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LaysPinheiroDeMedeiros-DISSERT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAUDE 
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO 
 
LAYS PINHEIRO DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DA ESCALA DO NÍVEL DE 
ADAPTAÇÃO DO ESTOMIZADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2016 
2 
 LAYS PINHEIRO DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DA ESCALA DO NÍVEL DE 
ADAPTAÇÃO DO ESTOMIZADO 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-graduação em Enfermagem da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, para obtenção do Grau de Mestre 
em Enfermagem. 
Área de concentração: Enfermagem na 
Atenção à Saúde. 
Orientador: Profa. Dra. Isabelle 
Katherinne Fernandes Costa Assunção. 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2016 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 
 Medeiros, Lays Pinheiro de. 
 Construção e validação de conteúdo da escala do nível de 
adaptação do estomizado / Lays Pinheiro de Medeiros. - 2016. 
 145 f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em 
Enfermagem. Natal, RN, 2016. 
 Orientador: Profª. Drª. Isabelle Katherinne Fernandes Costa 
Assunção. 
 
 
 1. Estomia - Dissertação. 2. Modelos de Enfermagem - 
Dissertação. 3. Adaptação Psicológica - Dissertação. 4. Estudos de 
Validação - Dissertação. I. Assunção, Isabelle Katherinne Fernandes 
Costa. II. Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 616.34-083 
 
 
 
 
 
4 
 
 LAYS PINHEIRO DE MEDEIROS 
 
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DA ESCALA DO NÍVEL DE 
ADAPTAÇÃO DO ESTOMIZADO 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do Grau de Mestre em 
Enfermagem. 
 
Área de concentração: Enfermagem na Atenção à Saúde. 
 
 
_________________________________________________ 
Profa. Dra. Isabelle Katherinne Fernandes Costa Assunção 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Orientadora - Presidente da Banca 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_________________________________________________ 
Profa. Dra. Bertha Cruz Enders 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro interno 
 
 
_________________________________________________ 
Profa. Dra. Gabriela de Sousa Martins Melo 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro interno 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Marina de Góis Salvetti 
Universidade 
Membro externo 
 
 
 
 
 
Julgamento: _____________________ 
Natal/RN, 02 de dezembro de 2016 
5 
DEDICATÓRIA 
 
Esse trabalho é dedicado primeiramente a Deus, que me concedeu a graça de 
conhecer todas as pessoas que direta, ou indiretamente, participaram da minha 
vivência do mestrado, desde a possibilidade de participar do processo seletivo à 
conclusão desse relatório. Além disso, reconheço que Ele me deu a oportunidade e 
os meios de aperfeiçoar meus conhecimentos e habilidades para que essa pesquisa 
fosse realizada da melhor maneira possível, dentro das minhas limitações. 
Em segundo lugar, dedico aos meus pais, Neilda Pinheiro das Neves de 
Medeiros e Gilvan Etelvino de Medeiros, que sempre acreditam, confiam, apostam e 
investem tudo o que podem na minha qualificação profissional, sem medir esforços. 
À minha mãe, em especial, por sempre acompanhar e me apoiar nos momentos 
felizes e, principalmente, nas dificuldades. 
Aos meus tios, Neile e Olázaro, por estarem sempre presentes na minha vida, 
torcendo e incentivando constantemente o crescimento profissional. 
 À minha avó Nilda (in memorian) por se fazer presente, mesmo quando a carne 
está ausente. 
 Ao meu namorado, Gustavo, pela paciência, compreensão, escuta, incentivo e 
todo esse amor dedicado à caminhada rumo ao nosso futuro juntos. 
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que forneceu estrutura física 
e recursos humanos de excelente qualidade durante a formação no mestrado 
acadêmico. 
Por fim, ao Grupo de Pesquisa Incubadora de Procedimentos de Enfermagem, 
pois essa produção é fruto de um trabalho conjunto que envolveu docentes e 
discentes da graduação e pós-graduação empenhados na elaboração de uma 
pesquisa de qualidade. 
 
6 
AGRADECIMENTOS 
 
 Ao Grupo de Pesquisa Incubadora de Procedimentos de Enfermagem, 
especialmente as orientandas da Professora Dra. Isabellle Katherinne, que 
trabalharam comigo durante os últimos anos para que a minha participação e 
finalização do mestrado acadêmico fosse possível. Muito obrigada pela ajuda de 
sempre, Amanda, Suênia, Marjorie, Cintia, Julliana, Luana, Fernanda, Jessica, 
Isabelle, Silvia, Mayra, Dannyelle, Aline e Dayane. 
 A minha orientadora, Professora Dra. Isabelle Katherinne, por confiar e 
acreditar no meu potencial desde a concepção desafiadora do projeto à finalização do 
relatório, que é resultado de muita cooperação, criatividade e responsabilidade mútua. 
 Aos membros da banca, Ao professor Dr. Gilson e Professoras Dra. Bertha e 
Vera Lucia pelas ricas contribuições na etapa de qualificação. E às Professoras Dra. 
Bertha, Dra. Gabriela e Dra. Marina pela participação e colaboração na melhoria do 
relatório. 
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem/UFRN pelo 
empenho em fornecer conhecimentos que foram fundamentais na execução e 
elaboração dessa pesquisa. 
 Aos meus amigos adquiridos durante essa trajetória, em particular Glauber e 
Aryele que me ajudaram e tornaram esse caminho mais leve. 
Aos juízes da pesquisa por terem possibilitado o desenvolvimento dos 
resultados desse estudo em tempo hábil. 
A Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) pela 
concessão de bolsa e mestrado durante 15 meses, facilitando a operacionalização de 
tempo e recursos para a execução do relatório. 
 
 
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“Deves saber que foste criado para gloriosa ascensão, mas que só é fácil descer. 
Subir exige trabalho, paciência, perseverança, condições essenciais para o encontro 
do amor e da sabedoria. Se alguém te fala em valor das facilidades, não acredites; é 
possível que o aventureiro esteja descendo. Mas quando te façam ver perspectivas 
consoladoras, através do suor e do esforço pessoal, aceita os alvitres com alegria. 
Aquele que compreende o tesouro oculto nos obstáculos, e dele se vale para 
enriquecer a vida, está subindo e é digno de ser seguido.” 
(Prometer - Emmanuel) 
8 
RESUMO 
Estomia é uma abertura criada artificialmente a partir do trato gastrointestinal, ou trato 
urinário, para o abdômen, por onde ocorre o desvio e eliminação do fluxo de fezes e 
urina. A estomia demanda atendimento a diversas necessidades adaptativas que 
envolvem aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais. Isso requer a atuação da 
enfermagem voltada para a promoção da adaptação da pessoa com estomia. A fim 
de sistematizar o cuidado à pessoa estomizada, com vistas à adaptação eficaz e 
consequente melhoria da qualidade de vida, a enfermagem pode utilizar o Modelo de 
Adaptação de Roy (MAR), que contém seis etapas do processo de enfermagem. O 
objetivo desse estudo foi construir e validar o conteúdo de um instrumento para medir 
o nível de adaptação do estomizado, com base no MAR. Trata-se de um estudo 
metodológico que será desenvolvido em duas etapas: construção dos itens do 
instrumento a partir das definições dos constructos, e a aplicação do instrumento aos 
juízes. As definições constitutivas e operacionais foram feitas a partir da literatura e o 
processo de validação foi realizado por meiodo Índice de Validade de Conteúdo (IVC). 
Foram selecionados 116 juízes para a etapa de validação, dos quais nove foi realizada 
pela avaliação de nove juízes, Todos responderam que consideram importante que o 
enfermeiro conheça o processo adaptativo da pessoa estomizada, a maioria referiu 
se sentir preparado para assistir a pessoa estomizada, incluindo as necessidades 
adaptativas e também conheciam o Modelo de Adaptação de Roy. O primeiro modo 
adaptativo avaliado pelos juízes foi o fisiológico, no qual metade itens apresentaram 
IVC acima de 0,80 e, quanto à permanência do item no modo inicialmente alocado, 
apenas 3 (18,7%) tiveram 100% de repostas favoráveis à manutenção do item no 
modo. Dos 17 itens do modo autoconceito, Apenas 4 (23,5%) dos itens obtiveram IVC 
acima de 0,8 e 8 (47%) apresentam respostas 100% favoráveis à manutenção do item 
no modo. No modo função de papel, 4 (100%) dos itens apresentaram IVC acima de 
0,8 e 2 (50%) itens apresentaram total recomendação de permanência no modo. Por 
fim, no modo interdependência, 3 (42,9%) itens apresentaram IVC acima de 0,8 e 4 
(57,1%) tiveram todas as respostas voltadas para a manutenção do item no modo. Ao 
final dessa etapa, 7 itens foram retirados do instrumento, dois foram agrupados em 
um só e um foi alocado em outro modo diferente do preliminar. A versão final do 
instrumento possui 34 itens no total, sendo 11 no modo fisiológico, 14 no autoconceito, 
4 no função de papel e 5 no interdependência. Conclui-se que os itens construídos 
para compor a ENAE possuem validade de conteúdo. 
Palavras-chave: Estomia. Modelos de Enfermagem. Adaptação Psicológica. Estudos 
de Validação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
ABSTRACT 
Ostomy is an opening that is artificially created from the gastrointestinal tract, or urinary 
tract, to the abdomen, from where it occurs a detour and the elimination of stool and 
urine. The ostomy’s construction requires several adaptive needs which involve from 
physiological aspects to psychological and social demands. This way, it is needed the 
performance of a nurse guided toward an improvement of the adaptation of the person 
with an ostomy. In order to systematize the care to the person with an ostomy, aiming 
an effective adaptation and consequent enhancement on their quality of life, the nurse 
can use Roy’s adaptation model (RAM), which is described on six stages of the nursing 
process. The first two are consisted on the stage of gathering data on stimulus and 
behaviors, of which will guide the subsequent stages. Therefore, the objective of this 
study is to construct and validate the content of the instrument entitled as “Scale of the 
adaptation level of the person with an ostomy (ENAE). It is about a methodological 
study that will be developed on two phases: The first is consisted on the construction 
of the instrument’s items from the construct’s definitions, and the second will be based 
on the evaluation phase of the judges. The constitutive and operational definitions were 
made from the literature and the validation process will be analyzed using the Content 
Validation Index (CVI). 116 judges were selected for the validation phase, of which… 
by the evaluation of nine judges. Everyone answered that they considered as important 
that the nurse must know the adaptive process of the person with an ostomy, most of 
them referred that felt prepared to help the person with an ostomy, including the 
adaptive needs and also have to know Roy’s Adaptive Model. The first adaptive model 
evaluated by the judges was the physiological one, of which 8 (50%) items showed 
and CVI bigger than 0.80 and, regarding the item’s continuity on the initially allocated 
mode, only 3 (18.7%) had 100% of favorable answers about the item’s keeping on the 
mode. From the 17 items on the self – concept mode, only 4 (23.5%) of the items had 
CVI above 0.8 and 8 (47%) showed answers 100% favorable to the item’s keeping on 
the mode. On the paper function mode, 4 (100%) of the items showed CVI above 0.8 
and 2 (50%) of the items showed total recommendation regarding the continuity on the 
mode. Finally, on the interdependence mode, 3 (42.9%) items showed CVI above 0.8 
and 4 (57.1%) had all the answers guided toward the item’s keeping on the mode. At 
the end of this stage, 7 items were removed from the instrument, two were grouped in 
only one and one was allocated on another mode different from the preliminary mode. 
The instrument’s final version has 34 items, being 11 on the physiological mode, 14 on 
the self – concept mode, 4 on the paper function and 5 on the interdependence mode. 
Regarding the study’s limitations, the response’s reduced quantitative, and its delay, 
by part of the judges made it more difficult to construct these results. In addition to this, 
many of them did not comprehend some orientations, which made it harder to interpret 
some data. This project was approved by the Commission of Ethics in Research of 
UFRN, report number 421.342, CAAE of number 19866413.3.0000.5537. 
Keywords: Estomy. Nursing Models. Psychological Adaptation. Validation Studies 
 
