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ComportamentosedentAírioadiposidade-OliveiraJAnior-2019


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
 
O COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E A ADIPOSIDADE SE ASSOCIAM COM 
OS NÍVEIS DE TESTOSTERONA DE MENINOS PÓS-PÚBERES COM EXCESSO 
DE PESO? 
 
 
 
 
 
Júlio Duarte de Oliveira Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
Natal-RN 
2019 
 
 
 
O COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E A ADIPOSIDADE SE ASSOCIAM COM 
OS NÍVEIS DE TESTOSTERONA DE MENINOS PÓS-PÚBERES COM EXCESSO 
DE PESO? 
 
 
 
Júlio Duarte de Oliveira Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Educação Física da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do 
grau de Mestre em Educação Física. 
 
 
 
 
ORIENTADOR: PROF. DR. ARNALDO LUIS MORTATTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
Ao meu PAI CELESTIAL, de graça e misericórdia imensuráveis, que tem diariamente me 
capacitado para vivenciar da melhor forma as coisas maravilhas que ele tem para a minha vida, 
dentre as quais, a finalização deste presente trabalho. 
À minha FAMÍLIA que desde o princípio me apoiou e continua a me apoiar em todos os 
projetos que tenho traçado para a minha vida. Agradeço pela compreensão e paciência de todos, 
sobretudo nos vários momentos de estresse e irritação que passei no decorrer da realização deste 
presente trabalho. 
Agradeço ao meu orientador, o PROFESSOR ARNALDO, por acreditar em meu trabalho. 
Agradeço pela sua amizade, seu cuidado, sua paciência e atenção em todos os momentos em 
que precisei da sua ajuda. 
Agradeço ao meu parceiro de coletas, o PROFESSOR ELIAS BATISTA, pela lealdade e força 
em finalizarmos todo o trabalho que decidimos fazer. 
Agradeço a todos do departamento de endocrinologia pediátrica do Hospital Universitário 
Onofre Lopes (HUOL), sobretudo aos professores RICARDO ARRAIS e VIVIANE 
CÁSSIA, por terem abraçado o projeto e às queridas residentes KEILA, ALANA, KAROL e 
ACYNELY. 
Agradeço ao IFRN, local de onde vieram a maior parte dos participantes desta pesquisa. 
Agradeço ao diretor PROFESSOR DR. ARNÓBIO por ter abraçado de uma forma incrível o 
nosso projeto. 
Agradeço ao Departamento de Fisiologia da UFRN, sobretudo à PROFESSORA DRA. 
NICOLE LEITE GALVÃO e à PROFESSORA RAÍSSA RODRIGUES por ter me 
orientado a fazer as análises hormonais deste presente trabalho. 
Agradeço ao PROFESSOR DR. ARTUR LEMONTE, professor incrível que sempre se 
mostrou disponível em me orientar quanto aos procedimentos estatísticos deste presente 
trabalho. 
ii 
 
 
 
Agradeço a todos os participantes do grupo de pesquisa GEPEFIC, pessoas em que convivi na 
maior parte do tempo. 
Agradeço aos meus mestres ARNALDO MORTATTI, EDUARDO CALDAS, HASSAN 
MOHAMED, PAULO DANTAS, TEREZINHA PETRÚCIA, ROSIE MARIE, 
RODRIGO BROWNE “PAPER”, LUIS FERNANDO DE FARIAS, KENIO COSTA, 
MARIA ISABEL BRANDÃO, ELISEU ANTUNES e ANA PAULA FAYH que 
colaboraram grandemente para a minha formação. 
Agradeço ao meu querido amigo DIEGO PONTES, secretário do PPGEF, pela sua incansável 
força de ajudar. 
Agradeço a todos os meus amigos que estiveram perto de mim, em especial a ROBERTTHA 
por ter sido uma pessoa fundamental durante o processo. 
Agradeço ao PROFESSOR DR. RICARDO ARRAIS e à PROFESSORA DRA. CLARICE 
MARTINS por terem se disponibilizado em compor a banca examinadora. Sem dúvidas os 
julgamentos foram de extrema importância para o desenvolvimento e enriquecimento do 
trabalho final.
iii 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 
3. OBJETIVO ............................................................................................................ 14 
3.1 Objetivo geral .........................................................................................................14 
3.2 Objetivos específicos .............................................................................................14 
4. HIPÓTESES .......................................................................................................... 15 
5. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 16 
5.1 Obesidade ................................................................................................................16 
5.2 Inatividade física e comportamento sedentário ..................................................19 
5.3 Testosterona ............................................................................................................21 
5.3.1 Aspectos gerais .........................................................................................21 
5.3.2 Testosterona, saúde metabólica e obesidade .........................................23 
5.3.3 Testosterona e comportamento sedentário ............................................25 
6. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 28 
6.1 Delineamento da pesquisa .....................................................................................28 
6.2 Contexto da pesquisa .............................................................................................28 
6.3 Participantes ............................................................................................................29 
6.4 Aspectos éticos da pesquisa ..................................................................................29 
6.5 Variáveis antropométricas ....................................................................................30 
6.6 Testosterona salivar ...............................................................................................30 
6.7 Composição corporal .............................................................................................31 
6.8 Acelerometria .........................................................................................................31 
6.9 Maturação somática ...............................................................................................32 
7. ESTATÍSTICA ...................................................................................................... 33 
8. RESULTADOS ...................................................................................................... 34 
9. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 35 
10. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 39 
11. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 40 
12. ANEXOS ................................................................................................................ 45 
 
iv 
 
 
 
RESUMO 
 
O COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E A ADIPOSIDADE SE ASSOCIAM COM 
OS NÍVEIS DE TESTOSTERONA DE MENINOS PÓS-PÚBERES COM EXCESSO 
DE PESO? 
Autor: Júlio Duarte de Oliveira Júnior 
Orientador: Dr. Arnaldo Luis Mortatti 
 
INTRODUÇÃO: Alguns fatores relacionados ao estilo de vida, a exemplo da adiposidade, 
apresentam relação negativa com os níveis de testosterona, entretanto, não está claro se o 
comportamento sedentário, especialmente de meninos pós-púberes com excesso de peso, pode 
também ser um fator influenciador dos níveis de testosterona, que está relacionado a importantes 
funções no processo de crescimento e desenvolvimento. OBJETIVO: Verificar a associação 
entre o comportamento sedentário e a adiposidade com os níveis de testosterona salivar de 
meninos pós-púberes com excesso de peso. MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa descritiva, 
com técnica observacionale com delineamento transversal. Foram incluídos nesta análise 29 
meninos pós-púberes (16,5±1,1 anos; 30,1±3,5 kg/m2) com excesso de peso, sem comorbidades 
e que já estivessem atingido o pico de velocidade do crescimento. A maturação somática foi 
utilizada para classificar os participantes quanto à idade do pico de velocidade do crescimento. 
Os níveis de testosterona foram avaliados através da coleta de saliva seguida de análise pelo 
método de imunoabsorbância ligado à enzima (ELISA). O comportamento sedentário foi 
avaliado por acelerômetro triaxial (ActiGraph GT3X+) ao longo de sete dias consecutivos. A 
adiposidade corporal foi mensurada através da absorciometria por dupla emissão de raios-X 
(DXA). Foi utilizado um modelo de regressão linear simples para verificar a associação entre as 
variáveis independentes (comportamento sedentário e adiposidade) de forma isolada sobre os 
níveis de testosterona e ainda, utilizou-se um modelo de regressão múltipla para verificar se o 
comportamento sedentário e a adiposidade estão conjuntamente associados com os níveis de 
testosterona. Adotou-se valor de p<0,05 para significância estatística. RESULTADOS: Foi 
verificado que não existe associação estatisticamente significante entre o comportamento 
sedentário com os níveis de testosterona salivar [F(1;27) = 0,171; p = 0,68]. Por outro lado, a 
adiposidade [F(1;27) = 6,647; p = 0,01] foi estatisticamente significante para explicar os níveis de 
testosterona. Quando realizada a análise conjunta, verificou-se que não houve associação entre 
o comportamento sedentário e os níveis de testosterona (T=0,257; p=0,80), enquanto a gordura 
corporal associou-se negativamente com os níveis de testosterona (T=-2,506; p=0,01). 
CONCLUSÃO: O comportamento sedentário não apresentou associação com os níveis de 
testosterona salivar de meninos obesos pós-púberes. Por outro lado, os níveis de testosterona se 
associaram negativamente com o grau de adiposidade. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; Hormônio; Estilo de Vida Sedentário; Acelerômetro; 
Saúde Cardiometabólica; Adolescente. 
 
 
v 
 
 
 
ABSTRACT 
 
ARE SEDENTARY BEHAVIOR AND ADIPOSITY ASSOCIATED WITH 
TESTOSTERONE LEVELS IN POST-PUBERAL OVERWEIGHT BOYS? 
Author: Júlio Duarte de Oliveira Júnior 
Leader: Dr. Arnaldo Luis Mortatti 
 
INTRODUCTION: Some lifestyle factors, such as adiposity, are negatively related to 
testosterone levels, however it is not clear whether sedentary behavior, especially in overweight 
post-pubertal boys, can also be a factor influencing testosterone levels, which is related to 
important functions in the process of growth and development. OBJECTIVE: To verify the 
association between the sedentary behavior and adiposity with the salivary testosterone levels 
of post-pubertal boys with overweight and obesity. METHODS: A descriptive research, with 
an observational technique and a cross-sectional design. Twenty-nine obese boys (16,5±1,1 
years old; 30,1±3,5 kg/m2), without comorbidities and that reached the age of peak height 
velocity were included in this analysis. Somatic maturation was used to classify the subjects 
regarding the peak height velocity. Salivary testosterone levels were assessed by enzyme-linked 
immunosorbent assay (ELISA). The sedentary behavior was evaluated by triaxial accelerometer 
(ActiGraph GT3X+) over seven consecutive days. Adiposity was measured by X-ray 
absorptiometry (DXA). A simple linear regression was used to verify the association between 
the independents variables (sedentary behavior and adiposity) in an isolated manner on the 
testosterone levels. A multivariate linear regression model was used to verify if the sedentary 
behavior and adiposity are jointly associated with the testosterone levels. A value of p <0.05 
was used for statistical significance. RESULTS: It was verified that there isn't statistically 
significant association between the sedentary behavior with the salivary testosterone levels [F 
(1,27) = 0,171; p = 0,68]. On the other hand, the adiposity [F(1;27) = 6,647; p = 0,01] was 
statistically significant to explain the hormonal levels. In addition, in the joint analysis, it was 
found that there was no association between sedentary behavior and testosterone levels (T = 
0.257; p = 0.80), while body fat was negatively associated with testosterone levels (T = -2.506; 
p = 0.01). CONCLUSION: Sedentary behavior was not associated with salivary testosterone 
levels in post-pubertal obese boys. On the other hand, testosterone levels were negatively 
associated with the degree of adiposity. 
KEY WORDS: Obesity; Hormone; Sedentary lifestyle; Accelerometer; Cardiometabolic 
Health; Adolescent. 
 
vi 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS 
 
CC – Circunferência da cintura 
CS – Comportamento sedentário 
DEXA – Dual-Energy X-ray Absorptiometry 
IMC – Índice de massa corporal 
Pg/ml – Picograma/mililitro 
PVC – Pico de velocidade do crescimento 
% Gordura – Percentual de gordura (adiposidade) 
 
10 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A testosterona, além de estar associada com funções anabólicas, é considerada um 
hormônio chave para a composição corporal e saúde cardiometabólica. Evidências mostram que 
a deficiência de testosterona é um fator preditor para o desenvolvimento de distúrbios 
cardiometabólicos (GARVEY e col., 2016; KELLY e JONES, 2013; WANG e col., 2011), de 
modo que baixas concentrações desse hormônio estão ligadas à resistência à insulina, 
dislipidemia, aumento da adiposidade central (KELLY e col., 2015), menor atividade lipogênica 
e maior atividade lipolítica (ALLAN e col., 2010; DE PERGOLA, 2010), maior atividade da 
lipase lipoproteica (LLP) nos adipócitos bem como redução da atividade da lipase hormônio 
sensível e da resposta lipolítica às catecolaminas (DE PERGOLA, 2010). 
Na outra direção, doenças crônicas se associam negativamente com os níveis de desse 
hormônio. Estudos mostram que homens com síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e obesidade, 
apresentam níveis reduzidos de testosterona (GROSSMANN, 2018; KELLY e col., 2015; 
WANG e col., 2011; ALLAN e col., 2010; DENZER e col., 2007), entretanto, essa relação não 
está clara em populações pediátricas (VANDEWALLE e col., 2015), fase onde a testosterona é 
crucial para o crescimento e desenvolvimento (RICHMOND e col., 2007; MALINA e col., 
2004). 
Sabe-se que, além da adiposidade corporal, outros fatores relacionados ao estilo de vida 
estão associados com os níveis de testosterona (TRAVISON e col., 2007), a exemplo do estresse 
físico e mental, tabagismo e consumo de álcool (PONHOLZER e col., 2005). Entretanto, os 
resultados são controversos quanto à associação entre os níveis de testosterona e o alto 
comportamento sedentário, que é uma característica crescente do estilo de vida da sociedade 
moderna (FAIGENBAUM e MACDONALD, 2017; PRISKORN e col., 2016). 
O comportamento sedentário é definido como o tempo gasto em atividades de baixo 
gasto energético (<1,5 MET) em posições sentadas ou reclinadas durante períodos de vigília 
(SEDENTARY BEHAVIOUR RESEARCH NETWORK, 2012). O elevado tempo gasto em 
comportamento sedentário gera importantes efeitos deletérios à saúde e tem sido considerado 
um fator de risco independentemente do nível de atividade física para o desenvolvimento de 
doenças crônicas não transmissíveis a exemplo da obesidade (BIDDLE e col., 2017; CLIFF e 
col., 2016; DE REZENDE e col., 2014). 
11 
 
 
 
 O comportamento sedentário está intimamente ligado à obesidade, de modo que altos 
períodos em comportamento sedentário estão associados com o aumento da adiposidade 
corporal tanto em populações pediátricas (JÚDICE e col., 2017; COOPER e col., 2015; PATE 
e col., 2011) como em adultas (THYFALT e col., 2015). Evidências mostram que pessoas 
obesas gastam mais tempo em comportamento sedentário e são fisicamente menos ativas em 
comparação com sujeitos eutróficos (THYFALT e col., 2015).O mesmo acontece com 
adolescentes (HILLS e col., 2011). Nessa perspectiva, é coerente pensarmos na existência de 
um ciclo vicioso entre o comportamento sedentário e a obesidade. 
 Do ponto de vista metabólico, tanto a obesidade como o alto comportamento sedentário 
causam efeitos negativos sobre marcadores de risco cardiometabólicos como alterações nos 
valores de glicose de jejum, triglicerídeos, LDL e HDL-colesterol, hemoglobina glicada e 
circunferência da cintura, entretanto, ao contrário da obesidade, não se tem clareza sobre a 
existência de uma associação entre o comportamento sedentário e os níveis de testosterona. 
 Sabe-se que além dos distúrbios metabólicos, a redução dos níveis de testosterona 
também pode levar a um estilo de vida menos ativo (KELLY e col., 2015). Ainda, pode 
desencadear sintomas como fraqueza muscular, fadiga, redução da massa muscular e massa 
óssea, insônia, redução da energia, motivação e perda de auto-confiança (BAIN, 2007). Ou seja, 
a testosterona exerce influência sobre fatores que podem se relacionar diretamente com 
mudanças no estilo de vida (KELLY e col., 2015), e entre os componentes do estilo de vida está 
o crescente tempo gasto em comportamento sedentário. 
Em estudo recente que envolveu 1210 adultos jovens do sexo masculino, Priskorn e 
colaboradores (2016) investigaram a associação entre o tempo de tela (um dos tipos de 
comportamento sedentário) com marcadores da função testicular, dentre os quais estão os níveis 
de testosterona. Os resultados mostraram que várias horas de televisão estão associadas com 
pobre função testicular, mostrando que, dentre os marcadores avaliados, homens jovens não 
obesos que passam muito tempo assistindo televisão apresentaram menores níveis de 
testosterona. 
Ao nosso conhecimento, não existe estudo que investigou a existência de alguma 
associação entre o comportamento sedentário e os níveis de testosterona seja de meninos 
eutróficos ou com excesso de peso, especialmente em pós púberes, onde os níveis de 
12 
 
 
 
testosterona atingem valores esperados para a idade adulta e o tempo gasto em comportamento 
sedentário apresentam aumento ao longo da adolescência COOPER e col., 2015. 
Dada a importância da testosterona para a saúde global e para o crescimento do 
adolescente, além de considerar o crescente aumento do excesso de peso junto ao 
comportamento sedentário e sua provável permanência na fase adulta, é importante identificar 
se esses fatores modificáveis relacionados ao estilo de vida se associam com os níveis de 
testosterona. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo verificar a existência de uma 
possível relação entre comportamento sedentário e os níveis de testosterona de meninos pós-
púberes com excesso de peso. 
Com base no arcabouço teórico exposto acima, apresentamos a hipótese da existência de 
uma associação negativa entre o comportamento sedentário e os níveis de testosterona. 
Adicionalmente, apresentamos a hipótese de que a adiposidade corporal também se associará 
negativamente com os níveis de testosterona. 
 
