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DANIEL JÁDSON NORONHA LIMA A MANUTENÇÃO NA CONSERVAÇÃO DO BOM DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES AO LONGO DE SUA VIDA ÚTIL NATAL-RN 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Daniel Jádson Noronha Lima A manutenção na conversão do bom desempenho das edificações ao longo de sua vida útil. Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Profa. Dra. Jaquelígia Brito da Silva Natal-RN 2016 Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência Lima, Daniel Jádson Noronha. A manutenção na conservação do bom desempenho das edificações ao longo de sua vida útil / Daniel Jádson Noronha Lima. - 2016. 115 f. : il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016. Orientadora: Profª. Drª. Jaquelígia Brito da Silva. 1. Manutenção predial - Monografia. 2. Inspeção predial - Monografia. 3. Desempenho predial - Monografia. 4. Valorização imobiliária – Monografia. I. Silva, Jaquelígia Brito da. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 69.059 Daniel Jádson Noronha Lima A manutenção na conservação do bom desempenho das edificações ao longo de sua vida útil. Trabalho de conclusão de curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 16 de novembro de 2016. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Prof (a). Dr(a). Jaquelígia Brito da Silva – Orientador ___________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Leonardo Flamarion Marques Chaves – Examinador interno ___________________________________________________ Eng (a). Mauriceia Medeiros – Examinador externo Natal-RN 2016 "O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis." (José de Alencar) RESUMO TÍTULO: A MANUTENÇÃO NA CONSERVAÇÃO DO BOM DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES AO LONGO DE SUA VIDA ÚTIL. No Brasil, culturalmente as atividades preventivas de manutenção dos imóveis são vistas pelos moradores apenas como despesas inconvenientes. Na prática, observa-se que a maioria das pessoas esperam os problemas acontecerem para se adotar as devidas providências. Isso reflete diretamente em uma depreciação das edificações brasileiras, principalmente nas mais antigas, ocasionando prejuízos financeiros e, em alguns casos, acidentes com vítimas fatais. O presente trabalho tem como objetivo apresentar a importância do planejamento de manutenções preventivas e corretivas nas edificações e as ferramentas que auxiliam na sua realização, demonstrando a importância que essas atividades têm na conservação do bom desempenho predial. Para isso, foi feita uma revisão literária detalhada de normas brasileiras, documentos técnicos de importantes instituições, e de artigos e livros de autores renomados sobre a manutenção, inspeção e desempenho predial. Além disso, efetuou-se um estudo de caso para avaliar a gestão do sistema de manutenção nos edifícios da Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda do Rio Grande do Norte (SAMF/RN). Para tanto, foi realizada uma inspeção predial geral dos diversos sistemas das suas edificações (principal e anexa), utilizando informações obtidas através da aplicação de questionários aos seus usuários e do levantamento de suas documentações administrativas, técnicas e de manutenção. As falhas e anomalias que foram constatadas na inspeção foram devidamente registradas através de fotografias e classificadas de acordo com sua gravidade, urgência e tendência (análise GUT), para que fosse gerada uma lista de prioridades das intervenções a serem realizadas. Dessa forma, foram elaboradas as recomendações técnicas necessárias para a reparação das não conformidades e a avaliação geral das condições de uso e manutenção das edificações, bem como sugestões para a sua melhoria. Por fim, concluiu-se que o planejamento adequado das atividades de manutenção é fundamental para se garantir a durabilidade, estética, valorização imobiliária, conforto e segurança das edificações. Palavras-chave: inspeção predial; gravidade, urgência e tendência; durabilidade; falhas e anomalias. ABSTRACT TITLE: THE MAINTENANCE IN THE GOOD PERFORMANCE CONSERVATION IN THE BUILDING DURING ITS LIFE CYCLE In Brazil, culturally the preventive maintenance activities of the real state are seen by the dwellers only as inconvenient expenses. In practice, we can still observe that most people wait the problems to happen so they can take the proper measures. This reflects directly in the depreciation of the edification, especially in the oldest ones, causing financial damages and, in some cases, accidents with fatal victims. The present paper aims to present the importance in the planning of preventive and corrective maintenance and the tools that aid in its fulfillment, demonstrating the importance that these activities have in the conservation of the good building performance. To do so, it was made a detailed literature review of the Brazilian standards, technical documents from important institutions, and of articles and books from renowned authors regarding maintenance, inspection and building performance. Besides this, a case study was made aiming to evaluate the maintenance system management in the Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda do Rio Grande do Norte (SAMF/RN) buildings. A thorough building inspection was made, regarding the several systems from the principal and attached buildings, using information obtained through the questionnaire application to its users and survey of administrative, technical and maintenance paperwork. The flaws and anomalies found were correctly registered, according to its gravity, urgency and tendency (GUT matrix), so it could be generated a priority list with the interventions to be made. The necessary technical recommendations for the repair of the non- conformities and the general evaluation of its use and maintenance conditions were also made, as well as suggestions towards its improvement. Thus, it is concluded that the management fitting maintenance is fundamental for the guarantee the durability, aesthetics, real state valuation, comfort and safety of the construction. Keywords: building inspection; gravity, urgency and tendency; durability; failures and anomalies. ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Incêndio no Edifício Joelma, São Paulo, 1974. ____________________________ 3 Figura 2 - Distribuição da incidência dos acidentes prediais por origem. ________________ 4 Figura 3 - Classificação da manutenção quanto à forma de intervenção segundo Bonin (1988). ________________________________________________________________________10 Figura 4 - Evolução dos custos (Lei de Sitter).____________________________________ 15 Figura 5 - Desempenho ao longo do tempo ______________________________________ 38 Figura 6 - Fluxograma do estudo de caso. _______________________________________ 46 Figura 7 - Localização da SAMF/RN no bairro da Ribeira, Natal/RN. _________________ 47 Figura 8 - Fachada do edifício principal SAMF/RN _______________________________ 47 Figura 9 - Planta baixa do térreo SAMF/RN. _____________________________________ 48 Figura 10 - Arquivo metálico deslizante no 1º andar do edifício anexo. ________________ 51 Figura 11 - Interdição da calçada devido queda do revestimento da marquise. ___________ 51 Figura 12 - Desplacamento do concreto e corrosão das armaduras na marquise do prédio principal. _________________________________________________________________ 53 Figura 13 - Infiltrações na marquise do prédio principal. ____________________________ 54 Figura 14 - Formação de vegetação na marquise do prédio principal. __________________ 54 Figura 15 - Queda do revestimento na marquise do prédio principal, junho de 2016. ______ 55 Figura 16 - Pilar com armadura exposta do edifício anexo. __________________________ 56 Figura 17 - Pedaço do concreto armado de um dos pilares do edifício anexo. ___________ 57 Figura 18 - Pilar com armadura exposta do edifício anexo. __________________________ 57 Figura 19 - Corrosão das armaduras e desplcamento do concreto na laje de cobertura do prédio principal. _________________________________________________________________ 58 Figura 20 - Formação de estalactite no concreto e corrosão das armaduras na laje inferior no reservatório do edifício principal. ______________________________________________ 59 Figura 21 - Estado de deterioração do pergolado na lateral do edifício anexo. ___________ 60 Figura 22 - Fissuras e trincas na alvenaria da edificação anexa. ______________________ 61 Figura 23 - Fissuras e trincas na viga e alvenarias no 3º piso da edificação principal. _____ 62 Figura 24 - Porta de madeira deteriorada por ataque de cupins no almoxarifado do edifício anexo. ___________________________________________________________________ 64 Figura 25 - Portão de entrada do edifício principal com vidros quebrados e enferrujado. ___ 65 Figura 26 - Janela enferrujada e com vidros quebrados na sala do ATI no térreo do edifício principal. _________________________________________________________________ 66 Figura 27 - Fechamento improvisado da janela na secretária do gabinete da superintendente - edifício principal. __________________________________________________________ 67 Figura 28 - Acumulação de água na cobertura do edifício principal. ___________________ 68 Figura 29 - Acúmulo de água na cobertura da guarita do prédio anexo. ________________ 69 Figura 30 - Deterioração da manta asfáltica na laje de cobertura do prédio principal. _____ 70 Figura 31 - Deterioração da manta na