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EstadonutricionalantropomA-trico-Lima-2019

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MARCOS FELIPE SILVA DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO, DESENVOLVIMENTO E 
VALIDAÇÃO DE EQUAÇÕES PARA A ESTIMATIVA DE PESO E ESTATURA EM 
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
 
www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol ppgscol@dod.ufrn.br 55-84-3342-2338
CENTRO	DE	CIÊNCIAS	DA	SAÚDE
PROGRAMA	DE	PÓS-GRADUAÇÃO	EM	SAÚDE	COLETIVA
MARCOS FELIPE SILVA DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO, DESENVOLVIMENTO E 
VALIDAÇÃO DE EQUAÇÕES PARA A ESTIMATIVA DE PESO E ESTATURA EM 
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde 
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito parcial para a obtenção do título de 
Doutor em Saúde Coletiva. 
 
 
Orientador: Dra. Clélia de Oliveira Lyra. 
 
 
 
 
 
Natal/RN 
2019
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - -Departamento de Odontologia 
 
 Lima, Marcos Felipe Silva de. 
 Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação 
de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados / Marcos Felipe Silva de Lima. - 2019. 
 119f.: il. 
 
 Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de 
Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2019. 
 Orientador: Clélia de Oliveira Lyra. 
 
 
 1. Estudos transversais - Tese. 2. Estudos de validação - 
Tese. 3. Saúde do idoso - Tese. 4. Estado nutricional - Tese. 5. 
Avaliação nutricional - Tese. 6. Antropometria - Tese. I. Lyra, 
Clélia de Oliveira. II. Título. 
 
RN/UF/BSO BLACK D56 
 
 
 
 
 
Elaborado por Hadassa Daniele Silva Bulhões - CRB-CRB 313/15 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos meus pais pela determinação e luta na minha formação e dos meus irmãos. 
Agradeço à mulher da minha vida, Kahula Camara, por ser uma amiga e companheira e por 
manter em mim sempre viva a esperança de que o amanhã será um dia melhor. Pois tudo que 
é feito com amor e com ela é melhor. 
Agradeço à minha filha, Marina, que faz meu mundo ter cor e saber que existe um mundo 
melhor para além do trabalho. 
Agradeço aos meus irmãos, João Paulo e Talita, e tios pela convivência e amparo do dia-a-
dia. 
Agradeço à sociedade brasileira, que financia a graduação e pós-graduação de seus cidadãos, 
para que estes a retribuam de maneira adequada e em busca da justiça social. 
Agradeço aos professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, por cumprir a 
atividade docente de forma exemplar. 
Agradeço à FAPERN - Fundação de Apoio à Pesquisa do RN, que por meio do edital 003/2011, 
financiou esse estudo. 
Agradeço ao meu grupo de pesquisa, Larissa Praça, Laura Camila e Natália Louise, por todo 
o companheirismo e luta que perseguimos juntos. 
Agradeço à minha querida orientadora, Clélia Lyra, que com paciência e muito fôlego, 
conseguiu ver que posso ir mais além e me encorajar na busca de infindáveis objetivos. 
Agradeço às ILPI e aos idosos que fizeram parte dessa pesquisa. Todo o retorno deve servir 
para melhorar o trabalho dos profissionais e a qualidade de vida dos residentes. 
Agradeço a todos os estudantes do curso de nutrição da UFRN que participaram desse trabalho 
nas duas etapas de coletas de dados. Kerollainy Nóbrega, Luana Alves, Laura Cysneiros, Karla 
Mendonça, Nathália Cordeiro, Miriam Farias, Marcos Paiva, Raíssa Guedes, Airton Cássio, 
Pedro Alencar e Camila Souza. 
Por fim, lembro de uma frase que me chamou a atenção desde que ouvi: “Se eu vi mais longe, 
foi por estar sobre ombros de gigantes” atribuída ao Sir Isaac Newton. Nesse contexto, 
agradeço aos gigantes da academia que, de maneira direta ou indireta, me fizeram chegar até 
aqui: Clélia Lyra, Kenio Lima, Célia Márcia, Vera Pinto, Ursula Bagni, Karla Danielly e 
muitos outros. Vocês foram os gigantes que me ajudaram a ver mais longe. 
 
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros 
de gigantes. 
 
Sir Isaac Newton 
 
RESUMO 
 
Os déficits nutricionais apresentam relação com a síndrome da fragilidade, 
multimorbidade e estão associados à mortalidade em idosos residentes de Instituições de Longa 
Permanência para Idosos (ILPI). A fim de identificar precocemente o risco de déficits, podem 
ser utilizadas medidas antropométricas como peso, estatura, perímetros e dobras cutâneas. 
Quando não é possível medir peso e estatura, podem ser estimados por equações. O presente 
trabalho teve o objetivo de avaliar o estado nutricional antropométrico, desenvolver e validar 
equações para estimativa de peso e estatura em idosos institucionalizados. O estudo foi 
conduzido com idosos residentes em ILPI de Natal/RN. Os dados antropométricos coletados 
foram peso, estatura, perímetros e dobras cutâneas. Para a análise do estado nutricional 
antropométrico foi realizada Análise de Componentes Principais estratificada por sexo e 
avaliados os escores fatoriais dos componentes extraídos em relação à faixa etária, tipo de ILPI, 
cor da pele, escolaridade, carga de adoecimento e restrição de mobilidade do idoso. Elaborou-
se equações de estimativa de peso e estatura a partir de regressão linear múltipla. Os modelos 
de regressão desenvolvidos levaram em consideração critérios estatísticos de confiabilidade, 
como o coeficiente de determinação (R²), o erro padrão de estimativa e o Critério de Informação 
de Akaike (AIC). As equações de predição foram validadas por testes de concordância como o 
Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e seu respectivo intervalo de confiança de 95%. A 
ACP identificou dois componentes: Estado Nutricional Antropométrico (ENA) e Estatura (E), 
que juntos explicaram 80,8% da variância acumulada para homens e mulheres. Em relação ao 
desenvolvimento das equações de estimativa de peso, foram desenvolvidos cinco modelos com 
diferentes medidas antropométricas: (1) utilizando o perímetro do braço como variável 
discriminante (Eq. Ia e Ib; CCI: 0,842), (2) com o melhor ajuste estatístico para homens e 
mulheres (Eq. II; CCI: 0,874), (3) e estratificado por sexo (Eq. IIIa e IIIb; CCI: 0,876), (4) com 
medidas de fácil realização para homens e mulheres (Eq. IV; CCI: 0,842) e (5) estratificado por 
sexo (Eq. Va e Vb; CCI: 0,828). Em relação à estimativa de estatura, foram desenvolvidas cinco 
equações com diferentes medidas antropométricas, os quais levam em consideração a altura do 
joelho (Eq. I; CCI: 0,863), comprimento da ulna (Eq. II; CCI: 0,766), hemi-envergadura (Eq. 
III; CCI: 0,815), comprimento da ulna e hemi-envergadura (Eq. IV; CCI: 0,834) e demi-
envergadura (Eq. V; CCI: 0,794). As diferenças observadas entre os componentes extraídos se 
dão especialmente entre as variáveis de restrição de mobilidade, o tipo de instituição e a 
escolaridade. Os idosos com mobilidade restrita, residentes em ILPI sem fins lucrativos e com 
menor escolaridade apresentam menores medianas de carga fatorial. Foram desenvolvidos e 
validados cinco modelos aplicáveis para estimativa de peso em idosos institucionalizados e 
cinco equações para estimativa da estatura. A escolha pela utilização das equações deve levar 
em consideração a possibilidade de realização de determinada medida. Foram encaminhados às 
ILPI participantes do estudo, relatórios com o diagnóstico nutricional dos idosos e um manual 
prático com as equações desenvolvidas para contribuir com o monitoramento do estadonutricional antropométrico desta população. 
 