 
 
 
10 
LISTA DE ILUSTAÇÃO 
 
Figura 1 – Fluxograma das duas etapas da construção e validação da escala........31 
Figura 2 - Distribuição quantitativa das etapas da coleta de dados .......................... 34 
Figura 3 - Distribuição quantitativa das etapas da coleta de dados ......................... 35 
Quadro 1 - Definição constitutiva da adaptação da pessoa estomizada à luz do MAR
...................................................................................................................... 34 
Quadro 2 - Itens preliminares do instrumento, e suas respectivas fontes 
fundamentadoras ......................................................................................... 34 
Quadro 3 - Descrição das sugestões realizadas para os itens do modo fisiológico. 
Natal, 2016. .................................................................................................. 58 
Quadro 4 - Descrição das sugestões realizadas para os itens do modo autoconceito. 
Natal, 2016. .................................................................................................. 63 
Quadro 5 - Descrição das sugestões realizadas para os itens do modo função de 
papel. Natal, 2016......................................................................................... 65 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Estudos identificados nos modos adaptativos do Modelo de Adaptação de 
Roy ............................................................................................................... 43 
Tabela 2 - Estudos identificados nos modos adaptativos do Modelo de Adaptação de 
Roy.. ............................................................................................................. 47 
Tabela 3- Problemas adaptativos identificados nos relatos das pessoas estomizadas. 
Natal/RN, 2016 ............................................................................................. 49 
Tabela 4 - Indicadores de adaptação positiva mencionados nos relatos das pessoas 
estomizadas. Natal/RN, 2016 ....................................................................... 50 
Tabela 5- Caracterização dos juízes participantes da validação de conteúdo da Escala 
do Nível de Adaptação do Estomizado. Natal, 2016.........................53 
Tabela 6 - Distribuição das respostas dos juízes quanto ao processo adaptativo do 
estomizado e Modelo de Adaptação de Roy. Natal, 2016 ............................ 42 
Tabela 7 - Avaliação dos itens preliminares referentes ao modo fisiológico. Natal, 
2016 .............................................................................................................. 55 
11 
Tabela 8 - Percentual de adequação dos itens aos critérios de construção referentes 
ao modo fisiológico. Natal, 2016.. ................................................................. 56 
Tabela 9 - Frequência epercentual das observações dos juízes quanto aos itens do 
modo fisiológico. Natal, 2016.. ...................................................................... 57 
Tabela 10 - Avaliação dos itens preliminares referentes ao modo autoconceito. Natal, 
2016.. ............................................................................................................ 59 
Tabela 11 - Percentual de adequação dos itens aos critérios de construção referentes 
ao modo autoconceito. Natal, 2016.... .......................................................... 61 
Tabela 12 - Frequências e percentuais das observações dos juízes quanto aos itens 
do modo autoconceito. Natal, 2016.............................................................. 61 
Tabela 13 - Avaliação dos itens preliminares referentes ao modo função de papel. 
Natal, 2016. .................................................................................................. 64 
Tabela 14 - Percentual de adequação dos itens aos critérios de construção referentes 
ao modo função de papel. Natal, 2016...... ................................................... 64 
Tabela 15 - Frequências e percentuais das observações dos juízes quanto aos itens 
do modo função de papel. Natal, 2016...... ................................................... 64 
Tabela 16 - Avaliação dos itens preliminares referentes ao modo interdependência. 
Natal, 2016...... ............................................................................................. 65 
Tabela 17 - Percentual de adequação dos itens aos critérios de construção referentes 
ao modo interdependência. Natal, 2016. ...................................................... 66 
Tabela 18 - Frequências e percentuais das observações dos juízes quanto aos itens 
do modo interdependência. Natal, 2016. ...................................................... 67 
Tabela 19 –Apresentação da versão final dos itens após a validação de conteúdo. 
Natal, 2016....................................................................................................68 
 
 
 
 
 
 
12 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
BVS – Biblioteca Virtual em Saúde 
CERHRN - Centro Especializado em Reabilitação e Habilitação do Rio Grande do 
Norte 
CINAHL - Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature 
CLAREZ – Clareza 
CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
COMP – Comportamental 
CREDIB – Credibilidade 
DeCS - Descritores em Ciências da Saúde 
ENAE – Escala do Nível de Adaptação do Estomizado 
INCA - Instituto Nacional de Câncer 
IVC - Índice de Validade de Conteúdo 
LILACS - Latin American Literature in Health Sciences 
MAR – Modelo de Adaptação de Roy 
MEDLINE - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online 
MODAL – Modalidade 
OBJET – Objetividade 
PE – Processo de Enfermagem 
RELEV – Relevância 
SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem 
SIMP – Simplicidade 
SUS – Sistema Único de Saúde 
UOAA - United Ostomy Associations of America 
VARIED – Variedade 
 
13 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12 
2 OBJETIVOS ................................................................................................. 18 
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 21 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 18 
3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 19 
3.1 MODELO DE ADAPTAÇÃO DE ROY ......................................................... 19 
3.2 PROCESSO ADAPTATIVO DA PESSOA ESTOMIZADA NA PERSPECTIVA 
DO MODELO DE ADAPTAÇÃO DE ROY ................................................... 23 
3.3 VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS .............................................................. 26 
4 MÉTODO ...................................................................................................... 30 
4.1 PRIMEIRA ETAPA: DEFINIÇÃO DOS CONSTRUTOS ............................... 30 
4.1.1 Definições constitutivas ................................................................................ 30 
4.1.2 Definições operacionais ................................................................................ 31 
4.2 SEGUNDA ETAPA: VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO ..................................... 36 
4.3 ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................... 38 
5 RESULTADOS ............................................................................................. 39 
5.1 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS ................................................................. 39 
5.2 DEFINIÇÕES OPERACIONAIS.................................................................... 41 
5.2.1 Modelo de adaptação de Roy para pessoas estomizadas: revisão integrativa 
dos problemas adaptativos ........................................................................... 41 
5.2.2 Modelo de adaptação de Roy para pessoas estomizadas: revisão integrativa 
dos indicadores de adaptação positiva ......................................................... 46 
5.2.3 Comportamento adaptativos de pessoas com estomia intestinal ................. 48 
5.3 ITENS DO INSTRUMENTO ......................................................................... 50 
5.4 VALIDAÇÃO DO CONTEÚDO DA ESCALA DO NÍVEL DE ADAPTAÇÃO DO 
ESTOMIZADO .............................................................................................. 52 
6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 69 
7 CONCLUSÕES ............................................................................................ 78 
REFERÊNCIAS 
APÊNDICES 
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS 
14 
ANEXOS 
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA 
 
