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Incidenciafatoresrisco-Ribeiro-2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS 
 
 
 
 
ANNE KALINE CLAUDINO RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO A NÃO ADAPTAÇÃO DE NOVAS 
PRÓTESES MANDIBULARES: ENSAIO CLÍNICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2020 
 
 
ANNE KALINE CLAUDINO RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO A NÃO ADAPTAÇÃO DE NOVAS 
PRÓTESES MANDIBULARES: ENSAIO CLÍNICO 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Odontológicas, Centro 
de Ciências da Saúde da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte, como requisito para 
obtenção do título de Mestre em Ciências 
Odontológicas. 
Área de concentração: Clínicas Odontológicas. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Adriana da Fonte 
Porto Carreiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2020 
 
 
ANNE KALINE CLAUDINO RIBEIRO 
 
 
INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO A NÃO ADAPTAÇÃO DE NOVAS 
PRÓTESES MANDIBULARES: ENSAIO CLÍNICO 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Odontológicas, Centro 
de Ciências da Saúde da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte, como requisito para 
obtenção do título de Mestre em Ciências 
Odontológicas. 
Área de concentração: Clínicas Odontológicas. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Adriana da Fonte 
Porto Carreiro 
 
 
Aprovada em: ______/______/______ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
___________________________________________ 
Prof
a
. Dr
a
. Adriana da Fonte Porto Carreiro 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Orientadora 
___________________________________________ 
Prof. Dr. Laércio Almeida de Melo 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Membro externo 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Joel Ferreira Santiago Junior 
Centro Universitário Sagrado Coração - UNISAGRADO 
Membro externo 
 
 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - -Departamento de Odontologia 
 
 Ribeiro, Anne Kaline Claudino. 
 Incidência e fatores de risco a não adaptação de novas 
próteses mandibulares: ensaio clínico / Anne Kaline Claudino 
Ribeiro. - Natal, 2020. 
 65 f.: il. 
 
 Orientadora: Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro. 
 Dissertação (Mestrado em Ciências Odontológicas) - 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências 
da Saúde, Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas, 
Natal, 2020. 
 
 
 1. Prótese Total Inferior - Dissertação. 2. Adaptação - 
Dissertação. 3. Fatores de Risco - Dissertação. 4. Análise de 
Sobrevida - Dissertação. I. Carreiro, Adriana da Fonte Porto. II. 
Título. 
 
RN/UF/BSO BLACK D32 
 
 
 
 
 
Elaborado por MONICA KARINA SANTOS REIS - CRB-15/393 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
A Deus, por me guiar, iluminar, proteger e proporcionar a realização de mais um sonho. 
 
Aos meus queridos pais, Luiz e Euza, por todo carinho, amor e apoio incondicional em todos 
os momentos de minha vida. Serei eternamente grata! 
 
Aos meus irmãos, Anderson e Arthur, por sempre incentivarem e acreditarem em meu 
potencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Sempre acreditei que na vida devemos ser gratos a todos aqueles que nos ajudaram de 
alguma maneira. Assim, agradeço a todos aqueles que fizeram/fazem parte de minha vida e que 
contribuíram direta ou indiretamente para a concretização do Mestrado. Obrigada pelas palavras 
de conforto, pelos abraços, pelos sorrisos, pelos conselhos, pelos aprendizados, por tudo 
vivenciado. Cada parte desse trabalho tem um pouco de cada um de vocês! 
 
 Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me dar forças e me abençoar em mais essa etapa 
vencida. Obrigada Senhor por sempre estar ao meu lado, nunca me desemparar e me proporcionar 
força, coragem e determinação para atingir êxito em mais esse propósito da minha vida. Palavras 
são insuficientes para expressar a gratidão que sinto por todas as bençãos derramadas em minha 
vida! 
 
Aos meus amados pais, Euza Maria Claudino Ribeiro e Luiz Alves Ribeiro, por sempre 
proporcionarem boa educação, por me ensinarem valores morais com tanto carinho e amor, e por 
nunca me deixar faltar nada. Vocês são o meu orgulho! Obrigada pela confiança, pelo suporte, 
por mostrar a importância do saber e do conhecimento, por me apoiar em todas as decisões. 
 
Ao meu irmão Anderson Kilmer Claudino Ribeiro, que mesmo morando distante, está 
sempre presente, cuidando de mim e vibrando com cada vitória. Ao meu irmão caçula Arthur 
Klinger Claudino Ribeiro, por sempre me proporcionar paz diante das dificuldades, por me fazer 
sorrir em meio aos problemas. 
 
Aos meus avós (in memorian) Sebastião Claudino e Edilza Claudino, João Ribeiro e Alzira 
Ribeiro que de sua morada eterna sempre zelam por mim, me protegem e com certeza estão 
vibrando com mais essa conquista. 
 
A toda minha família, em especial aos meus tios João Claudino, Canindé Claudino, Eliane 
Claudino e Edileuza Claudino, a Matheus Claudino, a Concísia Lopes, a Hesli Holanda e ao meu 
compadre Dorian Fredson de Melo pelo incentivo e apoio e por compreenderem minhas ausências. 
 
A minha querida e maravilhosa orientadora Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro, 
por ter me conduzido excepcionalmente em todos os projetos e atividades desempenhadas não 
 
 
somente ao longo do Mestrado, mas desde a época da Graduação. Obrigada por toda a dedicação, 
carinho e esforço imensurável ao longo dessa jornada. Para mim é uma honra e motivo de orgulho 
tê-la como orientadora, um ser humano ético, responsável, competente, com um coração gigante e 
genoroso. Obrigada por ser exigente, por ser criteriosa, por ser perfeccionista, por ter ensinado com 
tanta paciência, pelos “puxões de orelha”, pelos conselhos em meio a dificuldades, tudo isso me 
fez uma pessoa e profissional melhor. Obrigada por ser fonte de inspiração e determinação! 
 
A amiga, parceira, irmã e companheira que ganhei nesse Mestrado, Profa. Aretha Heitor 
Verissimo. Obrigada por sempre estar disponível, por compartilhar seus conhecimentos, por ajudar 
em tudo que precisei, por ouvir meus desabafos e desesperos, por sorrir comigo, por me acolher, por 
me permitir fazer parte de sua vida. Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado você em meu 
caminho, a pós-graduação com certeza foi menos árdua e mais leve com sua presença cotidiana. 
Construímos um laço de amizade que certamente perdurará por muitos anos, vai muito além da 
finalização desse ciclo. Meu sincero e eterno agradecimento, por cada contribuição em todas as 
parcerias e produções científicas, por estar sempre ao meu lado. Admiro-te! Esse trabalho é tão 
meu quanto seu! 
 
A minha querida amiga Maria Laura de Souza Lima por ter sido minha parceira nessa 
longa caminhada, desde a época da graduação, sendo meu braço direito. Obrigada por ter 
participado desse desafio junto comigo, você foi minha confidente, sou grata por poder 
compartilhar as angústias, problemas, felicidades e vitórias. Desejo todo sucesso do mundo para 
você. Obrigada por sua paciência, por sua tranquilidade que tantas vezes me acalmou em meio 
aos problemas. Tenho muito orgulho de você! Conte sempre comigo! 
 
Ao amigo e Prof. Dr. Laércio Almeida de Melo, agradeço pela disponibilidade, pelos 
ensinamentos gentilmente compartilhados. Muito obrigada por todas as sugestões, contribuições e 
suporte científico para que esse trabalho se concretizasse. Obrigada por tudo! 
 
Aos amigos Ana Patrícia Lopes, Diego Cavalcante, Fabiano Clementino, Katarine 
Florêncio, Lourival Confessor, Maria Fernanda de Oliveirae Wesley Shayne. Obrigada pelas 
palavras estimulantes e revigorantes, pela confiança em mim depositada. Sou privilegiada por ter 
vocês ao meu lado! 
 
 
 
Ao Departamento de Odontologia da UFRN por todo o suporte ao longo da minha 
jornada acadêmica (graduação e pós-graduação) e pelo fornecimento de material necessário para a 
realização de etapas da pesquisa. Obrigada por ter sido a minha segunda casa! 
 
Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas com seu corpo docente de 
excelência. Obrigada por todas as contribuições para meu engrandecimento pessoal e profissional. 
Agradeço a todos vocês, queridos professores, que desde os primeiros dias de estudo no 
DOD/UFRN, são fonte de motivação, ajudando em minha formação e crescimento, tornando-me 
uma pessoa melhor. Agradeço também as funcionárias da secretaria Gracinha e Amanda, por 
terem sido atenciosas e sempre disponíveis diante de minhas dúvidas e pedidos. 
 
A CAPES (Coordenação de Apoio de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo 
auxílio financeiro. 
 
Aos professores Dra. Maria Ângela Fernandes Ferreira, Dra. Patrícia dos Santos 
Calderon, Dr. Laércio Almeida de Melo e Dr. Joel Ferreira Santiago Junior por aceitarem o 
convite e participar da minha banca de qualificação e defesa. Para mim foi uma honra tê-los 
nesse momento tão importante. Muito obrigada por toda dedicação e tempo disponibilizado para 
a avaliação desse trabalho, por todas as contribuições e sugestões, elas foram valiosas para o 
engrandecimento desse trabalho. 
 
Aos pacientes que se disponibilizaram a participar dessa pesquisa, por conhecer um pouco 
da história de cada um e por terem colaborado para que esse estudo se tornasse possível. 
 
Aos funcionários do setor da Prótese Dentária, Edson Martiniano e Jakelma Estevam, por 
sempre zelar pela organização de nosso ambiente de trabalho e estudo. Obrigada pela paciência 
em meio a minhas correrias e pedidos em cima da hora, por serem sempre solícitos e prestativos 
sempre que precisei, mesmo quando já estava além do horário. Agradeço em especial, a você, 
“Jake”, por ter sido também companheira e ouvinte dos meus problemas, pela amizade construída. 
 
A nossa querida Técnica em Prótese Dentária e Cirurgiã-Dentista, Clebya Rosália Pereira 
de Medeiros, pelos inúmeros “help” na confecção das próteses, pelo auxílio com tamanha 
gentileza e paciência na realização de cada etapa que precisava de um ou outro ajuste, pelo 
trabalho exemplar e primoroso, pela competência e perfeccionismo em cada prótese entregue. 
 