 
13 
 
 
 
2. JUSTIFICATIVA 
A testosterona é um hormônio chave para a saúde cardiometabólica e, especificamente 
para a população pediátrica, é fundamental para o crescimento e desenvolvimento de crianças e 
adolescentes. Sabe-se que alguns fatores relacionados ao estilo de vida se associam 
negativamente com os níveis desse hormônio, a exemplo da adiposidade corporal, consumo de 
álcool e cigarro. Entretanto, não está claro se o comportamento sedentário, uma característica 
crescente da sociedade moderna capaz de gerar importantes efeitos deletérios, é um fator que se 
relaciona com os níveis de testosterona, sobretudo em meninos após a puberdade - fase onde o 
comportamento sedentário se mostra aumentado. 
 
14 
 
 
 
3. OBJETIVOS 
 3.1 OBJETIVO GERAL 
 Verificar a associação entre o comportamento sedentário e a adiposidade com os níveis 
de testosterona de meninos pós-púberes com excesso de peso. 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
1- Quantificar o comportamento sedentário de meninos pós-púberes com excesso de 
peso; 
2- Quantificar os níveis de testosterona de meninos pós-púberes com excesso de peso. 
 
15 
 
 
 
4. HIPÓTESES 
Embora a base teórica acerca dos efeitos do comportamento sedentário sobre os níveis 
de testosterona ainda careça de evidências, sobretudo na população pediátrica, esperamos 
encontrar uma correlação inversa entre o comportamento sedentário e os níveis de 
testosterona, com base em inferências baseadas na população adulta. Dessa forma, 
esperamos que os meninos pós-púberes com excesso de peso que apresentarem maior 
comportamento sedentário apresentem menores níveis de testosterona salivar. Quanto à 
relação adiposidade e testosterona, também esperamos encontrar uma correlação inversa, de 
modo que quanto maior for a adiposidade, menores sejam os níveis de testosterona. 
Esperamos encontrar associação positiva entre força muscular e os níveis de testosterona. 
 
16 
 
 
 
5. REVISÃO DA LITERATURA 
Este referencial teórico tem como objetivo mostrar e direcionar o leitor à base teórica 
que fundamenta o raciocínio do trabalho original. Para melhor compreensão, foi dividido em 
capítulos de acordo com a seguinte sequência: (1) Obesidade; (2) Aspectos gerais da inatividade 
física e do comportamento sedentário; (3) Aspectos gerais da testosterona; (4) Testosterona, 
saúde metabólica e obesidade e (5) Testosterona e comportamento sedentário. Dados referentes 
à população adulta foram utilizados para a construção deste referencial teórico, devido ao 
limitado corpo de evidências relacionado a associação entre o comportamento sedentário e 
testosterona, bem como relacionado à associação entre adiposidade e testosterona em 
populações pediátricas. 
 
5.1 OBESIDADE 
 A obesidade é uma doença metabólica crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de 
gordura corporal. Sendo uma porta de entrada para muitos problemas de saúde, como o diabetes 
tipo 2, doenças cardiovasculares, osteoartrite e alguns tipos de câncer (SIMMONDS e col., 
2016; YUMUK e col., 2015; GLEESON e col., 2011), o combate à obesidade é um componente 
importante da prevenção e tratamento das demais doenças crônicas (HEYMSFIELD e 
WADDEN, 2017). 
A obesidade é considerada um dos maiores desafios para a saúde pública do mundo. No 
Brasil, o cenário também é bastante preocupante, como mostram os dados do VIGITEL 
BRASIL 2017, onde um conjunto de 27 cidades apresentou frequência de sobrepeso de 54% 
entre homens e mulheres. Para a obesidade, encontrou-se frequência de 18,9% entre homens e 
mulheres das mesmas 27 cidades brasileiras. 
Não só nos adultos, a prevalência da obesidade em crianças e adolescentes também já se 
tornou um problema de saúde de países de baixa a alta renda (STEINBECK e col., 2018; 
DENZER e col., 2007). Em 2014, estimativas da OMS mostraram que 41 milhões de crianças 
menores de 5 anos de idade estavam com sobrepeso ou obesidade, indicando que a obesidade 
infantil já é um dos mais sérios problemas de saúde do século 21. No Brasil, a obesidade e o 
sobrepeso têm passado por aumento gradativo desde a infância (DIRETRIZ BRASILEIRA DE 
OBESIDADE, 2016). Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE, 2015) 
17 
 
 
 
mostram que 23,7% dos escolares de 13 a 17 anos estão com sobrepeso e 7,8% em estado de 
obesidade. 
Dentre as razões que explicam o crescimento da obesidade, que é influenciada por fatores 
ambientais e genéticos REY-LOPEZ e col., 2008, destacam-se as mudanças na sociedade 
moderna ocorrentes nas últimas décadas que favoreceram o balanço energético positivo e ganho 
de peso. De acordo com revisão (HEYMSFIELD e WADDEN, 2017), esse balanço energético 
positivo tem sido favorecido pelo aumento da disponibilidade e do consumo de alimentos de 
alta densidade energética, que apresentam boa palatabilidade e que são frequentementeservidos 
em grandes porções. Ainda, o uso crescente de medicamentos como antidiabéticos, anti-
hipertensivos e psicotrópicos, contribuem por apresentarem o ganho de peso como efeito 
colateral. Também de acordo com a revisão citada, a inadequação do sono e a redução do nível 
de atividade física, tanto em ambientes ocupacionais como nos períodos de lazer também são 
fatores que exercem efeitos sobre o ganho de peso. 
Assim como em adultos, a obesidade pediátrica pode estar associada a problemas de 
saúde imediatos, como sofrimento psicológico, resistência à insulina, doença hepática gordurosa 
e desordens ortopédicas, bem como problemas de saúde a longo prazo, a exemplo de alguns 
tipos de cânceres, doença arterial coronariana e mortalidade prematura (BAUR e col., 2011). 
É, portanto, um cenário que faz um apelo à prevenção da doença na infância e 
adolescência. Primeiro, porque perder peso e manter tal redução é uma condição bastante difícil 
de ser alcançada, dessa forma, o excesso de peso adquirido na infância e adolescência 
provavelmente continuará na fase adulta (QUEK e col., 2017; SINGH e col., 2008). De acordo 
com projeções, estima-se que cerca de 55% das crianças obesas serão adolescentes obesos, e 
adolescentes obesos têm aproximadamente 80% de chances de se tornarem adultos obesos 
(SIMMONDS e col., 2016). Em segundo lugar, o excesso de peso nessas fases da vida está 
associado a consequências negativas para a saúde ao longo da vida (ABARCA-GOMEZ e col., 
2017; REY-LOPEZ e col., 2008). Em terceiro lugar, a obesidade na infância e adolescência está 
associada com distúrbios psicossociais como a depressão e sintomas depressivos, que estão 
associados com comportamentos suicidas e a desfechos negativos para a vida escolar e social 
(QUEK e col., 2017). 
18 
 
 
 
A obesidade também está intimamente ligada ao comportamento sedentário tanto de 
adultos como de crianças e adolescentes (REY-LOPEZ e col., 2008). Estudos apontam que 
obesos são menos ativos e apresentam maior comportamento sedentário em comparação aos 
seus pares eutróficos (THYFAUT e col., 2015; HILLS e col., 2011). Considerando a população 
pediátrica, esse é outro ponto que merece atenção, pois a atividade é um componente essencial 
para o crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente, além de ser importante na 
prevenção do sobrepeso e obesidade nessas fases (HILLS e col., 2011). No próximo capítulo 
discutiremos sobre o impacto do comportamento sedentário e da atividade física na obesidade. 
 
 
19 
 
 
 
 
5.2 INATIVIDADE FÍSICA E COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO 
Os avanços nas pesquisas relacionadas ao impacto do comportamento sedentário na 
saúde criaram a necessidade de melhor conceituar os termos “sedentário”, “fisicamente inativo” 
e “fisicamente ativo” (Sedentary Behaviour Research Network, 2012). Historicamente, os 
estudos, sobretudo da área esportiva, classificavam como “sedentários” aqueles sujeitos que não 
cumpriam com a quantidade recomendada de atividade física de moderada a vigorosa 
intensidade (AFMVI) proposta por diretrizes de atividade física, enquanto que os sujeitos 
“fisicamente ativos” eram aqueles que cumpriam com as recomendações (TREMBLAY e col., 
2010). 
De acordo com o posicionamento da Sedentary Behaviour Research Network (Sedentary 
Behaviour Research Network, 2012), é considerado sedentário aquele sujeito que passa grandes 
períodos em comportamento sedentário, isto é, em qualquer atividade de baixo gasto energético 
(≤1,5 METs), como em posição sentada ou reclinada durante períodos de vigília. Já o termo 
“fisicamente inativo” se refere ao sujeito que não cumpre com a quantidade mínima de AFMVI. 
É importante fazer essa distinção porque um sujeito pode ser fisicamente ativo (cumprir 
com a quantidade recomendada de AFMVI) mas passar longos períodos do dia em 
comportamento sedentário (BOUCHARD e col., 2015; TREMBLAY e col., 2010). Da mesma 
forma, sujeitos fisicamente inativos podem não ser sedentários. A distinção entre esses 
comportamentos também se faz importante a partir dos dados que mostram que o 
comportamento sedentário é um fator de risco independentemente do nível de atividade física 
de moderada a vigorosa intensidade (BIDDLE e col., 2017; CLIFF e col., 2016; BYROM e col., 
2016; DE REZENDE e col., 2014), isto é, ser fisicamente ativo não exclui os efeitos deletérios 
do excessivo tempo gasto em comportamento sedentário. 
Nessas perspectivas, o comportamento sedentário e a atividade física devem ser 
considerados constructos distintos (PATE e col,. 2011). Além de um sujeito fisicamente ativo 
poder apresentar alto comportamento sedentário, a construção desses dois comportamentos 
difere quanto à natureza, aos efeitos fisiológicos, à medição e às abordagens (TREMBLAY e 
col., 2010). 
20 
 
 
 
É bastante clara a importância de altos níveis de atividade física e de aptidão 
cardiorrespiratória para redução da mortalidade (JÚDICE e col., 2017; BOUCHARD e col., 
2015; CHARANSONNEY e DESPRES, 2010). Mesmo as evidências mostrando a importância 
de ser fisicamente ativo, a inatividade física é considerada o quarto principal fator de risco para 
morte prematura por doenças não transmissíveis em todo o mundo (WHO, 2010; OMS, 2017), 
sendo um dos maiores problemas de saúde pública do século 21, com grandes chances de chegar 
ao topo do ranking dos mais importantes (BLAIR, 2009). 
No Brasil, os dados também são preocupantes. Dados nacionais de 2017 coletados pelo 
VIGITEL mostram que, do total de adultos, há variação de 29,9% a 49,6% que compreende os 
que praticam atividade física de intensidade moderada por pelo menos 150 minutos durante o 
tempo livre/lazer. Na média entre as cidades, apenas 37% dos adultos praticam atividade física 
de intensidade moderada por pelo menos 150 minutos durante o tempo livre/lazer. Mesmo 
somando a atividade física realizada em deslocamentos para o trabalho/escola, no ambiente de 
trabalho e no tempo livre/lazer, ainda existe um alto percentual de adultos (46%) que não 
alcançaram o mínimo de 150 minutos de atividade física moderada. Do total de adultos, em 
média 13,9% não realizaram nenhum tipo de atividade física nos últimos três meses, seja nos 
momentos de lazer, seja no ambiente de trabalho, seja em deslocamentos (para o trabalho ou 
escola) ou em casa fazendo limpeza pesada. A mesma pesquisa mostra que só durante o tempo 
de lazer, 61% dos adultos passam no mínimo três horas diárias assistindo televisão ou usando 
computador, celular ou tablet. 
Na população pediátrica, estima-se que, em que todo o mundo, três entre quatro 
adolescentes (idade entre 11-17 anos) não cumprem com as recomendações de atividade física 
(WHO, 2017). O cenário é ainda mais preocupante ao considerar os jovens obesos, que, além 
de serem menos ativos, gastam mais tempo em atividades sedentárias quando comparados com 
seus pares eutróficos (HILLS e col., 2011). No Brasil, dados mostram a existência de alta 
prevalência (78%) de adolescentes que passam duas horas ou mais assistindo televisão 
(GUERRA e col., 2016). É importante observar que o tempo assistindo TV é apenas um dos 
componentes que envolve o tempo de tela (que, além da TV, compreende o tempo gasto em 
videogames, tablet, celular e computador). Nesse sentido, é razoável projetarmos que 
adolescentes brasileiros excedem demasiadamente a recomendação da diretriz canadense 
(TREMBLAY e col., 2016) que limita o comportamento sedentário a não mais que duas horas 
21 
 
 
 
gastas em tempo de tela. Infelizmente, estudos com uso de medidas objetivas do comportamento 
sedentário de adolescentes brasileiros ainda são escassos (RAMOS e col., 2018). 
Dentre os efeitos do comportamento sedentário na saúde, pelo menos 35 doenças 
crônicas ou condições clínicas estão ligadas ao comportamento sedentário, além do aumento da 
taxa de mortalidade (THYFAULT e col., 2015). O comportamento sedentário estáassociado 
com disfunção metabólica caracterizada pelo aumento de triglicerídeos e LDL-colesterol e 
redução do HDL-colesterol e da sensibilidade à insulina (TREMBLAY e col., 2010). 
Na juventude, grandes quantidades de comportamento sedentário também podem 
contribuir para o desenvolvimento de fatores de risco cardiometabólicos como o aumento da 
gordura corporal (COOPER e col., 2015) e prejudicar a aptidão física (JÚDICE e col., 2017). 
Esse cenário é bastante preocupante, visto que o comportamento sedentário aumenta e a 
atividade física reduz ao longo da adolescência (COOPER e col., 2015) e esses comportamentos 
sedentários (JÚDICE e col., 2017) e ativos (ATALLA e col., 2018; COOPER e col., 2015) 
estabelecidos na juventude possivelmente serão mantidos na fase adulta. 
Dessa forma, a intervenção sobre o comportamento sedentário e o nível de atividade 
física nas fases iniciais da vida é fundamental para prevenir futuros problemas de saúde, que, 
além dos efeitos metabólicos, fomentar o estilo de vida ativo é fundamental pelo papel da 
atividade física no crescimento e desenvolvimento da criança e adolescente, sendo, também, um 
meio para melhorar a força muscular e as habilidades motoras, que parecem ser a base para um 
estilo de vida mais ativo ao longo da vida (LLOYDE e col., 2014). 
 
5.3 TESTOSTERONA 
5.3.1 ASPECTOS GERAIS 
 A testosterona é um hormônio esteroide derivado do colesterol, sendo produzido 
mediante ação de enzimas específicas que catalisam uma série de conversões em um processo 
que dura aproximadamente 20 a 30 minutos (VINGREN e col., 2010). O principal sítio de 
produção ocorre nas células de Leydig, presentes apenas nos testículos dos homens. Isso explica, 
em partes, a razão pela qual homens apresentam níveis de testosterona 10 vezes maiores em 
comparação com mulheres (VINGREN e col., 2010). Nelas, a produção de testosterona ocorre 
22 
 
 
 