 
15 
1 INTRODUÇÃO 
Ostomia é o nome dado a qualquer abertura do ambiente interno da estrutura 
corporal, para o ambiente externo. As denominações que derivam desse conceito 
relacionam-se com a localização dessa abertura. Nesse sentido, estomia é uma 
abertura criada artificialmente a partir do trato gastrointestinal, ou trato urinário, para 
o abdômen, por onde ocorre o desvio e eliminação do fluxo de fezes e urina. Pode ser 
permanente ou temporária e subdivide-se em três tipos: ileostomia, colostomia e 
urostomia (BARTLE, 2013). 
Diversas são as causas que podem indicar o procedimento cirúrgico de 
construção da estomia intestinal, dentre elas podemos citar o câncer colorretal, 
diverticulite, obstrução intestinal, outras neoplasias abdominais e pélvicas, distúrbios 
intestinais funcionais, trauma abdominal, perfuração abdominal não traumática ou 
abcesso, doenças inflamatórias intestinais e polipose intestinal (MELOTI et al., 2013). 
Segundo a United Ostomy Associations of America (UOAA) estima-se que em 
2013 existiam aproximadamente 700 mil estomizados nos Estados Unidos da 
América. No Brasil, conforme a Associação Brasileira de Ostomizado (ABRASO) 
existem aproximadamente 33.864 pessoas estomizadas, sendo 4.176 dessas no 
nordeste e 697 no Rio Grande do Norte (ABRASO, 2007; SENA et al., 2014; UOAA, 
2013). 
Vale salientar que a realização da estomia aumentará proporcionalmente à 
incidência de câncer de cólon e reto, visto que essa é a principal causa de realização 
desse procedimento. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), essa neoplasia 
configura-se como o terceiro tipo mais comum entre homens e o segundo em 
mulheres à nível mundial. Estimam-se, para 2016, no Brasil, 16.660 casos novos de 
câncer de cólon e reto em homens e de 17.620 em mulheres (COELHO; SANTOS; 
POGGETTO, 2013; INCA, 2016; MOLS et al., 2014; REESE et al., 2014). 
O fato detornar-se estomizado acarreta muitas mudanças relacionadas à nova 
condição de eliminação de excretas, as quais culminarão na necessidade de adaptar-
se à essa situação. Desde o momento da descoberta da necessidade de submeter-
se à cirurgia, a pessoa vive momentos de ansiedade e tensão causados pela carga 
psicológica de ter que optar pelo procedimento ou ceder à patologia que resultará na 
morte inevitável (MOTA, 2016). 
16 
Logo após a construção da estomia, algumas pessoas são tomadas por 
sentimentos de revolta, e podem até mesmo apresentar-se abatidas. Isso decorre 
principalmente da falta de exposição prévia sobre a estomia, tendo em vista que a 
maioria das pessoas estomizadas não conhecia outra pessoa na mesma condição. 
Soma-se a isso a falta de informação no período pré-operatório sobre o procedimento 
e os resultados deste (MOTA, 2016). 
Após o choque inicial, geralmente a pessoa estomizada passa a conviver, 
enfim, com o processo adaptativo que demanda ajustes físicos, psicológicos e sociais 
que vão impactar diretamente na qualidade de vida desse indivíduo. A partir disso, 
pode-se perceber a importância de uma assistência à saúde prestada com qualidade, 
atentando para todos os aspectos mencionados acima, a fim de promover uma 
adaptação eficaz, que inclua o autocuidado como instrumento de autonomia do 
indivíduo, e resulte na melhoria da qualidade de vida do estomizado (FERREIRA-
UMPIÉRREZ; FORT-FORT, 2014). 
Apesar dessa importância no processo de transição da pessoa estomizada, 
estudos demonstram o déficit na atenção à saúde destas no sentindo da divergência 
do cuidado prestado, frente às variações de intervenções sem um conhecimento 
acerca do direcionamento sistemático da avaliação, planejamento, implementação e 
avaliação das ações de enfermagem (OLIVEIRA et al., 2014). 
Por conseguinte, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) 
representa um modelo de processo de trabalho do enfermeiro, tendo em vista que 
promove um direcionamento do cuidado seguro. Na perspectiva da autonomia, essa 
tecnologia da saúde favorece a diferenciação da enfermagem à medida que 
disponibiliza para uso um recurso exclusivo dessa categoria profissional, tanto no 
âmbito do conhecimento enquanto disciplina de enfermagem, quanto na habilidade 
prática de manejo da SAE (FERREIRA et al., 2016). 
Uma possibilidade de instrumento da sistematização do cuidado de 
enfermagem à pessoa com estomia é a utilização de uma teoria de enfermagem 
voltada para o objetivo da assistência. Elas são entendidas como um conjunto de 
conceitos inter-relacionados que demonstram uma forma sistemática de ver fatos ou 
eventos, a fim de explicá-los e prevê-los. Conceitos são palavras que representam a 
realidade e facilitam a capacidade de comunicação sobre ela. À vista disso, a 
enfermagem atenta para quatro conceitos principais: pessoa, saúde, ambiente e 
17 
enfermagem, os quais compõem o metaparadigma da enfermagem, isto é, o conteúdo 
nuclear da disciplina (GARCIA; NÓBREGA, 2004; GEORGE, 2000). 
Elas também podem ser definidas como uma conceituação articulada e 
comunicada da realidade da enfermagem, com o objetivo de descrever, prever e 
prescrever o cuidado de enfermagem. Outras definições exibem essas teorias como 
um conhecimento específico e elaborado pelos próprios profissionais que a executam, 
conferindo caráter científico à enfermagem na área da saúde (GEORGE, 2000; 
KÄÄRIÄINEN et al., 2011). 
Há mais de 50 anos os cientistas desenvolveram a disciplina científica da 
enfermagem, a qual, mediante as teorias, orienta a pesquisa, melhora a prática e, 
consequentemente, os resultados dos pacientes. A evolução das teorias e pesquisas 
de enfermagem com esses objetivos exigem um esforço para determinar o que já foi 
realizado, o que está sendo feito e o que ainda precisa ser construído para apoiar e 
dar continuidade à disciplina de enfermagem como ciência e profissão (BOND et al, 
2011). 
Elas obedecem a uma classificação que varia em nível de abstração, indo, 
nessa ordem, das teorias mais abstratas para as menos abstratas: metateoria, 
grandes teorias, teorias de médio alcance e teorias práticas. A primeira refere-se à 
teoria da teoria, focaliza os aspectos amplos, como os processos de geração de 
conhecimento e o desenvolvimento de uma teoria. As grandes teorias, ou modelos, 
são as mais complexas e as de âmbito mais abrangente. São inespecíficas e utilizam 
conceitos relativamente abstratos, que carecem de definições operacionais 
(MCEWEN; WILLS, 2009). 
Por conseguinte, as teorias de médio alcance são substancialmente 
específicas e englobam um número limitado de conceitos e um aspecto restrito do 
mundo real. Compreendem conceitos relativamente concretos, são operacionalmente 
definidos e têm proposições que podem ser testadas de forma empírica. Por fim, as 
teorias práticas, também chamadas de microteorias, são mais específicas que as de 
médio alcance e produzem instruções direcionadas para a prática de enfermagem 
(MCEWEN; WILLS, 2009). 
Um exemplo de grande teoria de enfermagem é o Modelo de Adaptação de 
Roy, o qual constitui a base para a compreensão do indivíduo como sistema capaz de 
se adaptar. A pessoa, nesse modelo, é a receptora dos cuidados de enfermagem; a 
saúde é entendida como um estado e um processo de tornar-se uma pessoa total e 
18 
integrada; o ambiente inclui todas as condições e circunstâncias que afetam o 
comportamento e o desenvolvimento da pessoa, e, por fim, a meta da enfermagem é 
a promoção de respostas adaptativas em relação aos quatro modos adaptativos 
(fisiológico, autoconceito, função de papel e interdependência) (BRAGA; SILVA, 2011; 
ROY; ANDREWS, 2001). 
A adaptação é o resultado de um processo que as pessoas sentem e pensam, 
usam a consciência e buscam uma escolha para criar a integração ambiental e 
humana. As estratégias de enfrentamento são comportamentos em que o processo 
de adaptação é realizado em situações diárias e em períodos críticos. E o processo 
de adaptação consiste em desempenhar comportamentos, em resposta aos 
estressores, que são orientados pela sobrevivência, crescimento, reprodução, 
domínio e transcendência (ROY, 2011; ROY, 2008). 
O processo adaptativo dos estomizados envolve necessidades físicas, sociais 
e psicológicas, as quais podem apresentar-se como estímulos, ao se estabelecer a 
relação do processo adaptativo dos ostomizados com o MAR. Um estímulo é 
identificado com o elemento que provoca a resposta, pode ser interno ou externo, e 
incluem todas as condições, circunstâncias e influências em volta da pessoa, ou que 
afeta o desenvolvimento ou comportamento desta. O termo “ambiente”, nessa teoria, 
define o conjunto de estímulos que interagem com a pessoa (ROY; ANDREWS, 2001; 
LOPES; PAGLIUCA; ARAUJO, 2006). 
O Modelo de Adaptação de Roy vê a pessoa como um sistema holístico e 
adaptável. A entrada, sob a forma de estímulos, ativa mecanismos reguladores e 
cognitivos que agem para manter a adaptação a partir dos modos adaptáveis. As 
saídas das pessoas, como sistemas, são suas respostas, ou seja, os comportamentos 
da pessoa. As respostas de saída tornam-se retroalimentação para a pessoa e para 
o ambiente e são categorizadas como respostas adaptativas: promovem a integridade 
da pessoa, que é demonstrada, comportamentalmente, quando a pessoa é capaz de 
preencher as metas em termos de sobrevivência, crescimento, reprodução e domínio. 
As respostas inefetivas não sustentam essas metas (GEORGE, 2000; ROY; 
ANDREWS, 2001). 
Nesse sentido, é possível analisar os elementos que constituem o processo 
adaptativo da pessoa com ostomia a partir do MAR, de modo que os estímulos são a 
própria ostomia, evidenciando-se como estímulo focal, e a alteração da imagem 
19 
corporal, mudanças na dieta, estilo de vida e relacionamentos interpessoais como 
alguns dos estímulos contextuais (MOLS et al., 2014). 
Paraa investigação dos comportamentos a autora da teoria identificou quatro 
modos adaptativos: fisiológico, autoconceito, função do papel e interdependência. O 
comportamento relacionado com os modos é a manifestação dos estímulos, isto é, o 
nível de adaptação da pessoa e os processos de enfrentamento. Observando o 
comportamento do indivíduo em relação aos modos adaptativos, o enfermeiro pode 
identificar as respostas como adaptativas ou ineficientes no processo saúde-doença 
(GEORGE, 2000; ROY; ANDREWS, 2001). 
Pensando na sistematização da assistência de enfermagem à pessoa 
estomizada, o MAR apresenta-se como um instrumento direcionador do cuidado, 
característica da grande teoria, e o processo de enfermagem (PE) proposto por ele 
como uma ferramenta de operacionalização dessa proposta. As duas primeiras etapas 
deste, investigação comportamental e de estímulos, culminam no nível de adaptação. 
O julgamento crítico do nível de adaptação origina os diagnósticos de enfermagem, 
os quais subsidiam o estabelecimento de metas e os planos para implementação. No 
fim, é realizada uma avaliação dinâmica e flexível às necessidades apresentadas no 
processo adaptativo (ROY; ANDREWS, 2001; MCEWEN; WILLS, 2009). 
 As duas primeiras etapas do PE envolvem a coleta de dados objetivos e 
subjetivos que representem o nível de adaptação da pessoa estomizada e o modo 
adaptativo mais afetado, ou seja, evidencia, para o profissional enfermeiro, qual a 
necessidade adaptativa do indivíduo. A partir disso, o planejamento das ações e 
implementação destas deve seguir a meta de promover a melhoria dessas respostas 
ineficientes. 
 Desse modo, a construção e validação de um instrumento voltado para a 
operacionalização dessas duas primeiras etapas do PE, nessa perspectiva teórica, 
fornecerá ao profissional informações referentes ao processo adaptativo da pessoa 
estomizada. Assim, esse processo será realizado de maneira sistemática, 
padronizada e buscando abranger todas as possíveis necessidades adaptativas dos 
estomizados apresentadas na literatura e nos relatos destes. 
 A partir do exposto, questionou-se nessa pesquisa: “Quais itens devem ser 
construídos para compor a Escala do Nível de Adaptação do Estomizado?” “O 
conteúdo da Escala do Nível de Adaptação do Estomizado possui validade teórica?”. 
20 
A fim de responder essa pergunta, objetivou-se nesse estudo validar o conteúdo da 
Escala de Adaptação do Nível de Adaptação do Estomizado. 
 