 
 
Ao setor de Imagenologia da UFRN, em especial ao Prof. Paulo Raphael Maia e Profª 
Patrícia Teixeira, por permitir a realização da etapa de busca e análise de imagem, e aos 
funcionários Claudia Barros, Marcone Fernandes e Lauro Targino, por sempre estarem 
disponíveis, e realizar a obtenção das panorâmicas, em meio a meus corre-corre e pedidos. 
 
A todos os funcionários da esterilização pela recepção e entrega de materiais com atenção e 
responsabilidade, em especial Marcos Aurélio Marques, Érika Danielle Varela e Aurélio Pereira, 
com os quais tive conversas saudáveis que me trouxeram muita paz em meio a problemas; 
amizade essa que levo no coração desde a época de graduação. 
 
Aos funcionários da Biblioteca Setorial do Departamento de Odontologia da UFRN pela 
colaboração, auxílio na busca de artigos, além da contribuição na formatação desse trabalho. 
 
A todos os queridos colegas do Mestrado pelo convívio e compartilhamento de 
conhecimentos, pelas produções e atividades científicas realizadas, pelo crescimento conjunto. 
 
Aos amigos da Pós-graduação, Ana Lúcia Moreira, Ana Margarida Melo, Guilherme 
Beiruth, Isabelle Helena, Keiverton Gurgel, Liliane Nogueira, Nathália Ramos, Raíssa Pinheiro, 
Rodrigo Falcão, Taciana Vila-Nova e Thais Cordeiro, obrigada pelo companheirismo e por fazer 
parte dessa jornada. Vocês estarão eternamente em meu coração! E se Deus permitir, nos veremos 
no doutorado. Em especial, agradeço a Ana Luísa Pascoal pelos laços de amizade iniciados 
quando eu ainda estava na graduação, e que foram fortalecidos ao longo dessa caminhada. 
Obrigada por ser esse anjo em minha vida, por ter dividido grandes momentos, pela viagem louca 
e divertida, por compartilhar conhecimentos e por saber que posso contar com você. 
 
A toda equipe do Projeto de Reabilitação Oral, Ana Clara Tôrres, Ana Larisse Carneiro, 
Annie Karoline de Medeiros, Daniel Mariano, Lilian Scoparo, Maria de Fátima Campos, Miria 
Curinga, Natália Pinheiro, Rachel Cardoso, Rafael Amorim e Vitória Ramos pelas importantes 
contribuições nas produções científicas e/ou etapas da pesquisa, pela convivência harmoniosa e 
aprendizado. Em especial, agradeço a Luana Aquino, um encanto de pessoa, amiga, professora 
super capacitada e habilidosa. Obrigada pelos ensinamentos adquiridos desde a época de 
graduação e que pude aprimorar ainda mais através de sua experiência clínica. Agradeço também 
a querida Andréa Lira por ter sido fundamental na realização das etapas clínicas, por ter sempre 
me socorrido, me auxiliado sempre que precisei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as 
grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. 
 
Charles Chaplin 
 
 
RESUMO 
 
Este ensaio clínico não randomizado se propôs a investigar a incidência e os fatores de 
risco a não adaptação de prótese total convencional mandibular (PTCM). Um total de 
108 edêntulos bimaxilares foram reabilitados com próteses totais e acompanhados por 
um período de 3 e 6 meses. Nesses períodos, os pacientes foram alocados em PTA 
(Pacientes adaptados a PTCM) e PTN (Pacientes não adaptados a PTCM). Os critérios 
que confirmaram a adaptação dos pacientes foram: realizar a mastigação, fonética e 
deglutição confortavelmente com as próteses. As variáveis analisadas como possíveis 
fatores de risco foram registradas em ficha clínica e estavam relacionadas aos aspectos 
sociodemográficos e fatores centrados no paciente. A estimativa do tempo médio para 
adaptação à PTCM foi obtida a partir da curva de Kaplan-Meier. Inicialmente, os 
fatores de risco foram analisados estatisticamente pelo Teste do Qui-quadrado ou Exato 
de Fisher. Em seguida, foi realizada uma análise multivariada e o risco relativo foi 
ajustado através da regressão múltipla de Poisson. Os resultados revelaram incidência 
de 38,0% (n=41) dos indivíduos não adaptados a novas próteses totais mandibulares 
após 3 meses. Essa não adaptação à prótese total mandibular esteve associada 
significativamente à ausência de experiência prévia com PTCM (p=0,042), à presença 
de ulcerações após 15 dias da reabilitação (p<0,001) e à altura do rebordo mandibular 
posterior reduzida (p=0,035). Após 6 meses, essa incidência reduziu para 14,1% (n=14), 
sendo a ocorrência de lesões ulcerosas após 15 dias (p<0,001) e 30 dias (p<0,001) da 
instalação das novas próteses e o uso não regular da nova PTCM (p<0,001) os fatores 
de risco associados à não adaptação à PTCM. A análise de sobrevida mostrou que 78,53 
± 36,11 dias são suficientes para adaptação da maioria dos pacientes à prótese, com o 
menor tempo médio de adaptação à PTCM associado significativamente à experiência 
prévia com PTs inferiores (p=0,032), ao uso de próteses antigas confeccionadas por 
dentista (p=0,034), à ausência de registro de lesões nos primeiros dias após reabilitação 
(p=0,023), à rebordo mandibular posterior não-reabsorvido (p=0,005) e ao uso regular 
das novas próteses mandibulares (p=0,002). Conclui-se que a incidência de indivíduos 
não adaptados a PTCM foi maior em um período de 3 meses, com redução após 6 meses 
de acompanhamento. As variáveis sociodemográficas não influenciaram na adaptação à 
prótese mandibular nos períodos de 3 e 6 meses. No tempo de 3 meses, a ausênciade 
experiência prévia com PTCM, registro de úlceras traumáticas em arco mandibular e a 
presença de rebordos mandibulares reduzidos interferiram negativamente na adaptação 
às novas próteses inferiores constituindo-se como fatores de riscos ao não uso da 
PTCM. Todavia, após 6 meses de uso das próteses, apenas a ocorrência de lesões 
ulcerativas e o uso não regular das próteses foram fatores de risco à não adaptação à 
prótese mandibular. Em média, a maioria dos indivíduos se adaptou a nova PTCM em 
2,6 meses. Essa adaptação em menor tempo esteve associada à experiência prévia com 
prótese inferior, ao uso de próteses antigas confeccionadas por dentista, à ausência de 
registro de úlceras traumáticas após tratamento reabilitador, à presença de rebordo não 
reabsorvido e ao uso regular das novas PTCM. 
 
Palavras-chave: Prótese Total Inferior. Adaptação. Fatores de Risco. Análise de 
Sobrevida. 
 
 
ABSTRACT 
 
This non-randomized clinical trial aimed to investigate the incidence and the risk factors 
to the non-adaptation of the conventional mandibular complete denture (CMCD). A 
total of 108 bimaxillary edentulous were rehabilitated with full dentures on a 3 month 
and 6 month follow-up. During these periods, patients were allocated into PTA (Patients 
adapted to CMCD) and PTN (Patients non-adapted to CMCD). The criteria that 
confirmed the patients’ adaptation were: chewing, phonetics, and swallowing 
comfortably with the dentures. The variables analyzed as possible risk factors were 
recorded in a clinical record and were related to sociodemographic aspects and patient-
centered factors. The estimate of the average time for adaptation to CMCD was 
obtained from the Kaplan-Meier curve. Initially, the risk factors were analyzed 
statistically by the Chi-square test or Fisher's Exact test. Then, a multivariate analysis 
was performed and the relative risk was adjusted by Poisson regression. The results 
revealed an incidence of 38.0% (n=41) of individuals non-adapted to new mandibular 
complete dentures after 3 months. Non-adaptation to the mandibular complete denture 
was significantly associated with the absence of past mandibular denture experience 
(p=0.042), the presence of ulcerations after 15 days of rehabilitation (p<0.001), and the 
height of the reduced posterior mandibular ridge (p=0.035). After 6 months, this 
incidence decreased to 14.1% (n=14), with the occurrence of ulcerative lesions after 15 
days (p<0.001) and 30 days (p<0.001) of the delivery of new dentures and the non-
regular use of new CMCD (p<0.001) being the risk factors associated with the non-
adaptation of CMCD. Survival analysis showed that 78.53 ± 36.11 days are enough for 
most patients to adapt to the dentures, with the lower average time to adapt to CMCD 
significantly associated with previous experience with mandibular CDs (p=0.032), use 
of old dentures made by a dentist (p=0.034), no record of ulcers after the first days after 
rehabilitation (p=0.023), posterior mandibular ridge non-reabsorbed (p=0.005) and 
regular use of new mandibular dentures (p=0.002). It concluded that the incidence of 
patients non-adapted to CMCD was higher in 3 months, with a reduction after 6 months 
follow up. Sociodemographic variables not influenced the adaptation to the mandibular 
dentures in the periods of 3 and 6 months. After 3 months, the absence of previous 
experience with CMCD, registration of traumatic ulcers in the mandibular arch, and the 
presence of lower mandibular ridges interfered negatively in the adaptation to new 
lower dentures, constituting risk factors for non-use CMCD. However, after 6 months of 
wearing the prostheses, only the occurrence of ulcerative lesions and non-regular wear 
of dentures were risk factors for non-adaptation to mandibular prostheses. On average, 
most individuals adapted to the new CMCD in 2.6 months. This adaptation in less time 
was associated with previous experience with an inferior dentures, the use of old 
prostheses made by a dentist, the absence of a record of traumatic ulcers after 
rehabilitation treatment, the presence of non-resorbed ridge and the regular use of the 
new CMCD. 
 
Keywords: Denture, Complete, Lower. Adaptation. Risk Factors. Survival Analysis. 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Fluxograma do estudo da amostra................................................................. 28 
Figura 2 - Alturas anterior e posterior obtidas na radiografia panorâmica. LRa: Linha 
de referência para linha média (La); La: Altura da linha média; LRc: Linha 
de referência para comprimento da base mandibular; Lc: Comprimento do 
corpo mandibular; Lm: Altura na região de molar......................................... 
 