Palavras-chave: Estudos transversais; Estudos de validação; Saúde do idoso; Estado 
nutricional; Avaliação nutricional; Antropometria. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Nutritional deficits are related to the syndrome of frailty, multimorbidity and are 
associated with mortality in elderly residents in nursing homes. In order to identify the risk of 
deficits early, anthropometric measures such as weight, height, perimeter and skinfolds may be 
used. When it is not possible to measure weight and height, they can be estimated by equations. 
This study aimed to evaluate anthropometric nutritional status, develop and validate equations 
for weight and height estimation in elderly residents in nursing homes. The study was conducted 
with elderly living in nursing homes in Brazil. The anthropometric data collected were weight, 
height, perimeters and skinfolds. For analyze the anthropometric nutritional status Principal 
Component Analysis stratified by sex was performed and the factorial scores of the chosen 
model were evaluated in relation to the age group, type of nursing home, racial/ethnic identity, 
schooling, burden of disease and functional capacity. Methods of weight and height estimation 
were elaborated by linear multiple regression. The regression models developed considered 
statistical reliability criteria, such as the coefficient of determination (R²), the standard error of 
the estimate and the Akaike Information Criterion (AIC). The prediction equations were 
validated by concordance tests such as the Intraclass Correlation Coefficient (ICC) and its 
respective confidence interval (95% CI). For all analyzes, p values <0.05 were considered 
statistically significant. CPA identified two components: Anthropometric Nutritional Status 
(ANS) and Stature (S), which together explained 80.8% of cumulative variance for men and 
women. Regarding the development of weight estimation equations, five models with different 
anthropometric measurements were developed: (1) using arm perimeter as discriminant 
variable (Eq. Ia and Ib; ICC: 0.842), (2) with the best fit statistical analysis for men and women 
(Eq. II; ICC: 0.874), (3) and stratified by sex (Eq. IIIa and IIIb; ICC: 0.876), (4) with easy 
measures for men and women (Eq. IV; ICC: 0.842) and (5) stratified by sex (Eq. Va and Vb; 
ICC: 0.828). Regarding height estimation, five equations were developed with different 
anthropometric measurements, which take into account knee height (Eq. I; ICC: 0.863), ulna 
length (Eq. II; ICC: 0.766), hemispan (Eq. III; ICC: 0.815), ulna length and hemispan (I Eq. V; 
ICC: 0.834) and demispan (Eq. V; ICC: 0.794). The differences observed between the extracted 
components occur especially between the mobility restriction variables, the type of nursing 
home and the education level. The elderly with restricted mobility, residents in nonprofit 
nursing homes and with less education have lower median factor loadings. Five applicable 
models for weight estimation in institutionalized elderly and five equations for height 
estimation were developed and validated. The choice of using equations should take into 
consideration the possibility of performing a certain measure. To nursing homes were sent 
reports with the nutritional assessment of the elderly and a practical manual with the equations 
developed by present study to contribute to the monitoring of the anthropometric nutritional 
status. 
 
Key words: Cross-sectional studies; Validation studies; Health of the elderly; Nutritional 
status; Nutrition assessment; Anthropometry 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS E QUADROS 
Quadro 1 – Indicadores de avaliação do estado nutricional antropométrico de idosos. ........... 30 
Figura 1 – Modelo teórico do presente estudo. ........................................................................ 31 
Figura 2 – Diagrama do processo de recrutamento de seleção de indivíduos do estudo. ........ 35 
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 42 
Figura 1 – Gráfico scree-plot da Análise de Componentes Principais com as variáveis 
antropométricas, sexo masculino e feminino. .......................................................................... 51 
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 63 
Figura 1 – Plotagem de Bland-Altmann com os resíduos das equações desenvolvidas........... 73 
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 80 
Figura 1 – Diagrama de dispersão da estatura com as variáveis independentes para idosos 
residentes em Instituições de Longa Permanência. .................................................................. 85 
Figura 2 – Gráfico de Bland-Altmann das equações de estimativa de estatura desenvolvidos.
 .................................................................................................................................................. 87 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 42 
Tabela 1: Características gerais da população estudada. .......................................................... 47 
Tabela 2: Variáveis antropométricas estratificada por sexo. .................................................... 48 
Tabela 3: Matriz de correlações de Pearson das variáveis submetidas à ACP estratificado por 
sexo. .......................................................................................................................................... 49 
Tabela 4: Matriz de anti-imagem das variáveis adicionadas ao modelo de ACP estratificado 
por sexo. ................................................................................................................................... 50 
Tabela 5: Autovalores e variância explicada pelos componentes das variáveis antropométricas 
submetidas à ACP. .................................................................................................................... 51 
Tabela 6: Comunalidades e matriz com rotação ortogonal Varimax das cargas fatoriais 
produzidas pela ACP com as variáveis antropométricas. ......................................................... 52 
Tabela 7: Caracterização dos escores extraídos do componente Estado Nutricional 
Antropométrico estratificado por sexo, e variáveis socioeconômicas, demográficas e de saúde 
entre idosos institucionalizados. ............................................................................................... 54 
Tabela 8: Caracterização dos escores extraídos do componente Estatura estratificado por sexo, 
e variáveis socioeconômicas, demográficas e de saúde entre idosos institucionalizados. ....... 55 
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 63 
Tabela 1: Características físicas e biológicas dos idosos por sexo e faixa etária. .................... 69 
Tabela 2: Diferença de médias entre as variáveis antropométricas e o grupo de idosos com PB 
≤ 27 cm e PB > 27 cm. ............................................................................................................. 70 
Tabela 3: Equações para estimativa de peso usando variáveis antropométricas em idosos. .... 71 
Tabela 4: Análise de concordância do peso estimado pelo modelo desenvolvido com o peso 
observado e com o peso estimados por meio das equações propostas por Chumlea et al. 
(1988) e Rabito et al. (2008). .................................................................................................... 74 
CAPÍTULO 3 ...........................................................................................................................80 
Tabela 1: Caracterização da população idosa vivendo em Instituições de Longa Permanência.
 .................................................................................................................................................. 84 
Tabela 2: Equações preditivas de estatura para idosos residentes em Instituições de Longa 
Permanência.............................................................................................................................. 86 
Tabela 3: Análise de concordância da estatura estimada pela equação desenvolvida com a 
estatura observada e estatura estimada por meio das equações propostas por outros autores.. 88 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AGB = Área Gordurosa do Braço 
AIC = Critério de Informação de Akaike 
AJ = Altura do Joelho 
AVE = Acidente Vascular Encefálico 
CCI = Coeficiente de Correlação Intraclasse 
CEP = Comité de Ética em Pesquisa 
COVISA = Coordenadoria de Vigilância Sanitária 
CU = Comprimento da Ulna 
DCNT = Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
DCSE = Dobra Cutânea Subescapular 
DCT = Dobra Cutânea Tricipital 
DE = Demi-Envergadura 
E = Estatura Corporal 
EN = Estado Nutricional 
EPE = Erro Padrão de Estimativa 
ETM = Erro Técnico de Medição 
HE = Hemi-Envergadura 
IAM = Infarto Agudo do Miocárdio 
IC 95% = Intervalo de Confiança a 95% 
ILPI = Instituição de Longa Permanência para Idosos 
IMC = Índice de Massa Corporal 
NHANES III = The Third National Health and Nutrition Examination Survey 
P = Peso Corporal 
PB = Perímetro do Braço 
PC = Perímetro da Cintura 
PMB = Perímetro Muscular do braço 
PNSPI = Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 
POF = Pesquisa de Orçamentos Familiares 
PP = Perímetro da Panturrilha 
R² = Coeficiente de Determinação 
RAS = Redes de Atenção à Saúde 
RCQ = Relação Cintura-Quadril 
SABE = Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento 
SM = Salário Mínimo 
SUS = Sistema Único de Saúde 
TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
VMV = Valor Médio da Variável
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16 
2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 18 
2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO CONTEXTO DAS TRANSIÇÕES 
DEMOGRÁFICA, EPIDEMIOLÓGICA, ALIMENTAR E NUTRICIONAL ....................... 18 
2.2 ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO ............................................. 21 
2.3 ASPECTOS NUTRICIONAIS RELACIONADOS À PERDA DA FUNCIONALIDADE 
EM IDOSO ............................................................................................................................... 24 
2.3.1 Déficits nutricionais, baixo peso e monitoramento do estado nutricional para a vigilância 
do baixo peso ............................................................................................................................ 24 
2.3.2 Avaliação antropométrica ................................................................................................ 25 
2.3.4 Indicadores gerais de reserva proteico-energética ........................................................... 25 
2.3.5 Indicadores de muscularidade ......................................................................................... 28 
2.3.6 Indicadores de adiposidade e de distribuição de gordura corporal .................................. 28 
3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 32 
3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 32 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 32 
4 MÉTODO ......................................................................................................................... 33 
4.1. CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA .................................................................... 33 
4.2. ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................ 33 
4.3. PLANO AMOSTRAL ............................................................................................... 33 
4.4. COLETA DOS DADOS E VARIÁVEIS .................................................................. 36 
4.5. ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 39 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 42 
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 42 
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 63 
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 80 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 94 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 96 
APÊNDICE 1 ........................................................................................................................ 102 
APÊNDICE 2 ........................................................................................................................ 117 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 16 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O envelhecimento populacional brasileiro teve início no final da década de 1970. A 
partir de então, observou-se uma alteração na estrutura etária da população, com diminuição da 
base e incremento do topo da pirâmide populacional (GALOR, 2012). Aliado ao aumento da 
população idosa, observa-se no Brasil uma mudança na dinâmica das famílias, suporte social 
precário, baixa renda e aumento dos custos com a saúde, fatores que contribuem para a 
emergência das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) (ALVES-SILVA; 
SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013; DEL DUCA et al., 2012; SOUZA; INÁCIO, 2017) 
As mudanças demográficas, as quais determinam o surgimento das ILPI, ocorrem em 
concomitância com mudanças no perfil epidemiológico (OMRAN, 2001). As alterações 
observadas no Brasil levaram a uma mudança na carga de adoecimento, que está mais 
localizada nas Doenças Crônicas Não-Transmissíveis(DCNT), embora a experiência brasileira 
esteja incompleta, resultando na chamada polarização epidemiológica, com a persistência de 
algumas doenças e agravos infecciosos e transmissíveis (ARAÚJO, 2012). 
No âmbito nutricional, a polarização está relacionada a um crescimento dos excessos 
nutricionais e persistência de déficits nutricionais. Nos idosos, especialmente os 
institucionalizados, esses distúrbios nutricionais estão associados à síndrome da fragilidade, 
perdas cognitivas, funcionais e mortalidade (DIAS et al., 2016; OLIVEIRA, 2016; 
SÖDERSTRÖM et al., 2017; WINTER et al., 2014; WOO, 2016). Portanto, é importante o 
monitoramento do estado nutricional dos idosos institucionalizados, a fim de detectar 
precocemente possíveis alterações nutricionais e intervir em tempo hábil (INZITARI et al., 
2011). 
A antropometria constitui-se num método não invasivo e de fácil e rápida execução, 
principalmente em relação às medidas de peso e estatura (SCAFOGLIERI et al., 2014; 
UTKUALP; ERCAN, 2015). Em idosos, o estado nutricional antropométrico pode ser avaliado 
por meio de indicadores de reserva proteico-energética (Índice de Massa Corporal e perímetro 
do braço), de muscularidade (perímetro da panturrilha), de adiposidade (dobra cutânea tricipital 
e subescapular) e de distribuição da gorduracorporal (perímetro da cintura e relação cintura 
quadril) (MUSSOI, 2014). 
Os diferentes tipos de indicadores irão refletir diferentes perspectivas na análise do 
estado nutricional (MUSSOI, 2014). Nesse sentido, é importante realizar a avaliação do estado 
nutricional considerando todos as variáveis antropométricas conjuntamente, compreender quais 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 17 
 
