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Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Flávio César Bezerra da Silva
(Organizadores)
processo de formação-intervenção
(RE)SSIGNIFICANDO
A PRÁTICA DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
 
processo de formação-intervenção
(RE)SSIGNIFICANDO
A PRÁTICA DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
 
Prefácio
Kleyde Ventura de Souza
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Flávio César Bezerra da Silva
(Organizadores)
gráfica e editora
Natal, 2019
processo de formação-intervenção
(RE)SSIGNIFICANDO
A PRÁTICA DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
gráfica e editora
Editora
Revisão
Projeto gráfico, capa e diagramação eletrônica
Rejane Andréa Matias Alvares Bay
Ricardo Alexandre de Andrade Macedo
Joyce Urbano Rodrigues
Caule de Papiro 
Caule de Papiro gráfica e editora
Rua Serra do Mel, 7989, Cidade Satélite
Pitimbu | 59.068-170 | Natal/RN | Brasil
Telefone: 84 3218 4626
www.cauledepapiro.com.br
Catalogação da Publicação na Fonte.
Bibliotecária/Documentarista: 
Rosa Milena dos Santos - CRB 15/847
R331
(Re)ssignificando a prática da enfermagem obstétrica: processo de formação-intervenção 
/ Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho; Flávio César Bezerra da Silva (Orgs.). – Natal: Caule 
de Papiro, 2019.
344 p. : il.
ISBN 978-85-92622-69-5
1. Enfermagem obstétrica. 2. Cuidados de enfermagem. 3. Gravidez. I. Silva, Flávio César 
Bezerra da. II. Título. 
RN CDU: 618.2-083
AGRADECIMENTOS
Organizar uma obra como esta, a qual assume importância para a Enfermagem Obstétrica em nível Local, com repercussões Regional e Nacional, 
certamente requer seriedade, empenho e reconhecimento na 
Obstetrícia enquanto área onde há cooperação e participação 
entre categorias profissionais. Isto assume relevância, sobre-
tudo porque a assistência obstétrica prestada pelas equipes 
de enfermagem e medicina é destinada às mulheres gestantes, 
parturientes e puérperas com extensão às suas famílias. 
Assim, o interesse em compartilhar experiências e pro-
duções científicas decorrentes do Curso de Especialização em 
Enfermagem Obstétrica – Rede Cegonha III surgiu com a intenção 
de despertar nos profissionais da obstetrícia o entendimento 
de que é possível transformar cenários da assistência ao parto 
e nascimento. Nessa linha de considerações, se faz necessário 
desenvolver o modelo de atendimento cooperativo Inter equipes 
dos profissionais de saúde, mediante compreensão de que práticas 
baseadas em evidências científicas precisam ser consideradas e 
inseridas na cena do trabalho de parto e parto em prol da mudança 
de paradigma da obstetrícia.
Diante do exposto, agradecemos mui respeitosamente ao 
Ministério da Saúde por financiar um Curso de Especialização 
o qual assume relevância para contribuir com a mudança do 
modelo assistencial na obstetrícia. Também se faz pertinente 
sermos gratos à Escola de Enfermagem da UFMG pela parceria 
e troca de experiência na condução dos Cursos CEEO I e CEEO 
II, à Pós-Graduação da UFRN e à Escola de Saúde da UFRN por 
acreditar na condução de mais uma especialização obstétrica e por 
cooperar em todas as necessidades administrativas e de espaços 
acadêmicos para a formação de mais 14 enfermeiros obstétricos.
Ademais, agradecemos à disponibilidade de assessoria da 
ABENFO Nacional, e seccional do RN, ABEN seccional, COREN-RN, 
Secretaria de Saúde Pública do RN, Secretaria Municipal de 
Saúde de Natal e de São José de Mipibu; a credibilidade em 
disponibilizar espaços para estágios, a exemplo do Hospital 
Universitário Ana Bezerra – Santa Cruz-RN, Maternidade Divino 
Amor – Parnamirim-RN e Hospital Regional Monsenhor Antônio 
Barros – São José de Mipibu–RN.
Outrossim, nossos agradecimentos às equipes de docentes, 
gestores de instituições de saúde parceiras do CEEO III, equipes 
de profissionais de saúde, funcionários que contribuíram para 
conduzirmos em conjunto a especialização e a todas as gestantes, 
parturientes, puérperas e seus recém-nascidos por terem sido per-
sonagens centrais de importância no processo de aprendizagem 
dos novos enfermeiros obstétricos especializados pelo CEEO III.
SUMÁRIO
PREFÁCIO...11 
Capítulo 1 – EXPERIÊNCIA EXITOSA NA 
COORDENAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO 
EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA - REDE 
CEGONHA III PELA UFRN POR MEIO DO 
PROCESSO DE FORMAÇÃO-INTERVENÇÃO...15
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Flávio César Bezerra da Silva
Capítulo 2 – CLASSIFICAÇÃO DE ROBSON NA 
REDUÇÃO DAS TAXAS DE CESARIANA...23
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
Capítulo 3 – IMPLEMENTAÇÃO DO PARTOGRAMA 
NO CENÁRIO DO TRABALHO DE PARTO 
DA MATERNIDADE LEIDE MORAIS...43
Francisca Marta de Lima Costa Souza 
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho 
Flávio César Bezerra da Silva 
Capítulo 4 – IMPLEMENTAÇÃO DO PARTOGRAMA 
NO PROCESSO DO TRABALHO DE PARTO NA 
MATERNIDADE DR. ARAKEN IRERÊ PINTO...63
Rayza Régia Medeiros dos Santos de Oliveira 
Maria Cláudia Medeiros Dantas de Rubim Costa
Capítulo 5 – IMPLEMENTAÇÃO DO 
BALANÇO PÉLVICO TIPO “CAVALINHO” NA 
MATERNIDADE PROFESSOR LEIDE MORAIS 
NO MUNICÍPIO DE NATAL/RN...85
Marcela Cabral de Souza Araújo Lima 
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho 
Flávio César Bezerra da Silva 
Capítulo 6 – IMPLEMENTAÇÃO DO USO DO 
BALANÇO PÉLVICO TIPO “CAVALINHO” 
NA MATERNIDADE DR. ARAKEN 
IRERÊ PINTO – NATAL/RN...105
Eduardo Antonio de França Mota 
Maria Lúcia Azevedo Ferreira de Macêdo 
Capítulo 7 – IMPLEMENTAÇÃO DA 
MASSAGEM COM AROMATERAPIA 
DURANTE O TRABALHO DE PARTO NA 
MATERNIDADE LEIDE MORAIS...129
Erica Danielle Sousa de Macedo 
Flávio César Bezerra da Silva 
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Capítulo 8 – IMPLEMENTAÇÃO DO USO DA BOLA 
SUÍÇA DURANTE O TRABALHO DE PARTO NA 
MATERNIDADE ARAKEN IRERÊ PINTO...157
Cristiane Meirice Marques da Silva 
Ana Cristina Araújo de Andrade Galvão 
Capítulo 9 – IMPLANTAÇÃO DA MÚSICA 
COMO ALTERNATIVA TERAPÊUTICA 
NÃO MEDICAMENTOSA EM UMA 
MATERNIDADE PÚBLICA...181
Alcione Félix de Medeiros 
Simone Pedrosa Lima
Capítulo 10 – IMPLANTAÇÃO DA MÚSICA 
NO TRABALHO DE PARTO E PARTO NO 
HOSPITAL MATERNIDADE ALMEIDA CASTRO 
NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN...201
Andressa Pascale Rosado dos Anjos Saraiva 
Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante
Capítulo 11 – IMPLEMENTAÇÃO DO ALEITAMENTO 
MATERNO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA NA 
MATERNIDADE ARAKEN IRERÊ PINTO...229 
Rosicler Cristine Cottin Severiano Albuquerque 
Flávio César Bezerra da Silva 
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Capítulo 12 – IMPLEMENTAÇÃO DA 
AMAMENTAÇÃO NA PRIMEIRA HORA DE 
VIDA DO RECÉM-NASCIDO NA MATERNIDADE 
DIVINO AMOR EM PARNAMIRIM/RN...259
Renata Silva de Oliveira Teixeira Campos
Juliana Teixeira Jales Menescal Pinto
Capítulo 13 – IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE 
ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 
NO HOSPITAL DO SERIDÓ – CAICÓ/RN...281
Juliana Sabino de Oliveira 
Cleonice Andréa Alves Calvacante
Capítulo 14 – IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLO 
OPERACIONAL PADRÃO PARA O CONTATO 
PELE A PELE ENTRE MÃE E RECÉM-
NASCIDO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA 
NA MATERNIDADE DIVINO AMOR...297
Bruna Lorena de Figueiredo Freire 
Eliane Santos Cavalcante
Capítulo 15 – IMPLEMENTAÇÃO DO PROTOCOLO 
PARA O MANEJO DA HEMORRAGIA PÓS-PARTO 
NO HOSPITAL REGIONAL MONSENHOR ANTÔNIO 
BARROS EM SÃO JOSÉ DE MIPIBU/RN...323
Chirley Carvalho da Cunha Araújo 
Izaura Luzia Silvério Freire
 11
PREFÁCIO
Kleyde Ventura de Souza 
Professora Associada da Escola de Enfermagem da Universidade 
Federal de Minas Gerais. Presidente da Associação Brasileira 
de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras – ABENFO nacional 
(gestões 2015-2017 e 2018-2020). Coordenadora Nacional 
da Rede de Internacional de Enfermagem Saúde da Mulher e 
Neonatal – SaMuNeo.