 
 
35 
Figura 3 - Estimativa de tempo médio para adaptação à PTCM nos 6 meses de 
acompanhamento. Natal/RN, 2020................................................................ 
 
39 
Figura 4 - Curva de sobrevida de Kaplan-Meier. Curva de sobrevida da adaptação à 
PTCM ao longo do tempo de acompanhamento quanto à experiência 
prévia com PT inferior (A), profissional que confeccionou a PT antiga 
(B), ocorrência de lesões após 15 dias da reabilitação com as novas PTs 
(C), altura do rebordo mandibular posterior (D) e uso regular da PT 
inferior após a reabilitação (E). Natal/RN, 2020........................................... 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Etapas clínicas e laboratoriais para tratamento de reabilitação prótetica 
nos pacientes. Natal/RN, 2020 ................................................................... 
 
30 
Quadro 2 - Descrição das variáveis dependentes e independentes analisadas no 
estudo. Natal/RN, 2020 .............................................................................. 
 
32 
Quadro 3 - Classificação da altura do rebordo mandibular........................................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Estimativa de tempo médio de adaptação em comparação com os fatores 
avaliados no estudo. Natal/RN, 2020............................................................ 
 
39 
Tabela 2 - Associação entre as variáveis sociodemográficas, condição de saúde e 
adaptação/não adaptação à prótese total mandibular com suas medidas de 
risco relativo bruto (RR), n (%), IC (intervalo de confiança com 95%) e 
valor de p. Natal/RN, 2020 ........................................................................... 
 
 
 
42 
Tabela 3 - Associação entre os fatores centrados no paciente e adaptação/não 
adaptação à prótese total mandibular com suas medidas de risco relativo 
bruto (RR), n (%), IC (intervalo de confiança com 95%) e valor de p. 
Natal, 2020..................................................................................................... 
 
 
 
43 
Tabela 4 - Associação entre as variáveis independentes e a adaptação/não adaptação 
a novas próteses mandibulares com suas medidas de risco relativo bruto 
ajustadas após 3 meses (RRaj), n (%), ICaj (intervalo de confiança ajustado 
com 95%) e valor de p. Natal, 2020 ............................................................. 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ASA Articulador Semi-ajustável 
CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
DOD Departamento de Odontologia 
DVO Dimensão Vertical de Oclusão 
EUA Estados Unidos da América 
EVA Escala Visual Analógica 
IC Intervalo de confiança 
IDP Índice de Diagnóstico Prostodôntico 
IL Illinois 
PR Paraná 
PT Prótese Total 
PTA Pacientes adaptados à prótese total mandibular 
PTC Prótese Total Convencional 
PTCM Prótese Total Convencional Mandibular 
PTN Pacientes não adaptados à prótese total mandibular 
PTs Próteses Totais 
REBEC Registro Brasileiro de Ensaios ClínicosRN Rio Grande do Norte 
SC Santa Catarina 
STG Sistema Tomaz Gomes 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TPD Técnico em Prótese Dentária 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 17 
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 19 
2.1 Aspectos sociodemográficos............................................................................... 19 
2.2 Fatores centrados no paciente .......................................................................... 20 
3 OBJETIVOS........................................................................................................ 25 
3.1 Objetivo geral...................................................................................................... 25 
3.2 Objetivos específicos........................................................................................... 25 
4 METODOLOGIA............................................................................................... 26 
4.1 Desenho do estudo............................................................................................... 26 
4.2 Implicações éticas................................................................................................ 26 
4.3 Local e população estudada............................................................................... 26 
4.4 Caracterização da amostra................................................................................ 27 
4.5 Delineamento da pesquisa.................................................................................. 28 
4.5.1 Procedimento clínico para confecção das próteses convencionais ...................... 29 
4.6 Variáveis do estudo............................................................................................. 31 
4.6.1 Aspectos sociodemográficos, condições de saúde e fatores centrados no 
paciente................................................................................................................. 
 
33 
4.6.2 Adaptação à prótese.............................................................................................. 33 
4.6.3 Altura do rebordo ósseo mandibular..................................................................... 34 
4.7 Calibração dos examinadores............................................................................ 35 
4.8 Análise dos dados................................................................................................ 36 
5 RESULTADOS................................................................................................... 37 
5.1 Caracterização da amostra................................................................................ 37 
5.2 Incidência da não adaptação à PTCM.............................................................. 37 
5.3 Análise de sobrevida........................................................................................... 38 
5.4 Fatores de risco a não adaptação à PTCM....................................................... 41 
5.4.1 Aspectos sociodemográficos e de condições de saúde......................................... 41 
5.4.2 Fatores centrados no paciente............................................................................... 41 
6 DISCUSSÃO........................................................................................................ 45 
7 CONCLUSÃO..................................................................................................... 49 
8 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 50 
 APÊNDICES........................................................................................................ 58 
 ANEXOS.............................................................................................................. 64 
 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O edentulismo é uma condição crônica debilitante que ainda permanece como um 
dos principais problemas mundiais de saúde bucal entre a população idosa 
(KASSEBAUM et al., 2014). Diversos estudos relataram a prevalência da perda 
dentária, destacando que os dados são divergentes, podendo variar de acordo com 
diferenças entre grupos étnicos (WU et al., 2012), regiões geográficas (HEWLETT et 
al., 2015) ou ainda pelo nível socioeconômico do país (DOUGLASS; SHIH; OSTRY, 
2002; COOPER, 2009; PELTZER et al., 2014; PENGPID; PELTZER, 2018). Apesar 
dessas disparidades, as estimativas e projeções apontam para um crescimento a uma 
taxa constante em virtude do aumento da expectativa de vida, além dos fatores 
associados que contribuem para o edentulismo (EZEH; BONGAARTS; MBERU, 2012; 
SLADE; AKINKUGBE; SANDERS, 2014; CARDOSO et al., 2016). 
Nessa perspectiva, a prótese total convencional (PTC) continua sendo o 
tratamento padrão para edêntulos bimaxilares (CRITCHLOW; ELLIS, 2010) e essa 
perda total dos dentes tem impacto na qualidade de vida, saúde geral e na satisfação 
(NAGARAJ et al., 2014). Contudo, esse tratamento reabilitador representa um desafio 
quanto à adaptação às próteses mandibulares e à decisão de uso (MÜLLER, 2014), uma 
vez que relatos de insatisfação com mastigação, retenção e conforto com as próteses são 
bastante frequentes (ESWARAN et al., 2016), podendo comprometer o tratamento 
reabilitador (MARCHINI, 2014). Portanto, é uma situação de frustração para o paciente 
que anseia por novas próteses melhores que as anteriores e um problema crítico para o 
profissional que espera restabelecer estética, forma e função (TURKER; SENER; 
ÖZKAR, 2009). 
Estudos prévios evidenciaram a relação entre o não uso da prótese total removível 
e múltiplos fatores (VAN WAAS, 1990; CRITCHLOW; ELLIS, 2010; MARTINS et 
al., 2018; ALVES et al., 2019), como os aspectos sociodemográficos (SINGH et al., 
2011; SINGH et al., 2012), econômicos (BARAN; ERGÜN; SEMIZ, 2007), qualidade 
técnica das próteses (RIBEIRO et al., 2012; TÔRRES et al., 2019), condições 
psicológicas (BERG; JOHNSEN; INGEBRETSEN, 1986; HANTASH et al., 2011), 
satisfação com as próteses (SILVA; SANTOS; MARCHINI, 2014; MARTINS et al., 
2018) e expectativa do paciente com estabilidade e capacidade mastigatória (CELEBIC 
et al., 2003; MARIN et al., 2014; MARCHINI, 2014). Entretanto, ainda não há 
associação entre esses fatores e a incidência da não adaptação da prótese total 
 
18 
 
convencional mandibular com o tempo de acompanhamento dos pacientes após a 
instalação das novas próteses totais. 
Portanto, sabendo-se que a adaptação à PTC é um processo altamente variado 
entre os indivíduos, com alguns pacientes se adaptando mais lentamente e outros mais 
facilmente (ZARB et al., 2012; FARIAS-NETO; CARREIRO, 2015), essa pesquisa se 
justifica pela importância do uso da prótese inferior para o adequado funcionamento do 
sistema estomatognático e pela ausência de estudos longitudinais que investiguem os 
fatores de risco que podem impactar na aceitação e no uso da prótese mandibular, 
avaliando a influência do tempo nesse processo de adaptação. A relevância de 
identificar os fatores de risco para a não adaptação à prótese total convencional 
mandibular (PTCM) poderá contribuir para o estabelecimento do prognóstico de 
adaptação das novas próteses totais mandibulares, aumentando a previsibilidade desse 
crítico período de adaptação. Baseando-se em aspectos sociodemográficos e fatores 
centrados no paciente, a proposta desse estudo foi determinar os fatores de risco 
associados a não adaptação à prótese total mandibular convencional em um tempo de 
acompanhamento de 3 e 6 meses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
O edentulismo é uma condição de saúde bucal desafiadora, que exige atenção das 
autoridades de saúdepública, especialmente diante do atual processo de transição 
demográfica, com o envelhecimento da população idosa e maior expectativa de vida 
(PETERSEN; OGAWA, 2018). Como método terapêutico para resolver essa 
problemática, a reabilitação com próteses totais convencionais é a indicação com maior 
acessibilidade para a grande parcela dos desdentados (ÖZKAN; 
ABBASGHOLIZADEH; AKMANSOY, 2018). Contudo, apresenta limitações e 
diversas queixas são relatadas pelos usuários, principalmente no que se refere à retenção 
e estabilidade frente ao uso da prótese mandibular (FITZPATRICK, 2006; 
KOMAGAMINE et al., 2016). A literatura tem destacado que 7 a 25% dos edêntulos 
reabilitados com novas próteses totais estão insatisfeitos, principalmente no que diz 
respeito às suas dentaduras mandibulares (JEGANATHAN; PAYNE, 1993; CELEBIC 
et al., 2003; POCZTARUK et al., 2009). 
O presente capítulo compreende uma revisão da literatura em relação aos 
indicadores de prognóstico para o tratamento com próteses totais convencionais e foi 
dividido em duas seções: 2.1 – Aspectos sociodemográficos e 2.2 – Fatores centrados 
no paciente. 
 