variáveis antropométricas influenciam mais na sua constrição e analisar com que variáveis 
sociodemográficas, econômicas e de saúde o índice conjunto se associa. 
O principal indicador para avaliação do estado nutricional antropométrico de idosos é o 
Índice de Massa Corporal (IMC), o qual é um método simples e amplamente aceito. É aplicado 
em todo o mundo, e integra várias ferramentas de triagem nutricional, como o NRS 2002 
(Nutritional Risk Screening, 2002), MAN® (Mini Avaliação Nutricional) e MUST 
(Malnutrition Universal Screening Tool) (GRZEGORZEWSKA et al., 2016). 
Em idosos que não deambulam, as medidas que compõem o IMC devem ser estimadas 
a partir de equações de estimativa (RABITO et al., 2008). Estudos realizados em idosos 
institucionalizados em Natal-RN evidenciaram que os métodos de estimativa existentes 
atualmente não satisfazem critérios estatísticos de confiabilidade ou não são plausíveis de serem 
aplicados em idosos institucionalizados, frente às limitações do público alvo para seguir a 
técnica adequada de obtenção das medidas preditoras (LIMA et al., 2016; LIMA et al., 2018). 
Os idosos institucionalizados são um grupo vulnerável a distúrbios nutricionais, 
adoecimento e mortalidade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária normatiza como 
obrigatória para todas as ILPI a realização da avaliação mensal do estado nutricional dos 
residentes. Dessa maneira, faz-se mister uma avaliação do estado nutricional antropométrico 
com vistas ao monitoramento do envelhecer saudável nas ILPI a partir de métodos que 
considerem todos os diferentes tipos de indicadores antropométricos. É ainda necessário 
compreender como o estado nutricional antropométrico se associa com condições 
sociodemográficas e de saúde. Por fim, é imperioso o desenvolvimento e validação de métodos 
de estimativa de peso e estatura em idosos institucionalizados. Dessa maneira, pretende-se 
fornecer subsídios para o monitoramento do estado nutricional, para a realização de futuras 
intervenções nutricionais e para contribuir com recomendações quanto aos métodos para 
estimativa de peso e estatura. 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 18 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
Nas seções nas quais estão divididas esse capítulo, é realizada uma reflexão sobre o 
processo de envelhecimento da população brasileira e como tal processo pode influenciar no 
estado nutricional e implicar em uma necessidade de monitoramento do estado nutricional de 
idosos. 
Na primeira seção é apresentada uma abordagem sobre o envelhecimento no contexto 
da transição demográfica, epidemiológica, alimentar e nutricional. Ainda nessa seção, são 
expostas as características do processo de envelhecimento no Brasil, com destaque para a 
multimorbidade, a polarização epidemiológica, e como a alimentação pode influenciar o estado 
nutricional e contribuir para um padrão de multimorbidade associado a déficits nutricionais. 
A segunda seção é dedicada a discutir os aspectos associados ao envelhecimento 
populacional à dinâmica das famílias, que propiciam o surgimento das Instituições de Longa 
Permanência para Idosos (ILPI). Discutem-se, ainda, os tipos de ILPI existentes e suas 
contribuições para o aceleramento de perdas físicas e funcionais na população idosa 
institucionalizada. Ademais, é discutida a transição do cuidado e como os serviços de saúde 
devem estar preparados para atender a nova demanda do envelhecimento. 
A terceira seção destina-se a refletir sobre os déficits nutricionais observados na 
população idosa e como os serviços devem realizar o monitoramento do estado nutricional dos 
idosos sob seus cuidados. É elucidada a importância da antropometria como método para a 
realização de um monitoramento constante do estado nutricional e são apresentados os 
indicadores utilizados na avaliação antropométrica de idosos. 
 
 
2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO CONTEXTO DAS TRANSIÇÕES 
DEMOGRÁFICA, EPIDEMIOLÓGICA, ALIMENTAR E NUTRICIONAL 
 
 
Entende-se por transição demográfica o fenômeno populacional ocorrido primeiramente 
em países desenvolvidos e, mais recentemente, em países em desenvolvimento, caracterizado 
por um aumento da proporção de indivíduos idosos na população em detrimento dos indivíduos 
mais jovens. Essa alteração é explicada pela mudança de dois indicadores: a) queda na taxa de 
fecundidade; b) queda na taxa de mortalidade (GALOR, 2012; RIGOTTI, 2012). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 19 
 
A queda na taxa de fecundidade, ou seja, o menor número de filhos por mulher ao final 
do seu período fértil pode ser explicado pela inserção da mulher no mercado de trabalho e o 
surgimento e popularização dos métodos contraceptivos, enquanto a queda na taxa de 
mortalidade é explicada pelo desenvolvimento e socialização das tecnologias na área da saúde 
(GALOR, 2012; RIGOTTI, 2012; VASCONCELOS; GOMES, 2012). 
No âmbito da saúde pública, o direito constitucional à saúde, a criação do SUS com 
ênfase na atenção primária, e as ações voltadas à saúde materno-infantil foram responsáveis 
pelo aumento da expectativa de vida e redução da taxa de mortalidade (MENDES et al., 2012). 
Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística estimam que a população 
brasileira em 2019 chegue a 210.147.125 habitantes. Desses, 13,85% serão indivíduos com 60 
anos ou mais. Dados do censo realizado em 2010 evidenciavam 10,71% da população composta 
por idosos. Para 2030 e 2050 estima-se, respectivamente, 18,73% e 28,43% de idosos no Brasil 
(BRASIL, 2012). 
Esse rápido envelhecimento que o Brasil está passando faz surgir demandas sociais e de 
saúde que o Estado e a sociedade devem se preocupar em atender. Uma dessas demandas está 
relacionada à mudança no perfil de adoecimento da população, fenômeno conhecido por 
transição epidemiológica (ARAÚJO, 2012). 
A transição epidemiológica brasileira é caracterizada pela mudança no perfil de 
morbimortalidade, que vem se deslocando das doenças infecciosas e parasitárias para se 
concentrar nas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (ARAÚJO, 2012). Segundo dados 
do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), em 2017, 44% dos óbitos registrados 
tiveram como causa as doenças do aparelho circulatório (27,2%) e neoplasias (16,8%) 
(BRASIL, 2019). Coorte do projeto SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento) identificou 
que, de 2000 a 2010, a prevalência de doenças cardiovasculares em idosos do município de São 
Paulo aumentou de 17,9% para 22,9% (MASSA; DUARTE; CHIAVEGATTO FILHO, 2019). 
Essa mudança no perfil de morbimortalidade ocorre em consequência da mudança 
demográfica. Se a população não está mais tão vulnerável quanto antes a doenças infecciosas e 
parasitárias, esta vive mais, o que reflete no aumento da expectativa de vida. Logo, se a 
população vive mais, a mesma passa mais tempo exposta a fatores de risco que, em longo prazo, 
aumentam o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis (HODES et al., 
2016). 
Com o aumento do risco de desenvolvimento de DCNT, observa-se a emergência de 
problemas que não eram tão prevalentes há meio século. Doenças como hipertensão, diabetes 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validaçãode equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 20 
 
