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AULA I- MODULO I COMUNICACAO E EXPRESSAO

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora 
Lívia Pereira Chaves 
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 
 
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 
 
 
3 
 
 
EXPEDIENTE 
Diretor geral: prof. Malverique Neckel 
Diretora administrativo financeiro: Profa. Wellyssianne Lindoso 
Coordenador Geral da Unidade: José Deyvid Rodrigues Massole 
Design Instrucional: Caniggia Carneiro 
Revisão Textual: Jacqueline Celedônio Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
MÓDULO 1 - TEXTOS E SEUS CONTEXTOS 
 
 
AULA 01 - CONCEITUANDO TEXTO/CONTEXTO 
 
Neste módulo refletiremos sobre o conceito de texto e contexto e quais os 
conhecimentos que subjazem à interpretação de textos. Esperamos que com este 
módulo vocês possam compreender o texto como um todo de significação e, ademais, 
aprender quais conhecimentos são mobilizados para interpretação desses textos. 
 
Para início de conversa 
 
 
Você já parou para pensar sobre o que são textos e qual a importância que os 
textos têm na nossa vida? Afinal, quais as características que fazem um texto ser um 
texto? E quais os conhecimentos que são envolvidos quando nós interpretamos um 
texto? Essas são as perguntas que vamos responder nesta aula. 
 
Pensando sobre o texto 
 
 
No nosso cotidiano, lidamos com vários textos constantemente. Os textos 
apresentam-se a nós como uma ferramenta que permite a comunicação. Dessa 
forma, quando nos expressamos estamos produzindo sentidos e esses são 
materializados em textos. Só reconhecemos um texto quando encontramos sentido 
nele. 
Ao sair de casa, por exemplo, você pode pensar nos vários textos que é 
possível produzir e interpretar no seu caminho para o trabalho ou para a Faculdade: 
acenar com a mão para alguém, cumprimentar alguém com um Bom Dia, são textos 
que fazem sentido dentro de uma situação. 
Dessa forma, os textos podem ser manifestados a partir de diferentes 
expressões: verbal, não verbal, sincrético. 
Logo, cada expressão carrega consigo um conteúdo, não há uma sem a outra. 
Às vezes, uma única expressão pode carregar vários conteúdos e vice-versa. Para 
exemplificarmos, pensemos na ideia de proibição. Os textos seguintes manifestam 
algumas possibilidades de expressar essa concepção. 
 
 
5 
 
 
 
 
 
No exemplo 1 temos uma placa que expressa uma proibição: “Não pise na 
grama”. Nesse caso o acesso à mensagem se deu por meio de um texto verbal, que 
transmitiu sua mensagem apenas por meio de palavras. 
No exemplo 02, por sua vez, temos um texto não verbal, o qual se constitui pelo 
uso apenas de imagem, manifestando-se por meio dos símbolos, do desenho e das 
cores. 
Um texto pode também articular imagem e palavra, nesse caso chamamos de 
texto sincrético ou texto misto. O texto 3 exemplifica essa possibilidade. Sendo assim, 
o efeito de sentido se dá em articular a placa de proibição que implica “ser proibido 
pisar na grama” com o texto verbal: “Aviso: não pise na grama”. Dessa forma, temos 
um texto sincrético ou misto em que a proibição é destacada pelo verbal e pelo não 
verbal, configurando um todo de sentido. 
Quando falamos que um texto é um todo de sentido, é preciso compreender o 
que significa essa expressão. Sobre isso, Fiorin e Savioli (2011, p.25) pontuam alguns 
aspectos: 
● O texto tem coerência de sentido. Isso quer dizer que ele não é um 
amontoado de frases, ou seja, nele, as frases não estão pura e simplesmente 
dispostas umas após as outras, mas estão relacionadas entre si. É por isso que, nele, 
o sentido de uma frase depende do sentido das demais com que se relaciona. 
● Uma mesma frase pode ter sentidos distintos dependendo do contexto 
dentro do qual está inserida. Precisamos um pouco melhor o conceito de contexto. É 
a unidade maior em que uma unidade menor está inserida. Assim, a frase (unidade 
maior) serve de contexto para a palavra; o texto, para a frase, etc. 
EXEMPLO 01 EXEMPLO 02 EXEMPLO 03 
 
