialyne, 
Fernanda, Ilaydiany, Rhavena e Rafael. E alguns outros grandes professores de 
 
 
 
 
 
outros departamentos que pude conhecer e que me ajudaram a enriquecer os 
conhecimentos aprendidos aqui. E sem esquecer, é claro, esse funcionário querido 
por todos e que nos atende sempre tão bem: Laerte. 
A vocês e a todos os outros docentes e profissionais com quem tive contato 
em outras disciplinas... Obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Odiei as palavras e as amei, 
e espero tê-las usado direito” 
(A menina que roubava livros, Markus Zusak) 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Discorre acerca de dois campos interdisciplinares que são a Ciência da Informação 
e a Museologia, tendo em vista a consolidação delas enquanto campo científico. 
Tem como objetivo geral compreender como o conceito de informação é trabalhado 
no campo da Museologia, visando estabelecerrelações com a Ciência da 
Informação. Objetiva especificamente: discutir aspectos interdisciplinares da 
Museologia e da Ciência da Informação; identificar os artigos publicados no campo 
da Museologia que versem sobre o conceito de informação; analisar as 
manifestações do conceito de informação presente nas publicações; apresentar e 
discutir as aproximações e os afastamentos do conceito de informação. Utiliza-se 
uma metodologia de pesquisa bibliográfica e documental com análises comparativas 
dos dados coletados para explicação dos resultados. Apresenta-se um enlace do 
conceito de informação da Museologia com as categorias: informação como coisa, 
informação como processo e informação como conhecimento. Embora seja bastante 
trabalhada e discutida o conceito de informação, no que se refere a área da 
Museologia ela não apresenta uma definição precisa do termo nos artigos 
analisados. Os autores pouco fazem uso do conceito de informação em seus 
trabalhos, deixando quase sempre subentendido que o leitor tem um conhecimento 
prévio do significado ou então ligando o termo a algo expresso no artigo a fim de 
concluir e ligar a discussão a temática abordada. 
 
 
Palavras-chave: Conceito de Informação. Museologia. Ciência da Informação. 
Interdisciplinaridade. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
It discusses two interdisciplinary fields that are Information Science and Museology, 
with a view to their consolidation as a scientific field. Its main objective is to 
understand how the concept of information is worked in the field of Museology, 
aiming to establish relations with Information Science. Objective: to discuss 
interdisciplinary aspects of Museology and Information Science; identify the articles 
published in the field of Museology that deal with the concept of information; analyze 
the manifestations of the information concept present in the publications; present and 
discuss the approximations and departures from the concept of information. A 
bibliographic and documentary research methodology is used with comparative 
analysis of the data collected to explain the results. It presents information records 
from the categories: information as a thing, information as process and information 
as knowledge. Although the concept of information is quite elaborate and discussed, 
it does not present a precise definition of the term in the articles analyzed. The 
authors make little use of the concept of information in their works, leaving almost 
always implied that the reader has a prior knowledge of the meaning or else linking 
the term to something expressed in the article in order to conclude and link the 
discursion to the subject addressed. 
 
Keywords: Information Concept. Museology. Science Information. Interdisciplinarity 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A Museologia inicialmente ligada aos conceitos de memória e patrimônio tem 
a perspectiva dentro do campo ampliada devido a uma crise dos museus no período 
da Segunda Guerra Mundial, bem como a modernização do campo e incorporação 
de tecnologias de informação e comunicação. Surge então a necessidade de 
legitimar a Museologia enquanto um campo científico, ocorrendo a criação do 
Conselho Internacional de Museus (ICOM). Ademais, é identificada a necessidade 
de mudanças nas perspectivas técnico-científicas de compreensão das teorias, 
objetos de estudo e conservação dos mesmos. Foi considerada uma ciência em 
construção, com um sistema em aberto, onde era necessário compreender os 
diferentes tipos de conhecimentos que haviam dentro dela, a fim de estabelecer-se 
como um campo científico e, consequentemente, com um possível ensino 
museológico e fazer profissional. Diante da visão e reconstrução do que seria o 
museu, e as pesquisas da área, a Museologia passa a ser encarada como uma 
ciência interdisciplinar, voltando-se também para o papel social do museólogo e do 
museu. 
Por sua vez, a Ciência da Informação é um campo científico apontado por 
muitos autores com sua origem no século XX, vinculada ao crescimento 
informacional devido ao período de guerra e o aumento da produção bibliográfica do 
período. A Ciência da Informação ainda é alvo de dúvidas quanto ao seu objeto de 
pesquisa e mais ainda sobre o seu conceito: a informação. É possível identificar que 
parte disso é devido a sua interdisciplinaridade que faz com que a mesma dialogue 
com outras áreas acarretando uma série de interpretações. O campo da 
Biblioteconomia também pode ser visto com antecessor à Ciência da Informação, e 
relaciona-se com as preocupações expostas pela Documentação, a saber: 
 
A Ciência da Informação não estuda a ação administrativa, política 
ou cultural em si mesmas, mas apenas naquilo que elas têm de 
informacional. O contínuo exercício destas ações de in-formar acaba 
 
 
13 
 
por gerar um determinado acúmulo de registros do conhecimento 
humano – que Berger e Luckmann (1985) chamam de “acervo social 
de conhecimento” e Halbwachs (1990) de “memória social”. Foi, 
aliás, justamente esse conjunto documental que deu origem, séculos 
antes, a campos de conhecimento como a Arquivologia, a 
Biblioteconomia e a Museologia. Ao mesmo tempo, ainda, os seres 
humanos, também em suas diferentes ações (tomar decisões de 
investimentos, testemunhar determinados direitos, comunicar-se com 
os outros, etc.), utilizam esses documentos, esses registros materiais 
– os seres humanos se in-formam. É também essa ação de utilizar, 
se apropriar dos registros de conhecimento que é a informação, e 
que é também objeto de estudo da CI. (ARAÚJO, 2014, p.25) 
 
O campo científico da CI originou-se então, de modo a diferenciá-lo de suas 
outras áreas relacionadas, com objetivo de não pensar apenas no documento em si, 
mas no que estava contido nele, na informação. Sobre essa informação, pensava-se 
na sua disseminação, circulação e em como torná-la útil e produtiva. As ações 
informacionais de informar e de se informar tornaram as preocupações fulcrais para 
este campo recentemente e em constante processo de desenvolvimento científico. 
A princípio a ideia de estudo a respeito deste tema se deu pelo interesse nas 
coleções expostas em museus de maneira geral, e como o tempo em algumas 
conversas e leituras foi possível perceber que seria necessário primeiro entender o 
um conceito central: informação. Ao consultar a obra de referência “Conceitos-chave 
de Museologia” dos editores André Desvallées e François Mairesse, constatou-se 
que não há um verbete específico para o termo informação. Todavia, pode-se 
constatar a ocorrência da informação em alguns verbetes como: musealização, 
comunicação e exposição. 
No verbete "Musealização" que consiste na "operação de extração, física e 
conceitual, de uma coisa de seu meio natural ou cultural de origem, conferindo a ela 
um estatuto museal", isto é, transformando em um documento/objeto de museu 
(DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 56), a informação vincula-se ao objeto 
portador de informação, ou objeto-documento musealizado, que se inscreve no 
coração da atividade científica do museu. No verbete "comunicação" a informação 
aparece como um elemento da veiculação da ação de comunicação. Esse processo 
ocorre não apenas por meio dos processos humanos portadores de informação, mas 
 
 
14 
 
também por vias das máquinas, sendo a comunicação elemento central das 
instituições museais, sobretudo, a partir das exposições. De modo que, os conjunto 
de coisas expostas estão vinculados "aos suportes de informação (os textos, os 
filmes ou os multimídias), conforme o verbete "exposição" (DESVALLÉES; 
MAIRESSE, 2013, p.44). 
Outrora, foi necessário extrapolar o entendimento de como a Museologia 
enxerga a informação. Assim, foram levantados alguns questionamentos visando 
pontos específicos a respeito de como a informação é discutida nas publicações 
científicas, em especial, nos artigos, e, por fim, buscar perceber se é possívelestabelecer proximidades desse conceito com a maneira de como a informação é 
trabalhada pela Ciência da Informação. Trata-se de ver, portanto, como a 
informação é discutida no campo da Museologia e se é possível estabelecer 
proximidades com a informação discutida pela Ciência da Informação. 
Ambos os campos em foco neste trabalho, Museologia e Ciência da 
Informação, são identificados como interdisciplinares, e o diálogo entre essas áreas 
é bem mais recente e menos recorrente quando se comparada com outros campos. 
Como, por exemplo, a Ciência da Informação estabelece uma relação interdisciplinar 
mais forte com a Biblioteconomia e com a Arquivologia, e a Museologia com a 
História, Sociologia e Antropologia (TANUS, 2013). Voltando-se para os campos da 
Ciência da Informação e da Museologia, especificamente, estabeleceu-se, os 
seguintes itens: problema de pesquisa, objetivo geral e objetivos específicos, a 
seguir: 
 
1.1 Problema de pesquisa 
Como a informação é discutida no campo da Museologia? É possível 
estabelecer proximidades com a informação trabalhada pela Ciência da informação? 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
1.2 Objetivo geral 
Compreender o conceito de informação presente na literatura científica do 
campo da Museologia e as relações deste conceito a partir da visão da informação 
como coisa, da informação como processo e da informação como conhecimento. 
 
