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Instruções para a Prova de Seleção UFRN Reingresso 2008

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1 Identifique-se na parte inferior desta capa. Caso se identifique em qualquer outro local deste caderno, você será eliminado da Seleção. 
2 Este Caderno contém, respectivamente, a Prova de Redação e 20 questões de múltipla escolha. 
3 
Verifique se o Caderno está completo e sem imperfeições gráficas que 
possam dificultar a leitura. Detectado algum problema, comunique-o, 
imediatamente, ao Fiscal. 
4 Na Redação, você será avaliado exclusivamente por aquilo que escrever dentro do espaço destinado ao texto definitivo, não devendo, portanto, ultrapassá-lo. 
5 Escreva de modo legível. Dúvida gerada por grafia, sinal ou rasura implicará redução de pontos durante a correção. 
6 Cada questão de múltipla escolha apresenta apenas uma opção de resposta correta. 
7 Utilize qualquer espaço em branco deste Caderno para rascunhos e não destaque nenhuma folha. 
8 Para fazer rascunhos e preencher a Folha de Respostas, use exclusivamente a Caneta que o Fiscal lhe entregou. 
9 Você dispõe de, no máximo, três horas para redigir seu texto, responder às questões objetivas e preencher a Folha de Respostas. 
10 O preenchimento da Folha de Respostas é de sua inteira responsabilidade. 
11 Antes de retirar−se definitivamente da sala, devolva ao Fiscal este Caderno e a Folha de Respostas. 
 
 
 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DO CANDIDATO 
 
Nome completo (em letra de forma) Nº do CPF 
 
 
Nº da Turma Assinatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UFRN Reingresso 2008 1
 
Prova de Redação 
 
• Redija um artigo de opinião (em prosa, no registro padrão da língua portuguesa 
escrita, de forma coesa e coerente) em que você se posicione em relação ao tema 
seguinte: 
 
Conhecimento: via de acesso para o crescimento humano e profissional. 
• NÃO assine o artigo que você produzir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPAÇO DESTINADO À REDAÇÃO DEFINITIVA 
 UFRN Reingresso 2008 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÃO assine o artigo que você produzir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
UFRN Reingresso 2008 3
 
Prova de Literatura Brasileira 01 a 20 
 
01. Leia o fragmento textual a seguir, extraído da Carta de Pero Vaz de Caminha. 
 
E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os 
entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de 
fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza o Nosso Senhor que os traga, 
porque, certo, essa gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente 
neles qualquer cunho, que se lhes quiserem dar. E pois, Nosso Senhor, que lhes deu 
bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi 
sem causa. 
 
Esse fragmento 
A) prenuncia como os portugueses buscariam dominar os indígenas, ou seja, por meio da 
cristianização. 
B) diz respeito ao modo como os jesuítas avaliavam o potencial cristão dos indígenas da 
terra recém-descoberta. 
C) refere-se à necessidade de uma política religiosa orientada para a eliminação dos hábitos 
pecaminosos dos indígenas. 
D) reforça os ideais portugueses de dominação através da força física, atitude característica 
dos colonizadores. 
 
 
02. Em relação a Otávio Paz, José Miguel Wisnik escreveu, na introdução de Poemas escolhidos: 
 
Octavio Paz nos traz mais elementos para compreender esse jogo de oposições e 
de identidades como: uma briga de morte entre dois princípios ou forças rivais: 
esta vida e a outra, o mundo daqui e o mundo de mais além, o corpo e a alma. O 
corpo tenta a alma, quer queimá-la com paixão (...). Por sua vez, a alma castiga o 
corpo; castiga-o com o fogo porque quer reduzi-lo a cinzas. 
Dentre os seguintes trechos de sonetos de Gregório de Matos, retirados do livro Poemas 
escolhidos, o que melhor traduz as considerações acima é: 
 
A. Olhos meus (disse mais por defender-me) 
Se a beleza hei de ver para matar-me, 
Antes, olhos cegueis, do que eu perder-me. 
 
 
B. A cada canto um grande conselheiro, 
Que nos quer governar cabana e vinha: 
Não sabem governar sua cozinha 
E podem governar o mundo inteiro! 
 
 
C. Começa o mundo enfim pela ignorância, 
E tem qualquer dos bens por natureza 
A firmeza somente na inconstância. 
 
 
D. Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, 
Da vossa Alta Piedade me despido: 
Antes, quanto mais tenho delinqüido, 
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 
 
 
 
 UFRN Reingresso 2008 4
03. Leia o seguinte trecho da LIRA III (terceira parte) de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio 
Gonzaga. 
 
 
Tu não verás, Marília, cem cativos 
Tirarem o cascalho e a rica terra, 
Ou dos cercos dos rios caudalosos, 
 Ou da minada Serra. 
 
./... 
 
Não verás enrolar negros pacotes 
Das secas folhas do cheiroso fumo; 
Nem espremer entre as dentadas rodas 
 Da doce cana o sumo. 
 
 
 
Verás em cima da espaçosa mesa 
Altos volumes de enredados feitos; 
Ver-me-ás folhear os grandes livros, 
 E decidir os pleitos. 
 
Enquanto revolver os meus Consultos, 
Tu me farás gostosa companhia, 
Lendo os fastos da sábia, mestra história, 
 Os cantos da Poesia. 
 
Lerás, em alta voz, a imagem bela, 
Eu, vendo que lhe dás o justo apreço, 
Gostoso tornarei a ler de novo 
 O cansado processo. 
 
 
Nesse trecho, pode-se destacar 
A) a presença do ideal burguês que contaminou a poesia dos inconfidentes. 
B) a presença do contexto político de Minas Gerais do século XVIII. 
C) uma das tônicas do Arcadismo/Neoclassicismo: o “fugere urbem”. 
D) o bucolismo que caracterizou a produção lírica brasileira do século XVIII. 
 
 
04. Leia os dois fragmentos textuais abaixo. 
 
 Fragmento 1 Fragmento 2 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o sabiá. 
 
Hoje longe muitas léguas 
Numa triste solidão 
Espero a chuva cair de novo 
Pra eu voltar pro meu sertão. 
(“Canção do exílio”, de Gonçalves Dias) (“Asa branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) 
 
Comparando-se esses fragmentos, pode-se afirmar: 
A) No Fragmento 1, o desejo de retornar à terra natal está associado à imagem das 
palmeiras e do sabiá, a qual reforça a lembrança do eu-lírico. Já no Fragmento 2, o 
desejo de retornar tem como condição prévia a solução do problema da seca. 
B) No Fragmento 1, predomina a exaltação da natureza da terra natal, enquanto que, no 
Fragmento 2, a terra natal é mencionada apenas como um lugar que permite ao eu-lírico 
escapar da solidão. 
C) “Sem que desfrute os primores/Que não encontro por cá” (Fragmento 1) e “Hoje longe 
muitas léguas/Numa triste solidão” (Fragmento 2) dão a mesma ênfase ao caráter menor da 
paisagem com a qual, distanciado de casa, cada eu-lírico se relaciona. 
D) “Não permita Deus que eu morra/Sem que eu volte para lá” (Fragmento 1) e “Espero a 
chuva cair de novo/Pra eu voltar pro meu sertão” (Fragmento 2) traduzem a necessidade da 
intervenção do divino para que o retorno a terra possa ocorrer. 
 
 
 
 
 
UFRN Reingresso 2008 5
05. Leia as duas estrofes abaixo de autoria, respectivamente, de Casimiro de Abreu e de Castro 
Alves. 
 
 
Como te enganas! meu amor é chama 
Que se alimenta no voraz segredo, 
E se te fujo é que te adoro louco ... 
És bela-eu moço; tens amor-eu 
medo!... 
 
 
 Meu coração desmaia pensativo, 
Cismando em tua rosa predileta. 
Sou teu pálido amante vaporoso, 
Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!... 
Sonho-te às vezes virgem... seminua... 
Roubo-te um casto beijo à luz da lua... 
 — E tu és Julieta... 
(“Amor e medo”, de Casimiro de Abreu) (“Os três amores”, de Castro Alves) 
 
Com base nessas estrofes, pode-se estabelecer a seguinte comparação entre as gerações 
ultra-romântica e condoreira:A) A geração ultra-romântica privilegiou a imagem da musa intocável, virginal; já na fase 
condoreira, mais próxima da perspectiva realista, a imagem da mulher ganhou contornos 
mais carnais, e o sexo deixou de ser tão associado ao pecado. 
B) A geração ultra-romântica privilegiou o “medo” como um modo de evitar as relações 
amorosas, consideradas pecaminosas. Já a geração condoreira tratou o amor e o sexo de 
forma satírica, evitando, assim, a idéia do pecado e da punição. 
C) O ultra-romantismo deu tratamento infantil às relações amorosas, porque os poetas dessa 
geração eram muito jovens e inexperientes. Já os poetas condoreiros, mais velhos, 
exploraram, com maturidade, a temática do amor e sexo. 
D) A geração ultra-romântica associou o amor à virgindade, cabendo ao homem, nos jogos 
amorosos, a preocupação com a inocência da amada. Já na condoreira, o amor e o sexo 
eram traduzidos livremente na poesia. 
 
 
06. Os dois trechos abaixo, reproduzidos do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, 
servirão de base para se responder a esta questão. 
 
  Você jura? 
  Juro! Deixe ver os olhos, Capitu. 
 Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e 
dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se 
podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se 
nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. 
 
Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não 
sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga 
que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras 
partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão 
depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, 
ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. 
 
A opção em que se analisam corretamente os trechos reproduzidos é: 
A) “Olhos de ressaca” é uma expressão que, repetida em dois capítulos diferentes do romance, 
prenuncia e confirma o conflito principal do romance, gerado pelos olhos de Capitu. 
B) Bentinho sempre compreendeu que os olhos de Capitu, seus doces conhecidos, eram a forma 
mais imediata de domínio daquele sobre esta. 
C) A passividade de Capitu, ao ser contemplada, mostra a coerência entre o caráter da 
personagem e a principal característica de seu olhar: a doçura. 
D) Pode-se afirmar que os olhos de Capitu, colocados sob suspeita por José Dias e depois pelo 
próprio Bentinho, falarão por ela, absolvendo-a de tais suspeitas. 
 
 UFRN Reingresso 2008 6
07. Leia o poema a seguir, de Manuel Bandeira. 
 
Poema do beco 
 
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? 
 O que eu vejo é o beco. 
 
O poema dá expressão à seguinte característica da poesia madura de Manuel Bandeira: 
A) a capacidade de explorar, liricamente, a proximidade e o limite do “menor”. 
B) a recuperação dos efeitos musicais da poesia simbolista. 
C) o hábito de cantar a beleza e a efemeridade da vida. 
D) o valor atribuído a tudo o que é transitório. 
 
 
08. Leia o seguinte poema de Oswald de Andrade. 
 
Poema Oval 
Eu gosto de ovos 
De balas de ovos 
E de ovos duros 
Com linguiça alemã 
E boa cerveja 
Eu gosto de ovos mexidos 
Poached & scrambled 
Com bacon & toast 
Em Londres 
E chá da China 
Mas gosto mais 
 Lá isso gosto! 
De tomar ovos quentes 
Co’a Serafina 
 
Os versos acima revelam 
A) a “antropofagia” que caracterizou a primeira geração modernista. 
B) a preocupação do poeta com o atraso econômico e social do país. 
C) o tema lírico-sentimental que caracterizou a poética oswaldiana. 
D) o valor dado pelo poeta ao domínio de um idioma estrangeiro. 
 
 
09. No fragmento textual que segue, os elementos destacados referem-se diretamente à tragédia 
grega e ao mito de Orfeu, dos quais Vinícius de Moraes se serviu para compor o seu Orfeu 
da Conceição. 
 
O morro, a cavaleiro da cidade, cujas luzes brilham ao longe. Platô de terra com 
casario ao fundo, junto ao barranco, defendido, à esquerda, por pequena amurada de 
pedra, em semicírculo, da qual desce um lance de degraus. Noite de lua, estática, 
perfeita. No barraco de Orfeu, ao centro, bruxuleiam lamparinas. Ao levantar o pano, 
a cena é deserta. Depois de prolongado silêncio, começa-se a ouvir, distante, o som 
de um violão plangendo uma valsa que pouco a pouco se aproxima, num tocar divino, 
simples e direto como uma fala de amor. Surge o Corifeu. 
 
A relação de intertextualidade estabelecida entre a obra clássica e sua releitura mostra que o 
texto clássico resiste ao tempo, por tratar de situações que 
A) podem ser vividas por qualquer ser humano. 
B) alimentam o espírito fantasioso das pessoas. 
C) servem para aconselhar os que se desencaminham. 
D) divertem devido ao absurdo de sua configuração. 
UFRN Reingresso 2008 7
 
Com base no fragmento textual abaixo, de A hora da estrela, de Clarice Lispector, responda às 
questões 10, 11 e 12. 
Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar 
as palavras que vos sustentam. A história – determino com falso livre arbítrio – 
vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. 
Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar 
modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os meus 
hábitos uma história com começo, meio e “gran finale” seguido de silêncio e 
chuva caindo. 
 
10. O fato de Clarice Lispector inventar Rodrigo para contar a história de que trata A hora da 
estrela mostra que o narrador, diferentemente do autor, tem um caráter 
A) ficcional. C) falacioso. 
B) alegórico. D) ilusório. 
 
 
11. Ao afirmar que não pretende escrever nada “modernoso”, preferindo um “relato antigo”, o 
narrador refere-se ao 
A) estilo que pretende adotar. 
B) tempo no qual situará a narrativa. 
C) tipo de personagens que pretende criar. 
D) espaço antiquado no qual situará as ações. 
 
 
12. Uma história com “começo, meio e gran finale”, conforme o narrador pretende contar, é uma 
história 
A) cujo enredo é bem definido. 
B) em que predomina o discurso indireto livre. 
C) que traz acontecimentos desconexos. 
D) cujas ações cedem espaço às impressões. 
 
 
13. Leia o poema abaixo, de Carlos Drummond de Andrade 
 
Cidadezinha Qualquer 
Casas entre bananeiras 
Mulheres entre laranjeiras 
Pomar amor cantar. 
 
Um homem vai devagar. 
Um cachorro vai devagar. 
Um burro vai devagar. 
 
Devagar... as janelas olham. 
Eta vida besta, meu Deus 
 
No poema, é característica da estética modernista: 
A) a utilização da linguagem popular e coloquial. 
B) o uso da metalinguagem para refletir sobre as novas concepções de poesia. 
C) a exploração do imprevisível, do inesperado. 
D) o uso de recursos oriundos da vanguarda conhecida como “surrealismo”. 
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14. Leia o fragmento textual abaixo, de Guimarães Rosa. 
 
Nome e homem. Nome muito embaraçado: Yao Tsing-Lao – facilitado para 
Joaquim. Quim, pois. Sábio como o sal no saleiro, bem inclinado. Polvilhava de 
mais alma as maneiras, sem pressa, com velocidade. Sabia pensar de-banda? 
Dele a gente gostava. O chinês tem outro modo de ter cara. 
 
A atribuição do nome “Joaquim” ao personagem chinês justifica-se pela 
A) semelhança fonética entre “Yao Tsing” e “Joaquim”. 
B) aparência do chinês, que “tem outro modo de ter cara”. 
C) maneira paradoxal de Quim, “sem pressa, com velocidade”. 
D) sabedoria que o chinês demonstrava a partir de coisas simples. 
 
 
15. Leia a indicação seguinte , retirada de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues. 
 
(Cenário dividido em três planos – primeiro plano: alucinação; segundo plano: 
memória; terceiro plano: realidade. Quatro arcos no plano da memória; duas 
escadas laterais. Trevas.) 
 
Essa indicaçãodo autor aponta para uma das características mais revolucionárias da peça: 
A) a apresentação das ações em três planos distintos e simultâneos. 
B) a valorização da alucinação no desenrolar da ação da peça. 
C) o ofuscamento da memória, guardada pelos arcos que sustentam seu plano. 
D) o tratamento realista das situações trazidas ao palco. 
 
 
 
16. Em “Sampa”, Caetano Veloso diz: “da feia fumaça que sobe apagando as estrelas, eu vejo 
surgir seus poetas de campos e espaços...”. 
Tal referência se relaciona a um grupo do qual participavam Décio Pignatari e os irmãos 
Haroldo e Augusto de Campos. Era proposta desse grupo usar todos os recursos de que a 
palavra dispõe, com os termos adquirindo validade não só pelo significado como também 
pelos aspectos visuais. 
Tal tendência é conhecida como 
A) Poesia Concreta. 
B) Poesia Futurista. 
C) Poesia Práxis. 
D) Poema Processo. 
 
 
Para responder às questões 17, 18, 19 e 20, baseie-se no fragmento textual abaixo, de 
Luís Fernando Veríssimo. 
 
Três náufragos cegos: Homero, Joyce e Borges, à deriva num mar de palavras. 
Seu navio bateu numa metáfora – a ponta de um iceberg e foi ao fundo. Seu 
bote salva-vidas é levado por uma corrente literária para longe das rotas mais 
navegadas, eles só serão encontrados se críticos e exegetas da guarda-
costeira, que patrulham o mar, os descobrirem na vastidão azul das línguas e 
os resgatarem de helicóptero. E, mesmo assim, se debaterão contra o 
salvamento. São cegos difíceis. 
 
17. O autor utiliza uma metáfora (“a ponta de um iceberg”) para falar do próprio conceito de 
metáfora. Esse é um procedimento 
A) metalingüístico. C) referencial. 
B) apelativo. D) emotivo. 
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18. A imagem “levado por uma corrente literária para longe das rotas mais navegadas” atribui aos 
autores citados por Veríssimo um caráter de 
A) originalidade. 
B) inexatidão. 
C) revolta. 
D) irreverência. 
 
 
19. Ao afirmar que os “náufragos” poderão ser encontrados por “críticos e exegetas” e que, 
mesmo assim, eles “se debaterão contra o salvamento”, Veríssimo faz alusão à 
A) impossibilidade de se dar uma interpretação definitiva à obra desses autores. 
B) dificuldade de quem não tem formação universitária para ler esses autores. 
C) falta de aceitação desses autores, na atualidade, pelos leitores comuns. 
D) imprecisão com que foram escritas as obras desses autores. 
 
 
20. A associação dos críticos e exegetas à “guarda costeira” e ao ato de “patrulhar” remete à 
imagem irônica dos críticos como 
A) detentores do conhecimento definitivo sobre a obra literária. 
B) profissionais especializados para orientar e auxiliar os leitores. 
C) defensores do público leitor contra obras de má qualidade. 
D) leitores especiais que pregam uma abordagem múltipla das obras.

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