mellitus, neoplasias, doenças osteoarticulares e degenerativas apresentam-se como desafios à 
saúde pública, considerando a abrangência que estão tomando e o impacto em indicadores de 
custos com saúde e potencial de anos perdidos (HODES et al., 2016). O desafio atual na 
Gerontologia é trabalhar a promoção da saúde no envelhecimento saudável, e o adoecimento 
na perspectiva do aumento da carga de doenças da população brasileira. 
Contudo, o envelhecimento populacional brasileiro não é uniforme, e segue um padrão 
semelhante ao de países subdesenvolvidos (AGYEI-MENSAH; DE-GRAFT AIKINS, 2010; 
LEBRÃO, 2007). A polarização epidemiológica é uma característica de um processo de 
transição incompleto. O que se observa na população idosa brasileira é uma carga de 
multimorbidade e fragilidade relacionada às DCNT em um polo e, em outro, às doenças 
infecciosas e transmissíveis. O adoecimento e a mortalidade associados às DCNT estão 
concentrados nas doenças cardiovasculares, neoplasias e diabetes mellitus, ao passo que o 
adoecimento e mortalidade associados às doenças infecciosas estão relacionados, 
principalmente, às doenças respiratórias e arboviroses (DUARTE; BARRETO, 2012; BRASIL, 
2019). 
O envelhecimento afeta o estado nutricional por razões senis (patológicas) ou 
senescentes (fisiológicas) (WACHHOLZ; RODRIGUES; YAMANE, 2012). Redução da 
eficiência dos órgãos do sentido, edentulismo, constipação intestinal e deficiência nos processos 
de absorção e eliminação levam às alterações no estado nutricional (SPEROTTO; SPINELLI, 
2010; WACHHOLZ; RODRIGUES; YAMANE, 2012). 
A desnutrição está intimamente relacionada a doenças prevalentes no envelhecimento, 
à susceptibilidade às infecções, à redução da qualidade de vida, a síndrome da fragilidade e ao 
aumento da mortalidade em idosos (ASSUMPÇÃO et al., 2018; SPEROTTO; SPINELLI, 
2010). A obesidade, por sua vez, favorece a ocorrência de diabetes tipo 2, hipertensão arterial, 
doenças da vesícula biliar e algumas formas de câncer. Nos idosos, esses fatores de risco estão 
relacionados com o aumento do risco de acidente vascular encefálico (AVE) e infarto agudo do 
miocárdio (IAM). Além disso, o excesso de peso favorece à incidência de doenças respiratórias, 
problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor (BECKERT; IRIGARAY; 
TRENTINI, 2012; CABREIRA; MARCUZZO; KIRSTEN, 2008). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 21 
 
2.2 ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO 
 
O processo de transição demográfica acarretou mudanças etárias e epidemiológicas em 
todo país, produzindo demandas que requerem respostas das políticas sociais, implicando em 
novas formas de cuidado, em especial aos cuidados prolongados e à atenção domiciliar 
(BRASIL, 2018). No Brasil, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) tem por 
finalidade primordial promover, manter e recuperar a autonomia e a independência dos 
indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde, em consonância com 
os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006). 
O trabalho em rede; a integração entre os diferentes pontos de atenção; a identificação 
dos pontos de atenção estratégicos na Atenção Básica e na especializada e a importância da 
articulação intersetorial são elencados como conceitos chave voltados à atenção integral à saúde 
do idoso (BRASIL, 2014). 
Em 2018 foi lançado pelo Ministério da Saúde as “Orientações técnicas para a 
implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema 
Único de Saúde – SUS". O documento trabalha na lógica das Redes de Atenção à Saúde (RAS). 
Como tal, compreende a articulação intersetorial para atenção integral sendo composta por 
serviços de a) atenção básica; b) atenção domiciliar; c) atenção especializada ambulatorial e 
hospitalar; d) atenção às urgências e emergências; e) cuidados prolongados e f) cuidados 
paliativos (BRASIL, 2018). 
Estudo realizado com idosos do Programa Saúde da Família (PSF) no Município de 
Santos, evidenciou que os idosos encontram dificuldades de lidar com os problemas de ordem 
social e psicológica porque os serviços não possuem uma equipe multiprofissional com 
assistente social, psicólogo, fisioterapeuta e nutricionista. Portanto, não existe uma rede de 
suporte em saúde estruturada adequadamente para atender os idosos (DA COSTA; CIOSAK, 
2010). 
Muito embora exista a Linha de Cuidado para Atenção Integral à Pessoa Idosa, é 
mantida uma lógica hospitalocêntrica (GUEDES et al., 2017). Na perspectiva da Atenção 
Integral à Pessoa Idosa, uma das dimensões é a convivência familiar e comunitária, traduzida 
por apoio social. Esse apoio social pode ser dar pelo meio familiar e pelos serviços 
socioassistenciais. Esses serviços são divididos em Serviços da Proteção Social Básica (PSB) e 
Serviços da Proteção Social Especial (PSE). Nesse último têm-se os serviços de média e de alta 
complexidade (BRASIL, 2018). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 22 
 
Os serviços de acolhimento institucional correspondem às Casa-Lares (unidades 
residenciais de até dez idosos) e Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) (até 
quatro idosos por quarto). Nesses serviços, a natureza do acolhimento deverá ser provisória e, 
excepcionalmente, de longa permanência, quando esgotadas todas as possibilidades de 
autossustento e convívio com os familiares. É previsto para idosos que não dispõem de 
condições para permanecer com a família, com vivência de situações de violência e negligência, 
em situação de rua e de abandono, e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos 
(BRASIL, 2018). 
Há três tipos de instituições de longa permanência para idosos no Brasil: a) privada sem 
fins lucrativos; b) privada com fins lucrativos; c) públicas. As ILPI privadas sem fins lucrativos 
costumam ser as mais antigas e têm por característica terem funcionado como abrigo para 
idosos e pessoas com problemas mentais. Após a Resolução da Diretoria Colegiada 283/2005 
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, tiveram que se adaptar às exigências de uma ILPI 
(BRASIL, 2005). São locais que funcionam com 70% do rendimento do idoso residente, 
acrescido de doações de parceiros e da comunidade, e têm grande dificuldade financeira, além 
de se caracterizarem pela longa fila de espera para institucionalização de novos residentes. 
Atendem à população mais carente, e que não tem cuidado familiar, geralmente são mulheres 
solteiras ou viúvas, que não tiveram emprego formal, e que não tem cuidado familiar 
(CAMARGOS, 2014; LINI; PORTELLA; DORING, 2016; OLIVEIRA; ROZENDO, 2014). 
As ILPI privadas com fins lucrativos constituem a modalidade que mais cresce no país. 
Essas instituições estão presentes, principalmente, nos grandes centros urbanos. Apresentam 
características das mais distintas, desde a cobrança de mensalidades em torno de quatro salários 
mínimos, até instituições de luxo, que cobram valores próximos a oito salários mínimos 
(FREIRE; MENDONÇA; COSTA, 2013). Além disso, costumam, por conta da concorrência, 
ter um serviço diferenciado, ofertando variedade na alimentação, melhores instalações físicas e 
mais atividades na rotina diária. Geralmente, a característica principal dos idosos são mulheres 
viúvas, com filhos bem-sucedidos financeiramente, que tiveram emprego formal. Nesse tipo de 
ILPI, apenas o adoecimento tem se apresentado como determinante da institucionalização 
(CAMARGOS, 2014; PINHEIRO et al., 2016). 
As ILPI públicas são as menos presentes em território nacional. Como não há 
obrigatoriedade do Estado em prover condições adequadas para a institucionalizaçãode idosos, 
há pouquíssimas instituições dessa modalidade no Brasil. Na maior parte das vezes, o Estado, 
para tentar suprir a sua ausência, distribui verbas financeiras às ILPI privadas sem fins 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 23 
 
lucrativos. Assim, costumam atender o mesmo público das instituições privadas sem fins 
lucrativos (CAMARGOS, 2014; CHAIMOWICZ; GRECO, 1999). 
Em 2013, em Natal-RN, havia 14 ILPI cadastradas na Coordenadoria de Vigilância 
Sanitária (COVISA). Dessas, cinco eram privadas sem fins lucrativos e nove com fins 
lucrativos, não existindo nenhuma pública. Em 2019, o número de ILPI com fins lucrativos 
aumentou para 14, com um incremento de cerca de 150%, sem alteração do número de 
instituições sem fins lucrativos. Estudo realizado em Brasília em 2012 projetou um crescimento 
do número de idosos institucionalizados atrelado ao incremento do número de ILPI (FREIRE; 
MENDONÇA; COSTA, 2013). Neste sentido, se por um lado o aumento de ILPI está 
relacionado à demanda, por outro lado há uma forte lógica mercadológica, levando a um 
“business do envelhecimento”, que pode ser verificado em Natal-RN e, muito provavelmente, 
em outras localidades do Brasil. 
A institucionalização de idosos, conquanto socialmente necessária, favorece à 
aceleração das perdas físicas e funcionais, afetando a autonomia e independência dos idosos 
(BALDIN; MARCOLINO-GALLI, 2014; GONZALEZ-COLAÇO HARMAND et al., 2014; 
SOUZA; INÁCIO, 2017). É comum que, com o processo de institucionalização, o idoso tenha 
que se adaptar a uma nova rotina e regras de um novo lar, no qual ele está com pessoas que não 
escolheu estar. Além disso, a falta de autonomia sobre o que e quando comer, assistir e fazer 
pode levar o indivíduo a um estado de negação da sua condição atual, induzindo-o a um 
isolamento e confinamento. Esse isolamento, aliado à diminuição da atividade física 
potencializa as perdas funcionais e cognitivas, afetando mais ainda a autonomia e 
independência, levando a um ciclo de incapacidades (BALDIN; MARCOLINO-GALLI, 2014; 
GONZALEZ-COLAÇO HARMAND et al., 2014; SOUZA; INÁCIO, 2017). 
Portanto, segundo Souza; Inácio (2017) há “necessidade de se repensar as perspectivas 
e práticas inerentes às instituições de longa permanência (ILPI), no sentido de transformar 
positivamente esses espaços e oferecer ao idoso institucionalizado um cuidado que promova 
bem-estar biopsicossocial”. 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 24 
 
