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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO HÁBITOS ALIMENTARES E CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR POR ESTUDANTES DE IFRN MARIA EUGÊNIA MENDONÇA TAVARES NATAL, RN 2022 MARIA EUGÊNIA MENDONÇA TAVARES HÁBITOS ALIMENTARES E CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR POR ESTUDANTES DE IFRN Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) como requisito final para obtenção do título de bacharel em Nutrição. Orientadora: Profa. Dra. Priscilla Moura Rolim Co-orientadora: Profa. Dra. Larissa Mont’Alverne Seabra Colaborador: Dr. Diogo Vale NATAL, RN 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Tavares, Maria Eugênia Mendonça. Hábitos alimentares e conhecimento sobre práticas sustentáveis na alimentação escolar por estudantes de IFRN / Maria Eugênia Mendonça Tavares. - 2022. 59f.: il. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Nutrição) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição. Natal, RN, 2022. Orientadora: Priscilla Moura Rolim. Coorientadora: Larissa Mont'Alverne Jucá Seabra. 1. Alimentação escolar - TCC. 2. Estado nutricional - TCC. 3. Estudantes - TCC. 4. COVID-19 - TCC. I. Rolim, Priscilla Moura. II. Seabra, Larissa Mont'Alverne Jucá. III. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 612.3-053.5 Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263 MARIA EUGÊNIA MENDONÇA TAVARES HÁBITOS ALIMENTARES E CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR POR ESTUDANTES DE IFRN Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profa. Dra. Priscilla Moura Rolim - DNUT/UFRN Orientadora _______________________________________________________ Profa. Dra. Ingrid Wilza Leal Bezerra – DNUT/UFRN 2° membro _______________________________________________________ Profa. Dra. Liana Galvão Bacurau Pinheiro - DNUT/UFRN 3° membro Natal, 07 de julho de 2022 AGRADECIMENTOS A Deus, por ser fonte inesgotável de esperança em mim; Às mulheres da minha vida: minha mãe, vó e melhor amiga, por me ensinarem tanto sobre o Amor. Mainha, minhas conquistas são suas; À minha orientadora Priscilla, com quem eu pude aprender tanto sobre a Iniciação Científica, quanto sobre resiliência e empatia; À minha co-orientadora Larissa, pelos ensinamentos e suporte quando nós mais precisamos. A ambas, por me tranquilizarem com palavras de esperança em momentos de aflição; Ao pesquisador e nutricionista do IFRN Diôgo Vale, pelas partilhas e contribuições com esse trabalho; Ao Roger e ao Lucas, por terem cuidado de mim quando eu mais precisei; Aos meus colegas de turma, em especial a Yasmin, por serem imprescindíveis nessa jornada e tornarem tudo mais especial. TAVARES, Maria Eugênia Mendonça. Hábitos alimentares e conhecimento sobre práticas sustentáveis na alimentação escolar por estudantes de IFRN. 2022, 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) - Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022. RESUMO A adolescência é uma fase da vida evidenciada pela presença de importantes mudanças biopsicossociais, onde a relação do indivíduo com sua alimentação, e aspectos relacionados, pode refletir em hábitos que podem perdurar por toda a vida. O estudo objetivou avaliar o perfil socioeconômico, hábitos alimentares e conhecimento sobre alimentação e sustentabilidade de estudantes de Institutos Federais de Ensino do Rio Grande do Norte, bem como associações entre determinadas variáveis de interesse. Trata- se de um estudo transversal, descritivo e de natureza quantitativa realizado com estudantes do Ensino Médio matriculados em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), cuja coleta de dados se deu por meio de um questionário alocado na plataforma Google® Forms. O questionário foi composto por 6 blocos e abordou questões referentes aos dados socioeconômicos, dados de saúde, alimentação na escola, hábitos alimentares individuais e familiares, alimentação durante a pandemia de COVID-19 e por fim, questões referentes à alimentação e sustentabilidade. Com relação à análise do estado nutricional dos participantes com idade inferior ou igual a 19 anos, foi utilizado o cálculo do IMC/I (Índice de Massa Corporal por idade) com base nos dados de peso e altura autorreferidos, através do software do AnthroPlus (WHO, 2009). Foi realizada associação entre variáveis de interesse utilizando o teste de Qui- quadrado (χ2) com p<0,05 de significância estatística. Um total de 330 alunos responderam ao questionário, sendo 90 homens e 227 mulheres, onde 64,2% possuíam até 18 anos incompletos. Referente à renda familiar, 19% da amostra relatou que nenhuma dos componentes do ambiente familiar trabalhavam e 76,5% que não recebia auxílio do governo. Os dados de IMC para ambos os sexos apresentaram percentual alarmante de sobrepeso e obesidade, atingindo cerca de 25% dos estudantes, no entanto, a maioria obteve diagnóstico nutricional de eutrofia (68,87%). Constatou-se associação significativa (p<0,05) entre a insatisfação corporal e o sexo do aluno, sendo a maior prevalência em pessoas do sexo feminino. Sobre os hábitos alimentares, foi relatado pelos estudantes um alto consumo de alimentos ultraprocessados, além de baixo consumo de frutas. Durante a pandemia de Covid-19, 31,8% dos estudantes referiram que sua alimentação havia piorado e 2% que estavam comendo menos. Dos que relataram melhora da alimentação durante a pandemia (21,9%) verificou-se uma associação significativa (p<0,05) com a afirmativa de estarem cozinhando mais em casa. Sobre o conhecimento acerca da sustentabilidade, 87,4% dos estudantes conhecem o termo, porém desconhecem questões sobre origem dos alimentos (74,3%), produção orgânica (54,2%) e agroecológica (97%). Foi encontrada associação significativa entre o conhecimento sobre produção sustentável e a origem dos alimentos da alimentação escolar, com a variável escolaridade dos pais (p<0,05). Conclui-se que os estudantes do IFRN participantes do estudo reconhecem a importância da alimentação escolar e a consideram melhor que em outros ambientes alimentares, como as cantinas. Entretanto, houve predominância de hábitos de consumo para alimentos ultraprocessados e frequência em fast-foods de alimentos não saudáveis. Temas como sustentabilidade ambiental e suas conexões com alimentação devem ser mais explorados na formação do estudante. Sugere-se que mais estudos sejam realizados de modo a investigar de forma ampliada os determinantes socioeconômicos e ambientais que influenciam a alimentação, especialmente após o período pandêmico. Os dados deste estudo poderão auxiliar nutricionistas e gestores de institutos federais no desenvolvimento de ações relacionadas à melhoria da qualidade da alimentação, educação alimentar, nutricional e ambiental, visando a promoção do desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: Alimentação; Estudantes; Estado Nutricional; Nutrição Sustentável;COVID-19. ABSTRACT Adolescence is a phase of life evidenced by the presence of important biopsychosocial changes, where the individual's relationship with his food, and related aspects, can reflect in habits that can last for a lifetime. The study aimed to evaluate the socioeconomic profile, eating habits, and knowledge about food and sustainability of students from the Federal Institutes of Education in Rio Grande do Norte, as well as associations between certain variables of interest. This is a cross-sectional, descriptive, and quantitative study carried out with high school students enrolled in the Federal Institutes of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (IFRN), whose data collection was carried out through a questionnaire allocated on the Google® Forms platform. The questionnaire consisted of 6 blocks and addressed questions regarding socioeconomic data, health data, school meals, individual and family eating habits, food during the COVID-19 pandemic and, finally, questions regarding food and sustainability. Regarding the analysis of the nutritional status of participants aged less than or equal to 19 years, the calculation of BMI/A (Body Mass Index by age) was used based on self- reported weight and height data, using the AnthroPlus software (WHO, 2009). For the analysis of associations, some hypotheses related to some variables of interest were tested, for this, the chi-square test (χ2) was used. A total of 330 students answered the questionnaire, 90 men and 227 women. BMI data for both sexes showed an alarming percentage of overweight and obesity, reaching about 25% of students, however, most had a nutritional diagnosis of normal weight (68.87%). There was a significant association (p<0.05) between body dissatisfaction and the student's gender, with the highest prevalence in females. Regarding eating habits, high consumption of ultra- processed foods was observed, in addition to low consumption of fruits. During