nos ovários, no córtex da adrenal e pela conversão periférica dos androgênios (GUYTON e 
HALL, 2011). 
A secreção e controle da testosterona são coordenados pelo eixo hipotálamo-pituitária-
gônadas (HOOPER e col., 2017). A partir de impulsos do sistema nervoso central que inerva o 
hipotálamo, neurônios especializados produzem e secretam o hormônio liberador de 
gonadotrofina (GnRH), o qual induz a secreção pulsátil do hormônio luteinizante (LH) pela 
adeno-hipósife que, nos homens, estimula as células de Leydig a produzirem e secretarem a 
testosterona (KELLY, 2015; (VINGREN e col., 2010). Os níveis de androgênios (e estrogênios 
sintetizados a partir da testosterona) fornecem um biofeedback negativo para interromper a 
secreção, quando níveis ótimos são atingidos (HOOPER e col., 2017). 
A testosterona é considerada o hormônio androgênico mais importante devido a sua 
quantidade predominante em comparação aos demais androgênios (GUYTON). A maior parte 
da testosterona (aproximadamente 97%) está na forma ligada, isto é, ou ligada fracamente à 
albumina plasmática (20-30%) ou à globulina ligada ao hormônio sexual-SHBG (50-70%), 
enquanto que apenas 1-3% está na sua forma livre, isto é, na forma não ligada (HOOPER e col., 
2017). Ao contrário da ligação com a SHBG, a fraca ligação da testosterona com a albumina 
permite uma fácil dissociação, possibilitando ao hormônio o acesso ao tecido alvo. Esta fração 
da testosterona ligada à albumina é referida como “biodisponível” (HAYES e ELLIOTT, 2018). 
No sangue, a testosterona circula de 30 minutos a várias horas, podendo seguir dois 
caminhos: ou será entregue para os tecidos ou será degradada para ser excretada (GUYTON). 
Quando é direcionada para os tecidos, a testosterona exerce uma ampla variedade de efeitos 
fisiológicos em múltiplos sistemas corporais, desde a vida intrauterina à idade avançada (BAIN, 
2007). Em homens, a testosterona é responsável pelo desenvolvimento das características 
sexuais secundárias como barba, pelos pubianos, aumento da síntese proteica e aumento da 
massa livre de gordura (VINGREN e col., 2010). 
Alterações em seus níveis podem causar grande impacto sobre o corpo, a exemplo da 
força muscular e da massa livre de gordura que aumentam sob efeito de níveis supra fisiológicos 
do hormônio (HOOPER e col., 2017). Por outro lado, a baixa concentração de testosterona está 
ligada a sarcopenia, perda de massa óssea, fadiga e perda de vigor (DOHLE e col., 2012) e 
distúrbios metabólicos (KELLY e JONES, 2015), como veremos no capítulo a seguir. 
23 
 
 
 
5.3.2 TESTOSTERONA, SAÚDE METABÓLICA E OBESIDADE 
Além de seus conhecidos efeitos anabólicos como mencionados acima, a testosterona 
desempenha importantes papeis na saúde metabólica. Baixas concentrações desse hormônio 
estão ligadas à redução da massa muscular e óssea (TRAVISON e col., 2006), resistência à 
insulina, aumentados níveis de glicose de jejum e hemoglobina glicada (BAIN, 2007), 
dislipidemia e aumento da adiposidade central (KELLY e JONES, 2015). 
Homens com doenças crônicas, a exemplo da síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e 
obesidade, apresentam níveis reduzidos de testosterona (GROSSMANN, 2018; WANG e col., 
2011; DENZER e col., 2007). Da mesma forma, homens com baixos níveis de testosterona 
apresentam maiores chances de desenvolver distúrbios metabólicos, indicando que o declínio 
dos níveis de testosterona é um fator preditor para tais distúrbios (GARVEY e col., 2016; 
WANG e col., 2011), sobretudo, associando-se fortemente com o aumento da massa gorda 
(KELLY e JONES, 2015; ALLAN, 2010). 
Os níveis de testosterona reduzem com o aumento da adiposidade. O hipogonadismo é 
uma condição clínica caracterizada por baixos níveis de testosterona que é comum em homens 
obesos (KELLY e JONES, 2015; MOGRI e col., 2013; ALLAN e col., 2010). Homens 
hipogonádicos apresentam maior quantidade de massa gorda em comparação com seus pares 
eugonádicos (ALLAN, 2010), bem como importante aumento nas chances de desenvolverem 
distúrbios metabólicos. 
A terapia com testosterona em níveis suprafisiológicos em homens jovens hipogonádicos 
é capaz de reduzir significantemente a massa gorda total, bem como em homens idosos ou de 
meia idade com ou sem excesso de peso com valores normal-baixo de testosterona basal 
(ALLAN, 2010). Além dos efeitos positivos na composição corporal, a melhora da sensibilidade 
à insulina é vista durante o tratamento com testosterona exógena em homens hipogonádicos 
(WANG e col., 2011). 
Pela ótica do efeito da adiposidade sobre os níveis de testosterona, observa-se que os 
níveis deste hormônio tendem a aumentar proporcionalmente quando homens obesos 
experimentam significante redução do peso corporal, seja por dieta, exercício ou cirurgia 
bariátrica (KELLY e JONES, 2015). Sendo o emagrecimento um importante meio não 
farmacológico para reestabelecer os níveis de testosterona. 
24 
 
 
 
A relação entre testosterona e obesidade é bastante complexa (WANG e col., 2011). De 
fato, existe uma relação bidirecional entre os níveis deste hormônio e a doença (KELLY e 
JONES, 2015; ALLAN e col., 2010), porém ainda não estão claros os mecanismos patogênicos 
que explicam a redução dos níveis de testosterona em obesos (GARVEY e col., 2016; MOGRI 
e col., 2013). 
Sabe-se que o estado de hiperinsulinemia suprime os níveis séricos de testosterona 
(GARVEY e col., 2016), provavelmente pela supressão da SHBG (ALLAN, 2010). Os níveis 
de testosterona de obesos também podem reduzir devido à alta expressão da enzima aromatase. 
Nos adipócitos, essa enzima converte testosterona em estradiol e a alta concentração de estradiol 
pode inibir o eixo hipotálamo-pituitária-gônadas (biofeedback negativo) e, portanto, os níveis 
circulantes de testosterona (GARVEY e col., 2016; KELLY e JONES, 2015; YOU, 2013). 
Ainda, a alta concentração de leptina presente nos obesos também prejudica o processo de 
esteroidogênese nos testículos (GARVEY e col., 2016), assim como as citocinas inflamatórias 
quepodem suprimir o eixo hipotálamo-pituitária-gônadas (GROSSMANN, 2018; KELLY e 
JONES, 2015). 
Quanto ao metabolismo da glicose e da insulina, a testosterona melhora a expressão e 
translocação do GLUT-4, fosforilação da AKT e quantidade de receptores de insulina (KELLY 
e JONES, 2013). Ainda, a testosterona proporciona maior atividade lipolítica e menor atividade 
lipogênica (ALLAN e col., 2010; DE PERGOLA, 2010), maior atividade da lipase lipoproteica 
(LLP) nos adipócitos bem como redução da atividade da lipase hormônio sensível e da resposta 
lipolítica às catecolaminas (DE PERGOLA, 2010). Evidências também sugerem que a 
deficiência de testosterona é um fator de risco independente para o desenvolvimento de doenças 
cardiometabólicas de modo que baixas concentrações desse hormônio têm sido associadas com 
altos níveis de LDL e triglicerídeos, estando, portanto, associada a um perfil aterogênico 
(KELLY e JONES, 2013). 
Na população pediátrica, a testosterona é um hormônio que conduz o desenvolvimento 
sexual, exercendo importantes efeitos durante todo o período da puberdade, como no 
desenvolvimento das características secundárias masculinas (MALINA e col., 2004). A 
adolescência, em específico, é uma fase do desenvolvimento humano marcada por mudanças 
físicas, neurais e psicológicas (STEINBECK e col., 2018), sendo também um período crítico 
25 
 
 
 
para desenvolvimento da obesidade (HILLS e col., 2011). Ao contrário do que ocorre em 
adultos, pouco se conhece sobre os efeitos da obesidade sobre o desenvolvimento gonadal de 
adolescentes (MORIARTY-KELSEY e col., 2010). 
Após o “despertar” do eixo hipotálamo-hipófise, a produção de testosterona nos 
adolescentes seguirá o mesmo caminho já explicado no capítulo anterior. Em meninos, os níveis 
de testosterona aumentam consideravelmente entre os estágios G3 e G4 (MALINA e col., 2004). 
Nessa fase, a testosterona desempenha o papel de desenvolver as características sexuais 
secundárias, como o estirão do crescimento, aumento dos pelos pubianos, do órgão reprodutor 
masculino e da massa muscular (BAIN, 2007). 
Como mencionado anteriormente, a obesidade tem ocorrido em fases cada vez mais 
precoces e tem trazido consigo grandes efeitos deletérios à saúde de crianças e adolescentes, no 
entanto, ainda não está claro o efeito do excesso da adiposidade corporal sobre aspectos do 
desenvolvimento puberal, como os níveis de hormônios esteroides sexuais (VANDEWALLE e 
col., 2015). 
Sabe-se que, assim como nos adultos, a obesidade e a resistência à insulina parecem 
alterar a função testicular já na adolescência (SHALITIN e PHILLIP, 2003). No entanto, estudos 
têm sido discordantes ao demonstrar os níveis de testosterona de meninos obesos, e essas 
divergências podem estar relacionadas às diferenças na população e nas questões metodológicas 
relacionadas tanto pela dificuldade prática de avaliar o desenvolvimento puberal como nos 
métodos de análise hormonal (VANDEWALLE e col., 2015). em crianças e adolescentes 
mostram que obesos apresentam menores concentrações de testosterona em comparação com 
seus pares eutróficos (DENZER e col., 2007; VANDEWALLE e col., 2015). Mogri e 
colaboradores (2013) encontraram que adolescentes obesos apresentavam de 40 a 50% menos 
testosterona do que seus pares de peso saudável. 
 