2.1 Aspectos sociodemográficos 
 
A necessidade de tratamento com próteses totais é uma situação que depende das 
características individuais do paciente, variando em conformidade com a idade, sexo, 
nível socioeconômico, profissão, entre outros (SURESH; SHARMA, 2010). Diversos 
estudos avaliaram a influência da idade na aceitação de próteses totais, relatando que 
essa variável não é determinante para o sucesso da reabilitação protética 
(ANDELKOVIC et al., 2012; OGUNRINDE; DOSUMU, 2012). Entretanto, Diehl e 
colaboradores (1996) realizaram um estudo com 60 edêntulos totais (média de idade: 
60,5 ± 13,7 anos), no qual verificaram que a idade esteve associada com a satisfação e a 
capacidade adaptativa após a instalação das novas próteses. Os resultados revelaram que 
indivíduos mais jovens (< 60 anos de idade) estavam mais satisfeitos e se adaptaram 
mais facilmente às novas PTC (DIEHL et al., 1996). Mesmo sabendo que a arquitetura 
muscular da face tenha adaptabilidade reduzida com o passar dos anos (ALLEN; 
 
20 
 
MCMILLAN, 2003), não se pode afirmar que a idade é um indicador de prognóstico 
com impacto positivo ou negativo na adaptação do paciente, já que as evidências 
científicas ainda são inconclusivas (CRITCHLOW; ELLIS, 2010). 
Outros fatores causais têm sido avaliados para verificar a satisfação com as 
próteses totais, como sexo, nível educacional, estado civil, condições econômicas, 
situação de moradia e relações interpessoais (BERG et al., 1985; SINGH et al., 2012). 
Comparações entre esses domínios e a satisfação ou aceitabilidade das novas PTC têm 
mostrado pouca ou nenhuma correlação (VAN WAAS, 1990; BERG, 1993). Entretanto, 
Celebic et al. (2003) observaram que o nível de escolaridade e autopercepção do status 
social estiveram relacionados negativamente à satisfação com as próteses totais (PTs). 
Pacientes com baixa escolaridade e menor autopercepção social estavam mais satisfeitos 
com as próteses, provavelmente por não criarem tantas expectativas quanto aos 
resultados após o tratamento ou por não considerarem o edentulismo uma condição 
desagradável (CELEBIC et al., 2003). Todavia, esses estudos apresentam limitações 
metodológicas, com avaliações não padronizadas no que diz respeito aos indicadores de 
interações sociais, o que inviabiliza precisão na comparação entre os estudos e, 
consequentemente, condiciona a conclusões divergentes. 
 
2.2 Fatores centrados no paciente 
 
A reabilitação com novas próteses totais acarreta impactos ao sistema 
estomatognático, dificultando a capacidade adaptativa, podendo ser uma condição de 
sofrimento para muitos pacientes (EBERHARD et al., 2018). Apesar de ser um 
raciocínio óbvio acreditar que a experiência prévia com PTC possa interferir 
positivamente nesse período de adaptação, com melhores resultados diante do uso 
contínuo e frequente, o embasamento científico ainda é divergente (CRITCHLOW; 
ELLIS, 2010). 
Em um estudo observacional com 50 desdentados totais, Subramanian et al. 
(2019) avaliaram a correlação entre as expectativas dos edêntulos totais antes do 
tratamento e a satisfação após a reabilitação com as novas PTs, considerando-se a 
experiência de uso, ou seja, se estavam usando pela primeira vez ou se estavam 
substituindo a PTC. A satisfação foi avaliada por meio de uma Escala Visual Analógica 
(EVA) baseada nos parâmetros mastigação, fonética, retenção e estética (KAWAI et al., 
2006). Para ambos os grupos, as expectativas e satisfação foram atendidas para fonética, 
 
21 
 
retenção e estética, enquanto que a mastigação foi pior e insatisfatória para o grupo de 
indivíduos que estava usando pela primeira vez. Provalvemente, essa baixa satisfação 
está relacionada à necessidade de maior tempo para se adaptar a prótese e ao 
desconforto ao realizar os movimentos mastigatórios (SUBRAMANIAN et al., 2019). 
Weinstein et al. (1988) realizaram um estudo com 135 pacientes do sexo 
masculino, avaliando a relação entre a experiência com PTs e a aceitação das novas 
dentaduras a partir de questionários de auto-avaliação. Os resultados revelaram que o 
principal fator responsável pela aceitação das próteses foi a maior quantidade de 
próteses previamente utilizadas, sendo considerado um preditor de sucesso para o 
tratamento. Pacientes sem nenhuma experiência com próteses estavam insatisfeitos com 
a função e conforto e apresentaram maior dificuldade em aceitar as PTs. No entanto, 
essa metodologia apresentou limitações que podem interferir em sua aplicabilidade, 
uma vez que a amostra foi constituída exclusivamente por homens e utilizou dentes não 
anatômicos (WEINSTEIN et al., 1988). 
Gaspar et al. (2013) evidenciaram uma fraca influência entre a experiência prévia 
e a satisfação com o tratamento protético. Para Zaied & Saadaldin (2016) não existem 
associações entre a experiência com próteses antigas e a satisfação, no entanto essa 
pesquisa apresentou limitações por ter sido realizada apenas com mulheres, as quais 
geralmente estão insatisfeitas com as próteses e preocupadas com o aspecto estético, o 
que pode ter influenciado nos resultados (ZAIED; SAADALDIN, 2016). 
Nesse contexto, a literatura destaca que a experiência com próteses é um fator 
determinante para a aceitação e uso regular (CELEBIC et al., 2003; SUBRAMANIAN 
et al., 2019), contudo respostas podem se apresentar divergentes porque o edentulismo é 
uma experiência traumática e depende de um mecanismo adaptativo funcional (BERG; 
JOHNSEN; INGEBRETSEN, 1986) e/ou psicológico (AL QURAN et al., 2001). 
Provavelmente, edêntulos que estão usando a PT mandibular pela primeira vez 
necessitam de maior período de adaptação, uma vez que a musculatura que circunda a 
PT precisará se adaptar à nova condição neuromuscular (MIRANDA; DOS SANTOS; 
MARCHINI, 2014), enquanto que àqueles com alguma experiência realizam uma 
avaliação mais criteriosa das próteses, devido às múltiplas próteses já usadas, ou ainda 
por mudanças teciduais e reabsorções ósseas (VAN WAAS, 1990; LEWIS, 2000). 
O tempo de edentulismo é outro preditor que pode estar relacionado à aceitação 
das próteses totais, com estudos afirmando que edêntulos totais por longos períodos 
frequentemente estão mais propensos a usarem suas próteses (SHEPPARD; 
 
22 
 
SCHWARTZ; SHEPPARD, 1972; VAN WAAS, 1990). A condição de edentulismo é 
acompanhada por diversos efeitos deletérios e consequências para a saúde geral e bucal, 
que variam desde a reabsorção do rebordo residual até a ineficiência na função 
mastigatória e nutrição inadequada, repercutindo em baixa qualidade de vida (EMAMI 
et al., 2013). Ainda que o edentulismo seja um agravante à condição oral, com diversas 
limitações, o paciente pode se acostumar e passar a aceitar a “nova condição oral”, 
relatando satisfação com as PTs(SHEPPARD; SCHWARTZ; SHEPPARD, 1972). 
Celebic e colaboradores (2003) realizaram um estudo com 222 pacientes e 
identificaram que 31% estavam usando próteses pela primeira vez. Os resultados 
mostraram que pacientes com menor tempo de edentulismo mandibular relataram 
insatisfação com retenção e desconforto ao usar a prótese total mandibular. Esses 
achados expressam que uma melhor qualidade da área de suporte para a dentadura, ou 
seja, rebordos menos reabsorvidos apresentaram piores escores para a satisfação, 
sugerindo-se a necessidade de um tempo maior para os músculos que circundam a PT 
mandibular se adaptarem quanto à função (CELEBIC et al., 2002). 
A reabsorção da crista do rebordo alveolar é um processo crônico e progressivo 
que acompanha o processo natural do envelhecimento em pacientes edêntulos 
(KOVACIC et al., 2018). Nessa perspectiva, o maior tempo de edentulismo associado 
ao uso das dentaduras por longos períodos pode acarretar efeitos adversos ao rebordo 
residual e à mucosa aderida à área de suporte da prótese. Essas alterações na arquitetura 
do rebordo podem provocar redução na capacidade de retenção da prótese e 
instabilidade, especialmente, em se tratando das próteses mandibulares. 
Consequentemente, condiciona às frequentes queixas quanto ao desempenho 
insatisfatório das próteses, sendo comuns relatos de dificuldade para mastigar, dores e 
registro de lesões em mucosa, podendo gerar resistência frente ao uso da PTCM 
(TALLGREN, 1972). 
Um estudo realizado por Martins et al. (2018) afirmou que o tempo de uso da 
PTCM não tem associação significativa com o uso regular de próteses mandibulares. 
Entretanto, o longo tempo de uso das próteses pode acarretar desgaste dos dentes e 
reabsorção do rebordo residual, determinando a redução da dimensão vertical de 
oclusão (DVO) (ABDUO; LYONS, 2012). Como consequência, a capacidade 
mastigatória muscular torna-se comprometida, podendo gerar hiperatividade ou 
hipoatividade dos músculos envolvidos na mastigação, o que leva às constantes queixas 
dos pacientes em relação à função, conforto, estética e fonética (FOUDA et al., 2014). 
 
