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EMANUELA HANNOFF PILON 1 Tutorial 5 – mod XVII Metabolismo ósseo e doenças ósseas Metabolismo ósseo – aula da Cláudia - Osso: sustentação, locomoção, reservatório de íons hematopoiese, metabolismo. A resistência óssea é dada ela densidade (70%, qtd de mineral armazenado) e qualidade (30%, microarq, n° microfraturas, grau de mineralização do osso). - Tecido ósseo é altamente vascularizado e passa por remodelação constante. Osso precisa ser rígido para sustentação, mas deve ser leve também. Osso tem a parte cortical (70-80%, parte mais externa, periósteo, tecido cortical e endosteo, dispostas como canudinhos para dar rigidez, fase adulta vai perdendo endosteo sem conseguir repor periósteo na mesma velocidade afinando parte cortical) e trabecular (mais interna, em trama para dar elasticidade e dificultar quebra, metabolicamente ativa, + em vertebra, pelve e ossos planos). Massa óssea tem pico 25-30 anos, depois dos 40-45 começa diminuir, sendo que aos 60 cai mais na mulher pela falta de estrogênio (climatério): mulher mais chance de osteoporose por ter menor massa óssea e perder ela mais rápido. - Determinantes da massa óssea: genética (mais na juventude), ambiente (carga mecânica e nutrição), hormônios (PTH, vitamina D, estrogênio...) Constituição do osso: matriz orgânica 30% (fibras colágenas principalmente), sais ósseos 70% (principalmente cálcio e fosfato, hidroxiapatita), cels ósseas (osteoblastos que constrói osso, osteoclasto que destrói, osteócito que constrói) Remodelagem óssea (RESUMO): osteoclasto quando em contato com osso destrói parte dele, depois vem osteoblasto e coloca fibra de colágeno para mineralização e formar osso. - Osteoclasto é especializado em reabsorção óssea, para ele funcionar o osteoblasto expressa RANK-L, que se liga no RANK do pré osteoclasto fazendo virar osteoblasto que é funcional (limita área de ação pela integrina, ativa anidrase carbônica quando RANK-L ligado, liberando HCO3 e deixando H+. No lugar do HCO3 entra Cl para compensar -, o ambiente fica ácido e destrói hidroxiapatita, além de destruir parte do colágeno pelas proteases e fosfatase ácida), para ele parar funcionamento osteoblasto libera OPG (osteoprotegerina). - Osteoblastos: origem nas cels tronco mesenquimais pluripotentes, BPM estimula essa cel. e diferencia em osteoprogenitoras, que começa a proliferar pelo RUNX2, depois PTH faz cel progenitora virar pré osteoblasto, que se transforma em osteoblasto pelo IGF-1 e PGE2. Depois de formado o osteoblasto libera osteocalcina, colagenases, sialoproteinas, colágeno e fosfatase alcalina. B catenina é proteína que fica ligada a outras substâncias e quando se liga no núcleo faz produção de OPG. Via wnt (ativada por PGE2 e oxido nitrico) se liga à fizzled ou LRP5ou6 desligam a B catenina de outras substâncias, deixando livre para ligar no núcleo e fazer OPG para parar osteoclasto e formar osso. - Osteócitos: são osteoblastos envolvidos em osso, são as cels mais numerosas, importante no controle do metabolismo ósseo, responde ao estresse mecânico (quando comprime libera oxido nítrico e PGE2 que estimula via Wnt, produção de OPG e forma osso) Ação dos hormônios: - Cálcio: fica 99% nos ossos armazenado e 1% no LEC, para manter nível é pela absorção intestinal, precisando de 1000mg/dia, principal fonte, o leite. - PTH: produzido na paratireoide, mantem níveis de cálcio no sangue adequado, se falta cálcio no sangue o magnésio libera PTH: tira cálcio do osso e joga no sangue, se tem muito cálcio no sangue inibe PTH por feedback negativo. - Calcitonina: pega o cálcio do sangue e joga para o osso: contrário do PTH. - Vitamina D: aumenta ação dos osteoblastos e osteoclastos, PTH é bem mais potente que a vitamina D, não sendo suficiente para causar osteoporose, apenas quando em excesso. - Estrogênio: libera OPG diminuindo osteoclastos, aumenta n° de osteoblastos, estimula produção de colágeno, aumenta TGF-b e diminui citocinas, TNF e PTH. Osteoporose - Distúrbio esquelético crônico e