21 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Construir e validar o conteúdo de uma escala para mensurar o nível de adaptação do 
estomizado à luz do Modelo de Adaptação de Roy. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Elaborar as definições constitutivas e operacionais dos aspectos referentes ao 
processo adaptativo da pessoa estomizada, seguindo o Modelo de Adaptação de 
Roy; 
 Construir os itens do instrumento escalar para identificar o nível de adaptação da 
pessoa estomizada; 
 Validar o conteúdo do instrumento escalar. 
 
22 
3. REVISÃO DA LITERATURA 
 
3.1 MODELO DE ADAPTAÇÃO DE ROY 
 
 O Modelo de Adaptação de Roy foi utilizado parcialmente nessa pesquisa como 
um elemento direcionador dos domínios que a Escala do Nível de Adaptação do 
Estomizado (ENAE) deveria mensurar. Os aspectos do MAR que foram abordados 
nessa pesquisa incluem as definições referentes aos estímulos, comportamentos, 
nível de adaptação, modos adaptativos e as duas primeiras etapas do processo de 
enfermagem proposto pelo modelo. 
 Em revisão realizada por MEDEIROS et al (2015) foram identificados 20 
artigos, em que a maioria era do tipo descritivo, realizados no Brasil e nível de 
evidência VI. Os três tipos de estímulos (focal, contextual e residual) foram 
reconhecidos nos estudos. A maioria dos problemas adaptativos foi identificada no 
modo fisiológico e 38 dos 82 problemas adaptativos elencados na teoria foram 
observados nos estudos. Além desses componentes, todas as seis etapas do 
processo de enfermagem do MAR foram apontadas distribuídas nos estudos da 
amostra. 
 Os resultados desse estudos indicam que há um déficit significativo no 
quantitativo de produções científicas sobre as teorias de enfermagem, em especial o 
Modelo de Adaptação de Roy, os quais subsidiam a Enfermagem como ciência na 
área da saúde. Em relação ao Modelo de Adaptação de Roy, apenas 6,4% das 
publicações nacionais sobre teorias de enfermagem contextualizam esse referencial. 
De modo semelhante estudo informam 7,5% de artigos nacionais que tratam das 
teorias de enfermagem, versam sobre o Modelo de Adaptação (BOND et al., 2010; 
ROSA et al., 2010; SCHAURICH; CROSSETTI, 2010). 
Estímulo é identificado com o elemento que provoca a resposta, pode ser 
interno ou externo, e incluem todas as condições, circunstâncias e influências em volta 
da pessoa, ou que afeta o desenvolvimento ou comportamento desta. O termo 
“ambiente”, nessa teoria, define o conjunto de estímulos que interagem com a 
pessoa(4). Esses estímulos podem ser divididos em focal, contextual e residual. O 
focal é o mais importante, visto que confronta diretamente com a pessoa; o contextual 
é definido como outro estímulo evidente na situação e contribuem para o 
comportamento provocado pelo estímulo focal; E o residual, que tem efeito 
23 
indeterminado no comportamento da pessoa (BRAGA; SILVA, 2011; ROY; 
ANDREWS, 2001). 
A maioria dos estudos examinados por MEDEIROS et al (2015) evidenciou 
estímulos focais e contextuais, isso ocorreu em virtude da dificuldade em identificar 
os estímulos residuais durante o processo adaptativo das diversas populações 
estudadas e pela maneira clara e objetiva com que esses estímulos se apresentaram. 
Os estímulos ativam mecanismos de enfrentamento inatos ou adquiridos, para 
responder às mudanças do ambiente, os quais são divididos em dois subsistemas: o 
regulador, que recebe estímulos e exibe respostas de saída através de reflexos 
autônomos, ou seja, transmissores de natureza química, neural ou endócrina; e o 
cognato, que recebe estímulos e a eles responde por meio de quatro canais cognitivo-
emocionais: perceptual/processamento de informações; aprendizagem; julgamento; e 
emoção. Esses mecanismos irão desencadear as respostas mencionadas 
anteriormente (GEORGE, 2000; ROY; ANDREWS, 2001; OLIVEIRA; LOPES; 
ARAUJO, 2006). 
Na manutenção da integridade da pessoa, o subsistema regulador e o cognato 
agem em conjunto. O nível de adaptação, como sistema adaptativo, é influenciado 
pelo desenvolvimento do indivíduo e o uso desses mecanismos de enfrentamento. Os 
comportamentos resultantes dos subsistemas regulador e cognato podem ser 
observados em quatro categorias ou modos adaptativos: fisiológico, autoconceito, 
desempenho de papéis e interdependência (GEORGE, 2000; ROY; ANDREWS, 
2001). 
O modo fisiológico é definido como o modo da pessoa responder, como um ser 
físico, aos incentivos ambientais. Está associado com processos físicos e químicos 
envolvidos nas funções e atividades de organismos vivos. Nesse modo, a 
necessidade básica é a integridade fisiológica e o comportamento é a manifestação 
de atividades fisiológicas de todas as células, tecidos, organismos e sistemas do corpo 
humano. São identificadas cinco necessidades relacionadas às necessidades básicas 
de integridade fisiológica: oxigenação, nutrição, eliminação, atividade e repouso, e 
proteção. Além disso, esse modo inclui quatro processos complexos que envolvem os 
sentidos, fluidos e eletrólitos, função neurológica e função endócrina 
(ROY; ANDREWS, 2001; ÌSBIR; METE, 2013; OLIVEIRA; LOPES; ARAUJO, 2006). 
O modo autoconceito é um dos três modos que tratam dos aspectos 
psicossociais da pessoa. A necessidade básica desse modo é a integridade psíquica 
24 
e subdivide-se em duas categorias: o Eu Físico, que possui como componentes a 
sensação corporal e a imagem corporal; e o Eu Pessoal, constituído pela 
autoconsciência,o autoideal e o Eu moral-ético-espiritual (BRAGA; SILVA, 2011; 
ROY; ANDREWS, 2001). 
A sensação corporal é a capacidade para se sentir e experimentar a si próprio 
como ser físico. A imagem corporal pode ser entendida como uma imagem 
tridimensional, envolvendo aspectos psicológicos, sociológicos e fisiológicos que cada 
indivíduo tem de si mesmo. A autoconsciência é a parte do componente pessoal do 
eu que resiste para manter auto-organização consistente e, assim, evitar o 
desequilíbrio. O autoideal é representado pelo que a pessoa gostaria de ser. E, por 
fim, o Eu moral-ético-espiritual trata do que a pessoa acredita, ou seja, representa o 
sistema de crenças de uma pessoa e uma avaliação de quem é a pessoa (BRAGA; 
SILVA, 2011; ROY; ANDREWS, 2001; SCATOLIN, 2012). 
Sobre o modo função na vida real, o Modelo aborda os papéis que a pessoa 
ocupa na sociedade. A necessidade básica desse modo é a integridade social. 
Identifica os padrões de interação social da pessoa em relação aos outros refletidos 
pelos papéis primários, secundários e terciários. O Papel primário determina a maioria 
dos comportamentos e é definido pelo sexo, idade e estágio de desenvolvimento da 
pessoa. O secundário realiza as tarefas exigidas pelo estágio de desenvolvimento o 
papel primário. E o papel terciário é temporário, podendo ser representado pelos 
hobbies (GEORGE, 2000; ROY; ANDREWS, 2001; AKYIL; ERGÜNEY, 2012). 
A transição do papel pode ser definida como o processo de assumir e 
desenvolver um novo papel. Constitui o crescimento em um sentido positivo e é 
incompatível com as tarefas do papel primário do indivíduo. Já no distanciamento do 
papel o indivíduo demonstra comportamentos adequados a um determinado 
comportamento, mas estes comportamentos diferem dos comportamentos esperados 
para esse papel (ROY; ANDREWS, 2001). 
O conflito dentro do papel ocorre quando o indivíduo fracassa na demonstração 
dos comportamentos adequados a um papel como resultado de expectativas 
incompatíveis, de uma ou mais pessoas, no ambiente relacionado com o 
comportamento da pessoa. Por fim, no fracasso do papel a pessoa apresenta uma 
ausência de comportamentos expressivos ou os demonstram ineficazes para um 
determinado papel (ROY; ANDREWS, 2001). 
25 
Por fim, o modo de interdependência centra-se nas relações interpessoais, ou 
seja, nas interações relacionadas com dar e receber amor, respeito e valor através 
das relações com os outros significativos e sistemas de apoio. A necessidade básica 
desse modo é a adequação afetiva, que está associada com o sentimento de 
segurança em alimentar relações (ROY; ANDREWS, 2001; ROY, 2011). 
Sabe-se que os sistemas de apoio são todas as pessoas, grupos ou animais 
que contribuem para a satisfação das necessidades de interdependência da pessoa, 
por exemplo, o cônjuge e o profissional de enfermagem possuem grande importância 
durante o processo adaptativo. Além disso, os grupos de apoio, por meio de 
intervenções educativas, a troca de experiência e auxílio mútuo também promovem a 
adaptação psicossocial de diversas pessoas (AKYIL; ERGÜNEY, 2012; 
ALTSCHULER et al., 2009; DENNIS; DOWSWELL, 2013). 
O Processo de Enfermagem no Modelo de Adaptação de Roy é dividido em 
seis etapas que englobam a investigação comportamental, a qual se baseia na coleta 
de respostas ou de comportamentos de saída da pessoa em relação aos quatro 
modos adaptativos. A avaliação do cliente em cada um dos quatro modos adaptativos 
fortalece uma abordagem sistemática e holística e a informação coletada inclui dados 
objetivos, subjetivos e de mensuração (GEORGE, 2000). 
A segunda etapa é a investigação dos estímulos, a qual analisa os assuntos 
emergentes e dos padrões de comportamento do cliente para identificar as respostas 
ineficientes ou adaptativas que exigem seu apoio. Quando houver comportamentos 
ineficientes ou respostas adaptativas exigindo apoio, o profissional enfermeiro faz 
uma investigação dos estímulos externos e internos que podem estar afetando esses 
comportamentos (GEORGE, 2000). 
Por conseguinte, os Diagnósticos de Enfermagem podem ser realizados a partir 
de três métodos: usando os problemas adaptativos comumente recorrentes, relatando 
a resposta observada de modo conjunto aos estímulos mais influentes ou resumindo 
as respostas em um ou mais modos adaptativos relacionados com o mesmo estímulo 
(GEORGE, 2000). 
A quarta etapa, o estabelecimento de metas, que são os comportamentos finais 
que as pessoas devem atingir. Os planos para intervenção, que tem a finalidade de 
alterar ou controlar os estímulos focais ou contextuais. Por fim, a avaliação, onde as 
metas de comportamento são comparadas com as respostas de saída da pessoa e é 
26 
determinado um movimento em direção ou afastamento da obtenção de metas 
(GEORGE, 2000; ROY; ANDREWS, 2001). 
 