23 
 
Sendo assim, pode ser considerado um fator de risco que pode interferir no uso e 
adaptação às próteses totais. 
Os registros de lesões em mandíbula após instalação das próteses totais é um 
aspecto bastante frequente em pacientes reabilitados com PTC (SADR; MAHBOOB; 
RIKHTEGAR, 2011; REECHA et al., 2016; KUMAR et al., 2020). Cordova et al. 
(2016) realizaram um estudo com 120 pacientes edêntulos, dos quais 38 receberam PT 
mandibular, a fim de determinar o número mínimo de visitas após a instalação das PTs. 
Os acompanhamentos para a verificação de úlceras formadas e necessidade de ajustes 
foram feitos em no mínimo 3 controles (7, 14 e 21 dias). Os resultados mostraram que 
após 14 e 21 dias, foram realizados ajustes em 60,6% (n=23) e 45% (n=17) das 
próteses, respectivamente, sendo esses associados a ulcerações traumáticas ou lesões 
eritematosas (CORDOVA et al., 2016). Os primeiros dias de uso das próteses totais são 
momentos críticos para o paciente, uma vez que podem surgir lesões teciduais, 
causando incômodo e dores, principalmente na região retro-milo-hióidea, no sulco 
lingual e vestibular (KIVOVICS et al., 2007; JAIN et al., 2017), por isso, são 
necessários controles pós-tratamento, contribuindo para maior aceitação e adaptação a 
PTCM. 
A redução do rebordo residual é uma das principais sequelas do edentulismo e é 
bem relatado na literatura que esse processo é muito maior em mandíbula que em 
maxila (ATWOOD, 1971; FELTON, 2009). Estudos relataram que não existe 
associação significativa entre o tempo do edentulismo e a reabsorção óssea (DEVLIN; 
FERGUSON, 1991; NÄRHI; ETTINGER; LAM, 1997). Contudo, após a perda dentária 
total, as alterações de tecidos mole e duro tornam-se mais evidentes (SCHUSTER et al., 
2019), reduzindo volume ósseo e área de suporte da base da prótese (MARCELLO-
MACHADO et al., 2017a), com inserções musculares superficiais e rebordos mais finos 
ou flácidos, além de superficialização do nervo alveolar, resultando em dores ou 
desconfortos diante do uso das próteses (XIE; WOLF; AINAMO, 1997; CARLSSON, 
1998). 
Dentre os principais motivos associados à insatisfação, a instabilidade e falta de 
retenção suficiente para manter a prótese sobre o rebordo durante os movimentos 
mastigatórios são frequentemente citadas (LIMPUANGTHIP; SOMKOTRA; 
ARKSORNNUKIT, 2018). Essas reclamações estão intrinsecamente relacionadas à 
conformação anatômica do rebordo, sendo desfavorável quando atrófico ou bastante 
reabsorvido (YEH; PAN; CHEN, 2013; RIBEIRO et al., 2014), o que demanda maior 
 
24 
 
esforço e atividade neuromuscular da mandíbula para obter forças oclusais suficientes 
para execução da função mastigatória (CALOSS et al., 2010). 
Nesse sentido, próteses mandibulares instáveis podem acarretar forças de mordida 
reduzidas, comprometendo não somente a eficiência mastigatória, mas afetando também 
aspectos psicológicos do paciente (JAIN; RATHEE, 2020). Dessa forma, traumas aos 
tecidos de suporte são gerados, podendo ocasionar desconforto e dor ao mastigar e/ou 
quebrar alimentos mais consistentes (ŻMUDZKI; CHLADEK; KASPERSKI, 2012). 
Consequentemente, isso pode resultar em não uso da prótese total, especialmente, as 
próteses inferiores, interferindo negativamente no processo de adaptação e qualidade de 
vida (HUUMONEN et al., 2012; ELSAWY; OMAR; ASFAHANI, 2018). 
Considerando os aspectos abordados nessa revisão de literatura, diversas 
metodologias são aplicadas para avaliar os indicadores de prognóstico sob a ótica de 
variados parâmetros, com divergências quanto a tamanho da amostra e tipo de análise 
estatística. Inclusive muitos desses estudos não são recentes e abordam métodos que 
dificultam comparações diretas. Dessa forma, é relevante verificar como esses fatores 
impactam na aceitação, adaptação e uso da prótese por edêntulos totais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 Objetivo Geral 
Identificar os fatores de risco que impactam na não adaptação da prótese total 
convencional mandibular em um tempo de acompanhamento de 3 e 6 meses. 
 
3.2 Objetivos Específicos 
a) Verificar a incidência da não adaptação de usuários de próteses totais 
mandibulares após reabilitação com novas próteses totais, nos tempos de 
acompanhamento de 3 e 6 meses após instalação, assim como a influência do tempo 
nessa não adaptação; 
b) Estimar o tempo médio necessário para adaptação da maioria dos pacientes 
à novas próteses totais mandibulares e os fatores relacionados a esse tempo de 
adaptação; 
c) Avaliar se os fatores sociodemográficos e centrados no paciente 
influenciam na não adaptação de próteses totais mandibulares em pacientes 
reabilitados com próteses totais bimaxilares, após 3 e 6 meses da instalação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
4 METODOLOGIA 
4.1 Desenho do estudo 
 
Trata-se de um ensaio clínico não randomizado, por meio do qual foi realizada a 
reabilitação dos pacientes com próteses totais convencionais bimaxilares. Esse estudo 
foi realizado seguindo as recomendações do Guidelines for Reporting Non-Randomised 
Studies (REEVES; GAUS, 2004). 
 
4.2 Implicações éticas 
 
A presente pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa 
(CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com Certificado de 
Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) equivalente à 29251819.0.0000.5537, 
aprovada com parecer protocolado com número 3.949.924 (ANEXO A) e registrada no 
Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (REBEC) (ANEXO B), com parecer RBR-
22rb9m. Os pacientes foram esclarecidos e receberam instruções a respeito da pesquisa 
e, aqueles que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A), de acordocom a resolução 466/12 do Conselho 
Nacional de Saúde. 
 
4.3 Local e população estudada 
 
Todas as etapas da pesquisa foram desenvolvidas e conduzidas no Departamento 
de Odontologia (DOD) da UFRN, no município de Natal/RN. Foram selecionados 
pacientes edêntulos totais bimaxilares que fizessem ou não uso de próteses totais 
superiores e inferiores, que necessitassem da troca das próteses totais e que tivessem 
interesse em participar da pesquisa para a instalação de novas próteses totais. Além 
disso, não deveriam apresentar quaisquer lesões, patologias intraorais ou alterações da 
musculatura perioral detectadas à palpação. Foram excluídos durante a pesquisa os 
pacientes que apresentaram saúde debilitada que impedisse o comparecimento a 
Faculdade de Odontologia para o tratamento reabilitador e com capacidade cognitiva 
e/ou sistêmica comprometida que pudesse limitar as análises propostas no estudo. 
 
 
27 
 
4.4 Caracterização da amostra 
 
A amostra desse estudo foi verificada por meio do OpenEpi versão 3.01. Foi 
realizado o cálculo para a frequência da população nos tempos de 3 e 6 meses, com 
nível de confiança de 95% e, então, o tamanho da amostra correspondeu aos valores 
obtidos em 3 meses, já que esses revelaram a obtenção do maior número de indivíduos 
para a realização do estudo. Sendo assim, os cálculos revelaram que para esse intervalo 
de confiança seriam necessários 84 pacientes. Contudo, considerando-se o potencial de 
desistentes ou perdas que poderiam acontecer no decorrer do estudo, foi adicionado, 
portanto, 25% ao total de participantes selecionados, e a amostra final obtida foi de 108 
pacientes. 
Os participantes foram previamente selecionados a partir da análise do cadastro de 
pacientes do setor de Prótese Dentária do DOD/UFRN e convidados a comparecer à 
Clínica de Pós-Graduação do Departamento de Odontologia - UFRN, a fim de verificar 
se estavam enquadrados nos critérios de inclusão pré-determinados. Então, aqueles que 
aceitaram participar do estudo responderam um questionário sobre aspectos 
sociodemográficos e fatores centrados no paciente, onde foi registrado se faziam ou não 
uso da prótese total mandibular (APÊNDICE B) e foram avaliados através de um exame 
físico e anamnésico. 
Os indivíduos foram reabilitados com próteses totais convencionais bimaxilares, e 
aguardaram os tempos de 3 e 6 meses para adaptação com as novas próteses. Após esses 
períodos, os pacientes retornaram à Faculdade de Odontologia para avaliar a adaptação 
e uso regular em relação às novas próteses (APÊNDICE B). Dessa forma, após a 
avaliação dos critérios que determinavam se o indivíduo estava adaptado ou não, foram 
alocados como adaptados a PTCM (PTA) ou não adaptados a PTCM (PTN) (Figura 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Figura 1 – Fluxograma do estudo da amostra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
 
4.5 Delineamento da pesquisa 
 
Os pacientes que se enquadraram nos critérios de inclusão e aceitaram participar 
da pesquisa foram reabilitados com novas próteses totais convencionais superior e 
inferior no Projeto de Reabilitação Oral Implantossuportada (DOD/UFRN). 
Inicialmente, cada paciente foi submetido à avaliação anamnésica e radiográfica 
(radiografia panorâmica). Posteriormente, foram confeccionadas as novas próteses totais 
bimaxilares, e aguardaram 3 e 6 meses para adaptação. A coleta de dados teve início e 
foi contada a partir da data da instalação das novas próteses totais. 
Adaptados a PTCM 
(PTA) (n=67) 
Não adaptados a PTCM 
(PTN) (n=41) 
 
Pacientes elegíveis para confecção de novas PTs bimaxilares (n=108) 
- Variáveis sociodemográficas 
- Variáveis centradas no paciente 
 
- Incidência da não adaptação à PTCM 
3 meses 
Análise dos desfechos 
Instalação das PTs 
6 meses 
Adaptados a PTCM 
(PTA) (n=85) 
Não adaptados a PTCM 
(PTN) (n=14) 
 
09 pacientes excluídos por recusa a 
retornar para avaliação - 05 do grupo 
PTN 
- Incidência da não adaptação à PTCM 
- Análise de sobrevida 
 
Dia 1 do estudo 
 
29 
 
Após esses intervalos foi aplicado um questionário para avaliar o uso regular e 
adaptação à nova prótese mandibular (APÊNDICE B). Os critérios para avaliação da 
adaptação foram baseados no estudo adaptado de Müller; Hasse-Sander; Hupfauf 
(1995). Logo, foi considerado adaptado à PTCM aquele paciente que conseguiu 
mastigar, falar e deglutir confortavelmente com as novas próteses. Sendo assim, os 
pacientes foram designados como adaptados a PTCM (PTA) ou não adaptados a PTCM 
(PTN). 
Os dados sociodemográficos, condições de saúde e fatores centrados no paciente 
foram coletados no momento da instalação das novas PTs. A incidência da não 
adaptação dos pacientes à PTCM foi coletada após 3 e 6 meses da reabilitação com as 
novas PTs. A estimativa de tempo para adaptação às novas próteses foi coletada ao final 
dos 6 meses de acompanhamento dos pacientes a partir da análise de sobrevida. 
 
4.5.1 Procedimento clínico para confecção das próteses convencionais 
 
Para a confecção das próteses totais bimaxilares, os procedimentos clínicos 
realizados foram os mesmos preconizados pela Disciplina de Prótese Removível do 
DOD, pertencente à Faculdade de Odontologia da UFRN (CARREIRO et al., 2016). As 
próteses foram confeccionadas por três profissionais calibrados que seguiram o 
protocolo descrito no Quadro 1. 
Em se tratando das características oclusais, as próteses foram confeccionadas em 
oclusão balanceada bilateral, com curva de compensação não-individualizada e 
trespasse vertical e horizontal de aproximadamente 1 mm entre os dentes anteriores 
(CARREIRO et al., 2016). Antes da instalação das próteses, foram verificadas a lisura e 
presença de possíveis irregularidades na superfície e base das novas próteses, como 
arestas cortantes ou resíduos oriundos do processo de prensagem da prótese. Diante da 
confirmação, foram removidos e realizados acabamento e polimento na região 
correspondente. 
Durante a instalação, foram realizados ajustes oclusais com papel carbono fino 
Accu Film
®
 (Parkell Inc., Edgwood, Nova Iorque, EUA) entre as superfícies oclusais 
dos dentes. Os dentes posteriores superiores e inferiores foram ajustados de forma a 
eliminar contatos prematuros e obter distribuição equilibrada dos contatos oclusais em 
oclusão cêntrica e balanceada bilateralmente por meio da utilização de brocas 
 
30 
 
multilaminadas esféricas n.6 (Angelus, Londrina, PR, Brasil) e peça de mão de baixa 
rotação (Kavo 500, Joinville, SC, Brasil). Por fim, foram repassadas informações sobre 
uso e higienização das próteses e agendadas consultas de controle para possíveis ajustes 
com 24h, 7, 15 e 30 dias. 
Nesse momento da instalação não foram feitos quaisquer ajustes de base, sendo 
aguardado o período de 24h de uso das PTs pelo paciente. Os ajustes foram realizados 
apenas nas consultas de retorno, diante da presença de áreas de fibromucosa ulceradas 
e/ou eritema. Nesses casos, as regiões foram demarcadas com lápis cópia (Azul 1800, 
Faber-Castell, Brasil) e, então, a prótese foi cuidadosamente inserida em boca, sendo 
solicitado ao paciente que ocluisse com as próteses. Posteriormente, foi observada a 
marcação produzida na base interna da prótese referente à área causadora da 
ulceração/eritema. Então, com o auxílio da peça reta (Kavo 500, Joinville, SC, Brasil) e 
broca tronco-cônica de corte fino n.1520 (American Burns, Palhoça, SC, Brasil), leves 
desgastes foram realizados nas regiões correspondentes à ulceração e/ou eritema. 
Quando se evidenciou ulceração/eritema em região correspondente a borda da prótese, 
além do desgaste, procedeu-se a polimento da borda com pontas de polimento para 
resina acrílica (Dhpro, Paraná, Brasil). 
 
Quadro 1 - Etapas clínicas e laboratoriais para tratamento de reabilitação prótetica nos 
pacientes. Natal/RN, 2020.Sessão Etapa Clínica Etapa Laboratorial 
1ª Sessão Exame clínico e radiográfico 
2ª Sessão Moldagem anatômica: 
 Rebordo superior com alginato (Jeltrate, 
Dentsply, Pensilvânia, EUA); 
 Rebordo inferior com silicone de condensação 
densa (Perfil, Coltene
©
, Rio De Janeiro, Brasil). 
Confecção dos modelos anatômicos em 
gesso pedra e moldeiras individuais em 
resina acrílica autopolimerizável incolor 
(JET, Clássico, São Paulo, Brasil). 
3ª Sessão Moldagem periférica com godiva em bastão e 
moldagem de corpo com pasta zincoenólica 
(Lysanda
®
, São Paulo, Brasil) ou poliéter 
(Impregum, 3M
©
 ESPE, Minnesota, EUA). 
Confecção dos modelos funcionais em 
gesso pedra e planos de orientação. 
4ª Sessão Ajuste dos planos de orientação e registro das 
relações maxilomandibulares. 
 
Seleção dos dentes artificiais. 
O plano de orientação superior foi 
montado com auxílio de mesa de Câmper 
em articulador semiajustável (ASA) 
(Bio-Art, São Carlos, SP, Brasil). 
Montagem dos dentes artificiais em cera. 
5ª sessão Prova clínica da prótese. 
 
Seleção da cor da gengiva (STG*, VIPI, 
Pirassununga, São Paulo, Brasil). 
Processamento laboratorial para 
acrilização das próteses. 
Remontagem dos modelos (ASA) para 
ajuste oclusal. 
6ª Sessão Instalação das próteses 
Fonte: A autora (2020). *STG – Sistema Tomaz Gomes. Adaptado de Carreiro et al., 2016. 
 
 
 
31 
 
4.6 Variáveis do estudo 
 
A variável dependente de interesse do estudo foi a não adaptação a PTCM e o 
tempo médio de adaptação da maioria dos pacientes à PTCM. Contudo, também foram 
coletadas variáveis como possíveis fatores de risco: aspectos sociodemográficos (sexo, 
idade, nível de escolaridade, estado civil, raça), aspecto relacionado à condição de saúde 
(multimorbidade) e dados referentes aos fatores individuais (experiência prévia com PT 
inferior, número de PTs usadas previamente ao tratamento, tempo de edentulismo, 
tempo de uso da PTCM antiga, profissional que confeccionou a prótese anterior em uso, 
registro de lesões em tecidos moles após a reabilitação protética, altura e tipo de rebordo 
mandibular e uso regular da nova PTCM). A altura do rebordo mandibular foi 
mensurada e em seguida classificada de acordo com a Academia Americana de Prótese 
(MCGARRY et al., 1999). Os tipos e formas de avaliação dessas variáveis estão 
descritos no Quadro 2. 
 
32 
 
Quadro 2 – Descrição das variáveis dependentes e independentes analisadas no estudo. Natal/RN, 2020. 
VARIÁVEIS DEPENDENTES 
Variável Descrição Tipo Forma de avaliação 
Não Adaptação a PTCM Capacidade de não adaptação à PT inferior quanto à mastigação, fala e 
deglutição confortavelmente decorrido um tempo da instalação das PTs. 
Categórica nominal 1 – Não 
2 – Sim 
Tempo médio de adaptação à PTCM Média de tempo necessário para que o paciente fosse considerado como 
adaptado à PTCM. 
Quantitativa contínua - 
VARIÁVEIS INDEPENDENTES 
Variável Descrição Tipo Categoria/escala de medida 
Sexo Categoria fundamentada na distinção natural do sexo. Categórica nominal 1 – Masculino 
2 – Feminino 
Idade Tempo de vida no momento do estudo. Quantitativa discreta Número de anos completos 
 
Nível de escolaridade 
 
Nível de realização dos estudos. 
 
Categórica ordinal 
1 – Analfabeto 
2 – Ensino Fundamental 
3 – Ensino Médio 
4 – Ensino Superior 
 
Estado civil 
 
Situação da pessoa em relação ao matrimônio ou condição conjugal. 
 
Categórica ordinal 
1 – Solteiro (a) 
2 – Casado (a) 
3 – Divorciado (a) 
4 – Viúvo (a) 
 
Raça 
 
Autodeclaração da cor. 
 
Categórica ordinal 
1 – Branco (a) 
2 – Pardo (a) 
3 – Negro (a) 
4 - Outro 
Multimorbidades Presença de duas ou mais doenças relacionadas. Categórica nominal 1 – Presença 
2 - Ausência 
Experiência prévia com PT inferior Situação de vivência (de uso) com dentadura mandibular desde a perda 
total dentária. 
Categórica nominal 1 – Não usava PTCM 
2 – Usava PTCM 
Quantidade de próteses usadas Número de próteses totais que já utilizou desde a perda dentária total. Quantitativa discreta - 
Tempo de edentulismo Tempo relacionado à perda dentária total. Quantitativa discreta Número de anos 
Tempo de uso da PTCM Tempo relacionado ao uso da prótese mandibular antiga. Quantitativa discreta Número de anos 
Profissional que confeccionou a PT Profissional que realizou a fabricação da prótese total antiga. Categórica nominal 1 – Cirurgião-Dentista 
2 – Técnico em Prótese Dentária 
Lesões ulcerativas Registro de lesões traumáticas após a reabilitação com as novas próteses. Categórica nominal 1 – Presença 
2 - Ausência 
Altura do rebordo mandibular Medida referente à altura óssea mandibular anterior e posterior. Quantitativa contínua Em mm 
 
Tipo de rebordo mandibular 
 
Classificação do rebordo residual de acordo com a Academia Americana 
de Prótese. 
 
Categórica ordinal 
1 – Tipo I 
2 – Tipo II 
3 – Tipo III 
4 – Tipo IV 
 
Uso da nova PT mandibular 
Situação de uso frequente da dentadura mandibular desde a reabilitação 
com as novas próteses para as atividades diárias, como fonética e 
mastigação (só remove para dormir). 
 
Categórica nominal 
1 – Uso regular 
2 – Uso não regular 
 Fonte: Elaborado pela autora (2020).
 