5.3.3 TESTOSTERONA E COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO 
Como mencionado anteriormente, o exercício físico e o comportamento sedentário estão 
nas extremidades de um continuum de movimento. Embora devam ser considerados constructos 
diferentes, parece coerente olhar para a base lógica que considera o exercício físico como uma 
intervenção não farmacológica para aumentar os níveis de testosterona (HAYES e ELLIOTT, 
26 
 
 
 
2018), e sugerir a hipótese de que o comportamento sedentário pode declinar os níveis deste 
hormônio. 
O estilo de vida tanto de crianças e adolescentes como de adultos tem passado por 
mudanças no que diz respeito aos comportamentos ativos e sedentários, que, por sua vez, têm 
trazido uma série de complicações para a saúde (PATE e col., 2011). O aumento do 
comportamento sedentário pode ser atribuído a mudanças ambientais, econômicas, tecnológicas 
e sociais (OWEN e col., 2014). Os níveis de testosterona parecem ter relação com o 
comportamento sedentário, visto que baixos níveis desse hormônio estão associados a maior 
sensação e fadiga e menor vigor (DOHLE e col., 2012). Ainda, a testosterona desempenha 
papeis sobre o comportamento social (VAN RIJN, 2018), que é um dos fatores que podem 
aumentar o comportamento sedentário. 
Travison e colaboradores (2007) buscaram investigar a importância relativa do 
envelhecimento, do estado de saúde e do estilo de vida sobre reduções dos níveis de testosterona 
de homens de meia idade e demonstraram que embora o envelhecimento, por si só, de fato seja 
um potente contribuinte para o declínio dos níveis de testosterona, os fatores relacionados à 
saúde e/ou estilo de vida exibiram considerável influência sobre os níveis hormonais. O 
comportamento sedentário, à priori, foi considerado dentro dos fatores relacionados ao estilo de 
vida, no entanto, foi excluído da análise por ter sido uma covariável que não apresentou 
significância sobre os níveis hormonais. Vale ressaltar que nesse estudo o nível de 
comportamento sedentário foi medido indiretamente através de recordatório de atividades 
físicas que considerava a duração e a frequência de atividades nos últimos sete dias. A partir 
disso, o gasto energético era estimado e classificado quanto à intensidade da atividade 
(moderada, vigorosa e “pesada”). O comportamento sedentário foi definido por gasto energético 
menor que 200 kcal/dia em atividades de moderada a vigorosa intensidade. 
Um estudo conduzido com 1210 homens adultos jovens mostrou que o comportamento 
sedentário parece alterar a função testicular (Priskorn e col., 2016). Os autores encontraram 
associação entre o tempo de tela (um dos tipos de comportamento sedentário) com marcadores 
da função testicular, dentre os quais estão os níveis de testosterona. Os resultados mostraram 
que várias horas de televisão estão associadas com pobre função testicular, concluindo que, 
27 
 
 
 
dentre os marcadores avaliados, homens jovens não obesos que passam muito tempo assistindo 
televisão apresentaram menores níveis de testosterona total. 
Com relação à população pediátrica, ao nosso conhecimento, nenhum estudo buscou 
investigar o efeito do comportamento sedentário sobre os níveis de testosterona, de acordo com 
pesquisa na base de dados PubMed utilizando os termos “sedentary behaviour” OR “sedentary 
lifestyle” AND “testosterone” AND “post-pubertal” OR “puberty” OR “adolescent”. 
Considerando a existência de estudos que demonstraram a influência do estilo de vida homens 
adultos sobre os níveis de testosterona e sabendo que o alto comportamento sedentário é uma 
característica do estilo de vida da sociedade moderna, inclusive na juventude, faz-se necessária 
a investigação de uma possível associação entre o comportamento sedentário de adolescentes e 
a concentração de testosterona – hormônio fundamental para o pleno crescimento e 
desenvolvimento durante a puberdade de meninos. 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
6. MATERIAIS E MÉTODOS 
6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA 
Esta pesquisa é um recorte de um projeto “guarda-chuva” que tem como objetivo analisar 
os comportamentos de movimento (sono, comportamento sedentário e atividade física) de 
crianças e adolescentes com excesso de peso relacionando-os com componentes relacionados à 
saúde. O presente estudo é caracterizado como uma pesquisa observacional do tipo transversal 
que buscou investigar a existência de associação entre o nível de comportamento sedentário com 
os níveis de testosterona de meninos obesos pós-púberes. Cada sujeito compareceu ao 
laboratório em dois momentos. No primeiro momento, foram apresentadas as etapas dapesquisa 
e o termo de assentimento do participante e consentimento do seu responsável. Em seguida, 
realizou-se a coleta de saliva, avaliação antropométrica, da composição corporal e entrega do 
acelerômetro. Após sete dias, o participante retornava ao laboratório para o segundo encontro a 
fim de devolver o acelerômetro e receber o laudo referente aos procedimentos de avaliação. 
 
6.2 CONTEXTO DA PESQUISA 
O recrutamento dos participantes, as coletas e as análises dos dados foram feitas no 
departamento de educação física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte durante o 
período de novembro de 2018 até junho de 2019. 
 
 
Figura 1 – Fases da coleta de dados do estudo. 
 
29 
 
 
 
6.3 PARTICIPANTES 
Participaram desta pesquisa 29 meninos pós-púberes com excesso de peso recrutados 
através da análise de prontuários de uma instituição educacional federal. Como critérios de 
inclusão, os participantes deveriam apresentar vínculo ativo na instituição e estar em período 
letivo escolar; estar com excesso de peso de acordo com a classificação do IMC (ANEXO I) 
segundo Cole e colaboradores (2000); ausência de doenças cardiometabólicas conhecidas; e 
estar durante ou após o pico de velocidade do crescimento calculado através das variáveis 
contidas na fórmula de Mirwald e colaboradores (2002). O gráfico de fluxo abaixo resume o 
processo de seleção e avaliação dos participantes do presente estudo. 
 
 
Figura 2 – Fluxograma amostral do estudo. 
 
6.4 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA 
Este estudo foi iniciado após ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (parecer no: 2.690.410; CAAE: 
80922117.3.0000.5537), seguindo todas as recomendações para a condução de pesquisa 
científica em seres humanos. Todos os voluntários foram informados sobre os procedimentos, 
riscos e benefícios da pesquisa, em seguida, assinaram, por espontânea vontade, o termo de 
assentimento e levaram aos responsáveis o termo de consentimento livre e esclarecido. 
30 
 
 
 
6.5 VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS 
 Foram mensuradas medidas antropométricas para caracterização da amostra avaliada. 
Utilizou-se os procedimentos padrão da International Society of Advanced in Kinanthropometry 
- ISAK (MARFELL-JONES e col., 2012). 
A massa corporal (kg) foi medida em balança digital (Welmy®, São Paulo, Brasil) com 
capacidade de 300 kg e precisão de 50 gramas. Os participantes se mantiveram no centro da 
plataforma da balança em posição anatômica e olhando para o plano de Frankfurt. 
A estatura corporal (cm) foi medida em estadiômetro acoplado à balança digital com 
precisão de 0,1 cm. Para a medida, os participantes retiraram os calçados e uniram os 
calcanhares. Ainda, permaneceram em apneia e olhando para o plano de Frankfurt. 
A medida da circunferência foi realizada com fita antropométrica (Sanny®, São Paulo, 
Brasil). A circunferência da cintura consistiu da distância média entre o ultimo arco costal e a 
crista ilíaca, sendo coletada no momento pós expiração respiratória. 
As medidas foram realizadas e analisadas por único avaliador qualificado na técnica. 
havendo um erro técnico de medida intra-avaliador de 2%, o que é considerado aceitável 
(PERINI e col., 2005). 
 
6.6 TESTOSTERONA SALIVAR 
 A utilização da testosterona salivar é um meio não invasivo e de fácil obtenção que 
apresenta significante correlação com a testosterona sérica de adultos (r = 0,94), de homens 
hipogonádicos (r = 0,63) e de meninos em desenvolvimento (r = 0,83) com idades entre 11 e 23 
anos (VAN RIJN, 2018). Ainda, a testosterona livre é considerada o melhor índice, em 
comparação com a testosterona total, da atividade androgênica em adolescentes obesos 
(VANDEWALLE e col., 2015). 
A coleta de saliva foi realizada em local e horário (entre 13h e 14h) padronizados para 
evitar variações influenciadas pela temperatura e ciclo circadiano. Os sujeitos não ingeriram 
alimentos, bebidas, mascaram chiclete ou escovaram os dentes 30 minutos antes da coleta. Cinco 
minutos antes do procedimento de coleta, os sujeitos enxaguaram a boca a fim de eliminar 
resíduos. Em seguida, foi entregue um tubo cônico estéril de 15 ml para que o avaliado, em uma 
31 
 
 
 
posição sentada e com a cabeça ligeiramente inclinada para frente, despejasse pelo menos 2 ml 
de saliva. 
As amostras foram armazenadas em geladeira em -80 oC até que fossem analisadas. A 
testosterona salivar foi mensurada em duplicata por kit ELISA da marca DRG (SLV-3013, 
United of States of America). Os ensaios foram feitos em duplicata e encontrou-se um 
coeficiente de variação de 3,28%, indicando uma variação intra-ensaio aceitável (isto é, 
coeficiente de variação ter sido menor que 10%) e R2= 0,98. As análises de testosterona salivar 
foram feitas por pesquisadores experientes na técnica e conduzidas em laboratório de análises 
hormonais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
 
6.7 COMPOSIÇÃO CORPORAL 
A massa livre de gordura, massa gordurosa e densidade e conteúdo mineral ósseo foram 
os elementos constituintes da composição corporal avaliados. Para isso, foi utilizada a 
absorciometria por dupla emissão de raios-X (DEXA), considerada um dos métodos de maior 
acurácia junto com a pesagem hidrostática e a diluição isotópica (NEWTON JR e col., 2005). 
Foi utilizado o instrumento de modelo Lunar Prodigy Advance - General Electric 
Company® - Boston, Massachusetts, EUA. Os pacientes foram orientados sobre o procedimento 
quanto aos riscos e ao que obteríamos de resultado. Momento antes do exame, solicitou-se que 
todos os avaliados retirassem os sapatos bem como qualquer tipo de objeto de metal como 
brincos, cintos e joias. Para o escaneamento do corpo inteiro, os pacientes foram posicionados 
deitados em decúbito dorsal e com os braços ao longo do corpo dentro dos limites de varredura. 
Para evitar possíveis movimentações durante o exame, utilizou-se fitas de velcro na altura dos 
tornozelos e joelhos para imobilizar os membros inferiores. O software utilizado para análise 
das variáveis foi o Encore 14.1. O exame foi realizado e analisado por único avaliador 
qualificado na técnica. 
 
6.8 ACELEROMETRIA 
O comportamento sedentário foi avaliado de forma objetiva através de acelerometria de 
24 horas utilizando acelerômetro Actigraph wGT3X-BT (ActiGraph LLC, Pensacola, FL, EUA) 
no quadril direito (região suprailíaca). 
32 
 
 
 
Os participantes foram instruídos a usarem o acelerômetro durante 7 dias consecutivos e 
ao longo de todo o dia, exceto em momentos de banho, atividades aquáticas e em esportes de 
luta. Associado ao uso do acelerômetro, os participantes preenchiam um diário (Anexo II) a fim 
de registrar os momentos em que retiraram o dispositivo e informar a hora em que foram dormir 
e que acordaram. 
Para inclusão nas análises, foi considerada a quantidade mínima de 10 horas de tempo 
de uso em vigília por dia, três dias na semana, sendo pelo menos um dia de final de semana. Os 
dados foram coletados em uma taxa de amostragem de 60 Hz, baixados em epochs de 1 segundo 
através do software ActiLife versão 6.13.3 (ActiGraph LLC, Pensacola, FL, EUA) e 
posteriormente reintegrados em epochs de 60 segundos. 
O comportamento sedentário (CS) foi definido como todo período em que a contagem 
de counts por minuto fosse ≤100 (EVENSON e col., 2008). Utilizou-se o vetor vertical (y) para 
a análise. A análise foi feita após a exclusão do período de sono e do tempo de não uso acordado 
(qualquer sequência de ≥60 minutos consecutivos de 0 counts por minuto de atividades). 
 
6.9 MATURAÇÃO SOMÁTICA 
 A maturação somática foi avaliada pela fórmula de estimativa do pico de velocidade do 
crescimento (PVC) proposta por Mirwald e colaboradores (2002). Para o cálculo, foram 
considerados a estatura, o peso, a altura troncocefálica e a idade centesimal. As medidas 
antropométricas foram realizadas por único avaliador experientena técnica através da utilização 
de balança digital e estadiômetro. A idade para o PVC tem sido um método de maturação 
somática comumente utilizado para indicar o desenvolvimento puberal de adolescentes 
(GASSER e col., 2013; MOREIRA e col., 2013; MIRWALD e col., 2002). 
33 
 
 
 
7. ESTATÍSTICA 
Utilizou-se o teste de Shapiro Wilk para testar a normalidade dos dados descritivos, que 
estão apresentados em média e desvio padrão. Foi utilizado um modelo de regressão linear 
simples para verificar a associação entre as variáveis independentes (comportamento sedentário 
e adiposidade) de forma isolada sobre os níveis de testosterona (variável dependente). Ainda, 
utilizou-se modelo de regressão múltipla para verificar se o comportamento sedentário e a 
adiposidade estão conjuntamente associados com os níveis de testosterona. 
O modelo ajustado ao presente trabalho pertence à família de modelos lineares generalizado 
- modelos que não pressupõe a existência de normalidade nos dados de acordo com Nelder e 
Wedderburn (1972), dessa forma, ajustando-se às variáveis que pertencem à família de 
distribuições exponenciais (CORDEIRO e DEMÉTRIO, 2008). O poder (power) do teste foi 
calculado a posteriori a partir do coeficiente de correlação encontrado nas análises de regressão 
linear múltipla. Adotou-se valor de p<0,05 para significância estatística. Foi utilizado o software 
SPSS versão 24 para as análises estatísticas. 
 
 
 
 
34 
 
 
 
8. RESULTADOS 
As características da amostra analisada estão apresentadas na tabela 1. 
 
Tabela 1 Caracterização da amostra. 
 Média (±DP) Intervalo de confiança (95%) 
Idade (anos) 16,5 (±1,1) 16,1 - 16,9 
Maturação (PVC*) +1,1 (±0,8) 0,7 - 1,4 
Massa Corporal (kg) 90,6 (±14,2) 85,2 - 95,9 
Estatura (cm) 173,2 (±7,2) 170,2 - 175,9 
IMC (km/m2) 30,1 (±3,5) 28,7 - 31,4 
Circunferência cintura 100,1 (±9,2) 96,6 - 101,6 
Massa livre de gordura (kg) 59,3 (±7,4) 56,5 - 62,1 
Adiposidade (% Gordura) 35,8 (±5,1) 33,8 - 37,7 
CS (horas/dia)** 9,8 (±2,1) 8,9 - 10,5 
Testosterona (pg/ml) 75,3 (±49,8) 56,5 - 94,2 
*PVC: pico de velocidade do crescimento; **CS: comportamento sedentário. 
 
 O modelo de regressão linear simples mostrou que a associação entre comportamento 
sedentário e os níveis de testosterona salivar não foi estatisticamente significante [F(1;27) = 0,171; 
p = 0,68]. Por outro lado, a adiposidade foi estatisticamente significante para explicar os níveis 
de testosterona salivar [F(1;27) = 6,647; p = 0,01]. 
Da mesma forma, o modelo de regressão múltipla que analisou de forma conjunta a 
associação do comportamento sedentário com a adiposidade sobre os níveis de testosterona 
mostrou que o comportamento sedentário (T=0,257; p=0,80) não tem associação com a 
testosterona, enquanto que a gordura (T=-2,506; p=0,01), sim. O poder do teste foi de 73%. 
Ainda de acordo com o modelo, pode-se inferir que o aumento de 1% de gordura reduz em 4,296 
pg/ml os níveis de testosterona. 
A maturação somática foi uma covariável que não apresentou significância estatística 
sobre os níveis de testosterona dentro do modelo de análise múltipla, sendo, portanto, não 
incluída nos resultados. 
35 
 
 
 