3.2 PROCESSO ADAPTATIVO DA PESSOA ESTOMIZADA NA PERSPECTIVA DO 
MODELO DE ADAPTAÇÃO DE ROY 
 
 A meta da Enfermagem no Modelo de Adaptação de Roy é a promoção das 
respostas adaptativas das pessoas nos quatro modos adaptativos: fisiológico, 
autoconceito, função de papel e interdependência. Dessa maneira eles se apresentam 
como domínios que refletem o processo adaptativo da pessoa que a enfermagem 
cuida. Assim, os modos direcionam o processo de observação, intervenção e 
avaliação do processo de enfermagem nas mais diversas demandas adaptativas da 
pessoa estomizada, englobando aspectos físicos, sociais, psicológicos e espirituais 
envolvidos nesse âmbito (MONTEIRO et al, 2016). 
O modo fisiológico está associado à forma como a pessoa responde 
fisicamente aos estímulos provenientes do ambiente e as respostas produzidas são 
principalmente fisiológicas (ROY; ANDREWS, 2001). 
A ostomia é resultante de um procedimento cirúrgico que altera a fisiologia e 
anatomia do sistema digestivo. Por isso é evidente o reconhecimento da associação 
entre o processo adaptativo da pessoa ostomizada e o modo fisiológico, a partir das 
alterações pós-cirúrgicas que afetam as necessidades básicas de integridade 
fisiológica e os processos complexos, como a dispneia, fadiga, insônia, diminuição do 
apetite, constipação, diarreia, dor, náuseas e vômitos e problemas relacionados a 
eliminações urinárias e intestinais. (MOLS et al., 2014; MAHJOUBI et al., 2012). 
Além desses problemas fisiológicos supracitados, os estomizados também 
podem vivenciar a necessidade de manejo de complicações relacionadas ao estoma. 
Irritação, escoriação, descolamento da pele, foliculite, infecções fungicas, maceração, 
sangramentos na área periostomal e pioderma gangrenoso são alguns exemplos de 
complicações que também podem gerar demandas adaptativas pelo desconforto 
causado por elas e pela necessidade de cuidados diferenciados (SCHREIBER, 2016). 
O modo autoconceito é um dos três modos que tratam dos aspectos 
psicossociais da pessoa. A necessidade básica desse modo é a integridade psíquica 
e subdivide-se em duas categorias: o Eu Físico, que possui como componentes a 
sensação corporal e a imagem corporal; e o Eu Pessoal, constituído pela 
27 
autoconsciência, o autoideal e o Eu moral-ético- espiritual (BRAGA; SILVA, 2011; 
ROY; ANDREWS, 2001). 
As pessoas com ostomias enfrentam, durante o processo adaptativo, 
problemas referentes ao modo autoconceito, especialmente o distúrbio na imagem 
corporal, evidenciado em diversos estudos nacionais e internacionais, o qual está 
diretamente relacionado à qualidade de vida (QV) da pessoa ostomizada, visto que é 
um dos elementos que a afetam de maneira mais notória (GRANT et al., 2011; 
CALCAGNO et al., 2012; MAHJOUBI et al., 2012; MOLS et al., 2014). 
Acerca da QV do estomizado, estudos demonstram 40 fatores que a afetam, 
os quais estão distribuídos nos domínios sociodemográfico, clínico, físico, psicológico 
e social. Dentre eles, demonstrou-se que os mais afetados foram idade, renda, sexo, 
mudança na aparênciafísica e na função sexual (ANDRADE et al, 2016). 
A dificuldade em olhar para a estomia, o isolamento social, a revolta que é 
relatada mais em jovens do que em pessoas mais velhas após a construção da 
estomia, as alterações do padrão sexual causada pelo constrangimento, 
especialmente em mulheres, demonstram claramente a dificuldade em aceitar a 
estomia enquanto parte de si e, consequentemente culmina em problemas 
relacionados à autoestima e autoaceitação que podem ser vislumbradas à luz do Eu 
Físico e o Eu Pessoal descritos no modo autoconceito do MAR. (KENDERIAN; 
STEPHENS; JATOI, 2013). 
Sobre o modo função na vida real, ou função de papel, o Modelo aborda os 
papéis que a pessoa ocupa na sociedade. A necessidade básica desse modo é a 
integridade social. Sendo assim, é possível identificar a relação das pessoas com 
ostomia e esse modo pelas mudanças de papéis ocorridas durante o processo 
adaptativo. (ROY, 2001) 
Alguns exemplos disso são o distanciamento do papel de esposa ou marido, 
no quesito sexual, ocasionado por alterações fisiológicas no sistema reprodutor e o 
distúrbio na imagem corporal. Outro caso é dificuldade de reinserção no trabalho após 
a realização da ostomia, evidenciando situações em que há a modificação da função 
exercida pela pessoa em determinados papéis organizados na sociedade (COELHO; 
SANTOS; POGGETO, 2013; MAHJOUBI et al., 2012; REESE et al., 2014). 
Uma demanda adaptativa presente no modo função de papel diz respeito ao 
impacto dos custos relacionados à estomia. Esse consumo financeiro pode ser até 
cinco vezes maior quando comparado cuidados básicos sem complicações e com 
28 
complicações. Tal cenário reflete diretamente questões sobre conhecimento quanto 
aos cuidados necessários, acesso aos serviços de saúde, prevenção de complicações 
e, no caso da ocorrência destas, redução da aceitação que se reflete na maior 
necessidade de cuidados especializados e onerosos, culminando em mais um 
problema adaptativo (MEISNER et al, 2012). 
Por fim, o modo de interdependência centra-se nas relações interpessoais, ou 
seja, nas interações relacionadas com dar e receber amor, respeito e valor através 
das relações com os outros significativos e sistemas de apoio. A necessidade básica 
desse modo é a adequação afetiva, que está associada com o sentimento de 
segurança em alimentar relações (ROY; ANDREWS, 2001; ROY, 2011). 
Sabe-se que os sistemas de apoio são todas as pessoas, grupos ou animais 
que contribuem para a satisfação das necessidades de interdependência da pessoa, 
alguns estudos demonstram a importância de alguns desses sistemas para as 
pessoas com ostomias, como o cônjuge, os grupos de apoio e o profissional de 
enfermagem. O auxílio do companheiro representa um suporte fundamental no 
ajustamento psicossocial da pessoa ostomizada e tem impacto significativo na 
qualidade de vida dela. Os grupos de apoio, por meio de intervenções educativas, a 
troca de experiência e auxílio mútuo também promovem a adaptação psicossocial 
dessa população (ALTSCHULE et al., 2009; FERREIRA-UMPIÉRREZ; FORT-FORT, 
2014). 
Na visão do estomizado a relação enfermeiro-paciente é baseada em uma 
comunicação clara para esclarecimento das novas condutas a serem tomadas para o 
cuidado com a estomia, minimização das dúvidas e medos, inclusão dos familiares na 
prestação da assistência e ensino das técnicas necessárias. Acredita-se que tais 
expectativas, quando atingidas, causem um impacto positivo na fase de transição para 
essa nova vida (FERREIRA-UMPIÉRREZ; FORT-FORT, 2014). 
Além disso, o enfermeiro apresenta-se para o estomizado como um estímulo 
para a busca do autocuidado. Há relatos de pessoas com estomia que, durante a 
consulta de enfermagem, adquiriram conhecimentos e habilidades suficientes para a 
realização dos cuidados com estomia, os quais possibilitaram autonomia, segurança 
e reinserção em atividades sociais a partir do planejamento e execução prévia das 
precauções que devem ser tomadas para evitar situações constrangedoras (MOTA, 
2015). 
 
