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ELETROTÉCNICA Diogo Braga da Costa Souza Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 S719e Souza, Diogo Braga da Costa. Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro em 2017. ISB N 978-85-9502-055-9 1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues, Rodrigo. II. Título. CDU 621.3 Livro_Eletrotecnica.indb IILivro_Eletrotecnica.indb II 06/03/2017 15:20:1306/03/2017 15:20:13 Motores elétricos I Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identifi car o princípio de funcionamento de um motor elétrico. Relacionar as características de diferentes tipos de motores CC. Diferenciar conceitos como torque, potência e rotação de motores elétricos. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a primeira parte sobre motores elétricos: você vai aprender a identificar o princípio de funcionamento de um motor elétrico, relacionar as características de diferentes tipos de motores CC e conhecer conceitos como torque, potência e rotação de motores elétricos. Princípio de funcionamento Os motores elétricos são capazes de transformar energia elétrica em energia mecânica, o que permite a movimentação de cargas (como em esteiras), a ventilação de ambientes, entre outras aplicações. Para que isso aconteça, o motor elétrico possibilita o giro de seu eixo pela interação magnética dos campos magnéticos da parte girante, denominada rotor, e da parte estática, denominada estator. Os campos magnéticos presentes nos motores elétricos surgem pelo princípio de Ampère, que diz que, quando uma corrente circula em um determinado condutor, no seu entorno é gerado um campo magnético de intensidade proporcional à intensidade de corrente e à quantidade de espiras dos enrolamentos (UMANS, 2014). As interações entre campos magnéticos são possíveis pela força eletro- magnética, isto é, a repulsão ou atração de corpos, o que depende do tipo de polaridade magnética: polos iguais se repelem e polos diferentes se atraem (veja a Figura 1). Essa força de interação magnética, quando aplicada a corpos Eletrotecnica_U04_C07.indd 305Eletrotecnica_U04_C07.indd 305 06/03/2017 15:23:4606/03/2017 15:23:46 móveis, possibilita a sua movimentação. Nos motores elétricos, o eixo se encontra móvel, girante, e a interação magnética de atração e repulsão entre os campos magnéticos o movimenta. Figura 1. Interação de polos magnéticos. O comportamento da força física ocasionada no campo magnético se rela- ciona com o vetor da tensão aplicada às bobinas e o vetor campo magnético, sendo que a força magnética é sempre perpendicular ao plano desses dois vetores, como pode ser visualizado na Figura 2 (UMANS, 2014). Figura 2. Regra da mão direita para o sentido da força magnética. Fonte: Borges e Nicolau (2011). Eletrotécnica306 Eletrotecnica_U04_C07.indd 306Eletrotecnica_U04_C07.indd 306 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 A Figura 3 representa o princípio de funcionamento de um motor CC, onde o campo da parte estática é sempre fixo. Para que haja a mudança de polos, possibilitando um giro constante do motor, o campo da parte girante modifica sua polaridade por meio de uma reversão da alimentação realizada pelo comutador. A força magnética que proporciona o giro pode ser visualizada pelo vetor vertical, ocasionado pelo sentido da corrente que passa na bobina móvel e pelos polos de interação instantâneos (KOSOW, 2005). Figura 3. Funcionamento simplificado do motor CC. Fonte: photoiconix/Shutterstock Na Figura 4 conseguimos identificar os estados de atração e repulsão de interação entre os campos do estator e do rotor, o que possibilita o movimento de giro destes motores (SIEMENS, 2006). 307Motores elétricos I Eletrotecnica_U04_C07.indd 307Eletrotecnica_U04_C07.indd 307 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Figura 4. Princípio de funcionamento do motor CC. Fonte: Siemens (2006). Os motores elétricos de corrente alternada não necessitam de comutadores para inverter as polaridades magnéticas das bobinas do rotor do motor, conforme acontece nos motores de corrente contínua, pois há inversão do sentido da corrente proveniente da alimentação elétrica que provoca a inversão dos polos magnéticos. Motores elétricos de corrente contínua Os motores de corrente contínua são aplicados em sistemas onde é necessária a utilização de um controle de velocidade preciso, pois, ao variar sua tensão de alimentação, é possível modifi car a velocidade na qual o motor se encontra. No passado este tipo de motor era o único a proporcionar uma variação de Eletrotécnica308 Eletrotecnica_U04_C07.indd 308Eletrotecnica_U04_C07.indd 308 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 velocidade com