progressivo de origem multifatorial, + em idosos, comum em países desenvolvidos. - Resistência óssea comprometida (baixa massa óssea, deterioração da microarquitetura trabecular interna, taxa de remodelamento ósseo, macroarquitetura, acúmulo de microdanos, grau de mineralização e qualidade da matriz), predispõe aumento do risco de fratura, dor, deformidade e incapacidade física. Classificação da Osteoporose: - Primária tipo 1: + em mulheres, associada a menopausa, perda acelerada do osso trabecular, fraturais vertebrais comuns. - Primária tipo 2: mulheres e homens, compromete osso cortical e trabecular, ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur. - Secundária: endocrinopatias, fármacos (glicocorticoides, antiácidos com alumínio, hormônio tireoidiano, anticonvulsivantes, ciclosporina A), doenças genéticas (osteogênese imperfeita), AR, EMANUELA HANNOFF PILON 2 doenças gastrintestinais, transplante de órgãos, imobilização prolongada, mieloma múltiplo, ca de mama, anemias crônicas, mastocitose, tratamento prolongado com heparina. EPIDEMIOLOGIA - Incidência > em mulheres que em homens, por ser assintomática pode acontecer registro tardiamente já pelas complicações como fraturas. Fratura vertebral prévia é bom marcador de risco de fraturas futuras. - Muito comum fratura de fêmur. Fraturas de punho mais aos 50a, vertebrais aumentam depois dos 60a, de fêmur têm sua maior incidência depois dos 70a. FATORES DE RISCO - Pessoas magras estão propensas a osteoporose, pelas de maior peso terem mais estrogênio por conversão periférica no tecido adiposo da testosterona em estradiol e androstenediona em estrona, além de maior estimulo a formação de osso novo por esforço para responder a maior carga de peso - Pacientes confinados ao leito podem perder até 1% de osso trabecular por semana. - Má absorção do cálcio com idade, por queda da 25(OH)D por redução da exposição ao sol e piora do metabolismo de 25(OH)D para 1,25(OH)D por declínio da função renal. FRAS - Instrumento de avaliação de risco para fratura da OMS: estimula probabilidade de fratura de quadril ou fratura osteoporótica combinada em 10 anos para pessoa não tratada, através dos fatores de risco, usando ou não a densidade mineral óssea. - Nos de baixo e médio risco para fratura precisa medir DMO, no alto risco intervenção justificada sem essa medida. FISIOPATOLOGIA - Na infância 2/3 da substância óssea são formados por tecido conjuntivo, na velhice são os minerais que predominam: essa transposição de conteúdo leva a menor flexibilidade e aumenta a fragilidade do osso. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA - Geralmente osteoporose é assintomática e pacientes acabam descobrindo quando tem fratura ou radiotransparência em exame radiológico ou quando faz densitometria óssea. - Locais de maior ocorrência de fraturas de baixo impacto são vértebras (+ vertebras torácicas inferiores ou lombares superiores ao inclinar para frente, levantar peso maior...), punho e região proximal do fêmur, sendo que as de punho e fêmur são diagnosticadas mais facilmente. DIAGNÓSTICO - Pode ser feito baseado na ocorrência de fraturas sem trauma significativo ou na baixa densidade mineral óssea medida pela densitometria óssea (padrão- ouro, diagnostico + precoce). Inicialmente sem clínica significativa para diagnostico de osteoporose. LABS: normais na osteoporose involucional ou primaria tipo I ou II, pede para ver fatores secundários determinantes de perda de massa óssea: sempre pede na osteoporose: hemograma, VHS, cálcio sérico, fósforo sérico, proteína total, albumina, enzimas hepáticas, creatinina, eletrólitos, glicemia de jejum, dosagem de ca na urina de 24 h, vitamina D. BIOMARCADORES ÓSSEOS: produtos de degradação do osso, pela açãoosteoblastica e/ou osteoclastica, nenhum específico para osteoporose, podendo ajudar na determinação do risco de fratura, determinação da resposta terapêutica a alguns agentes antirreabsortivos e identificação dos indivíduos com alto turnover ósseo. Bom para monitoramento terapêutico. Doença