2.3 ASPECTOS NUTRICIONAIS RELACIONADOS À PERDA DA FUNCIONALIDADE 
EM IDOSO 
 
2.3.1 Déficits nutricionais, baixo peso e monitoramento do estado nutricional para a vigilância 
do baixo peso 
 
Os déficits nutricionais são desfechos de maior prevalência em populações idosas em 
comparação com outras faixas etárias. Estudo realizado com 20.114 idosos da Pesquisa de 
Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009, identificou prevalências de baixo peso de 19,9% em 
idosos do sexo masculino e de 18,2% em idosos do sexo feminino. A prevalência foi crescente 
de acordo com a faixa etária do idoso, sendo observada uma prevalência de 26,3% de baixo 
peso em idosos com 80 anos ou mais. Observou-se, ainda, maior prevalência entre aqueles 
idosos pertencentes a estratos de menor renda, em residentes em domicílios rurais, em 
residentes da região Nordeste, em idosos sem escolaridade formal e em idosos que moravam 
sozinhos (PEREIRA; SPYRIDES; ANDRADE, 2016). 
A perda de peso é um dos itens que compõem o fenótipo da fragilidade, ferramenta 
utilizada para a avaliação da fragilidade em idosos. Além do baixo peso, o fenótipo é composto 
por informações como exaustão, baixo nível de atividade física, fraqueza muscular e lentidão 
na marcha (DIAS et al., 2016). Estudo realizado com idosos institucionalizados do município 
de Natal/RN identificou os seguintes fatores prognósticos associados à mortalidade e 
encontrou: idade ≥ 75 anos, perímetro da panturrilha inferior a 31cm, alimentação por sonda, 
alimentação pastosa, restrição de mobilidade, sexo masculino e polifarmácia. Nesse sentido, a 
autora conclui que a recuperação do estado nutricional e adequação na prescrição de alimentos 
são medidas que podem prolongar a vida de idosos institucionalizados (OLIVEIRA, 2016). 
Uma vez que os déficits nutricionais são desfechos de prevalência elevada em idosos, e 
estão relacionados ao aumento da mortalidade, faz-se necessário um monitoramento constante 
do estado nutricional dos idosos, a fim de identificar precocemente o risco de desnutrição e, 
assim, iniciar uma conduta no sentido de reverter a tendência de declínio ponderal (INZITARI 
et al., 2011). 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 25 
 
2.3.2 Avaliação antropométrica 
 
Dentre os métodos de avaliação do estado nutricional, a antropometria destaca-se por 
ser um método pouco invasivo, de baixo custo e que proporciona obtenção rápida de resultados 
com uso de equipamentos de fácil aquisição e manipulação. Ressalta-se, contudo, que a 
mensuração das medidas deve ser realizada por profissionais capacitados, assim como 
utilizados equipamentos calibrados para evitar erros (ACUÑA; CRUZ, 2004; CHUMLEA et 
al., 1998). 
Os indicadores antropométricos para avaliação do estado nutricional se dividem em 
indicadores gerais de reserva proteico-energética, de muscularidade e de adiposidade e 
distribuição de gordura corporal. Na população idosa, há algumas peculiaridades em relação à 
pontos de corte e valores de referência em comparação com a população adulta. Contudo, nessa 
população, não há um consenso quanto ao ponto de corte da maior parte dos indicadores. 
 
2.3.4 Indicadores gerais de reserva proteico-energética 
 
No rol dos indicadores gerais de reserva proteico-energética, encontram-se o Índice de 
Massa Corporal (IMC) e o Perímetro do Braço (PB). O IMC é bastante utilizado por produzir 
informações básicas das variações físicas dos indivíduos, possibilitando a classificação em 
graus de nutrição e permite boa correlação com indicadores de morbimortalidade 
(GRZEGORZEWSKA et al., 2016; PEREIRA; SPYRIDES; ANDRADE, 2016). 
Esse indicador é calculado a partir das medidas de peso e estatura, as principais medidas 
utilizadas na avaliação nutricional antropométrica de idosos. Além de ser um indicador do 
estado nutricional, o peso corporal é necessário para prescrição medicamentosa e dietética. Sem 
essa medida não é possível estimar gasto energético e necessidade de macronutrientes 
(RABITO et al., 2008). Contudo, em idosos com restrição de mobilidade, dificilmente essas 
medidas podem não ser mensuradas seguindo a técnica padronizada. A medição é dificultada 
devido às perdas musculares, que levam às alterações na mobilidade e dificuldade de equilíbrio, 
impossibilitando a tomada da medida em uma balança convencional. A estimativa de peso pode 
ser realizada a partir de métodos que incluem medidas antropométricas como altura do joelho, 
perímetros e dobras cutâneas, além do sexo e idade dos indivíduos (CHUMLEA et al., 1988; 
RABITO et al., 2008). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 26 
 
Estudo realizado por Lima et al. (2016) com idosos institucionalizados em Natal-RN, 
com metodologia de análise de concordância, mostrou que a equação de Rabito et al. (2008) foi 
a de melhor aplicabilidade, considerando ambos os sexos, os estratos de faixa etária (60 a 69 
anos, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais) e a restrição de mobilidade. Contudo, os autores 
ressaltaram na avaliação qualitativa das equações que as medidasantropométricas que utilizam 
a parte posterior do corpo (dobra cutânea subescapular e perímetro da cintura) são de difícil 
replicabilidade. Portanto, recomenda-se que um método de estimativa de peso utilize-se de 
outras medidas antropométricas. 
Além da medida do peso para o cálculo do IMC, é necessária a estatura. Essa medida 
representa o potencial genético de crescimento vertical linear associado a condições ambientais. 
Em populações com condições ambientais mais desfavoráveis (dificuldades no acesso à saúde, 
nutrição inadequada, desigualdade de renda, deficiência no cuidado e afetividade), a população 
apresenta menor estatura média (CURI; MENEZES FILHO, 2008; VARGAS; ARENA; 
SONCINI, 2010). Na população idosa, ocorre redução estatural a partir dos 40 anos, cerca de 
1,0 a 2,5 cm por década, sendo mais acentuada em idades avançadas. Essa redução é decorrente 
das alterações morfológicas que ocorrem no processo de envelhecimento, como o aumento da 
curvatura da coluna e achatamento dos discos intervertebrais (CHUMLEA; ROCHE; 
STEINBAUGH, 1985). 
A estimativa da estatura pode ser realizada a partir de equações que incluem a altura do 
joelho, meia envergadura do braço ou comprimento da ulna. Contudo, em virtude da rigidez 
articular, o posicionamento adequado torna-se dificultado para a identificação das duas últimas 
medidas. Além disso, a altura do joelho é a medida que melhor se correlaciona com a estatura 
em idosos (CHUMLEA; ROCHE; STEINBAUGH, 1985; KWOK; WHITELAW, 1991; LIMA 
et al., 2018; MALNUTRITION ADVISORY GROUP (MAG). MAG, 2011; RABITO et al., 
2008). 
Estudo realizado por Lima et al, (2018) com idosos institucionalizados em Natal-RN 
mostrou que a equação de Bermúdez et al., (1999), comparada com outros métodos, foi a única 
estatisticamente aplicável para o sexo masculino e para a faixa etária de 60 a 69 anos. Nos 
grupos do sexo feminino, e pessoas com faixa etária de 70 a 79 anos e 80 anos ou mais não 
houve nenhum método estatisticamente válido (LIMA et al., 2018). 
De posse dos valores das medidas de peso e estatura, é possível calcular o IMC, que é 
classificado de maneira diferenciada em relação aos adultos. A classificação mais utilizada 
apresenta maior sensibilidade para o diagnóstico de déficit de peso e maior especificidade para 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 27 
 
excesso de peso (LIPSCHITZ, 1994). Utiliza-se essa classificação como padrão uma vez que, 
pela maior sensibilidade ao déficit ponderal, tem-se uma ferramenta que subsidia uma 
intervenção precoce para manutenção do estado nutricional (SOUZA et al., 2013b). 
O outro indicador geral de reserva proteico-energética é o perímetro do braço. Esse 
indicador leva em consideração tudo que compõe uma secção horizontal do braço (pele, gordura 
subcutânea, músculo e osso) (WHO, 1995). Nesse sentido, o aumento dos componentes de 
gordura ou músculo implica em um aumento do perímetro, portanto, não é uma medida para 
ser avaliada de maneira isolada. 
Quando empregada para esse propósito, a medida do perímetro do braço é realizada 
segundo o protocolo proposto por Lohman et al., (1988) e classificada pelos percentis e pontos 
de corte sugeridos por Frisancho (1990); ou pelos percentis apresentados pelo NHANES III 
(The Third National Health and Nutrition Examination Survey) (1988-1994) e pontos de corte 
apresentados por Kuczmarski (KUCZMARSKI; KUCZMARSKI; NAJJAR, 2000; LOHMAN; 
ROCHE; MARTORELL, 1988). A classificação seguindo os pontos de corte de Frisancho 
(1990) é a mesma de adultos, contudo só consideram idosos até os 74,9 anos de idade, deixando 
à margem a crescente proporção de idosos sobrenvelhecidos. Portanto, costuma-se utilizar na 
prática clínica e em estudos epidemiológicos os percentis propostos por NHANES III (1988-
1994) e pontos de corte de Kuczmarski, pois apresentam três faixas etárias: 60 a 69 anos, 70 a 
79 anos e 80 anos ou mais (KUCZMARSKI; KUCZMARSKI; NAJJAR, 2000). 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 28 
 
2.3.5 Indicadores de muscularidade 
 
Em relação aos indicadores de muscularidade, observa-se em idosos apenas a utilização 
do perímetro muscular do braço (PMB) e do perímetro da panturrilha (PP). Em relação ao 
perímetro muscular do braço, esse indicador é calculado a partir das medidas de perímetro do 
braço e dobra cutânea tricipital. É um indicador que busca excluir o componente de gordura 
para uma avaliação mais precisa da muscularidade. Assim como o perímetro do braço, é 
classificado pelos percentis e pontos de corte propostos por Frisancho (1990) ou pelos percentis 
de NHANES III (1988-1994) e pontos de corte de Kuczmarski (KUCZMARSKI; 
KUCZMARSKI; NAJJAR, 2000; LOHMAN; ROCHE; MARTORELL, 1988). 
A medida de PP é o mais sensível marcador de massa muscular em idosos. É uma 
medida que indica alterações na massa magra que ocorrem com o aumento da idade e 
decréscimo da atividade física (PORTERO-MCLELLAN et al., 2010). É realizada segundo o 
protocolo de Lohman et al., (1988) e classificada levando em consideração que valores abaixo 
de 31 cm são indicativos de perda de massa muscular (LOHMAN; ROCHE; MARTORELL, 
1988; PHYSICAL STATUS: THE USE AND INTERPRETATION OF ANTHROPOMETRY, 
1995). 
Estudos mostram que baixo valor de PP se relaciona com piores desfechos clínicos em 
idosos hospitalizados (MELLO; SILVA; WAISBERG, 2016), é marcador para diagnóstico de 
sarcopenia (KIM et al., 2018), mortalidade (TSAI; CHANG, 2011; TSAI; LAI; CHANG, 2012) 
e perda de muscularidade (AKIN et al., 2015; BARBOSA-SILVA et al., 2016; KAWAKAMI 
et al., 2015; ROLLAND et al., 2003). A classificação atual, contudo, não leva em consideração 
sexo ou faixa etária. Estudo realizado por Pagotto et al., (2017) determinaram um novo ponto 
de corte, de 34 cm para mulheres e 33 cm para homens. Os autores relataram que esse ponto de 
corte apresentou maior capacidade em predizer a massa muscular diminuída. 
 
2.3.6 Indicadores de adiposidade e de distribuição de gordura corporal 
 
Quanto aos indicadores de adiposidade, os mais empregados são a Área Gordurosa do 
Braço (AGB) e Dobra Cutânea Tricipital (DCT). A AGB é calculada a partir das medidas de 
perímetro do braço e dobra cutânea tricipital, retirando a muscularidade do cômputo. A 
classificação se dá apenas pelos percentis e pontos de corte de Frisancho (1990). Assim sendo, 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 29 
 
só há classificação para idosos até os 74,9 anos de idade, constituindo uma limitação 
considerável ao uso desse indicador para a população idosa na atualidade. 
A DCT é mensurada com um adipômetro e avalia a gordura na região subcutânea na 
altura da musculatura tricipital. Assim como os demais indicadores, é classificada pelos 
percentis e pontos de corte sugeridos por Frisancho (1990) ou pelos percentis de NHANES III 
(1988-1994) e pontos de corte de Kuczmarski (KUCZMARSKI; KUCZMARSKI; NAJJAR, 
2000; LOHMAN; ROCHE; MARTORELL, 1988). 
Dentre os indicadores de distribuição de gordura corporal em idosos, são trabalhados o 
Perímetro da Cintura (PC) e a Razão Cintura-Quadril (RCQ). Têm a finalidade de medir o risco 
cardiovascular, uma vez que o aumento da quantidade de gordura na região visceral apresenta 
correlação positiva com o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (WHO, 1995). 
O PC é o indicador mais utilizado. É medido no ponto médio entre a última costela fixa 
e borda superior da crista ilíaca na linha axilar média (LOHMAN; ROCHE; MARTORELL, 
1988). A Razão Cintura-Quadril corresponde a uma divisão entre o valor do Perímetro da 
Cintura e o valor do Perímetro do Quadril (PQ)em centímetros. O perímetro do quadril 
corresponde à medida realizada lateralmente ao corpo do avaliado, na maior protuberância da 
região glútea (LOHMAN; ROCHE; MARTORELL, 1988). A classificação de ambos os 
indicadores segue os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2000). Essa classificação é a mesma utilizada para adultos, ou seja, não há 
um padrão específico para a população idosa. 
Observa-se, portanto, uma série de indicadores que medem aspectos diferentes da 
composição corporal do avaliado (quadro 1). Nesse sentido, há lacuna na literatura acerca de 
avaliação do estado nutricional de idosos trabalhando-se um constructo dos diferentes tipos de 
indicadores e associando esse constructo com variáveis sociodemográficas e de saúde. 
Ademais, diante da importância da aplicabilidade de métodos antropométricos para detectar 
precocemente possíveis alterações no estado nutricional em idosos institucionalizados, esse 
trabalho se justifica na medida em que se observa carência de informações a respeito de 
equações validadas para as estimativas de peso e estatura de idosos residentes em ILPI. 
 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 30 
 
Quadro 1 – Indicadores de avaliação do estado nutricional antropométrico de idosos. 
Indicador Medidas 
antropométricas 
Classificação 
de referência 
Limitação 
Indicador de reserva proteico-energética 
IMC Peso e estatura 
LIPSCHITZ, 
1994 
Impossibilidade de medição em idosos 
com restrição de mobilidade 
Perímetro 
do braço 
PB 
NHANES III 
1988-1994 ou 
FRISANCHO, 
1990 
NHANES III 1998-1994: População 
norte-americana 
FRISANCHO, 1990: Idade limite de 
74,9 anos 
Indicador de muscularidade 
PP PP WHO, 1995 
Ponto de corte de 31 cm não é 
diferenciado por sexo ou idade. 
PMB PB e DCT 
NHANES III 
1988-1994 ou 
FRISANCHO, 
1990 
NHANES III 1998-1994: População 
norte-americana 
FRISANCHO, 1990: Idade limite de 
74,9 anos 
Indicador de quantidade de adiposidade 
AGB PB e DCT 
FRISANCHO, 
1990 
FRISANCHO, 1990: Idade limite de 
74,9 anos 
DCT DCT 
NHANES III 
1988-1994 ou 
FRISANCHO, 
1990 
NHANES III 1998-1994: População 
norte-americana 
FRISANCHO, 1990: Idade limite de 
74,9 anos 
Indicador de distribuição de adiposidade 
PC PC WHO, 2000 
Impossibilidade de medição em idosos 
com restrição de mobilidade 
RCQ PC e PQ WHO, 2000 
Impossibilidade de medição em idosos 
com restrição de mobilidade 
Legenda: IMC: índice de massa corporal; PB: perímetro do braço; PP: perímetro da 
panturrilha; PMB: perímetro muscular do braço; PC: perímetro da cintura; AGB: área 
gordurosa do braço; DCT: dobra cutânea tricipital; RCQ: relação cintura-quadril. 
 
 
A figura 1 mostra o modelo teórico do estudo. É possível observar a problemática do 
estudo surgindo a partir das transições que levam ao processo de envelhecimento, os problemas 
nutricionais característicos de uma polarização epidemiológica, a importância da avaliação do 
estado nutricional, os tipos de indicadores antropométricos utilizados na avaliação do estado 
nutricional de idosos e as dificuldades relacionadas à restrição de mobilidade, evidenciando os 
métodos de estimativa de peso e estatura e os diversos indicadores antropométricos que avaliam 
aspectos diferenciados da composição corporal dos idosos. 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 31 
 
Figura 1 – Modelo teórico do presente estudo. 
 
 
Legenda: IMC: Índice de Massa Corporal; PMB: Perímetro Muscular do Braço; AGB: Área 
Gordurosa do Braço; PP: perímetro da panturrilha; PC: perímetro da cintura; DCT: dobra 
cutânea tricipital; DCSE: dobra cutânea suprailíaca; RCQ: relação cintura-quadril 
 
 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 32 
 
3 OBJETIVOS 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
Analisar o estado nutricional antropométrico, desenvolver e validar equações para 
estimativa de peso e estatura em idosos institucionalizados. 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
a) Avaliar o estado nutricional antropométrico e associá-lo com condições sociodemográficas, 
econômicas e de saúde em idosos institucionalizados. 
b) Desenvolver e validar equações para estimativa de peso para idosos institucionalizados. 
c) Desenvolver e validar equações para estimativa de estatura para idosos institucionalizados. 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 33 
 
4 MÉTODO 
 
4.1.CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA 
A pesquisa caracterizou-se por ter os idosos residentes em ILPI no município de 
Natal/RN como unidade de observação e análise. Com relação à posição do investigador, foi 
observacional, e no que diz respeito à dimensão temporal, caracterizou-se como sendo 
transversal, uma vez que a produção do dado realizou-se em um único momento no tempo 
(ROUQUAYROL, 2018). 
 
4.2.ASPECTOS ÉTICOS 
O estudo é vinculado a dois projetos de pesquisa: a) “Envelhecimento humano e saúde 
- a realidade dos idosos institucionalizados da cidade do Natal/RN”, financiado pela Fundação 
de Apoio à Pesquisa do RN, por meio do edital 003/2011. O projeto foi submetido ao Comitê 
de Ética em Pesquisa (Comitê Central) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo 
aprovado sob o número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 
0290.0.051.000-11, parecer número 308/2012. b) “Perfil antropométrico e de consumo 
alimentar de idosos institucionalizados: desenvolvimento e validação de métodos de 
estimativa”. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário 
Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - HUOL/UFRN, sob registro 
do CAAE, número 84319418.5.0000.5292, parecer, número 2.731.187/2018. 
Os indivíduos, bem como os responsáveis pelas Instituições, receberam instruções a 
respeito da pesquisa e só foram incluídos aqueles que assinaram o Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido - TCLE, conforme determina o Conselho Nacional de Saúde por meio da 
resolução 466/12 (BRASIL, 2012). 
 
4.3.PLANO AMOSTRAL 
Para responder o objetivo de avaliar o estado nutricional dos idosos por meio de um 
índice, para desenvolver as equações preditivas para peso e desenvolver e validar as equações 
estimativas de estatura participaram da pesquisa 10 ILPI cadastradas como tal na Coordenadoria 
de Vigilância Sanitária (COVISA) do município de Natal/RN, no período de outubro/2013 a 
junho/2014. A população do estudo consistiu em todos os idosos residentes nas ILPI, que 
estivessem presentes no momento da coleta de dados. Em relação aos critérios de elegibilidade, 
foram incluídos os residentes em ILPI com idade igual ou superior a 60 anos. Os critérios de 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 34 
 
exclusão compreenderam os indivíduos com membros amputados ou incapacidade física que 
impossibilitasse a mensuração das medidas antropométricas, como presença de úlceras de 
pressão sacrais e pós-operatório de ortopedia. 
Denominou-se etapa 1, a coleta dos dados referentes ao período de 2013-2014. A 
população do estudo correspondeu a 337 idosos residentes em 10 instituições participantes da 
pesquisa. Desse total, 15 recusaram participação e 7 não foram incluídos por apresentarem 
membros amputados ou presença de úlceras de pressão sacrais e pós-operatório de ortopedia. 
Participaram, portanto, 315 adultos idosos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 
anos, de acordo com a classificação preconizada pela OrganizaçãoMundial da Saúde (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2000) e adotada no Brasil (figura 2). 
A etapa 2 correspondeu a coleta dos dados realizada entre 2018-2019. Para a validação 
das equações de peso participaram quatro ILPI da região metropolitana do município de 
Natal/RN, no período de dezembro/2018 a março/2019. Foi realizada avaliação antropométrica 
com os idosos residentes nas ILPI. Os critérios de elegibilidade compreenderam os mesmos 
aplicados na etapa de desenvolvimento das equações de estimativa. O número de residentes no 
início da coleta de dados era de 138 idosos nas 4 ILPI participantes, correspondendo ao universo 
populacional. Quatro idosos recusaram a participação e com um idoso não foi possível coletar 
os dados antropométricos, resultando em 133 idosos. (figura 2). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos ins titucionalizados 35 
 
 
Figura 2 – Diagrama do processo de recrutamento de seleção de indivíduos do estudo. 
 
 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 36 
 
4.4.COLETA DOS DADOS E VARIÁVEIS 
 
Para responder o objetivo de avaliar o estado nutricional dos idosos por meio de um 
índice foram coletados dados sociodemográficos (sexo, faixa etária, cor/raça, escolaridade), 
econômicas (tipo de ILPI), de saúde (restrição de mobilidade) e antropométricos. A coleta de 
dados referente às variáveis sociodemográficas, econômicas e estilo de vida foi realizada 
mediante a análise do banco de dados da pesquisa Envelhecimento Humano e Saúde, ao qual 
este projeto está vinculado. 
Para desenvolver as equações preditivas para peso e desenvolver e validar as equações 
estimativas de estatura foi realizada coleta dos dados com o auxílio de uma equipe técnica 
composta por dois antropometristas nutricionistas e discentes do curso de Pós-Graduação em 
Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, dentre os quais, o autor do 
presente estudo. Os antropometristas passaram por uma capacitação prévia, visando minimizar 
os erros intra e inter examinadores. 
Foram elaborados formulários de registro para coleta de informações. Para a avaliação 
antropométrica foram realizadas as seguintes medidas: perímetro do braço (PB), da panturrilha 
(PP) e cintura (PC), dobra cutânea subescapular (DCSE) e tricipital (DCT), altura do joelho 
(AJ), comprimento da ulna (CU), hemi-envergadura (HE) e demi-envergadura (DE). 
Todas as avaliações foram realizadas no plano sagital direito, salvo exceções (curativos, 
feridas ou imobilidade dos membros) que impossibilitaram a tomada da medida neste lado. Foi 
elaborado o “Manual de capacitação para procedimentos antropométricos em idosos” (apêndice 
1), que elencava o protocolo para mensuração das medidas antropométricas. As medidas foram 
coletadas seguindo o protocolo de Lohman et al. (1988). 
Essas medidas foram realizadas com o auxílio de uma trena antropométrica (SANNY®) 
de 150 cm para as medidas de perímetros; um adipômetro científico do tipo Lange®, com 
precisão de 1,0 mm para as dobras cutâneas; e um antropômetro de 100 cm para a altura do 
joelho. Todos os equipamentos foram aferidos previamente à calibração dos antropometristas, 
a fim de verificar assegurar a precisão das medidas. 
Além dessas medidas, foi mensurado o peso corpóreo nos idosos que deambulavam, a 
partir de uma balança eletrônica da marca Balmak®, com capacidade de 300 kg e precisão de 
50g. Nos idosos acamados, mensurou-se o peso a partir de uma balança com quatro células de 
pesagem (SECA® 985 - Balança de cama e diálise eletrônicas com carrinho de equipamento), 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 37 
 
que foram posicionadas em cada “pé” da cama, sendo deduzido o peso do idoso pela função 
pré-tara. 
A medida da estatura foi realizada somente nos idosos sem restrição de mobilidade, por 
meio do estadiômetro portátil Caumaq® de 1,0 mm de precisão e base antiderrapante. 
Posicionou-se o indivíduo no centro e abaixo do equipamento com a cabeça em plano de 
Frankfurt e livre de adereços e realizou-se a leitura da estatura com o indivíduo ainda 
posicionado, sem soltar a parte móvel do equipamento. 
A calibração intra e inter examinador foi realizada antes do início da coleta de dados e 
durante a coleta, reexaminando-se aleatoriamente 1 a cada 10 indivíduos examinados. Antes da 
coleta de dados, realizou-se a calibração com idosos de um grupo multidisciplinar de uma 
Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Natal, uma vez que idosos não 
institucionalizados pertencentes a grupos de assistência ambulatorial têm menores perdas 
físicas e funcionais que idosos institucionalizados. Dessa forma, esses indivíduos poderiam 
passar pelas repetidas mensurações de medidas antropométricas – características de um 
processo de calibração – com um menor sofrimento. Foram elaborados formulários de registro 
para coleta das informações da calibração. A calibração intra e interexaminador foi realizada 
durante a coleta com os idosos institucionalizados que deambulavam e apresentavam melhor 
capacidade física e funcional. Utilizou-se adipômetro, fita antropométrica e antropômetro 
diferentes para cada antropometrista. Cada medida antropométrica foi realizada em duplicata e 
um antropometrista não tinha acesso aos dados coletados pelo outro e vice-versa. 
Utilizou-se para a calibração o método do Erro Técnico de Medição (ETM), que é um 
índice de qualidade adotado pela International Society for Advancement in Kinanthropometry 
(ISAK) para o credenciamento de antropometristas. O ETM é um índice de precisão e 
representa a dimensão do controle da qualidade da medida (PEDERSON; GORE, 2000). 
Para o cálculo do ETM intra avaliador seguiu-se as seguintes etapas: 
1. Calculou-se a diferença entre a primeira e a segunda medida para cada sítio 
antropométrico avaliado por um mesmo antropometrista; 
2. Elevou-se a diferença observada ao quadrado; 
3. Realizou-se a somatória dos quadrados e dividiu-se esse valor pelo dobro do número 
de indivíduos avaliados; 
4. Determinou-se o ETM absoluto a partir da raiz quadrada da etapa anterior; 
5. Calculou-se o ETM relativo a partir da razão entre o ETM absoluto e o Valor Médio 
da Variável (VMV), que corresponde à média de todas as observações para cada 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 38 
 