Nas últimas décadas avanços importantes têm sido observados no contexto sanitário brasileiro. Entretanto, a redução da mortalidade materna e 
infantil, especialmente, no componente neonatal coloca-se como 
preocupação mundial e por esta razão reafirmada nos Objetivos 
de Desenvolvimento Sustentável (ODS). No Brasil, a redução 
destas mortes à níveisaceitáveis até 2030 se apresenta como 
um desafio a ser assumido por todos(as), sejam, profissionais e 
gestores de serviços de saúde, pesquisadores(as) e professores(as) 
destes campos, formuladores de políticas públicas e tomadores de 
decisão, entidades científicas e conselhos profissionais, sociedade 
organizada e a comunidade em geral, as mulheres e suas famílias, 
entre outros. 
Este desafio é ainda maior, por conta do atual modelo de 
atenção obstétrica e neonatal, em que prevalece a ideia de que o 
processo de parto/nascimento é compreendido como uma questão 
12 Prefácio
médica, as gestações como potencialmente patológicas e o corpo 
da mulher imperfeito, necessitando de múltiplas intervenções 
e reparos. Ressalta-se que há décadas esta realidade vem se 
mantendo e que caminha em direção oposta as diretrizes da 
Organização Mundial de Saúde (OMS), que reconhecem o parto 
como evento natural e que necessita de cuidados. 
Especificamente, em relação aos desafios da redução de 
mortes evitáveis, como as de mulheres e seus bebês em razão 
da gestação, parto ou puerpério, acrescentam-se outros, tais 
como: a mudança de modelo de atenção e de formação da força 
de trabalho, a redução das altas taxas de cirurgias cesarianas 
desnecessárias, a superação da violência obstétrica/violência 
institucional, a incorporação/implementação de práticas baseadas 
em evidências guiadas por um cuidado centrado na mulher e na 
sua família, de modo a fortalecer autonomia e protagonismo no 
seu cuidado, além do compromisso com a garantia de seus direitos 
sexuais e reprodutivos. 
Vale destacar que a transformação do modelo da atenção 
obstétrica em nosso País guarda íntima relação com o fortaleci-
mento do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras razões, pelo 
seu papel de ordenador da formação e de sua capacidade instalada 
para mobilização de agentes de saúde e usuários(as), visibilidade 
de pautas e indução de políticas. 
Em 2011, o Ministério da Saúde (MS) lançou a Rede Cegonha 
(RC), normatizada pela Portaria nº 1.459, com o objetivo de ampliar 
o acesso e melhorar a qualidade da atenção pré-natal, a assistência 
ao parto e ao puerpério e a assistência à criança com até 24 
meses de vida. Esta iniciativa trouxe para o cenário da atenção 
obstétrica e neonatal a retomada da formação de enfermeiras 
obstétricas, reconhecidas como um quadro estratégico para a 
 13Kleyde Ventura de Souza
mudança de modelo, com financiamento do Ministério da Saúde 
(MS), portanto, como política pública. 
Desde o lançamento da RC até a atualidade cerca de 3 mil 
enfermeiras foram formadas e/ou capacitadas, ao que denominamos 
de “segunda onda” de formação em Enfermagem Obstétrica, com 
financiamento público, agora, em três modalidades; entre essas, duas 
configuradas como novas: a Residência em Enfermagem Obstétrica 
(REO) e o Curso de Aprimoramento para Enfermeiras Obstétricas 
(CAEO),além dos Cursos de Pós-Graduação lato sensu - Curso de 
Especialização em Enfermagem Obstétrica – CEEO/RC, que se 
manteve como àquela já desenvolvida nos anos de 1999-2005.
Esta última modalidade ganhou uma nova configuração. Sua 
realização se deu pela criação de uma rede nacional de formação 
em enfermagem obstétrica, em que participaram Instituições 
Federais de Ensino Superior (IFES) de todas as regiões do Brasil, 
serviços com modelos marcados pela humanização da assis-
tência e com o apoio da Associação Brasileira de Obstetrizes e 
Enfermeiros Obstetras - ABENFO Nacional e suas Seccionais. 
Participaram ativamente deste processo, a Escola de Enfermagem 
da Universidade Federal de Minas Gerais, na coordenação desta 
rede de formação e a Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, representada pelos organizadores deste livro. 
Nesta experiência, então, colocou-se em perspectiva a 
ampliação de horizontes de formação, em que tão importante 
quanto o incremento e fortalecimento da força de trabalho, é 
potencializar a rede de sujeitos com maior capacidade de intervir 
nos modos de cuidar, de organizar-gerir o trabalho, comprometida 
com (re)significações dos sentidos de parir, nascer viver e cuidar.
E, como um dos frutos desta rede nacional de formação, 
orientada pelo referencial de formação-intervenção-avaliação, 
14 Prefácio
materialize-se esta obra que nos brinda com os produtos origi-
nados dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvi-
dos pelas(os) especializandas(os), que seguindo a proposta de 
interferência no trabalho, foram convocadas ( e aceitaram!) a 
se debruçarem na exploração analítica das suas realidades de 
trabalho. 
Assim, esta obra, tomada numa perspectiva estico-estético-
-política, concretiza o que pode haver de potência na articulação 
de produção de conhecimento, práticas de atenção e de gestão, 
produção de saúde e produção de sujeitos de modo indissociável.
Comemoremos e saudemo-nos a todos(as) pela ousadia!!!
 15
CAPÍTULO 1
EXPERIÊNCIA EXITOSA NA 
COORDENAÇÃO DO CURSO 
DE ESPECIALIZAÇÃO EM 
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA 
- REDE CEGONHA III 
PELA UFRN POR MEIO DO 
PROCESSO DE FORMAÇÃO-
INTERVENÇÃO
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Enfermeira Obstétrica, Doutora em Ciências da Saúde, 
Professora da ESUFRN, Coordenadora do CEEO III – UFRN.
Flavio Cesar Bezerra da Silva
Enfermeiro Obstétrico, Doutor em Enfermagem, Professor da 
ESUFRN, Vice Coordenador do CEEO III – UFRN.
 
16 
Experiência exitosa na Coordenação do Curso de Especialização 
em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III pela UFRN 
por meio do processo de formação-intervenção
O Cenário de assistência obstétrica no âmbito de maternidades públicas do estado do Rio Grande do Norte historicamente se apresenta por meio 
de condutas prevalentemente intervencionistas. Esta realidade 
decorre de um modelo cartesiano estabelecido em instituições 
hospitalares responsáveis por prestar atendimentos voltados ao 
Parto e Nascimento na região nordeste do Brasil.
A realidade citada anteriormente poderia desmotivar a 
mobilização da categoria da enfermagem obstétrica no sentido 
de propor estratégias de práticas não invasivas em consonância 
com o conhecimento científico da evolução do trabalho de parto 
e parto. No entanto, a expertise obstétrica e a experiência de 
docentes da obstetrícia atuantes na formação na Escola de Saúde 
da UFRN (ESUFRN) sempre considerou a existência de mudanças 
no paradigma
Assim, diante do potencial de transformação de uma 
situação estabelecida no campo da assistência obstétrica, os 
enfermeiros obstétricos e responsáveis por conduzir a formação 
na área da saúde da mulher na ESUFRN depositaram confiança 
em contribuir com a inserção de profissionais enfermeiros espe-
cializados em obstetrícia. Pois, estes são atores importantes e 
necessários para atingir a meta de ofertar às mulheres e famílias 
possibilidades diferenciadas em prol de conduzir a experiência 
de parir de maneira mais suave e humanística.
 
 17
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Flávio César Bezerra da Silva 
Imbuídos desse entendimento, a condução de cursos de 
especialização em enfermagem obstétrica financiados pelo 
Ministério da Saúde (MS) tem acontecido desde o ano de 2002 
sob a coordenação local de docente da ESUFRN. O desafio em 
assumir a coordenação naquela época foi instigador na busca 
de compreender melhor as particularidades existentes entre 
categorias profissionais atuantes em concomitância no contexto 
da assistência ao planejamento reprodutivo, prevenção de câncer 
de colo de útero, pré-natal e ao parto normal. Ademais, o conheci-
mento existente e o adquirido serviram como energia propulsora 
de traçar planejamentos e parcerias com vistas a assumir novas 
turmas de especialização em prol de paulatinamente fortalecer 
a enfermagem obstétrica entre os profissionais de saúde e junto 
à comunidade.
Em meio a esse movimento de investir na possibilidade 
de superar obstáculos os quais a população feminina vivencia 
no contexto obstétrico, no ano de 2011 foi instituída a Rede 
Cegonhaorganizada a partir dos componentes: pré-natal, parto 
e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da criança 
(BRASIL, 2011).
Visto que a Rede Cegonha direcionou atenção e investi-
mento em desenvolver atividades para fortalecer redes de atenção 
à saúde materna em desenvolvimento nos estados brasileiros, e 
por existirem necessidades de formação de profissionais enfer-
meiros especialistas na obstetrícia no Brasil, no ano de 2012 
houve um movimento importante. Neste ano, o MS designou valor 
financeiro para desenvolver um novo modelo de especialização em 
prol de atingir as cinco regiões do país no intuito de especializar 
maior número de enfermeiros obstétricos os quais estivessem 
em formação conjuntamente em todo o Brasil. 
 
18 
Experiência exitosa na Coordenação do Curso de Especialização 
em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III pela UFRN 
por meio do processo de formação-intervenção
Mobilizados por esta disponibilidade governamental, algu-
mas Instituições Federais de Ensino foram convidadas a fazer parte 
da construção de um Curso de Especialização que conseguisse 
abranger a dimensão proposta pelo MS., Apesar de algumas 
Universidades terem se interessado em promover a especialização, 
houve dificuldades organizacionais, as quais influenciaram o 
direcionamento a uma condução centralizada na Universidade 
Federal de Minas Gerais (UFMG). Isto se deu por causa da expe-
riência da UFMG em já ter desenvolvido anteriormente turmas 
de especialização na área da enfermagem obstétrica.