the Covid-19 pandemic, 31.8% of students reported that their diet had worsened and 2% that they were eating less. Of those who reported improved diet during the pandemic (21.9%), there was a significant association (p<0.05) with the statement that they were cooking more at home. Regarding knowledge about sustainability, 87.4% of students know the term but are unaware of questions about food origin (74.3%), organic production (54.2%), and agroecology (97%). A significant association (p<0.05) was found between knowledge about sustainable production and the origin of school meals, with the variable parents' education. It is concluded that the IFRN students participating in the study recognize the importance of school meals and consider them better than in other food environments, such as canteens. However, there was a predominance of consumption habits for ultra- processed foods and the frequency of unhealthy foods in fast foods. Topics such as environmental sustainability and its connections with food should be further explored in student education. It is suggested that further studies be carried out in order to broadly investigate the socioeconomic and environmental determinants that influence diet, especially after the pandemic period. The data from this study will be able to help nutritionists and managers of federal institutes in the development of actions related to the improvement of food quality, food, nutritional and environmental education, aiming at promoting sustainable development. Keywords: Food; students; Nutritional status; Sustainable Nutrition; COVID-19. LISTA DE TABELAS E FIGURAS Tabela 1. Características socioeconômicas de estudantes de institutos federais do RN, Natal, RN, 2021 . ............................................................................................................. 24 Tabela 2. Diagnóstico nutricional dos estudantes de Institutos Federais do RN, segundo Índice de Massa Corporal ................................................................................................ 25 Tabela 3. Distribuição dos estudantes de ambos os sexos segundo percepção sobre satisfação corporal ........................................................................................................... 26 Tabela 4. Distribuição dos estudantes segundo hábitos e preferências alimentares, Natal- RN, 2021 .......................................................................................................................... 28 Figura 1. Distribuição dos estudantes sobre questões de insegurança alimentar durante a pandemia ......................................................................................................................... 31 Tabela 5. Teste do Qui-quadrado entre variáveis de interesse ...................................... 33 Figura 2. Distribuição dos estudantes quanto ao conhecimento sobre sustentabilidade e a origem dos alimentos da alimentação escolar ................................................................ 34 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12 2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 13 2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 14 3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 15 3.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................. 15 3.2 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................ 15 3.3 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 15 3.4 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................. 16 3.5 LIMITAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 17 4 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 18 4.1 NUTRIÇÃO SUSTENTÁVEL E DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA ................................................................................................................. 18 4.2 HÁBITOS E PRÁTICAS ALIMENTARES E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE PADRÕES ALIMENTARES MAIS SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS ............................................................................................................ 20 4.3 PROGRAMA NACIONAL DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) E IMPORTÂNCIA PARA NUTRIÇÃO SUSTENTÁVEL .............................................. 20 4.4 ALIMENTAÇÃO DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19 ...................................................................................................................... 22 5 RESULTADOS E DISCUSSAO ............................................................................. 24 5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES .......................................................................................................... 25 5.2 DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E SATISFAÇÃO CORPORAL ........................ 26 5.3 PRÁTICAS ALIMENTARES DOS ESTUDANTES NO ÂMBITO INDIVIDUAL E NA ESCOLA ................................................................................................................... 28 5.4 IMPACTOS DA PANDEMIA NA ALIMENTAÇÃO DOS ESCOLARES ........... 31 5.5 PRÁTICAS ALIMENTARES SUSTENTÁVEIS ....................................................33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 38 APÊNDICES ................................................................................................................. 53 APÊNDICE A ................................................................................................................ 53 APÊNDICE B ................................................................................................................. 61 APÊNDICE C ................................................................................................................. 63 APÊNDICE D ................................................................................................................ 65 ANEXO .......................................................................................................................... 68 1. INTRODUÇÃO As últimas décadas têm evidenciado mudanças no padrão alimentar dos brasileiros, especialmente crianças e adolescentes. Este padrão moderno é marcado pela redução do consumo de alimentos in natura e minimamente processados, associado ao crescente consumo de alimentos ultraprocessados (COSTA, 2021; DOS SANTOS et al, 2019; BORGES et al, 2018). Os hábitos alimentares e a qualidade das dietas modernas são fatores determinantes para promoção da saúde e prevenção de doenças (MONTEIRO, 2009). Uma boa alimentação desde o início da vida contribui para vida adulta e velhice saudáveis (WHO, 1998; KOHUT; PANGANIBAN, 2019). Evitar a obesidade na infância e juventude é importante, pois, do contrário, há uma tendência de sua manutenção até a idade adulta, contribuindo para o desenvolvimento de doenças crônicas (ALVES; PRECIOSO, 2017). Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE) de 2019 demonstram que o perfil nutricional dos escolares no Brasil tem apresentado um crescente aumento na prevalência de sobrepeso, sendo este caracterizado em 22,2% nos adolescentes (CONDE et al, 2018). Distintos padrões de exposição a fatores de riscos para saúde e alimentação saudável evidenciam a necessidade de ações e intervenções políticas e educativas, especialmente no ambiente escolar. Nesta perspectiva, destaca-se o Programa Nacional de Alimentação Escolar, uma política pública cujo objetivo é oferecer alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional (EAN), do ensino básico ao médio, para toda a rede pública - sendo considerado um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo (BRASIL, 2009). Com efeito, a alimentação escolar desempenha papel fundamental tanto no perfil nutricional, quanto no bom desenvolvimento e aproveitamento dos escolares, além de ser capaz de movimentar a economia local e a cultura alimentar regional. No cenário exposto, os Institutos Federais de Ensino (IF) apresentam-se como verdadeiros motores educacionais e tecnológicos do país, agregando ensino acadêmico e preparação para o trabalho, destacando sua formação contextualizada enquanto política pública, ressaltando os aspectos sociais e ambientais do mundo em que vivemos, especialmente no desenvolvimento local e regional (PACHECO, 2011). No país, os Institutos Federais atendem cerca de 1.023.303 estudantes (PNP, 2020), reforçando o seu papel como promotor da saúde, alimentação saudável e desenvolvimento sustentável. Apesar da expressiva participação dos Institutos federais na educação do país e da significativa contribuição na alimentação escolar, ainda são encontrados poucos estudos sobre a percepção de estudantes quanto aos determinantes sociais, econômicos e ambientais da alimentação, seus hábitos alimentares e suas práticas. Além disso, a pandemia da COVID-19 ocasionou um aumento considerável da situação de insegurança alimentar, principalmente entre a população mais vulnerável e, também, no ambiente escolar. Dessa forma, investigar as repercussões da COVID-19 na situação de segurança alimentar e nutricional e sua interface com questões sociais e econômicas são fundamentais para traçar estratégias de minimizar esses impactos (RIBEIRO-SILVA et al., 2020). Diante do exposto, esta pesquisa buscou responder a duas perguntas norteadoras: 1- Existem associações entre as características socioeconômicas de estudantes de institutos federais do RN, os seus hábitos alimentares e seus conhecimentos sobre práticas alimentares sustentáveis? 