1.3 Objetivos específicos 
 
 Discutir aspectos interdisciplinares da Museologia e Ciência da 
Informação; 
 Identificar os artigos publicados no campo da Museologia que versem 
sobre o conceito de informação; 
 Analisar as manifestações do conceito de informação presente nas 
publicações da Museologia; 
 Apresentar e discutir as aproximações e os afastamentos do conceito 
de informação a partir do enlace com a Ciência da Informação. 
 
Disto isto, a pesquisa concentrou-se na busca dos periódicos científicos 
específicos e de excelência da área de Museologia, os quais constituem dois 
periódicos nacionais: “Museologia e Patrimônio” (qualificado como B1) e 
“Museologia & Interdisciplinaridade” (qualificado como B3). Para a seleção dos 
periódicos da área de Ciência da Informação, tendo em vista uma quantidade maior, 
optou-se em restringir para aqueles com qualis A1, que são: “Perspectiva em 
Ciência da Informação”, “Informação e Sociedade” e “Transinformação”. A 
introdução dos periódicos da Ciência da Informação teve como objetivo ampliar a 
coleta de dados, e dar visibilidade as publicações dos artigos que versassem sobre 
Museologia, tendo em vista justamente a interdisciplinaridade entre os campos, e em 
 
 
16 
 
razão dos periódicos da Ciência da Informação constituírem em um local de 
publicação da Museologia. 
A partir desta seleção das fontes de informação da Museologia e da Ciência 
da Informação operou-se a coleta de dados a partir do uso dos descritores: 
informação, informação AND museologia, e informação AND museu em todos os 
campos passíveis de busca, isto é, título, resumo, palavras-chaves, opção disponível 
nos periódicos científicos. Ao todo após o tratamento dos dados, de retirada de 
duplicadas, foram selecionados 17 artigos que foram publicados entre os anos de 
2008 a 2017, e que constituíram no foco de análise. 
Ressaltamos que o segundo semestre de 2017 foi o momento da coleta de 
dados, e que devido a publicação de outros volumes a partir deste ano os resultados 
provavelmente devem variar, o que demonstra uma dinamicidade e importância de 
olhar novamente para a informação na publicação científica da Museologia. 
 
 
17 
 
2. CAMPO CIENTÍFICO DA MUSEOLOGIA 
 
Dentro de um contexto de construção social, deve-se levar em consideração 
que a história é criada no período de vivência de um grupo naquele espaço de 
tempo em que reside e “descobre” sua época, e com ou sem conhecimento do 
domínio de técnicas que possam registrar seu cotidiano, isso fica gravado em 
materiais que podem ou não ser acessíveis futuramente por outros grupos 
d(a)aquela região, com ou sem a intenção de recriar o passado. Sobre isso, 
Meneses (1998, p. 92) declara que “[…] os objetos materiais têm uma trajetória, uma 
biografia. […] Não se trata de recompor um cenário material, mas de entender os 
artefatos na interação social”. 
Essas lembranças de caráter coletivo constroem uma identidade cultural e um 
patrimônio histórico que de maneiras atemporais é percebido, estudado, e em 
alguns casos, também recriado a fim de conhecer a importância de tal artefato 
naquele cotidiano. Scheiner (2008, p. 36), relata a respeito da visão sobre o que era 
o museu e origem da palavra: 
 
Uma das mais fascinantes representações da sociedade humana, o 
Museu foi tradicionalmente compreendido, na sociedade dita 
‘ocidental’, como instituição permanente – dedicada ao estudo, 
conservação documentação e exibição de evidências materiais do 
homem e do seu ambiente. Essa percepção limitada do Museu, 
como espaço físico de guarda de objetos, originou-se provavelmente 
no pensamento europeu do século 16 e prolongou-se na literatura 
ocidental, a partir da ênfase dada à atividade colecionista pela 
sociedade do Renascimento. […] Parece ter sido esse também o 
momento em que se passou a vincular a origem do Museu à palavra 
grega Mouseion, ou “templo das musas”, frequentemente confundido 
com o local (em Delfos) onde as musas falavam, pela voz das 
pintoras; ou com o Mouseion de Alexandria, primeiro contro cultural 
conhecido do ocidente, fundado no século 3 a.C., para glória do 
mundo helenístico. 
 
A consolidação da Museologia está relacionada a uma crise dos museus no 
período da segunda guerra mundial, onde foi percebido que havia a necessidade de 
modernização do campo e incorporação de tecnologias de informação e 
comunicação, bem como mudanças nas perspectivas técnico-científicas de 
 
 
18 
 
compreensão das teorias, objeto de estudo e conservação dos mesmos. Conforme 
exposto: 
 
A história da Museologia – ou a saga de uma disciplina que ao mesmo 
tempo que tenta se estruturar, procura se desvincular de preconceitos 
ligados ao seu universo de estudos (instituição museu), e passa por 
uma necessária revolução de princípios, demonstra com muita clareza 
todos os conflitos que emergem da produção acadêmica 
contemporânea. Compreende-se, hoje, que a Museologia tem um 
espaço próprio de experimentação, análise e sistematização de seu 
objeto de estudo. (BRUNO, 1997, p. 14) 
 
Nessa mudança de perspectiva e de contexto pós-guerra, houve fortes 
reflexões sobre o que seria o museu e a Museologia, e partindo disso há então uma 
necessidade de legitimar a Museologia enquanto um campo científico, o que ocorre 
com a criação do Conselho Internacional de Museus (ICOM)1, fundado em 1946, e 
associado à Unesco. 
 
A criação desse conselho efetivou-se sobremaneira em razão da 
extinção, em 1945, do Escritório Internacional de Museu (OIM), 
criado por M. Henri Focillon, após a Primeira Guerra Mundial, em 
1926, com apoio da Sociedade das Nações, também extinta após 
essa guerra. (TANUS, 2013, p. 68) 
 
O ICOM desempenha um papel de grande importância perante as instituições 
museológicas e a Museologia, onde a princípio os participantes desse comitê tinham 
como objetivo desvelar os conteúdos do campo. A partir de questionamentos e 
preocupações quanto ao ensino e formação dos profissionais, já que as discussões 
estavam dispersas dentro do Conselho, é criado em 1968, o Comitê Internacional de 
Treinamento de Pessoal em Museus (ICTOP)2, um comitê temático dentro do ICOM. 
A partir dos estudos desenvolvidos por esse comitê e demandas potenciais 
oriundas da Museologia, profissionais conduzem a criação de um comitê específico 
para estudar a área. Dessa forma, em 1977, é oficializado o Comitê Internacional 
para a Museologia (ICOFOM)3 que possibilitou o encontro de pessoas interessadas 
 
1Disponível em: https://icom.museum/en/. Acesso em: 21 de dezembro de 2018. 
2 Disponível em: http://ictop.org/. Acesso em: 21 de dezembro de 2018. 
3 Disponível em: http://network.icom.museum/icofom. Acesso em: 21 de dezembro de 2018. 
 
 
19 
 
na formação do campo da Museologia e em discutir o objeto de estudo, bem como 
em estabelecer o que seria o “pensamento museológico” (CERÁVOLO, 2004). É 
importante salientar que havia sim o uso da palavra museologia antes desse 
período, mas com significados diferentes. E a Museologia enquanto área não se 
restringe ao ICOM ou ICOFOM (CERÁVOLO, 2004). 
Pode-se encontrar também o uso do termo Museografia, antes mesmo do uso 
do termo Museologia. A Museografia pode ser definida de três diferentes maneiras, 
sendo elas: um conjunto de técnicas desenvolvidas para funções museais; serve 
para designar a arte de exposições e técnicas ligadas e isso, sendo essas 
exposições realizadas em espaços museais ou não; e por último poderia significar o 
conteúdo de um museu, de maneira comparativa pode-se dizer que seria como a 
bibliografia para a pesquisa científica. 
A atuação em museus e a construção de seus espaços eram feitas por 
pessoas de diversas áreas de formação, executando funções que nem sempre 
necessitavam de muita técnica, não havia realmente uma reflexão museológica ou 
consenso sobre a prática em si, mas, ainda assim, segundo Santos (1996) a 
construção do campo da Museologia se deu pela análise do processo de construção 
da tríade: o sujeito que conhece, o objeto do conhecimento e o conhecimento como 
produto do processo. 
No museu, então se desenvolviam ações museológicas, levando assim, o 
Conselho Internacional de Museus (ICOM) a considerar a Museologia como a 
ciência que estuda a instituição museu, sua história, evolução, sua atuação no 
presente, seu desenvolvimento futuro e sua relação com a sociedade, fortalecendo a 
Museologia como uma ciência sócia. 
 