Então, mediante a Coordenação Central assumida pela 
UFMG, houve reuniões entre diversas Universidades parceiras, 
e esses encontros terminaram por produzir uma formatação de 
Curso de Especialização com Carga Horária e Matriz Curricular 
voltada para aproveitar os potenciais de cada realidade onde a 
especialização viesse a acontecer. Assim, após ajustes decor-
rentes de sugestões e experiências entre todas as Universidades 
parceiras, no ano de 2014, deu-se o lançamento do edital para 
o Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica – Rede 
Cegonha I (CEEO I). 
Vale ressaltar que o CEEO I finalizou no ano de 2016 e pela 
visibilidade na formação dos enfermeiros obstétricos no âmbito 
nacional, o MS financiou outros Cursos na mesma formatação 
anterior. Com isso, o CEEO II veio a iniciar novas turmas nas cinco 
regiões do Brasil no ano de 2016 e utilizou o recurso metodoló-
gico estratégico – Formação-Intervenção, o qual foi utilizado 
incialmente no CEEO I.
Mediante esse cenário, durante o desenvolvimento das 
aulas teóricas e teórico-práticas em todo o Brasil, fortaleceu-se a 
necessidade de melhorar a proposta de Trabalhos de Conclusão de 
 
 19
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Flávio César Bezerra da Silva 
Curso na modalidade de intervenção. Pois, segundo Santos Filho 
(2010), o processo de transformação de práticas institucionaliza-
das na área de saúde requer processo de formação-intervenção. 
Nessa configuração, todos os envolvidos (gestão, profissionais de 
saúde de todas as categorias, população assistida e profissional 
em fase de especialização) conseguem mais facilmente observar 
as ações acontecendo.
Na sequência dessa observação, a avaliação pode ser 
naturalmente desenvolvida, bem como a adesão se torna maior, 
e com isso, a mudança do paradigma se torna mais célere. Mas, 
ainda segundo Santos Filho (2010), faz-se necessário considerar 
três objetos/focos de intervenção durante a especialização, para 
que o processo da intervenção seja potencializado e possa ser 
monitorado e contínuo.
Nessa linha de considerações, os modelos recomendados 
por Santos Filho (2010) consideram a necessidade de articular 
o processo de formação-intervenção-avaliação como bases 
estruturantes as quais contribuem em prol de compreender e 
direcionar o processo de formação-intervenção. Para tanto, con-
sidera-se como o objeto/foco 1 o uso de conteúdos e estratégias 
pedagógico-metodológicas no Curso; no tocante ao objeto/foco 
2, este diz respeito aos sujeitos/equipes (estudantes) no contexto 
da formação e do processo de trabalho; o objeto/foco 3 envolve 
as repercussões da formação para a dinâmica dos serviços e 
as práticas de atenção e gestão, levando em consideração as 
mudanças geradas para os usuários. 
A experiência em coordenar os cursos de especializa-
ção CEEO I e CEEO II no âmbito da ESUFRN, em parceria com 
a Coordenação Geral da UFMG suscitou trocas de saberes e 
articulações de estratégias potenciais ao longo de quatro anos. 
 
20 
Experiência exitosa na Coordenação do Curso de Especialização 
em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III pela UFRN 
por meio do processo de formação-intervenção
Aliado a isto, foi possível constatar êxitos na transformação do 
cenário obstétrico das maternidades de origem de atuação dos 
especializandos decorrentes das intervenções das duas primeiras 
turmas conduzidas na UFRN. 
Ao concluir o CEEO II, fez-se necessário descentralizar a 
coordenação dos cursos de especialização no Brasil, visto que 
as duas experiências anteriores atingiram o objetivo de dissemi-
nar a formatação do processo avaliação-formação-intervenção 
em cada Instituição Federal que desenvolveu a especialização. 
Vale destacar que o MS manteve o financiamento para um novo 
curso, o CEEO III, no entanto priorizou dez localidades, as quais 
apresentaram potencial produtivo e cumprimento às exigências 
em nível acadêmico e administrativo.
Assim, a ESUFRN foi contemplada para desenvolver a espe-
cialização CEEO III, onde a coordenação assumiu sua autonomia 
por reconhecimento e manteve o padrão dos cursos anteriores, 
CEEO I e CEEO II, construído em parceira com a UFMG e demais 
Universidades do Brasil. No escopo da condução da especializa-
ção manteve-se o olhar científico condutor dos enfermeiros em 
especialização com destaque para o projeto político pedagógico 
do CEEO III manteve a preocupação em utilizar como base de 
formação as competências essenciais para o desenvolvimento 
da obstetrícia.
Considerando as competências, os enfermeiros em especia-
lização foram conduzidos e orientados durante as aulas teóricas, 
teórico-práticas em laboratórios e práticas nos ambientes de 
estágio sobre a necessidade de adquirir conhecimentos, habi-
lidades na destreza psicomotora e atitudes envolvendo comu-
nicação e tomada de decisão. Para desenvolver articulação das 
competências citadas, o CEEO III seguiu as orientações contidas 
 
 21
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Flávio César Bezerra da Silva 
na publicação da OPAS (2014) eu apresenta o conjunto de ferra-
mentas para o fortalecimento da obstetrícia.
Soma-se ainda que, dentre diversas temáticas conside-
radas relevantes na formação de especialistas da enfermagem 
obstétrica, as boas práticas de atenção ao parto e nascimento 
estiveram presentes em nível teórico, teórico-prático e prático 
durante todas as disciplinas as quais estivessem ligadas dire-
tamente ao processo da assistência da gestante, parturiente, 
puérpera e recém-nascido. Nesse sentido, as categorias A, B, C, 
D foram abordadas tendo como respaldo o documento produzido 
pela OMS (1996), bem como as recomendações dispostas nas 
diretrizes nacionais de atenção ao parto normal.
Em ambos documentos citados, o estímulo ao uso de méto-
dos não farmacológicos de alívio da dor (MNFAD) é incentivado 
para que profissionais de saúde responsáveis por conduzir o 
processo de parto mediante conhecimento científico e prático 
da evolução do trabalho de parto, situação clínica e obstétrica da 
mulher. Seguindo os esclarecimentos, e não existindo agravos ou 
diagnóstico de distócias, os MNFAD podem e devem ser inseridos 
na assistência prestada a parturiente e risco habitual. 
Em meio ao processo de especialização e as temáticas 
relevantes para promover experiências exitosas na absorção do 
conhecimento, destaca-se também que o processo avaliação-
-formação-intervenção existente nos cursos CEEO I e CEEO II 
repercutiu em nível profissionaldos egressos, institucional de 
cada maternidade onde a intervenção ocorreu e em nível gerencial. 
Ademais, considerando que os enfermeiros que concluí-
ram a especialização no CEEO III mantiveram o compromisso e 
empenho em realizar intervenções que viessem a transformar 
problemáticas dos seus cenários de atuação, a coordenação do 
 
22 
Experiência exitosa na Coordenação do Curso de Especialização 
em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III pela UFRN 
por meio do processo de formação-intervenção
CEEO III – ESUFRN organizou produções decorrentes dos TCCs 
desenvolvidos pelos enfermeiros especialistas em enfermagem 
obstétrica da terceira turma que finalizou no mês de julho de 
2019. A seguir, encontram-se capítulos os quais foram sequen-
ciados considerando temáticas afins com o processo do parto e 
nascimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. 
Institui, no âmbito do Sistema Único da Saúde, - SUS – a Rede Cegonha. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos 
Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias 
em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão 
resumida [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Maternidade segura. Boas práticas de 
atenção ao parto e nascimento. Genebra: OMS, 1996.
ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE. Centro Latino-Americano de 
Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva. Conjunto de ferramentas 
para o fortalecimento da parteria nas Américas. Montevidéu: CLAP/SMR, 
2014. (CLAP/SMR. Publicação Científica, 1599-03).
SANTOS FILHO, S. B. O Curso de Especialização em enfermagem Obstétrica 
como formação- intervenção e a dimensão transversal do planejamento, 
monitoramento e avaliação (PM&A). Material apresentado em seminário 
matricial do CEEO. Belo Horizonte, 2010.
 23
CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DE 
ROBSON NA REDUÇÃO DAS 
TAXAS DE CESARIANA
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio
Enfermeira Obstétrica especializada no Curso de Especialização 
em Obstetrícia III – Rede Cegonha pela UFRN (CEEO III-UFRN) 
no ano de 2019. 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos 
Doutora em Enfermagem, Professora do Departamento 
de Enfermagem da UFRN, Enfermeira Obstetra do HUAB, 
orientadora da EO egressa do CEEO III -UFRN.
24 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
O momento do nascimento é singular na vida da mulher, pois trata de decisões determinantes em vários aspectos, como por exemplo a via de parto. 
Assim, o protagonismo da mulher e sua autonomia devem ser 
consideradas nas estratégias envolvidas para redução da mor-
bidade e mortalidade materna (FIOCRUZ, 2015). 
A assistência humanizada é um direito da parturiente. 
Para tanto, é fundamental que a mulher tenha conhecimento das 
características do parto normal e cesariana, contribuindo para o 
entendimento de suas indicações, benefícios e riscos envolvidos 
(UNICEF, 2017).
O parto normal pode ser conceituado como aquele de 
início espontâneo, de risco habitual, mantendo-se assim até o 
nascimento. A criança nasce naturalmente, em apresentação 
cefálica de vértice, entre as 37 e as 41 semanas completas de 
gravidez. Já a cesárea é uma cirurgia para retirada do bebê através 
do abdômen da mãe, mas, como toda cirurgia, acarreta riscos. 
A recuperação também leva mais tempo do que com o parto 
vaginal (WHO, 2017).
De acordo com a OMS (2015), trata-se de uma intervenção 
efetiva para salvar a vida de mães e bebês, porém apenas quando 
indicada por motivos médicos. É importante considerar que, para 
fazer uma correta avaliação da necessidade deste procedimento, 
deve-se buscar considerações sobre os recursos de saúde dispo-
níveis (NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH, 2006).
 25
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
Estudos mostram que o crescimento contínuo de cesarianas 
é uma realidade do Brasil e do mundo, e que o aumento deste 
procedimento cirúrgico tem tomado proporções epidêmicas. 
Têm sido apontados vários fatores para esse acréscimo, a saber: 
gravidez de alto risco, diminuição do parto vaginal após cesariana, 
a obesidade e o aumento da idade materna. Trata-se de um pro-
blema de saúde pública e tem motivado discussões em virtude dos 
potenciais riscos maternos e perinatais (ALMEIDA et al., 2014).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece taxa 
de cesariana entre 10 a 15%, no entanto, o Brasil é o 2º país no 
mundo em realização deste procedimento com percentual de 
57% na rede pública. Já no âmbito privado representa 84% dos 
partos. O Nordeste ocupa o 4º lugar no ranque com taxa de 51% 
e o Rio Grande do Norte pioneiro na região com taxa de 60% 
(UNICEF, 2017). 
Esse crescimento tem provocado muitas preocupações, 
tanto para os governantes quanto aos profissionais de saúde 
envolvidos com o processo do parto e nascimento, tendo em 
vista os fatores relacionados aos riscos para o binômio (mãe e 
filho) quando ocorre de forma desnecessária. Além disso, se deve 
considerar os custos gerados ao sistema de saúde (OMS, 2015).
No intuito de combater essa problemática, foram lançadas 
várias iniciativas, dentre as quais se pode destacar a Classificação 
de Robson, que consiste em instrumento padrão que deverá ser 
utilizado, pois permite avaliar, monitorar e comparar as taxas 
de cesáreas. Trata-se de um método de análise baseado nas 
características obstétricas (WHO, 2017).
Além disso, proporciona uma matriz adequada para a aná-
lise, comparação e auditoria da taxa de cesarianas. Compreende 
um sistema simples, reprodutível, relevante do ponto de vista 
26 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
clínico, robusto, padronizado e fácil de implementar. Os grupos 
encontram-se cuidadosamente definidos, são prospectivamente 
identificados, totalmente inclusivos, mutuamente exclusivos e 
baseiam-se em características obstétricas que são colhidas de 
rotina em todas as maternidades, como: Paridade (nulípara ou 
multípara com e sem cesárea anterior), Início do parto (espon-
tâneo, induzido ou cesárea antes do início do trabalho de parto); 
Idade gestacional (pré-termo ou termo); Apresentação/situação 
fetal (cefálica, pélvica ou transversa); e Número de fetos (único 
ou múltiplo). Os 10 grupos baseiam-se nas características da 
grávida, da gestação e da conduta, face ao trabalho de parto 
e não na indicação conducente à cesariana (VERÍSSIMO et al., 
2013; CLODE, 2017).
Diante do uso da Classificação de Robson, a OMS espera 
alcançar resultados relevantes que influenciarão positivamente 
as taxas de cesariana das instituições por meio da identificação e 
análise dos grupos de mulheres que mais influenciam as taxas de 
cesariana daquele local; comparação dos resultados entre institui-
ções diferentes, observação das práticas desenvolvidas em cada 
grupo; verificação da postura de instituições com resultados mais 
desejáveis; avaliação da eficácia de estratégias ou intervenções 
para otimizar a indicação de cesariana; avaliação da qualidade 
dos cuidados e de práticas de gestão clínica, a partir da análise 
dos resultados por grupos de mulheres; avaliação da qualidade 
dos dados coletados a partir da Classificação de Robson, para 
possibilitar a sensibilização de colaboradores envolvidos no 
processo e formulação de estratégias de melhorias (NAKAMURA 
et al., 2016; WHO, 2017).
A situação apresentada em nível mundial e no Brasil tam-
bém é uma realidade vivenciada no hospital em questão, onde 
 27
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
a taxa de cesariana é de aproximadamente 49%, tornando-se 
necessário intervir no referido serviço, com vistas à redução do 
indicador. Sabe-se que a instituição em questão passou no último 
ano por mudança considerável no aumento da complexidade em 
decorrência da abertura da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal(UTIN). Esse fato pode ter favorecido o aumento deste percentual, 
no entanto, se faz necessário buscar instrumentos que possam 
subsidiar a análise e monitoramento do indicador, a partir do 
perfil das parturientes que procuram atendimento neste serviço.
Nessa perspectiva, este estudo teve como objetivo geral 
implantar a Classificação de Robson no hospital em apreço com 
vistas ao monitoramento e redução das taxas de cesarianas nos 
grupos 1 e 3. 
Destaca-se que o grupo 1 é formado por mulheres nulíparas 
com gestação simples, feto em apresentação cefálica, ≥ 37 sema-
nas, em trabalho de parto espontâneo. O grupo 3 compreende 
multíparas, sem cicatriz uterina prévia, com gestação simples, 
feto em apresentação cefálica, ≥ 37 semanas, com trabalho de 
parto espontâneo (WHO, 2017). 
Contudo realizou-se a implantação de uma ferramenta 
informatizada capaz de facilitar a implementação da referida 
classificação. Espera-se que tal intervenção possibilite reduzir as 
cesarianas nos grupos 1 e 3, já que se trata de grupos com perfil 
obstétrico favorável ao parto Normal. 
Além disso, a implantação desta intervenção trará também 
contribuições importantes para enfermagem obstétrica, pois 
de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde os 
grupos 1 e 3 da Classificação de Robson ressalta a atuação deste 
profissional. Fato este que irá reforçar a autonomia do mesmo na 
assistência ao parto e nascimento.
28 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
OBJETIVOS 
Objetivo geral
Implantar a Classificação de Robson no hospital em apreço 
com vistas ao monitoramento e redução das taxas de cesarianas 
nos grupos 1 e 3. 
Objetivos específicos
 » Sensibilizar gestores e equipe assistencial sobre a impor-
tância de implantação da Classificação de Robson;
 » Construir uma ferramenta a ser utilizada para captar dados 
obstétricos necessários para classificação dos grupos;
 » Capacitar a equipe assistencial bem como graduandos e 
residentes de medicina e multiprofissional a respeito da 
temática;
 » Implantar formulário de admissão para identificar os grupos 
1 e 3;
 » Validar Manual sobre a utilização da Classificação de 
Robson;
 » Padronizar o uso da classificação de Robson como ferra-
menta institucional.
 29
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
METODOLOGIA 
Cenário da intervenção
Trata-se de um hospital de pequeno porte e perfil assis-
tencial materno-infantil com atendimento pautado nas diretrizes 
da Política de Humanização. 
Público-alvo
O público envolvido na intervenção incluiu 18 gestores, 
25 enfermeiros, 18 residentes de ginecologia e obstetrícia e 
enfermagem e 22 médicos obstetras. Os referidos profissionais 
atuam prioritariamente nos seguintes setores: Pré-Parto, Parto e 
Puerpério (PPP), Centro Cirúrgico e Acolhimento e Classificação 
de Risco. Logo os beneficiários diretos foram a equipe de saúde 
envolvidos na assistência ao parto e nascimento desta instituição 
e os benificiários indiretos as parturientes que passaram a receber 
uma assistência obstétrica mais qualificada e humanizada e livre 
de intervenções desnecessárias. 
Metas e estratégias metodológicas
A intervenção foi desenvolvida em etapas na perspectiva 
de sensibilizar 80% dos gestores do Hospital Universitário Ana 
Bezerra (HUAB). Para tanto, foi realizada uma reunião em 18 
de fevereiro de 2019 com a equipe gestora do serviço, afim de 
destacar os possíveis benefícios para instituição mediante a 
implantação da Classificação de Robson.
Tendo em vista o vínculo da instituição com a Rede Cegonha, 
projeto Apice On, bem como sua inserção no Modelo Humanístico 
do Cuidado Obstétrico, considerou-se um momento de grande 
30 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
importância para o desenvolvimento da intervenção, uma vez que 
todos os envolvidos se mostraram sensíveis em colaborar para o 
sucesso da proposta apresentada. 
A segunda etapa consistiu na construção de uma ferra-
menta informatizada com a colaboração da equipe da Tecnologia 
da Informação, com objetivo de facilitar futuramente a coleta, 
avaliação e monitoramento dos dados. Tal instrumento permitirá 
a realização da Classificação de Robson de maneira mais célere, 
colaborando para torná-lo um processo institucional.
Para isso, foi realizada uma oficina que envolveu a equipe 
interdisciplinar: enfermeiro, estatístico, técnico em informática, 
fato que possibilitou a elaboração de um Google docs, com per-
guntas pré-elaboradas e com formulas que serão capazes de 
classificar cada mulher em um dos dez grupos de Robson, de 
maneira ágil e segura. Esta oficina aconteceu no auditório do 
HUAB em agosto de 2018.
O referido instrumento elaborado poderá futuramente ser 
alimentado com as informações da Declaração de Nascido Vivo 
ou relatórios do Sistema de Informação de Nascido Vivo (SINASC) 
e permitirá o diagnóstico, prospectivo ou realizado em tempo 
real, dessa maneira facilitará a identificação do perfil obstétrico 
da clientela do referido serviço. 