de paget e osteomalácia deixam taxas altas dos biomarcadores. - Formação: fosfatase alcalina total e ósseo-específica, osteocalcina ou BGP, para so peptídeos do colágeno tipo I, peptídeo C terminal e peptídeo N terminal. - Reabsorção: hidroxiprolina urinaria, fosfatase ácido tártaro resistente, hidroxilisina glicosilada urinaria, cross like de pirinolina, NTX, CTX. RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS: baixa sensibilidade e precisão da radiografia simples para determinar baixa massa óssea, não sendo utilizada para diagnóstico precoce de osteoporose na ausência de fratura vertebral. Só mostra alterações pela osteoporose quando perda de massa óssea >30%: diagnostico tardio!!! Usa mais como complementar para ver se tem fraturas, observar quem perdeu muita altura injustificadamente. - Alterações: radioluscência ou radiotransparência aumentada, traduzida como osteopenia; afinamento da cortical; desaparecimento primário das trabéculas horizontais, com persistência das verticais, que seguem as linhas de força gravitacionais; estriação longitudinal, principalmente na zona subendosteal, ou tunelização intracortical é sinal patognomônico de alto turnover ósseo; reabsorção óssea subperiosteal, com irregularidade da superfície óssea externa, é encontrada principalmente no hiperparatireoidismo primário ou secundário; vértebras, perde inicialmente o “bojo” central, formado de osso trabecular, mais ativo metabolicamente do que o invólucro vertebral, formado EMANUELA HANNOFF PILON 3 de osso cortical: vértebra passa a apresentar um aspecto de “moldura de quadro”. BIOPSIA ÓSSEA: indicado no dx diferencial das doenças osteometabólicas: tira 2cm de fragmento ósseo abaixo da crista ilíaca anterossuperior: cilindro ósseo preparado com fluoresceína define taxa de turnover ósseo e biopsias sequenciais. MEDIDAS DE DENSIDADE ÓSSEA Ultrassonometria óssea: mede velocidade de propagação e a atenuação do som em calcâneo e tíbia (BUA): combinação desses dois parâmetros estabelece índice que se expressa como resistência óssea (stiffness), que se relaciona fraturas do colo femoral em mulheres >65a. Não pode caracterizar individuo como normal, osteopênico ou osteoporótico apenas com esse método. Densitometria óssea (DXA): medir quantidade de osso em uma área ou volume definido calculando a densidade mineral óssea, DXA avaliada pela técnica DEXA é ainda padrão ouro para diagnostico da osteoporose. - Mulheres na pós-menopausa, imediata e tardia, apresentam perda basicamente de osso trabecular e devem ter a coluna lombar bem avaliada, assim como o fêmur proximal. Em indivíduos idosos, o fêmur proximal sempre será avaliado. Antebraço também pode ser realizado em pacientes >120kg e nos casos de hiperparatireoidismo. - Indicações: mulheres >65 anos, mulheres na peri e pós menopausa com fatores de risco, mulheres com amenorreia 2ª prolongada (>1a), todos que tenham fratura por trauma mínimo ou atraumática, indivíduos com evidencia radiografia de osteopenia ou fratura vertebral, homens >70a, homens <70a com fatores de risco, perda de estatura >2,5cm ao longo da vida ou hipercifose torácica, uso de corticoide >3m independente da dose, IMC baixo (19 jovens, 22 idosos), doenças crônicas ou outras medicações associadas a osteoporose, monitoramento de mudanças de massa óssea por evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis. Interpretação: - Exame da coluna lombar: deve estar centrada e retificada, com mesma quantidade de tecido ósseo bilateralmente, estando presentes no campo pequena porção das cristas ilíacas e o início das costelas - Exame do fêmur proximal: necessário o posicionamento da metáfise retificada em relação à linha média, com quantidades significativas de tecido mole acima do grande trocanter e abaixo do ísquio. Interferência por artefatos: osteartrose e escoliose (não consegue duas vertebras livres do problema, opção exame no antebraço), fraturas vertebrais tem aproximação das trabéculas (aumenta densidade sem significar melhora, descarta essa vertebra na análise final), implantes de silicone no glúteo invalida exame do quadril, comprimido de cálcio ainda não digerido no estomago (não ingerir 2h antes), muito magros, objeto metálico no campo invalida exame. Análise dos resultados: - Mede valor absoluto: g/cm2, vê padrão esquelético pelo corte transversal, representando massa óssea em determinado momento, não define risco de fratura e não separa indivíduos normais dos patológicos, importante para comparar exames prospectivamente. - Valor percentual relativo a uma curva ajustada para idade, sexo, raça e peso: Z-score: age matched: serve para alertar quanto a existência de alguma causa secundária para osteopenia ou para osteoporose, não define risco de fratura. - Valor percentual relativo a uma curva de jovens entre 20-40 anos de idade: T-escore: young adults, OMS classifica como até -1 normal, -1 a -2,5 osteopênicos, - 2,5 pacientes com osteoporose, -2,5 + fratura osteoporose estabelecida ou grave → -2,5 desvio padrão: limite identifica cerca de 30% das mulheres pós menopausa portadoras de osteoporose, o que equivale ao risco de fraturas nesses locais - Usa para monitoramento terapêutico em 1 ano, pois antes não vê mudanças no metabolismo ainda: osteoporose tipo I monitoramento anual e osteoporose tipo 2 ou senil intervalo de 2 anos (metabolismo ósseo mais estável). - Avaliação vertebral lateral: faz com paciente em decúbito lateral em 5-10 min, com mínima radiação, permite dx precoce das fraturas vertebrais. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: tripé 1. Adequada nutrição: o mais importante é o cálcio, pela relação com pico de massa óssea, prevenção e tto, recomendado ingesta de 1500mg na pós-menop sem TH e 1000 para homens e mulheres em TH diariamente, aumenta para 1500mg se >65 anos. 2. Bons hábitos de vida: incluindo exercícios físicos (os melhores para estimulação óssea no idoso são feitos com carga, como a marcha, e contra a resistência, como a musculação leve, atividade física pelo menos 3x/sem em dias alternados no mínimo 30min), evitando alcoolismo e tabagismo. 3. Controle do ambiente para prevenção das quedas TRATAMENTO FARMACOLÓGICO - Diminuir risco de fratura e aumentar massa óssea - Precisa tratar mulheres com osteoporose pós menopausa, mulheres com fraturas atraumáticas e baixa densidade mineral óssea (DMO), mulheres com T score de DMO <-2,5DP sem fatores de risco, mulheres com baixa DMO limítrofe (<-1,5) se fatores de risco presentes, mulheres que medidas não farmacológicas não foram eficazes (persistência da perda óssea ou ocorrência de fraturas atraumáticas). EMANUELA HANNOFF PILON 4 - Suplementação de cálcio (carbonato oferece maior percentual de cálcio elementar, usa após refeição. Citrato de cálcio, 2° opção para quem apresenta constipação intestinal com carbono ou história de litíase renal) e vitamina D (vit D3 responsável pela absorção de cálcio e transporte até o osso) faz parte de praticamente todos os esquemas terapêuticos. Intoxicação raro só >150nd/dl por exemplo. - Calcitriol dose inicial 0,25mg/dia (aumenta massa óssea e diminui incidência de fraturas). Alfacalcidol é usado 1mg/dia - Suplementar vitamina D como colecalciferol, forma de deposito, nível ideal de 25-hidroxivitamina D é 30 sendo capaz de manter níveis de PTH dentro do normal sem estímulo aos osteoclastos em jovens e 40 nos idosos. GRUPOS TERAPÊUTICOS-TTO DE OSTEOPOROSE Bisfosfonatos: agentes antirreabsortivos derivados doácido pirofosfonico, mecanismo de ação por bloqueio de adesão dos osteoclastos à superfície de reabsorção óssea e aumento da apoptose dos osteoclastos, sempre corrige hipocalcemia antes de iniciar. o Alendronato: dose de 70mg associada a colecalciferol de 2800UI e 5600UI, ingerido com copo d’agua, em jejum, pelo menos 30min antes do café da manhã (fica em pé ou sentado esperando para evitar irritação esofágica): 70mg 1x/semana. Efeitos colaterais + relacionados ao TGI superior. o Risedronato: no Brasil tem de 35mg e 150mg, usa 1x/semana ou mensalmente, 1h antes da 1° refeição, efeitos colaterais