sítio antropométrico. Multiplicou-se o resultado por 100 a fim de se obter um valor 
percentual. 
Não havia um antropometrista “padrão-ouro” para avaliar a exatidão. Portanto, foi 
avaliada a concordância entre os dois antropometristas. Avaliou-se a reprodutibilidade quanto 
às medidas de peso, estatura, perímetros do braço (PB), panturrilha (PP) e cintura (PC), dobras 
cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSE) e altura do joelho (AJ). Foram avaliadas as 
medidas de hemi-envergadura (HE), demi-envergadura (DE) e comprimento da ulna (CU) 
quanto à concordância intra avaliador de um dos antropometristas. Mensuraram-se todas as 
medidas em 20 idosos. Adotou-se como percentual de erro aceitável para os antropometristas 
estarem aptos à mensuração das medidas a classificação de antropometrista experiente proposta 
por Pederson; Gore (2000). Esses autores categorizaram como antropometrista experiente 
quando o ETM intra avaliador foi menor ou igual a 5,0% para dobras cutâneas ou 1,0% para 
outras medidas. Para o ETM inter avaliador, considerou-se antropometrista experiente quando 
o escore foi menor ou igual a 7,5% para dobras cutâneas e 1,5% para outras medidas. 
Todas as medidas foram realizadas em duplicata. Quando houve diferença maior que 1 
cmpara os perímetros e comprimentos, 1 mm para as dobras cutâneas e 100 g para o peso 
corporal, realizou-se uma terceira medição e tomou-se como resultado a média aritmética das 
três avaliações. Realizaram-se três visitas a cada ILPI, a fim de verificar se os idosos que não 
estavam presentes ou que não estavam dispostos no primeiro momento, aceitariam participar 
do estudo. 
Para a validação das equações de peso, a coleta foi realizada por um antropometrista 
nutricionista e discente do curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte. O antropometrista foi capacitado previamente e passou por calibração 
intra examinador. Foram coletadas as medidas de peso, perímetro do braço (PB), da panturrilha 
(PP) e cintura (PC), dobra cutânea subescapular (DCSE) e tricipital (DCT) e altura do joelho 
(AJ). As medidas foram coletadas seguindo o protocolo de Lohman et al. (1988). Foram 
utilizados os mesmos equipamentos da coleta para desenvolvimento das equações. 
 Cientes da necessidade de inserção social do Programa de Pós-Graduação em Saúde 
Coletiva, bem como na articulação entre a pesquisa científica e a ILPI, os pesquisadores deste 
projeto retornaram informações coletadas e analisadas aos profissionais de saúde de cada 
instituição na forma de relatório, como maneira de subsidiar as intervenções nutricionais 
necessárias e contribuir com o cumprimento da RDC 283/2005 da ANVISA (BRASIL, 2005). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 39 
 
Vale ressaltar que o retorno das informações é requisitado pelo CEP como forma de beneficiar 
a população do estudo. 
 Ademais, foi elaborado e distribuído às ILPI participantes do projeto de pesquisa um 
manual prático sobre como realizar as estimativas de peso e estatura na população idosa 
(apêndice 2). 
 
 
4.5.ANÁLISE DOS DADOS 
 
Todas as variáveis foram testadas quanto à normalidade dos dados. Esses foram 
analisados pelo software IBM SPSS® para Windows v. 22. Foi realizada regressão observando 
a distância de Mahalanobis, a fim de identificar outliers multivariados, os quais foram retirados 
da análise. 
Para responder o objetivo de avaliar o estado nutricional dos idosos por meio de um 
índice, os valores foram transformados em z-escore, a fim de diminuir a variabilidade dos 
dados. Para a redução das variáveis, foi empregada a análise de componentes principais. 
Inicialmente, foram obtidos os valores dos coeficientes de correlação de Pearson entre 
as variáveis antropométricas. Na análise de componentes principais, foi testado modelo com 
peso, estatura, perímetro da cintura, perímetro do braço, perímetro da panturrilha, dobra cutânea 
tricipital, dobra cutânea subescapular. Como método de avaliação dos modelos de análise de 
componentes principais, foram utilizados a matriz de correlação, o teste de esfericidade de 
Bartlett e a medida de adequação da amostra pelo Índice de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e pela 
matriz anti-imagem. Seguiu-se com a análise de componentes principais sem restrição quanto 
ao número de componentes, sendo utilizado o método de rotação VARIMAX. Os escores 
fatoriais dos componentes extraídos foram trabalhados como uma variável que agrupou, em 
único constructo, as variáveis adicionadas no modelo. Foi elaborada distribuição percentilar 
dos escores fatoriais para os componentes extraídos, que foi analisada em relação à natureza 
das ILPI (sem fins lucrativos e com fins lucrativos), à faixa etária dos idosos residentes (60 a 
69 anos, 70 a 79 anos e 80 anos a mais), a cor da pele (branco e não branco), a escolaridade (até 
12 anos de estudo e 12 anos de estudo ou mais) e a restrição de mobilidade (com ou sem 
restrição de mobilidade). Em seguida, foi realizado teste de diferença de médias entre essas 
variáveis independentes e os índices extraídos, sendo teste U de Mann-Whitney com a variável 
dicotômica e Kruskal-Wallis com a variável de três categorias. A fim de garantir que os índices 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 40 
 
sejam válidos, aplicou-se a Análise de Componentes Principais com uma amostra aleatória de 
50% dos casos, obtendo-se novos índices. 
Para desenvolver as equações de estimativa de peso, caracterizou-se a amostra e 
estratificou-se por sexo (masculino e feminino) e faixa etária (60 a 74 anos, 75 anos ou mais). 
Procedeu-se com a regressão linear múltipla para identificar qual combinação de variáveis seria 
a mais adequada para estimar o peso. Os modelos de regressão desenvolvidos levaram em conta 
critérios estatísticos de significância, usando o coeficiente de determinação (R²), o erro padrão 
de estimativa e o Critério de Informação de Akaike (AIC). Para o ajuste adequado dos modelos, 
quando havia casos extremos, com mais de 3 desvios padrão de resíduo, era retirado e o modelo 
refeito. 
Realizou-se teste de correlação de Pearson, com a finalidade de identificar qual medida 
antropométrica se correlacionava mais com o peso. Essa medida foi utilizada em uma curva 
ROC para encontrar um ponto de corte que diferenciasse os modelos de estimativa. A partir do 
ponto de corte identificado por meio da curva ROC, foram elaborados dois métodos de 
estimativa do peso. 
Foram desenvolvidos, ainda, modelos compostos por medidas de fácil realização em 
idosos cadeirantes e acamados, a saber os perímetros da panturrilha e altura do joelho. 
A fim de avaliar a qualidade do ajuste do modelo foi realizada a plotagem de Bland-
Altmann. Por fim, os métodos desenvolvidos foram validados por meio do Coeficiente de 
Correlação Intraclasse (CCI) e seus respectivos intervalos de confiança (IC a 95%) com o peso 
observado e pesos estimados por Chumlea et al., (1988) e Rabito et al., (2008) (CHUMLEA et 
al., 1988; RABITO et al., 2008). O CCI foi realizado pelo método misto de duas vias. O tipo 
de teste foi de concordância absoluta, que representa a capacidade de obter um mesmo valor 
quando uma medição se realiza sobre o mesmo indivíduo/população em uma diferente ocasião. 
Já o escore de CCI utilizado foi o de medida única, pois interessava a concordância entre a 
estimativa e o valor observado e não a média entre tais medidas. 
Para o desenvolvimento e validação de equações estimativas de estatura foi realizada 
caracterização da amostra com estratificação por sexo (masculino e feminino). Realizou-se teste 
de correlação de Pearson para identificar a relação entre a estatura e as variáveis independentes. 
Procedeu-se com a regressão linear múltipla para identificar qual combinação de variáveis seria 
a mais adequada para estimar a estatura. Para o ajuste adequado dos modelos, quando havia 
casos extremos, com mais de 3 desvios padrão de resíduo, o caso era retirado e o modelo refeito. 
Foram mensurados os coeficientes de determinação (R²) e o Erro Padrão de Estimativa (EPE). 
 
Estado nutricional antropométrico, desenvolvimento e validação de equações para a estimativa de peso e estatura em idosos 
institucionalizados 41 
 
Os critérios para aceitação dos modelos preditores foram o coeficiente de determinação elevado 
e o menor erro padrão de estimativa. Utilizou-se a plotagem de Bland-Altmann para avaliação 
se os modelos cumpriram os pressupostos da análise de regressão. A validação dos métodos 
desenvolvidos se deu por meio da análise de confiabilidade a partir do coeficiente de correlação 
intraclasse (CCI) e respectivo intervalo de confiança a 95% (CCI 95%). Na etapa de validação, 
as equações descritas por Lima et al. (2018) como as de melhor aplicabilidade estatística para 
cada variável preditora (altura do joelho, hemi-envergadura, demi-envergadura e comprimento 
da ulna) foram usadas para comparação com as equações desenvolvidas no presente estudo. A 
comparação

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