Posteriormente aconteceu em 21 de março de 2019, ofi-
cina para colaboradores e residentes que atuam na assistência 
ao parto e nascimento. Durante a explanação a respeito da 
Classificação de Robson foi apresentada a ferramenta construída 
e as possibilidades de tratamento de dados que a mesma poderá 
proporcionar, facilitando a operacionalização da coleta, avaliação 
e monitoramento dos dados. Este momento teve como produto 
o Manual de orientação sobre implantação da Classificação de 
 31
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
Robson no HUAB, o qual foi validado pelos profissionais presentes 
com expertises na área obstétrica.
 Foram utilizadas pastas contendo caneta, bloco de anota-
ções e a programação da oficina. Além de Datashow e computador 
para explanação de slides com conteúdo teórico e audiovisual. 
Após a calorosa discussão dessa etapa da intervenção sentiu-
-se a necessidade de se identificar na admissão da parturiente 
quem são as pacientes que possivelmente serão classificadas nos 
grupos 1 e 3. Para tanto, foi elaborada uma ficha de admissão, 
construída por uma equipe multidisciplinar (APÊNDICE D) no 
intuito de classificar a parturiente no ato da admissão, de modo 
a direcionar os referidos grupos para a assistência ao parto pela 
Enfermagem Obstétrica. 
Vale ressaltar que o instrumento foi aprovado e implan-
tado no prontuário institucional após capacitação da equipe de 
enfermeiros da Classificação de Risco que ocorreu no mês Abril. 
O instrumento foi essencial para o sucesso da intervenção bem 
como para futuras etapas de monitoramento, uma vez que per-
mitirá a identificação prévia dos grupos 1 e 3, além de fortalecer 
a atuação do enfermeiro obstetra nesses grupos.
Acompanhamento avaliativo do projeto
O Processo de avaliação do projeto de intervenção se deu 
por meio das etapas de testes realizadas com o instrumento 
construído, para avaliação da sua eficácia no desenvolvimento 
da referida proposta.
32 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta intervenção possibilitou a implantação de uma fer-
ramenta informatizada capaz de classificar de maneira ágil as 
clientes em um dos dez grupos da Classificação de Robson, tal 
instrumento será fundamental para o desenvolvimento de um 
diagnóstico da instituição, pois permitirá a institucionalização 
do processo, e futuramente a avaliação e monitoramento dos 
indicadores gerados, para que, a partir de então, tenha-se um 
conhecimento em qual grupo a taxa de cesariana tem maior 
impacto, possibilitando dessa maneira um feedback para equipe 
e um planejamento de melhoria.
Nessa abordagem, destaca-se que a referida especialização 
possibilitou além disso, o aprofundamento do conhecimento em 
relação à temática contribuindo também para a transformação 
pessoal e profissional da especializada responsável pela inter-
venção apresentada em virtude doenvolvimento e compromisso 
mútuo dos preceptores e discentes, que possibilitou o comparti-
lhamento de dúvidas, inquietações e reflexões tendo como ponto 
de partida as atividades desenvolvidos em cada encontro, que 
não se limitou a um processo unilateral e linear de transmissão 
de conhecimento e sim em focos de intervenção de análise que 
de acordo com Santos Filho (2010) são: Foco 01: estratégias 
pedagógicas/ metodológicas; Foco 2: sujeitos envolvidos; Foco 
3: transformação da realidade e do especializando.
Agora, findado esse momento, desencadeou-se empenho 
em escrever essa trajetória, que será agora exposta em focos, de 
tal modo que possa ser compreensível a quem a ela tiver acesso.
Foco 01: estratégias pedagógicas/ metodológicas o Curso 
de Especialização em Obstetrícia III (CEEO III) aconteceu por meio 
 33
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
de estratégias de ensino que foram além da educação tradicional 
e colocou alunos enquanto sujeitos integrantes, ativos, críticos 
e reflexivos, despertando a capacidade de transformar a própria 
realidade. É possível destacar que em todos os momentos foi 
visto a preocupação dos professores e preceptores em tratar 
os temas com embasamento cientifico atualizado, fato este que 
contribuiu demasiadamente para aquisição de conhecimento dos 
especializados, e despertou, desde o princípio, a necessidade de 
buscar atualização nos conteúdos discutidos durante o percurso 
de ensino-aprendizagem. 
Diante dessas considerações, é possível afirmar que o curso 
em apreço, ampliou as minhas competências. Desta maneira, 
possibilitou a capacidade de articular, mobilizar valores, conhe-
cimentos e habilidades indispensáveis para o desenvolvimento 
das atividades inerentes ao trabalho de forma eficiente e eficaz, 
conforme ressalta a Resolução CNE/CEB Nº 04/99 (MINISTÉRIO 
DA EDUCAÇÃO, 1999).
Foco 2: sujeitos envolvidos: a transformação enquanto 
especializandos e atores envolvidos nesse processo pode ser 
percebida logo no princípio, pois a maneira como foi conduzido a 
formação fez imergir cada um na enfermagem obstétrica, tomando 
o cenário de atuação como fonte de inspiração para intervenções 
que seriam pensadas a partir do saber que estava se construindo. 
Desenvolver um olhar crítico, reflexivo e construtivo, foi 
fundamental para o alcance dos objetivos traçados para cada 
projeto de intervenção, de modo a fazer a diferença mesmo que 
inserido em realidades onde o protagonismo do enfermeiro obs-
tetra já fosse realidade. Isto foi um desafio, pois era necessário 
um projeto de intervenção ousado que buscasse a melhorias de 
um processo de trabalho que já considerado bom.
34 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
Importante destacar que a modificação da realidade foi 
alcançada mediante um saber coletivo, que por sua vez motivou 
a articulação entre gestão, profissionais e especializandos, todos 
focados na melhoria do processo e no desenvolvimento do pro-
tagonismo do enfermeiro obstetra e seu potencial na otimização 
das boas práticas de atenção ao parto e nascimento. 
Esse saber coletivo, a heterogeneidade de um grupo reserva 
grandes possibilidades de crescimento e transformação. E foi exa-
tamente assim que se sucedeu a participação dos alunos no curso 
bem como dos sujeitos envolvidos na intervenção. Observa-se 
que se adquiriu autoconfiança e desenvolveram-se competências 
fundamentais para trabalhar em equipe. Diante dessas conside-
rações, destaca-se que a especialização proporcionou a chance 
de conhecer melhor e descobrir pontos fracos e melhorá-los a 
cada dia. Além disso, possibilitou o fortalecimento da escuta mais 
qualificada e atitude mais coletiva, competências fundamentais 
para o exercício da cidadania e o trabalho em equipe. 
Quanto mais o curso se desenvolvia, mais o sentimento de 
grupo foi se sedimentando aliado a uma profunda mudança na 
visão sobre cada temática estudada, além de aprender a conviver 
e a trabalhar juntos bem como na necessidade de desenvolver e 
colaborar na transformação das pessoas e da vivência prática.
Foco 3: transformação da realidade e do especializando: 
as boas práticas de atenção ao parto e nascimento nos cenários 
onde existe a presença do enfermeiro obstetra é uma realidade, 
assim fica clara que a especialização em obstetrícia oportuniza 
cada vez mais a modificação destes cenários e autonomia des-
tes profissionais, uma vez que permite a ampliação do saber 
embasado em evidencias cientificas, fazendo com que cada um 
 35
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
dos envolvidos que passou por esse processo possa ser agente 
de mudança dentro do cenário de trabalho no qual está inserido. 
Importante ressaltar que os produtos da intervenção foram 
apresentados aos gestores da instituição bem como aos médicos, 
enfermeiros obstetras e residentes, no intuito de sensibilizá-los 
a respeito da importância da implantação da Classificação de 
Robson no serviço. Na ocasião, vislumbrou-se a relevância de se 
trabalhar nos grupos 1 e 3 tendo em vista que correspondem aos 
grupos absolutamente favoráveis ao parto normal.
Com vistas a deixar claro, a seguir encontram-se as figuras 
de número 1 a 4 contendo os produtos decorrentes da presente 
intervenção apresentada. Vale destacar que houve produtos 
decorrentes desta intervenção conforme Figuras citadas.
Figura 1 – Ficha de espelho gerada com resultado da Classificação 
de Robson a partir do preenchimento do Google Docs
 
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
36 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
Figura 2 – Ferramenta construída que possibilitará 
classificar as mulheres segundo Robson
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
Figura 3 – Manual de orientação para Classificação de Robson
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
 37
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
Figura 4 – Ficha que possibilitará a estratificação de risco 
para parto Normal com identificação dos grupos 1 e 3
 
Para obter acesso a estes produtos se faz necessário 
acessar o endereço eletrônico da página da Escola de Saúde da 
UFRN, a saber: <http://escoladesaude.ufrn.br/?page_id=8156>. 
Os próximos passos consistem no monitoramento e avalia-
ção do indicador bem como no estabelecimento de novas estraté-
gias com vistas à redução das taxas de cesarianas desnecessárias 
e assim colaborar para o fortalecimento do Modelo Humanístico 
do Cuidado.
38 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do referido projeto permitiu a implan-
tação da Classificação de Robson no serviço. Espera-se que o 
referido processo não só torne a classificação institucional, como 
também proporcione uma avaliação e monitoramento dos dados, 
e consequentemente a redução das taxas de cesariana especial-
mente nos grupos 1 e 3 que são prioritários para o parto normal.
Diante dos resultados apresentados, é possível afirmar, 
que ao longo dessa caminhada, houve participação em várias 
atividades, que culminaram com a superação das expectativas que 
consistiam inicialmente em trocar experiências com os colegas e 
aprender novas estratégias e ferramentas que viessem a contribuir 
de forma significativa para a melhoria do serviço.
O desenvolvimento dos projetos de intervenção pensados 
para cada serviço, foi fundamental, funciona como impulso inicial 
para transformação de um ponto da realidade que precisa ser 
melhorado, e envolve muitos atores da instituição em um só 
objetivo, fato este que é essencial para modificação ou melhoria 
de um processo de trabalho. 