cobertura do edifício anexo. ____________________ 70 Figura 32 - Dutos de distribuição dos fios elétricos do edifício principal. _______________ 71 Figura 33 - Barramento desprotegido na casa de máquinas do prédio principal. __________ 72 Figura 34 - Vazamento de água proveniente de ar-condicionado em cima de quadro de passagem elétrica na lateral do edifício principal. _________________________________ 73 Figura 35 - Quadro de passagem elétrica exposto a água que cai do ar-condicionado na lateral do edifício principal. ________________________________________________________ 74 Figura 36 - Quadro de passagens elétrica enferrujados. _____________________________ 74 Figura 37 - Uso de extensão para ligar diversos aparelhos elétricos na sala de patrimônio no edifício anexo. ____________________________________________________________ 75 Figura 38 - Tomadas no antigo padrão. _________________________________________ 76 Figura 39 - Quadro com fiação exposta no 3º andar do edifício principal. ______________ 77 Figura 40 - Quadro de distribuição com diversas não conformidades, localizado no 1º andar do edifício principal. ________________________________________________________ 78 Figura 41 - Fachada lateral do prédio principal com diversos aparelhos de ares-condicionados que provocam vazamentos. ___________________________________________________ 79 Figura 42 - Calçada com diversas irregularidades. _________________________________ 80 Figura 43 - Desplacamento de ladrilhos hidráulicos da calçada. ______________________ 81 Figura 44 - Manchas devido infiltrações e fungos na fachada do edifício principal. _______ 82 Figura 45 - Manchas devido a infiltrações e ataque de fungos no reservatório do edifício anexo. ___________________________________________________________________ 83 Figura 46 - Manchas de fungos no muro do edifício. _______________________________ 84 Figura 47 - Manchas provocadas por infiltração através da esquadria na sala de ATI - prédio principal _________________________________________________________________ 85 Figura 48 - Eflorescência na alvenaria do edifício principal. _________________________ 86 Figura 49 - Eflorescências na sala do almoxarifado no prédio anexo. __________________ 86 Figura 50 - Manchas amareladas no forro devido a infiltrações na sala de engenharia no prédio principal _________________________________________________________________ 87 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 - Obrigatoriedades do Programa de Manutenção segundo a ABNT NBR 5674:2012. ________________________________________________________________________ 13 Quadro 2 - Tipos de mão de obra para a manutenção predial segundo a ABNT NBR 5674:2012. _______________________________________________________________ 14 Quadro 3 - Requisitos obrigatórios do manual de uso, manutenção da edificação ABNT NBR 14037:2011. ______________________________________________________________ 18 Quadro 4 - Principais etapas para a realização de uma inspeção predial segundo a norma do IBAPE (2012). ____________________________________________________________ 21 Quadro 5 - Aplicações da inspeção predial. ______________________________________ 23 Quadro 6 - Conteúdo básico de relatório de inspeção conforme a ABNT NBR 5674, 2012. 24 Quadro 7 - Lista de documentações segundo IBAPE, 2012. _________________________ 25 Quadro 8 - Níveis de Inspeção Predial – IBAPE, 2012. _____________________________ 28 Quadro 9 - Classificação das anomalias e falhas segundo Martins, 2012. _______________ 29 Quadro 10 - Tópicos essenciais do laudo de inspeção predial segundo o IBAPE, 2012. ____ 33 Quadro 11 - Aspectos necessários para o atendimento da VUP. ______________________ 37 Quadro 12 - Fatores que influenciam na durabilidade. ______________________________ 39 Quadro 13 - Critérios de desempenho. __________________________________________ 42 Quadro 14 - Conjunto normativo da NBR 15575. _________________________________ 43 Quadro 15 - Metodologia GUT para definição da lista de prioridades. _________________ 45 Quadro 16: 1ª não conformidade do sistema estrutural. _____________________________ 55 Quadro 17 - 2ª não conformidade do sistema estrutural. ____________________________ 57 Quadro 18 - 3ª não conformidade do sistema estrutural. ____________________________ 59 Quadro 19 - 4ª não conformidade do sistema estrutural. ____________________________ 60 Quadro 20 - 5ª não conformidade do sistema estrutural. ____________________________ 61 Quadro 21 - 6ª não conformidade do sistema estrutural. ____________________________ 62 Quadro 22 - 1ª não conformidade do sistema de esquadrias. _________________________ 64 Quadro 23 - 2ª não conformidade do sistema de esquadrias. _________________________ 66 Quadro 24 - 3ª não conformidade do sistema de esquadrias. _________________________ 67 Quadro25 - 1ª não conformidade do sistema de coberturas. _________________________ 69 Quadro 26 - 2ª não conformidade do sistema de coberturas. _________________________ 71 Quadro 27: 1ª não conformidade do sistema de instalações elétricas. __________________ 72 Quadro 28 - 2ª não conformidade do sistema de instalações elétricas. _________________ 75 Quadro 29 - 3ª não conformidade do sistema de instalações elétricas. _________________ 76 Quadro 30 - 4ª não conformidade do sistema de instalações elétricas. _________________ 77 Quadro 31 - 5ª não conformidade do sistema de instalações elétricas. _________________ 78 Quadro 32 - 6ª não conformidade do sistema de instalações elétricas. _________________ 79 Quadro 33 - 1ª não conformidade do sistema de revestimentos. ______________________ 81 Quadro 34 - 2ª não conformidade do sistema de revestimentos. ______________________ 82 Quadro 35 - 3ª não conformidade do sistema de revestimentos. ______________________ 84 Quadro 36 - 4ª não conformidade do sistema de revestimentos. ______________________ 85 Quadro 37 - 5ª não conformidade do sistema de revestimentos. ______________________ 87 Quadro 38 - 6ª não conformidade do sistema de revestimentos. ______________________ 88 Quadro 39 - Prioridades do sistema estrutural. ____________________________________ 88 Quadro 40 - Prioridades do sistema de esquadrias. ________________________________ 89 Quadro 41 - Prioridades do sistema de cobertura. _________________________________ 89 Quadro 42 - Prioridades do sistema de instalações elétricas. _________________________ 90 Quadro 43 - Prioridades do sistema de revestimento. ______________________________ 90 Quadro 44: Prazos para a solução das não conformidades de acordo com as prioridades. __ 91 ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CAU/BR Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção COBREAP Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia GUT Gravidade, Urgência e Tendência IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia IBRACON Instituto Brasileiro do Concreto IPC Inspeção Predial de Construção IPM Inspeção Predial de Manutenção NBR Norma Brasileira Registrada SAMF/RN Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda no Rio Grande do Norte SECOVI Sindicato da Habitação SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil VU Vida Útil VUP Vida Útil de Projeto IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 1 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ___________________________________________ 1 1.2 JUSTIFICATIVA _____________________________________________________ 2 1.3 OBJETIVOS _________________________________________________________ 4 1.3.1 Objetivo geral ________________________________________________________ 4 1.3.2 Objetivos específicos ___________________________________________________ 4 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO _________________________________________ 5 2. MANUTENÇÃO PREDIAL ____________________________________________ 6 2.1 GENERALIDADES ___________________________________________________ 6 2.2 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO PREDIAL NO BRASIL ___________________ 6 2.3 CLASSIICAÇÃO DOS TIPOS DE MANUTENÇÃO _________________________ 8 2.3.1 Classificação de acordo com a NBR 5674 __________________________________ 8 2.3.1.1 Manutenção corretiva _______________________________________________ 8 2.3.1.2 Manutenção preventiva _____________________________________________ 9 2.3.1.3 Manutenção rotineira _______________________________________________ 9 2.3.2 Classificação quanto à forma de intervenção _______________________________ 10 2.3.2.1 Manutenção de conservação _________________________________________ 10 2.3.2.2 Manutenção de modernização _______________________________________ 11 2.3.2.3 Manutenção de reparação ___________________________________________ 11 2.3.2.4 Manutenção de restauração _________________________________________ 11 2.4 GESTÃO DA MANUTENÇÃO _________________________________________ 11 2.4.1 Programa de manutenção _______________________________________________ 12 2.4.2 Mão de obra _________________________________________________________ 14 2.4.3 Custos de manutenção _________________________________________________ 14 2.4.4 Responsabilidades ____________________________________________________ 16 2.5 A MANUTENÇÃO PREDIAL PARA GARANTIR O BOM DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÔES ___________________________________________________________ 17 2.6 MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ____ 18 3. CONJUNTURA DA INSPEÇÃO PREDIAL _____________________________ 20 3.1 GENERALIDADES __________________________________________________ 20 3.2 HISTÓRICO DA INSPEÇÃO PREDIAL __________________________________ 22 3.3 INSPEÇÃO PREDIAL COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DA MANUTENÇÃO E DESEMPENHO DA EFICAÇÃO _____________________________ 23 3.4 ETAPAS DA INSPEÇÃO PREDIAL _____________________________________ 25 3.4.1 Levantamento de dados e documentos da edificação _________________________ 25 3.4.2 Obtenção de informações ______________________________________________ 27 3.4.3 Realização de vistorias na edificação _____________________________________ 27 3.4.4 Classificação das deficiências constatadas conforme a sua origem ______________ 29 3.4.5 Classificação dos problemas (falhas e anomalias) de acordo com o grau de risco ___ 31 3.4.5.1 Crítico __________________________________________________________ 31 3.4.5.2 Regular ou médio _________________________________________________ 31 3.4.5.3 Mínimo _________________________________________________________ 31 3.4.6 Definição das prioridades ______________________________________________ 31 3.4.7 Elaboração das recomendações e orientações técnicas ________________________ 32 3.4.8 Avaliação da qualidade da manutenção ____________________________________ 32 3.4.9 Avaliação do uso da edificação __________________________________________ 32 3.5 LAUDO DE INSPEÇÃO PREDIAL ______________________________________ 33 4. ASPECTOS RELACIONADOS AO DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES __ 35 4.1 GENERALIDADES __________________________________________________ 35 4.2 CONCEITOS RELACIONADOS AO DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES ____ 36 4.2.1 Vida útil ____________________________________________________________ 36 4.2.2 Durabilidade ________________________________________________________ 39 4.2.3 Confiabilidade _______________________________________________________ 40 4.2.4 Manutenibilidade _____________________________________________________ 40 4.2.5 Prazo de garantia _____________________________________________________ 41 4.3 REQUISITOS DE DESEMPENHO ______________________________________ 42 5. METODOLOGIA ___________________________________________________ 44 6. ESTUDO DE CASO _________________________________________________ 47 6.1 CARACTERÍSTICAS DO IMÓVEL _____________________________________ 47 6.2 VERIFICAÇÃO E ANALÍSE DA DOCUMENTAÇÃO ______________________ 49 6.3 APLICAÇÃO DE ENTREVISTAS AOS USUÁRIOS E INSPEÇÃO PRELIMINAR 50 6.4 NÍVEL DE INSPEÇÃO PREDIAL _______________________________________ 52 6.5 NÃO CONFORMIDADES CONSTATADAS NA INSPEÇÃO PREDIAL _______ 52 6.5.1 Sistema estrutural ____________________________________________________ 52 6.5.1.1 Corrosão das armaduras e desplacamento do concreto das marquises _________ 53 6.5.1.2 Corrosão das armaduras e desplacamento do concreto nos pilares ___________ 56 6.5.1.3 Corrosão das armaduras e desplacamento do concreto na laje de cobertura do edifício principal ___________________________________________________________58 6.5.1.4 Corrosão das armaduras e formação de estalactite no concreto da laje inferior do reservatório de água. ________________________________________________________ 59 6.5.1.5 Corrosão das armaduras e desplacamento do concreto do pergolado _________ 60 6.5.1.6 Fissuras e trincas _________________________________________________ 61 6.5.2 Sistema de esquadrias _________________________________________________ 63 6.5.2.1 Porta deteriorada devido ataque por cupins _____________________________ 63 6.5.2.2 Esquadrias enferrujadas ____________________________________________ 64 6.5.2.3 Improvisação no fechamento das janelas _______________________________ 66 6.5.3 Sistema de cobertura __________________________________________________ 67 6.5.3.1 Acumulação de água na cobertura ____________________________________ 68 6.5.3.2 Sistema de impermeabilização da cobertura deteriorado ___________________ 69 6.5.4 Sistema de Instalações elétricas __________________________________________ 71 6.5.4.1 Barramento elétrico sem proteção ____________________________________ 72 6.5.4.2 Quadros de passagem de fios elétricos expostos a umidade ________________ 73 6.5.4.3 Falta de pontos de tomadas suficientes ________________________________ 75 6.5.4.4 Tomadas no padrão antigo de entrada _________________________________ 76 6.5.4.5 Fiação exposta ___________________________________________________ 77 6.5.4.6 Quadros de distribuição com sujidades, sem disjuntor geral e sem identificação precisa dos circuitos. ________________________________________________________ 78 6.5.5 Sistema de revestimento _______________________________________________ 79 6.5.5.1 Desplacamento de ladrilhos e falta de acessibilidade da calçada _____________ 80 6.5.5.2 Manchas de infiltrações e fungos na fachada do edifício principal ___________ 81 6.5.5.3 Manchas ocasionados por infiltrações e fungo nas paredes externas __________ 83 6.5.5.4 Manchas ocasionados pela infiltração no revestimento das alvenarias internas _ 84 6.5.5.5 Eflorescências ____________________________________________________ 85 6.5.5.6 Manchas devido a umidade nos forros _________________________________ 87 6.6 DEFINIÇÃO DAS PRIORIDADES ______________________________________ 88 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS __________________________________________ 92 REFERÊNCIAS __________________________________________________________ 94 APÊNDICE A – Questionário aplicado aos usuários do imóvel. ___________________ 97 APÊNDICE B – Modelo de checklist de inspeção predial utilizado. _______________ 101 ANEXO A – Modelo para a elaboração de programa de manutenção preventiva segundo a ABNT NBR 5674: 2012. _________________________________________________ 106 ANEXO B – Principais documentações dos condomínios segundo ABNT NBR 14037:2011. _____________________________________________________________ 109 ANEXO C – Vidas úteis de projeto (VUP) segundo a ABNT NBR 15575-1:2013. ____ 112 ANEXO D – Prazos de garantia mínimos exigidos pela ABNT NBR 15575-1:2013 __ 114 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As edificações possuem um valor social fundamental, pois são elas que promovem o suporte físico para a realização de diversas atividades produtivas. Portanto, devem apresentar desempenho adequado para anteder às necessidades dos seus usuários durante a sua vida útil (ABNT, 2012). Todos esses edifícios, até mesmo os mais bem executados, estão sujeitos ao longo do tempo a um processo de deterioração natural, que ocorre principalmente por causa da ação de intempéries e atividades relacionadas com a sua utilização. Essa deterioração, quando não tratada de maneira adequada, pode evoluir ao longo do tempo para patologias graves que afetam a durabilidade, estética, funcionalidade, segurança e bom desempenho das edificações, além do risco à integridade física dos seus moradores e transeuntes. Para que isso não ocorra é necessário a realização de manutenções adequadas nos diversos componentes dos sistemas que compõem os imóveis, considerando que estes possuem características diferenciadas e exigem diferentes tipos, prazos e formas de manutenção (ABNT, 2012; SECOVI SP & SINDUSCON SP, 2014). Essas atividades, no entanto, não devem ser realizadas de modo improvisado, esporádico ou casual, mas sim entendidas como serviços técnicos perfeitamente programáveis e serem realizadas por empresas capacitadas, especializadas, ou ainda, por equipe de manutenção local, conforme as suas complexidades. Dessa forma, se faz necessário a implantação de um sistema de gestão de manutenção que contemple o planejamento, os recursos financeiros e materiais necessários (ABNT, 2012; CBIC, 2014). A implantação de um sistema de gestão da manutenção, com a avaliação frequente através de inspeções prediais periódicas, é o meio de se diminuir o colapso e deterioração precoce dos sistemas construtivos. Essas inspeções auxiliam no direcionamento de investimentos e nas adequações dos planos de manutenção (PUJADAS & KALIL, 2009). 2 1.2 JUSTIFICATIVA Mesmo sabendo da importância da manutenção predial, no Brasil ainda se observa a ausência de um planejamento estratégico dessa atividade. Em muitos casos, ela só é realizada quando as patologias já se encontram em um estado de deterioração avançado, ocasionando desvalorização do imóvel, maiores custos para a sua recuperação e riscos de acidentes aos seus moradores. Devido essa falta de planejamento, muitas manutenções são realizadas de maneira improvisada e/ou com baixa qualidade técnica. No Brasil, culturalmente a manutenção predial é mais voltada para medidas corretivas do que preventivas e é considerada pelos usuários apenas uma despesa inconveniente (GOMIDE, 2007). Infelizmente, a prática da manutenção preventiva ainda é pouco difundida nas edificações brasileiras. Segundo Castro (2007), na prática poucos são os usuários que realizam serviços de prevenção nos seus imóveis tão adequadamente quanto fazem para outros bens, como é o caso dos automóveis. Isso reflete em diversos casos de acidentes prediais já presenciados, como desabamentos, incêndios, quedas de marquises e desprendimento de revestimentos das fachadas, que foram ocasionados pelo descuido na manutenção ou por intervenções mal executadas. O que serve de alerta das necessidades de se programar essas atividades mais adequadamente, pois além dos prejuízos econômicos esses desastres causam perdas irreparáveis como a morte de diversas pessoas. O incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo, no