parecidos com alendronato. o Ibandronato: 150mg 1x/mês, mesmo esquema dos anteriores, pode ser IV 3mg a cada 3 meses, pode ter náuseas e gastroenterite. o Zolendronato nos com intolerância aos bifosfonatos orais e nos com múltiplos esquemas terapêuticos (AIDS, QT), IV a cada ano. o Pamidronato: indivíduos com osteogênese imperfeita. Terapia hormonal: funciona como antirreabsortivo ósseo, com ação nos receptores osteoblásticos e na produção de calcitonina. Formas oral e transdérmica estão aprovadas para prevenção de perda de massa óssea em mulheres na menopausa recente. Parece que quando para tratamento volta a ter perda óssea. - Aumento de neoplasia endometrial e tromboembolismo. Contraindicado no ca de mama, neoplasia estrógeno dependente, sangramento vaginal anormal, tromboflebite aguda ou histórico de doenças tromboembólicas. Modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM): raloxifeno: VO 60mg/dia, aumenta discretamente massa óssea e diminui incidência de 30- 50% das fraturas vertebrais nas mulheres, não vertebrais sem resultados. Efeitos adversos como fogachos e câimbras, podendo das TEV, contraindicado em doença tromboembólica venosa e mulheres no climatério com muitos sintomas vasomotores. Calcitonina: age nos osteoclastos, inibindo reabsorção óssea, usa em fraturados para diminuir dor pela liberação de endorfinas. Intranasal pode dar rinite, irritação da mucosa nasal e epistaxe. Teriparatida: osteoformador com mecanismo diferente dos outros, age nos osteoblastos de maneira anabólica, estimulando diferenciação das cels progenitoras em pré osteoblastos, prevenindo apoptose e aumentando n° e ação dessas cels. Melhora a qualidade do osso! - Indicação restrita por ser muito caro e precisa de osteopenia grave com T score <-3,0DP, uso de glicocorticoides e fraturas osteoporóticas frequentes que não responde a outros reabsortivos. Injeções SC 20mcg/dia por até 18 meses. Osteomalácia - Doença óssea generalizada, por acúmulo de matriz não mineralizada ou osteoide no esqueleto por deficiência de vitamina D. + em pacientes em desenvolvimento por nutrição deficiente em cálcio e vitamina D. VITAMINA D: é considerada um pró-hormônio e a principal fonte é pela pele pós exposição de seu precursor, o 7-deidrocolesterol à irradiação ultravioleta, depois de ser formada na pele, entra na circulação e é convertida a 25-hidroxivitamina D no fígado, que ao passar pelo rim recebe segunda hidroxila, se transformando em 1,25-dihidroxivitamina D (forma ativa), essa forma estimula a absorção intestinal de cálcio e fósforo, promovendo a mineralização óssea e agindo na função muscular. ETIOLOGIA - Osteomalácia por deficiência de vitamina D acontece principalmente por falta de exposição a luz solar ou aumento da pigmentação da pele (negros tem mais risco pela melanina absorver raios UVB diminuindo fotoconversão da provitamina D, embora maior densidade óssea inicial proteja contra fraturas ósseas na velhice). - Outras causas: síndrome de má absorção, cirurgia by- pass, piora da função renal (compromete enzima alfa hidroxilase, diminuindo conversão para 1,25-di- hidroxivitamina D), anticonvulsivantes (inibem produção hepática de 25OHD), hemodiálise crônica (composição do líquido da dialise e uso de antiácidos com alumínio para tamponar fosfato), nutrição parenteral (altos níveis de alumínio), toxicidade pelo fluoreto, envenenamento pelo cádmio e doenças malignas vasculares raras. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Inespecíficas, inicialmente assintomática, com avanço paciente tem fraqueza muscular, especialmente proximal, marcha anserina, sensação de fadiga e humor deprimido, antecedente a dor óssea difusa, tem EMANUELA HANNOFF PILON 5 deformidades esqueléticas no eixo axial, levando a cifose, escoliose e alterações na caixa torácica, pélvis e ossos longos. - Dificuldade para levantar-se de cadeiras e subir escadas. Pela hipocalcemia pode surgir tetania com parestesia e caibras nas mãos e ao redor dos lábios. - Se comprometimento grave paciente pode ter marcha