Nessa abordagem pode-se afirmar que ser aluno do CEEO 
III foi essencial para o crescimento profissional, pois passou-se 
a entender a obstetrícia como ciência, permitindo o desenvolvi-
mento de um trabalho com mais autonomia e segurança. Além 
disso, o fato de fazerparte de uma instituição onde já existe o 
protagonismo do enfermeiro obstetra na assistência ao parto e 
nascimento foi ainda mais desafiador, e fez pensar em intervir 
em um processo que envolve não só o enfermeiro obstetra mais 
todos os atores que assistem o parto. Assim, “reduzir taxa de 
cesariana” foi desafiador a princípio. Para isso, trabalhei com 
 39
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
o objetivo de implantar a Classificação de Robson no serviço, 
envolvendo nessa ação diversos atores e buscando o apoio da 
gestão, já que se trata de um processo estruturante, contínuo e 
com resultados para médio e longo prazo. 
É relevante destacar que não se esperava aprender tanto 
e o quanto este novo conhecimento iria contribuir, de forma tão 
significativa, para a reformulação das práticas profissionais, 
pessoais e melhoria do serviço. Pode-se afirmar que na 
atualidade, há maior fortalecimento e alicerce para multiplicar 
esse aprendizado para outras pessoas. Assim, cabe estacar o 
reconhecimento ao CEEO III pela existência de planejamento 
pedagógico que estabelece sequência e conteúdo que visam 
alcançar objetivos referentes à aquisição de conhecimentos, 
competências, destrezas, habilidades, atitudes, capacidade de 
saber ser, fazer e conviver. 
O curso, deste modo, se converteu em contexto de apren-
dizagem, com potencialidade que favoreceu o aperfeiçoamento 
pessoal e profissional. Deste modo, corrobora-se com Joyce e 
Clift, apud García (1999), quando afirmam que a influência mais 
importante de um curso de formação é estimular a capacidade 
para aprender e o desejo de exercer esse conhecimento. 
Ressalta-se que ao ingressar no curso, a especializando 
autora do presente trabalho alimentava a expectativa de se tornar 
um profissional melhor, de encontrar novos caminhos, novas 
possibilidades de atuação. Afirma-se que foi além das expectativas, 
uma vez que desencadeou um significativo processo de mudança, 
responsável por redimensionar concepções e busca contínua com 
vistas à transformação da práxis. 
40 Classificação de Robson na redução das taxas de cesariana
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Daniela et al. Análise da taxa de cesarianas e das suas indicações 
utilizando a classificação em dez grupos. Nascer e Crescer, Porto, v. 23, n. 
3, p. 134-139, set. 2014.
CLODE, N. A classificação de Robson. Apenas uma forma de classificar 
cesarianas? Acta Obstet Ginecol Port., v. 11, n. 2, p. 80-2, 2017.
FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ - FIOCRUZ. Nascer no Brasil: Inquérito 
Nacional sobre Parto e Nascimento. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde 
Pública, 2015. Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/
informe/site/arquivos/anexos/nascerweb.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018.
FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA - UNICEF. Quem espera, 
espera. Nova Iorque: UNICEF, 2017. 
GARCÍA, M. C. Formação de professores: para uma mudança educativa. 
Porto: Porto Editora, 1999.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Conselho Nacional de Educação. Câmara de 
Educação Básica. Resolução CNE/CEB Nº 04/99.institui as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. 
Brasília, DF, 1999.
NAKAMURA-PEREIRA, M. et al. O uso da classificação de Robson para avaliar 
a taxas de cesariana no Brasil: o papel da fonte de pagamento para o parto. 
Reprod Health., v. 13, n. 3, 2016.
NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH. NIH State-of-the-Science Conference 
Statement on cesarean delivery on maternal request. NIH Consens. StateSci. 
Statements, v. 23, n. 1, p. 1-29, 2006. Disponível em: <https://consensus.nih.
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS. Declaração da OMS sobre 
Taxas de Cesáreas. Genebra: Organização Mundial de Saúde, 2015. 
Disponível em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/161442/3/
WHO_RHR_15.02_por.pdf>. Acesso em: 20 set. 2018.
 41
Carlla Cilene Alves Dantas Petrônio 
Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos
SANTOS FILHO, S. B. O Curso de Especialização em enfermagem Obstétrica 
como formação- intervenção e a dimensão transversal do planejamento, 
monitoramento e avaliação (PM&A). Material apresentado em seminário 
matricial do CEEO. Belo Horizonte, 2010.
VERÍSSIMO, C. A. et al. Implementação do 10-group Classification System: 
compreender o parto por cesariana. Acta Obstet Ginecol Port. v. 7, n. 1, p. 3-7, 
2013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Robson Classification: 
Implementation Manual. Geneva: World Health Organization, 2017. p. 1-56.
 43
CAPÍTULO 3
IMPLEMENTAÇÃO DO 
PARTOGRAMA NO CENÁRIO 
DO TRABALHO DE PARTO 
DA MATERNIDADE 
LEIDE MORAIS
Francisca Marta de Lima Costa Souza
Enfermeira Obstétrica especializada no Curso de Especialização 
em Enfermagem Obstétrica III – Rede Cegonha pela UFRN 
(CEEO III – UFRN) no ano de 2019, Doutora em Enfermagem.
Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Enfermeira Obstétrica, Doutora em Ciências da Saúde, 
Orientadora da EO egressa do CEEO III – UFRN, Coordenadora 
do CEEO III – UFRN.
Flávio César Bezerra da Silva
Enfermeiro Obstétrico, Doutor em Enfermagem, Coorientador 
da EO egressa do CEEO III – UFRN, Vice Coordenador do 
CEEO III – UFRN.
44 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
A qualidade do atendimento prestado à mulher no período gravídico-puerperal é, por vezes, avaliada a partir da mortalidade materna e infantil, sendo as 
avaliações do processo de cuidado realizadas em menor escala. 
Porém tais avaliações são relevantes uma vez que possibilitam 
verificar se as práticas realizadas no âmbito institucional estão em 
consonância com as evidências científicas disponíveis, assim como 
o seu impacto na qualidade da assistência prestada (SANDIN-
BOJO; HASHIMOTO; KANAL, et al., 2012). 
Levando em consideração a importância de prever impac-
tos, uma das ferramentas possível de ser utilizada para avalia-
ção do processo de cuidar é o partograma, recomendado pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1994, como instru-
mento de avaliação da qualidade da assistência ao parto. O instru-
mento indica as possíveis complicações maternas e fetais durante 
o trabalho de parto, possibilita tomada de decisão apropriada para 
os desvios da normalidade e contribui na redução da morbidade 
e mortalidade materna e neonatal (DALAL; PURANDARE, 2018).
Cabe ressaltar que a implementação do partograma foi 
sugerida para todas as maternidades do mundo, principalmente 
nos países de baixa renda (LIMA; LEITE; DUARTE, et al., 2017). 
Porém, estudo realizado em onze maternidades do Estado de 
Sergipe, sobre as práticas e intervenções obstétricas em mulheres, 
evidenciou que o partograma estava preenchido em apenas 39,4% 
dos prontuários, revelando que as boas práticas obstétricas são 
 45
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
pouco utilizadas e intervenções desnecessárias são frequentes 
(PRADO; MENDES; GURGUEL, et al., 2017).
Nessa linha de raciocínio, segundo Dalal, Purandrade (2018), 
apesar de décadas de treinamento e investimento, as taxas de 
implementação e a capacidade de usar corretamente o partograma 
permanecem baixas. No entanto, o uso competente da ferramenta, 
pode salvar vidas maternas e fetais, pois permite o monitorado 
de perto e a identificação precoce das alterações. 
Ademais, na esfera das políticas públicas de saúde, o 
Ministério da Saúde (MS) lança a Rede Cegonha em 2011 por meio 
da Portaria nº 1.459, como uma rede de cuidados que visa entre 
outros objetivos, a mudança do modelo de assistência ao parto e 
nascimento, fundamentada nos princípios da humanização e em 
consonância com o documento da OMS de 1996: “Boas práticas 
de atenção ao parto e nascimento”, elencando em um dos com-
ponentes “parto e nascimento”, o monitoramento cuidadoso do 
progresso do parto por meio do uso do partograma, classificada 
na categoria A:“Práticas demonstradamenteúteis e que devem 
ser estimuladas”(BRASIL, 2011). 
Tendo em vista o contexto anteriormente citado, este 
trabalho tem sido direcionado a implementação do partograma 
na assistência ao parto e nascimento, ofertada na Maternidade 
Leide Morais (MLM), a qual atua a especializanda desta inter-
venção. Embora o serviço em questão tenha estrutura física 
que propõe mudança de modelo assistencial, caracterizada por 
suítes pré-parto, parto e pós-parto (PPP), com objetivo de ofertar 
um ambiente de cuidados que favoreça a realização das boas 
práticas de atenção ao parto e nascimento, e implantado algumas 
das principais diretrizes da Rede cegonha, como a garantia do 
acompanhante no PPP e o acolhimento com classificação de risco, 
46 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
se faz necessário, o aprimoramento nas práticas assistenciais, 
fundamentadas em evidências científicas, com o propósito de 
diminuir as intervenções desnecessárias e a alta taxa de parto 
cirúrgico. 
No tocante as práticas demonstradamente úteis que devem 
ser estimuladas, bem como as práticas baseadas em evidencias 
científicas, entre outras limitações, observa-se na instituição 
o acompanhamento da parturiente sem o preenchimento do 
partograma. Dos 4.154 partos ocorridos no período de janeiro 
de 2017 a junho de 2018, 41% (1.737) foram partos cirúrgicos e 
apenas 1,5% (63) de todos os partos ocorridos no recorte de tempo 
especificado tinham o partograma preenchido, com ressalva a 
observação de que os registros referentes às informações ao 
exame obstétrico estavam incompletos.