ano de 1974, ilustrado na Figura 1, é o caso mais emblemático, no Brasil, de tragédia ocorrida devido à negligência com a manutenção. O incêndio foi ocasionado devido a um curto-circuito em um aparelho de ar- condicionado no 12º andar e culminou na morte de 191 pessoas e mais de 300 feridos. Diversas outras tragédias também ganharam destaque na imprensa brasileira, como o caso do desabamento do Edifício Liberdade no Rio de Janeiro (2012), provocado por uma reforma mal executada que demoliu importantes elementos estruturais do mesmo, derrubando mais 2 prédios vizinhos e ocasionando a morte de 22 pessoas. Além desses acidentes já citados, muitos outros acontecem diariamente causando mortes e prejuízos injustificáveis, como o caso do desabamento de uma marquise no centro de Porto Alegre (2016) vitimando 2 pessoas. Segundo o IBAPE/SP (2012), essas catástrofes poderiam ser evitadas com um planejamento adequado dos serviços de manutenção em 3 conjunto com inspeções prediais periódicas para ajudar na elaboração e atualização dos programas de manutenção. Figura 1 - Incêndio no Edifício Joelma, São Paulo, 1974. Fonte: Molberg, 1974. A Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP divulgou um estudo (Figura 2), durante a XV COMBREAP realizado em São Paulo no ano de 2009, revelando que cerca de 66% das prováveis causas e origensdos acidentes, em edificações com mais de 10 anos de uso, estão relacionadas com a deficiência na manutenção, perda precoce do desempenho e deterioração acentuada. Apenas 34% dos acidentes possuíam causas e origens relacionadas às anomalias construtivas, erros de projeto ou execução (PUJADAS & KALIL, 2009). 4 Figura 2 - Distribuição da incidência dos acidentes prediais por origem. Fonte: IBAPE/SP, 2012. Portanto, diante de tudo que foi exposto, o desenvolvimento desse trabalho fundamenta a importância de se elaborar o planejamento das práticas adequadas da manutenção predial, pois ela promove diversos benefícios aos usuários como: segurança, economia, conforto, a valorização do imóvel e o aumento da sua vida útil, bom desempenho de equipamentos e sistemas prediais. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Apresentar a importância das manutenções preventivas e corretivas nas edificações e as ferramentas que auxiliam no desenvolvimento dessas atividades. 1.3.2 Objetivos específicos Realizar um estudo das normas pertinentes ao tema, apresentando seus pontos principais; Apresentar o roteiro de uma inspeção predial segundo as diretrizes do IBAPE; Demonstrar a importância da inspeção predial como ferramenta para auxiliar o planejamento das manutenções; 5 Tratar os requisitos para o bom desempenho das edificações e a importância da manutenção para que sejam alcançados; Realizar um estudo de caso da gestão de manutenção do prédio da Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda do RN, detectando e classificando as suas principais não conformidades para que sejam apresentadas as suas recomendações técnicas. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O primeiro capítulo trata da introdução do trabalho, com as considerações iniciais, a justificativa para a elaboração deste e os objetivos a serem alcançados. O segundo capítulo oferece uma visão sobre o tema da manutenção predial, mostrando seu histórico no Brasil, a classificação dos diferentes tipos de manutenção, além de mostrar os aspectos relacionados à gestão da manutenção predial e à sua importância na garantia do bom desempenho das edificações. O terceiro capítulo traz uma visão sobre a inspeção predial, mostrando a sua importância como ferramenta para auxiliar na manutenção e um breve histórico sobre a sua aplicação no Brasil. Além disso, esse capítulo mostra as etapas para se fazer uma inspeção de acordo com a norma do IBAPE e discorre sobre a elaboração dos laudos de inspeção predial. O quarto capítulo apresenta uma revisão sobre o desempenho das edificações, englobando importantes definições, como: vida útil, vida útil projetada, durabilidade, manutenibilidade e prazo de garantia. Além disso, esse capítulo discorre sobre os requisitos de desempenho exigidos pelo conjunto normativo da ABNT NBR 15575:2013. O quinto capítulo apresenta a metodologia utilizada no estudo de caso realizado. O sexto capítulo apresenta os resultados obtidos no estudo de caso, mostrando as diversas não conformidades encontradas, bem como as orientações para a sua reparação. Em seguida, se estabeleceu a ordem das prioridades a serem seguidas para a recuperação das diversas anomalias e falhas constatadas. Por fim, avaliou-se as condições de uso e manutenção das edificações estudadas e feitas recomendações para as suas melhorias. O sétimo capítulo são as considerações finais sobre o trabalho desenvolvido. Realizando uma análise do atendimento aos objetivos do trabalho. 6 2. MANUTENÇÃO PREDIAL 2.1 GENERALIDADES A NBR 15575-1 (ABNT, 2013, p.9) descreve a manutenção como o “conjunto de atividades a serem realizadas ao longo da vida total da edificação para conservar ou recuperar a sua capacidade funcional e de seus sistemas constituintes de atender as necessidades e segurança dos seus usuários”. A atividade associada à manutenção predial é tratada pelas prescrições propostas na norma ABNT NBR 5674 de 2012 – Manutenção de Edificações – Requisitos para o sistema de gestão da manutenção, mas o que se observa na prática é que poucos edifícios possuem esse tipo de serviço implantado em conformidade com esse documento técnico. É conhecido que os sistemas e elementos construtivos necessitam de atividades de manutenção, ao longo de sua vida útil, para garantir níveis aceitáveis de desempenho e de segurança, atendendo às exigências dos seus usuários (IBAPE/SP, 2012). Dessa forma, vale destacar a fundamental importância que as atividades de manutenção têm para manter o desempenho adequado da edificação e assim garantir a sua segurança, qualidade, sustentabilidade e valorização, satisfazendo às necessidades dos seus usuários. De acordo com Martins (2012), a manutenção serve para recuperar e conservar a capacidade funcional dos edifícios por meio de atividades corretivas, sendo essas preferencialmente planejadas, envolvendo aspectos de durabilidade, desempenho e vida útil dos elementos e sistemas construtivos. Essa recuperação deve ser sempre acompanhada por análises de custos. 2.2 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO PREDIAL NO BRASIL A cultura da manutenção das edificações em geral vem sendo aprimorada através da conscientização dos gestores (síndicos e proprietários) sobre a necessidade da realização dessas atividades na preservação das construções e, consequentemente, no prolongamento da sua vida útil. Aliado a isso, o gestor predial tem como a responsabilidade garantir a segurança 7 dos imóveis, podendo ser responsabilizados em casos de acidentes em que for constatada a sua negligência. Para Neto (2012), a recente publicação em julho de 2012 da versão atualizada da norma de manutenção de edificações, ABNT NBR 5674 de 2012, proporciona, quando comparada às versões anteriores, uma melhoria significativa na abordagem do assunto e avança ao esclarecer a metodologia de implantação além de explorar os aspectos relacionados à gestão do programa de manutenção. Outra norma que contribuiu para a regularização e melhoria da manutenção predial foi a ABNT NBR 14037, a qual aponta as diretrizes para a elaboração do manual de uso e operação das edificações, tendo sido atualizada pela última vez em 2011. Segundo o IBAPE/SP (2012, p.11) diversos acidentes prediais, com vítimas fatais, ocorrem em edificações com mais de 20 anos de utilização, onde se verifica a baixa (ou quase nenhuma) qualidade nas atividades de manutenção. “Habitualmente, proprietários dos imóveis, usuários e gestores prediais negligenciam, ou mesmo ignoram, atividades preventivas, corretivas, reformas e outras que, por definição, deveriam alavancar a melhor performance de desempenho dos sistemas”. Essas negligências traduzem-se em prejuízos financeiro e, em alguns casos, em acidentes com vítimas fatais. Mesmo com diversos avanços relacionados ao tema da manutenção predial no Brasil, a nossa cultura ainda está muito distante da pregada em países desenvolvidos, fato comprovado pela pouca prática da manutenção preventiva nas nossas edificações. Nos países de primeiro mundo, manter o patrimônio imobiliário em boas condições de uso é uma questão cultural e rotineira, sendo que a contratação dos serviços de Inspeção Predial para elaboração de um plano para manutenção é realizada naturalmente, demonstrando a consolidação desta atividade nestes países (BRANCO & NEVES, 2009, p.1). Gomide (2007) descreve que a manutenção predial brasileira, em geral, é realizada de maneira improvisada, ocasionando prejuízos materiais e humanos. 8 2.3 CLASSIICAÇÃO DOS TIPOS DE MANUTENÇÃO Há diversas formas de se classificar a manutenção predial na literatura. Podendo ser classificada, por exemplo, de acordo com a periodicidade em que são realizadas as atividades, o tipo de estratégia adotada, a origem dos problemas e a forma de intervenção. 2.3.1 Classificação de acordo com a NBR 5674 Para NBR 5674 (ABNT,2012) as manutenções podem ser classificadas em: corretivas, preventivas e rotineiras. 2.3.1.1 Manutenção corretiva A NBR 5674 (ABNT, 2012, p.5) descreve a manutenção corretiva como a “caracteriza por serviços que demandam ação ou intervenção imediata a fim de permitir a continuidade do uso de sistemas, elementos ou componentes da edificação, ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e/ou patrimoniais aos seus usuários ou proprietários”. Esse tipo de manutenção é a mais difundida no Brasil, em função da nossa cultura de só se realizar as intervenções necessárias quando os elementos e/ou equipamentos já se encontram em um estado avançado de deterioração. Devido a isso, os custos com esse tipo de atividade tendem a ser bem maiores do que com as realizadas preventivamente. É importante ressaltar que é impossível eliminar completamente essa forma de manutenção, visto que em algum momento determinado sistema vai atingir sua vida útil projetada e necessitará de um maior investimento a fim de recuperar de maneira significativa o seu desempenho. Logo, sempre vai haver a necessidade de se realizar medidas corretivas. Contudo, essas devem ser, preferencialmente, planejadas levando em consideração o estado de deterioração e a vida útil esperada dos equipamentos e/ou elementos que compõe os sistemas prediais. Essa manutenção pode ser não planejada, que é aquela efetuada após a falha sem planejamento algum, ou planejada, que é a correção em função de um acompanhamento onde se planeja realizar a recuperação quando o equipamento, elemento ou sistema atinja um desempenho inferior à condição mínima determinada (GOMIDE, 2008). 9 2.3.1.2 Manutenção preventiva A norma NBR 5674 (ABNT, 2012, p.5) descreve a manutenção preventiva como sendo: Caracterizada por serviços cuja realização seja programada com antecedência, priorizando as solicitações dos usuários, estimativas da durabilidade esperada dos sistemas, elementos ou componentes das edificações em uso, gravidade e urgência, e relatórios de verificações periódicas sobre o seu estado de degradação. Lee apud Bonin (1988) sugere que a adoção da estratégia de manutenção preventiva é vantajosa se ela for eficiente em termos de custos, se ela reduz a incidência da manutenção corretiva e se ela atende às necessidades operacionais dos usuários da edificação. Há, portanto, que estabelecer um sistema de manutenção predial que ao mesmo tempo em que reponha os sistemas deteriorados, prolongue a vida útil da edificação através de serviços periódicos. Esses serviços devem ser praticados de maneira planejada e por profissionais habilitados para desenvolvê-los. Assim, torna-se fundamental que haja um plano de manutenção. O planejamento dos serviços de manutenção preventiva requer a elaboração de uma previsão detalhada dos métodos de trabalho, ferramentas e equipamentos necessários, condições especiais de acesso, cronograma de realização e duração dos serviços de manutenção consoante recomendações da norma de manutenção de edificações (GOMIDE, 2008). 2.3.1.3 Manutenção rotineira A NBR 5674 (ABNT, 2012, p.4) descreve a manutenção rotineira como sendo “caracterizada por um fluxo constante de serviços, padronizados e cíclicos, citando-se, por exemplo, limpeza geral e lavagem de áreas comuns”. As atividades da manutenção rotineira são as atividades diárias e estão relacionadas com a conservação do edifício. Esse tipo de manutenção é essencial para a obtenção de bons resultados no sistema de manutenção de edifícios como um todo. 10 2.3.2 Classificação quanto à forma de intervenção Bonin (1988) classifica a manutenção quanto à forma de intervenção em: conservação, modernização, reparação e restauração. Figura 3 - Classificação da manutenção quanto à forma de intervenção segundo Bonin (1988). Fonte: Adaptado de Bonin, 1988. 2.3.2.1 Manutenção de conservação A conservação é a atividade rotineira, realizada diariamente ou com pequenos intervalos de tempo, relacionada à operação e limpeza da edificação. As atividades de conservação não conseguem restabelecer o desempenho ao inicial da construção. Havendo, com o tempo, uma queda gradativa do desempenho. Um exemplo de atividade de conservação é a lubrificação de engrenagens e polias de elevadores (BONIN, 1988). Desempenho CONSERVAÇÃO Idade do Edifício Nível Mínimo Nível Inicial Novo Nível MODERNIZAÇÃO REPARAÇÃO RESTAURAÇÃO 11 2.3.2.2 Manutenção de modernização A modernização são as atividades preventivas e corretivas visando que após a recuperação a qualidade ultrapasse o nível inicialmente construído, fixando um novo patamar para o desempenho do sistema. Um exemplo é a instalação posterior de um sistema nos elevadores que permita, em casos de falta de energia, a condução do mesmo ao térreo e a abertura automática das portas (BONIN, 1988). 2.3.2.3 Manutenção de reparação Está relacionado com as atividades preventivas ou corretivas realizadas antes de que o edifício ou seus elementos atinjam o nível de desempenho mínimo aceitável sem recuperar o nível inicialmente construído. Um exemplo é a substituição de um botão do elevador em que a luz não acende (BONIN, 1988). 2.3.2.4 Manutenção de restauração A restauração está relacionada com as atividades corretivas realizadas no edifício ou em seus sistemas após se atingir nível inferior à qualidade mínima aceitável, ou seja, há perda significativa de performance, desempenho, podendo interferir na segurança do usuário. Esse tipo de recuperação o desempenho volta a ser o inicialmente construído. Um exemplo seria a troca de um cabo do elevador que se encontra rompido (BONIN, 1988). 2.4 GESTÃO DA MANUTENÇÃO Para que a manutenção obtenha os resultados esperados de conservação e crie condições para que seja atingida a vida útil do imóvel, é necessária a implantação de um sistema de gestão de manutenção que contemple o planejamento de atividades e recursos, bem como a execução de cada um deles de acordo com as especificidades de cada empreendimento (SECOVI SP & SINDUSCON SP, 2014). Dessa forma, o gestor, responsável pelas atividades de manutenção, deverá implementar um sistema de manutenção, de modo a preservar o desempenho, a segurança e a 12 confiabilidade dos componentes e sistemas da edificação, prolongar a sua vida útil e reduzir os custos de manutenção Segundo a NBR 5674 (ABNT, 2012), a gestão do sistema de manutenção deve considerar características da edificação, como a tipologia, uso efetivo, tamanho, complexidade, localização e implicações do entorno da edificação, e promover a realização coordenada dos diferentes tipos de manutenção. O planejamento da gestão das manutenções deve abranger a previsão orçamentária anual, os meios de controle de documentos, a reserva de recursos para serviços de manutenção não planejada, a reposição de equipamentos ou sistemas após o término de sua vida útil e os serviços específicos (ABNT, 2012; SECOVI SP & SINDUSCON SP, 2014). 2.4.1 Programa de manutenção Para se fazer a administração mais eficiente de uma edificação é necessário que os gestores estabeleçam procedimentos organizados e bem planejados do sistema de gestão da manutenção. É essencial estabelecer um programa de manutenção seguindo uma lógica de controle de qualidade e de custos. A NBR 5674 (ABNT, 2012) estabelece que o programa tem como finalidade determinar as atividades necessárias para a manutenção, suas periodicidades, referências normativas e recursos necessários, de todos os sistemas que compõe a edificação, devendo ser atualizado periodicamente. “Edificações existentes antes da vigência desta Norma devem se adequar ou criar os seus programas de manutenção atendendo ao apresentado nesta Norma” (ABNT, 2012, p.2). Castro (2007) descreve que o plano de manutenção é constituído de um conjunto de informações e procedimentosque orientam as atividades de manutenção e as rotinas de operação de determinados sistemas. A periodicidade e os procedimentos das intervenções, também devem ser contemplados no programa e recomenda-se incluir alguns indicadores de eficiência de gestão, cujos parâmetros, nesse caso, podem ser adaptados e particularizados para cada tipo de empreendimento (NETO, 2012). A NBR 5674 (ABNT, 2012) apresenta todos os requisitos que o programa de manutenção deve conter, como pode ser observado no Quadro 1. 13 Quadro 1 - Obrigatoriedades do Programa de Manutenção segundo a ABNT NBR 5674:2012. PROGRAMA DE MANUTENÇÃO SEGUNDO A ABNT NBR 5674:2012 Itens que o programa de manutenção deve considerar: Projetos; Memoriais; Orientações dos fornecedores e manual de uso, operação e manutenção (quando houver); Tipologia, complexidade e regime de uso da edificação; Sistemas, materiais e equipamentos; Idade das edificações; Expectativa de durabilidade dos sistemas, devendo atender a ABNT 15575-1 quando aplicável; Relatórios das inspeções, constando comparativos entre metas previstas versus metas efetivas; Relatórios de inspeções constando as não conformidades encontradas; Relatórios de inspeções sobre aas ações corretivas e preventivas; Solicitações e reclamações dos usuários e proprietários; Histórico das manutenções realizadas; Rastreabilidade de serviços; Impactos referentes às condições climáticas e ambientais do local da edificação; Escala de prioridades entre os diversos serviços; Previsão financeira. Fonte: Adaptado de ABNT, 2012. O Anexo A possui exemplos de modelos, não restritivos, para a elaboração do programa de manutenção preventiva segundo a norma de manutenção das edificações (ABNT, 2012). Contém também sugestões com indicações de diversos sistemas, para ajuste da periodicidade em função das indicações de projeto ou especificações técnicas. Resumidamente “A elaboração e a implantação de um programa de manutenção corretiva e preventiva nas edificações, além de serem importantes para a segurança e qualidade de vida dos usuários, são essenciais para a manutenção dos níveis de desempenho ao longo da vida útil projetada” (ABNT, 2012, p.2). 14 2.4.2 Mão de obra A ABNT NBR 5674 (2012) estabelece que o programa de manutenção deve especificar se os serviços devem ser realizados por empresa capacitada, especializada ou a equipe de manutenção local, seguindo as definições do Quadro 2 a seguir: Quadro 2 - Tipos de mão de obra para a manutenção predial segundo a ABNT NBR 5674:2012. TIPOS DE MÃO DE OBRA Empresa capacitada Organização ou pessoa que tenha recebido capacitação, orientação e responsabilidade de profissional habilitado e que trabalhe sob responsabilidade de profissional habilitado. Empresa especializada Organização ou profissional liberal que exerce função na qual são exigidas qualificação e competência técnica específicas. Equipe de manutenção local Pessoas que realizam diversos serviços, tenham recebido orientação e possuam conhecimento de prevenção de riscos e acidentes. Fonte: Adaptado de ABNT, 2012. “São de extrema importância a contratação de empresas especializadas, de profissionais qualificados e o treinamento adequado da equipe de manutenção para a execução dos serviços” (SECOVI SP & SINDUSCON SP, 2014, p.111). 2.4.3 Custos de manutenção A norma de manutenção das edificações (ABNT, 2012, p.8) estabelece que “o sistema de manutenção deve possuir mecanismos capazes de prever os recursos financeiros necessário para a realização dos serviços de manutenção[...]”. O IBAPE/SP (2012) descreve que a manutenção, quando realizada sem critério técnico, pode causar falhas, danos materiais, retrabalho e, consequentemente, gastos desnecessários, além de desvalorização acentuada do imóvel. Os custos de manutenção, portanto, devem ser sempre acompanhados e planejados pelos gestores, já que um dos principais motivos da realização dessa atividade é o investimento no patrimônio, a fim de evitar deteriorações precoces que desvalorizam o 15 imóvel. O gestor deve ser capaz, por exemplo, de avaliar sempre se é mais vantajoso realizar a manutenção de um determinado sistema, afim de ganhar uma sobrevida, ou realizar a substituição total dele. Os serviços de manutenção das edificações devem ser previamente planejados, para que os desembolsos possam ser regularmente aplicados ao longo da vida útil do imóvel e, dessa forma, garantirem a sua longevidade (NETO, 2012). John (1988, apud GOMIDE, GULLO & NETO 2014) estima que deve ser previsto recursos orçamentários anuais para manutenção na ordem de 1% a 2% em relação ao custo de reposição da edificação. Além disso, a medida que a edificação se torna mais antiga os investimentos com manutenção tendem a se tornarem maiores. A lei da evolução dos custos de Sitter (1984 apud MARTINS, 2012) mostra a evolução dos custos de intervenção pode ser assimilada a de uma progressão geométrica de razão 5, de acordo com a fase da vida da estrutura. Dessa forma, para 1 (um) real gasto na fase de projeto se economiza 5 (cinco) reais para execução, 25 (vinte e cinco) reais para a manutenção preventiva e 125 (cento e vinte e cinco) reais na manutenção corretiva. A Figura 4 demonstra a aplicação da lei de Sitter. Figura 4 - Evolução dos custos (Lei de Sitter). Fonte: CEB – Comitê Euro-Internacional Du Béton, apud MARTINS, 2012. 16 A maior contribuição dessa lei não são os valores em si, mas o entendimento que os custos aumentam significativamente quanto maior for a demora em se realizar a intervenção. Logo, devemos focar a atenção em se fazer um bom planejamento desde a fase de concepção do projeto, execução e manutenção, de modo a reduzir os gastos ao longo dessa cadeia produtiva. 2.4.4 Responsabilidades O item V do art. 1348 do Código Civil (LEI Nº 10.406, 2002) estabelece que compete ao síndico “diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores”, ou seja, é da sua responsabilidade conservar o condomínio em boas condições de segurança, proteção, salubridade e conforto. Em geral, a responsabilidade por acidentes decorrentes de fatores funcionais, com destaque para os descuidos com a manutenção das edificações, é atribuída ao proprietário ou síndico, consoante estabelecido em lei. Quanto a responsabilidade criminal, no capítulo das Lesões Corporais, art.129 do Código Penal é claro ao dizer que aquele que ofender a integridade corporal ou a saúde de alguém, tem pena de três meses até doze anos de detenção; e no art. 132 dispõe que “ expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente pode gerar pena de três meses a um ano de detenção” (LEI nº 2.848, 1940). Vale ressaltar que o item VIII do art. 39 do Código de Defesa do Consumidor (LEI Nº 8.078, 1990) veda que os serviços sejam feitos em desacordo com as normas da ABNT, ou seja, devemos cumprir todas as normas pertinentes ao assunto, principalmente a ABNT NBR 5674 que trata sobre a manutenção nas edificações. Todas essas exigências legais não deixam qualquer dúvida das responsabilidades atribuídas aos síndicos e proprietários dos imóveis, cabendo a esses tomar as medidas necessárias para a boa gestão da manutenção predial e, consequentemente, garantia da segurança da habitação, pois em caso de negligências correm o risco de responder criminalmente pelos danos causados. 17 2.5 A MANUTENÇÃO PREDIAL PARA GARANTIR O BOM DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÔES A Manutenção em Edificações pode ser entendida como o conjunto de atividades técnicas, operacionais e administrativas que garanta o melhor de desempenho da edificação para atender as necessidades dos usuários (GOMIDE, 2008). A elaboração e implantação de um programa de manutenção corretiva e preventiva nas edificações, além de seremimportantes para a segurança e qualidade de vida dos usuários, são essências para a manutenção dos níveis de desempenho ao longo da vida útil projetada (ABNT, 2012, p.2). A definição de desempenho das edificações segundo Borges (2010) está associada ao comportamento destas quando em sua utilização. O edifício é considerado com bom desempenho quando atende aos requisitos para o qual foi projetado, focando sempre no atendimento das necessidades dos usuários ao longo do da sua vida útil. Os parâmetros de desempenho para as edificações e seus respectivos sistemas a serem abordados pelo programa de manutenção, são norteados pelas normas de desempenho (ABNT, 2013). As ações devem considerar as prioridades de intervenção, previstas, indicadas e consolidadas nos trabalhos de inspeção predial (NETO, 2012). A própria norma de desempenho (ABNT, 2013, p.48) estabelece que: Para se atingir a VUP, os usuários devem seguir a os programas de manutenção segundo ANBT NBR 5674. Os usuários devem seguir as instruções do manual de uso, operação e manutenção, as instruções dos fabricantes de equipamentos e recomendações técnicas das inspeções prediais. De acordo com Borges (2013, apud GOMIDE, GULO & NETO, 2014) a utilização do conceito de desempenho aplicado às edificações constitui uma mudança no paradigma para o setor da construção civil, com grandes perspectivas de crescimento para a próxima década, contemplando um setor ainda pouco articulado com mais de 50% de atividade atuando dentro da informalidade. Logo, pode-se constatar a importância que as atividades periódicas de manutenção possuem para garantir o desempenho adequado dos componentes da edificação ao longo de sua vida útil. As normas de desempenho prescrevem requisitos e critérios que devem ser 18 atendidos e, para que isso ocorra, se faz necessário a manutenção periódica programada dos diversos componentes da edificação. 2.6 MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS EDIFICAÇÕES A norma de desempenho (ABNT, 2013, p.8) descreve o manual de uso, operação e manutenção das edificações como: “Documento que reúne apropriadamente todas às informações necessárias para orientar as atividades de operação, uso e manutenção da edificação”. O manual deve ser elaborado em conformidade com a norma NBR 14037 de 2011: diretrizes para a elaboração de manuais de uso, operação e manutenção – requisitos para a elaboração e apresentação dos conteúdos. Esta norma estabelece os requisitos mínimos para elaboração e apresentação dos conteúdos a serem incluídos nos manuais que devem ser elaborados e entregues pelo construtor e/ou incorporador, conforme legislação vigente. No Quadro 3 são apresentados os requisitos mínimos obrigatórios para elaboração do manual. Quadro 3 - Requisitos obrigatórios do manual de uso, manutenção da edificação ABNT NBR 14037:2011. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS DO MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA EDIFICAÇÃO Informar aos proprietários e ao condomínio as características técnicas da edificação como construída; Descrever procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, uso e manutenção da edificação, bem como para a operação dos equipamentos; Informar e orientar os proprietários e o condomínio, em linguagem adequada e de forma didática, com relação às suas obrigações no tocante à realização de atividades de manutenção e conservação, e de condições de utilização da edificação; Recomendar ações para prevenir a ocorrência de falhas ou acidentes decorrentes de uso inadequado; e; Recomendar ações para contribuir para que a edificação atinja a vida útil de projeto. Fonte: Adaptado de CBIC, 2014. O construtor e/ou incorporador, além da elaboração do manual, também é responsável por informar os prazos de garantias, apresentar sugestões de manutenção e prestar serviços de assistência técnica quando for o caso. Ao projetista cabe a responsabilidade de dispor as 19 informações necessárias para a elaboração do manual, principalmente sobre o correto uso e manutenção, cargas previstas, cargas máxima admitidas, risco e uso. Já ao proprietário cabe as competências de usar a edificação de maneira prevista e projetada, não fazendo modificações sem conhecimento prévio e autorização, seguir o manual de forma adequada e registrar as manutenções (ABNT, 2011). Os termos de garantias, notas fiscais, contratos, manuais dos fabricantes de materiais e equipamentos e dos prestadores de serviços, devem ser guardados assim como os demais documentos citados no Anexo B. Todo este acervo deve ser entregue ao proprietário ou ao síndico. É importante manter uma cópia dos mesmos no arquivo da incorporadora/construtora (CBIC, 2014). Esse manual também é conhecido como manual do síndico ou manual das áreas comuns, quando aplicado as áreas de uso comum, e manual do proprietário, quando aplicado às unidades autônomas. 20 3. CONJUNTURA DA INSPEÇÃO PREDIAL 3.1 GENERALIDADES A inspeção predial é o checkup da edificação, diagnóstico de seus sistemas para que sejam tomadas providências de reparos e serviços de manutenção, que visa a boa qualidade predial e a saúde dos seus usuários (GOMIDE, GULLO & NETO, 2014). Há outras definições de inspeção predial de diversas normas técnicas brasileiras relacionadas ao tema: “É a análise isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e manutenção da edificação” (IBAPE, 2012, p.5). “Verificação, através de metodologia técnica, das condições de uso e manutenção preventiva e corretiva da edificação” (ABNT, 2013, p.8). Dessa forma, pode-se entender a inspeção predial como uma avaliação técnica do estado de conformidades de uma edificação considerando aspectos como o desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção, utilização e operação, observando se os mesmos correspondem às expectativas esperadas pelos usuários (IBAPE/SP, 2012). As inspeções prediais deverão ser realizadas apenas por profissionais habilitados, engenheiros e arquitetos, e dentro das respectivas atribuições, de acordo com as resoluções do CONFEA e CAU/BR. Essas inspeções possuem características multidisciplinares, dependendo da complexidade dos sistemas e subsistemas a serem inspecionadas, cabendo o profissional responsável pela realização do trabalho convocar, se julgar necessário, profissionais de outras especialidades para assessorá-lo (IBAPE, 2012). A norma de Inspeção Predial Nacional de 2012 do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE) apresenta diretrizes, conceitos, terminologias, notações, critérios e procedimentos para a realização da inspeção predial e elaboração do seu laudo. As principais etapas para a realização da inspeção predial, segundo a norma do IBAPE (2012), estão apresentadas no Quadro 4. 21 Quadro 4 - Principais etapas para a realização de uma inspeção predial segundo a norma do IBAPE (2012). PRINCIPAIS ETAPAS PARA REALIZAÇÃO DE UMA INPEÇÃO PREDIAL 1ª Etapa: Levantamento de dados e documentos da edificação: administrativos, técnicos, de manutenção e operação (plano, relatórios, históricos, etc). 2ª Etapa: Entrevista com gestor ou síndico para averiguação de informações sobre o uso da edificação, histórico de reforma e manutenção, dentre outras intervenções ocorridas. 3ª Etapa: Realização de vistorias na edificação, realizadas com equipe multidisciplinar ou não, dependendo do tipo de prédio e da complexidade dos sistemas construtivos existentes. O número de profissionais envolvidos na inspeção predial define o nível de inspeção predial a ser realizada (nível 1, 2 ou 3). 4ª Etapa: Classificação das deficiências constatadas nas vistorias, por sistema construtivos, conforme a sua origem (anomalias construtivas, anomalias funcionais ou falhas de uso e manutenção). 5ª Etapa: Classificaçãodos problemas (anomalias e falhas) de acordo com o seu grau de risco. Esta classificação consiste na análise do grau de risco, considerados: fatores de conservação, rotinas de manutenção previstas, agentes de deterioração precoce, depreciação, riscos à saúde, segurança, funcionalidade e comprometimento da vida Os graus de risco são definidos como crítico, regular e mínimo. 6ª Etapa: Elaboração de lista de prioridades técnicas, conforme a classificação do grau de risco de cada problema constatado. Essa lista é ordenada do mais crítico ao menos crítico. 7ª Etapa: Elaboração de recomendações ou orientações técnicas para a solução de problemas constatados. Essas orientações podem estar relacionadas à adequação do plano de manutenção ou aos reparos e reformas para solução de anomalias. 8ª Etapa: Avaliação da qualidade da manutenção. Ela pode ser classificada em: atende, não atende ou atende parcialmente. 9ª Etapa: Avaliação do Uso da edificação. Pode ser classificada em regular ou irregular. Observam-se as condições originais da edificação e os seus sistemas construtivos, além de limites de utilização e suas formas. Fonte: Adaptado de IBAPE/SP, 2012. 22 3.2 HISTÓRICO DA INSPEÇÃO PREDIAL A ideia de inspeção predial começou a ser difundida no Brasil no ano de 1999, através de um trabalho técnico, de título “A Inspeção Predial Deve Ser Obrigatória?”, que foi premiado com menção honrosa no X Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – COBREAP. Sendo que, após essa data, diversos estudos sobre o tema foram aprofundados, novas técnicas foram introduzidas e algumas adaptações foram realizadas, com o objetivo de adequar a inspeção predial às necessidades do mercado (MARTINS, 2012; BRANCO & NEVES, 2009). A primeira norma técnica de inspeção predial foi publicada em 2001 pelo IBAPE/SP, desde então diversas revisões foram realizadas, sendo a última em 2011. Em 2012, o IBAPE criou a norma de inspeção predial nacional baseada na norma de 2011 do IBAPE de são Paulo. A ABNT ainda não possui uma norma específica de inspeção predial, porém o seu Comitê de Construção Civil reinstalou, no dia 1 de agosto de 2016, a comissão de estudos para a elaboração dessa norma. Outro fator que contribuiu na evolução da inspeção predial foi a reformulação da norma de manutenção das edificações, ABNT NBR 5674 (2012), e a introdução das normas de desempenho, ABNT NBR 15575 – 1 ao 6 (2013). Essas normas comprovam que a segurança, qualidade, sustentabilidade e a valorização das edificações dependem da manutenção predial e, consequentemente, da importância das inspeções periódicas como ferramenta para auxiliar nessa atividade. No Brasil, diversas cidades já possuem leis que obrigam a inspeção predial periódica, como Fortaleza/CE (lei municipal nº 9.913, 2012), Porto Alegre/RS (decreto nº 18.574, 2014), Salvador/BA (lei municipal nº 5.907, 2001), além do estado do Rio de Janeiro (lei estadual nº 6.400), entre outras. Há ainda um projeto de lei que foi aprovado pela câmara dos deputados Nº 3.370-C de 2012 que estabelece a Política Nacional de Manutenção Predial que tornaria obrigatória a inspeção predial periódica, quanto à segurança, solidez e sua adequada funcionalidade, em todos os edifícios a cada cinco anos e, a cada um ano, a vistoria das condições de projeto de segurança contra incêndio e de funcionalidade e segurança do sistema de elevadores. (PROJETO DE LEI Nº 3.370-C, 2012). Atualmente, o projeto se encontra em tramitação no senado federal. 23 3.3 INSPEÇÃO PREDIAL COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DA MANUTENÇÃO E DESEMPENHO DA EFICAÇÃO A inspeção predial se configura como uma importante ferramenta para a avaliação das condições gerais de conservação das edificações, pois serve para atestar que os procedimentos de manutenção adotados são insuficientes ou inexistentes, além de fornecer subsídios para orientar o programa de manutenção, através das recomendações técnicas indicadas no documento de inspeção predial (ABNT, 2013). O CREA/RN (2013) descreve que essa inspeção representa a vistoria da edificação para determinar suas condições técnicas, funcionais e de conservação, visando direcionar o Plano de Manutenção. Essa vistoria tem por finalidade verificar as condições de desempenho e determinar medidas corretivas e preventivas que se fizerem necessárias para a boa vida do imóvel e seus usuários. Através das verificações periódicas, os responsáveis pela administração da edificação percebem rapidamente pequenas alterações no desempenho dos sistemas, viabilizando um reparo com maior rapidez e menor custo (CBIC, 2014). Assim, o emprego da Inspeção Predial garante a manutenção da vantagem competitiva dos imóveis, auxilia a redução de custos operacionais e de manutenção, diminui o desconhecimento sobre os riscos envolvidos com paralisações de sistemas e eventuais acidentes, bem como reduz os investimentos patrimoniais urgentes e auxilia a programação de investimentos patrimoniais futuros (PUJADAS, 2013). Além de ser útil para a manutenção, há outras aplicabilidades para as atividades de inspeção predial apresentadas no Quadro 5. Quadro 5 - Aplicações da inspeção predial. APLICAÇÕES DA INSPEÇÃO PREDIAL Auxilia na revisão de manuais de síndico e proprietários (manuais de uso, operação e manutenção das edificações); Preserva a garantia da construção, servindo para melhor orientar as boas práticas das atividades de manutenção; Verifica o estado de conservação da edificação, podendo ser utilizado em avaliações de imóveis e transações imobiliárias, além de estudos de valorização e modernização; 24 Continuação do Quadro 5 – Aplicações da inspeção predial. Serve de subsídio técnico para se planejar a revitalização da edificação; Auxilia na gestão da edificação, quando elaborada dentro de uma periodicidade, a fim de atestar e verificar a evolução do seu estado de conservação; Reduzir o prêmio de seguro, pois atesta o estado de conservação. Fonte: Adaptado de IBAPE/SP, 2012. A NBR 5674 (ABNT, 2012) estabelece que as inspeções devem ser realizadas por meio de modelos elaborados e ordenados, de forma a facilitar os registros e sua recuperação, com o conteúdo básico descrito no Quadro 6. Quadro 6 - Conteúdo básico de relatório de inspeção conforme a ABNT NBR 5674, 2012. CONTEÚDO BÁSICO DE RELATÓRIO DE INSPEÇÃO Descrever a degradação de cada sistema, subsistema, elemento ou componente e equipamento da edificação; Apontar, e sempre que possível, estimar a perda de desempenho; Recomendar ações para minimizar os serviços de manutenção corretiva; Conter prognóstico de ocorrências. Fonte: Adaptado de ABNT, 2012. Tendo em vista o que foi apresentado, pode-se concluir que a inspeção predial periódica se configura como uma atividade essencial para gestão da manutenção da edificação, pois é a partir dela que se verifica a evolução do desempenho dos sistemas, subsistemas e equipamentos e verificar se estão de acordo com o esperado pelos usuários. Dessa forma, a inspeção predial, quando realizada periodicamente, também serve como ferramenta de registro das atividades de manutenção e pode ser utilizada para se programar medidas corretivas e preventivas. 25 3.4 ETAPAS DA INSPEÇÃO PREDIAL 3.4.1 Levantamento de dados e documentos da edificação O item 8 da norma de inspeção predial do IBAPE (2012), estabelece a análise, quando disponíveis e existentes, das documentações administrativas, técnicas e de manutenção e operação da edificação, conforme a lista descrita no Quadro 7. Quadro 7 - Lista de documentações segundo IBAPE, 2012. LISTA DE DOCUMENTOS A SEREM ANALISADOS Documentos Administrativos Instituição, Especificação e Convenção de Condomínio; Regimento Interno do Condomínio; Alvará de Construção; Auto de Conclusão; IPTU; Programa de Prevenção deRiscos Ambientais (PPRA); Alvará do Corpo de Bombeiros Ata de instalação do condomínio; Alvará de funcionamento; Certificado de Manutenção do Sistema de Segurança; Certificado de treinamento de brigada de incêndio; Licença de funcionamento da prefeitura Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual Cadastro no sistema de limpeza urbana Comprovante da destinação de resíduos sólidos, etc. Relatório de danos ambientais, quando pertinente Contas de consumo de energia elétrica, água e gás. PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Alvará de funcionamento; Documentos Técnicos Memorial descritivo dos sistemas construtivos; Projeto executivo; Projeto de estruturas; Projeto de instalações prediais; o Instalações hidráulicas; o Instalações de gás; o Instalações elétricas; o Instalações de cabeamento e telefonia; o Instalações do Sistema de Proteção Contra Descargas 26 Continuação do Quadro 7 – Lista de documentações segundo IBAPE, 2012. o Instalações de climatização; o Combate a incêndio. Projeto de impermeabilização; Projeto de Revestimentos em geral, incluída fachadas; Projeto de paisagismo Documentação Sobre a Manutenção e Operação Manual de Uso, Operação e Manutenção (Manual do Proprietário e do Síndico); Plano de Manutenção e Operação e Controle (PMOC) Selos dos Extintores Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA); Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica - SPDA; Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios; Relatório das análises físico-químicas de potabilidade de água dos reservatórios e rede; Certificado de ensaios de pressurização em mangueiras; Laudos de Inspeção Predial anteriores; Certificado de ensaios de pressurização em cilindro de extintores. Relatório do acompanhamento de rotina da Manutenção Geral; Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas Específicos, tais como: ar-condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, Equipamentos eletromecânicos e demais componentes. Relatórios de ensaios da água gelada e de condensação de sistemas de ar-condicionado central Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás. Relatórios de ensaios preditivos, tais como: termografia, vibrações mecânicas, etc. Cadastro de equipamentos e máquinas Fonte: Adaptado de IBAPE, 2012. O ideal é que, após a análise da documentação, o profissional realize uma inspeção prévia no imóvel a ser vistoriado, pois assim pode se fazer uma primeira apreciação técnica, além de se coletar informações que servirão de base para montar um questionário a ser feito aos ocupantes (BRANCO & NEVES, 2009). 27 3.4.2 Obtenção de informações Essa etapa consiste em se obter informações através de entrevistas e questionários com os gestores prediais, síndicos e usuários que possam auxiliar na confecção do laudo. Nessa etapa, espera-se a obtenção de informações sobre eventuais reformas, modificações no uso, desempenho, conforto, funcionalidade e segurança do imóvel. Branco e Neves (2009) descreve que as informações coletadas são de suma importância para o conhecimento das principais não conformidades do prédio, facilitando ao profissional a elaboração do seu checklist. 3.4.3 Realização de vistorias na edificação Para se realizar as vistorias na edificação devemos primeiramente escolher o nível de inspeção predial a ser realizada. Essa escolha depende de vários aspectos técnicos, como: idade da edificação, complexidade de sistemas, existências ou não de sistemas de manutenção, tipologia construtiva, padrão construtivo e finalidade do trabalho a ser realizado (MARTINS, 2012). Dependendo do nível de inspeção realizada e a complexidade dos sistemas construtivos, o número de profissionais habilitados envolvidos nas vistorias pode variar tal que além dos profissionais mais comuns, como engenheiros civis e arquitetos, sejam também necessários outros de diversas áreas como, por exemplo, engenheiros eletricistas, mecânicos e de segurança do trabalho. Com o nível escolhido e as informações adquiridas através das entrevistas e questionários, o profissional deve formular o checklist ou lista de verificações que contenha os sistemas a serem inspecionados, com apontamentos de níveis de degradação/deterioração esperados, tipos de anomalias e falhas, perda de desempenho e condições ambientais Martins (2012, p.35) descreve lista de verificação como “conjunto de tópicos a serem fundamentalmente vistoriados, sendo considerado o número mínimo de itens a serem abordados em uma inspeção”. O item 6 da norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE (2012) classifica o nível de inspeção predial de acordo com a Quadro 8. 28 Quadro 8 - Níveis de Inspeção Predial – IBAPE, 2012. NÍVEIS DE INSPEÇÃO PREDIAL NÍVEL 1 Inspeção Predial realizada em edificações com baixa complexidade técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas construtivos. Normalmente empregada em edificações com planos de manutenção muito simples ou inexistentes. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em uma especialidade. NÍVEL 2 Inspeção Predial realizada em edificações com média complexidade técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas construtivos, de padrões construtivos médios e com sistemas convencionais. Normalmente empregada em edificações com vários pavimentos, com ou sem plano de manutenção, mas com empresas terceirizadas contratadas para execução de atividades específicas como: manutenção de bombas, portões, reservatórios de água, dentre outros. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em uma ou mais especialidades. NÍVEL 3 Inspeção Predial realizada em edificações com alta complexidade técnica, de manutenção e operação de seus elementos e sistemas construtivos, de padrões construtivos superiores e com sistemas mais sofisticados. Normalmente empregada em edificações com vários pavimentos ou com sistemas construtivos com automação. Nesse nível de inspeção predial, obrigatoriamente, é executado na edificação um Manutenção com base na ABNT NBR 5674. Possui, ainda, profissional habilitado responsável técnico, plano de manutenção com atividades planejadas e procedimentos detalhados, software de gerenciamento, e outras ferramentas de gestão do sistema de manutenção existente. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados e de mais de uma especialidade. Nesse nível de inspeção, o trabalho poderá ser intitulado como de Auditoria Técnica. Fonte: Adaptado de IBAPE, 2012. 29 3.4.4 Classificação das deficiências constatadas conforme a sua origem Um dos aspectos importantes das Inspeções Prediais é a diferença entre as deficiências constatadas, que devem ser classificadas pelo inspetor em anomalias e falhas. As anomalias estão relacionadas às deficiências de ordem construtiva ou funcional, e as falhas possuem origem em atividade de manutenção, uso e operação inadequada ou inexistente (MARTINS, 2012). Conforme descreve o IBAPE (2012, p.11): As anomalias e falhas constituem não conformidades que impactam na perda precoce de desempenho real ou futuro dos elementos e sistemas construtivos, e redução de sua vida útil projetada. Podem comprometer, portanto: segurança; funcionalidade; operacionalidade; saúde de usuários; conforto térmico, acústico e lumínico; acessibilidade, durabilidade, vida útil, dentre outros parâmetros de desempenho definidos na ABNT NBR 15575. Quanto à classificação das falhas e anomalias, o inspetor predial deve possuir conhecimentos específicos sobre causas e origens dessas deficiências, pois só assim poderão aplicar as seguintes definições do Quadro 9,