cambaleante com base alargada - Como a osteoporose: pequenos traumas podem levar a fraturas. DIAGNÓSTICO - Quando suspeita por queixas inespecíficas do paciente avalia por exames radiológicos e labs. - Osso amolecido deforma fácil, disco intervertebral desloca-se, deformando as vértebras, tornando-as uniformemente bicôncavas, lembrando vértebras de peixe. - Mesmo c/ fraqueza óssea exame radiológico pode ser normal, podendo ter densidade maior por calos ósseos - Zonas de looser são achados patognomônicos (pseudofraturas): faixas descalcificadas, rodeadas por tecido ósseo mais denso, perpendicular à superfície óssea e bilaterais e simétricas, correspondendo anatomicamente às artérias nutridoras. - Atividade paratireoidiana estimulada pode acarretar reabsorção de osso subperióstico dos metacarpos ou falanges - Calcemia tende a ser baixa, assim como a calciúria, devido à diminuição da absorção desse íon. - Hiperparatireoidismo estimula reabsorção tubular renal de ca, baixando níveis séricos do fosforo. - Causas para hipofosfatemia adquirida: má nutrição, o alcoolismo ou a quelação do fosfato no lúmen intestinal por antiácidos com hidróxido de alumínio, perda renal por hiperparatireoidismo, tumores de partes moles - Aumento de remodelação óssea, com elevação da fosfatase alcalina. - Indicadores da osteomalácia: dor óssea generalizada, fraqueza muscular, fadiga, diminuição do ca sérico e urinário, diminuição do fosfato sérico, diminuição da 25(OH)D sérica, aumento da fosfatase alcalina sérica, aumento do PTH, aumento da espessura osteoide, diminuição da maturação do osteoide - Se dúvida faz prova terapêutica utilizando vitamina D por 30-60 dias, sem reposição de cálcio DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Nos pacientes com fraturas espontâneas e compressão vertebral diferencia osteoporose e osteomalácia, apesar de que a proporção de osteoide mineral seja mais alta na osteomalácia do que na osteoporose, não tem técnica não invasiva para medir isso, então a distinção só é possível por meio de biopsia, quando a osteomalácia é moderada ou grave. TRATAMENTO - Tto preventivo da deficiência da vitamina D pode ser por exposição adequada ao sol e suplemento da própria vitamina (pelo menos 400UI VO, nos confinados usa 1000 UI/dia). - Pacientes em uso de fenitoína de forma regular trata antes com 5000UI/dia - Deficiência de vitamina D trata com ergocalciferol (D2) 50.000UI 1-2x/semana durante 6-12 meses e a seguir pelo menos 1000UI/dia - Na má absorção intestinal usa 25-100 mil UI/dia de vitamina D2. Nos quadros que tem esteatorreia responde melhor a calcitriol 0,5-2mg/dia - Todos os pacientes, suplementar diariamente sais de cálcio VO com as refeições, 1-1,5 ca elementar de carbonato de cálcio ou 0,4-,6 de ca elementar de citrato de cálcio. Doença de Paget - Também chamada de osteíte deformante é uma desordem esquelética focal caracterizada por aumento da remodelação óssea e arquitetura anormal do osso nos sítios afetados. Pode acometer um único osso ou, mais frequentemente, ser multifocal. EPIDEMIOLOGIA - Doença óssea mais frequente depois da osteoporose. A prevalênciaaumenta com a idade, mais comum em homens. Raramente é dx antes dos 50a de idade. - Defeitos genéticos associados a fatores ambientais na sua etiologia. Mais prevalente no Reino Unido, países de colonização inglesa e Europa continental. Na América do Sul, incidência é elevada na Argentina. No Brasil, a maioria dos casos é proveniente do Recife, provavelmente em razão dos ancestrais holandeses nessa população e de Florianópolis, sul do país. ETIOLOGIA E PATOGENIA - Caracterizada pelo remodelamento ósseo exagerado nos sítios afetados. Há anormalidades nos osteoclastos, que são maiores em número e tamanho. Em resposta à reabsorção óssea exagerada (fase osteolítica), a formação óssea torna-se igualmente acelerada (fase esclerótica). - A atividade osteoblástica intensa produz um tecido ósseo sem a estrutura lamelar típica e com trabéculas desorganizadas. Os ossos são menos resistentes e mais propensos a deformidades e fraturas. - Histologicamente, o volume ósseo e o número de trabéculas estão aumentados. Remodelamento ósseo é tão intenso que o tecido não consegue mineralizar na mesma proporção, gerando defeitos. Medula óssea expõe características de fibrose e vascularização. EMANUELA HANNOFF PILON 6 - Fatores genéticos desempenham papel na patogênese da doença. História familiar é positiva em 15-30% dos casos. Na maioria da família, padrão de herança autossômica dominante. - O gene mais importante para desenvolver a doença é o sequestosoma 1 (SQSTM1), codificando a proteína envolvida na sinalização, regulação, diferenciação e atividade dos osteoclastos. - Infecções virais parecem ser potenciais para a doença. Detecção de mRNA ou proteína do vírus sarampo (paramixovírus), cinomose canina ou vírus sincicial respiratório em osteoclastos de pcte com Paget. QUADRO CLÍNICO - Doença pode ser monostótica (num sítio) ou poliostótica (acomete mais de um osso), que representa 85%. Locais mais acometidos são: pelve, fêmur, coluna lombar, crânio, coluna torácica, sacro, tíbia, úmero, escápula e coluna cervical. - Maioria dos pctes é assintomática, sendo a doença mais detectada como achado incidental em radiografia ou elevação de fosfatase alcalina. Apenas 5-30% dos doentes sintomáticos. Sinais e sintomas variam de acordo com local do comprometimento ósseo: dor óssea (40-45%), osteoartrite secundária (40-50%), deformidades esqueléticas e fraturas. - Pode ter área do esqueleto com aumento da temperatura causada por maior fluxo no osso. Deformidade como arqueamento do fêmur e tíbia podem estar presentes. Deformidade craniana pode apresentar cefaleia, zumbido e vertigem. - Fraturas são uma das complicações mais frequentes e ocorrem em ~7% dos pctes, mais em ossos longos. Surdez ocorre em 10-30% dos pctes com crânio acometido. Perda de visão pode ocorrer por compressão do nervo óptico. Maior vascularização óssea em doença poliostótica pode levar à insuficiência cardíaca de alto débito. DIAGNÓSTICO - Feito através da combinação de sintomas, achados radiológicos e elevação na [ ] dos marcadores de remodelação óssea, em especial FA. - Marcadores de formação e reabsorção óssea são afetados, com exceção da osteocalcina, que não serve para Paget. - FA é marcador mais sensível, mas pode estar normal. Aumento de FA em doença do fígado. Pela alta taxa de remodelação óssea, podem ocorrer hipeuricemia e gota. - Radiografia convencional é o principal método dx para Paget. A fase osteolítica inicial caracteriza-se por osteólise localizada (lesões em “chama de vela”, conhecidas como osteoporose circunscrita quando aparecem no crânio ou clavícula). Fase intermediária com espessamento da cortical, expansão óssea, perda de diferenciação corticomedular e trabeculado grosseiro. Na fase tardia, esclerose medular e aumento do tamanho do osso. - Vértebra em quadro (espessamento da cortical nas margens dos corpos vertebrais – típico da doença), vértebra de marfim (aumenta opacidade do corpo vertebral, pode ocorrer nas metástases da próstata, mamas e linfomas. - Cintilografia óssea é a mais sensível do que a radiografia na identificação de lesões ósseas, cerca de 10-15% das lesões detectadas aqui. - TC e RM úteis para suspeita de complicações, como fraturas, degeneração sarcomatosa e compressões nervosas. TRATAMENTO - Indicações de tratamento, no quadro a seguir: - TTO com bifosfonatos, fazem supressão do remodelamento ósseo, reduz as lesões líticas e melhora a dor, embora seja controverso se reduzem o risco de complicações em longo prazo, como deformidades, osteoartrite secundária e surdez. Ácido zoledrônico é o mais eficaz. - A resposta se dá com normalização dos níveis de FA ou de pelo menos 75%, após 3-6m de tto. Se elevar >25%, faz novo tto. - Quando os bifosfonatos são contraindicados ou quando as lesões ósseas são complicadas, o denosumabe pode ser usado. FONTES - Tratado de Geriatria e gerontologia - Sociedade Brasileira de Reumatologia – 2ª edição
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