6 
 
EXEMPLO 04 EXEMPLO 05 EXEMPLO 06 
 
 
Portanto, o sentido do texto depende de como suas partes se combinam para 
dar determinado efeito. Da mesma forma que quando fazemos um bolo usamos vários 
ingredientes, como ovo, trigo, leite, manteiga e açúcar e esses juntos fazem a unidade 
para fazer o bolo, assim é o texto. Várias partes que se relacionam entre si em favor 
do sentido. 
Sendo assim, um texto só tem sentido dentro de um contexto. Pensemos em 
uma palavra como SILÊNCIO. Analise-a nos exemplos seguintes: 
 
 
 
 
 
Se essa palavra estiver no contexto de violência contra mulher (exemplo 04) 
pode ter um sentido abusivo. Em uma campanha sobre violência contra mulher, na 
frase: “Quebre o Silêncio” (exemplo 05), o sentido pode ser mais libertador. Se a 
palavra estiver em uma placa na recepção de um hospital, (exemplo 06), pode exprimir 
um pedido educado de respeito por aquele ambiente. 
O contexto, segundo Fiorin e Savioli (2011, p.25) é a unidade maior onde o 
texto está inserido. O contexto pode ser explícito, quando é expresso com palavras, 
ou implícito, quando está embutido na situação em que o texto é produzido. 
Senão, vejamos, no exemplo do parágrafo acima, a palavra Silêncio é a 
mesma, entretanto, os contextos são diferentes, respectivamente, temos campanha 
contra violência contra mulher e placa em recepção de hospital. Desse modo, cada 
contexto modifica o sentido do texto. Nesse sentido, no exemplo 5, entendemos 
silêncio pelo gesto do indicador na boca e seu significado está atrelado à imagem da 
mulher com alguns machucados. O tom pesado da imagem deixa transparecer certo 
abuso nesse contexto. 
 
7 
 
No exemplo 05, a peça publicitária continua a trazer cores escuras em 
contraste. A mão de traços masculinos e está segurando a boca da mulher com 
violência o que representa o silêncio como abuso contra a mulher. Nesse contexto, a 
crítica se revela no imperativo de denúncia à violência contra a mulher. O contexto 
específico do exemplo 06 nos remete a um pedido. 
Viram? Três textos diferentes sobre o silêncio cujas linguagens são articuladas 
de forma diferenciada e a partir dos contextos e dessa situação, os conteúdos desses 
textos também se diferenciam. 
Antes de irmos a um conceito mais teórico e aprofundado sobre texto e contexto 
vamos fazer uma breve recapitulação sobre o que foi discutido até aqui, organizando 
tais conteúdos em um quadro explicativo: 
● Texto é tudo o que comunica. O texto produz sentido. 
● Textos possuem uma expressão (verbal, não verbal, mista) que carrega 
um conteúdo. Às vezes uma única expressão pode ter vários conteúdos 
ou vice-versa. 
● Texto não é um amontoado de frases, mas um todo organizado 
● Texto faz sentido dentro de um contexto. Esse é a unidade maior onde 
o texto está inserido 
● O contexto pode ser explícito, quando é expresso com palavras, ou 
implícito, quando está embutido na situação em que o texto é produzido. 
 
Indicação de Leitura 
 
 
 
2011. 
SAVIOLLI, F.P. e FIORIN, J.L.- Lições de texto: Leitura e Redação. Ática: SP, 
 
 
O livro, voltado para o ensino básico, apresenta lições que em muito ajudam o 
aluno a ler, compreender e produzir textos. O livro é indicado também para aqueles 
que desejam estudar para concursos públicos e têm alguma dificuldade em leitura e 
interpretação de texto por trazer um modelo pelo qual se pode apreender mecanismos 
para compreender textos. 
 
8 
 
SAIBA MAIS – CONCEITO DE TEXTO/CONTEXTO 
 
 
Estamos trabalhando, nesta disciplina, com o conceito de texto a partir da 
perspectiva sociodiscursiva da Linguística Textual. Já foi visto nos nossos Preâmbulos 
que o texto é um fenômeno linguístico de unidade maior na comunicação, constituindo 
uma unidade de sentido. Precisaremos mais a definição de texto a partir de 
Beaugrande (1997), Marcuschi (2008), Cavalcante (2012 ). 
 
Beaugrande;Dressler (1997), que foi um precursor da linguística textual, é 
citado por todos os pesquisadores atuais. É dele o conceito de texto que 
apresentamos a seguir: 
 
 
 
 
É importante nesta definição destacar aspectos tais quais: o que são ações 
linguísticas? O que são ações cognitivas? O que são ações sociais? O que é um 
evento comunicativo? 
Primeiramente, destacamos que, ao afirmar que texto é um evento 
comunicativo, o autor está se referindo ao fato de que o texto sempre leva em 
consideração no mínimo duas pessoas (alguém que envia uma mensagem para 
alguém que recebe e compreende essa mensagem). Evento, desse modo, significa 
um acontecimento. Portanto, texto é um evento comunicativo porque é um 
acontecimento no qual fica evidente a relação de um emissor e de um receptor, suas 
intenções, a forma pela qual partilham informações. 
Ações linguísticas, cognitivas e sociais são aquelas que permeiam todo esse 
acontecimento comunicativo. As ações linguísticas são aquelas que estão 
relacionadas à língua como um conjunto de regras e como atualização de tais regras: 
fonemas, morfemas, frases. Logo, o uso da língua pelos seus falantes é o que pode 
ser entendido por ações linguísticas. 
Podemos pensar que para comunicar qualquer mensagem a alguém 
precisamos articular nossa mensagem tendo como base fatores da nossa língua. Por 
exemplo, se você falar russo e seu receptor falar inglês, um não entenderá o que o 
outro fala e o texto não fará sentido. 
É um evento comunicativo no qual convergem ações linguísticas, cognitivas e 
sociais. 
 
9 
 
Produzir e interpretar textos dependem de um processo mental. O texto 
acontece como processo mental que envolve a percepção. Essas são as ações 
cognitivas que constroem os textos e fazem parte desse evento comunicativo. Essas 
ações cognitivas estão relacionadas, portanto, à maneira pela qual o leitor percebe e 
compreende o texto. Conhecimentos prévios e relações possíveis de conteúdos são 
experiências mentais que auxiliam na compreensão dos textos. 
Ações sociais dizem respeito ao fato de que o texto é um evento comunicativo 
que envolve processos linguísticos e mentais e que são partilhados socialmente. Os 
textos para o serem não são apenas palavras soltas ou apenas processo mental, mas 
esses dois só fazem sentido quando atualizados socialmente, isto é, forem partilhados 
em uma dada comunidade. Sobre isso, Cavalcante (2012) destaca que para produzir 
sentido, o texto leva em consideração o contexto sociocomunicativo, histórico e 
cultural. Isso acarreta ao fato de que os sujeitos sejam considerados agentes sociais. 
Marcuschi (2008), por sua vez, afirma que o texto é o resultado de uma ação 
linguística cujas fronteiras são em geral definidas por seus vínculos com o mundo no 
qual ele surge e funciona. Para o autor, o texto é um tecido estruturado, uma entidade 
significativa de comunicação e um artefato sócio-histórico. O texto, segundo ele, é 
uma (re) construção do mundo. 
Destacamos em Marcuschi (2008) alguns pontos: o primeiro é que o texto 
reconstrói o mundo a partir de uma ação linguística, por isso, não podemos nunca 
dissociar o texto de questões sociais, históricas e culturais. A segunda é que a 
associação entre texto e tecido leva-nos a origem da palavra latina “Textum”, cujo 
significado é “material de tecido” e foi originada de “Textere” que significa “tecer”. Os 
tecidos são um todo que surge a partir de pontinhos de linha. Dessa forma, o texto é 
um todo de sentido que comunica algo. 
No texto, fatores linguísticos, sociais e cognitivos estão intrinsecamente 
relacionados. É tanto que para que compreendamos o sentido de qualquer texto é 
preciso passar por esses fatores. Além de tudo, os sentidos dos textos são construídos 
na interação entre locutor-(com) texto-interlocutor, dessa forma, o sentido do texto, 
nunca é estático, pronto, fixo, pelo contrário ele entra em funcionamento e se constrói 
quando é lido. Segundo Elias e Koch (2008, p.11): 
 
10 
 
O sentido de um texto é construído na interação texto-sujeito e não há nada 
que preexista a essa relação. A leitura é, pois, uma atividade interativa 
altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente 
com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua 
forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de 
saberes no interior do evento comunicativo. 
 
Dessa forma, entende-se que o texto é uma manifestação que constrói sentidos 
e esses sentidos somente podem ser construídos pela interação entre sujeito- 
(con)texto e leitor. Diante disso, temos, quando lemos, alguns conhecimentos que 
interagem para construir tais sentidos. Esses funcionam como estratégias sócio - 
cognitivas para processar o texto. É o que estudaremos próximo tópico. 
 
FÓRUM 
 
 
Vamos pensar juntos?! A partir da noção de texto de Beaugrande; Dressler 
(1997) na qual texto “é um evento comunicativo no qual convergem ações linguísticas, 
cognitivas e sociais”. Você acha que para compreender um texto, você precisa 
mobilizar conhecimentos linguísticos, sociais e cognitivos? De que forma você acha 
que isso acontece? Explique quais ações linguísticas, cognitivas e sociais que são 
necessárias para compreensão de um texto? Você pode procurar, postar e comentar 
exemplos no fórum. 
 
Dicas de Leitura 
 
 
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do 
Texto. São Paulo: Contexto, 2006. 
 
O livro para ler e compreender os sentidos do texto traz os principais conceitos 
relacionados aos sentidos dos textos. O livro, além de tudo, exemplifica todos os 
conceitos a partir de diferentes tipos de textos, o que facilita muito a compreensão 
leitora. 
 
11 
 
AULA 02 - PROCESSAMENTO TEXTUAL: TIPOS DE CONHECIMENTO E 
CONTEXTOS 
 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
 
Já vimos na aula anterior que para ler e compreender textos é necessário fazer 
relação entre esses textos, contextos e mobilizar conhecimentos sociais, linguísticos 
e cognitivos. 
É importante o conceito de texto como evento comunicativo em que convergem 
aspectos sociais, linguísticos e cognitivos. Pois tais processos estão imbricados no 
processamento textual? Talvez não tenhamos consciência, entretanto, sempre 
passamos por esses aspectos ao ler e entender um texto. Portanto, aspectos sociais, 
cognitivos e linguísticos contribuem para criar e dar sentidos aos textos. Por 
conseguinte, há conhecimentos subjacentes aos sentidos do texto, esses são tidos 
como estratégias sociocognitivas para compreensão de textos e estão intimamente 
imbricados no processamento textual. Aqui, estudaremos esses aspectos separados 
apenas didaticamente para melhor compreendê-los. 
 
Tipos de conhecimentos envolvidos no Processamento Textual 
 
 
Vários tipos de conhecimentos são envolvidos para lermos e compreendermos 
os mais variados textos. Segundo Cavalcante (2012), tais conhecimentos podem ser 
de natureza linguística, enciclopédica e social. 
 
Conhecimento Linguístico 
 
 
É o conhecimento do vocabulário, das regras da Língua Portuguesa. Como 
falantes nativos de Língua Portuguesa, nós conhecemos ainda que intuitivamente as 
regras da língua. Por exemplo, se alguém ficar zangado com alguém, esse pode dizer 
“deszanga de mim”, para indicar não se zangue comigo ou deixe de ficar zangado 
comigo. Apesar de não existir no vocabulário tal palavra, sabendo que quando usamos 
o prefixo (des) temos o sentido de oposição, negação, falta, ação contrária, como em: 
“Desfazer”(deixar de fazer algo, não fazer mais), descansar (não se cansar mais), 
 
12 
 
desconcentrar (não se concentrar, deixar de se concentrar), temos quase que 
intuitivamente que sempre que quisermos fazer uma ação contrária ao que está sendo 
feito, opondo-se a ela, usamos tal prefixo. 
Destacamos que a gramática interna tal como aponta a teoria gerativista da 
linguagem, é intuitiva, funcionandocomo um dispositivo interno na mente dos falantes. 
Ainda que não saibamos todas as regras gramaticais, produzimos e lemos diversos 
textos (orais ou escritos, verbais ou visuais), pois é através da linguagem que nos 
comunicamos. 
Para refletir sobre o conhecimento linguístico como uma estratégia para o 
conhecimento textual, vamos analisar um trecho da canção Abraçaço, de Caetano 
Veloso (exemplo 07). 
 
 
Abraçaço, o título da canção, chama-nos atenção, pela formação da palavra: 
(abraço+aço). O sufixo – aço, que segundo Azeredo (2008) é usado com o sentido de 
adicionar uma referência à dimensão física ou um juízo de valor, é acrescido ao radical 
Abraç-. No caso, reconhecemos o processo de formação de palavra sufixal formadora 
de aumentativo, no qual vemos o substantivo “Abraço” acrescido de –aço, formando 
Um Abraçaço 
Caetano Veloso 
 
Dei um laço no espaço, 
Pra pegar um pedaço, 
Do universo que podemos ver. 
 
Com nossos olhos nús, 
Nossa lentes azuis, 
Nossos computadores luz. 
 
Esse laço era um verso, 
Mas foi tudo perverso, 
Você não se deixou ficar. 
 
No meu emaranhado, 
Foi parar do outro lado, 
Do outro lado de lá, de lá. 
 
Ei! Hoje eu mando um abraçaço... 
 
13 
 
“Abraçaço”, dando a ideia de mais que um abraço, um abraço grande, maior, um 
Abraçaço. 
Logo no primeiro parágrafo da canção, já notamos que há uma musicalidade 
diferente dada pelo som de algumas palavras: “laço, “espaço”, “pedaço”. Destaca-se 
nesses versos a repetição da mesma terminação - aço. Essa repetição acontece 
também nas estrofes 06, 07 e 08, no uso de palavras como: “amasso”, “beijaço”, 
„‟palhaço” (verso 06); “estardalhaço”, “cansaço”,“ traço”, “disfarço”, “acaso” (verso 07). 
Essas repetições acentuam a musicalidade da canção, dando leveza e uma 
sonoridade diferenciada. Outros versos também carregam esse tipo de repetição: -us, 
na segunda estrofe: “nus”, “azuis”, luz””; na terceira estrofe: “verso”, “perverso”; na 
quarta: “emaranhado”, “outro lado”. 
Quando temos em textos essas repetições fônicas de palavras semelhantes, 
tal qual foi visto no parágrafo anterior, compõem uma figura estilística chamada de 
Paronomásia. Essa é definida pela relação da sonoridade entre as palavras. No caso 
da canção Abraçaço, podemos ver essa sonoridade composta por essas palavras. 
Além disso, temos metáforas: “dar o laço no espaço”, “pegar o universo que 
podemos ver”, “o laço era um verso”. Esses trechos revelam uma aproximação entre 
o laço que na realidade é um verso, que fez um “recorte” do que se pode ver. Como 
se a linguagem, a poesia pudesse fazer um recorte de um tipo de universo. 
Há muitos outros recursos que fazem parte da canção e ainda poderíamos 
fazer uma análise profunda do tema dela. Entretanto, não é nosso objetivo aqui. Na 
realidade queríamos mostrar para você, como os conhecimentos linguísticos podem 
nos ajudar e muito quando vamos ler, estudar, analisar qualquer texto. Dessa forma, 
elencamos recursos tais quais: a paronomásia, a metáfora (figuras de linguagens) e o 
processo de formação de palavras. Indicaremos abaixo algumas gramáticas para que, 
se for do seu interesse, possa aprofundar seus estudos gramaticais. Entretanto, 
destacamos que ainda que não dominamos as regras de gramática pelo nome, já a 
dominamos como dispositivo interno particular, que nos permite comunicarmos uns 
com os outros 
 
Conhecimento enciclopédico 
 
 
O conhecimento enciclopédico está relacionado ao conhecimento de mundo 
partilhado entre os indivíduos em uma dada comunidade. É onde entra a nossa 
 
14 
 
(Exemplo 08) “Uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta” 
(Exemplo 09) “Eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, 
para quem a campa foi outro berço;” 
experiência pessoal como leitores de textos e do mundo e de como essa experiência 
nos auxilia a compreender os textos. Vejamos abaixo um exemplo: 
 
 
Este texto nos causa uma estranheza. Traz uma comparação explícita “mulher 
sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta”, colocando em cheque uma 
situação de uma mulher ser solteira e não ter um homem e um peixe sem uma 
bicicleta. A estranheza surge da afirmação “peixe sem uma bicicleta”. Paramos, 
analisamos, reconhecemos, através do nosso conhecimento de mundo, que peixe é 
um animal que vive debaixo d‟água. O peixe nada e em nenhum momento precisa 
usar bicicleta. Esse último objeto é totalmente inútil para um peixe. Portanto, a 
afirmação é que uma mulher não precisa de homem para nada. 
Para chegarmos a isso, temos que perpassar por nossa memória e nosso 
conhecimento de mundo, saber o que é peixe, o que é bicicleta, que para um peixe 
uma bicicleta é inútil. Que há também um discurso feminista que afirma que mulher 
não precisa de homem para nada. 
Portanto, quando lemos um texto e procuramos entender seus sentidos é 
bastante necessário que nós possamos levar conosco nosso conhecimento de mundo 
e nossas experiências de mundo. Contudo, temos uma observação. Nem sempre 
essa experiência é apenas o que conta em um texto, pois podemos ter uma tema que 
pelo nosso conhecimento é bastante ruim e o texto tratar de forma positiva. Sempre 
temos que ter cuidado com isso, prestando muita atenção no que o texto diz. Esse 
conhecimento de mundo é disciplinado por isso. 
A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas é narrada por um defunto- autor. 
Isto é, depois que morreu ele conta sua vida escancaradamente, sem nenhum recato 
ou medo de ser julgado negativamente pela sociedade. Alguns trechos são 
interessantes para vermos a questão de como é importante o conhecimento de 
mundo, mas o quanto é importante disciplinar esse conhecimento para lidarmos com 
o texto. 
 
 
15 
 
Elias e Koch (2006) dizem que o conhecimento interacional engloba outros 
conhecimentos: ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural. 
No exemplo 09, “Campa” significa a laje da sepultura. Provavelmente, um dos 
momentos mais tristes é quando uma pessoa é coberta pela pedra da sua sepultura. 
Isso é muito do nosso conhecimento de mundo, que negativiza tudo que está 
relacionado com a morte. Entretanto, perceba que para o narrador isso que poderia 
ser o fim e que é visto com tanta tristeza por alguns, na realidade, foi o novo recomeço 
dele: “outro berço”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O exemplo 10, por sua vez, trata da negatividade pela qual o narrador enxerga 
a continuidade da vida, a reprodução humana. No conhecimento de mundo particular 
de alguém, pode ser bastante positivo ter filhos, uma família, deixar algum legado para 
sociedade, entretanto, o narrador pensa que isso só aumenta a “nossa miséria” 
Alguns estudantes, quando respondem questões de concursos, por exemplo, 
têm muitas dificuldades quanto a isso. Eles pensam a morte é algo negativo então o 
texto deve tratá-la dessa forma, o que não acontece, pois não é o que o texto diz. 
 
Conhecimento Interacional 
 
 
Para entender textos, é necessário que nós dialoguemos com eles, a partir 
dessa interação é que colocamos o texto em funcionamento e podemos compreender 
os sentidos subjacentes a ele. 
O conhecimento interacional, segundo Cavalcante (2012), diz respeito à 
maneira como interagimos por meio da linguagem. Esse tipo de conhecimento 
abrange desde a intencionalidade subjacente aos textos aos tipos de gêneros e 
situações que os textos trazem consigo. 
(Exemplo 10) “Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não 
houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E 
imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um 
pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive 
filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.” 
 