Diante o exposto, e na perspectiva de contribuir com a 
solução da problemática, foi proposta a capacitação da equipe 
multiprofissional quanto ao preenchimento do partograma e a 
elaboração do procedimento operacional padrão sobre a temá-
tica, pensando na redução das intervenções desnecessárias, os 
partos cesáreos, os riscos de óbito fetal intraparto e melhoria da 
qualidade da assistência.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Implementar o partograma no cenário do trabalho de parto 
na Maternidade Leide Morais.
 47
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
Objetivos específicos
Sensibilizar a gestão para implementar o partograma no 
processo do trabalho de parto na Maternidade Leide Morais;
Sensibilizar a equipe multiprofissional em relação à impor-
tância do preenchimento do partograma e seu significado como 
ferramenta de monitoramento do processo de trabalho de parto;
Capacitar os enfermeiros e médicos para o preenchimento 
completo do partograma;
Elaborar o procedimento operacional padrão quanto ao 
preenchimento do partograma pelos enfermeiros obstetras e 
médicos obstetras.
METODOLOGIA
Apresentação do serviço
A Maternidade Profº Leide Morais (MLM), localizada no 
bairro de Nossa Senhora da Apresentação, Zona Norte de Natal 
no Rio Grande do Norte, foi construída em 2008 com recurso 
do Governo Federal em parceria com a Prefeitura Municipal de 
Saúde do Natal/RN, e inaugurada em março de 2009. 
O serviço dispõe em sua estrutura física: um pronto aten-
dimento com 03 leitos, 11 suítes pré-parto, parto e pós-parto 
(PPPs), 26 leitos de alojamento conjunto para puérperas e 02 
leitos para mulheres em processo de abortamento, assim como, 
uma Central de Material e Esterilização (CME), Centro Cirúrgico 
(CC), posto de coleta de aleitamento materno, sala de classifica-
ção de risco, sala de vacina, farmácia, laboratório para exames 
clínicos e setor de ultrassonografia. A instituição possui em seu 
48 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
quadro geral 387 funcionários de nível superior e médio, como: 
enfermeiros generalistas e obstetras, assistente social, médicos 
obstetras, pediatras, fonoaudiólogas, técnicos em enfermagem, 
farmacêutico, entre outros para assistência direta e indireta das 
díades (mãe/filho) e mulheres em processo de abortamento nos 
38 leitos distribuídos na Maternidade.
A instituição é de risco habitual e referência na assistência 
ao parto humanizado, vaga sempre para todas as usuárias do 
Sistema Único de Saúde (SUS) que moram no Município de Natal. 
Realiza em média 220 partos por mês, 56% normais e 44% por 
intervenção cirúrgica.
A Leide Morais tem vinculação com as maternidades de alto 
risco e a Atenção Primária em Saúde de Natal com vistas a asse-
gurar as parturientes e puérperas o conjunto de ações e serviços 
que necessitam, com efetividade e eficiência. As parturientes 
atendidas na Maternidade que são classificadas como alto risco 
ou evoluem com complicações como pré-eclampsia, eclampsia 
entre outras, são transferidas para a Maternidade referência no 
Hospital José Pedro Bezerra. 
Em 2015 iniciou o grupo de vinculação das gestantes na 
Maternidade, onde as mulheres grávidas têm a oportunidade 
de conhecerem o local do parto, sanarem as dúvidas quanto ao 
parto e o uso das medidas não farmacológicas ofertadas pela 
equipe. Desde 2017, a equipe tem participado de treinamentos 
com o objetivo de conquistar a Certificação do Selo Iniciativa 
Hospital Amigo da Criança e Cuidado Amigo da Mulher. Ademais, 
a possibilidade da abertura do Centro de Parto Normal (CPN), 
para os enfermeiros obstetras realizarem os partos, tem sido 
discutido pelos gestores atuais. A maternidade aderiu à Rede 
Cegonha e foi beneficiada com verba para ambiência do Serviço.
 49
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
Público alvo
O projeto de intervenção teve como público alvo a equipe 
de enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem) e equipe 
médica que assistem as mulheres em trabalho de parto. Estes 
poderão colaborar para resolução da problemática identificada 
a partir do diagnóstico situacional da Maternidade Leide Morais, 
que foi a falta de preenchimento do partograma nos prontuários 
das parturientes. 
Para isso, a discussão sobre a abertura e preenchimento 
do partograma foi realizado um Curso de Extensão com carga 
horária de 30 horas, na Maternidade Leide Morais. Esse momento 
oportunizou também discussão sobre as medidas não farmaco-
lógicas como o balanço pélvico do tipo cavalinho e a massagem 
com aromaterapia. 
Indiretamente as parturientes que forem admitidas e assis-
tidas na instituição receberão os benefícios do monitoramento do 
partograma em tempo oportuno, e com isso serão beneficiadas 
na expectativa de minimizar intervenções desnecessárias, e 
melhorar a condução do trabalho de parto pelos profissionais 
da assistência obstétrica.
RESULTADOS
Com vistas a descrever os resultados, se faz necessário ter 
maior atenção ao processo mais ativo da intervenção apresentada. 
Assim, em essência, as estratégias metodológicas da intervenção 
foram desenvolvidas em seis etapas: sensibilização da gestão; 
sensibilização dos profissionais (enfermeiros, técnicos e médicos); 
curso de extensão: “Boas práticas de atenção ao parto e nasci-
mento: condutas imprescindíveis para a evolução do processo 
50 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
de trabalho de parto da parturiente”, com ênfase nos conteúdos: 
partograma, balanço pélvico do tipo cavalinho e aromaterapia, com 
duração de 30 horas; elaboração do procedimento operacional 
padrão (POP) (Figura 1), aquisição de display; e a ficha avaliativa 
da Maternidade Leide Morais complementar ao partograma de 
Friedman sobre uso de métodos não farmacológicos (Figura 2).
Figura 1 – Procedimento operacional padrão 
para abertura do partograma
 
Fonte: Elaborado pelos autores, 2019.
 51
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
Para obter acesso a este produto se faz necessário acessar 
o endereço eletrônico da página da Escola de Saúde da UFRN, a 
saber: <http://escoladesaude.ufrn.br/?page_id=8156>.Figura 2 – ficha avaliativa da Maternidade Leide 
Morais, complementar ao partograma de Friedman 
sobre uso de métodos não farmacológicos
Fonte: Elaborado pelos autores, 2019.
Durante o curso de extensão foram destacadas as melho-
res evidências científicas referentes à efetividade dos temas 
discutidos, fazendo um resgate das experiências vivenciadas no 
Curso de Especialização de Enfermagem em Obstetrícia da Rede 
52 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
Cegonha III, aliadas com as práticas nos serviços; elaboração do 
POP; preenchimento do partograma. 
Para alcançar o interesse e adesão ao projeto, primeiro foi 
realizado uma apresentação quanto a proposta da intervenção, 
à equipe de gestores no mês de outubro de 2018, destacando os 
possíveis benefícios para a instituição, tendo em vista seu vínculo 
com a Rede Cegonha e potencial para a melhoria dos indicadores 
da área obstétrica do hospital.
A segunda etapa ocorreu no mês de novembro de 2018, 
com o propósito de sensibilizar a equipe multiprofissional quanto 
à importância do partograma, seu preenchimento e efetividade no 
cenário do trabalho de parto. Para isso, realizou-se roda de con-
versa durante o plantão no posto de enfermagem da Maternidade. 
No terceiro momento, foi realizado um curso de extensão 
em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(UFRN), nos meses de janeiro e fevereiro de 2019, cujo público alvo 
foram os enfermeiros, técnicos em enfermagem e médicos. O evento 
aconteceu no auditório da Maternidade Leide Morais. Participaram 
52 profissionais, sendo 10 enfermeiros e 42 técnicos em enferma-
gem. Todos os participantes receberam material didático, pastas 
contendo pasta, caneta, bloco de anotações, partograma, caso 
clínico e a programação do curso. Utilizou-se data show e compu-
tador para o conteúdo teórico, após foi organizado grupos para 
avaliação de caso clínico e preenchimento do partograma. 
Inicialmente, utilizou-se a metodologia ativa do tipo sala de 
aula invertida para a discussão do tema. A programação iniciou 
com acolhimento e boas-vindas e posteriormente aconteceu uma 
atividade no intuito de resgatar o conhecimento dos profissionais 
quanto à temática. Para isso, foi disponibilizado um caso clínico 
para preenchimento do partograma. A turma foi dividida em 
 53
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
três grupos, onde houve disponibilidade de 30 minutos para a 
atividade, após essa etapa sucedeu-se apresentação dos casos 
e aula expositiva esclarecendo as dificuldades elencadas pelos 
grupos quanto ao preenchimento do instrumento. Destacou-se 
como complexo a representação da descida da apresentação fetal 
nos planos de DeLee ou Rodge e avaliação da pelve (promotório 
atingível ou inatingível; sacro normal ou saliente; cóccix móvel 
ou fixo; espinhas ciáticas salientes ou planas; ângulo subpúbico: 
maior que 90 graus).
Por conseguinte, foi posto na apresentação os índices de 
partos normais versos cesarianos referentes ao ano de 2017 a 
2018, fazendo a correlação com a recomendação da OMS e as 
políticas públicas voltadas à saúde da mulher. O quarto momento 
foi apresentado o POP referente à abertura e preenchimento do 
partograma construído e avaliado pelos enfermeiros obstetras, 
que será usado para consulta da equipe de plantão. O quinto 
ponto foi à demonstração da ficha avaliativa da Maternidade 
Leide Morais, complementar ao partograma de Friedman sobre 
uso de métodos não farmacológicos. E por último a apresentado a 
aquisição dos displays que foram fixados nas suítes PPPs. Segue 
os dados consolidados no quadro 1 referente aos resultados. 