A insatisfação com o modelo de museu estabelecido é, então, 
refletida na IX Conferência Geral do ICOM, realizada em Paris e 
Grenoble, em 1971, e na Mesa Redonda de Santiago do Chile, em 
1972, sendo esta última, considerada um marco no processo de 
transformação da Museologia, sobretudo por ter colocado em 
evidência a prioridade da ação museal no campo de intervenção 
social, abrindo espaço para um repensar global da Museologia, 
situando-a entre as ciências sociais. (SANTOS, 1997, p. 104) 
 
 
 
20 
 
No processo de reconhecimento da Museologia enquanto um campo 
científico foi possível identificar na mesma certas características que tornavam-na 
uma área com objetos específicos. Sendo, a ciência onde o seu objeto de pesquisa 
museológica é o fato museal (relação profunda entre homem e objeto) e da condição 
ou espaço onde ele se realiza (museu), dentro de um espaço temporal e visão 
espacial das próprias perspectivas do homem e da sociedade em torno desta 
relação (GUARNIERI, 2010, p. 133). 
Segundo Scheiner (2008, p. 45) “na segunda metade do século 19, já havia 
permitido pensar o Museu para além dos espaços construídos e dos conjuntos de 
objetos” e onde o próprio conceito de objeto é desenvolvido para o de patrimônio 
com a intenção de focar nas vivências do ser humano, bem como valorizar sua 
identidade. 
Embora seja possível identificar que no decorrer de sua construção, a 
herança cultural associada a Museologia está ligada às atividades de preservação e 
comunicação, o que pode ser entendido como a essência do campo (TANUS, 2013, 
p. 71). Enquanto um campo do saber, foi considerada uma ciência em construção, 
com um sistema em aberto, onde era necessário compreender os diferentes tipos de 
conhecimento que haviam dentro dela, a fim de estabelecer com um campo 
científico e consequentemente um possível ensino museológico e fazer profissional. 
 
Enquanto ciência, a Museologia não pode existir unicamente sobre a 
dependência objetiva do museu, pois o que traria de conhecimento 
ficaria limitado unicamente a essa tarefa e à necessidade prática de 
seu desenvolvimento. Ela não serviria às exigências objetivas do 
desenvolvimento do conhecimento científico. A Museologia não pode 
se desenvolver ficando presa ao museu, mas ela deve ao mesmo 
tempo preceder o museu, estar em seu meio e segui-lo. 
(STRANSKY, 1981, p. 19 apud SANTOS, 1996, p. 109) 
 
O conhecimento museológico seria a compreensão e tratamento da realidade 
e da história, sendo assim não apenas um conhecimento racional e sistemático, mas 
também prático onde é possível construir um processo de coerência, conexão e 
interdependência das partes. 
 
 
21 
 
Diante disso, era necessário lhe especificar características e descrevê-la 
enquanto ciência, isso ocorria, porém com dificuldades (CERÁVOLO, 2004, p. 245). 
 
O objetivo da museologia e da pesquisa museológica é o 
conhecimento claro e intenso do fato museal (relação profunda entre 
o homem e o objeto) e da condição, do enclave no qual ele se realiza 
(museu), dentro de um contexto, uma visão espacial e temporal e 
das perspectivas e prospectivas do homem e da sociedade. 
(GUARNIERI, 2010, p. 133) 
 
A partir dessa perspectiva e de uma visão mais crítica, ela passa a ser 
encarada como uma ciência interdisciplinar, pensando também no papel social do 
museólogo. 
 
[...] constata-se que existe um leque variado de aspectos que 
possibilitam o diálogo interdisciplinar entre a Museologia e a Ciência 
da Informação. Desse modo, são campos cujas afinidades não 
podem ser desprezadas, pois um pode contribuir com o outro, seja 
através da experiência e/ou do conhecimento acumulado, como as 
questões de representação da informação (documentação 
museológica, linguagem documentária); da informação (do objeto 
como fonte de informação, do objeto como documento, seus 
aspectos teóricos e cognitivos); da instituição (museus como 
sistemas de informação); do usuário (pesquisa de público/visitante 
real ou virtual, necessidade, uso e transferência de informação); da 
comunicação (exposição, divulgação científica, disseminação da 
informação) e das novas tecnologias da informação e comunicação 
(estudo dos impactos, novos processos, produtos e serviços). 
(TANUS, 2013, p. 82) 
 
Ao aprimorar-se enquanto área e lidando com questões de memória, 
patrimônio, cultura e educação, a Museologia ver-se envolta de uma nova 
discussão: “nova museologia”. Esta questão a destaca como agente e/ou meio de 
construção de novas práticas e de maneira auto-organizada a fim de gerir o tempo e 
futuro (SANTOS, 1996). O Museu visto aqui enquanto fenômeno, pode ser 
trabalhado de diferentes formas e é visto de maneira mais ampla podendo existir em 
qualquer lugar. O objeto é a informação e a comunicação é a principal forma de 
transmiti-lo. 
 
 
 
 
22 
 
2.1 Interdisciplinaridade na Museologia 
A interdisciplinaridade embora não apresente um conceito estável e definido 
em consenso, é uma palavra que atualmente pode ser considerada bastante gasta 
já que pode ser aplicada em muitos contextos e também atrelada a outras palavras 
como multidisciplinaridade, pluridisciplinariade e transdisciplinaridade que também 
podem gerar ambuiguidade quanto a conceituação. O radical da palavra advém de 
disciplina que pode ser entendida como um ramo do saber, como um componente 
curricular ou como um conjunto de normas e leis (POMBO, 2008). 
Desconsiderando os demais contextos e palavras que aparecem, 
interdisciplinaridade pode ser principalmente considerada dentro do contexto estudo 
como o compartilhamento de conhecimento entre as áreas, pois segundo Pombo 
(2018) “o prefixo inter, aquele que faz valer os valores da convergência, da 
complementaridade, do cruzamento, parece-me ser ainda o melhor”. 
Devido a maneira como se consolidou como um campo científico, a 
Museologia é vista como um conjunto básico de parâmetros que liga herança 
cultural e natural, atividades ligadas a preservação e comunicação desta herança.O 
significado dos museus foi expandido e passa a visualizar e a reconstruir suas 
pesquisas, espaço de exposição e objeto de estudo de outra maneira. 
Tendo em vista que o “fato museal” e que os estudos da Museologia voltam-
se para teorias e metodologias ou práticas de trabalho dentro do museu, é possível 
verificar que a área entra em contato com outros campos do conhecimento como 
História, Arqueologia, Psicologia, Sociologia e Antropologia, pois dessa relação entre 
homem e objeto ela também se preocupa em estudar a memória (TANUS, 2013). 
Como também em outros estudos o museu e Museologia aparecem atrelados as 
disciplinas de Comunicação, Telecomunicações, Organização e Administração e 
Educação. Isso evidencia as práticas museológicas, a pesquisa científica e a 
formação do profissional. 
O tema acerca da informação da cultura não material e os problemas 
pertinentes relativos ao modo de produzir documentação para efeito de 
 
 
23 
 
disseminação da informação museológica têm sido questão tratada pelo Comitê 
Internacional para a Documentação (CIDOC), pertencente ao ICOM. Devido à 
natureza dos estudos museológicos e os aspectos culturais que podem gerir estas 
pesquisas, é perceptível que o campo estabelece um compromisso com pesquisas e 
disseminação de informação cultural (LIMA, 2008). Bruno (1996) também destaca a 
respeito da pesquisa: 
 
Neste sentido, cabe destacar que os objetos retêm as 
informações referentes aos sistemas sócio-culturais onde estão 
inseridos. A Museologia se interessa, portanto, em administrar, 
conservar e em organizar novas maneiras de informação, por 
meio da elaboração de discursos expositivos e estratégias 
pedagógicas. (BRUNO, 1996, p. 21) 
 
A produção e organização da documentação museológica seria o que 
principalmente liga a Museologia com a Ciência da Informação, pois aqui é feito o 
registro, catalogação, controle da movimentação desse material no acervo, pois este 
objeto torna-se parte da coleção e passa a ser importante destacar suas 
características particulares e as informações contidas nele. Além da informação 
outros conceitos são discutidos na Museologia e Ciência da Informação ou que 
aparecem com a mesma intenção prática em ambas: memória, documento, 
comunicação, organização, representação, apropriação, entre outros, os quais são 
capazes de efetivar um diálogo interdisciplinar. 
Guarnieri (2010) salienta que o método da ciência deve ser interdisciplinar, 
pois “a interdisciplinaridade e seus desdobramentos permitem a viabilidade a uma 
maior consciência da necessidade de uma conexão crítica contínua e constante 
sobre a Museologia, e sobre o papel do museólogo como trabalhador social”. Sobre 
a interdisciplinaridade a autora acrescenta que: 
 
Essa interdisciplinaridade permite a constante interação, o processo 
que leva a um caminho próprio para a pesquisa e a operação do 
raciocínio, bem como à ação museológica, considerada como um 
todo sistematizado. […] Desse modo, a ciência museológica a partir 
do método da interdisciplinaridade, o ensino e a formação serão, por 
consequência, interdisciplinares, e interdisciplinar será o trabalho nos 
 
 
24 
 
museus. Encarando o conhecimento científico, o ensino que ele 
acarreta e a ação científica (profissão, ofício) como diferentes 
estágios de uma mesma operação e atividade – o trabalho humano 
sobre o campo, um domínio específico –, pode-se concluir pela 
coerência e pela unidade de um só método relativo á Museologia 
enquanto ciência, ensino e profissão: a interdisciplinaridade. 
(GUARNIERI, 2010, p. 134). 
 