29 
3.3 VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS 
 
 As tecnologias da saúde podem ser compreendidas como uma concepção de 
um produto, processo, ou até mesmo como o próprio produto enquanto recursos 
relacionados à educação, gerência e assistência. Elas podem ser classificadas quanto 
à densidade tecnológica, sendo classificadas em leve, leve-dura e dura. Os 
instrumentos enquadram-se na tipologia de tecnologias duras e a construção deles 
pode ter propósitos que auxiliem o enfermeiro a sistematizar suas atividades nos três 
âmbitos da prática em saúde supracitados (SABINO et al, 2016; NIETSCHE et al, 
2005; MERHY, 2002). 
 O desenvolvimento e validação de um instrumento é uma tarefa complexa que, 
para conferir utilidade e capacidade de apresentar resultados, devem demonstrar 
boas propriedades psicométricas. Além disso, deve-se seguir uma metodologia 
adequada para que o novo instrumento seja apropriado e confiável (COLUCI; 
ALEXANDRE; MILANI, 2015). 
A validade é a capacidade de um instrumento medir com precisão o fenômeno 
ser estudado. Esse atributo do instrumento pode ser feita de várias maneiras que 
incluem validade de conteúdo, de constructo e de critério (COLUCI; ALEXANDRE; 
MILANI, 2015). 
A literatura apresenta sete etapas a serem seguidas no processo de validação 
de um instrumento, que seguem: estabelecimento da estrutura conceitual, definição 
dos objetivos do instrumento e da população envolvida, construção dos itens e das 
escalas de resposta, seleção e organização dos itens, estruturação do instrumento, 
validade de conteúdo, pré-teste e, por fim, a etapa de avaliação das propriedades 
psicométricas do instrumento (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015). 
A primeira etapa envolve a elaboração da estrutura conceitual, representada 
pelas definições constitutivas e operacionais, responsável por definir o contexto do 
instrumento e subsidiar a o desenvolvimento dos itens nos seus respectivos domínios. 
A segunda trata das definições dos objetivos e população-alvo do instrumento, as 
quais justificam a relevância da criação de um instrumento específico (COLUCI; 
ALEXANDRE; MILANI, 2015; PASQUALI, 2010). 
A terceira etapa, e as subsequentes, são contínuas e interdependentes, de 
modo que as definições operacionais devem ser a origem da elaboração dos itens do 
instrumento. Diversos são os recursos que podem ser empreendidos nessa etapa e 
30 
incluem busca na literatura, observação clínica, experiência profissional, relatos da 
população-alvo, dentre outros. Nessa fase também se deve determinar a técnica 
utilizada para a formulação de escala de resposta, que pode ser de estimativa direta, 
adjetiva, Likert, etc (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015; PASQUALI, 2010; 
MEDEIROS et al, 2015). 
Dando continuidade, a seleção, organização dos itens e estruturação do 
instrumento é baseada nos critérios que serão utilizados para esse fim. Pasquali 
(2010) em sua obra sobre instrumentação psicométrica elenca doze, em que alguns 
avaliam os itens de maneira individual e outros avaliam o instrumento como um todo 
abordando aspectos como o quantitativo adequado, proporção de itens de cunho 
negativo e positivo, dentre outros (PASQUALI, 2010; MEDEIROS et al, 2015). 
O procedimento de validade de conteúdo é passo subsequente no processo de 
validação de um instrumento. Esse momento da pesquisa deve ser realizado por um 
comitê de juízes especialistas na área do instrumento, podendo envolver 
procedimentos quantitativos e qualitativos nessa avaliação. Eles receberão instruções 
específicas em cada estágio sobre como avaliar cada item, o instrumento como um 
todo e o preenchimento do questionário que orienta a avaliação. Além disso, nessa 
fase devem ser feitas sugestões quanto à inclusão, remoção ou alteração dos itens. 
Quanto à análise dessa etapa deve-se proceder com a taxa de concordância do 
comitê, Índice de Validadede Conteúdo (IVC) e índice kappa. Alguns estudos também 
utilizam a técnica Delphi para obter consenso na opinião dos especialistas 
(PASQUALI, 2010; COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015). 
Essa pesquisa de validação da Escala do Nível de Adaptação do Estomizado 
chegou até esse ponto do processo, as demais fases deverão ser concretizadas para 
verificação da real validade desse instrumento. 
O pré-teste, também chamado de teste piloto, exprime a análise semântica dos 
itens e objetiva verificar se todos os itens são compreensíveis para os membros da 
população-alvo do instrumento. Recomenda-se uma amostra de 30 a 40 indivíduos, 
os quais completarão o questionário e em seguida serão entrevistados quanto ao 
entendimento dos itens e preenchimento das respostas (PASQUALI, 2010; 
MEDEIROS et al, 2015). 
Após a finalização dessa etapa, têm-se a validação de conteúdo do instrumento 
que corresponde ao polo teórico de Pasquali (2010). As fases subsequentes 
correspondem aos polos empíricos (experimentais) e analíticos que envolvem a 
31 
avaliação das propriedades psicométricas do instrumento (PASQUALI, 2010; 
COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015). 
O instrumento, enfim, é submetido à população alvo. De posse dos dados e 
das médias apresentadas nas escalas, a validade procede com testes estatísticos 
para avaliação das propriedades psicométricas através de diversos atributos, dentre 
eles a validade, confiabilidade, praticabilidade, sensibilidade, responsividade e 
interpretabilidade (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015; ALEXANDRE et al, 2013). 
 
32 
4 MÉTODO 
 
Trata-se de um estudo do tipo metodológico com abordagem quantitativa de 
tratamento e análise de dados. Esse tipo de estudo diz respeito às investigações dos 
métodos de obtenção, organização e análise dos dados, abrangendo as etapas de 
elaboração, validação e avaliação dos instrumentos e técnicas de pesquisa, tendo 
como objetivo a construção de um instrumento que seja confiável, preciso e utilizável 
para que possa ser aplicado por outros pesquisadores (POLIT; BECK, 2011). 
Essa pesquisa foi realizada em duas etapas: a primeira foi pautada na 
construção de um instrumento com base nas definições dos construtos, constitutivas 
e operacionais, a partir dos componentes do Modelo de Adaptação de Roy para 
pessoas estomizadas, bem como dos comportamentos evidenciados pelos 
estomizados. A segunda etapa consistiu na proposição da versão preliminar do 
instrumento aos juízes do estudo por meio de um instrumento de coleta de dados, um 
formulário estruturado que estava disponível online na página do Google docs. A 
figura 1 evidencia o fluxograma das etapas da pesquisa. 
Figura 1 - Fluxograma das duas etapas da construção e validação da escala. 
Natal, 2016 
 
33 
Para embasar a construção e validação do instrumento foi utilizada a Teoria da 
Psicometria, a qual se baseia em três polos: teórico, experimental e analítico. O polo 
teórico, cujo foco é a fundamentação prévia e validação do construto, conferindo-lhe 
qualidade teórica, é bastante relevante para a realização de pesquisas voltadas para 
a construção e validação de ferramentas (PASQUALI, 1997). Nesse sentido, para fins 
de validação de conteúdo, o presente estudo se deteve ao polo teórico. 
 
4.1 PRIMERA ETAPA: DEFINIÇÃO DOS CONSTRUTOS 
 
Nessa fase da pesquisa foi desenvolvida a definição dos constructos, ou seja, 
a conceituação clara e precisa dos fatores para os quais se quer construir o 
instrumento de medida (PASQUALI, 2010). 
 
4.1.1 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS 
 
A primeira fase da definição dos construtos é a definição constitutiva da 
adaptação da pessoa estomizada, que será realizada à luz dos conceitos do Modelo 
de Adaptação de Roy. Essa fase da pesquisa é basicamente elucidada por “um 
construto definido por meio de outros construtos”, em outras palavras, o construto é 
definido em termos de conceitos próprios da teoria em que ele se insere (PASQUALI, 
2010). 
 
4.1.2 DEFINIÇÕES OPERACIONAIS 
 
Por conseguinte, para complementar a definição dos construtos que compõem 
o instrumento para mensuração do nível de adaptação da pessoa estomizada, fez-se 
necessário desenvolver a definição operacional dos construtos, a qual ultrapassa a 
abstração teórica das definições constitutivas e as representa em um instrumento de 
medida concreto (PASQUALI, 2010). 
Uma definição do construto torna-se operacional quando são definidos em 
termos de operações concretas, ou seja, de comportamentos físicos por meio dos 
quais o construto se expressa (PASQUALI, 2010). Transpondo essa explicação para 
o objeto de estudo dessa pesquisa, as definições operacionais foram exprimidas pelos 
comportamentos e respostas adaptativas das pessoas estomizadas, as quais foram 
34 
reveladas nos seguintes aspectos objetivos do MAR: problemas adaptativos e os 
indicadores de adaptação positiva. 
A partir disso, as definições operacionais foram elaboradas com base em duas 
revisões integrativas da literatura e dos relatos das pessoas estomizadas, obtidos na 
fase qualitativa dessa pesquisa. 
 
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA 
 
Problemas adaptativos das pessoas estomizadas segundo o Modelo de 
Adaptação de Roy 
 
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, na qual foram executados os 
seguintes passos metodológicos: identificação da questão de pesquisa e objetivo do 
estudo, busca da literatura, avaliação dos dados, análise dos dados e apresentação. 
Essa revisão incluiu artigos indexados nas bases de dados LILACS (Latin 
American Literature in Health Sciences), MEDLINE (Medical Literature Analysis and 
Retrieval System Online), CINAHL (Cumulative Index to Nursing & Allied Health 
Literature), PUBMED e Web of Science. 
A busca foi realizada entre os meses de novembro e dezembro de 2015, sendo 
guiada pela seguinte questão norteadora: “Quais os problemas adaptativos do Modelo 
de Adaptação de Roy em pessoas estomizadas são identificados na literatura?”. Na 
bases de dados LILACS e MEDLINE, vinculadas à Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) 
foi realizada a busca com o seguinte cruzamento, utilizando Descritores em Ciências 
da Saúde (DeCS): “ESTOMIA” AND (“ADAPTAÇÃO” OR “AJUSTAMENTO SOCIAL” 
OR “ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA” OR “TRANSTORNOS DE ADAPTAÇÃO”) 
representado na figura 1 com o símbolo “#1”. Já nas demais bases, a busca foi 
realizada com o seguinte cruzamento, utilizando os descritores identificados no 
MeshTerms: “OSTOMY” AND (“ADAPTATION, PSYCHOLOGICAL” OR “SOCIAL 
ADJUSTMENT” OR “ADJUSTMENT DISORDERS”) representado na figura 1 como 
“#2”. 
Foram incluídos artigos originais que trouxessem pelo menos um problema 
adaptativo evidenciado no Modelo de Adaptação de Roy, e que estivessem 
disponíveis na íntegra nas bases de dados. Os critérios de exclusão desse estudo 
foram: artigos de revisão, teses, dissertações e editoriais. 
35 
Foram identificados 125 artigos nas bases, desses foram selecionados 23 para 
compor a amostra final do estudo. A figura 1 apresenta os detalhes quantitativos das 
etapas de coleta de dados. 
Figura 2 – Distribuição quantitativa das etapas da coleta de dados. 
 
#1: “ESTOMIA” AND (“ADAPTAÇÃO” OR “AJUSTAMENTO SOCIAL” OR 
“ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA” OR “TRANSTORNOS DE ADAPTAÇÃO”) 
#2: “OSTOMY” AND (“ADAPTATION, PSYCHOLOGICAL” OR “SOCIAL 
ADJUSTMENT” OR “ADJUSTMENT DISORDERS”) 
Fonte: Elaborada pelo autor 
 
Os dados foram analisados utilizando o Modelo de Adaptação de Roy, bem 
como a lista de problemas adaptativos contida nesse referencial, a fim de direcionar 
a identificação e distribuição dessas dificuldades nos quatro modos adaptativos 
(fisiológico, autoconceito, função na vida real e interdependência). 
 
Indicadores de adaptação positiva das pessoas estomizadas segundo o Modelo 
de Adaptação de Roy 
 
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que incluiu artigos indexados 
nas bases de dados LILACS (Latin American Literature in HealthSciences), MEDLINE 
(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), CINAHL (Cumulative Index 
to Nursing & Allied Health Literature), Web of Science e SCOPUS. 
36 
A busca foi realizada entre os meses de maio e junho de 2016, sendo guiada 
pela seguinte questão norteadora: “Quais os indicadores de adaptação positiva do 
Modelo de Adaptação de Roy em pessoas estomizadas são identificados na 
literatura?”. Na bases de dados LILACS e MEDLINE, vinculadas à Biblioteca Virtual 
em Saúde (BVS) foi realizada a busca com o seguinte cruzamento, utilizando 
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): ESTOMIA AND “ADAPTAÇÃO 
PSICOLÓGICA”) representado na figura 1 com o símbolo “#1”. Já nas demais bases, 
a busca foi realizada com o seguinte cruzamento, utilizando os descritores 
identificados no MeshTerms: OSTOMY AND “ADAPTATION, PSYCHOLOGICAL” 
representado na figura 1 como “#2”. 
Foram incluídos artigos originais que trouxessem pelo menos um indicador de 
adaptação positiva evidenciado no Modelo de Adaptação de Roy, ou outro elemento 
que se enquadrasse nessa definição do modelo de enfermagem. Além disso, os 
artigos deveriam estar disponíveis na íntegra nas bases de dados. Os critérios de 
exclusão desse estudo foram: artigos de revisão, teses, dissertações e editoriais. 
Foram identificados 226 artigos nas bases, desses foram selecionados 19 para 
compor a amostra final do estudo. A figura 2 apresenta os detalhes quantitativos das 
etapas de coleta de dados. 
 
Figura 3 – Distribuição quantitativa das etapas da coleta de dados 
 
#1: ESTOMIA AND “ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA” 
#2: OSTOMY AND “ADAPTATION, PSYCHOLOGICAL” 
37 
Fonte: Elaborada pelo autor 
 
Os dados foram analisados utilizando o Modelo de Adaptação de Roy, a partir 
da lista de indicadores de adaptação positiva descrita no modelo, além disso, a própria 
definição de indicador de adaptação positiva serviu como parâmetro para identificação 
de outros indicadores que se apresentassem para as pessoas com estomia. 
 
Comportamentos adaptativos de pessoas com estomia intestinal 
 
A etapa qualitativa foi realizada para subsidiar a construção dos itens a partir 
dos problemas e indicadores de adaptação positiva que emergiram das falas dos 
estomizados. Os comportamentos deles forneceram informações complementares à 
literatura e, além disso, concede ao instrumento características sobre o processo 
adaptativo vislumbrado na realidade brasileira, especificamente a do Rio Grande do 
Norte. 
Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa, que teve como 
objetivo identificar os problemas adaptativos e indicadores de adaptação positiva do 
MAR, nos discursos das pessoas estomizadas. 
Foi realizado no Centro Especializado em Reabilitação e Habilitação do Rio 
Grande do Norte (CERHRN), local referência na rede de atenção às pessoas 
estomizadas para o atendimento multiprofissional às necessidades de saúde, bem 
como distribuição de bolsas coletoras. 
Os critérios de inclusão foram: estar cadastrado na Associação de Estomizados 
do Rio Grande do Norte, ter idade maior que 18 anos, possuir estomia intestinal há 
mais de três meses e apresentar bom estado de saúde. 
Os dados foram coletados entre os dias 1 e 15 de julho por meio de entrevistas 
semiestruturadas com as seguintes questões norteadoras sobre os quatro modos 
adaptativos (fisiológico, autoconceito, função de papel e interdependência): “Quais 
mudanças você percebe em seu corpo e seu organismo após a estomia?”, “Como 
você se vê e se sente após a estomia?”, “Depois da confecção do estoma, seu papel 
no trabalho, na família e na sociedade como um todo, mudou? Como é sua rotina no 
dia-dia?”, “Depois da estomia, mudou alguma coisa no seu relacionamento com as 
pessoas?”. As entrevistas individuais foram realizadas no auditório, um espaço 
38 
reservado, do CERHRN, tendo sido gravadas e transcritas. Todos os participantes 
assinaram o TCLE referente a essa pesquisa. (APÊNDICE A) 
Os dados foram analisados a partir da frequência absoluta e relativa dos relatos 
referentes aos problemas adaptativos e indicadores de adaptação positiva do Modelo 
de Adaptação de Roy, bem como os novos que emergiram das falas. 
 
4.2 SEGUNDA ETAPA: VALIDAÇÃO DO CONTEÚDO 
 
O instrumento preliminar foi submetido aos juízes nessa etapa que forneceu a 
validação do conteúdo. O formulário submetido foi construído na plataforma do google 
docs e continha informações referentes às informações profissionais e de 
conhecimento sobre o objeto de estudo. Os questionamentos subsequentes tratavam 
dos critérios de avaliação dos itens de maneira individual e inserção deles nos seus 
respectivos domínios. (APÊNDICE B) 
O local de estudo da segunda etapa foi a plataforma Lattes do Conselho 
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 
(www.buscatextual.cnpq.br) utilizando-se da busca avançada por assunto a fim de 
identificar profissionais de saúde do Brasil para participar da pesquisa como juízes na 
etapa de validação do instrumento. 
Além dessa estratégia, foi utilizada a análise do currículo dos autores dos 
artigos que compõem as revisões de literatura, e, também, a técnica snowball para 
seleção dos juízes. Em seguida, via online, o formulário de avaliação foi submetido 
aos juízes. (APÊNDICE B) 
Os juízes dessa pesquisa foram selecionados por intencionalidade e foram 
selecionados via autoria de artigos, plataforma Lattes e técnica snowball ou da “Bola 
de neve” em que a amostragem pode ser ampliada com cadeias de referências ou 
cadeias de informantes. 
Foram utilizados os critérios de Fehring para apoiar a inclusão ou exclusão dos 
juízes na pesquisa, foram incluídos os que atingirem pontuação mínima de 6 pontos 
nos quesitos pré-estabelecidos pelo autor. (MELO et al, 2011) 
A busca na plataforma Lattes foi feita utilizando o termo “Estomia” e “Ostomia”. 
Desse modo, após a aplicação dos critérios de Fehring, obteve-se um quantitativo de 
83 juízes. Todos os juízes identificados nos artigos sobre a temática já haviam sido 
39 
listados na plataforma. E, quanto à técnica snowball, não houve indicações de outros 
juízes pelos participantes. 
O formulário foi enviado via e-mail e pela ferramenta de contato da plataforma. 
Dos contatos via e-mail, 35 não eram mais válidos, entretanto, todos os juízes 
receberam contato via Lattes, que foi confirmado pela própria plataforma. Os 
formulários foram enviados a partir do dia 26 de setembro de 2016, e as tentativas 
subsequentes ocorreram em todas as segundas-feiras até o dia 31 de outubro de 
2016. Dos 83 juízes previamente selecionados, nove responderam nesse intervalo de 
tempo. 
Quanto ao processo de validação, para verificação no nível de concordância e 
nível de consistência (fidedignidade) dos juízes em relação à permanência ou não dos 
itens que compõem os instrumentos foi utilizado o Índice de Validade de Conteúdo 
(IVC). 
O IVC avalia a concordância dos juízes quanto à representatividade da medida 
em relação ao conteúdo abordado. Ele é calculado dividindo-se o número de juízes 
que julgaram o item com escore de extrema relevância ou relevante pelo total de juízes 
(IVC para cada item separadamente), resultando na proporção de juízes que julgaram 
o item válido (RUBIO et al., 2003). 
Os juízes avaliaram cada item segundo os critérios comportamental, 
objetividade, simplicidade, clareza, relevância, variedade em relação à linguagem e 
em relação às escalas preferenciais. Os critérios receberam valores numéricos: (1) 
Não Representativo; (2) Item necessita de grande revisão para ser representativo; (3) 
Item necessita de pequena revisão para ser representativo; (4) Representativo 
(PASQUALI, 2010). O escore do índice foi calculado por meio da soma de 
concordância dos itens que foram marcados por “3” ou “4” pelos especialistas 
(considerados como relevantes) divididos pelo número total de respostas 
(ALEXANDRE; COLUCI,2011; POLIT, BECK, 2006). 
Em cada dimensão deixou-se espaço para que os juízes indicassem revisões 
necessárias nos itens; itens necessários, porém ausentes na dimensão; itens 
desnecessários no instrumento e comentários ou sugestões quanto à avaliação dos 
itens na dimensão (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; POLIT, BECK, 2006). Realizou-se 
concomitantemente a validade aparente sobre a apresentação do conteúdo, a clareza 
e facilidade na leitura de cada item. 
Os dados coletados foram organizados em uma planilha de dados eletrônica e, 
40 
posteriormente, foram analisados pelos cálculos do IVC programados no Microsoft 
Excel versão 2010. Após serem codificados e tabulados, passaram pela análise 
através de leitura reflexiva, estatística descritiva com frequências absolutas e 
relativas. Após a codificação e análise, os dados foram apresentados na forma de 
tabelas e quadros, integrando o tópico dos resultados que compõem essa pesquisa. 
 