Quadro 1 – Estratégias metodológicas desenvolvidas ao 
longo da especialização para obtenção dos resultados
FASES PÚBLICO ALVO PERÍODO LOCAL
METO-
DOLOGIA 
UTILIZADA
MATERIAL 
NECES-
SÁRIO
1ª -sensi-
bilização 
da gestão
Direção, 
adminis-
tração de 
recursos 
humanos e 
gerência de 
enfer-
magem
16/10/2018
Mater-
nidade 
Leide 
Morais
Apresentação 
do projeto por 
meio de uma 
exposição 
dialogada.
Projeto 
impresso
54 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
2º - sensi-
bilização 
da equipe 
multipro-
fissional
Enfer-
meiros, 
técnicos 
em enfer-
magem e 
médicos
05, 14, 19 e 
23/11/2019
Mater-
nidade 
Leide 
Morais
Roda de con-
versa no posto 
de enfermagem
Partograma
impresso
3ª Curso de 
extensão:
“Boas 
práticas 
de atenção 
ao parto e 
nascimento: 
condutas 
imprescin-
díveis para 
a evolução 
do processo 
do trabalho 
de parto da 
parturiente”
Enfer-
meiros, 
técnicos 
em enfer-
magem e 
médicos
31/01/2018
13/02/2018
28/02/2018
Mater-
nidade 
Leide 
Morais
-Dinâmica 
de interação 
em equipe
-Preenchimento 
do partograma 
por meio de 
caso clínico;
-Aula expositiva 
e dialogada 
sobre parto-
grama baseado 
em evidências 
científicas;
-Lanche
- Encerramento
15min
30min
1 h e 30 min
30 min.
4ª Constru-
ção do Pro-
cedimento 
Operacional 
Padrão 
referente ao 
preenchi-
mento do 
partograma
Enfer-
meiros 
obstetras
Fevereiro/
2019
Mater-
nidade 
Leide 
Morais
Roda de 
conversa com 
os enfermeiros 
obstetras.
60 min
5º - Aqui-
sição de 
Display para 
fixação dos 
partogra-
mas nas 
portas das 
suítes PPPs.
A especia-
lizanda
Fevereiro
/2019
Mater-
nidade 
Leide 
Morais
Ideia aprovada 
pela direção. 
Foi utilizado 
dinheiro do 
bazar para com-
pra dos displays, 
os quais já estão 
fixos nas portas 
das suítes PPPs.
6º Ficha 
avaliativa da 
Maternidade 
Leide Morais 
comple-
mentar ao 
partograma 
de Friedman 
sobre uso 
de métodos 
não farma-
cológicos
A especia-
lizanda
Fevereiroq
/2019
Mater-
nidade 
Leide 
Morais
Ficha aprovada 
pela equipe mul-
tiprofissional
 55
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
Dessa maneira foi possível contemplar a articulação entre os 
focos 1, 2 e 3 (Figura 3) proposto na especialização. O primeiro foco 
diz respeito às estratégias metodológicas contidas nas conduções 
da formação em nível teórico e prático utilizadas ao longo do 
curso. A partir das estratégias metodológicas do curso foi possível: 
realizar o levantamento do diagnóstico situacional do município 
de Natal e da instituição em que a especializanda relatora deste 
trabalho atua profissionalmente como enfermeira; reconhecer as 
situações problemas existentes na maternidade local de vínculo 
da especializanda, as quais pudessem ser trabalhadas em prol de 
resolutividade mediante um projeto de intervenção.
Na sequência, foi possível utilizar estratégias baseadas em 
melhores evidências científicas, as quais embasassem o uso de 
boas práticas do parto e nascimento de tal maneira que surgiu 
a necessidade de realizar um curso de extensão, em parceria 
com outras especializandas da especialização ora vivenciada, 
para instrumentalizar a equipe multiprofissional da Maternidade 
Leide Morais. 
O segundo foco destaca os sujeitos envolvidos no processo, 
que diretamente dizem respeito à especializanda instituidora 
da intervenção ora apresentada cuja repercussão imediata diz 
respeito ao envolvimento dos profissionais (enfermeiros, técnicos 
em enfermagem e médicos), os quais têm sido coparticipes no 
processo de implementações das intervenções e subsequentes 
transformações da práxis na obstetrícia e indiretamente as partu-
rientes que são admitidas para assistência ao parto e nascimento, 
as quais têm sido conduzidas com mais afinco pela inserção mais 
segura dos métodos não farmacológicos. 
E por último, o terceiro foco, se refere às repercussões 
positivas decorrentes das implementações supracitadas e 
56 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
transformações que têm ocorrido na esfera das assistências 
obstétricas e na presença da gestãocom mais afinco no aspecto 
de preservação e incentivo em prol de fortalecer as intervenções 
propostas incialmente e com isso melhorar a dinâmica do serviço. 
Figura 3 – Articulação entre os focos 1, 2 e 3
Fonte: Elaborado pelos autores, 2019.
Acompanhamento avaliativo 
Para avaliar a implementação do partograma será monito-
rado os prontuários e ofertado a equipe ajuda no preenchimento 
da ferramenta quando for necessário. Para isso, a especializanda 
fará um levantamento dos prontuários para avaliar se os parto-
gramas estão sendo preenchidos e disponibilizará os resultados 
para gestão e a equipe multiprofissional.
 57
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica III 
da Rede Cegonha resultou na transformação do olhar profissio-
nal e humano, despertando o interesse de colocar em prática 
os conhecimentos adquiridos e compreender a capacidade e 
autonomia profissional do enfermeiro obstetra no cenário do 
trabalho de parto.
Os encontros teóricos e práticos comprovaram e subsi-
diaram o quanto é possível prestar uma assistência obstétrica 
humanizada, com tecnologias não invasivas, eficazes, de fácil 
aplicabilidade e viáveis nas ações e serviços de saúde, princi-
palmente no Sistema Único de Saúde, tendo em vista o grupo 
de profissionais de saúde que atuam e acreditam nessa política 
universal e equânime.
Pensar em mudanças bruscas na prática obstétrica poderia 
ser um projeto bem ambicioso, mas a intenção tem sido sensibilizar, 
fornecer opções e técnicas que possibilitem a transformação 
de condutas profissionais voltadas ao trabalho de parto com o 
intuito de reduzir as intervenções desnecessárias, assim como o 
número de cesáreas, por meio de ferramentas eficazes e métodos 
que auxiliem efetivamente na evolução natural do nascimento.
No âmbito da formação, o desenvolvimento do aprendi-
zado relacionado aos conteúdos teóricos, construção/ajustes 
do trabalho de conclusão de curso concatenados aos estágios 
de assistência ao parto e nascimento, ao recém-nascido e às 
parturientes em situação de alto risco abrangeu olhar atento da 
enfermeira relatora especializanda deste trabalho. Pois, em meio 
a todo o percurso traçado desde o início do CEEO III, houve o des-
pertar do interesse em melhor conduzir a inserção do partograma 
58 
Implementação do partograma no cenário do trabalho 
de parto da Maternidade Leide Morais
no cenário da maternidade de atuação. Mediante esse interesse 
em atuar mais direcionada a esta transformação da realidade 
do serviço, aliado aos instrumentos disponibilizados no curso 
e sobretudo durante as avaliações de evolução do trabalho de 
parto, o uso do partograma se apresentou como exercício de 
aprendizagem e empoderamento da especializanda executora 
do relatório ora apresentado. 
Quanto ao curso de extensão na Instituição de lotação da 
especializanda, “Boas práticas de atenção ao parto e nascimento: 
condutas imprescindíveis para a evolução do processo de trabalho 
da parturiente” foi planejado e executado com vistas ao aprimo-
ramento da equipe multiprofissional da Maternidade Leide Morais. 
A ação educativa não só proporcionou a sensibilização dos 
profissionais, mas esclareceu por meio de evidências científicas 
que o preenchimento do partograma reduz as intervenções des-
necessárias, as indicações de cesáreas e contribuirá com as ações 
que tangem o alcance dos objetivos do milênio.
Nesse mesmo curso de extensão houve a participação de 
duas outras especializandas, as quais sensibilizaram da equipe 
quanto aos métodos não farmacológicos: massagem com aromate-
rapia e o uso do balanço pélvico do tipo cavalinho. Esse momento 
também oportunizou elementos importantes para elaboração POP, 
adaptação do partograma e acréscimo dos métodos não farma-
cológicos de alívio da dor no verso do instrumento. É importante 
deixar registrado que as atividades citadas foram bem aceitas 
pela gestão e profissionais que participaram do curso.
Apesar do curso de extensão também ter sido destinado aos 
médicos da instituição, por atualmente serem eles que conduzem 
os partos na Maternidade Leide Morais, não tivemos a participação 
de nenhum médico obstetra, porém, tivemos a participação de 
 59
Francisca Marta de Lima Costa Souza - Jovanka Bittencourt 
Leite de Carvalho - Flávio César Bezerra da Silva 
enfermeiros generalistas e obstetras, e técnicos em enfermagem, 
atores que vem contribuindo com as mudanças no cenário do 
parto, empoderando a mulher a ser a protagonista no processo 
do trabalho de parto.
Vale ressaltar que a intervenção ora apresentada não se 
encerra aqui, pois certamente demandará de tempo para que os 
resultados sejam consolidados no serviço mediante a aceitação e 
preenchimento do partograma e consequentemente na redução 
das intervenções desnecessárias. Acredita-se que a semente da 
transformação foi plantada e a sensibilização acerca da impor-
tância da temática foi desencadeada.
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