baixo índice de queda de torque, com a variação do nível de tensão. Hoje existem métodos assertivos de controle de velocidade em motores de corrente CA que inviabilizam grande parte das aplicações dos motores CC. Os motores CC possuem basicamente as seguintes partes (WEG, 2013): 1. No estator: ■ Carcaça, a qual protege as partes internas e conduz o fluxo magnético. ■ Polos de excitação, que são formados por bobinas, as quais são enroladas em chapas de aço laminadas, e são conhecidas como sapatas polares. ■ Enrolamentos de compensação, que são elementos distribuídos sobre a sapata polar de forma a distribuir uniformemente a indução magnética no entreferro do estator. ■ Escovas, que são elementos estáticos que conectam a fonte de energia à parte girante do motor, de forma a alimentar as bobinas do rotor. 2. No rotor: ■ Enrolamentos, que são bobinas enroladas em chapas de aço lamina- das, as quais criam o campo magnético do rotor. Esses enrolamentos são interligados ao comutador. ■ Comutador, que é o elemento que inverte a polaridade de campo magnético do rotor, de forma a possibilitar o giro contínuo do eixo. ■ Eixo, que é o elemento interligado mecanicamente à carga, transmi- tindo a potência mecânica desenvolvida pelo motor. Tipos de excitação em motores CC Os motores CC possuem dois tipos de bobinas enroladas ao estator: a bobina série e a bobina paralela, sendo que elas interagem com o campo criado pelo rotor de formas diferentes. A bobina série proporciona controles de torque, enquanto a bobina paralela proporciona o controle de velocidade do eixo (WEG, 2013). O enrolamento da armadura se refere às bobinas do rotor (parte móvel), sendo que estas produzirão campos magnéticos de interação com o campo do estator. Veja na Figura 5 um esquema em que RA representa a resistência da bobina da armadura, e E, a força contraeletromotriz na armadura. 309Motores elétricos I Eletrotecnica_U04_C07.indd 309Eletrotecnica_U04_C07.indd 309 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Figura 5. Máquina CC ligação independente. Fonte: WEG (2013). Com a alimentação dessas bobinas, conseguimos diferenciar o funcio- namento do motor CC. As possíveis interligações são apresentadas a seguir: Excitação independente: entre as bobinas do estator, alimenta-se somente a bobina paralela, a qual proporciona ao motor um controle de veloci- dade, desde que não haja sobrecargas ao motor, ou seja, desde que seu conjugado varie até o valor máximo do conjugado nominal. Esse tipo de excitação permite o controle de tensão na armadura, a variação de potência em relação à velocidade, mantendo o torque constante; ou, no campo, a variação do torque inversamente proporcional à velocidade, mantendo o valor da potência (WEG, 2013). Figura 6. Máquina CC ligação independente. Fonte: WEG (2013). Eletrotécnica310 Eletrotecnica_U04_C07.indd 310Eletrotecnica_U04_C07.indd 310 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Figura 7. Conjugado x velocidade em máquina CC ligação independente. Fonte: WEG (2013). Excitação série: entre as bobinas do estator, é alimentada somente a bobina série, conforme a Figura 8,o que proporciona ao motor uma capacidade de sobrecarga sem uma elevação drástica de consumo ener- gético, mas com uma redução quadrática do valor da velocidade. Essa característica pode ser analisada na Figura 9, que representa grafica- mente a relação entre conjugado e velocidade (WEG, 2013). Figura 8. Máquina CC ligação série. Fonte: WEG (2013). 311Motores elétricos I Eletrotecnica_U04_C07.indd 311Eletrotecnica_U04_C07.indd 311 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Figura 9. Conjugado x velocidade em máquina CC ligação série. Fonte: WEG (2013). Excitação composta: As duas bobinas do estator são alimentadas, de forma a aplicar o controle de velocidade e o controle de torque, sendo que a variação de conjugado interfere menos na velocidade em comparação à excitação série. Essa ligação é identificada na Figura 10 (WEG, 2013). Figura 10. Máquina CC ligação composta. Fonte: WEG (2013). Eletrotécnica312 Eletrotecnica_U04_C07.indd 312Eletrotecnica_U04_C07.indd 312 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Figura 11. Conjugado x velocidade em máquina CC ligação composta. Fonte: WEG (2013). Para saber mais sobre a especificação dos motores elétricos, leia Motores Elétricos: Guia de Especificação (WEG, 2016). Grandezas mecânicas dos motores elétricos Para a caracterização mecânica dos motores elétricos, é necessária a associação de suas grandezas mecânicas, descritas a seguir (WEG, 2016): Torque: também denominado momento, é a medida do esforço ne- cessário para girar o eixo e a carga acoplada a ele. Pode ser calculado pela força vezes o comprimento da alavanca, sendo que quanto maior for essa alavanca, maior será a força transversal possível aplicando o mesmo torque. 