33 
 
4.6.1 Aspectos sociodemográficos, condições de saúde e fatores centrados no 
paciente 
 
A coleta dessas variáveis foi realizada a partir do preenchimento de dados 
contidos em uma ficha clínica (APÊNDICE B). Essa ficha estava estruturada em 5 
subtópicos: Identificação, fatores sociodemográficos, condições de saúde e fatores 
individuais antes da reabilitação e após a reabilitação. Na identificação foram inseridos 
os dados pessoais, como nome completo, endereço e contato telefônico. Em se tratando 
de fatores sociodemográficos, foram coletados sexo, idade, nível de escolaridade, estado 
civil e raça (etnia). No tópico condições de saúde, o paciente foi questionado se estava 
sob tratamento médico e, em caso afirmativo, solicitado que informasse quais os 
problemas de saúde que apresentava, a fim de identificar a presença/ausência de 
multimorbidades. Esses dados foram coletados no momento da instalação das novas 
PTs. 
Em relação aos fatores individuais prévios ao tratamento reabilitador, foi 
verificado se o paciente estava usando prótese total superior e/ou inferior antes da 
instalação das novas próteses, o número de próteses totais superior e inferior utilizadas 
até o momento prévio a instalação das novas PTS, o tempo de edentulismo em maxila e 
mandíbula (tempo referente à perda dentária total), há quanto tempo estava usando as 
próteses antigas e o profissional que confeccionou a prótese total antiga em uso. Esses 
dados foram coletados no momento da instalação das novas PTs. 
No que se refere aos fatores individuais após a reabilitação com as novas próteses, 
os pacientes foram acompanhados durante as consultas de retorno e foi registrada a 
ocorrência de lesões em tecidos moles diante do uso das novas próteses maxilar e 
mandibular. Esses dados foram coletados no momento da instalação das novas PTs e 
registrados após 24h, 7, 15 e 30 dias, quando presentes. A depender das queixas dos 
pacientes, novas consultas de retorno foram marcadas após os 30 dias da instalação. 
Além disso, foi verificado o uso regular das novas próteses mandibulares após o 
tratamento reabilitador, nos tempos de 3 e 6 meses após a instalação. 
 
4.6.2 Adaptação à prótese 
 
Essa variável foi coletada a partir de um estudo realizado por Müller; Hasse-
Sander; Hupfauf (1995). O paciente foi questionado sobre sua capacidade adaptativa às 
 
34 
 
novas próteses totais quanto à mastigação, fonética, deglutição de alimentos e água e 
uso confortável das novas próteses (APÊNDICE B). Àqueles cujas respostas foram 
negativas a pelo menos um desses quesitos foi considerado não adaptado à prótese. 
Esses dados foram coletados após 3 e 6 meses da instalação das novas PTs. Alémdisso, 
foi registrado o tempo de adaptação dos pacientes à nova prótese mandibular ao longo 
desse período de acompanhamento. 
 
4.6.3 Altura do rebordo ósseo mandibular 
 
A altura óssea mandibular foi mensurada em radiografias panorâmicas 
digitalizadas e padronizadas obtidas usando aparelho de raios-X CS 8000C (Carestream 
Health Inc France), realizadas no Setor de Radiologia do Departamento de Odontologia 
da UFRN. Esse exame de imagem foi obtido com o propósito de determinar a altura do 
rebordo residual mandibular, realizado por um examinador calibrado, a partir da 
metodologia adaptada de Xie; Wolf; Ainamo (1997) e atualizada por Marcello-Machado 
et al. (2017b), cujas medidas foram traçadas e obtidas no software Radiocef Studio 3 
(Radiomemory LTDA, São Paulo, Brasil). 
Nesse software, foram obtidos o comprimento do corpo mandibular, altura 
anterior (região de sínfise) e alturas posteriores (região de molar). Inicialmente, para 
obter a altura anterior (La) foi traçada uma linha vertical de referência (LRa), 
percorrendo desde o septo nasal até o forame lingual. Essa altura anterior (La) 
corresponde à medida entre rebordo alveolar e base da mandíbula. Posteriormente, foi 
traçada uma linha referência (LRc) tangenciando o limite mais inferior da base da 
mandíbula, que serviu para obter a medida do comprimento do corpo mandibular (Lc), 
traçada desde o ponto mais inferior de La em direção ao ângulo da mandíbula. Essa LRc 
serviu como referência também para obter Lm (linha molar) traçada a uma distância 
correspondente a 53% da medida do comprimento do corpo mandibular, sendo o ponto 
de partida a linha média. Todas as medidas foram realizadas em ambos os lados da 
arcada (direito e esquerdo) (Figura 2). 
Em seguida, as medidas obtidas foram reduzidas em 13% (redução de 
magnificação do software). Então, a partir disso, os rebordos foram classificados de 
acordo com o Índice de Diagnóstico Prostodôntico (IDP), desenvolvido pela Academia 
Americana de Prótese (MCGARRY et al., 1999). Os rebordos foram classificados em 
 
35 
 
tipos de acordo com a obtenção da menor altura vertical da mandíbula, descrito 
conforme o Quadro 3, a seguir. 
 
Figura 2 – Alturas anterior e posterior obtidas na radiografia panorâmica. LRa: Linha de 
referência para linha média (La); La: Altura da linha média; LRc: Linha de referência 
para comprimento da base mandibular; Lc: Comprimento do corpo mandibular; Lm: 
Altura na região de molar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). Adaptado de Xie; Wolf; Ainamo (1997). 
 
Quadro 3 – Classificação da altura do rebordo mandibular. 
 Fonte: Adaptado de McGarry et al. (1999). 
 
4.7 Calibração dos examinadores 
 
A coleta dos dados referente à mensuração da altura do rebordo mandibular foi 
realizada por um examinador previamente calibrado em relação à execução das medidas 
a serem obtidas. A determinação da altura do rebordo foi realizada em 5 pacientes em 
um intervalo de 5 dias e, posteriormente, verificados os testes de concordância, 
obtendo-se Índice Kappa > 0,8, o que indica perfeita concordância (LANDIS; KOCH, 
1977). Para as demais variáveis, não foi realizada calibração, uma vez que as avaliações 
foram subjetivas. Contudo, todos os procedimentos foram padronizados, inclusive a 
realização dos questionamentos para preenchimento da ficha clínica. 
 
 
 
Classificação da altura do rebordo mandibular Descrição 
Tipo I Altura do rebordo residual ≥ 21mm 
Tipo II Altura do rebordo residual ≥ 16 mm e ≤ 20 mm 
Tipo III Altura do rebordo residual ≥ 11 mm e ≤ 15 mm 
Tipo IV Altura do rebordo residual ≤ 10 mm 
 
36 
 
4.8 Análise dos dados 
 
Os dados obtidos foram tabulados em uma planilha construída no Microsoft Excel 
2016, em seguida, inseridos e analisados no programa estatístico Statistical Package for 
the Social Science 20.0 para Windows (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA). Inicialmente, de 
forma a caracterizar a população estudada, foi realizada uma análise descritiva para as 
variáveis do estudo. Foi realizada uma análise para verificar se a redução da incidência 
de não adaptação entre os tempos de acompanhamento foi significativa por meio do 
Teste Exato de Fisher. A estimativa do tempo médio necessário para a adaptação às 
novas próteses totais mandibulares foi obtida a partir da análise de sobrevida (curva de 
Kaplan-Meier). A associação dos fatores com o tempo de adaptação foi avaliado por 
meio da aplicação do teste de Log Rank. 
Inicialmente, de modo a verificar os fatores de risco para a não adaptação a 
prótese total convencional mandibular, o Teste Qui-Quadrado ou Exato de Fisher foi 
aplicado com intervalo de confiança de 95%. Para a realização da análise multivariada, 
as variáveis independentes com p<0,200 nesse primeiro teste, tiveram a 
multicolinearidade avaliada através da realização de testes Qui-quadrado entre cada uma 
delas. As variáveis foram consideradas multicolineares quando um valor de p≤0,05 foi 
obtido. Após a exclusão das variáveis fortemente associadas umas as outras, o risco 
relativo ajustado foi estimado por meio de análise múltipla de Poisson. 
Os testes estatísticos foram realizados utilizando-se nível de significância de 5% e 
poder do teste de 80%. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
5 RESULTADOS 
 
5.1 Caracterização da amostra 
 
A amostra foi constituída por 108 edêntulos bimaxilares com idade média de 
68,33 anos (± 8,47), predominantemente do sexo feminino (n=98; 90,7%), baixo nível 
de escolaridade (n=61; 56,5% com escolaridade inferior a 8 anos de estudo), casados 
(n=60; 55,6%) e com a maioria se autodeclarando de raça branca (n=73; 67,6%). A 
maioria da população desse estudo apresentava multimorbidades (n=63; 58,3%). 
No que concerne às próteses utilizadas, um grande percentual fazia uso de 
próteses totais bimaxilares no início do tratamento, com experiência prévia quanto ao 
uso da PTC mandibular (n=91; 84,3%). Dos 108 analisados, apenas 17 (15,7%) não 
usavam PT inferior; desses, 1 paciente relatou nunca ter usado prótese superior nem 
inferior. A média de próteses inferiores usadas foi 4,23 (± 3,09), o tempo médio de 
edentulismo superior e inferior foi de 35,04 anos (± 13,87) e 33,21 anos (± 15,10), 
respectivamente, enquanto o tempo médio de uso da PT mandibular foi 7,80 anos (± 
6,77). 
Em se tratando do profissional que fez as próteses antigas, 52,8% (n=57) 
afirmaram que as PTs foram feitas por cirurgião-dentista, enquanto 46,3% (n=50) 
relataram que elas foram confeccionadas por Técnicos em Prótese Dentária (TPD). As 
consultas de retorno realizadas após a instalação das novas próteses demonstraram 
redução da ocorrência de úlceras traumáticas, sendo de 50,9% (n=55) após 15 dias e 
20,4% (n=22) após 30 dias. A maioria dos pacientes apresentava rebordo anterior e 
posterior reabsorvidos, sendo 55,6% (n=60) e 54,6% (n=59), respectivamente, além de 
altura do rebordo mandibular classificada como tipo III (n=58; 53,7%). No que diz 
respeito ao uso das novas próteses mandibulares, a maioria estava usando-as 
regularmente (n=93; 86,1%). 
 
5.2 Incidência da não adaptação à PTCM 
 
No presente estudo, a incidência de indivíduos não adaptados à prótese total 
mandibular após 3 meses de acompanhamento foi 38% (n=41). Para a avaliação da 
adaptação à PTCM, após 6 meses da reabilitação com as novas PTs, 91,7% (n=99) dos 
pacientes compareceram à consulta de retorno. A partir do Teste Exato de Fisher foi 
 
38 
 
realizada a comparação dos índices de adaptação entre 3 e 6 meses e verificou-se que 
36,4% (n=36) desse total não estavam adaptados à PTCM após 3 meses de uso, 
enquanto 14,1% (n=14) não estavam adaptados no tempo de 6 meses. Essa redução ao 
longo do tempo mostrou-se significativa (p<0,001). 
 
5.3 Análise de sobrevida 
 
A estimativa de tempo médio para adaptação às próteses totais foi obtida a partir 
da curva de Kaplan-Meier.Para isso, a análise foi realizada para um total de 89 
pacientes, correspondentes ao número de indivíduos que se adaptaram à PT mandibular 
ao longo do tempo de acompanhamento de 6 meses. Da amostra total desse estudo 
(n=108), 17,6% (n=19) não foram inseridos na análise porque não conseguiram se 
adaptar nesse tempo de acompanhamento (n = 14; 13,0%) ou não retornaram para 
avaliação no tempo de 6 meses (n = 5; 4,6%). Nesse caso, no tempo inicial de avaliação 
(t = 0 dia - instalação das PTs), os pacientes se encontravam não adaptados à PTCM 
(sobrevida de adaptação = 1,0), e a curva a seguir demonstra a sobrevida de adaptação à 
PTCM ao longo do tempo e o número de pacientes que ainda permanecia não adaptado 
à prótese mandibular nos intervalos de tempo correspondentes, demonstrando que ao 
final de 6 meses esses pacientes se adaptaram à PTCM (n=89). A análise evidenciou 
que a estimativa média para a adaptação foi de 78,53 dias (IC 95% de 71,04 -86,04), 
com valores mínimo e máximo de 15,00 e 180,00 dias, respectivamente. A mediana 
observada foi de 75,00 dias (IC 95% de 59,67-90,33) (Figura 3). 
Na comparação entre as curvas de sobrevivência foi utilizado o teste não 
paramétrico Log Rank. Para os fatores avaliados nesse estudo, a experiência prévia com 
prótese mandibular (p=0,032), profissional que confeccionou a prótese antiga em uso 
(p=0,034), a ocorrência de lesões de úlceras traumáticas após 15 dias do tratamento 
reabilitador (p=0,023), a altura posterior do rebordo mandibular (p=0,005) e uso regular 
das novas PTs (p=0,002) revelaram associação significativa com o tempo de adaptação. 
Os achados mostraram que indivíduos sem experiência com prótese inferior no passado, 
que usavam próteses antigas confeccionadas por técnicos, com relatos de ocorrência de 
úlceras nos primeiros dias após a reabilitação com as novas próteses, indivíduos com 
rebordo mandibular posterior reabsorvido e que não estavam usando regularmente as 
novas próteses mandibulares demoraram mais tempo para se adaptar às novas próteses 
(Tabela 1) (Figuras 4A-E). 
 
39 
 
Figura 3 – Estimativa de tempo médio para adaptação à PTCM nos 6 meses de 
acompanhamento. Natal/RN, 2020. 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
 
Tabela 1 – Estimativa de tempo médio de adaptação em comparação com os fatores avaliados 
no estudo. Natal/RN, 2020. 
 ANÁLISE DE SOBREVIDA 
 n Tempo médio (dias) IC 95% p* 
Experiência prévia com PT inferior 
Não usava PT inferior 11 99,54 73,77 – 125,32 0,032 
Usava PT inferior 78 75,57 67,98 – 83,17 
Profissional 
Cirurgião-dentista 48 71,25 62,00 – 80,49 0,034 
Técnico em Prótese Dentária 41 87,07 75,31 – 98,83 
Lesões após 15 dias 
Presença 51 87,23 73,80 – 100,67 0,023 
Ausência 38 72,05 63,94 – 80,17 
Altura posterior mandibular 
Até 10mm 44 89,31 78,46 – 100,17 0,005 
Acima de 10 mm 45 68,00 58,49 – 77,51 
Uso da nova PT mandibular 
Uso regular 83 74,82 67,44 – 82,20 0,002 
Uso não regular 6 130,00 117,60 – 142,40 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). *Teste Log Rank (p<0,05). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
Figura 4 – Curva de sobrevida de Kaplan-Meier. Curva de sobrevida da adaptação à PTCM ao 
longo do tempo de acompanhamento quanto à experiência prévia com PT inferior (A), 
profissional que confeccionou a PT antiga (B), ocorrência de lesões após 15 dias da reabilitação 
com as novas PTs (C), altura do rebordo mandibular posterior (D) e uso regular da PT inferior 
após a reabilitação (E). Natal/RN, 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
 
 
 
 
 
41 
 
5.4 Fatores de risco a não adaptação à PTCM 
 
5.4.1 Aspectos sociodemográficos e de condições de saúde 
 
A associação entre a não adaptação a novas próteses totais mandibulares e as 
variáveis sociodemográficas (sexo, idade, nível de escolaridade, estado civil e raça), 
além das condições de saúde (multimorbidade) encontram-se descritas na Tabela 2. O 
teste Qui-quadrado ou Exato de Fisher revelou que esses fatores não exerceram 
influência na não adaptação à PTCM nos tempos de 3 e 6 meses (Tabela 2). 
 
5.4.2 Fatores centrados no paciente 
 
Na análise univariada, verificou-se que os fatores de risco que influenciaram 
negativamente a adaptação da PTCM em um período de 3 meses foram a ausência de 
experiência prévia com PT inferior (p=0,001), uso de próteses antigas confeccionadas 
por técnicos (p=0,034), presença de úlceras traumáticas após 15 dias (p<0,001) e 30 
dias (p<0,001) da instalação das novas PTCM, altura mandibular posterior reduzida 
(p=0,002), rebordo mandibular reabsorvido (p=0,025) e não uso regular das novas 
próteses inferiores (p<0,001). E para o período de 6 meses, apenas o registro de 
ocorrência de lesões ulcerativas após 15 dias (p<0,001) e 30 dias (p<0,001) do 
tratamento reabilitador e o uso não regular da PTCM (p<0,001) foram maiores fatores 
de risco à não adaptação a prótese inferior (Tabela 3). 
Na análise multivariada, após o ajuste no modelo, os fatores de risco a não 
adaptação da PTCM em um período de 3 meses foram a ausência de experiência prévia 
com prótese total inferior (p=0,042), o registro de lesão em arco inferior com 15 dias 
após a instalação da PT mandibular nova (p<0,001) e altura mandibular posterior 
reduzida (0,035) foram maiores fatores de riscos a não adaptação de uma prótese total 
inferior nova. Não foi possível a realização de uma análise multivariada para o tempo de 
6 meses em virtude da existência de multicolinearidade entre as variáveis com 
associação significativa (Tabela 4). 
 
42 
 
Tabela 2 – Associação entre as variáveis sociodemográficas, condição de saúde e adaptação/não adaptação à prótese total mandibular com suas medidas de 
risco relativo bruto (RR), n (%), IC (intervalo de confiança com 95%) e valor de p. Natal/RN, 2020. 
 3 MESES 6 MESES 
 PTN PTA PTN PTA 
 n n (%) n (%) RR IC (95%) p n n (%) n (%) RR IC (95%) p 
Sexo 
Feminino 108 39 (39,8) 59 (60,2) 1,08 
0,96-1,21 
0,3131 99 13 (14,6) 76 (85,4) 1,04 0,88-1,22 1,0001 
Masculino 2 (20,0) 8 (80,0) 1 (10,0) 9 (90,0) 
 
Idade 
60 anos ou mais 108 36 (38,3) 58 (61,7) 1,01 
0,87-1,18 
1,0001 99 12 (14,1) 73 (85,9) 0,99 0,79-1,25 1,0001 
Até 59 anos 5 (35,7) 9 (64,3) 2 (14,3) 12 (85,7) 
 
Nível de escolaridade 
Até 8 anos de estudo 108 26 (42,6) 35 (57,4) 1,21 0,88-1,68 0,2562 99 7 (12,5) 49 (87,5) 0,87 0,50-1,51 0,5932 
Mais de 8 anos de estudo 15 (31,9) 32 (68,1) 7 (16,3) 36 (83,7) 
 
Estado civil 
Sem companheiro (a) 108 23 (47,9) 25 (52,1) 1,50 0,99-2,27 0,0572 99 6 (14,6) 35 (85,4) 1,04 0,54-2,00 0,9062 
Com companheiro (a) 18 (30,0) 42 (70,0) 8 (13,8) 50 (86,2) 
 
Raça 
Branca 108 28 (38,4) 45 (61,6) 1,02 0,78-1,33 0,9032 99 9 (13,2) 59 (86,8) 0,92 0,61-1,40 0,7591 
Parda/Negra 13 (37,1) 22 (62,9) 5 (16,1) 26 (83,9) 
 
Multimorbidade 
Presença 108 25 (39,7) 38 (60,3) 1,08 0,78-1,48 
 
0,6632 99 10 (18,2) 45 (81,8) 1,34 0,91-1,98 0,2521 
Ausência 16 (35,6) 29 (64,4) 4 (9,1) 40 (90,9) 
 
Fonte: Autora (2020). Nota: 
1
Teste Exato de Fisher;
 2
Teste Qui-quadrado; PTN: não adaptados a PT mandibular; PTA: adaptados a PT mandibular. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
Tabela 3 – Associação entre os fatores centrados no paciente e adaptação/não adaptação à prótese total mandibular com suas medidas de risco relativo bruto 
(RR), n (%), IC (intervalo de confiança com 95%) e valor de p. Natal/RN, 2020. 
 3 MESES 6 MESES 
 PTN PTA PTN PTA 
 n n (%) n (%) RR IC (95%) p n n (%) n (%) RR IC (95%) p 
Experiência prévia com PT inferior 
Não usava PT inferior 108 13 (76,5) 4 (23,5) 5,31 1,86-15,19 0,0011 99 2 (15,4) 11 (84,6) 1,10 0,27-4,46 1,0001 
Usava PT inferior 28 (30,8) 63 (69,2) 12 (14,0) 74 (86,0) 
Quantidade de próteses usadas

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