2- De que forma a pandemia de Covid-19 influenciou hábitos e práticas alimentares dos estudantes? 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o perfil socioeconômico, hábitos alimentares e conhecimento sobre alimentação e sustentabilidade de estudantes de Institutos Federais de Ensino do Rio Grande do Norte. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar o estado nutricional dos estudantes e sua percepção quanto à satisfação corporal; Investigar os hábitos alimentares e conhecimento sobre alimentação e sustentabilidade entre os estudantes; Avaliar a influência da pandemia de Covid-19 sobre as práticas alimentares dos estudantes; Verificar associações entre as variáveis socioeconômicas, hábitos alimentares e conhecimento sobre sustentabilidade. 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE ESTUDO O estudo foi transversal, descritivo e de natureza quantitativa realizado com estudantes do Ensino Médio matriculados em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). 3.2 ASPECTOS ÉTICOS O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) conforme apreciação ética de nº 45675021.1.0000.5292 (Anexo 1). Quem manifestou interesse em participar da pesquisa clicou no hyperlink que o direcionou a página da pesquisa na plataforma Google® docs. Nesta página os participantes foram informados e esclarecidos sobre os procedimentos do estudo e aspectos éticos por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e do Termo de Assentimento para os menores de 18 anos disponíveis para aceite on-line, retornando via eletrônica aos pesquisadores. Destaca-se que as informações são gravadas apenas ao final do preenchimento de todo o questionário, permitindo a interrupção da realização da pesquisa a qualquer momento pelo participante. 3.3 COLETA DE DADOS A coleta de dados ocorreu no período de maio a setembro de 2021, sendo considerados como critérios de inclusão: todos os cerca de 28 mil alunos, distribuídos em seus 21 campi por todas as regiões do Estado matriculados no IFRN, a partir do primeiro ano do ensino técnico integrado. Os dados foram coletados por meio de questionário online utilizando a plataforma Google® Forms (Formulários Google). O questionário foi composto por 6 blocos (descritos no quadro 1) e abordou questões referentes aos dados socioeconômicos, dados de saúde, alimentação na escola, hábitos alimentares individuais e familiares, alimentação durante a pandemia de COVID-19 e questões referentes à alimentação e sustentabilidade (Apêndice A). Quadro 1. Descrição dos itens e variáveis avaliados no questionário. Bloco do questionário Variáveis Bloco 1: Perfil socioeconômico Data de nascimento, sexo biológico e identidade de gênero, cor/raça, remuneração, campus onde estuda e modalidade de ensino ao qual está matriculado, curso, serie, se recebe benefício social. Grau de escolaridade dos pais, contribuintes da renda familiar, recebimento de benefício governamental. Bloco 2: Informações clínicas e nutricionais. Peso, altura, satisfação corporal, presença de diagnóstico clínico para doenças crônicas. Bloco 3: Alimentação na escola. Hábito e frequência de consumo da alimentaçãoescolar, se esta alimentação era suficiente, caso não consumisse, o porquê, acredita que esses alimentos servidos são mais vantajosos, acerca da origem deles e sobre o interesse em saber mais a respeito. Bloco 44: Hábitos alimentares individuais e suas relações comunitárias, antes da pandemia. Consumo de alimentos de origem animal, comportamento alimentar, frequência de consumo de determinados alimentos e produtos ultraprocessados, compra e preparo de alimentos, motivação para possíveis mudanças no consumo alimentar. Bloco 5: Alimentação e COVID- 19. Recebimento de auxílio, autoavaliação sobre a qualidade e quantidade da alimentação na pandemia, frequência de consumo de determinados alimentos e produtos ultraprocessados, sentimentos e vivências com relação à escassez de alimentos e fome durante a pandemia, frequência na realização das refeições, se estava cozinhando, compra de alimentos e higiene. Bloco 6: Questões gerais sobre alimentação e sustentabilidade. Se existe horta em seu respectivo campus, se o tema “alimentação” já foi abordado no IFRN, conhecimento sobre sustentabilidade, produção orgânica e produção agroecológica. Antes de iniciar coleta de dados, foi realizada uma ampla divulgação da pesquisa com o uso das mídias sociais para publicização dos objetivos e sua relevância, visando promover a participação dos estudantes. Em virtude das aulas remotas (medida de enfrentamento da pandemia), e como estratégia de captação de respostas, foram contactados os representantes de grêmios estudantis dos campi, líderes de turma e alguns professores para que auxiliassem na divulgação do questionário durante suas aulas. 3.4 ANÁLISE DE DADOS Os dados foram tabulados em planilhas do Google Sheets e Microsoft Excel e analisados por meio de estatística descritiva de média e desvio padrão. O banco de dados foi elaborado de forma automática devido à funcionalidade disposta na plataforma dos Formulários Google, conectada ao Google Sheets. No entanto, para facilitar a visualização e análise dos mesmos, elaborou-se o “dicionário de variáveis”, para auxiliar a tabulação e análise dos resultados. Com relação à análise do estado nutricional dos participantes com idade inferior ou igual a 19 anos, foi utilizado o cálculo do IMC/I (índice de massa corporal por idade) com base nos dados de peso e altura autorreferidos, através do software do AnthroPlus (WHO, 2009), utilizado para avaliação dos score-z dos adolescentes. A classificação do estado nutricional obedeceu aos seguintes pontos de corte: eutrófico (escore z entre - 2 e + 1); desnutrido (escore z < - 2); sobrepeso (escore z entre + 1 e + 2); obesidade (escore z > + 2). Para os demais, utilizou-se os pontos de corte de IMC para adultos. Para a análise de associações foram testadas algumas hipóteses relacionadas a algumas variáveis de interesse, para isto foi utilizado o teste de Qui-quadrado (χ2). Este teste é aplicado em dados categóricos, a fim de testar a significância da associação entre as variáveis. O conjunto de dados foi analisado através do software estatístico R. Foi considerado α = 5% como nível de significância do teste. Se o valor p < α rejeitou-se a hipótese nula, isso significa que existem evidências de associação entre as variáveis. 3.5 LIMITAÇÃO DO ESTUDO A taxa de respostas do estudo não reflete a população total dos Institutos Federais, apesar de haver participantes de diversos campi, ademais ressalta-se o contexto de crise sanitária pelo qual o questionário foi aplicado, com ênfase no fato de que os estudantes estavam em ensino remoto. Assim, para o presente estudo, considerou-se uma amostragem por conveniência. Outra limitação do estudo trata-se de dados autorreferidos, o que diminui a acurácia de variáveis como o peso, além de poder acarretar em um viés nas demais, uma vez que não foi realizada a avaliação in loco. 4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1 NUTRIÇÃO SUSTENTÁVEL E DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) visa promover a saúde para todas as pessoas e para o planeta, além de estabelecer metas para o desenvolvimento sustentável de 193 países, indicando passos transformadores em direção a um mundo mais sustentável, saudável e resiliente. Destacam-se nesta Agenda, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que buscam, dentre outros objetivos, acabar com a fome e promover a agricultura sustentável (ODS 2), a saúde e o bem-estar (ODS 3) e a produção e consumo responsáveis (ODS 12) (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2015). Todavia, a transição entre os séculos XX e XXI explicitaram o quão complexa é a transformação da sociedade pós-moderna, trazendo, assim, a necessidade de debates sobre sustentabilidade de forma mais intersetorial. Desse modo, surgiram as dimensões de sustentabilidade, sendo estas: ambiental, social, econômica, ecológica e espacial, objetivando assegurar a garantia da sustentabilidade no curto, médio e longo prazo (SACHS, 1993). Desde então, a sustentabilidade vem sendo amplamente abordada e discutida nas mais diversas áreas de conhecimento. Sendo assim, o campo da Nutrição não foi exceção, visto que sua atuação perpassa por todas as dimensões de sustentabilidade, acarretando em fortes impactos às mesmas – podendo estes serem negativos, ou não. Com base nesse entendimento, a FAO (Food and Agriculture Organization), em 2010, desenvolveu uma definição de “Dietas Sustentáveis”, caracterizadas por possuírem baixo impacto ambiental, serem nutricionalmente aceitáveis, protetivas e respeitadoras da biodiversidade e dos ecossistemas, culturalmente aceitáveis, economicamente acessíveis e justas, seguras e saudáveis, otimizando recursos naturais e humanos. Von Koeber, Bader e Leitzmann (2017) trouxeram o conceito de Nutrição Sustentável, o qual refere-se a um conjunto de hábitos e escolhas alimentares saudáveis que estejam em consonância com quatro aspectos igualmente relevantes: saúde, aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Aliado a isso, esse conceito possui 7 princípios: preferência por alimentos à base plantas e orgânicos; preferência a produtos regionais e sazonais; preferência a alimentos minimamente processados; que sejam agradáveis e culturalmente aceitáveis, atenção ao valor justo dos alimentos; economia de recursos e contenção do desperdício de alimentos; respeito à cultura de cada região. Ante o exposto, pode-se inferir que a ideia de Nutrição Sustentável, se vê como fundamental para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), sendo este consistido na garantia de toda a população possuir condições de obter alimentos, sendo detentora dos recursos financeiros e sociais necessários para tal, sem comprometer os recursos de outros direitos fundamentais (BRASIL, 2006). Ademais, o DHAA relaciona-se de forma direta com alguns dos ODS, sendo estes o “fome zero e agricultura sustentável”, “saúde e bem-estar” e “consumo e produção sustentáveis”. O Direito Humano à Alimentação Adequada se reflete no conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), sobretudo nas dimensões sociais e ambiental, e para a saúde pública, visto que estas influem diretamente no sistema agroalimentar, devido a questão da modernização no meio rural, que não se ajustou ao sistema tradicional da agricultura familiar, e teve por conseguinte a perpetuação de mais desigualdade social ao excluir o agricultor familiar desse novo processo produtivo (AZEVEDO; PELICIONI, 2011). A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) visa garantir o direito de todos ao acesso regular e constante a alimentos de qualidade e em quantidades suficientes, sem que isso interfira ou prejudique o alcance de outras necessidades básicas. Ademais, a SAN possui como base a defesa de práticas alimentares que promovam saúde e respeitem a diversidade cultural,além de ser econômica, social e ambientalmente sustentáveis (BRASIL, 2004). A SAN pode ser analisada sob a perspectiva das mais diversas áreas do conhecimento as quais se relaciona, além das dimensões de disponibilidade, acesso e utilização de alimentos alcança as esferas da economia, sociologia, direito, educação, saúde e nutrição, dentre outras (FAO, 1996; KEPPLE; SEGALL-CORRÊA, 2011). No entanto, o Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional (FAO, 2016) relatou que as mudanças nos hábitos alimentares da América Latina e Caribe (ALC) advindos da globalização estão percorrendo as mais diversas condições socioeconômicas. Algumas destas são a diminuição de preparações baseadas em alimentos in natura, preparados e consumidos no lar, o aumento no consumo de produtos ultraprocessados e com alto teor de açúcares livre, sódio e lipídeos, que estão associados diretamente ao aumento nos índices de sobrepeso, obesidade e má nutrição - e conseguinte diminuição na qualidade de vida. Uma consequência dessas mudanças, é o aumento no quadro mundial da obesidade, cujos acometidos pela mesma ultrapassam o alarmante número de 2 bilhões de pessoas. Anualmente, a obesidade ocasiona aproximadamente 4 milhões de mortes por ano. Já a desnutrição - podendo estar, ou não, relacionada à baixa disponibilidade de alimentos – acomete cerca de duas bilhões de pessoas caracterizadas com deficiência de micronutrientes e 815 milhões com desnutrição crônica. (SWINBURN et al, 2019). Em paralelo a isso, tem-se que as mudanças climáticas irão agravar ainda mais esse panorama, visto que as mesmas possuem impactos consideráveis na epidemiologia desses agravos à saúde humana – e planetária, ao afetar também os sistemas naturais. Swinburn et al (2019) destrincha sobre a sinergia que as mudanças climáticas, obesidade e subnutrição exercem, caracterizando, assim, uma Sindemia Global, isto é, a união de três pandemias que interagem entre si e afetam em demasia pessoas de todos os países do mundo simultaneamente. Numa visão de saúde planetária que vise à melhora no contexto da Sindemia Global, é fundamental a produção de alimentos por meio de sistemas alimentares sustentáveis - esses, referem-se ao conjunto de processos que incluem produção, processamento, distribuição, abastecimento, comercialização, preparação e consumo de alimentos originários da agricultura e pecuária sob a perspectiva sustentável (TAKEUTI; OLIVEIRA, 2013). A implementação de soluções para a complexidade da relação dieta ambiente e saúde, que é um desafio global de grande importância para saúde pública (TILMAN, 2014). Desse modo, a adoção de hábitos alimentares saudáveis, que vão desde a escolha do local de compra, perpassando a aquisição, preparação e escolha de alimentos in natura orgânicos e minimamente processados, pode influir diretamente na promoção de saúde compreendida por Pelicioli (2005), que vai além do processo de saúde-doença. Essa conceituação parte dos valores de democratização, estímulo à participação popular, equidade, práticas intersetoriais e promoção da sustentabilidade. 4.2 HÁBITOS E PRÁTICAS ALIMENTARES E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE PADRÕES ALIMENTARES MAIS SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS A formação do hábito alimentar, constituída pela prática cotidiana de escolhas saudáveis, conscientes e sustentáveis estão relacionadas com as dimensões sustentáveis de saúde e meio ambiente, e atravessa alguns dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável): fome zero, boa saúde e bem-estar, redução das desigualdades, consumo e produção e sustentáveis e educação de qualidade, na medida em quepor objetivam à educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis (ONU, 2015). Os hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis compõem uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e proteínas magras, e com baixo teor de gordura saturada, gordura trans, sódio e açúcares adicionados. Um padrão alimentar com essas características, auxilia na prevenção de diversas doenças, atua na melhoria da qualidade de vida e no aumento da longevidade (NEUHOUSER, 2019; GOSHEN et al, 2022). Ademais, evidências demonstram que um padrão alimentar mais biodiverso e composto marjoritariamente por alimentos in natura e minimamentes processados está diretamente relacionado com a diminuição do uso de terra, água, gases do efeito estufa e redução do potencial de eutrofização, quando comparado com o padrão ocidental (BELGACEM et al; 2021). A Organização Mundial de Saúde elaborou inquéritos como Global School Based Student Health Survey (GSHS) e o Health Behaviour in School-aged Children (HBSC), visando a implementação de sistemas de vigilância aos fatores de risco à saúde direcionados a adolescentes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008). Todavia, tornou-se imprescindível a elaboração de políticas públicas em alimentação e nutrição no âmbito nacional que atuem no combate às DCNT e visem a garantia do DHAA sob a perspectiva da SAN. Um exemplo de política pública, originalmente brasileira, que atua como estratégia de promoção de alimentação saudável para escolares, é o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), criado em 1979, vigente até os dias atuais. Suas diretivas também sugerem a participação social, universalidade, compartilhamento de responsabilidades, respeito aos hábitos e tradições regionais e o apoio ao desenvolvimento sustentável, sobretudo ao usar produtos regionais da agricultura familiar (PEIXINHO, 2013). 4.3 PROGRAMA NACIONAL DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) E IMPORTÂNCIA PARA NUTRIÇÃO SUSTENTÁVEL O PNAE, uma das diretrizes nacionais que visa assegurar o Direito Humano a Alimentação Adequada sob a perspectiva da SAN, oferece alimentação escolar e ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), do ensino básico ao médio, para toda a rede pública - sendo considerado um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo (BRASIL, 2013). Como mecanismo de política pública, o PNAE busca atender, dentro de suas limitações, aos princípios básicos da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Um dos meios que viabiliza esse apoio é a Lei n° 11.947/2009, que determina a aquisição de produtos da agricultura familiar - através de chamadas públicas -, sendo destinados 30% do repasse do Fundo Nacional do Desenvolvimento e Educação para tal (BRASIL, 2009). Assim, ressalta-se a importância da compra de gêneros alimentícios advindos da agricultura familiar, pois o fortalecimento da mesma é de suma relevância para garantir a soberania e segurança alimentar e nutricional da população (CONSEA, 2010). Ademais, na perspectiva socioeconômica local isso se mostra de forma ainda mais aparente, visto que segundo o IBGE (2006), os empreendimentos agrícolas de origem familiar correspondem a 40% da produção agrícola nacional, dos quais ao menos 70% são destinados ao consumo nacional – ou seja, vão para o lar do brasileiro. Além disso, 7 em cada 10 empregos no campo são referentes à agricultura familiar (BRASIL, 2015). Ademais, os produtos regionais e sazonais originários da agricultura familiar auxiliam a possibilitar a oferta de uma alimentação mais diversificada e saudável, com alimentos da sociobiodiversidade local (von KOERBER, BADER e LEITZMANN, 2017)). Bem como, ajudam na redução das emissões de carbono, visto que há um menor número de etapas de processamento em diferentes locais, diminuindo, assim, o volume de transporte necessário (MARTINEZ, et al, 2010). O programa corrobora com 5 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, apresentados pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada em 2015, sendo estes objetivos: “fome zero e agricultura sustentável”, “saúde e bem-estar", “educação de qualidade”, “trabalho decente e crescimento econômico” (este, em consonância com o Programa de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar ‘PRONAF’), “redução das desigualdades” e “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis” (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2015). Sob esse aspecto, um programa que promova o desenvolvimento sustentável e desenvolva na educação básica a oferta e o conhecimento sobre alimentos de qualidade é imprescindível, visto que, com o advento da globalização, as crianças e adolescentes passaram a ter fácil acesso a alimentos industrializados. Desse modo, a demanda desse público por formulações ultraprocessadas aumenta e, em contrapartida, há um menor consumo de alimentos in natura, tendo como conseguinte uma maior prevalência de sobrepeso e aumento de risco para doenças cardiovasculares (SROUR, 2019; CESAR et al, 2018). Dados de uma análise feita com uma população de estudantes cuja média foi de 10 anos, relataram uma prevalência de obesidade e sobrepeso de 16,6%, cujos cardápios fornecidos pela alimentação escolar, apesar de possuir déficit nutricional, apresentavam-se como ricos em carboidratos e açúcares (CHAVES et al, 2008). No entanto, tem-se que a implementação da Lei 11.947/2009 possuiu impacto positivo nos padrões de alimentos do PNAE, ou seja, corroborando para uma alimentação mais saudável e sustentável, com mais gêneros alimentícios da sociobiodiversidade local (TEO, 2018). Um estudo recente relatou que, com base em uma análise multivariada, alunos de escola pública, atendidos pelo PNAE, consomem consideravelmente menos produtos ultraprocessados que alunos de escolas privadas. Ademais, esse mesmo estudo também trouxe a variável referente aos alunos que não consumiam a alimentação oferecida pela escola, e estes também apresentaram um maior consumo dietético de ultraprocessados quando comparados aos que se alimentavam na escola (ROCHA et al, 2021). Isso denota uma responsabilidade ainda maior no que se refere à alimentação fornecida no ambiente escolar, pois o PNAE possui ferramentas necessárias para promover estratégias de promoção à saúde e ações de educação alimentar e nutricional. 4.4 ALIMENTAÇÃO DE ESTUDANTES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19 Quando em 27 de março de 2020 o país anunciou um estado de quarentena temporário, em decorrência da pandemia de COVID-19 (OMS, 2020), a atuação do PNAE precisou ser redefinida para atender aos milhões de escolares em todo o território nacional. Com a suspensão das aulas presenciais em todas as instâncias de ensino, a preocupação com a segurança alimentar dos estudantes da rede pública era eminente, sobretudo pelo fato de que a pandemia impactou diretamente na precarização do acesso à alimentação. O cenário pandêmico interferiu não apenas na qualidade nutricional da alimentação desses escolares, mas também no orçamento de suas famílias (AMORIM, RIBEIRO JÚNIOR, BANDONI; 2020). No entanto, o PNAE também se adaptou a esse contexto, e a Lei n° 13.987, de 7 de abril de 2020 trouxe uma alteração à Lei n° 11.947, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar. A Lei n° 13.987 traz que no decorrer do período de suspensão de aulas presenciais nas escolas públicas de educação básica, fica permitida a distribuição de gêneros alimentícios aos pais ou responsáveis dos escolares matriculados nessas escolas (BRASIL, 2020). Com relação às mudanças na alimentação dos estudantes com faixa etária de 10 – 19 anos, uma pesquisa com cinco países (incluindo o Brasil) relatou que esse período de isolamento social afetou a alimentação dos adolescentes – cuja susceptibilidade a adquirir maus hábitos alimentares é especialmente preocupante (RUIZ-ROSO, et al; 2020). Todavia, em alguns casos, essas mudanças resultaram em ações positivas, pois um maior consumo de comida caseira pode auxiliar as famílias a controlar sua ingestão alimentar, tornar-se mais independente, bem como permite-lhes explorar a sua própria cultura alimentar (SIMMONS, CHAPMAN; 2012). O isolamento social é uma das principais medidas de enfrentamento do novo coronavírus (Sars-Cov 2), e durante este processo, pesquisadores identificaram que 43% dos adolescentes relataram possuir um consumo diário de frutas e hortaliças, ao passo que, antes do mesmo, esse número era de 35,2%. De acordo com as autoras, os resultados citados não surpreendem, visto que a venda desses vegetais aumentou desde o início da quarentena, além do fato de a população, de forma geral, ter tido mais tempo para cozinhar. A pesquisa também aponta uma considerável diminuição no consumo de fast food nesse período, pois 64% dos jovens pesquisados relataram a ingestão desse tipo de produto alimentício menos de uma vez por semana (sendo o número anterior ao isolamento de 44,6%). No entanto, no que se refere aos alimentos doces e fritos, a ingestão média aumentou de 14% para 20,7% dos jovens que relataram consumir esses alimentos diariamente (RUIZ-ROSO, et al; 2020). Ante o exposto, vale ressaltar que o isolamento social decorrente da pandemia de COVID-19 mostrou-se como mais um agravante no que se refere à garantia de uma alimentação saudável e sustentável. Ademais, se vê necessário um alerta acerca do crescente excesso de peso da população, que pode ser acentuado com o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que é até mesmo esperado nesse contexto, devido ao seu valor de mercado relativamente baixo e sua facilidade de acesso (RIBEIRO-SILVA, et al; 2020). 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO O conjunto de dados analisados neste trabalho foi composto por uma amostra de 322 alunos matriculados nos Institutos Federais do Rio Grande do Norte (IFRN), distribuídos por 19 Campi. 5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES Um total de 322 alunos respondeu ao questionário, sendo 90 (28,13%) homens, 227 (71%) mulheres e 5 que preferiram não responder – em vistas o número inexpressivo, esses não foram considerados nas análises divididas por sexo, apenas nas demais. Aproximadamente 43,79% dos alunos estavam cursando o primeiro ano do ensino médio técnico integrado, 17% o segundo, 17,7% o terceiro e 21,42% o quarto. A maioria dos alunos descreveu sua etnia como pardo (57,9%) e 64% deles possuem idade menor que 18 anos. Ao todo, 86,2% dos alunos relataram não ter nenhuma atividade remunerada e 76,5% relataram não receber nenhum auxílio governamental. A amostra deste estudo foi composta majoritariamente por mulheres. Este fato também pôde ser observado em outras pesquisas no período da pandemia, populações, condições clínicas e faixa-etárias (RUIZ-ROSSO, 2020; SOUZA et al, 2022). Interessante ressaltar que sobre a identidade de gênero, havia no questionário a opção de respostas para aqueles que não se sentissem à vontade em inserir somente o sexo ao nascer, no entanto, não houve dados acerca das diferentes categorias de gênero apresentada e 5 estudantes preferiram não responder à pergunta. As características gerais dos estudantes participantes da pesquisa são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Características socioeconômicas de estudantes de institutos federais do RN, Natal, RN, 2021 . VARIÁVEL N % VARIÁVEL N % IDENTIDADE DE GÊNERO ESCOLARIDADE DA MÃE HOMEM CISGÊNERO 90 27,95 DA 1ª À 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL 36 11,6 MULHER CISGÊNERO 227 70,93 DA 5ª À 8ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL 66 21,2 HOMEM TRANSGÊNERO 0 0 ENSINO MÉDIO 138 64,4 MULHER TRANSGÊNERO 0 0 ENSINO SUPERIOR 34 10,9 PREFIRO NÃO RESPONDER 5 1,55 PÓS-GRADUAÇÃO 32 10,3 RAÇA/COR NÃO ESTUDOU 3 1 PRETO 37 11,9 NÃO SEI 2 0,6 PARDO 180 57,9 ESCOLARIDADE DO PAI BRANCO 88 28,3 DA 1ª À 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL 66 21,2 INDÍGENA - - DA 5ª À 8ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL 64 20,6 AMARELO 6 1,9 ENSINO MÉDIO 112 36 IDADE ENSINO SUPERIOR 17 5,5 ≥ 18 113 35,8 PÓS-GRADUAÇÃO 13 4,2 < 18 203 64,2 NÃO ESTUDOU 16 5,1 ATIVIDADE REMUNERADA NÃO SEI 23 7,4 POSSUI 43 13,8 DAS PESSOAS QUE MORAM COMVOCÊ, QUANTAS TRABALHAM? NÃO POSSUI 268 86,2 NENHUMA 59 19 AUXÍLIO DO GOVERNO APENAS UMA 148 47,6 RECEBE 88 28,3 2 86 27,7 NÃO RECEBE 238 76,5 3 11 3,5 4 OU MAIS 7 2,3 5.2 DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E SATISFAÇÃO CORPORAL Os resultados para as medidas antropométricas autorreferidas indicaram que quase 72% das mulheres e 62% dos homens encontram-se com o peso adequado, conforme o IMC. É importante ressaltar que os dados de 3 participantes do sexo feminino tiveram que ser descartados da pesquisa em vistas a resposta invalida dada pelas mesmas. No âmbito do sobrepeso houve maior incidência no sexo masculino, porém destaca-se para ambos os sexos um percentual alarmante de sobrepeso e obesidade, atingindo cerca de 25% dos estudantes. Como se sabe, o sobrepeso dessa faixa-etária além de ter fortes chances de persistir, ou evoluir, na fase adulta, pode levar a diversas comorbidades (KOHUT; PANGANIBAN, 2019). Tabela 2 – Diagnóstico nutricional dos estudantes de Institutos Federais do RN, segundo Índice de Massa Corporal, Natal, RN, 2021 SEXO Classificação nutricional Masculino Feminino n % n % Desnutrição 8 9% 8 4% Eutrofia 58 64% 158 72% Sobrepeso 19 21% 43 19% Obesidade 5 6% 15 7% Total 90 100 224 100 Os dados de peso e altura foram autorreferidos, e resultaram no achado de que a população do estudo está em sua maioria eutrófica (68,87%). No entanto, parte dos estudantes, 19,86%, apresentaram diagnóstico de sobrepeso e 6,29% de obesidade. O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescente (ERICA), que avaliou adolescentes de municípios escolares com mais de 100 mil habitantes em 2013 – 2014, estimou que aproximadamente 25,5% estavam com excesso de peso (17,1% de sobrepeso e 8,4% de obesidade) (BLOCH et al, 2016). Um levantamento com dados da PeNSE (2015) verificou a prevalência de 22,2% de excesso de peso para os escolares (CONDE et al, 2018). A prevalência de sobrepeso e obesidade indica um maior risco para o desenvolvimento de obesidade e outras DCNT na vida adulta (MCTIGUE, et al; 2002). No contexto de escolares e adolescentes, para além desses agravos, Rubino et al. (2020) descrevem sobre os danos que o estigma do sobrepeso pode desencadear sendo este o aumento da ingestão alimentar, níveis mais baixos de atividade física, o consumo de alimentos não saudáveis e o risco aumentado de transição do sobrepeso para a obesidade em adolescentes e adultos. No entanto, não são apenas os indivíduos com sobrepeso e obesidade que sofrem com os estigmas relacionados ao peso. Nosso estudo apontou que, apesar do diagnóstico nutricional majoritariamente apresentar eutrofia, ao serem perguntados sobre sua imagem corporal e como se sentem em relação aos seus corpos, a maioria 59,1% dos escolares relatou não se sentir satisfeita. Nas respostas, 34,7% relataram estar insatisfeito, 9,3% muito insatisfeito, 15,1% indiferente, 35,7% satisfeito, 9,3% muito satisfeito (Tabela 3). Tabela 3 - Distribuição dos estudantes de ambos os sexos segundo percepção sobre satisfação corporal. SATISFAÇÃO CORPORAL Nível de satisfação corporal Masculino Feminino n % n % Muito insatisfeito 8 9 26 11 Insatisfeito* 22 24 85 37 Indiferente 14 16 33 15 Satisfeito 46 51 83 37 Total 90 100 227 100 * Associação significativa pelo teste de teste de Qui-quadrado (χ2) (p<0,05). Martini et al (2020), em um estudo realizado com adolescentes de Campinas, São Paulo, apontou que 52% das meninas e 34,5% dos meninos eutróficos, eram insatisfeitos com relação à sua imagem corporal. Em uma metanálise que incluiu 18 estudos, Cortes et al. (2013) identificaram a prevalência de insatisfação corporal em adolescentes, que variaram de 32,2% a 83%. De acordo com os autores, o conceito de imagem corporal é multidimensional e para além da imagem mental relacionada com a forma corpórea, perpassa sentimentos e vivências relacionadas. Dito isso, é importante salientar que a maioria da população do estudo é do sexo feminino (70,7%), e foi encontrada associação significativa dessa variável com a insatisfação corporal em mulheres, possivelmente devido à maior pressão estética associada a padrões de beleza impostos pela sociedade, desde o início de sua formação social (SILVA, 2020). Outro estudo realizado com adolescentes do sexo feminino relatou que 45,7% das participantes manifestaram insatisfação e 50,2% desejavam uma silhueta diferente da atual (MORAIS; NIRANDA; PRIORE, 2018). Nogueira-de-Almeida (2018), demonstra uma prevalência de 41,7% de adolescentes com distorção da imagem corporal, sendo mais comum nas do sexo feminino. Ademais, a insatisfação corporal na adolescência indica uma maior propensão a desenvolver distúrbios alimentares, sendo este considerado um período crítico (HOSSEINI; PADHY, 2022; PETROSKI, 2012). Evidências apontadas por Lee, Jun-Hyuk et al (2021) reforçam que ações de Educação Alimentar e Nutricional possui efeitos positivos no que se refere à autopercepção corporal equivocada, sobretudo em escolares, portanto, ressalta-se a necessidade de mais ações voltadas a esse público. 5.3 PRÁTICAS ALIMENTARES DOS ESTUDANTES NO ÂMBITO INDIVIDUAL E NA ESCOLA Visto que a alimentação saudável e adequada é um direito humano básico, foram coletados dados relacionados a alguns dos aspectos intrínsecos a esse conceito, fundamentados no Guia Alimentar Para a População Brasileira (2014), como o acesso permanente e regular de aos alimentos, a prática alimentar adequada às individualidades biológicas e sociais dos indivíduos e baseadas em práticas produtivas adequadas e sustentáveis. Alguns quesitos do questionário estavam relacionados aos hábitos alimentares antes da pandemia, e evidenciaram que 31,2% dos estudantes planejavam suas refeições durante o dia. Um estudo realizado com jovens mulheres na Austrália, mostrou que aquelas as quais tinham o costume de planejar suas refeições, apresentam duas vezes mais chances de consumirem frutas adequadamente (NOUR, ROUF, ALLMAN-FARINELLI et al; 2018). Entretanto, observou-se que 28,6% dos estudantes afirmaram pular ao menos uma das refeições principais. Este comportamento alimentar tem sido prática comum e associada aos diagnósticos de sobrepeso e obesidade, segundo estudo de revisão sistemática e meta-análise (MA et al, 2020; TAKAGI et al, 2019). O hábito de adicionar açúcar em bebidas (46,9%) e frequentar fast- foods ou lanchonetes (38,5% para os homens e 50,4% para as mulheres) podem ser consideradas práticas preocupantes no contexto da alimentação saudável e segurança alimentar e nutricional (Tabela 4). Tabela 4 - Distribuição dos estudantes de institutos federais segundo hábitos e preferências alimentares, Natal-RN, 2021. Práticas referentes ao tipo de dieta e hábitos alimentares Masculino Feminino n % n % Tipo da dieta com relação ao consumo de alimentos cárneos Consumo alimentos de origem vegetal e animal 29 31,8 217 92,7 Consumo alimentos de origem vegetal e de origem animal que não sejam carnes 7 7,69 22 4,70 Não consumo alimentos de origem animal 2 2,19 15 2,13 Hábitos alimentares frequentes Adição de açúcar em bebidas 30 33 90 38,5 Frequentar fast-food ou lanchonetes 35 38,5 118 50,4 Substituição do almoço ou jantar por sanduíches, salgados ou pizzas 2 2,19 13 5,55 Consumo de sucos industrializados 11 12 22 9,40 Consumo de refrigerantes 12 33 25 5,12 Consumo de guloseimas 22 24,2 48 20,5 Consumo de frutas 11 12 20 8,54 BORGES et al. (2018) demonstraram que o excesso de peso e a adesão ao padrão alimentar de lanches e de fast-foods estão diretamente relacionados a um pior perfil de nutrientes e maior densidade energética. Além disso, o consumo de ultraprocessados, com alto teor de açúcares livre, sódio e lipídeos, associados diretamenteao aumento nos índices de sobrepeso, obesidade e má nutrição relaciona-se com o aumento de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (SROUR, 2019). Concomitantemente, as bebidas açucaradas também contribuem no incremento da densidade energética e piora na qualidade nutricional da dieta da população, visto que possuem baixo valor nutritivo e são pobres em fibras (HEYMAN e ABRAMS, 2017). Vale ressaltar que a maioria dos estudantes participantes da pesquisa é adolescente, sendo esta uma fase da vida caracterizada pelo desenvolvimento da autonomia do indivíduo para escolhas alimentares que, em muitos casos, resultam por optar mais pelo consumo de alimentos ultraprocessados (VALE, 2020). Sobre os hábitos referentes à alimentação na escola, 81%, relataram consumir refeições ofertadas pelo IFRN quando estavam em atividade presencial (antes da pandemia), e desses, 43,1% dos estudantes consumiam essas refeições durante os 5 dias da semana. Quando perguntados se os alimentos ofertados na escola eram mais vantajosos que os da cantina (ou em outro local próximo à escola), 89,7% responderam que sim. A partir deste resultado, pode-se inferir sobre a percepção acerca dos benefícios de uma alimentação saudável e equilibrada, possivelmente resultante das ações de políticas públicas como o próprio PNAE, evidenciando a relevância de ações promotoras de uma alimentação saudável no ambiente escolar. Pesquisa realizada com adolescentes demonstrou que, quando os mesmos são expostos a mais tempo de educação nutricional, referem maior conhecimento sobre alimentação saudável e maior alfabetização nutricional, o que pode levar a hábitos alimentares que promovem a saúde, independentemente de suas condições socioeconômicas (EGG et al, 2020).Um estudo realizado com adolescentes de escolas públicas constatou que a dieta dos que consumiam alimentos de cantinas e locais próximos à escola em detrimento dos fornecidos pela mesma, apresentava menor aporte de proteína, cálcio, ferro, fibras, sódio, magnésio, vitamina A e C. Desse modo, alimentos vendidos nestes locais podem diminuir a adesão à alimentação escolar, dificultando a adoção de uma alimentação adequada (VALENTIN, 2017). Estudos demonstram que o consumo satisfatório da alimentação escolar entre adolescentes está associado de forma positiva ao consumo moderado e regular de alimentos in natura, e ao menor consumo regular de ultraprocessados, como refrigerantes e guloseimas (LOCATELLI, CANELLA, BANDONI, 2018; CESAR et al, 2018). Desse modo, Vale et al. (2021), apontam que a baixa adesão à alimentação escolar, é um marcador de risco para alimentação saudável e nutrição adequada entre adolescentes de escolas públicas brasileiras. 5.4 IMPACTOS DA PANDEMIA NA ALIMENTAÇÃO DOS ESCOLARES Fundamental a discussão sobre a importância do PNAE na garantia do DHAA no contexto de suspensão das aulas presenciais devido à pandemia de COVID-19. Para tanto, a Resolução nº 02/2020 dispõe que os recursos do PNAE podem ser utilizados para oferecer kits de alimentos durante esse período (MEC, 2020). Contudo, 60,5% relataram não estar recebendo nenhum benefício, 37,3% responderam que sim, mas somente alimentos, 1,6% que não estavam recebendo kit de alimentos, apenas dinheiro e 0,6% relatou estar recebendo metade em alimentos e metade em dinheiro. Com o advento da pandemia de COVID-19, Ornell et al. (2020), alertam para os possíveis impactos que a interrupção das aulas presenciais pode causar na vida dos escolares, inclusive, com relação à alimentação, visto que a alimentação escolar desempenha importante papel no que diz respeito à segurança alimentar dos contemplados, sendo muitas vezes a única garantia de uma alimentação segura e equilibrada para esses estudantes. Com relação à realização das refeições ao longo do dia antes e durante a pandemia, foi possível fazer um comparativo: antes, 156 estudantes consumiam lanche da manhã, depois, 86. Referentes ao almoço antes 301 realizavam essa refeição, e esse número reduziu para 291. A frequência de consumo do lanche da tarde também diminuiu, passando de 254 para 220, em contrapartida, a realização do lanche da noite/ceia aumentou, de 106 para 112. A realização do jantar passou de 282 para 279, ao passo que a do café-da-manhã se manteve a mesma, 220. Contudo, a realização de um lanche da madrugada aumentou de 31 para 72. Esses achados corroboram com os de Souza et al. (2022), os quais denotaram que algumas pessoas deixam de almoçar, ao passo que aumentaram a realização de lanches noturnos e complementares. Malta et al (2020), a adesão ao distanciamento social com o aumento dos sentimentos de tristeza, depressão e ansiedade, com o aumento do consumo de alimentos não saudáveis. Essa relação pode devir ao fato de que ter muito acesso às informações referentes à COVID-19 pode provocar estresse nos indivíduos, levando ao consumo excessivo desses alimentos, sobretudo os ricos em açúcares, que estão relacionados à produção de serotonina e conseguinte melhora no humor (CASTRO-DE-ARAUJO, MACHADO, 2021). Acerca da autoanálise sobre sua alimentação no período da pandemia, 46,3% responderam que estava igual ou muito parecido com antes da pandemia, 31,8% relataram que a alimentação piorou e 21,9% que melhorou. Dado interessante foi a associação significativa (p<0,05) entre as respostas afirmativas quanto à melhoria na alimentação e o hábito de cozinhar mais durante a pandemia (Tabela 5). Alguns estudos já associaram positivamente o hábito de cozinhar frequentemente com a melhora na qualidade da dieta (LASKA et al, 2015; WOLFSON; BLEICH, 2015), inclusive no período de pandemia, onde foi observado que houve um aumento na frequência de preparo de refeições em casa e conseguinte aumento no consumo de alimentos in natura (DE BACKER et al, 2021; DEZANETTI et al, 2022). Uma coorte realizada nos Estados Unidos da América, verificou que adolescentes envolvidos na prática culinária tendem a se tornarem adultos mais preocupados com o preparo dos alimentos saudáveis (WOLFSON; LEUNG; RICHARDSON, 2020). No entanto, a piora na alimentação relatada pelos estudantes pode estar diretamente relacionada às questões referentes à insegurança alimentar (RIBEIRO-SILVA, et al 2020). Ao analisar informações sobre os sentimentos e vivências com relação à escassez de alimentos na pandemia 15,8% dos estudantes relataram que a comida acabou antes do planejado, 23,2% que houve uma preocupação de a comida acabar, 18,6% que falta dinheiro para alimentação, 19,6% que diminuiu a ingestão de comida/pulou refeições, 27,3% que diminuiu a compra de alimentos/ficou sem dinheiro (Figura 1). Também foram perguntados sobre com qual frequência os estudantes sentiram fome por não ter comida suficiente em suas respectivas casas nos últimos 30 dias, onde 73,3% responderam “nunca”, 20,9% “raramente” e 5,8% “muitas vezes”. Além disso, 28% referiram ter “comido menos” nesse período. Figura 1. Distribuição dos estudantes sobre questões de insegurança alimentar durante a pandemia. Um estudo que discute as implicações da pandemia de COVID-19 para insegurança alimentar no Brasil, apontou algumas destas repercussões nas dimensões da SAN. Dentre elas, foram os prejuízos na oferta de alimentos in natura da agricultura familiar, paralisação do PNAE e redução ou suspensão de renda para os mais vulneráveis (RIBEIRO-SILVA, et al 2020). O relatório do IPES- Food (2020) demonstrou que, dentre outras problemáticas advindas desse contexto de pandemia, as crianças estavam a uma refeição da alimentação escolar mais próximas da fome. Vale salientar também que 8,54% dos alunos, e 3,34%, das alunas estão classificadas com desnutrição (Tabela 2). No entanto, a FAO relatou que a pandemia de COVID-19 não impossibilitaria a disponibilidade de alimentos, mas que o acesso poderia ser afetado. Desse modo, foi observado que asmudanças nas cadeias de abastecimento foram responsáveis pela notória flutuação nos preços dos alimentos da cesta-básica sendo um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da insegurança alimentar nesse período (JACOB, 2020). Contudo, essa oscilação nos preços de alimentos apresentou padrões divergentes em diferentes regiões do mundo. Enquanto na Europa os insumos médios variaram de 2% a 5%, em países em desenvolvimento foram observadas variações de +15,1% na Argentina, até +56,8% na Venezuela (FAO, 2020). Sendo assim, sabe-se que as pessoas em vulnerabilidade social foram as primeiras e mais atingidas por essas mudanças. Com destaque para os trabalhadores da economia informal, que além de ficarem sem sua fonte de renda, receberam ainda menos apoios governamentais que as pessoas com emprego fixo (GALANAKIS, 2020). Sobre isso, vale ressaltar aqui que 76,5% dos participantes da pesquisa relataram não estar recebendo quaisquer tipos de auxílios governamentais. Esses alarmantes dados são reflexo da baixa resiliência do nosso sistema alimentar atual, demonstrando sua baixa capacidade de se manter estável em meio a situações de crise. Sendo para Béné (2020), a pandemia de COVID-19 um dos indicadores dessa baixa resiliência. Portanto, conscientizar as pessoas sobre a importância da construção de um sistema alimentar mais sustentável é uma realidade urgente e necessária. 5.5 PRÁTICAS ALIMENTARES SUSTENTÁVEIS A FAO (Food and Agriculture Organization) traz a definição de dietas sustentáveis como sendo nutricionalmente adequadas, seguras, saudáveis, culturalmente aceitáveis, economicamente estáveis e com baixo impacto ambiental (FAO, 2010). Posteriormente, outros autores enriqueceram a discussão desse conceito ao discutir sobre o envolvimento do sistema alimentar por completo, como sendo fundamental para a garantia da segurança alimentar e nutricional a longo prazo (MEYBECK; GITZ, 2017; BERRY et al, 2015; JACOB; ARAÚJO, 2020). Ou seja, entender a relação de sustentabilidade e alimentação vai além da análise do consumo alimentar do indivíduo, desse modo, espera-se que o mesmo tenha conhecimento acerca desses conceitos para que possa ser agente de mudança para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis. Não foram encontradas evidências para concluir que as variáveis conhecimento sobre sustentabilidade e sexo estão associadas (p>0,05). Por outro lado, foi observada associação entre as variáveis conhecimento sobre sustentabilidade e raça, onde foi obtido um valor p=0.004921, sendo os estudantes que se autodeclaram pardo os que demonstraram maior conhecimento (Tabela 5). A tabela 5 apresenta os resultados dos testes de hipóteses de associações pelo qui- quadrado de Pearson. Ressaltam-se que houve associação significativa (p<0,05) para as variáveis de insatisfação corporal e gênero; conhecimento de sustentabilidade e a etnia do aluno; alimentação mais saudável e hábito de cozinhar em casa; conhecimento sobre origem de alimentos e produção orgânica com o gênero do aluno. Tabela 5. Teste ꭕ² para verificação de associação entre as variáveis categóricas. Variável χ 2 G.L Valor p Insatisfação corporal e Sexo 12,935 6 0,04408 Conhecimento sobre sustentabilidade e Sexo 2,3437 2 0,3098 Conhecimento sobre sustentabilidade e Raça 12,872 3 0,004921 Conhecimento sobre sustentabilidade e Consumo de alimentos de origem animal 2,1317 2 0,3444 Famílias que cozinharam mais e qualidade da alimentação 19,735 4 0,0005633 Conhecimento sobre a origem dos alimentos e Conhecimento sobre produção orgânica e agroecológica 15,98 3 0,001145 Conhecimento sobre a origem dos alimentos e Sexo 3,2565 2 0,1963 Conhecimento sobre a origem dos alimentos e escolaridade da mãe 4,7169 6 0,5806 Conhecimento sobre a origem dos alimentos e escolaridade do pai 4,9586 6 0,5491 Conhecimento sobre produção orgânica e agroecológica e Sexo 15,407 6 0,01732 Conhecimento sobre produção orgânica e agroecológica e escolaridade da mãe 21,08 18 0,2754 Conhecimento sobre produção orgânica e agroecológica e escolaridade do pai 19,114 18 0,3848 Valores de p<0,05 indicam associação significativa entre as variáveis. Ao serem perguntados sobre o conhecimento acerca do que é sustentabilidade, 87,55% relataram saber o que significa esse termo, como mostra a Figura 2. Com relação à produção orgânica e agroecológica, 48,6% responderam conhecer apenas a produção orgânica, 32,8% conhecem as duas produções e 3,2% conhecem apenas a agroecológica. Verificou-se associação estatisticamente significativa (p<0,05) entre o conhecimento sobre a produção sustentável e a origem dos alimentos utilizados na alimentação escolar, e com a escolaridade dos pais (Tabela5). Em paralelo a esses achados, vale salientar que uma população menos escolarizada tende a estar mais suscetível a interpretações equivocadas sobre conceitos de alimentação e nutrição (DE MOURA; MASQUIO, 2014). Figura 2. Distribuição dos estudantes quanto ao conhecimento sobre sustentabilidade e a origem dos alimentos da alimentação escolar. Um estudo realizado com a população escolar acerca de seus conhecimentos relacionados à “sustentabilidade alimentar”, mostrou que, apesar de o conhecimento sobre o tema ser alto, o mesmo é comumente não baseado em evidências, o que acarreta em algumas confusões relacionadas a essa temática (GARCÍA-GONZÁLEZ et al, 2020). Dados que podem corroborar com esse achado, referem-se às respostas de 51,1% dos estudantes, cujo conhecimento prévio sobre sustentabilidade e alimentação foi adquirido através de meios de comunicação em massa como TV, rádios e mídias sociais. No entanto, 20,3% relataram ter sido através do IFRN ou escola em que estudavam anteriormente e 6,8% através de artigos científicos. Os estudantes foram perguntados sobre a presença de horta no IFRN onde estudam existe, e 67,2% responderam que não sabiam, 12,5% que não e 20,3% que sim. Vale et al (2018), defendem a presença de hortas no ambiente escolar como sendo uma variável relevante ao planejamento de ações de promoção alimentar adequada e saudável, podendo estes espaços serem usados como estratégia de EAN. Além disso, os autores demonstraram uma associação da ausência dessas hortas com maior prevalência de consumo regular de salgados fritos, refrigerantes e produtos alimentícios ultraprocessados salgados nesse grupo (VALE et al, 2018). Em se tratando de sustentabilidade e alimentação, considera-se importante a discussão acerca do consumo de carne pelos estudantes. Os dados apontaram que 8% dos alunos relataram não 120 97 87,4 80 74,3 67,1 60 54,2 45,8 40 32,9 25,7 20 12,6 Conhecem o tema Desconhecem o tema consumir carne. Dentre os fatores relacionados com o aumento da adesão a esse padrão alimentar, estão a expansão das pesquisas validadas a favor de dietas vegetarianas; expansão de conhecimento difundido na internet e do ensino superior e criação da Sociedade Vegetariana Brasileira, bem como outros grupos ativistas (DE CARVALHO, 2020). Portanto, e pode-se afirmar que o vegetarianismo tem se popularizado nos últimos anos e, dentre os motivos que levam adolescentes a deixarem de consumir carne, está a preocupação com o impacto ambiental (SILVA MARTINS; FARIA; LOUREIRO, 2019). Von Koeber, Bader e Leitzmann (2017) defendem uma alimentação à base de plantas como ideal para uma dieta sustentável. No entanto, é possível melhorar a sustentabilidade na dieta mesmo em padrões alimentares não vegetarianos, que podem indicar boa relação com as dimensões da nutrição sustentável (VIEUX et al, 2020). Desse modo, ressalta-se a importância das ações de educação alimentar e nutricional pautadas nas questões de sustentabilidade e na agroecologia, sobretudo, pois 25,5% dos participantes relataram que “ajudar na preservação ambiental e ter um consumo mais sustentável” éo que mais os motivam a mudar seus hábitos alimentares. Portanto, vale salientar que as intervenções realizadas com adolescentes em escola demonstram um impacto positivo acerca da alimentação saudável e educação nutricional (RONTO; BALL; HARRIS, 2016; BAILEY; DRUMMOND; WARD, 2019). 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudantes de institutos federais do RN consideram a alimentação escolar mais saudável e vantajosa para sua saúde. Contudo, achados preocupantes sobre o consumo de bebidas açucaradas e hábitos de frequentar fast-foods não saudáveis, podem estar associados com os índices de sobrepeso e obesidade. Os dados apontaram que a pandemia de COVID-19 reforça o olhar criterioso para o alcance da SAN nesta população, por sua vulnerabilidade social e econômica, associada à escalada da fome e pobreza no país. A maioria dos estudantes participantes da pesquisa reconheceram o conceito de sustentabilidade e sua relação com a alimentação, com destaque para a associação significativa entre conhecimento sobre sustentabilidade e raça. Sugere-se que mais estudos sejam realizados de modo a investigar de forma holística as associações e hipóteses levantadas aqui – e outras relacionadas. Proporcionando aos nutricionistas e gestores atuantes nos institutos federais do RN e do Brasil, mais ferramentas de análise e possíveis intervenções relacionadas à melhoria da alimentação, educação alimentar e nutricional para os estudantes e promoção do desenvolvimento sustentável. REFERÊNCIAS AZEVEDO, E.; PELICIONI, M. C. F. Promoção da saúde, sustentabilidade e agroecologia: uma discussão intersetorial. 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Resolução nº 26, de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 jun. 2013. Seção 1, p. 7. BRUNDTLAND, Gro Harlem –– “Our Common Future – The World Commission on Environment and Development” – Oxford University, Oxford University Press, 1987. BURLANDY, Luciene et al. Saúde e Sustentabilidade: desafios conceituais e alternativas metodológicas para a análise de sistemas locais de Segurança Alimentar e Nutricional. Tempus Actas de Saúde Coletiva, v. 9, n. 3, p. 55-70, 2015. CASTRO-DE-ARAUJO, Luís Fernando Silva; MACHADO, Daiane Borges. Impact of COVID-19 on mental health in a Low and Middle-Income Country. Ciencia & saude coletiva, v. 25, p. 2457- 2460, 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- CHAUDHARY, Sarika; KANG, Manpreet Kaur; SANDHU, Jaspal Singh. 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