 
9. DISCUSSÃO 
A testosterona é um hormônio importante tanto para a saúde cardiometabólica como para 
o crescimento e maturação de adolescentes. Seus níveis podem estar associados a diversos 
fatores modificáveis relacionados ao estilo de vida, porém, não há clareza sobre sua relação com 
o comportamento sedentário que é uma característica crescente da sociedade moderna. Nesse 
sentido, o objetivo deste estudo foi investigar se o comportamento sedentário se associa com os 
níveis de testosterona de meninos pós-púberes com excesso de peso. O principal achado deste 
estudo é que o comportamento sedentário não se associou com os níveis de testosterona. Por 
outro lado, a nossa hipótese foi confirmada ao verificar que o grau de adiposidade se associou 
negativamente com níveis de testosterona, independentemente do nível de comportamento 
sedentário. 
O tempo médio gasto em comportamento sedentário dos adolescentes com excesso de 
peso do presente estudo foi de 9,8 horas, correspondendo a 60,1% do tempo do período de 
vigília. Esse valor percentual é o mesmo encontrado em pesquisas conduzidas em outros países 
que indicam que adolescentes acumulam mais de 60% do tempo em comportamento sedentário 
(RAMOS e col., 2018). Ainda, o tempo gasto em comportamento sedentário encontrado no 
presente trabalho também está em concordância com os dados mostrados em artigo de revisão 
sistemática que elegeu estudos com adolescentes obesos e não obesos de diferentes continentes 
(ELMESMARI e col., 2018). Nessa revisão, o comportamento sedentário de adolescentes 
obesos (meninos e meninas) variou de um baixo tempo de 5,8 (±2,0) horas por dia a um alto 
tempo de 12,2 (±1,8) horas por dia. 
De acordo com os dados da National Health and Nutrition Examination Survey 
(NHANES 2003-2004), meninos entre 16 e 19 anos gastavam em média 7,9 horas por dia. Mais 
recente, a Canadian Health Measures Survey de 2009 mostrou que a média de comportamento 
sedentário foi 8,6 horas por dia. Considerando a temporalidade dos estudos e que adolescentes 
obesos apresentam maior comportamento sedentário em comparação aos seus pares eutróficos 
(HILLS e col., 2011), a presente pesquisa apresenta valores de comportamento sedentário 
coerentes com a realidade mundial. Adicionalmente, é importante destacar que o 
comportamento sedentário aumenta significantemente ao longo da adolescência (COOPER e 
36 
 
 
 
col., 2015), e a amostra do presente estudo foi composta por meninos próximo ao final dessa 
fase, o que pode ser um aspecto a ser considerado em relação ao tempo de comportamento 
sedentário encontrado nos sujeitos na nossa pesquisa. 
Com relação aos níveis de testosterona, o presente estudo apresenta valores coerentes 
com estudo prévio que utilizou metodologia de coleta e análise semelhantes (VAN RIJN, 2018). 
A limitação em mensurar os níveis de testosterona está na ausência de valores de referência que 
sejam universalmente aceitos para jovens púberes e pós-púberes (MOGRI e col., 2013). 
 A testosterona livre é considerada o melhor índice, em comparação com a testosterona 
total, da atividade androgênica em adolescentes obesos (VANDEWALLE e col., 2015). Dentre 
as técnicas empregadas para coletar material biológico para posterior análise dos níveis de 
testosterona livre, a coleta da saliva se apresenta como um meio não invasivo e de fácil obtenção 
que apresenta significante correlação com a testosterona sérica de adultos (r = 0,94), de homens 
hipogonádicos (r = 0,63) e de meninos em desenvolvimento (r = 0,83) com idades entre 11 e 23 
anos (VAN RIJN, 2018). 
Quanto à relação entre o comportamento sedentário e os níveis de testosterona, nosso 
estudo mostrou que não existe associação entre essas duas variáveis, isto é, o comportamento 
sedentário não é um fator importante para explicar os níveis de testosterona dos meninos pós-
púberes com excesso de peso. 
 Ao nosso conhecimento, não existe estudo, seja com população pediátrica ou adulta, que 
buscou investigar a associação entre os níveis de testosterona e o comportamento sedentário 
medido de forma objetiva (exemplo: por meio dos sensores de movimento como ActiPal ou 
acelerômetros). 
 Um estudo conduzido com 1210 homens jovens saudáveis buscou investigar se o 
comportamento sedentário estava associado com a função testicular (que dentre outros 
parâmetros, avaliou-se os níveis de testosterona) (PRISKORN e col., 2016). Como resultado, 
encontrou-se que os homens expostos a muitas horas de televisão apresentavam menores níveis 
de testosterona. Antes de comparar esses resultados com os achados da presente pesquisa, é 
importante considerar que o trabalho citado avaliou o comportamento sedentário através de 
questionários que indagavamaos participantes sobre o quanto de tempo eles gastavam assistindo 
televisão ou usando o computador, dessa forma, é importante ponderar já que esses 
37 
 
 
 
comportamentos compreendem apenas uma parcela das atividades sedentárias diárias 
(GUERRA e col., 2016). 
 Em um estudo de coorte, Travison e colaboradores (2007) buscaram investigar a 
importância do estilo de vida sobre reduções dos níveis de testosterona de homens de meia idade, 
e demonstraram que o comportamento sedentário não influenciou no declínio dos níveis de 
testosterona. Embora esse resultado seja concordante com o presente estudo, é importante 
destacar que o nível de comportamento sedentário foi medido indiretamente através de 
recordatório de atividades físicas que considerava a duração e a frequência de atividades nos 
últimos sete dias. A partir disso, o gasto energético era estimado e classificado quanto à 
intensidade da atividade (moderada, vigorosa e “pesada”), sendo o comportamento sedentário 
definido por gasto energético menor que 200 kcal/dia em atividades de moderada a vigorosa 
intensidade. 
Quanto à relação entre a adiposidade e os níveis de testosterona, os resultados do 
presente estudo confirmam a associação negativa existente entre essas duas variáveis. Meninos 
com maior quantidade de gordura corporal apresentaram menores níveis de testosterona. Ainda, 
o modelo estatístico demonstrou que para 1% de gordura aumentado, há redução de 4,296 pg/ml 
nos níveis de testosterona. 
Essa relação negativa é bastante clara em homens adultos obesos (GROSSMANN, 2018; 
KELLY e JONES, 2015; WANG e col., 2011; DENZER e col., 2007), no entanto, a literatura 
ainda não está clara quanto aos níveis de esteroide sexual em adolescentes obesos 
(VANDEWALLE e col., 2015), sendo, portanto, mais um estudo para contribuir nesse campo 
de pesquisa com populações pediátricas. 
É importante salientar que a secreção de testosterona sofre importante aumento durante 
a puberdade. Em meninos, os níveis de testosterona aumentam consideravelmente entre os 
estágios G3 e G4 de Tanner (MALINA e col., 2004). Embora o estadiamento de Tanner seja o 
método mais utilizado, ainda não está claro como melhor avaliar o desenvolvimento puberal 
(SHIRTCLIFF e col., 2009). Considerando algumas desvantagens envolvidas no estadiamento 
de Tanner, como o desconforto e constrangimento que pode ser gerado para o avaliado bem 
como a necessidade de um médico especializado e devidamente treinado (FARIA e col., 2013), 
a avaliação da idade para o pico de velocidade do crescimento (PVC) tem sido uma estratégia 
38 
 
 
 
utilizada para indicar o desenvolvimento puberal de meninos, uma vez que o PVC ocorre entre 
os estágios G4 e G5 de Tanner. 
Nessa perspectiva, o presente estudo avaliou o desenvolvimento puberal através do PVC. 
Na média, a amostra do presente estudo apresentava-se no PVC, indicando que os adolescentes 
estavam finalizando o processo de maturação sexual (GASSER e col., 2013). A fim de evitar 
grandes variações nos níveis de testosterona em decorrência de diferentes estágios puberais, os 
sujeitos incluídos na análise estavam na idade para o PVC ou após o pico de crescimento. 
É importante destacar que o presente estudo apresenta pontos fortes em sua metodologia 
como a análise da composição corporal avaliada por absorciometria de dupla emissão de raio X 
(DEXA) e a mensuração objetiva do comportamento sedentário através de acelerometria 
triaxial. Entretanto, apresenta a limitação da avaliação da maturação não ter sido realizada 
através da maturação sexual, que, embora não haja clareza quanto ao melhor método para avaliar 
o desenvolvimento puberal, é a forma mais usual de análise na prática clínica e em estudos 
científicos. 
 
39 
 
 
 
10. CONCLUSÃO 
Os resultados desta pesquisa apontam que não há associação entre o comportamento 
sedentário e os níveis de testosterona de meninos pós púberes com excesso de peso. Porém, 
confirma a associação negativa existente entre os níveis de testosterona com o grau de 
adiposidade. 
 
40 
 
 
 
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