313Motores elétricos I Eletrotecnica_U04_C07.indd 313Eletrotecnica_U04_C07.indd 313 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Potência: é a grandeza que interliga as energias, sendo que esta é o valor da demanda de energia elétrica transformada para energia mecânica pelo motor elétrico. Velocidade: é a grandeza relativa à velocidade do eixo, sendo normal- mente identificada em rotações por minuto (rpm); Os motores elétricos exercem trabalho mecânico a partir do consumo de energia elétrica, sendo assim, possuem torque no eixo referente à potência ativa entregue ao eixo e na velocidade na qual esse eixo se encontra, o que é representado pela seguinte expressão: Onde: τ = é o torque no eixo do motor; P = é a potência mecânica do motor; ω = é a velocidade do eixo do motor. Com essa relação é possível associar essas três grandezas mecânicas a fim de determinar que o torque nos motores elétricos é diretamente proporcional à potência mecânica e inversamente proporcional à velocidade do motor. Isso determina suas limitações: esse tipo de máquina elétrica tende a acionar cargas de alto torque em baixas velocidades. Se esse tipo de carga necessitar alta velocidade de trabalho, deverão ser utilizados motores que possuam alta potência mecânica. Os motores elétricos de corrente contínua até hoje são muito utilizados na produção têxtil, pois qualquer esforço maior aplicado ao tecido pode danificá-lo. Assim, aplica- -se um sistema de controle, com sensores que monitoram esse esforço, variando a velocidade dos motores: aumentando-a em caso de afrouxamento, e reduzindo-a se o tecido estiver muito esticado (SIEMENS, 2006). Eletrotécnica314 Eletrotecnica_U04_C07.indd 314Eletrotecnica_U04_C07.indd 314 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 1. Os motores elétricos: a) Transformam energia mecânica em elétrica. b) Permitem gerar potência elétrica. c) Transformam energia elétrica em mecânica. d) Geram tensões elétricas. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 2. Os motores elétricos basicamente são constituídos por: a) Rotor e estator. b) Indutor e rotor. c) Coletor e estator. d) Comutador e indutor. e) Capacitor e estator. 3. São parâmetros mecânicos importantes para os motores elétricos: a) Número de fases, velocidade e tensão. b) Torque, corrente e número de fases. c) Tensão, velocidade e corrente. d) Torque, potência e velocidade. e) Número de fases, frequência da rede e velocidade. 4. As principais vantagens dos motores de corrente contínua são: a) Menor custo e maior velocidade. b) Velocidades mais precisas e possibilidade de variação de velocidade. c) Maior velocidade e menor consumo. d) Maior torque e maior rendimento. e) Menores custos e maiores rendimentos 5. O que são servomotores CC e para que servem? a) São motores CC de precisão, apresentam velocidades constantes e maior torque. b) Motores CC para elevadas rotações. c) Motores CC de baixo custo. d) Motores CC de velocidade única. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 315Motores elétricos I Eletrotecnica_U04_C07.indd 315Eletrotecnica_U04_C07.indd 315 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 BORGES; NICOLAU. Cursos do Blog – Eletricidade: voltando ao segundo fenômeno eletromagnético. [S.l.]: Os Fundamentos da Física, 2011. Disponível em: <http://os- fundamentosdafisica.blogspot.com.br/2011/11/cursos-do-blog-eletricidade.html>. Acesso em: 23 fev. 2017. KOSOW I. L. Maquinas elétricas e transformadores. 15. ed. São Paulo: Globo, 2005. SIEMENS. Motores de corrente contínua: guia rápido para uma especificação precisa. [S.l.]: Siemens, 2006. Disponível em: <http://marioloureiro.net/tecnica/electrif/Mo- tores_CC_ind1.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017. UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. WEG. DT – 3: características e especificações de motores de corrente contínua e conversores CA/CC. Jaraguá do Sul: WEG, 2013. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/ wegnet/WEG-curso-dt-3-caracteristicas-e-especificacoes-de-motores-de-corrente- -continua-conversores-ca-cc-artigo-tecnico-portugues-br.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017. WEG. Motores elétricos guia de especificação. Jaraguá do Sul: WEG, 2016. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-guia-de-especificacao-de-motores- -eletricos-50032749-manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017. Eletrotécnica316 Eletrotecnica_U04_C07.indd 316Eletrotecnica_U04_C07.indd 316 06/03/2017 15:23:4706/03/2017 15:23:47 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: