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Melhorias no Controle da Qualidade em Obras

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IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE 
DA QUALIDADE PARA OBTENÇÃO DA 
CONFORMIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES 
 
Rodrigo Figueiredo Garcia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro, 2017 
 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE 
DA QUALIDADE PARA OBTENÇÃO DA 
CONFORMIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES 
 
 
Rodrigo Figueiredo Garcia 
 
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de 
Engenharia Civil da Escola Politécnica, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do 
título de Engenheiro. 
Orientador: Jorge dos Santos 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro, 2017 
 
 iii 
IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE DA 
QUALIDADE PARA OBTENÇÃO DA CONFORMIDADE EM 
OBRAS DE EDIFICAÇÕES 
 
Rodrigo Figueiredo Garcia 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO 
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS 
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. 
Examinada por: 
__________________________________________________ 
Prof. Jorge dos Santos, D. Sc. 
 
 
 
__________________________________________________ 
Prof. Isabeth Mello, M.SC 
 
__________________________________________________ 
Prof. Guilherme Cardoso Salles, M.SC 
 
__________________________________________________ 
Prof. Wilson Wanderley da Silva 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL 
SETEMBRO DE 2017 
 
 iv 
 
Garcia, Rodrigo Figueiredo 
Identificação de melhorias no controle da qualidade 
para obtenção da conformidade em obras de edificações/ 
Rodrigo Figueiredo Garcia. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola 
Politécnica, 2017. 
XII, 93 p.: il.; 29,7 cm. 
Orientadores: Jorge dos Santos 
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ 
Curso de Engenharia Civil, 2017.
 
Referências Bibliográficas: p. 89-93. 
1. Controle da qualidade. 2. Conformidade. 3. Obras de 
Edificações. I. Santos, J.II. Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. 
Identificação de melhorias no controle da qualidade para 
obtenção da conformidade em obras de edificações. 
 
 
 v 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente a Deus que me protege, ilumina, me deu minha vida, família, 
saúde e tudo mais que tenho. 
Agradeço a minha família, em especial meus pais Roberto e Lúcia, por todo o 
apoio, paciência, torcida, e amor durante toda minha vida. Ao meu irmão Rafael pela 
amizade e companheirismo. Sou extremamente grato a vocês, após as dezenas de 
mudanças de cidades e estados sempre estivemos juntos e vocês seguem sendo a base 
de tudo. 
A minha linda namorada Marcele Cunha, por todo o carinho, compreensão e 
conselhos. Por todos os momentos ao meu lado, sempre apoiando e fazendo o possível e 
o impossível para me ajudar. 
A todos os amigos desses longos anos de faculdade, desde os primeiros 
semestres na UnB aos últimos na UFRJ. Manhãs, tarde e noites, estudando, ensinando, 
aprendendo, ajudando, sem eles seria impossível concluir esse curso, muito obrigado! 
Por fim, agradeço ao meu orientador Prof. Jorge Santos pela paciência, 
flexibilidade, disponibilidade e apoio na elaboração deste trabalho, desde a escolha do 
tema aos ajustes finais, sem ele seria impossível a conclusão deste trabalho. 
 
 vi 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte 
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. 
IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE DA QUALIDADE 
PARA OBTENÇÃO DA CONFORMIDADE EM OBRAS DE 
EDIFICAÇÕES 
Rodrigo Figueiredo Garcia 
SETEMBRO/2017 
 
Orientador: Prof. Jorge dos Santos 
Curso: Engenharia Civil 
 
 
Os problemas relacionados à qualidade e produtividade no setor de construção civil no 
Brasil são, cada vez mais, alvos de pesquisas e discussões, gerando uma tendência ao 
crescimento de métodos de avaliação e acompanhamento de problemas relacionados à 
não-conformidade dos produtos e serviços neste setor. Com foco na melhoria dos 
processos de produção, algumas ferramentas foram desenvolvidas e adaptadas à 
construção civil. A partir disso, surgiu a necessidade de realizar uma pesquisa sobre as 
formas de controle da qualidade que são utilizados pelo setor de construção. De forma 
que a indústria da construção civil pudesse rastrear e eliminar os problemas 
relacionados à baixa de qualidade e produtividade relacionadas ao setor. A presente 
monografia buscou embasamento bibliográfico para realizar uma pesquisa junto a uma 
construtora com certificado emitido pelo SiAC/PBQP-H, a fim de compreender como o 
controle da qualidade auxilia na obtenção da conformidade em edificações 
 
Palavras-chave: Conformidade em Edificações, Controle da Qualidade, Melhorias, 
 
 
 
 
 vii 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of 
the requirements for the degree of Engineer. 
 
IDENTIFICATION OF IMPROVEMENTS IN QUALITY CONTROL TO 
OBTAIN CONFORMITY IN BUILDING WORKS 
 Rodrigo Figueiredo Garcia 
SEPTEMBER/2017 
 
 
Advisor: Jorge dos Santos 
Course: Civil Engineering 
 
 
Problems related to quality and productivity in the construction industry in Brazil are 
increasingly being the subject of research and discussions, generating a trend towards 
the growth of methods of evaluation and follow-up of problems related to non-
conformity of products and services in this sector. Focusing on the improvement of the 
production processes, civil construction developed and adapted some tools. From this 
came the need to research on forms of quality control that are being used by 
construction industry uses. So that the construction industry could track and eliminate 
the problems related to the low quality and productivity related to the sector. The 
present monograph sought a bibliographic basis to carry out a research with a 
construction company with certificate of conformity in order to understand how the 
quality control assists in obtaining conformity in buildings 
 
Keywords: Conformity in Buildings, Quality Control, Improvements. 
 
 viii 
Sumário 
 
1 INTRODUCÃO ................................................................................................................................................ 1 
1.1 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TEMA .................................................................................................................. 1 
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................................................ 1 
1.3 METODOLOGIA ................................................................................................................................................................ 2 
1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ...................................................................................................................................... 2 
2 NÃO CONFORMIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ........................................................................ 4 
2.1 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................................................................... 4 
2.2 FALHAS GERADAS EM DIFERENTES ETAPAS DA OBRA ............................................................................................ 10 
2.2.1 Aspectos Gerais ............................................................................................................................................. 10 
2.2.2 Concepção (planejamento/ projeto/ materiais) ............................................................................. 14 
2.2.3 Execução ......................................................................................................................................................... 16 
2.2.3.1 Fundações ................................................................................................................................................................16 
2.2.3.2 Estrutura .................................................................................................................................................................. 18 
2.2.3.3 Vedações .................................................................................................................................................................. 19 
2.2.3.4 Instalações hidrossanitárias ........................................................................................................................... 21 
2.2.3.5 Instalações elétricas ........................................................................................................................................... 22 
2.2.3.6 Acabamentos .......................................................................................................................................................... 23 
2.2.3.7 Impermeabilização .............................................................................................................................................. 26 
2.2.4 Utilização ........................................................................................................................................................ 27 
2.3 CUSTOS DAS NÃO CONFORMIDADES .......................................................................................................................... 29 
2.4 NÃO CONFORMIDADES DEVIDO À NBR 15575:2013.......................................................................................... 34 
3 CONTROLE DA QUALIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ........................................................... 36 
3.1 DEFINIÇÕES .................................................................................................................................................................. 36 
3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................................................................................................................... 37 
3.3 O PROCESSO COMO PONTO DE PARTIDA ................................................................................................................... 39 
3.3.1 Conceito de processo .................................................................................................................................. 39 
3.3.2 Como desenhar o processo ....................................................................................................................... 40 
3.3.3 Identificação de pontos críticos nas atividades para ação do controle da qualidade ..... 41 
3.4 O CONTROLE DA QUALIDADE NA EXECUÇÃO DE EDIFICAÇÕES .............................................................................. 43 
3.4.1 Tipos de controle em diferentes etapas .............................................................................................. 43 
3.4.2 Equipamentos utilizados no controle da qualidade ...................................................................... 45 
3.5 O CONTROLE DA QUALIDADE NA VISÃO DO SIAC/PBQP-H ................................................................ 45 
3.5.1 Planejamento da Obra ............................................................................................................................... 46 
3.5.2 Projeto ............................................................................................................................................................. 48 
3.5.3 Aquisição ......................................................................................................................................................... 49 
3.5.4 Operações de produção e fornecimento de serviço ........................................................................ 51 
3.5.5 Controle de dispositivos de medição e monitoramento ................................................................ 52 
3.5.6 Medição, análise e melhoria .................................................................................................................... 53 
3.5.7 Medição e monitoramento de processo .............................................................................................. 53 
3.5.8 Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução controlados e da obra 54 
4 MÉTODOS DE REALIZAÇÃO DO CONTROLE DA QUALIDADE DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES
 56 
4.1 ASPECTOS GERAIS ........................................................................................................................................................ 56 
4.2 FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE ....................................................................................................... 57 
4.2.1 PDCA ................................................................................................................................................................. 57 
4.2.2 Procedimentos de execução de serviços ............................................................................................. 58 
4.2.3 Folha de Verificação ................................................................................................................................... 61 
4.2.3.1 Ficha de verificação de materiais ................................................................................................................. 62 
4.2.3.2 Ficha de verificação de serviços ................................................................................................................... 65 
4.2.4 Diagrama de Causa e Efeito .................................................................................................................... 67 
4.2.5 5W e 1H ........................................................................................................................................................... 69 
4.2.6 Diagrama de Pareto ................................................................................................................................... 70 
4.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ..................................................................................................................................... 72 
 ix 
5 PESQUISA DE CAMPO: MELHORIAS NO CONTROLE DA QUALIDADE ...................................... 73 
5.1 METODOLOGIA ............................................................................................................................................................. 73 
5.1.1 Características da pesquisa ..................................................................................................................... 73 
5.1.2 Instrumento de pesquisa .......................................................................................................................... 73 
5.1.3 Definição dos entrevistados ..................................................................................................................... 73 
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................................................................................ 74 
5.3 QUESTIONÁRIO ............................................................................................................................................................. 75 
5.4 DESCRIÇÃO DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS ................................................................................................................. 76 
5.4.1 Generalidades da obra .............................................................................................................................. 76 
5.4.2 Controle da qualidade na aquisição de materiais .......................................................................... 77 
5.4.3 Controle da qualidade da execução de serviços .............................................................................. 77 
5.4.4 Registro e controle das não conformidades ...................................................................................... 81 
5.4.5 Comprometimento da mão de obra com a qualidade ...................................................................82 
5.4.6 Influência do controle da qualidade na produtividade ................................................................ 82 
5.4.7 Demais avaliações e controles ................................................................................................................ 83 
5.5 SUGESTÕES DE MELHORIAS PARA OS MÉTODOS DE CONTROLE DA QUALIDADE ................................................. 83 
5.5.1 Melhorias no controle da qualidade na aquisição ......................................................................... 83 
5.5.2 Melhorias no controle da qualidade da execução de serviços ................................................... 84 
5.6 MELHORIAS GERAIS NO CONTROLE DE QUALIDADE DA OBRA ............................................................................... 85 
5.6.1 Verificação eletrônica de serviços......................................................................................................... 86 
5.6.1.1 Características ....................................................................................................................................................... 86 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 87 
6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................................................................. 87 
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................................................................................. 88 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................... 89 
 
 
 x 
1 LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Gráfico que relaciona as principais causas de patologias. .............................. 13 
Figura 2: Percentual de ocorrência de não conformidades. ............................................ 20 
Figura 3: Tipos de fissuras.............................................................................................. 21 
Figura 4 Patologias nas Instalações Hidrossanitárias. .................................................... 22 
Figura 5: Gráfico das solicitações. Jan2005/Mai2008.................................................... 32 
Figura 6- Fluxograma das possibilidades de controle .................................................... 43 
Figura 7- Procedimento executivo de serviço de azulejo. .............................................. 61 
Figura 8- Ficha verificação de recebimento de azulejos ................................................ 64 
Figura 9- FVS de alvenaria estrutural ............................................................................ 66 
Figura 10 – Modelo de Diagrama de Ishikawa............................................................... 68 
Figura 11 – Gráfico de Pareto por itens defeituosos. ..................................................... 71 
Figura 12- PES Impermeabilização ................................................................................ 79 
Figura 13- FVS parte 1. .................................................................................................. 80 
Figura 14- FVS parte 2. .................................................................................................. 80 
 
 xi 
2 LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1- VUP. ................................................................................................................. 8 
Tabela 2- VUP em diferentes partes da edificação........................................................... 9 
Tabela 3- Tipos de erros que afetam a qualidade na construção civil. ........................... 11 
Tabela 4 -Análise percentual de problemas patológicos ................................................ 12 
Tabela 5: Solicitação por causa- jan2005/mai2008 ........................................................ 31 
Tabela 6: Custo por causa- jan2005/mai2008. ............................................................... 33 
Tabela 7- Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade ............................................. 46 
Tabela 8- Definição dos serviços controlados. ............................................................... 55 
 
 
 xii 
3 LISTA DE SIGLAS 
 
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
CDC - Código de Defesa do Consumidor. 
CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. 
FVS - Ficha de Verificação de Serviço 
FVP - Ficha de Verificação de Produto 
PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. 
PES - Procedimento de Execução de Serviços 
PQO - Plano de Qualidade da Obra. 
PROCON - Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor. 
QUALIHAB - Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São 
Paulo. 
SiAC - Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da 
Construção Civil. 
VES – Verificação Eletrônica de Serviços 
VUP- Vida Útil de Projeto. 
 1 
1 INTRODUCÃO 
1.1 Importância e Justificativa do Tema 
O aquecimento do mercado imobiliário ocorrido no Rio de Janeiro nos anos 
2000 a 2012 trouxe às empresas da construção civil uma preocupação maior no que diz 
respeito à diferenciação de seus produtos. Mesmo com o grande período recessivo 
iniciado Brasil em 2013, as exigências do mercado ficaram ainda maiores uma vez que 
a grande oferta contrastava coma pequena demanda. 
Os problemas relacionados à qualidade e produtividade no setor de construção 
civil no Brasil são, cada vez mais, alvos de pesquisas e discussões, gerando uma 
tendência ao crescimento de métodos de avaliação e acompanhamento de problemas 
relacionados à não-conformidade dos produtos e serviços neste setor. Com foco na 
melhoria dos processos de produção, algumas ferramentas foram desenvolvidas e 
adaptadas à construção civil. A partir disso surgiu a necessidade de realizar uma 
pesquisa sobre as formas de controle da qualidade que são utilizados pelo setor de 
construção. De forma que a indústria da construção civil pudesse rastrear e eliminar os 
problemas relacionados à baixa de qualidade e produtividade relacionadas ao setor. 
1.2 Objetivos 
O presente trabalho tem como objetivo identificar as melhorias no controle da 
qualidade para obtenção da conformidade em obras de edificações. São muitos os 
métodos de controle que podem ser utilizados para garantir a qualidade em edificações, 
desde a fase de projetos à execução da obra. 
A revisão bibliográfica visa exemplificar não conformidades comuns e seus 
custos na obra, e propõe formas de reduzi-las. O foco na execução dos serviços se faz 
necessário, pois é a área que mais sofre com a falta de preparo da mão de obra. 
 2 
1.3 Metodologia 
A metodologia aplicada foi desenvolvida a partir da revisão bibliográfica, com 
coleta de dados e busca por conceitos associados ao tema do trabalho e também estudo 
de caso de uma empresa construtora. 
Foram realizados levantamentos bibliográficos referentes aos temas de controle 
da qualidade e obtenção da conformidade na construção de edificações. Tais 
levantamentos se deram tanto em artigos científicos como em trabalhos acadêmicos e 
livros, possibilitando um desenvolvimento teórico do trabalho. 
Após uma fundamentação teórica com base nessas pesquisas, foi realizado um 
estudo de caso em uma empresa construtora, para a análise prática da situação em 
questão. 
1.4 Estrutura da Monografia 
O presente trabalho contém a seguinte estrutura em forma de capítulos: 
O Capítulo 1 é onde está sendo apresentado o tema, o objetivo do trabalho, a 
justificativa para tal escolha, a metodologia adotada e a estruturação em capítulos; 
No Capítulo 2 apresenta-se o resultado do levantamento bibliográfico sobre o 
que são não conformidades em obras edificações, conceituando-as, etapas das obras que 
são mais recorrentes e as consequências advindas. Os custos das não conformidadese 
seu impacto na qualidade, produtividade e prazo das obras de edificações; 
No Capítulo 3 faz-se um levantamento bibliográfico e disserta-se sobre o 
controle da qualidade de obras de edificações seus aspectos históricos, como surgiu, sua 
evolução em obras de edificações legislação e normas técnicas relativas ao controle da 
qualidade, quando há obrigatoriedade e as etapas das obras de edificações para quais as 
construtoras fazem controle da qualidade, o que é controlado e a abrangência do 
controle. 
 3 
O Capítulo 4 traz um levantamento bibliográfico sobre os diversos métodos de 
controle da qualidade usados por construtoras para as obras de edificações, abordando 
de forma detalhada alguns métodos disponíveis, as ferramentas usadas, e vantagens 
associadas; 
No Capítulo 5 apresenta-se a pesquisa junto à construtora e empresas 
terceirizadas relativas às melhorias nos processos de controle da qualidade de obras. 
Utiliza-se um questionário com base no que foi levantado na bibliografia, procurando. 
O público alvo da pesquisa foram gestores de obra, engenheiros civis, técnicos de 
edificações, mestres, inspetores, auditores de qualidade. Propõe-se sugestões de 
melhorias para os métodos de controle de qualidade com base na bibliografia estudada e 
na pesquisa de campo descrevendo as vantagens que poderão agregar a conformidade 
da obra de edificações; 
O Capítulo 6 apresenta as considerações finais e sugestões para trabalhos 
futuros. 
 
 4 
2 NÃO CONFORMIDADE EM OBRAS DE 
EDIFICAÇÕES 
2.1 Conceituação 
A NBR ISO 9000:2015 define não conformidade como “não atendimento a um 
requisito” (ABNT, 2015). No caso da construção civil os requisitos obrigatórios são 
declarados pela norma de referência Sistema de Avaliação da Conformidade de 
Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC) no âmbito do PBQP-H, que 
é baseado na NBR ISO 9001:2008 uma vez que o mesmo ainda não foi adequado a 
última versão que é de 2015. As definições de não conformidade maior e menor são 
apresentadas pelo SiAC (PBQP-H, 2017): 
 [...] Não conformidade menor não afeta a capacidade 
do sistema de gestão de atingir os resultados pretendidos, porém 
não conformidades menores associadas ao mesmo requisito podem 
demonstrar uma falha sistêmica e constituir uma não conformidade 
maior. Não conformidade maior é aquela que afeta a capacidade do 
sistema de gestão de atingir os resultados pretendidos ou que pode 
gerar dúvida significativa de que há um controle efetivo de 
processo ou de que produtos ou serviços irão atender aos requisitos 
especificados. 
 
A ausência de um ou mais requisitos do sistema de gestão da qualidade, ou a 
falha em implementá-los e mantê-los, ou uma situação que vá, com base em evidência 
objetiva disponível, levantar dúvida significativa quanto à qualidade dos produtos ou 
serviços que a empresa oferece, impedindo a sua certificação é conhecido como não 
conformidade maior ou crítica (PBQP-H, 2017). 
Para Bernardes et al (1998) não conformidades são “defeitos que do ponto de 
vista do usuário final não atendem às características esperadas de desempenho das 
edificações” sendo desempenho definido pela NBR 15575-1 como “comportamento em 
uso de uma edificação e seus sistemas” a norma também define, entre outros, os 
critérios de desempenho que são “especificações quantitativas dos requisitos de 
 5 
desempenho, expressos em termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam 
ser objetivamente determinados”. 
Ainda Bernardes et al (1998) ressalta que “as não conformidades estão 
diretamente ligadas à falta de qualidade no produto final, e suas origens, basicamente, 
relacionam-se às falhas organizacionais das empresas, tanto gerenciais como 
processuais”. Thomaz (2001) aponta que parte considerável desta má qualidade origina-
se na “subestimação de ações, na incompatibilidade entre projetos, na especificação 
equivocada de materiais ou de processos, na inobservância de detalhes construtivos e no 
não atendimento de requisitos técnicos elementares”. 
Ainda segundo Thomaz (2001), a não qualidade verificada em obras de 
construção civil pode ser atribuída a “omissões, falhas de detalhamento ou estudo 
insuficiente das interferências entre projetos”. Maldaner (2003) diz que “A busca pela 
melhoria de qualidade no setor da construção civil atualmente é uma constante e não 
qualidade ganhou o sinônimo de não conformidade que merece estudo mais 
aprofundado na bibliografia em função da importância e atualidade do tema para o 
setor. 
As não conformidades estão associadas ao não atendimento de um produto ou 
serviço às especificações, podendo ocorrer de forma intencional ou não (THOMAZ, 
2001). 
Segundo Bernardes et al (1998), “a ocorrência das não conformidades estão 
diretamente ligadas à falta de qualidade no produto final”, e para os clientes a 
construção civil apresenta seis dimensões que são básicas para a definição de qualidade: 
a) Desempenho: características operacionais primárias do produto, como 
impermeabilização, tubulações hidráulicas, etc; 
 6 
b) Características: itens que complementam o funcionamento básico do 
produto, número de dormitórios, tipos de acabamentos, etc; 
c) Confiabilidade: a taxa de falhas por unidade de tempo é uma das medidas 
mais relevantes em bens duráveis; 
d) Conformidade: é o grau de igualdade entre o projeto e os padrões pré-
estabelecidos com o produto final utilizado pelo usuário; 
e) Durabilidade: quanto a um produto ser usado antes de se deteriorar 
fisicamente; 
f) Assistência Técnica: rapidez, cortesia e competência no reparo. 
Para Bernardes et al (1998), se as empresas atenderem as seis dimensões básicas 
para se ter qualidade nos produtos do ponto de vista dos clientes, estarão criando 
condições para minimizar a ocorrência das não-conformidades. 
A norma de desempenho (ABNT, 2013) também apresenta o conceito de vida 
útil, que é importante para compreensão deste trabalho, como “período de tempo em 
que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram 
projetados e construídos considerando a periodicidade e a correta execução dos 
processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e 
Manutenção (a vida útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal e 
certificada) ”. 
Souza e Ripper (1998) definem vida útil como o período no qual as propriedades 
permanecem em níveis superiores aos limites mínimos aceitáveis e, para a elaboração 
de programas de manutenção adequados, assim como orçamentos para a obra, é 
fundamental conhecer a curva de deterioração de cada material. 
Já Oliveira (2013), definiu o termo vida útil como o tempo em que a estrutura 
consegue conservar as mais diversas características aceitáveis de resistência, 
 7 
funcionalidade e aspectos externos. Isso leva em conta o fato de que as estruturas 
citadas devem ser projetadas, construídas e operadas para que, sem necessitar de reparos 
imprevistos com custos indesejados, consigam manter sua aparência, funcionalidade e 
aspectos de segurança a níveis aceitáveis. 
Para Souza e Ripper (1998), o termo desempenho pode ser compreendido como 
o comportamento em serviço de determinado produto, ao longo de sua vida útil. Esse 
desempenho deverá ser representado e medido com o resultado do trabalho a ser 
desenvolvido nas diversas etapas de projeto, construção e manutenção. 
Por sua vez, Borges (2010), diz que o termo desempenho deve ser abordado de 
maneira que se pense primeiramente em termos de fins, ao invés de meios. Deve-se 
levar em conta os requisitos que a construção deverá atender, e não com a prescrição de 
como a mesma deve ser executada. 
A norma de desempenho também define durabilidade como capacidade da 
edificação ou de seus sistemas de desempenhar suas funções, ao longo do tempo e sob 
condições de uso e manutenção especificadas (ABNT, 2013). 
Durabilidade também pode ser definida comoo resultado da interação entre 
diversos elementos, como estrutura de concreto, ambiente e condições de uso, operação 
e manutenção. Ou seja, uma mesma estrutura pode apresentar comportamentos diversos 
nesse aspecto, pois depende de uma série de fatores (HELENE, 2001). 
A NBR 6118 (ABNT, 2014) diz que o termo durabilidade “consiste na 
capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em 
conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de 
elaboração do projeto”. 
Na prática, todas as normas técnicas em vigência no Brasil são prescritas 
definindo caminhos de como executar determinado trabalho, não havendo a cobrança de 
 8 
resultados. Porém, na abordagem de desempenho explicada no parágrafo anterior, deve-
se partir do desempenho desejado de maneira global, ou seja, os fins. 
A NBR 15575-1 (ABNT, 2013) define ainda uma quantidade de anos para 
classificar a vida útil de projeto (VUP) entre mínima, intermediária, superior. A tabela 1 
demonstra esses valores. 
 
Tabela 1- VUP. 
Fonte: ABNT (2013). 
 
A VUP não pode ser confundida com tempo de vida útil, durabilidade, prazo de 
garantia legal ou contratual. 
Segundo a NBR 15575-1 (ABNT, 2013) a VUP é o período estimado de tempo 
para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho 
estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos das normas 
aplicáveis, o estágio do conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento 
da periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no 
respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção. A tabela 2 mostra a VUP das 
diferentes partes da edificação segundo a norma. 
 9 
 
Tabela 2- VUP em diferentes partes da edificação. 
Fonte: ABNT (2013). 
 
É importante destacar também que não conformidades em obras de edificações 
podem ser entendidas como patologias. 
Patologia é definida pela norma de desempenho NBR 15575-1 como não 
conformidade que se manifesta no produto em função de falhas no projeto, na 
fabricação, na instalação, na execução, na montagem, no uso ou na manutenção bem 
como problemas que não decorram do envelhecimento natural (ABNT, 2013). 
 10 
Segundo Andrade e Silva (2005), a patologia em uma estrutura é definida 
quando compromete alguma exigência da construção, seja de caráter funcional, 
mecânico ou estético. 
“Os problemas patológicos têm suas origens motivadas por falhas que ocorrem 
durante a realização de uma ou mais das atividades inerentes ao processo genérico a que 
se denomina de construção civil, processo este que pode ser dividido, em três etapas 
básicas: concepção (planejamento/ projeto/ materiais), execução e utilização” (SOUZA 
e RIPPER, 1998). 
A qualidade obtida em cada etapa é importante no resultado final do produto, na 
satisfação do usuário e no controle de manifestações patológicas nas edificações na fase 
de uso. Com um maior controle de qualidade nestas etapas do processo pode se obter a 
redução ou eliminação dos problemas patológicos futuros. 
2.2 Falhas geradas em diferentes etapas da obra 
2.2.1 Aspectos Gerais 
Couto e Couto (2007), divide o processo de construção em três etapas, sendo 
elas a concepção (cálculos, planejamento, desenhos, etc.), execução (realização de 
atividades respeitando o cronograma da obra) e utilização condizente com o que foi 
previamente projetado 
Embora separadas, deve-se entender que cada etapa citada anteriormente possui 
grande importância para que o produto final atenda a requisitos mínimos de qualidade e 
segurança, a fim de garantir a satisfação do cliente e minimizar a incidência de 
patologias, uma vez que, mesmo não sendo possível extingui-las, é possível controlá-
las. (MACEDO, 2017) 
 11 
Meseguer (1991) aponta na figura 1 os fatores que desencadeiam as falhas que 
resultam nas não conformidades relatadas na construção civil em três fatores. 
 
Tabela 3- Tipos de erros que afetam a qualidade na construção civil. 
Fonte: MESEGUER (1991). 
A tabela 3 demonstra que os fatores que levam à ocorrência de falhas na 
construção civil têm suas origens em quase todas as áreas da organização. Focando nos 
fatores técnicos Souza e Ripper (1998) diz que “o surgimento de problema patológico 
em dada estrutura indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou 
mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para 
falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades. ” 
 12 
 
Tabela 4 -Análise percentual de problemas patológicos 
Fonte: SOUZA e RIPPER (1998). 
 
SOUZA e RIPPER (1998) observam que um aspecto curioso nesta questão tem 
sido a tentação de se procurar definir qual a atividade que tem sido responsável, ao 
longo dos tempos, pela maior quantidade de erros. A tabela 4 demonstra como é 
considerada extensa a lista de pesquisadores que têm procurado relacionar, 
percentualmente, as várias causas para a ocorrência de problemas patológicos. As 
conclusões, entretanto, nem sempre são concordantes, o que se justifica primeiramente 
porque os estudos foram realizados em diferentes continentes, e, em segunda instância, 
porque em alguns casos as causas são tantas que pode ter sido difícil definir a 
preponderante. 
 13 
Nesse sentido, há diversos tipos de patologias que podem surgir em estruturas, 
com causas variadas e consequências prejudiciais ao comportamento da edificação. A 
Figura 1 apresenta gráfico relacionando patologias na estrutura de edificações com suas 
possíveis causas. 
 
Figura 1: Gráfico que relaciona as principais causas de patologias. 
Fonte: Adaptado de COUTO e COUTO (2007). 
 
No presente trabalho, as não-conformidades são consideradas como sinônimo de 
patologias, falhas, tanto internas como externas, e também são aprofundados conceitos 
referentes às falhas internas durante o processo produtivo. 
Vazquez e Santos (2010) desenvolveu estudo para selecionar as não 
conformidades de maiores ocorrências e custos. Através da utilização de um banco de 
dados de solicitações, causas e custos de manifestações patológicas ocorridas na etapa 
de pós-entrega de empreendimentos, comerciais e residenciais multifamiliares. 
A fim de realizar um levantamento das não conformidades, Bernardes et al 
(1998) analisou as edificações de algumas construtoras na cidade de São Paulo, sendo 
que esse estudo foi feito considerando os cinco primeiros anos de existência das 
edificações. 
 14 
Neste item são abordadas as não conformidades identificadas por diversos 
autores que desenvolveram pesquisas sobre o tema. As não conformidades estão 
associadas as etapas executivas de uma edificação, a saber: concepção; execução e 
utilização 
 
2.2.2 Concepção (planejamento/ projeto/ materiais) 
De acordo com Souza e Ripper (1998), várias são as falhas possíveis de ocorrer 
durante a etapa de concepção do empreendimento. Elas podem se originar durante o 
estudo preliminar (lançamento da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a 
elaboração do projeto de execução, também chamado de projeto final de engenharia. 
Thomaz (2001) diz que falhas em projetos e na construção aparecem com muita 
frequência, sem que boa parte dos programas de qualidade exerça com eficácia sua 
principal função de prevenção. 
Constata-se que falhas originadas de um estudo preliminar deficiente são 
responsáveis, principalmente, pelo encarecimento do processo de construção, enquanto 
falhas geradas durante a realização do projeto final de engenharia são responsáveis por 
não conformidades e problemas patológicos como: Elementos de projeto inadequados; 
Falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como os demais projetos 
civis; Especificação inadequada de materiais; Detalhamento insuficiente ou errado; 
Falta de padronização das representações. 
De acordo com Pichi (1993),no decorrer das etapas do processo da construção, 
a qualidade dos materiais utilizados, bem como sua conformidade com as 
especificações é um dos fatores que interferem na qualidade final do produto. Rocha 
(1997) afirma “os problemas patológicos nas edificações devidos à ausência de 
qualidade dos materiais e componentes, tais como a baixa durabilidade em relação à 
 15 
especificada, a falta de rigor dimensional e baixa resistência mecânica são cada vez 
mais frequentes”. 
Fabricantes de materiais têm se mostrado bastante ativos buscando melhorar e 
lançar produtos inovadores no mercado, no entanto, a escolha destes materiais novos 
pode ser dificultada pela deficiência de informações técnicas para guiar e subsidiar a 
especificação e à ausência ou deficiência de normalização correlata (ROCHA 1997). 
 Lungisansilu (2015) afirma que com a multiplicação de novos materiais no 
mercado, sem que sejam realizados devidamente testes para comprovar a conformidade 
com os requisitos e critérios de desempenho, a probabilidade de patologias é 
significativamente crescente estará submetido, a compatibilidade com os demais 
materiais em contato, bem como os custos de aplicação e de possíveis serviços de 
manutenção. 
O bom desempenho dos materiais utilizados na construção de edificações 
depende de um sistema de controle de qualidade que comtempla os processos de 
escolha, aquisição, recebimento e aplicação dos mesmos. Além desses fatores, é crucial 
avaliar as restrições e as exigências decorrentes das condições climáticas como as 
intempéries, o comportamento do material sob condições semelhantes à que que estará 
submetido, a compatibilidade com os demais materiais em contato, bem como os custos 
de aplicação e de possíveis serviços de manutenção. 
É de extrema necessidade exigir que os materiais entregues no canteiro de obra 
sejam de qualidade ou atendam aos requisitos de conformidade. Dessa forma, a 
qualidade na aquisição dos materiais de construção deve comportar os seguintes itens: 
a) Especificações técnicas para compra de produtos; 
b) Controle de recebimento dos materiais em obra; 
c) Orientações para o armazenamento e transporte dos materiais; 
 16 
d) Seleção e avaliação de fornecedores de materiais e equipamentos. 
É sabido que, em uma obra de construção civil, quanto antes for diagnosticado 
um problema, melhor. Como numa fase de projeto, por exemplo, a fim de se evitar 
patologias de ordem estrutural. O custo envolvido numa recuperação da estrutura 
posterior ao término da construção é muito maior se comparado à alguma intervenção a 
nível de projeto ou execução inicial. Diante do total gasto para o erguimento de um 
empreendimento, os custos de projeto variam de 3% a 10% desse valor (DAL MOLIN, 
1988). 
Erros de projeto causados por estudos geotécnicos subdimensionados tem um 
impacto enorme no projeto de fundações, segundo Do Carmo (2003) esses erros 
causados por interpretação equivocada de dados coletados e ensaios, avaliação incorreta 
de valores de esforços atuantes na estrutura, tensão admissível do solo inadequada 
podem manifestar três danos: Na arquitetura, que comprometem a estética da 
edificação. Danos funcionais, que comprometem diretamente o desempenho e 
funcionalidade da edificação, necessitando reforços e reparos para conter o avanço da 
patologia e até mesmo danos estruturais que afetam a vida útil, durabilidade e 
desempenho comprometendo os elementos estruturais da edificação e implicam na 
instabilidade da edificação, podendo levá-la ao colapso. 
2.2.3 Execução 
2.2.3.1 Fundações 
Segundo Schwirck (2005), dentre as falhas envolvendo a execução de 
fundações, pode-se citar o assentamento em solos de diferentes comportamentos dos 
previstos, reaterros mal executados, substituição do solo por material sem compactação 
adequada, sapatas executadas de maneira inadequada, dentre outras. 
 17 
Falhas durante a execução podem causar um dos maiores problemas em 
fundações é o recalque diferencial, que segundo Verçoza (1991), é responsável por 
fissuras, rachaduras, trincas e outras patologias em edifícios. 
As não conformidades podem ser causadas por problemas estruturais, como a 
falta de qualidade do concreto ou a falta de adequação das dimensões e geometria das 
fundações. 
Thomaz (1989), em seu estudo sobre trincas em edifícios, cita que os solos são 
constituídos por partículas sólidas, envoltas por água, ar e material orgânico. Todos os 
solos deformam-se de alguma maneira, pois estão sujeitos a cargas externas. Quando as 
deformações são diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, uma 
grande intensidade de tensões é aplicada na estrutura, podendo gerar trincas 
O recalque diferenciado dos solos e, consequentemente as fissurações das 
construções podem ser causadas por diversos fatores relacionados à fundações 
(MAGALHÃES, 2004), como por exemplo: 
a) Carga de trabalho superior a carga admissível do solo ou de camadas 
inferiores; 
b) Falta de homogeneidade do solo; 
c) Rebaixamento do lençol freático; 
d) Influência de cargas de entorno e vizinhança; 
e) Condições diferenciadas de apoio e carga; 
f) Solapamento, erosão, escavação; 
g) Influência de vegetação ou tubulação adjacente; 
h) Congelamento, inundações, terremotos; 
Alves (2009) aponta ainda que outros problemas em fundações surgem mesmo 
após a conclusão das mesmas. As causas são variadas, é possível citar a alteração no uso 
 18 
da edificação, modificações imprevistas na fase de projeto, execução de grandes 
escavações e oscilações não previstas do nível d’agua. 
 
2.2.3.2 Estrutura 
A NBR 14931(ABNT,2004) define como execução da estrutura de concreto 
todas as atividades desenvolvidas na sua execução, ou seja, sistema fôrmas, armaduras, 
concretagem, cura e outras, bem como as relativas à inspeção e documentação de como 
construído, incluindo a análise do controle de resistência do concreto. Falhas 
construtivas durante a etapa de execução da obra podem causar repercussões danosas ao 
desempenho da estrutura de concreto. 
No que diz respeito à sequência de execução, a NBR 12655(ABNT,2015a) 
estabelece que primeiramente deve ser feita a caracterização dos materiais componentes 
do concreto, seguida de um estudo de dosagem e ajuste e comprovação do traço. Por 
fim, o concreto é preparado, levando em conta novamente, que falhas na concretagem 
podem trazer sérias consequências à estrutura, ainda mais em regiões agressivas ou de 
difícil acesso para inspeções 
Segundo Souza e Ripper (1998) nesta atividade, devem ser tomados todos os 
cuidados necessários ao bom andamento da construção. Assim, uma vez iniciada a 
construção podem ocorrer falhas diversas, associadas a causa como falta de condições 
de local de trabalho, não capacitação profissional da mão de obra, inexistência de 
controle de qualidade de execução e má qualidade de matérias e componentes. 
Ainda Souza e Ripper (1998) ressaltam que se tratando de uma obra de 
edificação habitacional, alguns erros são grosseiros. Casos como falta de prumo, de 
esquadro e de alinhamento de elementos estruturais e alvenarias, desnivelamento de 
pisos, falta de caimento correto em pisos molhados, ou execução de argamassas de 
 19 
assentamento de pisos cerâmicos demasiado espessas, e flechas excessivas em lajes, são 
exemplos de erros facilmente constatáveis. 
Outros erros, no entanto, são de difícil verificação e só poderão ser 
adequadamente observados após algum tempo de uso, como é o caso de deficiências nas 
instalações elétricas e hidráulicas, por exemplo. 
 
2.2.3.3 Vedações 
Magalhães (2004) destaca que as paredes de alvenaria têm como finalidade a 
vedação dos ambientes, os configurando e compartimentando, além disso, elas devem 
ter o controle sobre a ação de agentes externos, criando condições de habitabilidade 
para as edificações e atuando em conjunto com as esquadrias e os revestimentos. 
Dentre os váriosproblemas encontrados em alvenarias pode-se destacar as 
fissuras, desnivelamento de superfície, falta de prumo, entre outros. Segundo Thomaz 
(1989), o problema das fissuras é o mais importante, devido a três aspectos 
fundamentais: o aviso de um eventual estado perigoso para a estrutura, o 
comprometimento do desempenho da obra em serviço (estanqueidade à água, 
durabilidade, isolação acústica etc.), e o constrangimento psicológico que a fissuração 
do edifício exerce sobre seus usuários. 
Segundo observações feitas por Brandão (2007), em edificações no estado de 
Goiás, o maior índice de manifestações patológicas em alvenarias foi verificado na 
etapa executiva da parede, com um percentual de 22%, sendo que desse total, as fissuras 
tiveram um percentual de 69%. 
Na figura 2 pode ser vista a distribuição dessas manifestações. 
 
 20 
 
Figura 2: Percentual de ocorrência de não conformidades. 
Fonte: adaptado de BRANDÃO (2007) 
Brandão (2007) ressalta que as fissuras classificadas como trincas diversas 
(43%) estão relacionadas a diferentes fatores, de acordo com as áreas das edificações 
analisadas. 
Segundo Gonçalves (2015), fissuras podem ser definidas como aberturas que 
afetam a superfície do elemento estrutural, facilitando a entrada e ação de agentes 
agressivos. 
Esse tipo de patologia pode surgir após anos de uso, dias, ou até mesmo horas, e 
suas causas são das mais variadas, assim como seus diagnósticos. As causas destas 
fissuras são várias e de diagnóstico difícil. 
“A fissuração pode ser considerada a patologia que mais ocorre, ou pelo menos a 
que chama mais atenção dos proprietários” (SOUZA e RIPPER, 1998). As trincas 
podem começar a surgir de forma congênita, logo no projeto arquitetônico da 
construção. Os profissionais ligados ao assunto devem se conscientizar de que muito 
pode ser feito para minimizar-se o problema, pelo simples fato de reconhecer-se que as 
 21 
movimentações dos materiais e componentes das edificações civis são inevitáveis. 
(THOMAZ, 1989). 
Na figura 3 Dal Molin (1988) indicou as principais causas de fissuras e suas 
respectivas incidências. 
 
Figura 3: Tipos de fissuras. 
Fonte: DAL MOLIN (1988) 
 
2.2.3.4 Instalações hidrossanitárias 
As instalações hidrossanitárias, além de exercerem sua função de abastecer de 
maneira adequada os usuários, tanto com água fria como quente, condução de esgotos, 
instalações de gás, entre outros, devem também ter a capacidade, dentre outras funções, 
de absorver as deformações e esforços gerados pelos outros sistemas que estão 
interrelacionados com a estrutura do edifício. Assim, o desempenho de um sistema afeta 
outros sistemas e vice-versa, e o desempenho global do edifício deve ser encarado como 
um sistema integrado (BORGES,2008). 
Brandão (2007) realizou uma análise nos relatórios elaborados pelo CREA-GO, 
a fim de obter os itens com maior número de incidências na etapa de instalações 
hidrossanitárias. De acordo com as observações nas edificações pesquisadas, as 
 22 
manifestações patológicas relacionadas às instalações hidráulicas tiveram 9% das 
ocorrências e tiveram seus defeitos distribuídos conforme a figura 4 
 
Figura 4 Patologias nas Instalações Hidrossanitárias. 
Fonte: Adaptado de BRANDÃO (2007). 
2.2.3.5 Instalações elétricas 
No estudo realizado por Bernardes (1998) sobre as não conformidades nas 
instalações elétricas, elas representaram 6,95% do total pesquisado, que ficaram 
classificadas como: defeito em acabamento (48%), cabos soltos (20%), falta de espelho 
(20%), erro no fechamento de circuitos (1%). 
A NBR 5410 (ABNT, 1997), que trata das instalações elétricas de baixa tensão, 
recomenda que as instalações elétricas sejam ensaiadas durante o processo de execução, 
recorrendo-se a alguns testes básicos. Dentre eles pode-se mencionar a verificação do 
isolamento do cabeamento, continuidade das conexões, verificação da resistência do 
eletrodo terra, verificação do funcionamento dos dispositivos de proteção e manobra. 
Thomaz (2001) destaca como falhas gerais em instalações elétricas a falta de 
identificação de circuitos nas caixas de alimentação ou distribuição, instalação de caixas 
 23 
de tomadas ou interruptores em cota errada, caixas e eletrodutos muito reentrantes ou 
muito salientes nas paredes e tetos, eletrodutos com curvas de pequeno raio e/ou 
introduzidos sob tensão em rasgos ou aberturas. 
Conforme mencionado por Thomaz (2001), o choque elétrico é o problema mais 
grave que pode ocorrer em instalações elétricas 
Para as instalações são do tipo elétricas, Rodrigues (2013) cita os seguintes tipos 
principais de patologias: 
a) Interferência entre distribuição elétrica e hidráulica; 
b) Curtos circuitos; 
c) Quedas de luz; 
d) Fiação deficiente; 
e) Defeitos na fabricação de interruptores e tomadas; 
f) Queima de lâmpadas e reatores; 
g) Fios soltos. 
 
2.2.3.6 Acabamentos 
Um sistema de edificação é basicamente composto de estrutura, vedação e 
revestimento. As manifestações patológicas tanto da estrutura ou vedação e do próprio 
revestimento aparecem no revestimento. 
“A principal função dos acabamentos é a de proteção dos elementos estruturais e 
alvenarias de vedação. Os acabamentos protegem a edificação das intempéries 
aumentando sua vida útil e desempenho” (DEUTSCH, 2011). 
Podemos observar nas edificações os seguintes fenômenos, prejudiciais ao 
aspecto de paredes e tetos: 
 24 
a) pintura encontra-se parcial ou totalmente fissurada, deslocando da argamassa 
de revestimento; 
b) existência de formação de manchas de umidade, com desenvolvimento de 
bolor; 
c) existência de formação de eflorescência na superfície da tinta ou entre a tinta 
e o reboco; 
d) a argamassa do revestimento descola inteiramente da alvenaria, em placas 
compactas ou por desagregação completa; 
e) a superfície do revestimento apresenta fissuras de conformações variada; 
f) a superfície do revestimento apresenta vesículas com deslocamento da pintura; 
g) o reboco endurecido empola progressivamente, deslocando do emboço. 
Estes fenômenos podem se apresentar como resultados de uma ou mais causas, 
atuando sobre a argamassa de revestimento, tais como: 
a) tipo e qualidade dos materiais utilizados no preparo da argamassa de 
revestimento; 
b) má proporção das argamassas; 
c) má aplicação de revestimento; 
d) fatores externos ao revestimento; 
As patologias dos acabamentos podem ser separadas em patologias nas 
argamassas e nos revestimentos cerâmicos. Deustch (2011) salienta: 
A base que receberá os revestimentos deverá ser corretamente especificada e 
preparada, para se evitarem problemas de falta de aderência, entre outros. As 
argamassas, assim como o concreto, também são plásticas nas primeiras horas, e 
endurecem com o tempo, ganhando elevada resistência e durabilidade. A correta 
especificação da dosagem é essencial para um bom desempenho e trabalhabilidade. 
 25 
Principais patologias nas argamassas: 
a) manchas de umidade e mofo; 
b) descolamento da argamassa do substrato; 
c) aparecimento de bolhas; 
d) aparecimento de fissuras; 
e) retrações – ocorrem quando a argamassa seca muito rapidamente; um reboco 
em parede muito ensolarada deverá ser mantido úmido por no mínimo três dias, 
adquirindo resistência as tensões de secagem; 
f) pulverulência – excesso de finos nos agregados ou traço pobre. 
As patologias nos revestimentos cerâmicos podem ter origem na etapa de 
projeto, quando são escolhidos os materiais, ou quando o projetista não leva em 
consideração as interações do revestimento com outras partes da construção (esquadrias, 
estrutura etc.), ou na fase de execução. 
As patologias nos revestimentos cerâmicos de pisos são: 
a) caimento inadequado; 
b) manchas decorrentes da umidade ascendente; 
c) deficiência de impermeabilização; 
d) eflorescências; 
e) descolamentos e destacamentos. 
E nos revestimentos de paredes ou fachadas são:a) descolamentos e destacamentos das placas; 
b) trincas e fissuras; 
c) eflorescências; 
d) deterioração das juntas; 
e) bolor. 
 26 
2.2.3.7 Impermeabilização 
Segundo a NBR 9575 (ABNT, 2003), impermeabilização é o produto resultante 
de um conjunto de componentes e elementos construtivos que objetivam proteger as 
construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade. 
As falhas nos processos de impermeabilização causam diversas manifestações 
patológicas em uma edificação. De acordo com Moraes (2002), as origens dos defeitos 
devido aos problemas de projeto podem ocorrer devido a: 
a) Ausência do próprio projeto; 
b) Especificação inadequada de materiais; 
c) Falta de dimensionamento e previsão do número de coletores pluviais para 
escoamento d’água; 
d) Interferência de outros projetos na impermeabilização. 
Entre as causas dos defeitos devido à execução, Moraes (2002) destaca: 
e) Falta de argamassa de regularização que ocasiona a perfuração da 
impermeabilização; 
f) Não arredondamento de cantos e arestas; 
g) Execução de impermeabilização sobre a base úmida, no caso de aplicações de 
soluções asfálticas, comprometendo a aderência e podendo gerar bolhas que 
ocasionarão deslocamento e rupturas da camada impermeabilizante; 
h) Execução da impermeabilização sobre base empoeirada, comprometendo a 
aderência; 
i) Juntas travadas por tábuas ou pedras, com cantos cortantes que podem agredir a 
impermeabilizante; 
j) Uso de camadas grossas na aplicação da emulsão asfáltica, para economia de 
tempo, dificultando a cura da emulsão; 
 27 
k) Falhas em emendas; 
l) Perfuração de mantas pela ação de sapatos com areia, carrinho, etc. 
Pinto (1996), destaca as seguintes patologias: 
a) Desagregação da argamassa, a qual se inicia na superfície dos elementos de 
concreto com uma mudança de coloração, seguida de aumento de fissuras pela 
perda do caráter aglomerante do cimento; 
b) Desagregação de tijolos maciços pela formação de pó de coloração avermelhada 
e na forma de escamas; 
c) Eflorescências: formação de depósitos de sais cristalizados originados pela 
migração de água, rica em sais, do interior da alvenaria ou concreto; 
d) Gotejamento de água pela umidade excessiva que se encontra em um ponto da 
superfície por tensão superficial, caindo por gravidade ao atingir determinado 
volume; 
e) Mancha de umidade devido a parte circunscrita da superfície que se apresenta 
impregnada de água, apresentando cor diferente do restante da mesma; 
f) Vegetação em determinados pontos da estrutura, geralmente em locais com 
fissuras e com umidade; 
g) Formações de bolhas na pintura, que apresentam em seu interior cores branca, 
preta e vermelha acastanhada. 
2.2.4 Utilização 
Após a conclusão e entrega do produto, cabe ao seu usuário cuidar de utilizá-la 
da maneira mais eficiente, com o objetivo de manter as características originais ao 
longo de toda a sua vida útil. A eficiência relaciona-se tanto com as atividades de uso, 
como, por exemplo, garantir que não sejam ultrapassados os carregamentos previstos 
 28 
em projeto, quanto com as atividades de manutenção, já que o desempenho da estrutura 
tende a diminuir ao longo da sua vida útil (ANDRADE e SILVA, 2005). 
Segundo Souza e Ripper (1998), os problemas patológicos ocasionados por 
ausência de manutenção ou mesmo por manutenção inadequada, têm sua origem no 
desconhecimento técnico, na incompetência, no desleixo e em problemas econômicos. 
A falta de destinação de verbas para manutenção pode vir a tornar-se fator responsável 
pelo aparecimento de problemas estruturais de maior gravidade, implicando em grandes 
gastos e, dependendo da situação, pode levar até mesmo a demolição da estrutura. 
Portanto, para garantir a satisfação dos clientes é fundamental que a construtora 
os oriente sobre os procedimentos mais adequados ao melhor aproveitamento da 
edificação, à redução dos custos de manutenção e preservação da sua vida útil, 
minimizando a ocorrência de falhas. Estas informações devem ser apresentadas num 
manual destinado aos proprietários, usuários e administradores das edificações 
O Manual do Usuário, também conhecido como Manual de uso, operações e 
manutenção, auxilia na utilização correta e manutenção do imóvel, contendo as 
principais informações sobre o uso, características construtivas, materiais empregados, 
informações técnicas de projeto, cuidados necessários durante as operações de limpeza, 
manutenção e garantias, orientando sobre os direitos e deveres que assistem aos 
usuários. 
A norma NBR 14037 (ABNT, 2011) o manual de operação, uso e manutenção 
das edificações tem por finalidade 
a) Informar aos usuários as características técnicas da edificação construída; 
b) Descrever procedimentos recomendáveis para o melhor aproveitamento da 
edificação; 
c) Prevenir a ocorrência de falhas e acidentes decorrentes do uso inadequado; 
 29 
d) Contribuir para o aumento da durabilidade da edificação 
De acordo com a norma NBR 15575 (ABNT, 2013), o Manual de uso, operação 
e manutenção deve conter informações como prazos de garantia, vida útil de projeto, a 
correta utilização da edificação, cronograma de manutenções, áreas de acesso, 
especificação dos materiais utilizados. 
O Manual de uso operação e manutenção deve ser claro e direto evitando assim 
que se torne um problema. Manuais confusos e burocráticos não cumprem a função de 
orientar e guiar os usuários da edificação, principalmente no Brasil onde a população 
tem a cultura de realizar reformas e manutenções, mesmo que pequenas, sem a 
participação de profissionais especializados ou regulamentados. 
 Essas reformas ilegais e manutenções, muitas vezes incorretas, comprometem o 
desempenho da edificação. Por exemplo, reformas em obras de alvenaria estrutural, 
onde o usuário por conta própria remove ou abre janelas ou portas em paredes que 
exercem função estrutural e não somente de vedação. Esta intervenção tem serias 
consequências podendo causar até o colapso da estrutura. 
O objetivo principal da elaboração do Manual de Operação, Uso e Manutenção 
de Edificações é manter a comunicação entre fornecedores e proprietários de forma 
simples, clara, direta e de fácil compreensão, sem utilizar recursos sofisticados ou 
técnicos de linguagem. 
Logo, um bom Manual do Proprietário, com informações precisas, tornará a fase 
de utilização, que é a mais longa de todo processo construtivo, segura e satisfatória ao 
usuário. 
2.3 Custos das não conformidades 
Para Carpinetti e Rossi (1998), a execução dos serviços no canteiro de obras, 
“interferem diretamente nos custos, na produtividade e na qualidade do produto final da 
 30 
construção civil e quando mal gerenciados ocasionam grandes desperdícios, tanto de 
materiais como de mão de obra”. Thomaz (2001) diz que boa parte das não 
conformidades em obras, “ocorrem principalmente devido às omissões, à falta de 
projetos executivos, falhas de detalhamento ou estudo insuficiente das interferências, 
além de outros intervenientes que ocorrem muitas vezes até por desconhecimento dos 
processos”. 
Com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) através da Lei 
nº 8078 de 1990, foram introduzidos diversos direitos e garantias aos consumidores. 
Estes direitos foram ampliados ainda mais com o novo Código Civil de 2003 e 
reforçados com o surgimento do Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor 
(PROCON). Para adaptar-se às mudanças da legislação e ao novo perfil de consumidor, 
o setor da construção civil teve que readequar seus processos, em busca de uma melhor 
eficiência qualidade do produto “edificação” (VAZQUEZ e SANTOS,2010). 
As empresas de construção civil, de acordo com Souza (1995), têm consciência 
do elevado índice de desperdícios que estão presentes nos processos produtivos, e 
sabem que o combate aos mesmos possibilita redução de custos de produção e aumento 
de competitividade tãoimportantes no mercado atual. 
As falhas construtivas geram gastos na etapa de pós-ocupação, onerando os 
custos previstos inicialmente do empreendimento, quando da elaboração e quantificação 
inicial. Além disto, a incidência das patologias nas edificações tem gerado despesas 
extras aos condomínios de edifícios que, muitas vezes precocemente, têm que submetê-
las a intervenções que poderiam perfeitamente ser evitado (SILVA, 2008). 
Vazquez e Santos (2010) apresentam um estudo estatístico com informações de 
um banco de dados de uma grande construtora. Estes dados ajudam a caracterizar a 
relação das patologias ocorridas nos empreendimentos estudados e sua respectiva causa. 
 31 
 
Tabela 5: Solicitação por causa- jan2005/mai2008 
Fonte: VAZQUEZ e SANTOS(2010) 
Vazquez e Santos (2010) transformam os dados da tabela 5, obtidos nos 40 
meses de 2005 a 2008, em um gráfico conforme demonstrado na figura 5. 
 32 
 
Figura 5: Gráfico das solicitações. Jan2005/Mai2008 
Fonte: VAZQUEZ e SANTOS (2010). 
De acordo com a Figura 5, as instalações hidráulicas são as mais recorrentes de 
todas as causas de não conformidades, atingindo 25,79% do universo amostral das 
solicitações nesses 40 meses. Em seguida temos impermeabilização, pintura e limpeza 
com 15,95% e 7,88% respectivamente. Na tabela 6 é possível ver o custo dessas 
patologias. 
 33 
 
Tabela 6: Custo por causa- jan2005/mai2008. 
Fonte: VAZQUEZ e SANTOS (2010) 
 
Observa-se na tabela que mesmo sendo a causa com maior número de 
ocorrências o custo das instalações hidrossanitárias é menor que o da 
 34 
impermeabilização. “Logo, não significa que certa patologia possua número de 
incidência e custos igualmente proporcionais” (VAZQUEZ, 2010). 
Surge dessa forma à necessidade de controlar a qualidade para evitar o custo da 
não-conformidade e segundo Tschohl (1996), fazer o trabalho corretamente pela 
primeira vez, impedindo consequentes reclamações, produz nos clientes maior 
satisfação e maior lealdade à marca. O desperdício é mais uma característica deste custo 
para a empresa e se manifesta na forma de falhas na fase de pós-ocupação das obras, 
caracterizadas por patologias construtivas. 
Os desperdícios são normalmente denominados no meio técnico da construção 
civil como subprodutos das não conformidades (MALDANER, 2003). 
Thomaz (2001) afirma que os desperdícios de insumos e a má utilização da mão 
de obra na construção civil são acentuados quando comparados àqueles da maioria das 
indústrias fixas, Souza (1995) afirma que o desperdício é característica marcante no 
setor da construção civil. Ele é um dos indicadores da existência dos custos da não 
qualidade que resultam de falhas internas dentro do processo de produção das empresas. 
2.4 Não conformidades devido à NBR 15575:2013 
Diferentemente da versão anterior da NBR 15575 de 2008 a nova versão da 
norma deixa de abordar apenas os edifícios de até cinco pavimentos para tratar de todos 
os novos edifícios residenciais. Além dessa mudança uma série de outros requisitos 
foram incorporados, não somente aos itens que já existiam, mas também a novos, como 
por exemplo os desempenhos térmicos, acústicos e lumínicos. 
A edificação deve reunir características que atendam às exigências de 
desempenho térmico, considerando-se as zonas bioclimáticas definidas na NBR 15.220 
-Desempenho Térmico de Edificações. A norma apresenta ainda níveis mínimos de 
iluminância (natural e artificial) para os ambientes. Com relação ao desempenho 
 35 
acústico, a edificação deve atender ao limite mínimo de desempenho estabelecido nas 
partes 3, 4 e 5 da NBR 15.575. 
Portanto, ainda não há estatísticas sobre as não conformidades associadas a 
norma de desempenho que foi revisada em 2013, porém em função das exigências uma 
nova tendência de não conformidades certamente será gerada em relação ao 
desempenho das edificações. 
 36 
3 CONTROLE DA QUALIDADE EM OBRAS DE 
EDIFICAÇÕES 
3.1 Definições 
Thomaz (2001) propõe definir qualidade como “o conjunto de propriedades de 
um bem ou serviço que redunde na satisfação das necessidades de seus usuários, com a 
máxima economia de insumos e energia, com a máxima proteção à saúde e integridade 
física dos trabalhadores na linha de produção, com a máxima preservação da natureza” 
Para Deming (1990) o termo qualidade deve ser entendido como o atendimento 
às necessidades atuais e futuras do consumidor, o autor acredita que as empresas devem 
compreender e oferecer produtos que satisfaçam as necessidades dos clientes, propondo 
um direcionamento empresarial voltado para a melhoria da qualidade através do 
controle dos processos produtivos. Ainda Deming (1993) diz “Qualidade é tudo aquilo 
que melhora o produto do ponto de vista do cliente”. Para Crosby (1994) “Qualidade é a 
conformidade do produto às suas especificações. ” As necessidades devem ser 
especificadas, e a qualidade é possível quando essas especificações são obedecidas sem 
ocorrência de defeito. 
A norma de qualidade NBR ISO 9000 (ABNT, 2015) diz que a qualidade é o 
“grau em que um conjunto de características inerentes de um objeto satisfaz requisitos”, 
portanto qualidade pode ser acompanhada dos adjetivos má, boa ou excelente e afins. 
A NBR ISO 9000 (ABNT, 2015) apresenta outros conceitos relacionados a 
qualidade, entre eles surge o controle da qualidade definido como “parte da gestão da 
qualidade focada em prover atendimento dos requisitos da qualidade” 
Além do conhecimento sobre os diversos conceitos de qualidade apresentados, 
as empresas necessitam ter uma visão sistêmica de todo o processo empresarial para que 
seja facilitada a implantação do sistema de gestão da qualidade (SOUZA, 1995). 
 37 
 
3.2 Aspectos Históricos 
Garvin (1992) diz que o Controle de Processo foi abordado pela primeira vez 
por Shewhart na obra Economic Control of Quality, em 1931. Nesta publicação, 
Shewhart define de forma precisa e mensurável o controle de fabricação, admite a 
existência da variação no produto e desenvolve técnicas de como distinguir as variações 
aceitáveis das flutuações que indicassem problemas. Este foi o primeiro passo para o 
controle estatístico da qualidade. 
Segundo Picchi (1993), os métodos estatísticos possibilitam uma inspeção mais 
eficiente, eliminando a necessidade de checar 100% das peças, mas mantendo ainda o 
enfoque corretivo e não influindo no enorme número de produtos defeituosos 
sucateados. 
No Brasil os primeiros movimentos em relação ao controle de qualidade 
ocorrem a partir da década de 40 com a criação da ABNT. A ABNT é o Foro Nacional 
de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em 
28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por meio de diversos 
instrumentos legais. A ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras 
(ABNT NBR), elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de 
Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE) 
(ABNT, 2011). 
A criação de uma organização Nacional de normalização terminou ligada ao 
desenvolvimento da construção civil e a um domínio técnico bem específico - o uso do 
concreto armado. De maneira até surpreendente, os engenheiros civis brasileiros 
tiveram condições de avançar de modo pioneiro em termos mundiais e puderam 
 38 
perceber, de forma imediata e relativamente autônoma, as necessidades e o potencial da 
normalização 
Desde 1950, a ABNT atua também na avaliação da conformidade e dispõe de 
programas para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade 
está fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e 
alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo 
credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados. 
As primeiras Normas Técnicas Brasileiras: a NB-1 – Cálculo e Execução de 
Obras de Concreto - ea MB-1 – Cimento Portland – Determinação da Resistência à 
Compressão. Os dois documentos já vinham sendo utilizados pela engenharia nacional, 
tendo sido elaborados ainda no final dos anos 1930 (ABNT, 2011) 
Em 1992 foi lançado o PBQP-H, que propõe organizar o setor da construção 
através da melhoria da qualidade nas obras brasileiras frente a iminente competição 
global aliado à modernização de toda a cadeia produtiva. Carpinetti e Rossi (1998) 
dentre os programas de qualidade, além das normas ISO o PBQP-H tem se difundido 
com boa aceitação, em nível nacional. 
O PBQP-H foi instituído pela Portaria nº 134, de 18 de dezembro de 1998, do 
Governo Federal, tendo por objetivo básico: “apoiar o esforço brasileiro de 
modernidade e promover a qualidade e produtividade do setor da construção 
habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele 
produzidos”. 
No ano de 2000, seu propósito foi ampliado, passando a englobar também as 
áreas de saneamento e infraestrutura urbana, e passou a se chamar Programa Brasileiro 
da Qualidade e Produtividade na Construção Habitat, conceito então mais amplo e que 
reflete melhor a sua área de atuação (PBQP-H, 2017). 
 39 
O PBQP-H foi estruturado em projetos, sendo que cada projeto corresponde a 
um conjunto de ações que contribui diretamente para o desenvolvimento do Programa, e 
busca solucionar um problema específico na área da qualidade da construção civil. Para 
este trabalho convém abordar o SiAC. 
3.3 O processo como ponto de partida 
A providência inicial para dar o início no desenvolvimento do controle da 
qualidade de uma obra é estabelecer o processo de cada atividade a ser desenvolvida e 
em seguida identificar os materiais e atividades críticas dos mesmos para estabelecer 
como o controle da qualidade deve atuar. 
3.3.1 Conceito de processo 
Segundo Davenport (1994), “um processo é um conjunto de atividades 
estruturadas e medidas destinadas a resultar em um produto especificado para um 
determinado cliente ou mercado”. Ainda Davenport (1994) o processo “é uma 
ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, 
um fim, e inputs e outputs claramente identificados: uma estrutura para a ação. ” 
Citando Gomes (2006), “os processos correspondem a um conjunto de recursos 
e atividades inter-relacionados que recebe insumos e transforma-os, de acordo com uma 
lógica pré-estabelecida e com agregação de valor, em produtos-serviços, para 
responderem às necessidades dos clientes”, reiterando a articulação da idéia, proposta 
por Davenport, de processo de trabalho ao fornecimento de um produto com clientes 
específicos. Assim, um processo é uma sequência especifica de atividades orientadas à 
ação através do tempo e lugar, com um começo e fim, e com entradas e saídas 
claramente identificadas. 
 
 40 
3.3.2 Como desenhar o processo 
Processos apresentam algumas características muito claras. Uma primeira delas 
é a delimitação: têm um começo e um fim claramente estabelecidos. Em geral, os 
processos tendem a articular-se entre si no interior de uma organização ou no âmbito da 
cadeia de suprimentos. Com isso, normalmente o fim de um processo é o evento de 
disparo (início) de outro processo. Isto faz com que a intervenção de redesenho de um 
processo leve em conta essas ligações com outros. Dificilmente é possível alterar apenas 
um processo, isoladamente. Por exemplo, não é possível alterar o processo de gestão de 
estoques de suprimentos sem intervir também no processo de sua aquisição. 
O Fluxograma, ou gráfico de processamento para análise administrativa, é a 
representação de fenômenos quaisquer, traduzindo, de um ponto de vista, um raciocínio 
esquematizado, cujo objetivo é facilitar a compreensão da exata tramitação de certo 
fluxo de trabalho, de um formulário ou de uma rotina (CURY,2000). Esta ferramenta é 
uma representação gráfica que mostra todos os passos de um processo. Serve para 
descrever e estudar um processo ou planejar as etapas de um novo 
Rossato (1996) descreve Fluxograma como uma ferramenta fundamental, tanto 
para o planejamento (elaboração do processo) como para o aperfeiçoamento (análise, 
crítica e alterações) do processo. 
Um Fluxograma pode ser construído: (ROSSATO, 1996) 
a) Para identificar o fluxo atual ou o fluxo ideal do acompanhamento de 
qualquer produto ou serviço, no sentido de identificar desvios; 
b) Para verificar os vários passos do processo e se estão relacionados entre si; 
c) Na definição de projeto, para identificar as oportunidades de mudanças, na 
definição dos limites e no desenvolvimento de um melhor conhecimento detodos os 
membros da equipe; 
 41 
d) Nas avaliações das soluções, ou seja, para identificar as áreas que serão 
afetadas nas mudanças propostas, etc. 
Para a elaboração de um Fluxograma é necessário: 
a) Envolver as pessoas que participam do processo 
b) Identificar as fronteiras do processo, mostrando o início e o fim, usando sua 
simbologia adequada (ROSSATO, 1996); 
c) Documentar cada etapa do processo, registrando as atividades, as decisões e 
os documentos relativos ao mesmo (ROSSATO, 1996). 
As vantagens do Fluxograma são: 
a) Definir claramente os limites do processo. 
b) Útil no treinamento de novos funcionários. 
c) Utiliza símbolos simples (linguagem padrão de comunicação). 
d) Visão global do processo. 
e) Assegura solução para todas as alternativas. 
f) Identifica ciclos de retrabalho. 
g) Facilita a identificação de clientes e fornecedores. 
3.3.3 Identificação de pontos críticos nas atividades para ação do controle da 
qualidade 
Segundo Suzuki (2000), para se obter qualidade é necessário controlar cada 
serviço, isto é, padronizar e planejar sua execução, treinar a mão de obra envolvida, 
fazer de acordo com o que foi planejado, checar o que foi realizado e enfim tomar ações 
corretivas quando necessário. 
Nos processos críticos, é necessário destacar a identificação dos pontos de 
inspeção (onde realizar), as formas de controle (quando realizar) e os métodos de 
monitoramento (SANTOS, 2003). 
 42 
Thomaz (1999), a seguinte classificação: 
a) Falhas Críticas (FC) – Não conformidades que podem afetar a segurança ou a 
durabilidade da obra, interferir seriamente com outros serviços, prejudicar as 
condições de saúde e segurança no trabalho; 
b) Falhas Graves (FG) – Não conformidades que podem repercutir em importantes 
desperdícios ou retrabalhos, comprometer a programação e os prazos e 
prejudicar o desempenho da obra acabada; 
c) Falhas Secundárias (FS) – Não conformidades que produzem pequenos 
desperdícios, podendo, todavia, sofrer correções nem muito onerosas ou nem 
muito trabalhosas. 
Ainda Thomaz (1999), afirma que as falhas devem ser prevenidas através de 
controle da qualidade mais ou menos rigorosos, com uma ponderação sugerida em 
função de sua importância, como a seguir: 
a) Controles Essenciais (CE) – São aqueles vitais para garantia do desempenho dos 
processos; 
b) Controles Importantes (CI) – Destinados a melhorar a qualidade, evitar 
desperdícios, cumprir programação; 
c) Controles Ocasionais (CO) – Otimizam a qualidade dos serviços e da obra. 
Essa classificação leva em conta as repercussões negativas de uma falha 
específica, como a possibilidade de comprometimento na cadeia de qualidade dos 
serviços seguintes. 
A definição do tipo de controle e da forma de inspeção dependerá da época e das 
condições de normalidade. A figura 6 traz um fluxograma elaborado por Thomaz (1999) 
a fim de ilustrar as possibilidades do tipo de controle da qualidade a ser realizado 
 43 
 
Figura 6- Fluxograma das possibilidades de controle 
Fonte: THOMAZ (1999) 
 
3.4 O controle da qualidade na execução de Edificações 
3.4.1 Tipos de controle em diferentes etapas 
Visando a conformidade do produto final e utilizando a classificação proposta 
por Thomaz (1999) descrita no item

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