16 
 
Vejamos como reconhecer cada um desses: 
O conhecimento ilocucional é que aquele pelo qual percebemos os objetivos 
ou propósitos pretendidos pelo enunciadordo texto, em uma dada situação 
interacional. Se o ar condicionado está ligado muito forte e alguém, no meio de uma 
conversa, fala que está sentindo muito frio. Percebe-se que isso soa como um pedido 
para esquentar aquele ambiente, desligar ou aumentar o ar-condicionado. É isso que 
é o conhecimento ilocucional. É aquele que você reconhece a intenção de quem 
escrever determinado texto para você. 
Quando se produz determinado texto, o autor precisa necessariamente pensar 
para quem está produzindo aquele texto, para que esse alguém possa reconstituir o 
sentido e entender o que ele quer dizer. E isso envolve falar adequadamente, ajustar 
a linguagem para aquele público, usar o gênero textual relacionada àquela situação. 
Por exemplo, alguém está doente e vai ao médico e este diz que o paciente tem 
cefaleia. A preocupação do paciente é evidente, pois não sabe o que cefaleia é uma 
dor de cabeça. Dessa forma, não houve adequação entre o que o médico disse e o 
que o paciente entendeu. Esse tipo de conhecimento mostra a importância que temos 
de sermos claros, objetivos quando produzimos textos, sejam orais ou escritos. 
O conhecimento metacomunicativo está relacionado a “um realce ao próprio 
discurso para chamar atenção do leitor”. No texto escrito, algumas pontuações 
chamam mais atenção do leitor, no texto falado a prosódia, também tem essa função. 
Se eu quero dizer que uma criança não pode fazer determinada atividade. Eu posso 
alongar essa negativa “Nããaão!” para destacar que não se deve fazer aquilo. Na 
escrita também podemos fazer o mesmo. Olhe como expressamos a negativa na linha 
acima, houve um destaque dela no texto. 
O conhecimento superestrutural ou sobre gêneros textuais, diz respeito ao 
reconhecimento de textos nas diversas situações de comunicação. Sabemos que ao 
ouvirmos um jogo no rádio teremos o gênero narração; quando queremos anunciar 
algo, temos um anúncio, dessa forma lidamos com os tantos gêneros que vivenciamos 
todos os dias. 
 
17 
 
(Exemplo 11) Aedes Aegypti pede para ser citado em delação para voltar ao 
noticiário. (Sensacionalista) 
Resumo 
 
 
Conhecimento Ilocucional Objetivos e propósitos pretendidos. 
Conhecimento comunicacional Adequação da linguagem, 
Conhecimento metacomunicativo Realce para chamar atenção. 
Conhecimento superestrutural Gêneros textuais e suas situações 
comunicativas. 
 
Esses conhecimentos de processamento textual, linguístico, enciclopédico e 
interacional (ilocutório, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural) estão 
relacionados e apenas didaticamente que os separamos. Quando vamos produzir ou 
entender os sentidos de um texto, mobilizamos todos eles simultaneamente. 
Abaixo, temos uma matéria do Sensacionalista. Uma página de humor no 
Facebook, cujo objetivo é ironizar questões atuais. Quando estamos no nosso Feed 
de Notícias e vemos uma matéria do Sensacionalista, nossos conhecimentos, para 
facilitar o processamento do texto, já devem entrar em funcionamento. Vejamos como 
isso se atualiza a partir do texto abaixo. 
 
O conhecimento linguístico, que diz respeito a nosso conhecimento de língua 
portuguesa como falantes nativos do idioma. É o que nos permite ler o texto, as 
palavras do texto e entender o significado delas, enfim, as informações verbais que 
têm que ser lidas. 
Por sua vez, o conhecimento de mundo ou enciclopédico está no 
reconhecimento do que seja o Sensacionalista. Uma página da internet que produz 
conteúdos a partir de notícias verídicas, construindo notícias falsas que ironizam 
aquelas. Abaixo do nome do Sensacionalista tem a seguinte frase: “isento de 
verdade”, frase que destaca ainda mais esse a ironia. 
O conhecimento interacional é o que realmente coloca o texto em 
funcionamento. Quando o leitor interage com o texto, primeiramente, através do 
conhecimento de mundo dele, sabe que o Sensacionalista é um site de humor que 
sempre ironiza os fatos e que o objetivo dele é o humor e não dizer a verdade. Assim 
 
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que o site surgiu houve muita polêmica, pois algumas pessoas pensaram que as 
notícias que estavam ali eram verdades “distorcidas”. O conhecimento ilocucional é 
este de reconhecer o objetivo do texto. Reconhecer o proposto da página do 
Sensacionalista. O conhecimento comunicacional está na adequação da linguagem, 
de forma que na página você tem textos bem impessoais, para parecer com a notícia 
propriamente dita a linguagem é clara, objetiva. O metacomunicativo está relacionado 
a como chama-se a atenção do leitor. Questões como, as cores, a disposição do texto, 
chamam atenção e acaba que o leitor se prende aquela informação. E o 
superestrutural, reconhecemos que temos textos de humor ainda que travestidos pela 
notícia. 
No caso, jamais o mosquito da dengue pedirá para ser delatado para voltar a 
mídia. Entretanto, cria-se esse jogo de humor. Para afirmar que, na realidade, que a 
mídia atual fala apenas de delação. O efeito de sentido é ironia, humor e ainda uma 
crítica à questões midiáticas, na maioria das vezes, relacionadas à política. Dessa 
forma, colocamos os conhecimentos em funcionamento para entendermos os 
sentidos desse texto. 
 
Portfólio 
 
 
Você conhece um mapa mental? Já fez um? Mapas mentais auxiliam e muito 
o estudante a esquematizar seu aprendizado. Nesta atividade, propomos que a partir 
do que foi estudado nas aulas 01 e 02 deste módulo, você faça um mapa mental que 
mostre os principais conceitos aprendidos até agora. A atividade é individual. Abaixo 
segue alguns links que podem esclarecer como fazer um mapa mental. 
 
Como fazer um mapa mental? Plataforma Geek Games 
https://geekiegames.geekie.com.br/blog/como-fazer-um-mapa-mental/ 
 
 
Como fazer um mapa mental? Passo a Passo. 
https://www.youtube.com/watch?v=m1qW0wPJV1M 
 
Como fazer um mapa mental? 
https://ww.youtube.com/watch?v=fnXip7u9zgE&t=40s 
http://www.youtube.com/watch?v=m1qW0wPJV1M
 
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Dicas: 
● O mapa mental é uma estrutura que você faz a partir do que aprendeu na aula. 
● Inicie por uma palavra central: TEXTO. 
● A partir dessa ideia central, relacione outras ideias chaves que explicam o que 
é texto, quais os conhecimentos subjacentes à compreensão do texto. 
● O mapa mental é uma ferramenta para facilitar a aprendizagem e auxiliar na 
compreensão do conteúdo. É preciso ler, entender o texto para conseguir 
enumerar e relacionar as principais ideias de um texto. Essa atividade irá 
contribuir bastante com sua aprendizagem. 
● Você pode postar o mapa mental no ambiente de aprendizagem. Pode fazer o 
desenho em uma folha para digitar e postar no ambiente ou usar o programa 
de computador que tenha mais afinidade para fazer esse mapa. 
 
Dica de Leitura 
 
 
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 
2012, 176 p. 
Mônica Magalhães Cavalcante é umas das autoridades no estudo de texto no Brasil. 
Nesse livro, os sentidos do texto, a autora, muito simples, objetiva e didática consegue 
mostrar para o leitor como esses sentidos múltiplos do texto são produzidos e 
compreendidos. 
 
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REFERÊNCIAS 
 
 
BEAUGRANDE, R. A.; DRESSLER, W. U. Introduction to text linguistics. London: 
Longman, 1997. 
 
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 
2012, 176 p. 
 
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. 
São Paulo: Contexto, 2006. 
 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e 
compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 
 
 
SAVIOLLI, F.P. e FIORIN, J.L.- Lições de texto: Leitura e Redação. Ática: SP, 
2011.

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