4.3 ASPECTOS ÉTICOS 
 
De acordo com a Resolução 466 /12 (BRASIL, 2012), projetos de pesquisa 
envolvendo seres humanos devem ser apreciados, em seus aspectos éticos, por 
Comissões de Ética em Pesquisa. Sendo assim, o projeto desta pesquisa foi 
apreciado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, parecer de número 421.342, CAAE de número 
19866413.3.0000.5537. (ANEXO A) 
Os juízes da pesquisa foram esclarecidos quanto aos objetivos e importância 
deste estudo e, aos que concordarem em participar, foi considerado como documento 
de consentimento livre e esclarecido (TCLE) a concordância em participar da 
pesquisa, que foi selecionada antes de ter acesso ao instrumento via e-mail particular. 
(APÊNDICE B) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
5 RESULTADOS 
 
Os resultados desse estudo serão apresentados na mesma ordem exibida nos 
objetivos. Inicialmente serão expostas as definições constitutivas e, por conseguinte, 
as definições operacionais derivadas da literatura e dos comportamentos exibidos 
pelas pessoas estomizadas entrevistadas na etapa qualitativa. 
 
5.1 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS 
 
O quadro 1 apresenta as definições constitutivas da adaptação da pessoa 
estomizada, elaboradas a partir da literatura, fundada nos conceitos que compõem o 
MAR. 
 
Quadro 1 – Definição constitutiva da adaptação da pessoa estomizada à luz do MAR. 
DEFINIÇÕES DO MODELO DE 
ADAPTAÇÃO DE ROY (ROY, 2001) 
DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS 
ESTÍMULO ESTÍMULOS DA PESSOA ESTOMIZADA 
Elemento que provoca a resposta 
adaptativa, pode ser interno ou externo, 
e incluem todas as condições, 
circunstâncias e influências em volta da 
pessoa, ou que afeta o desenvolvimento 
ou comportamento desta. 
 
Elementos, condições ou circunstâncias que 
interagem com as pessoas estomizadas e 
provocam respostas adaptativas, inclui a 
construção da estomia, necessidades de 
adequação alimentar e de vestimentas, o 
distúrbio na imagem corporal, dentre outros. 
(MOTA, 2016) 
ESTÍMULO FOCAL 
ESTIMULO FOCAL DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Constitui o maior grau de mudança que 
perturba a pessoa, a qual é confrontada 
diretamente e, portanto, é o estímulo 
mais importante. 
Construção da estomia. (MOTA, 2016) 
ESTIMULO CONTEXTUAL 
ESTIMULO CONTEXTUAL DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Elementos que podem ser identificados 
como fatores, internos ou externos, que 
influenciam, positiva ou negativamente, 
o estímulo focal. 
Redução da interação social, limitações para 
viajar, vergonha da estomia, mudanças no 
padrão de vestimentas, constrangimentos 
causados pelo descontrole na eliminação de 
gases, dificuldade em olhar para a estomia, 
interferência da estomia nas atividades 
laborais, sentimentos de aceitação, razões e 
prazer em viver, otimismo, satisfação com a 
imagem corporal, melhoria do bem-estar, 
suporte social e religioso e alterações na 
função sexual. (SOUSA, 2015) 
PESSOA PESSOA ESTOMIZADA 
42 
Receptora do cuidado de Enfermagem, 
sendo considerada um sistema 
adaptativo holístico. (ROY, 2001) 
Pessoa que será submetida ao procedimento 
cirúrgico de construção de uma estomia. 
(BARTLE, 2013) 
SISTEMA ADAPTATIVO 
SISTEMA ADAPTATIVO DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Troca de informações, matéria e energia 
entre as pessoas e o ambiente. 
Interação constante entre a pessoa 
estomizada, o ambiente e as demais pessoas 
e sistemas de apoio envolvidos no processo 
adaptativo desta. (SIMON etal, 2015) 
AMBIENTE AMBIENTE DA PESSOA ESTOMIZADA 
Conjunto de estímulos que interagem 
com a pessoa. 
Estimulos focais e contextuais que se 
relacionam e provocam respostas nas 
pessoas estomizadas. 
ENFERMAGEM 
ENFERMAGEM PARA PESSOAS 
ESTOMIZADAS 
Promoção da adaptação nos quatro 
modos adaptativos. 
Promoção da adaptação da pessoa 
estomizada em relação aos aspectos 
fisiológicos, autoconceito, funções sociais e 
interdependência. (MOTA, 2016; SOUZA, 
2015) 
SAÚDE SAÚDE DA PESSOA ESTOMIZADA 
Estado e processo de ser e tornar-se 
uma pessoa integrada e total. 
Retrata a integridade fisiológica, psíquica e 
social da pessoa estomizada. (MOTA, 2016; 
MELO et al, 2015; SUN, 2014; SIMMONS, 
2007) 
SISTEMA ADAPTATIVO 
SISTEMA ADAPTATIVO DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Trata da constante interação da pessoa 
com o ambiente, incluindo as trocas de 
informações, matéria e energia. 
Interação das pessoas estomizadas com o 
ambiente, integrando as trocas e respostas 
que envolvem os estímulos adaptativos. 
(SIMON, 2015; SUN; 2014; OLIVEIRA et al, 
2014; BARROS et al, 2014) 
COMPORTAMENTOS DAS PESSOAS 
COMPORTAMENTO DAS PESSOAS 
ESTOMIZADAS 
Enquanto sistema, a pessoa exibe as 
saídas, ou seja, as respostas 
adaptativas, as quais promovem a 
integridade da pessoa, que é 
demonstrada, comportamentalmente, 
quando ela é capaz de preencher as 
metas em termos de sobrevivência, 
crescimento, reprodução e domínio. 
Aborda as respostas adaptativas da pessoa 
estomizada que promovem a integridade da 
pessoa, evidenciada pelos comportamentos 
positivos ou negativos, que demonstram a 
capacidade ou não de preencher as metas de 
adaptação efetiva à estomia. (SALLES, 2014; 
MOTA, 2015; UMPIÉRREZ, 2013) 
MODOS ADAPTATIVOS 
MODOS ADAPTATIVOS DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Apresentam as respostas produzidas 
que são observáveis. 
Apresentam as respostas adaptativas 
observáveis das pessoas estomizadas no 
âmbito fisiológico, psicológico, social e 
afetivo. (SALLES, 2014; MOTA, 2015; 
UMPIÉRREZ, 2013) 
43 
MODO FISIOLÓGICO 
MODO FISIOLÓGICO PARA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Forma como a pessoa responde 
fisicamente aos estímulos provenientes 
do ambiente. 
Representa as respostas fisiológicas que a 
pessoa exibe após a construção da estomia. 
(COELHO, 2013) 
MODO AUTOCONCEITO 
MODO AUTOCONCEITO PARA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Trata dos aspectos sociais e 
psicológicos da pessoa. 
Trata dos aspectos sociais e psicológicos da 
pessoa estomizada que incluem o 
constrangimento, vergonha, isolamento 
social, dentre outros. (COELHO, 2013; 
SALOMÉ, 2014; MELO et al, 2015) 
MODO FUNÇÃO DE PAPEL 
MODO FUNÇÃO DE PAPEL DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Aborda os papéis que a pessoa ocupa 
na sociedade. 
Aborda os papéis que a pessoa estomizada 
ocupa na sociedade, como as atividades 
laborais exercidas e funções familiares. 
(MAURICIO, 2013; CARDOSO et al, 2015) 
MODO INTERDEPENDÊNCIA 
MODO INTERDEPENDÊNCIA DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Retrata as interações com dar e receber 
amor, respeito e valor através das 
relações com os outros significativos e 
sistemas de apoio. 
Versa sobre as inter-relações da pessoa 
estomizada com seus familiares, cônjuges, 
amigos e demais sistemas de apoio, como a 
enfermagem e os serviços de atenção à 
saúde da pessoa ostomizada (KARABULUT, 
2014; SIMON et al, 2015) 
NÍVEL DE ADAPTAÇÃO 
NÍVEL DE ADAPTAÇÃO DA PESSOA 
ESTOMIZADA 
Ponto de mudança que representa a 
capacidade da pessoa para responder 
positivamente numa situação. 
Significa o estágio adaptativo que a pessoa 
estomizada se encontra, demonstrando, a 
partir dos seus comportamentos,

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