Um paralelo importante destacado por Araújo (2013) é que ambos os 
campos se ligam por meio da informação, seja para estabelecer um conceito, seja 
para trabalhar com ela. A interdisciplinaridade relaciona-se com a questão da ação 
social do homem, ou, pelo menos, evidencia como é possível trabalhar de maneira 
prática o conhecimento oriundo de um campo dentro de um outro. 
 
 
 
25 
 
3. CAMPO CIENTÍFICO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 
 
A Ciência da Informação é um campo científico em construção e bastante 
recente em comparação com outras áreas do conhecimento. Seu surgimento é 
apontado por muitos no século XX, dentro de um contexto de guerras e grande 
crescimento na produção bibliográfica durante esse período, é também apresentado 
diferentes justificativas em torno do seu surgimento, havendo divergências em sua 
origem de acordo com o ponto de vista de cada autor. 
Alguns compreendem que a CI já se apresentava muito antes da explosão 
informacional no período pós Segunda Guerra, embora não fosse uma área, mas 
apresentava traços básicos para isso. Já outros autores entendem que seu 
surgimento originou-se devido à necessidade de solucionar os problemas 
informacionais enfrentados mundialmente durante o período pós-guerra. 
Considerando como antecessor a Ciência da Informação, pode-se retomar a 
Documentação, uma ciência nascida no século XIX, em meio a um contexto de 
mudanças referentes à maneira como realizava-se a organização de documentos 
impressos e é percebida uma maior importância aos periódicos científicos. Em 1895, 
Paul Otlet e Henry La Fontaine se voltam a produção de um sistema de organização 
a fim de construir algo que abarcasse todo conhecimento (bibliográfico) registrado 
até então, levando assim também a criação de uma padronização técnica para esse 
tipo de registro. Surge assim a Documentação. 
Essa demanda de criação e consolidação da Documentação inicia-se com a I 
Conferência Internacional de Bibliografia, que leva ao surgimento do Instituto 
Internacional de Bibliografia. Em 1938, torna-se Federação Internacional de 
Documentação (FID). No Brasil, o então Instituto Brasileiro de Bibliografia e 
Documentação (IBBD) muda seu nome para Instituto Brasileiro de Informação em 
Ciência e Tecnologia (IBICT), sendo a primeira instituição de Ciência da Informação 
no país (ARAÚJO, 2014a). 
 
 
26 
 
Segundo Araújo (2014a, p. 2) “em 1968, o American Documentation Institute, 
dos Estados Unidos, mudou seu nome para American Society for Information 
Science, tornando-se a primeira instituição de Ciência da Informação do mundo”. É 
importante perceber que apesar das contradições existentes quanto a como 
originou-se a ciência da informação, têm-se um importante avanço para constituição 
e aceitação da mesma como ciência. 
Apesar disso, a Ciência da Informação ainda é alvo de dúvidas quanto ao seu 
objeto de estudo e mais ainda sobre o que se trata. É possível identificar que parte 
disso é devido a sua interdisciplinaridade que foi anteriormente mencionada e faz 
com que a mesma dialogue com outras áreas e seja até confundida ao pensar tratar-
se da mesma coisa. 
O campo da Biblioteconomia também pode ser visto como antecessor à 
Ciência da Informação, e relaciona-se com as preocupações expostas pela 
Documentação. Em particular, a Biblioteconomia consolida-se por meio de 
associações e cursos de graduação e pós-graduação. Em 1876 foi criada a 
American Library Association (ALA). Em 1908, surge a Special Libraries Association 
(SLA), que por fim, em 1968 e levando em consideração a Documentação como um 
campo de atuação muda seu nome para American Society for Information Science 
(ASIS). 
 
A Ciência da Informação não deve restringir seu escopo 
epistemológico a essa ou aquela atividade profissional – 
biblioteconomia, arquivologia, museologia – a essa o aquela 
competência técnica – bibliotecários, arquivistas, museólogos, 
gestores da informação – a essa ou aquela instituição social – 
bibliotecas, arquivos, centros de documentação, museus – a essa ou 
aquela tipologia documental – livros, revistas, discos, manuscritos, 
filmes, objetos de arte, teses páginas web – nem a essa ou aquela 
característica da informação – científica, tecnológica, econômica, 
jurídica, pedagógica, histórica, médica, política, administrativa, 
empresarial. Sua preocupação deve,sim, abranger todo o conjunto 
de atividades, especialistas, organizações, tecnologias, produtos e 
linguagens que se encontra imerso nesse espaço paradigmático cujo 
epicentro é a informação. Por extensão – nem tolhida nem limitada 
ao inventário da realidade material que lhe confere um regimento 
constituinte – deve buscar sua legitimidade pela incorporação, em 
seu programa de estudos, de preocupações e análises contextuais, 
 
 
27 
 
que permitam compreender sua posição estratégica em relação aos 
produtos da cultura e do saber humano. (ODDONE, 1998, p. 84). 
 
 
Considerada a princípio em 1982, como uma subárea dentro da área de 
Comunicação pertencente às Ciências Humanas, Sociais e Artes, passa a ser 
reconhecida como área do conhecimento tanto pelo CNPq quanto pela CAPES em 
1984, fazendo parte do grupo das Ciências Sociais Aplicadas – recém-criado e que 
englobava outras 13 áreas. Apresentava a Biblioteconomia e Arquivologia como 
suas subáreas do conhecimento e sofreu poucas alterações em sua descrição 
desde firma-se como área do conhecimento (SOUZA; STUMPF, 2009) 
A Ciência da Informação e a Biblioteconomia apresentam fortes relações 
interdisciplinares no que se refere ao papel social e com relação a preocupação com 
os registros, conforme apontado por Saracevic (1996), mesmo deixando claro que 
ambas as áreas apresentam grandes diferenças: 
 
(1) seleção dos problemas propostos e a forma de sua definição; (2) 
questões teóricas apresentadas e os modelos explicativos 
introduzidos; (3) natureza e grau de experimentação e 
desenvolvimento empírico, assim como o conhecimento 
prático/competências derivadas; (4) instrumentos e enfoques usados; 
e (5) a natureza e a força das relações interdisciplinares 
estabelecidas e sua dependência para o avanço e evolução dos 
enfoques interdisciplinares. (p. 49) 
 
Em seu artigo denominado “O que é Ciência da Informação?”, Carlos Araújo 
(2014b, p. 2), aborda a temática no seguinte trecho: 
 
Alguns já ouviram falar de sua relação com a Biblioteconomia e 
pensam tratar-se apenas de um “novo nome” para ela. Cursos de 
“gestão da informação” causam ainda mais dúvidas. Recentemente, 
no Brasil e em outros países, cursos de Arquivologia e Museologia 
foram criados em faculdades ou departamentos de Ciência da 
Informação, ampliando ainda mais a confusão. O que essas duas 
áreas, Arquivologia e Museologia, e mesmo a Biblioteconomia, cuja 
relação é mais antiga, têm a ver com Ciência da Informação? O que 
é, afinal, Ciência da Informação? 
 
Buscando elucidar no entendimento da constituição do campo científico da CI 
o autor cita cinco fatores: o surgimento da Bibliografia e da Documentação; a relação 
 
 
28 
 
institucional com a Biblioteconomia; a atuação dos primeiros “cientistas da 
informação” no provimento de serviços em ciência e tecnologia; o incremento 
tecnológico; a fundamentação na Teoria Matemática (ARAÚJO, 2014a, p. 3). 
Fatores esses que nos conduzem também a entender as características dessa 
ciência. 
O campo científico da CI originou-se então, de modo a diferenciá-la de suas 
outras áreas relacionadas, com objetivo de não pensar apenas no documento em si, 
mas no que estava contido nele, na informação. Sobre essa informação, pensava-se 
na sua disseminação, circulação e em como torná-la útil e produtiva. 
 
Desde sua institucionalização a Ciência da Informação (CI) 
experimentou diferentes propostas de conceituação e de exame de 
seus fenômenos de interesse. Foram suas principais bases iniciais a 
Recuperação da Informação, a Cibernética e a Teoria Matemática da 
Comunicação, a Classificação e a Informátika soviética. Sobre estas 
bases se adicionavam, conforme a proposta, elementos de diversas 
áreas do conhecimento, justificadas por sua vocação interdisciplinar. 
Tinha-se em vista construir um modelo robusto para o campo e 
aumentar a precisão e velocidade das práticas de organização, 
tratamento e recuperação da informação em ciência e tecnologia. 
(FERNANDES, 2018, p. 128) 
 
A partir dessa perspectiva, reconhece-se que após sua consolidação como 
ciência principalmente com o surgimento e crescimento das graduações, pós 
graduações e especializações na área, campo da CI tornou-se diverso e foi 
amplamente dividida em treze teorias contemporâneas: análise de domínio; 
altmetria; cultura organizacional; curadoria digital; folksonomias e indexação social; 
ética intercultural da informação; neodocumentação; humanidades digitais; 
arqueologia da sociedade da informação; práticas informacionais; regimes de 
informação; memória; aproximações com arquivologia, biblioteconomia e museologia 
(ARAÚJO, 2017). 
O campo científico da Ciência da Informação é formado por três modelos, 
também chamados de paradigmas que são complementares, mais do que 
excludentes. Com base nas análises apresentadas a seguir, é possível concluir que 
o campo da CI, apesar de sua enorme variedade de possíveis temáticas, continua a 
 
 
29 
 
tratar os problemas informacionais lembrando de sua dimensão física, tendo 
também aspectos cognitivos e se inserindo em dimensões sociais. E é no encontro 
dessas abordagens que se pode definir o que é, enfim, Ciência da Informação. 
 
3.1 Paradigmas da Ciência da Informação 
Com vistas a compreender a epistemologia da Ciência da Informação, 
recorreu-se ao texto de Capurro (2003), que estabeleceu três momentos 
fundamentais para a compreensão da trajetória desta Ciência. Faz-se necessário, 
contudo, uma breve explicação sobre a noção de paradigma. Nas ideias de Thomas 
Kuhn (2006, p. 13) tem-se que paradigmas são “[...] realizações científicas 
universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e 
soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”. 
Sendo assim, a medida que um paradigma, antes considerado dominante por 
ser capaz de responder aos questionamentos daquela ciência, passa a não ser 
suficiente, ele entra em uma crise profunda e irreversível (SANTOS, 1988, p. 54). O 
ambiente passa então a ser propício para o surgimento de um novo paradigma. O 
novo paradigma que surge é considerado emergente. Apesar da crise ocasionada, é 
necessária uma revolução científica para que este passe a ser considerado o 
dominante. 
 
Assim, verifica-se que as origens da área de Ciência da Informação 
remetem a uma série de estudos independentes, que partindo de 
objetivos e pontos de vista distintos vêm consolidando este campo 
científico. Deste modo, como era de se esperar, as várias vertentes 
que influenciaram o desenvolvimento da Ciência da Informação, 
acabaram por delimitar paradigmas epistemológicos distintos, 
embora inter-relacionados e complementares. (ALMEIDA et al., 2007, 
p. 18) 
 
O que foi observado na Ciência da informação é que a mudança de 
paradigmas ocorreu com a necessidade de inserir no discurso científico a questão 
social e a vontade de socialização da ciência. De acordo com Capurro (2003, p. 3), 
“[...] nasceu com um paradigma físico, questionado por um enfoque cognitivo 
 
 
30 
 
idealista e individualista, sendo este por sua vez substituído por um paradigma 
pragmático e social.”. Expõe-se, portanto, o paradigma físico, o paradigma cognitivo 
e o paradigma social. 
 
3.1.1 Paradigma Físico 
 
Este é centrado em sistemas informatizados baseado numa epistemologia 
fisicista (a informação é mensurável, uma coisa). Esse paradigma, intimamente 
relacionado com a assim chamada Teoria Matemática de Claude Shannon e Warren 
Weaver (1949) e com a cibernética, focava na transmissão de mensagens e troca de 
sinais (CAPURRO, 2003). Nessa teoria os autores não denominam o objeto como 
informação, mas sim como mensagem, ou mais precisamente como signos que 
deveriam ser a princípio reconhecidos pelo receptor sob certas condições ideais, e 
onde posteriormente haveria a utilização dos mesmos signos por parte do emissor e 
receptor, junto com a ausência de perturbaçõesna transmissão. 
As concepções desse paradigma têm ênfase no progresso industrial e 
tecnológico. Além da teoria anteriormente citada, têm também suas ideias iniciais 
com base no modelo newtoniano e no dualismo cartesiano. Privilegiando a razão 
humana, investigam a natureza da informação, seu crescimento, obsolescência, 
difusão e propagação. 
De acordo com o paradigma físico a informação é representada por unidades, 
com características de “objetos” (BUCKLAND, 1991) que podem ser armazenados 
em algum lugar e transmitidos por canais, sendo que tanto a transmissão quanto a 
recepção não sofrem influências contextuais. A capacidade de compreensão da 
informação transmitida não é discutida, somente se a mesma “chegou a bom porto”. 
(SMIT, 2012, p. 88) 
 
Dessa maneira, o Paradigma Físico não valoriza o usuário no 
processo de recuperação da informação, não considerando suas 
percepções e interpretações. A recuperação da informação é 
mostrada como um processo mecânico no qual temos, por um lado a 
presença do Sistema de Informação/Base de Dados, do outro, o 
 
 
31 
 
usuário com o seu desejo de informação condizente com o seu 
objeto de pesquisa o qual, muitas vezes, não possui condições ou 
possibilidades de ser manifestado corretamente e, no centro, o 
profissional da informação (o intermediário humano) que tenta 
compreender e traduzir essa necessidade para realizar a busca 
bibliográfica. (ALMEIDA et al., 2007, p. 20) 
 
Não está focado na semântica dos dados, mas adequa-se perfeitamente a 
criação de sistemas computacionais. Há uma grande influência que marca o começo 
das pesquisas direcionadas ao sistema de recuperação de informação, marcada 
pelos termos de revocação (recall) e precisão (precision) dentro de um sistema de 
indexação. 
Torna-se evidente que, no campo da ciência da informação, o que 
esse paradigma exclui é nada menos que o papel ativo do sujeito 
cognoscente ou, de forma mais concreta, do usuário, no processo de 
recuperação da informação científica, em particular, bem como em 
todo processo informativo e comunicativo, em geral. (CAPURRO, 
2003, p. 7) 
 
Ainda sobre o paradigma físico, é importante apresentar uma outra versão. A 
análise apresentada por Capurro sistematiza o tema e apresenta também o contexto 
histórico, mas é importante falar também sobre o ponto de vista apresentado por 
Geni Fernandes (2018, p. 130): 
 
Mas o uso do termo “paradigma físico” oculta que o campo se 
institucionalizou numa espécie de parceria entre o que podemos 
entender como duas abordagens, fazendo desaparecer suas 
diferenças em termos de propostas de pesquisa e de demandas de 
origem do campo. Também não inclui a Informátika soviética, onde 
os aspectos sociais e psicológicos concernentes a usuários de 
informação eram considerados relevantes na determinação do valor 
e das regularidades da informação. A CI foi construída por 
pesquisadores já envolvidos com questões de seleção, ordenamento 
e recuperação da informação. As relações entre estes pesquisadores 
nos Estados Unidos antecedem, mas intensificam-se, durante a 
segunda guerra mundial e foi mapeada por alguns autores (ver p.ex.: 
FARKAS-CONN, 1990, HEAPS, 1988). Já no âmbito soviético é mais 
difícil mapear interessados e áreas envolvidas na emergência da 
Informátika, tanto pela pouca literatura disponível quanto pelo modo 
de condução das políticas públicas do partido comunista. 
 
 
 
 
 
32 
 
3.1.2 Paradigma Cognitivo 
 
As limitações do paradigma anterior conduziram ao paradigma cognitivo, 
centrado no usuário. 
Pode-se considerar este momento “centrado-no-usuário”, mas 
sempre um usuário individual, isolado, não inserido numa dimensão 
coletiva. O leitmotiv deste paradigma é o sujeito produtor de 
conhecimento, visando seu bem-estar e o desenvolvimento da 
humanidade, tornado possível pelo desenvolvimento dos indivíduos. 
O paradigma cognitivo opõe-se, efetivamente, ao paradigma físico, 
mas continua pressupondo a existência de estoques informacionais. 
(SMIT, 2012, p. 89) 
 
Analisando este paradigma, torna-se perceptível as mudanças ocorridas em 
referência ao anterior. Se antes a ciência era construída de uma relação entre o 
sensorial, a racionalidade e a teorização a priori, agora ela além de ter o usuário 
como foco, entende que cada indivíduo percebe o conhecimento e a informação de 
forma subjetiva (FRANCELIN, 2017, p. 6). 
Além disso, é amplamente discutido a ideia de paradigmas cognitivos. Essa 
pluralidade do termo se daria em decorrência de uma possível classificação baseada 
também em uma pluralidade de correntes teóricas ao qual estaria relacionado. 
Sendo assim, é possível classificar um nível macro, que é o paradigma referencial 
na CI e o micro que seria os paradigmas aplicados e pode ser dividido em três: 
paradigma cognitivo behaviorista, paradigma cognitivo funcionalista, paradigma 
cognitivo estruturalista. 
Por isso que inicialmente o paradigma cognitivo foi capaz de tratar as 
problemáticas que já não o eram pelo paradigma físico, principalmente no que diz 
respeito a tratar sobre o usuário. A Ciência da informação passou a enxergar a 
existência desse usuário e a trabalhar de modo que o mesmo pudesse ser 
entendido. As necessidades, porém, passaram a ser outras. O usuário visto como 
indivíduo não tinhas as suas necessidades de informação e os processos sociais 
para que esta informação chegasse levados em consideração. 
O paradigma cognitivo limita-se por se sustentar precisamente na ideia de 
considerar a informação como algo separado do usuário que se localiza em um 
 
 
33 
 
mundo numérico, ou passando a ver esse usuário como um sujeito que inicialmente 
deixa de lado os condicionamentos sociais e materiais do existir humano. 
 
E por quais motivos o paradigma cognitivo não responde mais 
algumas questões/problemas levantadas pela CI, assim como há 
uma designação emergente de um paradigma social? Alguns fatores 
podem ser considerados: a) a necessidade de um paradigma que 
tenha como foco de estudos central o processo de construção COM 
o usuário e não apenas PARA o usuário (CARVALHO SILVA, 2012); 
b) o paradigma cognitivo relega a um plano inferior os processos 
sociais de produção, distribuição, intercâmbio e consumo de 
informação, indicado somente por seus efeitos nas representações 
de geradores de imagens atomizadas (FROHMANN, 1995); c) a CI 
necessita de um paradigma que não seja simplesmente pensado dos 
processos teóricos para a prática como uma espécie de ‘adivinhação 
das necessidades de informação e perspectivas de satisfação dos 
usuários’, mas de um processo que seja pensado a partir dos 
contextos práticos e empíricos para se fortalecer como fundamento 
teórico aplicável, viável e contíguo as necessidades de informação 
do cotidiano dos usuários; d) um novo paradigma deve ser pensado 
na possibilidade de incentivar uma autonomia dos usuários da 
informação em que tenham capacidade e motivação para decidir os 
processos construtivos de informação (pensar uma construção 
coletiva e plural de informação). (SILVA; FARIAS, 2013, p. 49-50) 
 
3.1.3 Paradigma Social 
 
O paradigma social surge então desde a década de 90 como forma de 
resposta às problemáticas anteriores. Sua base filosófica está relacionada ao 
historicismo, a linguagem, a cultura e a experiências prévias que influenciam a 
percepção e o pensamento (FRANCELIN, 2017, p. 6). É o paradigma que prevalece 
hoje na Ciência da Informação, que hoje é vista como uma ciência social aplicada. 
Este considera a informação como um elemento prévio para a criação de 
conhecimento, tendo em vista a tríade dados, informação, conhecimento, já que 
dentro desta perspectiva a informação é a ação de algo que é obtido pelo sujeito 
(usuário) e é apenas ele quem vai distinguir o quanto essa informação pode ser 
relevante para seu fim, e junto a ela realizar um processo para criação de 
conhecimento. 
Torna-se evidente que o sujeito procura porinformações, elaborando 
perguntas de acordo com aquilo que tanto o contexto social quanto 
seus conhecimentos individuais permitem, determinando um escopo 
 
 
34 
 
dentro do qual a resposta será considerada útil, ou válida (SANTOS, 
1987). O modo de formular a pergunta determina a resposta, 
inserindo tanto a busca de informação quanto sua apropriação e uso 
na relatividade contextual da qual decorrem. A Ciência da 
Informação, neste momento, se concebe, de fato, como uma ciência 
social, muito influenciada pelas tecnologias da informação e da 
comunicação (as TICs) e inserida nos propósitos da sociedade da 
informação. (SMIT, 2012, p. 89-90) 
 
A visão do usuário sobre questões sociais e seu conhecimento de mundo são 
levados em questão ao ponto de entender que esse sujeito é independente e capaz 
de recuperar, analisar e criar sua própria compreensão da informação com base no 
contexto cultural no qual se encontra, visto como local e global. De modo 
esquemático, a seguir Francelin (2017) apresenta a visão de informação em cada 
um dos paradigmas: físico, cognitivo e social. 
 
Quadro 1 – Conceito de informação na Ciência da Informação 
 
 
Fonte: Francelin (2017). 
 
Em síntese, cada um dos paradigmas abordou de uma maneira diferente o 
modo como olhar para o usuário da informação e para a própria informação. Mesmo 
que mudando a visão de acordo com o período e foco do paradigma, parece ficar 
claro que a Ciência da Informação trabalha em torno de problemas informacionais e, 
consequentemente, volta o seu olhar para maneiras de solucioná-los. 
 
 
 
 
35 
 
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Para coleta de dados realizou-se uma pesquisa exploratória nas revistas 
científicas nacionais e especializadas no campo da Museologia – “Museologia e 
Patrimônio” (Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Museologia e 
Patrimônio - PPG-PMUS Unirio/MAST) e “Museologia & Interdisciplinaridade” 
(vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da 
Universidade de Brasília). E com revistas de qualis A14 no campo da Ciência da 
Informação – “Perspectiva em Ciência da Informação”, “Informação e Sociedade” e 
“Transinformação”, tendo em vista a quantidade significativa de periódicos, foi 
necessário criar um critério de seleção para este momento. A incorporação destes 
periódicos ocorreu pois as publicações da Museologia não se restringem aqueles 
dois periódicos, tendo artigos publicados na área de “Ciência da Informação”. 
Para coleta de artigos que abordassem o conceito de informação. Assim, a 
recuperação da informação ocorreu no item “busca” dos periódicos a partir do uso 
dos seguintes argumentos de busca: informação; informação AND Museologia; 
Informação AND museus. Essa seleção ocorreu devido o escopo constituir na 
discussão do conceito de informação na Museologia e na Ciência da Informação. 
Em seguida, realizou-se uma discussão do conceito de informação abordado no 
campo da Ciência da Informação no que diz respeito à essas definições de 
informação com relação aos conceitos extraídos dos artigos da Museologia. 
 
4.1 Universo dos dados 
Para obtenção e seleção dos artigos foi realizada uma pesquisa nos 
periódicos específicos brasileiros da área de Museologia, “Museologia e Patrimônio” 
e “Museologia & Interdisciplinaridade” com o termo informação a princípio apenas no 
 
4Qualis afere a qualidade dos artigos e de outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade 
dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. O Qualis Periódicos está dividido em oito 
estratos, em ordem decrescente de valor: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. Sendo o A1 o estrato mais 
alto, de melhor avaliação. 
 
 
36 
 
título, e, posteriormente, em todos os campos passíveis de busca dentro dos 
periódicos, onde foram selecionados aqueles que apresentaram uma recorrência 
significativa do termo no texto e uma descrição em seu resumo onde fosse possível 
identificar que mesmo aparecendo pouco, o termo encaixava-se em um segmento 
de análise do termo de informação, passando a ideia de se tratar do foco da 
pesquisa. 
 
Quadro 2 – Artigos selecionados nos periódicos específicos da área de 
Museologia 
Museologia e Patrimônio 
Autores Edição 
Comunicação e informação de museus na Internet e o 
visitante virtual 
Rosane Carvalho v. 1, n. 1 (2008) 
A organização da informação como instrumento de 
preservação e acesso ao Museu Virtual da Coleção 
Etnográfica Carlos Estevão de Oliveira 
Geysa Galvão, Denis 
Bernardes 
v. 4, n. 2 (2011) 
A morte de um museu esquecido: o que perde a atual 
medicina legal sem o acesso à informação dos 
pioneiros 
Regina de qSa v. 10, n. 1 (2017) 
Itinerários epistemológicos da instituição e 
constituição da Informação em Arte no campo 
interdisciplinar da Museologia e da Ciência da 
Informação 
Lena Vania Pinheiro v. 1, n. 1 (2008) 
Museologia e Interdisciplinaridade Autores Edição 
Documentação e Informação no Contexto 
Museológico 
Ednaldo Soares v. 6, n. 11 (2017) 
O tratamento da informação no espaço museal: o 
museu histórico visconde de são leopoldo/rs e a 
coleção fotográfica sesquicentenário da imigração 
alemã 
Daniela Schmitt v. 5, n. 9 (2016) 
Teses de Artistas: relevância das informações como 
ferramenta para preservação da arte contemporânea 
Magali Melleu Sehn v. 5, n.10, (2016) 
Fonte: Autoria própria (2018). 
 
Enquanto que nas revista específicas da área de Ciência da Informação, com 
qualis A1, “Perspectiva em Ciência da Informação”, “Informação e Sociedade” e 
“Transinformação” buscou-se pela junção dos termos informação AND museologia, e 
depois informação AND museu em todos os campos passíveis de busca dentro das 
revistas percorrendo quase o mesmo percurso que nas revistas anteriores, onde foi 
levado em consideração a grande recorrência do termo “informação” e que de 
maneira clara fosse possível também identificar que tratavam disso com relação ao 
campo da Museologia ou ao museu. 
 
 
37 
 
Quadro 3 – Artigos selecionados nos periódicos específicos da área de 
Ciência da Informação 
Perspectiva em Ciência da Informação 
Autores Edição 
A Museologia na web: sistema de informação sobre 
patrimônio cultural na era digital 
Janaina Mello, Fabiano 
Luz, Marcia Montijano, 
Ângela de Andrade 
v. 20, n. 1 (2015) 
 
Museu virtual: um novo olhar para a informação e 
comunicação na Museologia 
Robson da Silva Teixeira v. 19, n. 4 (2014) 
O novo Museu e a Sociedade da Informação Mário Gouveia Junior v. 19, n. 4 (2014) 
A recuperação da informação e o conceito de 
informação: o que é relevante em mediação cultural? 
Bruno Cesar Rodrigues, 
Giulia Crippa 
v. 16, n. 1 (2011) 
Museus de ciência, divulgação científica e 
informação: reflexões acerca de ideologia e memória 
Daniel Maurício Viana de 
Souza 
v. 14, n. 2 (2009) 
Informação e Sociedade Autores Edição 
Práticas informacionais expositivas: um estudo sobre 
o Museu Casa de José Américo 
Tahis da Silva, Carlos de 
Azevedo Netto 
v. 23, n. 3 (2013) 
Sistemas de Informação, cyber cultura e digitalização 
do patrimônio sergipano: a museologia na web 
Janaina Mello, Marcia 
Montijano, Ângela de 
Andrade, Fabiano Luz 
v. 22, n. 2 (2012) 
Museu e suas tipologias: o webmuseu em destaque Fábio Lima, Plácida 
Santos 
 v. 24, n. 2 
(2014) 
TransInformação Autores Edição 
Museu, objeto e informação Durval de Lara Filho v. 21, n. 2 (2009) 
Re-interpretando os objetos de museu: da 
classificação ao devir 
Bruno Brulon v. 28, n. 1 (2016) 
Fonte: Autoria própria (2018). 
 
Alguns trabalhos posteriormente foram descartados por não se tratarem de 
artigos, mas sim de resumos de teses e dissertações ou resenhas. Constatou-se 
também artigos duplicados, isto é, publicados em mais de um periódico, os quais 
foram excluídos, mantendo-se o primeiro registro com a data mais antiga. 
Durante esse processo de análise dos títulos, resumos epalavras-chaves dos 
artigos, bem como a leitura dos mesmos, foi percebido que alguns não 
apresentavam realmente uma explicação sobre o termo “informação”, pois em 
alguns artigos o uso da palavra era constante. Concluiu-se que para uma melhor 
análise dos dados seria necessário ligar-se a pelo menos uma palavra-chave (ou 
termo) que descrevesse o artigo como um todo ou que se aproximasse das ideias 
transmitidas pelos autores, pela maneira com a qual construíam seus textos e 
explicavam sobre o uso da informação e como a compreendiam. 
 
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/issue/view/123
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/issue/view/123
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/issue/view/92
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/issue/view/77
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/issue/view/1272
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/issue/view/982
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/issue/view/1393
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/issue/view/1393
http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/issue/view/78
http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/issue/view/330
 
 
38 
 
5. EM FOCO: A INFORMAÇÃO NA MUSEOLOGIA 
 
No que tange à questão da informação, sob uma análise em termos 
etimológicos, a palavra informação - que vem do latim informare - 
significa "dar forma", "colocar em forma", o que remete aos sentidos 
de criação, apresentação e representação. (SOUZA, 2009, p. 160) 
 
Os artigos selecionados e analisados oriundos das revistas da área de 
Museologia trazem consigo uma ampla interpretação por parte de seus autores 
quanto ao que diz respeito do que é informação. Geralmente atrelada a algo dentro 
do conteúdo apresentado no artigo e que se desenrola levando em consideração a 
temática abordada, a fim de estabelecer ligações com o que é apresentado ao leitor. 
Pinheiro (2008) discute a informação em Arte, mencionando como essa 
informação é vista junto a uma descrição histórica, representação e também atrelada 
à documentação. A obra de arte é vista como fonte de informação, assim como os 
documentos sobre arte constituem dentro de “informação em arte”. 
Carvalho (2008) dá enfoque a comunicação, pois o museu é um espaço 
informacional, ou melhor, um “sistema de informação e comunicação”. Apresenta 
alguns autores que definem informação, falando também um pouco a respeito de 
sistemas de informação, mostrando que tanto a informação quanto a comunicação 
caminham juntos. 
Galvão e Bernardes (2011) fala a respeito do museu virtual e sistemas de 
informação, sinalizando principalmente objetos e coleções quando dentro do espaço 
museal, pois dentro de sua compreensão há informação contidas nos artefatos. E os 
objetos são fontes de informações que conformam os sistemas de informação, 
operando com as atividades de preservação, disponibilidade e identificação dos 
acervos informacionais. 
Sá (2017) destaca sobre o espaço do museu ser voltado para o estudo e 
pesquisa e não apenas como um espaço de arte. A informação é da ordem dos 
artefatos, que são tratados, organizados e disseminados, chamando atenção para o 
acesso à informação por meio das novas tecnologias. 
 
 
39 
 
Schmitt (2016) expõe a informação como sendo algo presente em fotografias, 
objetos e símbolos. Fala também a respeito de memória e documentação 
museológica e sobre recuperação da informação, embora realmente dê maior 
importância a memória e documentação. 
Sehn (2016) destaca a importância das informações contidas nas 
dissertações, teses, memoriais realizados por artistas que nem sempre são 
instrumentos de pesquisa dos profissionais que possuem a missão de conservar a 
arte contemporânea. 
Soares (2017) relaciona informação e comunicação, fala a respeito desta 
estar presente no objeto e explana a respeito das três definições de informação 
apresentadas por Buckland (1991). Apresenta um pouco do que seria documentação 
museológica, mas de maneira geral dá maior enfoque a comunicação. 
Enquanto os artigos analisados das revistas da área de Ciência da 
Informação embora também apresentem ampla definição do que seria informação, 
não necessariamente expõem isso de maneira clara, está muito atrelado ao contexto 
de como desenvolve-se o artigo. Assim, a informação não se apresenta como um 
conceito delimitado, sendo necessário interpretar o uso da palavra a partir do 
contexto de uso. 
Mello et al. (2015) não apresentam uma definição conceitual sobre 
informação, mas guiam o leitor para compreender a informação a partir da sua 
imbricação com os sistemas informacionais e gestão de documentos digitais com 
vistas a discussão do patrimônio cultural. 
Teixeira (2014) destaca o museu virtual, a capacidade de interação e 
comunicação de informações dentro deste ambiente. Relata a respeito do 
crescimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, dando assim destaque 
aos procedimentos técnicos e a disseminação da informação científica. 
Gouveia Junior (2014) enfatiza o que seriam práticas informacionais, mas não 
apresenta uma definição isolada de informação. Relata também acerca de memória 
enquanto uma informação que seja passível de registro, gerando uma assimilação 
de que comunicação se liga a memória. 
 
 
40 
 
Rodrigues e Crippa (2011) destacam o que seria a recuperação de 
informação, informatividade, como oferta de sentido vinculada ao indivíduo dos 
sistemas de recuperação da informação, sendo a informação uma apropriação 
diferente para cada um dos usuários. A mediação também é discutida e é ressaltado 
o desafio do profissional da informação referente à informação relevante aos 
usuários dos museus de arte, tendo em vista as subjetividades que envolvem a 
definição de Arte 
Souza (2009) discorre sobre divulgação científica, informação científica e 
memória social de maneira interligada. Apresenta a informação como uma mediação 
entre mente e objeto, e que a informação está ligada ao social e sistemas de 
informação. 
Silva e Azevedo Netto (2013) como outros autores já apresentados, não traz 
uma definição isolada de informação, apenas gera uma compreensão de sua 
existência ligada com a temática do artigo de “práticas informacionais” a partir da 
exposição museológica e da informação como suporte da memória. Apresentam as 
instituições museológicas como produtoras de informação. 
Mello et al. (2012) ao longo do texto é definido somente sistemas de 
informação, e assim compreendemos que é sua opinião a respeito do que é 
informação está vinculada aos sistemas, em que os usuários buscam informação a 
partir de suas necessidades. 
Lima e Santos (2014) salienta uma ligação entre exposição e comunicação 
dentro do espaço museal, pois para os autores o acesso à informação foi facilitado 
com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, focando 
inclusive na categoria do webmuseu. Expõe ainda o entendimento do museu como 
uma unidade de informação onde se desenvolve processos de organização, 
tratamento, armazenamento e recuperação da informação. 
Lara Filho (2009) foca nos fatos dos objetos possuírem informação, gerando 
uma busca pelo sentido e construção da informação diante disso. Aqui a informação 
é vista como um objeto de face social e subjetiva. Embora o foco seja o objeto 
 
 
41 
 
portador de informação, o fluxo, sentido e uso dessa informação também é levado 
em consideração. 
Brulon (2016) apresenta a informação como um objeto atrelado a um sistema 
de informação, não a define isoladamente, mas lhe apresenta em um contexto para 
que seja compreensível sua perspectiva de análise. 
 
5.1 A Informação em diálogo com a Ciência da Informação 
Em primeiro lugar é preciso esclarecer que, na ótica da Ciência da 
Informação, o objeto “informação” é uma representação. Como é 
uma representação de conhecimento, que já é uma representação do 
real, ela se torna umarepresentação de representação. Por isso, a 
informação é um objeto complexo, flexível, mutável, de difícil 
apreensão, sendo que sua importância e relevância estão ligadas ao 
seu uso. Grande parte dos autores analisados enxerga a informação 
como conhecimento (OLIVEIRA, 2005, p. 18). 
 
Para uma melhor observação sobre como apresentam-se as definições que 
foram identificadas nos artigos estudados, toma-se como base o artigo de Buckland 
(1991) “Information as thing”, trazido como “Informação como coisa” e as três 
definições apresentadas pelo autor de “informação como processo”, “informação 
como conhecimento” e “informação como coisa” constituem a base de 
relacionamento com os artigos, ademais de outros autores da Ciência da Informação 
que possuem uma conceituação de informação similar ao que foi exposto nos 
artigos5. 
A “informação como processo” é entendida como o ato de informar, de 
maneira que pode ser entendida como próximo de outro conceito, o de 
comunicação. Assim, a informação como processo é entendida como ação, como a 
informação da ordem do intangível. Carvalho (2008), Soares (2017), Silva e Azevedo 
Netto (2013), em seus artigos dão um maior enfoque a comunicação, exposição ou 
prática que implique no processo de informar o agente, neste caso, o usuário e ou 
 
5 Os autores da Ciência da Informação que foram citados para esta análise fazem parte de uma 
revisão de literatura a respeito do termo “informação”, publicada por Jessica Siqueira em 2011. Há 
uma multiplicidade de conceitos acerca da informação por autores da Ciência da Informação, por isso 
optou-se em selecionar uma revisão de literatura a fim de guiar a leitura, em vez de selecionar os 
autores. 
 
 
42 
 
visitante, a respeito de seu papel ativo e da apropriação da informação como ente 
intangível. 
Em alguns casos o documento pode até ser destacado como parte ou 
portador de informação, mas a principal maneira de transmitir informação é por meio 
da comunicação do que está em posse ou sendo exposto no museu. E dentro da 
visão de autores como Frohmann (2004), Martinez Comeche (2000) e Tálamo 
(2005), é que a comunicação e o ato informativo geram conhecimento, conforme 
sinalizou Siqueira (2011). 
A “informação como conhecimento” é a redução de incertezas e a geração de 
conhecimento com a recepção do que é transmitido. Deve-se levar em consideração 
que às vezes informação aumenta a incerteza, então neste caso é o entendimento 
ou esclarecimento com base no que foi comunicado, sendo também intangível. 
Os artigos Mello et al. (2012), Mello et al. (2015), Souza (2009), Lara Filho 
(2009), Gouveia Junior (2014), Rodrigues e Crippa (2011) dão enfoque ao virtual e 
aos sistemas de informação, mas não se concentram exclusivamente no sistema. 
Mesmo que em alguns casos seja visto a comunicação como principal elemento de 
transmissão, os autores aqui buscam discutir a importância da cultura e da memória 
cultural e social para a apropriação da informação pelos sujeitos. 
Diante de documentação histórica ou gestão de documentos, é por meio do 
conhecimento adquiridos antes ou melhorados após a recepção da informação que 
o usuário com acesso aquela informação a compreende e a pode destacá-la como 
sendo diferente das demais. Autores como Wersig e Windel (1985), McGarry (1999), 
Robredo (2005) entendem a informação como um redutor de incertezas e que 
diálogo com a situação ou contexto no qual o receptor da informação se encontra, 
esta é capaz de solucionar ou esclarecer sua dúvida inicial. 
A “informação como coisa” é principalmente atrelada a objetos, embora seja 
também um dado ou documento que podem ser considerados informativos e/ou 
portadores de informação. É necessária uma comunicação entre receptor e objeto, 
no sentido de que o receptor precisa ser informado, mas o principal é dizer que 
“algo” é portador de informação, sendo considerada tangível, materializada. 
 
 
43 
 
Nos artigos de Pinheiro (2008), Teixeira (2014), Lima e Santos (2014), Galvão 
e Bernardes (2011), Schmitt (2016), Sehn (2016), Sá (2017) e Brulon (2016) o 
principal foco dos autores é destacar que os objetos são portadores de informação e 
fontes de informação e/ou consulta documental, e vale-se ressaltar que mesmo 
diante de sistemas ou outros meios, a informação é aquela vinculada ao 
objeto/documento. O objeto possui um atributo informativo e dentro do contexto 
museal, por meio das exposições, os objetos transmitem informação. A informação é 
aquela que proveem dos objetos e a partir dela se opera com diversos processos 
museais, dentre eles a documentação tem um destaque maior. 
Autores como Le Coadic (2004) e Miranda (2003) deixam o conceito de 
informação atrelado ao registro, a um documento, necessariamente físico, que 
quando o receptor entra em contato torna-se capaz de identificar que existe 
informação e que esta é transmitida ao entrar em contato com o objeto, sem que 
haja o ato comunicativo como uma categoria de questionamentos explícita. 
Das categorias expostas “informação como processo”, “informação como 
conhecimento” e “informação como coisa” está última que mais se aproximam os 
autores dos artigos da Museologia, a informação é vista sobremaneira como um 
elemento da ordem dos documentos e que com eles opera-se uma diversidade de 
processos técnicos, que são discutidos dentro da documentação museológica. 
Todavia, vale destacar que as classificações operadas buscaram enquadrar os 
textos em suas características sobressalentes, pois foi possível notar a proximidade 
do conceito informação ora como coisa, ora como processo e ainda como 
conhecimento. 
 
 
 
44 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Foi possível perceber que poucos são os textos que realmente discutem ou 
apresentam uma definição sólida do que é informação, e é mais fácil encontrar ao 
longo desses mesmos textos a exposição de locais ou meios onde a informação 
pode ser de fato vista ou analisada – pois ela existe –, mas não há realmente 
palavras que apresentem-se de maneira que seja possível defini-la conceitualmente. 
No que se refere às análises dos artigos encontrados é possível já a princípio 
informar que nem todos mostram-se esclarecedores quanto ao que seria informação 
ou por outras razões (seja até entender que o leitor já conhece o que significa tal 
palavra), apenas mencionam o termo, sem maiores explicações ou qualquer 
utilização de referência a outros autores, sejam estes da sua área de pesquisa ou 
não. 
A informação não é conceituada, mas aparece atrelada a diferentes contextos 
e relacionadas a diferentes outras palavras e podendo, num mesmo texto, trazer 
diferentes ligações com outros assuntos, pois na medida em que o conteúdo do 
artigo se desenvolve, o leitor entende que informação se assemelha a outros 
assuntos além do que já foi apresentado anteriormente, isto é, cabe ao leitor a 
interpretação da palavra informação. 
É visto também que dentro da construção da grande maioria dos textos é 
possível verificar que mesmo não havendo uma resposta definitiva ou mais assertiva 
para “o que é informação?”, ainda conseguimos encontrar e identificar “onde está a 
informação”, seja ao longo do texto com uma definição mais clara sobre este ponto 
apresentando uma ideia ou um objeto ou dentro de um espaço (o próprio museu, na 
maioria dos casos). De fato, a informação sobremaneira está vinculada aos objetos 
dos museus, sendo a partir da comunicação e da exposição como elemento de 
disseminação, que a informação aflora para o visitante. 
Verificou-se que havia grande quantidade de definições atreladas a 
conceituação do que é o museu (ambiente físico ou virtual) ou a Museologia, ou 
 
 
45 
 
relacionadas ao que seriam as coleções com as quais se trabalhava dentro do que 
seria o espaço museal, mas o termo informação quando empregado em alguns 
desses casos não era de fato conceituado,

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