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MarlonBarrosDeLima-DISSERT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
ESCOLA DE MÚSICA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA 
 
 
 
 
 
 
 
MARLON BARROS DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS E SUGESTÕES INTERPRETATIVAS EM 3 OBRAS PARA TROMBONE 
SOLISTA DO MAESTRO DUDA: Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e 
Suíte Monette. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2017 
 
MARLON BARROS DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS E SUGESTÕES INTERPRETATIVAS EM 3 OBRAS PARA TROMBONE 
SOLISTA DO MAESTRO DUDA: Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e 
Suíte Monette. 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Música (PPGMUS) da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(UFRN), na linha de pesquisa 2 – Processos e 
Dimensões da Produção Artística, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
Mestre em Música. 
 
Orientador: Prof. Dr. Ranilson Bezerra de 
Farias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que este 
momento fosse possível, acreditando e me apoiando durante minha trajetória até os dias 
atuais... 
Em especial, dedico aos meus pais, Marluce Barros e Fernando Lima (Beiçola do 
Cavaco), e ao meu irmão Emanoel Barros, base familiar que sempre me incentivou e apoiou 
na realização dos meus sonhos. 
À minha noiva Emanuelly Barbosa por estar sempre junto apoiando minhas atividades 
e vivendo comigo cada sonho profissional desde minha primeira Graduação. 
Aos meus familiares, que sempre me apoiaram, acreditando na minha carreira, 
torcendo para que tudo desse certo durante toda minha vida. 
Ao meu orientador Ranilson Farias por mostrar os melhores caminhos a serem 
seguidos durante o Mestrado além de toda paciência, compreensão e ensinamentos. 
Além de todos os amigos que me apoiaram durante esses 2 anos de muita luta. 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente, quero agradecer a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de ser 
músico, orientando minhas escolhas. 
Aos meus familiares, amigos, colegas de trabalho, alunos e demais pessoas que, em 
algum momento da minha vida, me apoiaram nessa batalha. 
Ao Maestro Duda por ceder seu tempo e informações valiosas para realização deste 
Trabalho, dispondo do seu momento de lazer para realização da entrevista que substanciou 
essa Pesquisa. 
À família do Prof. Radegundis Feitosa (in memoriam), através do seu filho 
Radegundis Tavares, que cedeu diversos materiais contribuindo para a realização deste 
Trabalho. 
Aos membros do Quinteto Brassil, Ayrton Benck, Valmir Vieira, Alexandre Magno, 
Cisneiro Andrade, Gláucio Xavier e Glauco Andreza por disponibilizarem materiais que 
contribuíram para o desenvolvimento da pesquisa. 
Aos professores que aceitaram participar das bancas examinadoras, Radegundis 
Tavares, Germanna Cunha e Alexandre Magno. 
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em especial, ao Prof. Ranilson Farias, 
meu orientador, pelos ensinamentos e conselhos durante nossas aulas e diversos momentos 
durante os 2 anos do Curso. 
Ao Prof. Gilvando Azeitona e toda sua classe de alunos de trombone da UFRN, que 
me apoiaram e fizeram como que me sentisse em casa, compartilhando de inúmeros 
momentos de felicidade durante esses 2 anos... muitas brincadeiras e resenhas... 
Aos meus companheiros da Turma 2016 do Curso de Mestrado em Música da UFRN, 
pelos diversos momentos de diversão, sofrimento, dúvidas e muita resenha durante o tempo 
do Curso... quantas histórias, hein?!... muito obrigado, pessoal (Regiane, Márcio, Fellipe, 
Flávio, Pedro, Carlos Henrique CH, Leandro, Simeão, Fernando e Mariana). 
Aos meus colegas de trabalho do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) - Campus 
Monteiro, em especial, aos professores do Curso de Instrumento Musical, por compreenderem 
minhas necessidades e ajustes de horários para realização do translado Monteiro – PB
1
 / Natal 
– RN
2
, semanalmente, durante 2016. 
Aos meus alunos do Curso de Instrumento Musical do IFPB - Campus Monteiro pelo 
apoio, compreensão e ajustes de horários para realização das nossas atividades, pessoas 
especiais que me deram muita energia para que tudo fosse possível. 
Aos meus parceiros de luta da família Sexteto Tabajara (Emanoel Barros, Estêvão 
Gomes, Lucas Angelo, Gilvan Novo e Marcelo Lucena). 
Aos amigos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Associação de 
Trombonistas da Paraíba (ATPB) e meus eternos professores de trombone, Radegundis 
Feitosa (in memoriam), Sandoval Moreno e Alexandre Magno. 
Por fim, e não menos importante, todos aqueles que fazem a Filarmônica 28 de Junho 
da Cidade de Condado - PE
3
, instituição responsável pela minha formação musical, além de 
ser minha segunda casa, onde pude formar verdadeiros amigos e irmãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
Paraíba (PB). 
2
Rio Grande do Norte (RN). 
3
Pernambuco (PE). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“[...] a prática interpretativa é uma atividade transformadora que exige 
do músico-intérprete além de dedicação e responsabilidade também 
máxima compreensão e saber específico.” 
(KUEHN, 2012, p. 10). 
RESUMO 
 
O presente Trabalho aborda questões interpretativas a respeito de 3 obras para 
trombone solista do Maestro Duda, com o objetivo de sugerir subsídios que auxiliem no 
desenvolvimento dos procedimentos de preparação e execução das peças. As obras aqui 
estudadas são: Duas Danças (Gizelle e Marquinhos no Frevo), Fantasia para Trompete e 
Trombone, e Suíte Monette. Dentre as principais características dos trabalhos composicionais 
do Maestro Duda, podemos destacar a utilização de gêneros musicais da cultura brasileira, 
porém, poucos são os trabalhos acadêmicos que abordam questões sobre a interpretação deste 
tipo de música. Este fato foi o que nos impulsionou a realizar uma investigação buscando 
evidenciar os principais aspectos interpretativos dos gêneros utilizados pelo Maestro Duda. 
Foi realizada uma entrevista semiestruturada com o compositor, objetivando compreender 
sobre as diversas questões referentes às Obras e sua carreira musical. Desta forma, o trabalho 
encontra-se divido em 3 partes: a primeira, contém informações sobre a carreira musical do 
compositor, produção artística e atualização do catálogo de composições para formações de 
instrumentos de metais; a segunda, aborda, de um modo geral, questões a respeito da 
interpretação; e a terceira parte, trata dos gêneros musicais utilizados pelo compositor além de 
conter sugestões interpretativas para o trombonista nas Obras estudadas. 
 
Palavras-chave: Trombone. Maestro Duda. Música Brasileira. Interpretação. Sugestões 
Interpretativas. 
 
ABSTRACT 
 
The present work deals with interpretative questions about 3 works for soloist 
trombone of Maestro Duda, with the objective of suggesting subsidies that aid in the 
development of the procedures of preparation and execution of the pieces. The works studied 
here are: Two Dances (Gizelle and Marquinhos in Frevo), Fantasia for Trumpet and 
Trombone, and Monette Suite. Among the main features of Maestro Duda's compositional 
works, we can highlight the use of musical genres of Brazilian culture, however, there are few 
academic works that deal with questions about the interpretation of this type of music. This 
fact was what prompted us to carry out an investigation seeking to highlight the main 
interpretative aspects of the genres used by Maetro Duda. A semi - structured interview was 
conductedwith the composer, aiming to understand the various issues concerning the works 
and his musical career. In this way, the work is divided into 3 parts: the first contains 
information about the composer's musical career, artistic production and updating of the 
catalog of compositions for formations of metal instruments; the second addresses in general 
questions about interpretation; and the third part, deals with the musical genres used by the 
composer, besides containing interpretative suggestions for the trombonist in the works 
studied. 
 
Keywords: Trombone. Master Duda. Brazilian Music. Interpretation. Interpretive 
Suggestions. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Padrões rítmicos do caboclinho da Tribo Canindé do Recife.................. 59 
Figura 2 – Ritmo da ciranda – Andamento: andante................................................. 62 
Figura 3 – Elementos rítmicos do Bumba-meu-boi com Sotaque de Matraca (ou 
Boi da Ilha)............................................................................................... 
 
66 
Figura 4 – Duas Danças, I Movimento. Gizelle, Maestro Duda – Partitura editada 
por Radegundis Feitosa e João Evangelista (compassos 1-4).................. 
 
70 
Figura 5 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicação de 
andamento da Obra (compasso 1)............................................................ 
 
70 
Figura 6 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Falta de indicação 
de acelerando no compasso 2 e indicação de tempo primo no início da 
seção A (compasso 2)............................................................................... 
 
 
71 
Figura 7 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicações de 
acelerando (compassos 2 e 10) e tempo primo na seção A (compassos 
3 e 11)....................................................................................................... 
 
71 
Figura 8 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicações de 
acelerando no compasso 74 antes de retornar ao Segno no compasso 11 
 
72 
Figura 9 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicações de 
suspensão e locais para respiração na seção B (compassos 19-34).......... 
 
72 
Figura 10 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Seção C: 
indicação de rubato; existência de intervalos de 13ª; região grave 
desconfortável para o trombone tenor, compassos 44, 46 e 48................ 
 
 
73 
Figura 11 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Antecipação de 
figuras alterando a estrutura rítmica (compassos 43-49).......................... 
 
74 
Figura 12 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Retardo das 
figuras alterando a estrutura rítmica (compassos 43-49).......................... 
 
74 
Figura 13 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicação de 
acelerando e antecipação do retardo (compassos 59-66)......................... 
 
75 
Figura 14 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda........ 75 
Figura 15 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda - 
Seção A (compassos 1-14)....................................................................... 
 
 
76 
Figura 16 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda - 
Execução das colcheias inseridas após as semicolcheias (síncopas e 
colcheias da primeira parte do segundo tempo)....................................... 
 
 
76 
Figura 17 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda - 
Articulação e acentuação das figuras....................................................... 
 
77 
Figura 18 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda - 
Passagem (compassos 15-16); seção B (compassos 15-30); perguntas e 
respostas da seção B (compassos 15-22).................................................. 
 
 
77 
Figura 19 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro 
Duda - Introdução – Perguntas e Respostas – Agrupamento das 
quintinas (quiálteras de 5 sons) – Sugestão de tempo (compassos 1-9)... 
 
 
80 
Figura 20 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro 
Duda - Tema da Toada (compassos 9-17) – Sugestão do legato............. 
 
80 
Figura 21 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro 
Duda - Glissando proposto pelo compositor (compassos 30-31)............. 
 
81 
Figura 22 – Fantasia para Trompete e Trombone, II Movimento Caboclinho, 
Maestro Duda - Partitura do trombone – Trecho do II Movimento 
(compassos 43-44).................................................................................... 
 
 
81 
Figura 23 – Fantasia para Trompete e Trombone, II Movimento Caboclinho, 
Maestro Duda – Partitura do trompete – Trecho do II Movimento 
(compassos 43-46).................................................................................... 
 
 
82 
Figura 24 – Fantasia para Trompete e Trombone, II Movimento Caboclinho, 
Maestro Duda - Sugestão de ornamentação – Tema do II Movimento 
(compassos 43-53).................................................................................... 
 
 
82 
Figura 25 – Fantasia para Trompete e Trombone, III Movimento Frevo, Maestro 
Duda – Seção A (compassos 54-69); trecho de perguntas; sugestões 
interpretativas........................................................................................... 
 
 
84 
Figura 26 – Fantasia para Trompete e Trombone, III Movimento Frevo, Maestro 
Duda – Seção B (compassos 70-85); Final (compassos 88-92); 
sugestões interpretativas........................................................................... 
 
 
84 
Figura 27 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Indicação de 
andamento e acelerando na introdução (compassos 1-4)......................... 
 
 
88 
Figura 28 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Indicação de 
dinâmica na seção do tema principal (compassos 8-23).......................... 
 
88 
Figura 29 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Fraseado e 
indicação de acento e crescendo na seção do tema (compassos 8-23)..... 
 
90 
Figura 30 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Indicações de 
acento na seção de transição (compassos 24-31)..................................... 
 
91 
Figura 31 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Sugestões de 
posições para trombone na seção de solos (compassos 32-47)................ 
 
91 
Figura 32 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Solos de 
trompete e trombone e indicação de andamento na seção A (compassos 
1-16)......................................................................................................... 
 
 
93 
Figura 33 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Estrutura 
rítmica original do compasso 8 do solo de trombone na seção A............ 
 
94 
Figura 34 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Sugestão 
interpretativa da rítmica do compasso 8 do solo de trombone na seção 
A............................................................................................................... 
 
 
94 
Figura 35 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Trecho do soli e 
acompanhamento na seção B (compassos 16-24).................................... 
 
94 
Figura 36 – Suíte Monette, II Movimento Balada, Maestro Duda – Reexposição do 
tema A e solo para trombone entre os compassos 25 e 34....................... 
 
95 
Figura 37 – Suíte Monette, II Movimento Balada, Maestro Duda – Indicação de 
andamento na reexposição do tema A entre os compassos 35 e 54 em 
compasso ternário e sugestão de fraseado nestes compassos................... 
 
 
95 
Figura 38 – Suíte Monette, III Movimento Valsa, Maestro Duda – Seção A, 
sugestão de acento nas notas do terceiro tempo do compasso 10 e de 
andamento.................................................................................................96 
Figura 39 – Suíte Monette, III Movimento Valsa, Maestro Duda – Indicações de 
dinâmicas, andamento e ralentando na seção B....................................... 
 
97 
Figura 40 – Suíte Monette, III Movimento Valsa, Maestro Duda – Indicações de 
dinâmicas, execução e ralentando na Coda (compassos 57-61)............... 
 
97 
Figura 41 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Solos para 
trompete e trombone na introdução (compassos 2-9)............................... 
 
 
99 
Figura 42 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Indicações 
de andamento originalmente escritas pelo Maestro Duda nos 
compassos 1-2.......................................................................................... 
 
 
99 
Figura 43 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Sugestão 
de andamento a partir do compasso 9 até o final do movimento............. 
 
100 
Figura 44 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Sugestão 
de acentos no trecho do soli em uníssono (compassos 11-25)................. 
 
101 
Figura 45 – Elementos rítmicos do Bumba-meu-boi com Sotaque de Matraca (ou 
Boi da Ilha)............................................................................................... 
 
101 
Figura 46 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Trecho do 
solo do trombone (compassos 43-57)....................................................... 
 
101 
Figura 47 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Trecho dos 
2 solos de trompete e do trombone simultaneamente (compassos 75-
89)............................................................................................................. 
 
 
102 
 
 
 
LISTA DE FOTOGRAFIAS 
 
Foto 1 – José Ursicino da Silva (Maestro Duda).................................................... 25 
Foto 2 – Mestres do frevo homenageados no documentário 7 Corações............... 36 
Foto 3 – Boi - Principal personagem do Bumba-meu-boi...................................... 64 
Foto 4 – Lira – Instrumento de percussão do Bumba-meu-boi / Sotaque de 
Matraca..................................................................................................... 
 
66 
Foto 5 – Matraca – Instrumento de percussão do Bumba-meu-boi / Sotaque de 
Matraca..................................................................................................... 
 
67 
Foto 6 – Pandeirões – Instrumento de percussão do Bumba-meu-boi / Sotaque 
de Matraca................................................................................................ 
 
67 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Seções e 
compassos................................................................................................. 
 
69 
Tabela 2 – Fantasia para Trompete e Trombone, III Movimento Frevo, Maestro 
Duda - Forma do III Movimento.............................................................. 
 
83 
Tabela 3 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda - Estrutura formal 
do I Movimento........................................................................................ 
 
87 
Tabela 4 – Suíte Monette, II Movimento Balada, Maestro Duda - Estrutura formal. 92 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Catálogo não – temático de composições para instrumentos de metais 
do Maestro Duda...................................................................................... 
 
38 
Quadro 2 – Fantasia para Trompete e Trombone, Maestro Duda – Movimentos e 
andamentos da Obra................................................................................. 
 
78 
Quadro 3 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro 
Duda – Forma do I Movimento (compassos 1-31)................................... 
 
79 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ATPB – Associação de Trombonistas da Paraíba 
BA – Bahia 
bpm – Batidas por minuto 
CD – Compact Disc 
CE – Ceará 
DF – Distrito Federal 
Dr. – Doutor 
EUA – Estados Unidos da América 
ff – Fortíssimo 
IFPB – Instituto Federal da Paraíba 
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social 
MA – Maranhão 
mf – Mezzo-forte 
MPB – Música Popular Brasileira 
p – Piano 
PA – Pará 
PB – Paraíba 
PE – Pernambuco 
PPGMUS – Programa de Pós-Graduação em Música 
PR – Paraná 
Prof. – Professor 
RJ – Rio de Janeiro 
RN – Rio Grande do Norte 
Séc. – Século 
SP – São Paulo 
Tbn – Trombone 
Tpt – Trompete 
TVs – Televisões 
UFPB – Universidade Federal da Paraíba 
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UK – United Kingdom 
UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 20 
2 O MAESTRO DUDA......................................................................................... 25 
2.1 Goiana - PE e as Bandas de Música na região da Mata Norte de PE........... 25 
2.2 Primeiros contatos com a música em Goiana – PE......................................... 27 
2.3 O ingresso no mercado de trabalho.................................................................. 30 
2.4 O Maestro Duda na atualidade......................................................................... 35 
2.5 Catalogação de composições para instrumentos de metais............................ 37 
2.5.1 Catálogo não - temático de composições para instrumentos de metais do 
Maestro Duda....................................................................................................... 
 
38 
3 INTERPRETAÇÃO MUSICAL....................................................................... 42 
3.1 O papel do intérprete......................................................................................... 42 
3.2 Fidelidade e liberdade na interpretação musical............................................ 45 
3.3 Tradição oral e escrita na Música..................................................................... 48 
3.4 Interpretação musical das obras do Maestro Duda através de seus 
manuscritos......................................................................................................... 
 
50 
4 ASPECTOS E SUGESTÕES INTERPRETATIVAS PARA TROMBONE 
SOLISTA NAS OBRAS DO MAESTRO DUDA............................................ 
 
53 
4.1 Gêneros musicais e elementos da cultura nordestina utilizados nas obras 
do Maestro Duda................................................................................................ 
 
53 
4.1.1 Valsa..................................................................................................................... 53 
4.1.2 Frevo..................................................................................................................... 55 
4.1.3 Toada.................................................................................................................... 57 
4.1.4 Caboclinho........................................................................................................... 58 
4.1.5 Ciranda................................................................................................................. 60 
4.1.6 Balada................................................................................................................... 63 
4.1.7 Bumba-meu-boi do estado do MA....................................................................... 64 
4.2 Duas Danças (Gizelle e Marquinhos no Frevo)............................................... 68 
4.2.1 I Movimento Gizelle (Valsa) - Aspectos e sugestões interpretativas................... 69 
4.2.2 II Movimento Marquinhos no Frevo - Aspectos e sugestões interpretativas....... 75 
4.3 Fantasia para Trompete e Trombone (Toada)................................................ 78 
4.3.1 I Movimento Toada - Aspectos esugestões interpretativas................................. 78 
4.3.2 II Movimento Caboclinho - Aspectos e sugestões interpretativas....................... 81 
4.3.3 III Movimento Frevo - Aspectos e sugestões interpretativas............................... 82 
4.4 Suíte Monette...................................................................................................... 84 
4.4.1 I Movimento Ciranda - Aspectos e sugestões interpretativas.............................. 87 
4.4.2 II Movimento Balada - Aspectos e sugestões interpretativas.............................. 92 
4.4.3 III Movimento Valsa - Aspectos e sugestões interpretativas............................... 96 
4.4.4 IV Movimento Boi Bumbá - Aspectos e sugestões interpretativas...................... 98 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 104 
 REFERÊNCIAS................................................................................................. 106 
 APÊNDICE A - Entrevista realizada com o Maestro Duda........................... 112 
 APÊNDICE B - Duas Danças (Gizelle e Marquinhos no Frevo) - 
Trombone solista................................................................................................ 
 
120 
 APÊNDICE C - Fantasia para Trompete e Trombone - Trombone solista. 122 
 APÊNDICE D - Suíte Monette - Trombone solista......................................... 123 
 ANEXO A - Carta de Autorização................................................................... 128 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A pesquisa a respeito de questões relacionadas à performance musical no Brasil está 
crescendo nos últimos anos e, consequentemente, a quantidade de instrumentistas realizando 
trabalhos nesta área. Isto é possível perceber através dos relatos de Borém; Ray (2012) em seu 
trabalho sobre a pesquisa em performance no Brasil no século XXI, como também através de 
Cerqueira (2015) ao realizar um levantamento de teses e dissertações sobre o ensino de 
performance musical. A respeito do aumento de trabalhos na área de performance musical, 
Borém; Ray (2012, p. 159-160) destacam que: 
 
Observa-se um grande desenvolvimento da pesquisa em Performance 
Musical no Brasil no século XXI, não apenas no sentido quantitativo, mas 
também no papel que o[s] performers têm desempenhado nesse meio. A 
partir de uma posição inicial em que o performer se destacava apenas 
participando como sujeito dos objetos de pesquisa conduzidas por 
pesquisadores não-performers (que muitas vezes nem incluíam o nome dos 
performers como co-autores dos trabalhos publicados), progrediu para o 
quadro atual em que são autores da pesquisa e, mesmo, líderes de grupos de 
pesquisa. 
 
Ainda a respeito das pesquisas sobre performance no país, Borém; Ray (2012) 
apontam alguns dos problemas existentes nos trabalhos realizados nesta área. Dessa forma, 
Borém; Ray (2012, p. 160, grifo do autor) comentam que: 
 
Entretanto, alguns problemas - novos e antigos - ainda permeiam o cenário 
da pesquisa em Performance Musical no Brasil. Ainda ligados à tradição de 
uma herança acadêmica em que a performance foi a última subárea da 
música a se ingressar em programas de pós - graduação strictu senso (grosso 
modo, primeiro nos EUA
4
, depois no Brasil e atualmente na Europa) em que 
performers são orientados por pesquisadores de outras subáreas da música 
sem experiência em performance musical. Os sinais mais claros deste 
descompasso estão evidentes na quantidade de trabalhos de viés analítico, 
musicológico ou educacional que apresentam dois problemas básicos: falta 
de profundidade e ausência de uma relação factível com a performance. 
 
Mesmo com o aumento de pesquisas sobre performance, podemos notar que não 
temos uma grande quantidade de trabalhos especificamente na área de trombone. Com o 
surgimento das pós - graduações em Música no Brasil e, consequentemente, pesquisas sobre o 
trombone, é possível encontrar algumas dissertações relacionadas à interpretação de obras 
musicais para esse instrumento, sendo elas: O trombone na música brasileira (SANTOS, 
 
4
Estados Unidos da América (EUA). 
21 
 
1999); Sonata para trombone e piano de Almeida Prado: uma análise interpretativa 
(NADAI, 2007); Possibilidades interpretativas nos trechos orquestrais para trombone da 
série das Bachianas Brasileiras de Heitor Villa - Lobos (AREIAS, 2010); O trombone na 
Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte: levantamento histórico e 
bibliográfico (SANTOS NETO, 2009); Inventiva nº 1 para trombone solo, Francisco 
Fernandes Filho (Chiquito): estudo estilístico e interpretativo (SILVA, 2012); 
Transcrição para trombone da Suíte in A minor para flauto concertato de G. Ph. 
Telemann: a construção da performance por meio do processo transcritivo (PACHECO, 
2013); Polacas para trombone e banda filarmônica do Recôncavo baiano: catálogo de 
obras e sugestões interpretativas da Polaca Os Penitentes de Igayara Índio dos Reis 
(SANTOS, 2013); Quatro obras de Gilberto Gagliardi segundo o Quarteto Brasileiro de 
Trombones: revisão e edição crítica (TEIXEIRA, 2013); O gesto musical na interpretação 
de três obras para trombone de Estércio Marquez Cunha (ANGELO, 2015). Em 29 anos 
de pesquisas relacionadas ao trombone no país, temos apenas 9 trabalhos relacionados à 
interpretação musical. Além dessas pesquisas, ainda é possível encontrar diversos trabalhos 
sobre o ensino do instrumento, a respeito de sua técnica, análises de métodos, saúde do 
músico e sobre a sua história. Desse modo, se compararmos essa produção em relação àquelas 
realizadas em outros países nos quais a pesquisa em Música já é um fato consolidado, 
notamos que os nossos trabalhos acadêmicos ainda são poucos. 
 Portanto, um dos motivos para a realização desta Pesquisa foi contribuir com a área 
de trombone no que diz respeito à performance, buscando uma melhor compreensão dos 
diferentes aspectos interpretativos existentes nas músicas do citado compositor onde podemos 
encontrar elementos da cultura popular brasileira. Neste sentido, José Ursicino da Silva 
(Maestro Duda), se destaca como um dos principais autores que escrevem obras baseadas em 
elementos da música popular, além de ser responsável pelo aumento e diversificação do 
repertório com estas características, dedicado aos instrumentos de metais. Ressaltamos aqui, 
que as obras compostas pelo Maestro Duda estudadas neste Trabalho são aquelas, 
especificamente, dedicadas ao trombone, destacando também, que esta Pesquisa tem como 
um dos seus objetivos, compreender os principais aspectos inerentes à interpretação deste tipo 
de música. 
A respeito do Maestro Duda, é possível encontrar 3 trabalhos oriundos de pesquisas 
realizadas em programas de pós - graduações no Brasil que abordam questões relacionadas à 
sua produção musical, sendo eles: Elementos estilísticos tipicamente brasileiros na Suíte 
Pernambucana de Bolso de José Ursicino da Silva (Maestro Duda) (SALDANHA, 2001); 
22 
 
Maestro Duda: a vida e obra de um compositor da terra do frevo (FARIAS, 2002); e O 
Grupo Brassil e a música do maestro Duda para quinteto de metais: uma abordagem 
interpretativa (CARDOSO, 2002). Estes trabalhos apresentam tanto questões relacionadas à 
história do compositor quanto a respeito das suas obras. Portanto, foi utilizado como ponto de 
partida desta Pesquisa, as Peças para trombone do Maestro Duda bem como o material 
produzido por esses 3 autores. 
A exemplo do Maestro Duda, diversos compositores brasileiros escreveram obras para 
trombone que se inspiram em elementos da música brasileira, estando estas, dessa forma, 
relacionadas às diferentes culturas de cada região do país, que também apresentam diversas 
peculiaridades que as caracterizam. O intérprete deve estar muito atento às principais 
particularidades deuma peça, pois nem sempre a partitura será capaz de transmitir todas as 
informações possíveis a respeito de uma determinada obra. Isto também se torna bastante 
evidente quando o músico lida com elementos musicais da cultura popular brasileira. Assim, 
ao tocar este tipo de música, o instrumentista deve saber que, diversas são as possibilidades 
interpretativas, pois como destaca Cook (2006), nenhuma performance é capaz de esgotar 
todas as possibilidades inerentes à interpretação de uma obra musical. Destacando aqui, as 
dificuldades encontradas pelo executante, quando este se depara com o repertório tradicional 
de outra região. 
A falta de informações nas partituras do Maestro Duda, sejam manuscritas ou escrita 
em editores de partituras, pode gerar diversos problemas para o intérprete, principalmente 
quando não se tem conhecimento prévio a respeito dos diversos elementos musicais utilizados 
pelo compositor (CARDOSO, 2002). Do mesmo modo, não há uma padronização das 
diferentes formas de se interpretar este tipo de música, pois muitos dos conhecimentos a 
respeito de obras que possuem tais características são transmitidos ainda de forma oral, 
podendo variar de acordo com as experiências adquiridas por cada pessoa. 
Portanto, esta Pesquisa de cunho qualitativo, busca sugerir subsídios interpretativos 
que auxiliem o trombonista no desenvolvimento dos procedimentos de preparação e execução 
das obras: Duas Danças
5
, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette do 
Maestro Duda. Assim sendo, este Trabalho visa contribuir com o aumento e diversificação 
do repertório e literatura para o trombone, como também, para a área da performance musical, 
através de sugestões interpretativas, buscando auxiliar o músico no desenvolvimento dos 
procedimentos de preparação e execução. 
 
5
Gizelle (Valsa) e Marquinhos no Frevo. 
23 
 
Em uma das etapas iniciais deste Trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas 
através da leitura de livros, artigos, anais, materiais disponíveis em internet e materiais 
relacionados à produção musical do Maestro Duda. Foram feitas análises a respeito dos 
principais aspectos interpretativos dos gêneros e elementos musicais utilizados, como 
também, uma entrevista semiestruturada com o compositor, buscando compreender questões 
históricas a respeito das obras e dos seus intérpretes. Assim, as análises foram realizadas de 
forma descritiva a partir do material coletado, com o intuito de oferecer uma visão geral a 
respeito da produção composicional do Maestro Duda e de suas obras para o trombone solista. 
Desta forma, o trabalho está organizado em 3 partes, sendo a primeira delas a respeito 
do Maestro Duda, a segunda a respeito da interpretação musical e a terceira sobre as Obras 
estudadas. A primeira parte busca abordar questões relacionadas ao compositor, tanto no que 
diz respeito a sua história, carreira profissional e produção do repertório para instrumentos de 
metais, quanto em relação às suas atividades na atualidade. A segunda parte trata de questões 
relacionadas à interpretação musical, refletindo a respeito do papel do intérprete, sobre a 
fidelidade e a liberdade, tradição e questões específicas a respeito da interpretação de obras do 
Maestro Duda a partir das suas partituras manuscritas. Na terceira parte, realizamos uma 
abordagem a respeito dos gêneros musicais e elementos da cultura brasileira utilizados pelo 
Maestro Duda nas obras Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette, 
como também, sugestões interpretativas através dos principais aspectos encontrados nas 
Obras. Salientando, porém, que as sugestões serão realizadas apenas na parte do trombone 
solista, embora elas possam ser aplicadas para as formações instrumentais aqui estudadas. 
Assim, destacamos que, todas as questões abordadas neste Trabalho, têm como 
finalidade a construção do conhecimento a respeito da produção musical do Maestro Duda, 
especificamente, das obras voltadas para o trombone solista. Buscamos fundamentar nossas 
falas através da contribuição de diferentes autores, como também, trazer discussões a respeito 
da interpretação musical de obras baseadas nos gêneros e elementos musicais da cultura 
brasileira, sabendo que poucos são os trabalhos escritos abordando questões relacionadas à 
interpretação e/ou execução deste tipo música. É importante salientar que, neste caso, a 
tradição oral ainda é a principal ferramenta de transmissão de conhecimentos e não os 
trabalhos científicos. 
Desse modo, muitas das sugestões deste Trabalho são oriundas da experiência do autor 
desta Dissertação enquanto músico, por estar executando este tipo de repertório desde os seus 
24 
 
10 anos de idade na Filarmônica 28 de Junho da cidade de Condado - PE
6
, que já foi distrito 
da cidade natal do Maestro Duda (Goiana - PE), além de diferentes bandas de música na 
região da Mata Norte de PE. Outras referências interpretativas estão relacionadas ao Prof
7
. 
Dr
8
. Radegundis Feitosa (1962 - 2010), do qual o autor deste Trabalho foi aluno de extensão 
na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desde 2007 com 15 anos de idade até 2010, como 
aluno do curso superior. É importante salientar que, todas as Obras aqui estudadas foram 
dedicadas ao Prof. Dr. Radegundis Feitosa, além dos únicos registros fonográficos dessas 
músicas terem sido realizadas pelo mesmo. No decorrer da carreira musical, o autor desta 
Dissertação também teve a oportunidade de participar dos seguintes grupos, como membro 
e/ou substituto: Quinteto Brassil, que teve dezenas de obras dedicadas pelo Maestro Duda 
(membro na temporada 2011); Brazilian Trombone Ensemble, Quarteto de Trombones da 
Paraíba além de orquestras sinfônicas no estado de PE e Paraíba (PB). Recentemente, com o 
Sexteto Tabajara, o autor deste Trabalho vem desenvolvendo atividades voltadas à 
interpretação de um repertório totalmente composto de músicas brasileiras, principalmente de 
compositores pernambucanos e paraibanos. Além dessa experiência pessoal, também foram 
de valiosa contribuição, as discussões com o orientador deste Trabalho Dr. Ranilson Farias, 
que desenvolve, há décadas, trabalhos voltados à interpretação de músicas brasileiras com o 
Sexteto Potiguar e a Big Band Jerimum Jazz na Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(UFRN). 
Por fim, fica aqui registrado que as sugestões interpretativas contidas neste Trabalho 
para o trombone solista não se apresentam exatamente como regras, mas sim, devem ser 
vistas como uma possibilidade dentre tantas outras que podem surgir, a partir de futuras 
pesquisas. Nosso objetivo é tão somente trazer para a comunidade trombonística subsídios 
que possam auxiliar outros instrumentistas na compreensão e execução dos diferentes 
aspectos interpretativos da música brasileira (popular), inseridas nas obras para trombone do 
Maestro Duda. 
 
6
Pernambuco (PE). 
7
Professor (Prof.). 
8
Doutor (Dr.). 
25 
 
2 O MAESTRO DUDA 
 
No dia 23 de dezembro de 1935, nasceu na cidade de Goiana - PE, o primeiro filho de 
Lídio Pereira da Silva e Edite Gonçalves do Nascimento. José Ursicino da Silva, que nas 
décadas seguintes se tornaria o Maestro Duda, logo se destacou entre os principais 
instrumentistas, compositores e arranjadores de PE, como também, no cenário musical 
brasileiro e internacional. 
 
 Foto 1 – José Ursicino da Silva (Maestro Duda). 
 
 Fonte: ARRANJADORES... (2011)
9
. 
 
2.1 Goiana – PE e as Bandas de Música na região da Mata Norte de PE 
 
A cidade natal do Maestro Duda está localizada no extremo nordeste do Estado, na 
região da Mata Norte de PE. Ela ficou conhecida por importantes episódios históricos que lá 
ocorreram ainda no século XVI, como também, ocupou local de destaque no cenário 
econômico do Estado no final do século XIX, sendo, na época, a primeiracidade mais 
importante depois de Recife (capital do Estado). Farias (2002, p. 13) destaca que: 
 
 
9
Documento online não paginado. 
26 
 
A antiga cidade de Goiana [- PE], localizada na zona da mata do estado de 
Pernambuco [(PE)], está situada a meio caminho entre as cidades de Recife 
[- PE] e João Pessoa [- PB]. Seu povoamento é anterior a 1570 e ela foi 
palco de episódios importantes da nossa história como a expulsão dos 
holandeses em 1646 e a revolução praieira em 1848. No final do século XIX, 
era considerada a cidade mais importante de Pernambuco [(PE)] depois do 
Recife [- PE]. Sua economia, que girava em torno dos engenhos de cana-de-
açúcar e outras atividades comerciais existentes, faziam de Goiana [- PE] 
uma cidade muito próspera que funcionava como um grande centro de 
abastecimento para toda a região. Um porto fluvial permitia às pessoas mais 
abastadas comprarem produtos vindos diretamente da Europa, o que 
contribuía para intensificar o comércio da cidade. 
 
A região da Mata Norte de PE é formada por 19 cidades que possuem 24 filarmônicas, 
sendo que, 13 destas bandas estão entre as mais antigas do estado (SILVA, C., 2015). Neste 
contexto, a cidade de Goiana - PE se destaca por ter as duas bandas de música mais antigas 
em atividade da América Latina: a Sociedade Musical Curica, fundada em 8 de setembro de 
1848; e a Sociedade Musical 12 de Outubro, mais conhecida como Saboeira, fundada em 
12 de outubro de 1849. Ainda a respeito das duas sociedades musicais, Farias (2002, p. 15) 
menciona que: 
 
No início de suas formações, ainda no tempo do império, essas duas 
instituições pertenciam a partidos políticos diferentes, a Curica era do 
Partido Conservador, enquanto que a Saboeira pertencia ao Partido Liberal. 
Por muito tempo essas bandas foram inimigas, e muitas são as histórias 
sobre conflitos entre elas. A rivalidade existente entre as duas e o constante 
desejo de superar a adversária durante as apresentações era um estímulo 
eficaz para que os músicos buscassem um maior aperfeiçoamento visando 
um bom domínio do instrumento e da leitura musical. As bandas possuíam 
um arquivo variado, tocando desde os tradicionais dobrados até gêneros mais 
populares como maxixes e frevos. Em 1944, quando de sua passagem por 
Goiana [- PE], o pesquisador e musicólogo Curt Lange pôde ouvi-las, e 
muito elogiou o repertório apresentado. 
 
Entre o final do século XIX e início do século XX, décadas antes do nascimento do 
Maestro Duda, duas sociedades musicais também foram fundadas na Região da Mata Norte, 
em cidades vizinhas de Goiana - PE: a Sociedade Musical Pedra Preta, em 20 de setembro 
de 1870 em Itambé - PE; e no distrito do município de Goiana - PE, Goianinha
10
 (atual 
município de Condado - PE), a Filarmônica 28 de Junho, em 28 de junho de 1905. Estas 
 
10
Goianinha integrava o território do município de Goiana [- PE] e começou a ser povoada desde o final do 
século XVII, tendo seu nome mudado para Condado [- PE] em 31 de dezembro de 1943. Posteriormente, 
tornou-se município autônomo por lei, em 31 de dezembro de 1958, e emancipada em 11 de novembro de 1962 
(CONDADO..., [19--?]). 
27 
 
Bandas estão em atividade até os dias atuais, mas, como destaca Moreira (2015, p. 34), sabe-
se que em Goiana - PE haviam outras bandas: 
 
Um profícuo trabalho realizado por Mário Santiago, escrito e publicado no 
ano do centenário da Sociedade Musical Curica em 1948, relata que em 
Goiana [- PE] o movimento musical vem desde o século XVIII. O primeiro 
grupamento catalogado pelo autor data de 1789 [...]. Após o atravessar do 
século, já em época oitocentista, citamos um número considerável de 
filarmônicas que existiram em Goiana [- PE] no final do século XIX e início 
do século XX. As agremiações musicais já extintas no município foram: 
Banda de Negros do Engenho Monjope (1859), Banda Marcial (1822), 
Banda Euterpe (1882), Banda São Luís de Gonzaga (1888), Clube 
Filarmônico 13 de Maio (1888), Filarmônica 20 de Julho (1893), 
Filarmônica Nova União (1895). Ainda se registram nos anais da história de 
Goiana [- PE] as Filarmônica Bela (1897), Clube Musical 1º de Março 
(1902), Sociedade Recreativa da Usina de Goiana (1903), Filarmônica 28 de 
Junho (1905), Filarmônica 6 de Março (1918), Filarmônica 27 de Março 
(1938) e Filarmônica Goianense (1946). 
 
Percebe-se que Moreira (2015) cita a Filarmônica 28 de Junho (1905) como extinta do 
município de Goiana - PE, porém, como citado no parágrafo anterior, a mesma está sediada 
na cidade de Condado - PE desde a emancipação da Vila Condado em 1962. A região da Mata 
Norte, ao longo do tempo, se destacou pela quantidade de bandas de música tendo, 
atualmente, sociedades musicais centenárias que cultivaram este movimento ao longo dos 
anos, incentivando e formando instrumentistas para os mais variados ambientes de trabalhos 
na área de Música no país. 
 
2.2 Primeiros contatos com a música em Goiana - PE 
 
Aos 8 anos de idade, o Maestro Duda iniciou seus estudos na Sociedade Musical 
Saboeira na cidade de Goiana - PE. Percebe-se que, muitas crianças tiveram ou têm o contato 
com aulas de música nas cidades da Mata Norte do Estado, através das escolas mantidas pelas 
bandas de música. Desta forma, o Maestro Duda assim como muitos outros músicos, tiveram 
a iniciação musical nas bandas de suas cidades. Em entrevista concedida a Saldanha, o 
Maestro Duda diz que: 
 
O começo, foi como auto didata [sic] na 'Banda Saboeira de Goiana - PE 
estudando com o mestre da banda, ele era o regente e quem indicava o 
instrumento, de acordo com o que tinha desocupado. Aqui na cidade não, o 
filho quer tocar saxofone, o pai vai a loja, compra o instrumento e o filho já 
chega com o instrumento na mão, é diferente. Na 'Banda Saboeira', eu 
28 
 
comecei tocando trompa, eu queria tocar pistom, mas na certa ele [o regente] 
não quis e disse 'você não tem embocadura de instrumento de boca não, vai 
tocar clarinete'. O meu padrinho tocava requinta e ele era o requinta mais 
famoso do estado. O seu nome era Severino de Paiva e o apelido era 'Bita '. 
Então eu pedia a requinta a ele, durante o dia ele me emprestava e eu ficava 
estudando e a noite ele pegava e ia tocar (SILVA, 2000 apud SALDANHA, 
2001, p. 17). 
 
Após este contato com os primeiros instrumentos da Banda, ele chegou a tocar a 
clarineta, entretanto, em uma situação bastante inusitada durante uma apresentação da Banda 
Saboeira, o maestro Alberto Aurélio de Carvalho pediu para que o mesmo substituísse um dos 
saxofonistas que não pôde comparecer na ocasião (FARIAS, 2002). A partir deste fato, o 
Maestro Duda teve seu primeiro contato com o saxofone, optando por continuar seus estudos 
musicais se aperfeiçoando como saxofonista. 
Aos 10 anos de idade, compôs seu primeiro frevo, intitulado Furacão que, 
inicialmente, teve uma orquestração bastante simples. A respeito deste fato, Farias (2002, p. 
17, grifos do autor) comenta que: 
 
Com os poucos conhecimentos musicais que absorvera na banda até então e 
baseando-se em sua natural intuição musical, Duda fez uma orquestração 
bastante simples dessa primeira peça, e contou com a prestimosa ajuda do 
mestre Alberto Aurélio de Carvalho, que fez a distribuição do arranjo para 
toda a banda. Foi dessa forma, que com muito orgulho, Duda viu sua 
primeira composição sendo tocada pela Saboeira. Em entrevista realizada 
para esta pesquisa ele esclareceu da seguinte maneira essa primeira 
experiência: ‘(...) Eu fiz o meu arranjo pequenininho, assim, um piston, um 
trombone, um saxofone, um clarinete... um de cada um, aí o mestre pegou, 
levou pra casa e fez o arranjo pra banda toda’ (SILVA, 2001 apud 
FARIAS, 2002, p. 17). 
 
O frevo Furação foi a primeira música de uma numerosa produção de composições e 
arranjos durante toda suacarreira. Ainda jovem, o Maestro Duda desenvolvia sua percepção 
musical através da escuta de músicas que tocavam no rádio. Como ele mesmo relatou em 
entrevista concedida para Farias (2002), a importância do rádio na sua formação musical se 
deu devido poder escutar os mais variados gêneros musicais, como também os principais 
sucessos das big bands existentes na sua época da adolescência (SILVA, 2001 apud FARIAS, 
2002). A partir disto, transcrevia as melodias para que ele e seus amigos pudessem tocar nos 
ambientes de diversões da cidade, pois havia uma grande dificuldade naquele período de se 
conseguir partituras originais, especialmente, para as formações musicais disponíveis em seu 
meio. A respeito disso, Farias (2002, p. 17-18, grifos do autor) destaca que: 
 
29 
 
Ainda na sua cidade, por volta dos 13 anos, o saxofonista Duda formou um 
conjunto musical com alguns amigos, a Jazz Infantil. As apresentações eram 
aos domingos à tarde, e o grupo executava as musicas que tocavam no rádio, 
como os sucessos das big bands, que na época eram muito prestigiadas. O 
fato de copiar as músicas para que o grupo pudesse tocar, utilizando-se do 
rádio, proporcionava a ele, além de um bom treinamento auditivo, o contato 
com as obras dos grandes mestres do swing americano. Essa atividade 
serviria de base para que o compositor viesse a adquirir o seu conhecimento 
musical a partir de iniciativas próprias. 
 
A respeito desta sua fase em que copiava as músicas a partir da escuta do rádio para o 
seu grupo Jazz Infantil, o Maestro Duda, em entrevista, relatou que: 
 
(...) a Rádio tocava, e o povo cantava pelas ruas. Aí eu tirava. Eu já era mais 
danadinho do que os outros, já escrevia as melodias pros [sic] cabras tocar. 
(...) ouvia o rádio, aí tirava a melodia, escrevia, aí juntava eu, Marcos, 
Mário... a gente fez o conjunto, um piston, um trombone e um sax, que era 
eu. Não tinha menino que tocasse bateria. Era ‘Jazz Infantil’, agora o 
baterista tinha um bigodão (...), seu Israel, era um velho, porque era o único 
jeito. (...) Mário era da Curica e eu e Marcos da Saboeira, aí foi uma briga 
danada na cidade, ‘Não, não pode misturar os músicos’, ‘Toma os 
instrumentos’, ‘Não deixa eles tocarem...’ (...) a gente não podia ensaiar nem 
numa sede nem na outra, aí o presidente do clube de lá, o Santa Cruz, na 
época o Fernando, representante do INPS
11
 disse: ‘então ensaia lá, no Santa 
Cruz’. (...) A gente ensaiava na sede do Santa Cruz e durante o dia de 
domingo a gente tinha matinê e manhã de sol. A gente arrumou uns amigos 
lá e alugou... pediu a sede emprestado, da Saboeira mesmo, né, aí um tomava 
conta do bar, e o apurado era da gente que tocava (...) (SILVA, 2001 apud 
FARIAS, 2002, p. 18). 
 
Portanto, o Maestro Duda, ainda muito jovem, inicia sua trajetória musical se 
destacando como instrumentista, compositor e arranjador, tendo desenvolvido suas 
habilidades a partir do contato com a banda de música, como também pela escuta através do 
rádio. Silva, M. (2015, p. 63) ao falar da importância das bandas, diz que: 
 
[...] as cidades do interior do Brasil organizaram suas bandas civis, e estas 
passaram a tomar parte nas retretas e a abrilhantar festas religiosas e também 
tinham suas funções políticas. Encontravam-se bandas de música tanto nas 
cidades como nas vilas, povoados os mais humildes, sítios e fazendas, por 
onde apenas podiam passar carros de boi. De certa forma, elas passam a 
representar nas cidades do interior, um Conservatório. 
 
O Maestro Duda, a partir desta fase inicial, levando-se em consideração o contexto das 
bandas de música na região da Mata Norte de PE, pôde obter conhecimentos e experiências 
que o levaram como instrumentista aos mais diversos ambientes. A partir de um olhar um 
 
11
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). 
30 
 
pouco mais aprofundado sobre a sua obra, podemos considerar o frevo, um dos principais 
gêneros musicais explorados por ele em sua carreira, como também, evidenciar a influência 
do estilo das big bands americanas na sua trajetória, tanto nos arranjos quanto nas 
composições. 
 
2.3 O ingresso no mercado de trabalho 
 
O Maestro Duda participou de diversas orquestras durante sua carreira profissional, 
tendo atuado em rádios e Televisões (TVs), orquestras sinfônicas, de baile e de frevo, 
exercendo as funções de instrumentista, arranjador e compositor. Aos 15 anos de idade, 
iniciou suas atividades profissionais, mudando-se para Recife - PE, capital do Estado, em 
busca de oportunidades em um centro maior. Essa é uma prática bastante conhecida entre os 
diversos músicos brasileiros que começam seus estudos em bandas sediadas nas pequenas 
cidades e, posteriormente, as deixam em busca de espaços que lhes proporcionem estudo e 
trabalho. Em muitos casos, essa migração acontece devido ao fato de muitas bandas de 
música no país serem instituições filantrópicas, tendo apenas um professor de música (mestre) 
para lidar com os diferentes naipes da banda. O mestre, apesar de desenvolver um ótimo 
trabalho em relação à formação do aluno, pode não ser capaz de dar continuidade ao 
desenvolvimento dele, pois, muitas vezes, domina apenas os conhecimentos básicos para 
orientar na iniciação de um determinado instrumento. No caso do Maestro Duda não foi 
diferente, e a necessidade de aperfeiçoar-se o levou a deixar sua cidade natal. Nesse sentido, 
Farias (2002, p. 19) relata que: 
 
[...] Assim aconteceu com o maestro Duda, que seguiu para a capital do 
estado, onde se aperfeiçoaria como instrumentista, arranjador e compositor. 
Tomou essa decisão após haver recebido um convite irrecusável para fazer 
parte da famosa Jazz Band Acadêmica, um grupo muito atuante no Recife [- 
PE], e nesse gênero, um dos mais antigos surgidos no Brasil. A Jazz 
Acadêmica foi fundada em 1931 pelo célebre compositor Lourenço da 
Fonseca Barbosa, mais conhecido por Capiba, e animava os grandes 
carnavais pernambucanos. Na década de trinta, chegou a excursionar com 
grande sucesso pelo Brasil, permanecendo em atividade ate o ano de 1965. 
[...] Duda chegou ao Recife [- PE] no ano de 1950, para integrar, como 
saxofonista, a já citada Jazz Band Acadêmica. Por ser muito jovem, sua 
família não permitiu que ele permanecesse por muito tempo naquela capital 
e exigiu sua volta. Ele, porém, já tinha certeza que o seu lugar era naquele 
meio musical, muito mais avançado e movimentado. Depois de um curto 
tempo em Goiana [- PE], convenceu a família e voltou para o Recife [- PE], 
a fim de dar continuidade aos seus estudos. 
 
31 
 
Ao retornar para Recife - PE, iniciou suas atividades de arranjador e compositor, 
atividades semelhantes às que eram realizadas em Goiana - PE com a Jazz Infantil. Outro fato 
importante nesta fase inicial da sua vida profissional em Recife - PE foi o contato com 
partituras de big bands editadas nos EUA. Através desse material, o Maestro Duda realizou 
estudos detalhados para entender como funcionava a escrita composicional daquele tipo de 
música, com o qual só tinha o contato através do rádio. Essa experiência veio a influenciar 
mais tarde os seus diversos trabalhos. 
 
Durante a segunda guerra, Natal [- RN]
12
 servia como ponto estratégico para 
o exército americano e muitas partituras trazidas pelos militares para seus 
eventos sociais, segundo o maestro Duda, foram posteriormente levadas para 
o Recife [- PE]. Em contato com essas partituras, Duda, que até então só 
conhecia esse tipo de musica através do rádio, teve a oportunidade de estudá-
las detalhadamente, observando o processo composicional empregado pelos 
grandes mestres desse estilo como Glenn Miller e Tommy Dorsey (FARIAS, 
2002, p. 20). 
 
Em 1952, aos 17 anos, teve sua primeira composição gravada pela Jazz Band 
Acadêmica e, aos 18 anos, ele assumiu a regência do Grupo. Posteriormente, esseGrupo 
também passou a integrar o elenco da Rádio Jornal do Commercio [sic], juntamente com a 
Jazz Paraguari, orquestra oficial da rádio (FARIAS, 2002). Maestro Duda destacou que: 
 
Nessa época, a Jazz Band Acadêmica passou a fazer parte do elenco da 
Radio Jornal do Commércio [sic] (...). A Paraguari tocava na programação 
da noite, e tinha a Jazz Acadêmica que fazia a programação de dia, porque 
naquele tempo no rádio, não tocava disco não. Não tinha disco não, era 
tocando ao vivo mesmo (SILVA, 2001 apud FARIAS, 2002, p. 21). 
 
Com a Orquestra Paraguari, participou de festivais de música carnavalesca, onde se 
destacou com a composição de um maracatu, como destaca Saldanha (2001, p. 19, grifos do 
autor): “No ano de 1953, já atuando como arranjador e regente da Orquestra Paraguari, teve 
seu maracatu ‘Homenagem a Princesa Isabel’ classificado em segundo lugar no Festival de 
Música Carnavalesca promovido pela Câmara Municipal do Recife [- PE]”. 
 No período em que esteve na Rádio Jornal do Commercio [sic], o elenco era formado 
por diversos músicos que, no decorrer dos anos, se tornariam importantes nomes da música 
brasileira. 
 
 
12
Rio Grande do Norte (RN). 
32 
 
A Rádio Jornal do Commércio [sic], concentrava um grande número de 
músicos em seu elenco. Durante anos, arranjadores, compositores, cantores e 
instrumentistas contratados pela empresa, amadureceram suas aptidões 
musicais através do trabalho desenvolvido nos grupos da rádio. Alguns 
desses artistas tiveram o seu talento reconhecido tanto no Brasil quanto no 
exterior, como Jackson do Pandeiro e sua companheira Almira Castilho, 
Dimas Sedícias, Claudionor Germano, o sanfoneiro paraibano Severino Dias 
de Oliveira, mais conhecido como Sivuca e Hermeto Pascoal. Segundo o 
maestro Duda, foi através de um convite seu que o instrumentista e 
compositor Hermeto Pascoal, passou a integrar o Sistema Jornal do 
Commércio [sic], onde atuou como sanfoneiro (FARIAS, 2002, p. 23). 
 
Em 1960, após o período como arranjador e compositor na Rádio Jornal do 
Commercio [sic], assumiu o Departamento de Música da então TV Jornal do Commercio 
[sic]. Entre 1960 e 1975, o Maestro Duda estudou regência, foi membro da Orquestra 
Sinfônica do Recife - PE, formou sua primeira orquestra de baile, e atuou como compositor e 
arranjador em rádio e TVs de São Paulo (SP). Além dessas atividades, foi vencedor de festival 
de música e teve trabalhos gravados por importantes nomes da música brasileira 
(SALDANHA, 2001). 
 
Em 1960, fez cursos de música sacra e regência na Escola de Artes da 
Universidade Federal de Pernambuco [(UFPE)]. Em 1961, musicou para o 
teatro, a peça ‘Um americano no Recife’, com direção de Graça Melo, além 
de outras peças dirigidas por Lúcio Mauro e Wilson Valença. A partir de 
1962, o Maestro Duda passou a fazer parte também da Orquestra Sinfônica 
do Recife [- PE], atuando como oboísta e corne-inglês. [...]. Após três anos 
de intenso trabalho como arranjador, instrumentista e compositor no sudeste 
do Brasil, retornou ao Recife [- PE] em 1970, e compôs a serie de frevos que 
denominou de ‘Familiar’. A partir de 1971, retomou as atividades com a sua 
orquestra de baile. Neste mesmo ano foi vencedor com o frevo de rua 
‘Quinho’, do Festival do Frevo, realizado pela Rede Tupi. Em 1975, gravou 
um álbum para a gravadora Rozenblit, contendo vários frevos, em 
homenagem ao Diário de Pernambuco. Teve alguns choros, gravados pela 
Orquestra Tabajara de Severino Araújo, pela orquestra de Osmar Milani, e 
sambas gravados por Jamelão (SALDANHA, 2001, p. 22, grifos do autor). 
 
No início da década de 70, precisamente em 1970, o Maestro Duda retornou para PE 
(após uma temporada no estado de SP), e encontrou no Estado um novo movimento musical 
denominado Movimento Armorial, encabeçado pelo escritor Ariano Vilar Suassuna (1927 -
2014). O Movimento Armorial
13
 foi iniciado oficialmente no dia 18 de outubro de 1970, 
 
13
O Movimento Armorial une a cultura popular com a erudita, numa interligação com a música, pintura, 
escultura, literatura, teatro, gravura, arquitetura, cerâmica, dança, poesia, cinema e tapeçaria, utilizando-se do 
‘material’ popular para a recriação e a transformação em diferentes práticas artísticas. [...]. Ariano Suassuna 
divide o Movimento Armorial em três fases: uma fase preparatória, de 1946 a 1969, uma fase experimental, de 
1970 a 1975 e uma fase ‘romançal’, a partir de 1976 (NÓBREGA, 2007). 
33 
 
unindo a cultura popular com a erudita a partir de diversas manifestações artísticas, 
utilizando-se do material popular com o intuito de recriar e transformar as práticas artísticas 
(NÓBREGA, 2007). Marinho (2010, p. 30) destaca que: “A integração da arte popular com a 
arte erudita, para Suassuna, não se dá na relação de superioridade ou inferioridade, mas de 
respeito às diferenças, uma vez que ele considera a arte popular com uma expressão do que o 
povo vê e sente.” Assim, mesmo o Maestro Duda tendo envolvimento com este Movimento, 
não participou das articulações que definiram as suas bases (FARIAS, 2002). A respeito da 
ligação do Maestro Duda com a música nordestina e principais semelhanças com a música do 
Movimento Armorial, Farias (2002, p. 30) destaca que: 
 
[...] observando-se a sua obra, pode-se constatar a sua forte ligação com a 
música nordestina, principalmente com os gêneros pernambucanos, como o 
frevo, a ciranda e o maracatu, entre outros. Ele também foi buscar ‘nas raízes 
populares da cultura nordestina’, como fazem os compositores armoriais, o 
material para o desenvolvimento de sua obra, e este é um dos principais 
pontos que eles têm em comum. 
 
É possível perceber nas diversas composições do Maestro Duda, especificamente, 
àquelas dedicadas ao trombone, a utilização de elementos da nossa cultura, principalmente a 
nordestina. Obras escritas com essas características são muito importantes para a diversidade 
do repertório utilizado pelos trombonistas brasileiros, sendo cada vez mais exploradas por 
eles, destacando que, a maioria das peças estudadas nas principais escolas de música do país 
está voltada para o repertório erudito europeu e americano. Ao comentar sobre os materiais 
didáticos e o repertório utilizado nas escolas de música no Brasil no ensino de instrumento, 
Feitosa (2013, p. 45) aponta que: “Tanto os materiais didáticos como o repertório são em sua 
maior parte voltados para a cultura musical europeia.” Nesse sentido, ressalta-se aqui, a 
importância do Maestro Duda para a formação do repertório de música brasileira para o 
trombone, destacando também uma de suas principais características, a utilização, em suas 
obras, de elementos musicais da cultura popular brasileira. 
Podemos perceber que o Maestro Duda utiliza os vários ritmos e gêneros da música 
nordestina, mas foi através do frevo que ele obteve reconhecimento no cenário musical 
pernambucano e brasileiro. Destacou-se como maestro de orquestra de frevo e se tornou um 
dos principais divulgadores deste gênero, não só no Brasil como também no exterior. Farias 
(2002, p. 32) em relação à orquestra de frevo do Maestro Duda, destaca que: 
 
34 
 
Trabalhando intensamente durante os festejos carnavalescos, a orquestra 
tornou-se bastante conhecida, recebendo convites para apresentar-se também 
fora do país. Em 1984, o maestro Duda apresentou-se com sua orquestra, em 
Miami, inaugurando o I Voo Internacional do Frevo. 
 
Em sua vasta obra, observa-se que o Maestro Duda escreveu peças para as mais 
diversificadas formações instrumentais, porém, foi através do Grupo Quinteto Brassil, 
Quinteto de metais e percussão
14
, que ele começou a explorar os instrumentos de metais 
também como solistas, dedicando numerosas composições para o Grupo e seus componentes. 
O Quinteto Brassil, desde a década de 1980,está sediado na UFPB, no Departamento de 
Música. Pelo Grupo passaram vários instrumentistas de destaque no cenário musical 
brasileiro, dentre eles: Radegundis Feitosa, Nailson Simões, Anor Luciano, Valmir Vieira, 
Cisneiro Andrade, Ayrton Benck, Glauco Andreza, Gláucio Xavier, entre outros. Atualmente, 
o Quinteto Brassil é conhecido como Sexteto Brassil e formado pelos seguintes componentes: 
Ayrton Benck, Gláucio Xavier, Cisneiro Andrade, Alexandre Magno, Valmir Vieira e Glauco 
Andreza. Este Grupo foi o principal difusor das obras do Maestro Duda, tanto no Brasil 
quanto em outros países. Farias (2002, p. 33-34) ressalta que: 
 
A partir de 1980, dava-se início uma grande parceria entre o Quinteto Brassil 
e o maestro Duda. Esse grupo, ligado a Universidade Federal da Paraíba 
[(UFPB)], desenvolve um importante trabalho de divulgação da música 
brasileira para metais. Segundo [...] Vieira [(2001 apud FARIAS, 2002)] 
tubista do grupo, o arranjo de Aquarela do Brasil do maestro Duda marca o 
início desta relação, que gerou muitos arranjos, composições e transcrições. 
[...] O trabalho do Quinteto gerou três discos. O segundo, lançado no ano de 
1985, ‘Brassil Plays Brazil’ é uma homenagem ao aniversário de sessenta 
anos do maestro Duda. Esta parceria foi muito importante por ter 
proporcionado, entre outras coisas, a valorização do repertório brasileiro de 
música para metais. 
 
Diversos foram os trabalhos do Maestro Duda escritos e estreados pelo já citado 
Grupo, que se tornou conhecido também, através das singulares interpretações de suas peças. 
Várias de suas obras são consideradas referenciais no âmbito do repertório brasileiro para 
metais, projetando o referido autor como um dos principais compositores e arranjadores para 
essa família de instrumentos. 
Como já observado, o Maestro Duda se destacou tanto no cenário musical 
pernambucano quanto no cenário nacional, através dos seus arranjos e composições escritas 
 
14
O quinteto de metais é uma formação bastante tradicional e consta de: 2 trompetes, uma trompa, 1 trombone, 
uma tuba. No caso do Brassil, o Grupo acrescentou um baterista / percussionista, devido ao fato de explorarem 
de forma bastante significativa, a música brasileira, que possui em seus mais variados gêneros e ritmos, 
essencial ligação com a percussão. 
35 
 
para big bands, bandas sinfônicas, bandas de música, orquestras sinfônicas, grupos de câmara, 
instrumentos solistas, entre outras formações. A respeito das conquistas e reconhecimentos 
alcançados pelo compositor, Farias (2002, p. 35, grifo do autor) comenta que: 
 
[...] no ano de 1993, o maestro Duda foi escolhido para participar do projeto 
Memória Brasileira, da Secretaria de Cultura de São Paulo [(SP)], como um 
dos arranjadores que mais se destacaram no cenário da música popular 
brasileira no século XX, ao lado de nomes como maestro Cipó, Cyro Pereira, 
Nelson Ayres, José Roberto Branco e Moacir Santos, entre outros. O projeto 
lançou o CD
15
 Arranjadores, no qual o maestro Duda participa com um 
arranjo das Bachianas Brasileiras n° 5 de Heitor Vila Lobos, interpretado 
pela banda Savana. 
 
Ainda a respeito das conquistas do Maestro Duda, Saldanha (2001, p. 23) acrescenta: 
 
Suas músicas foram gravadas no Brasil e no exterior e estão presentes em 
mais de 100 discos. Vencedor de vários festivais de frevo em Pernambuco 
[(PE)]. Obteve também diversos prêmios na música popular brasileira, como 
o de melhor arranjador do MPB
16
-SHELL 80, promovido pela Rede Globo 
de Televisão, pela Shell e pela Associação Brasileira de Produtores de 
Discos. 
 
A partir das conquistas obtidas pelo Maestro Duda e da sua vasta produção, percebe-se 
a sua importância e contribuição para a música brasileira. Foi um músico bastante ativo, se 
destacando em diversos trabalhos realizados no decorrer da sua carreira. Atuou como 
professor e arranjador no Conservatório Pernambucano de Música; tocou oboé e corne-inglês 
nas Orquestras Sinfônicas do Recife e Orquestra Sinfônica da Paraíba; foi regente, 
instrumentista e arranjador da Banda Sinfônica da Cidade do Recife - PE. Dessa forma, se 
mostra um músico bastante versátil, pois além de atuar como compositor, também participou 
de diferentes formações musicais, exercendo as mais diversificadas funções, alcançando 
bastante destaque e reconhecimento através das suas atividades e produções musicais. 
 
2.4 O Maestro Duda na atualidade 
 
Atualmente, aos 81 anos de idade, o Maestro Duda atua como arranjador e compositor, 
como também, é constantemente solicitado para diversos eventos de música por todo o Brasil 
como professor convidado. O seu maior legado está relacionado às composições e arranjos 
 
15
Compact Disc (CD). 
16
Música Popular Brasileira (MPB). 
36 
 
desenvolvidos ao longo da sua carreira além das diversas atividades musicais na cidade do 
Recife - PE e em outras cidades do país. 
Recentemente no ano de 2014, foi lançado um documentário no formato de longa-
metragem, intitulado de Sete Corações, que buscou homenagear importantes compositores 
de frevo do estado de PE. Dentre os homenageados, está o Maestro Duda, tido como um dos 
principais compositores de frevo do Estado. Este Projeto foi idealizado pelo saxofonista 
Inaldo Cavalcante de Albuquerque (Maestro Spok), buscando homenagear 7 lendas vivas e 
embaixadores do frevo pernambucano, sendo eles: Clóvis Pereira, Maestro Duda, Guedes 
Peixoto, Ademir Araújo, José Menezes, Edson Rodrigues e Maestro Nunes (FOTO 2). 
 
Foto 2 - Mestres do frevo homenageados no documentário 7 Corações. 
 
Fonte: Nunes (2014)
17
. 
Nota: Da esquerda para direita: Guedes Peixoto, Maestro Duda, Maestro Spok, Edson Rodrigues, José Menezes, 
Clóvis Pereira, Ademir Araújo (Maestro Formiga) e Maestro Nunes. 
 
O trabalho que o Maestro Duda vem desenvolvendo durante a sua carreira lhe rendeu 
importantes títulos honrosos os quais são um reconhecimento mais do que justo pelo que já 
realizou, realçando assim a sua importância para a música instrumental brasileira e a cultura 
popular do estado de PE. Estas distinções que o diferencia no meio musical nacional são as 
seguintes: 
 Patrimônio Cultural do Brasil desde 2007; 
 Patrimônio Vivo de PE desde 2010; 
 Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 2012. 
 
17
Documento online não paginado. 
37 
 
Por suas realizações musicais, podemos dizer que o Maestro Duda é um dos principais 
compositores vivos do estado de PE, merecendo também, papel de destaque no cenário 
musical brasileiro. Pelo que já foi exposto neste Trabalho, pode-se constatar que ele é, 
reconhecidamente, um dos principais responsáveis pela ampliação e diversificação do 
repertório para os instrumentos de metais, enfatizando aqui o trombone. Vale ainda ressaltar, 
a originalidade e beleza do seu trabalho no tocante a maneira como trata musicalmente os 
gêneros e elementos musicais da cultura popular pernambucana e brasileira, sendo essa uma 
de suas principais características, que vem, de certa forma, nos revelar um pouco de sua 
identidade musical. 
 
2.5 Catalogação das composições para instrumentos de metais 
 
Como já colocado, o Maestro Duda é responsável por uma grande quantidade de obras 
escritas para instrumentos de metais no Brasil, entre composições, arranjos e adaptações. 
Esses trabalhos são voltados tanto para formações de grupos de câmara quanto para 
instrumentos solistas com acompanhamento, sabendo que, muitas destas obras foram 
solicitadas e/ou dedicadas aos músicos Radegundis Feitosa
18
 e Nailson Simões
19
 como 
também a outros músicos brasileiros. 
Com o intuito de proporcionar o contato de futuros pesquisadores com a produção 
musical para instrumentos de metais do compositor, consideramos de suma importância 
elaborarpara este Trabalho, um catálogo não - temático. Optamos por esta escolha, em 
detrimento a um catálogo temático, pois, este se tornaria muito extenso e detalhado. Porém, 
não sendo uma catalogação o foco principal desta Dissertação, avaliamos que a nossa escolha 
seria satisfatória para os objetivos que aqui almejamos. A respeito dos catálogos temáticos e 
não - temáticos, Santos Neto (2009, p. 23) destaca que: 
 
Catálogos temáticos são aqueles que recorrem à grafia musical para fornecer 
informações sobre uma música ou determinado grupo de músicas. Além dos 
dados gerais da obra, como nome do compositor, datas, editor, etc., devem 
constar no Catalogo temático os ‘incipits’, que são partes do tema principal, 
ou os primeiros compassos de uma obra catalogada. 
 
 
18
Radegundis Feitosa Nunes (1962 - 2010) – Doutor em Música pela Catholic University of America – EUA. 
Foi integrante fundador do Quinteto Brassil, Brazilian Trombone Ensemble, Orquestra Sinfônica da Paraíba e 
professor de trombone da UFPB (NUNES, 2010). 
19
Nailson de Almeida Simões (1954 - ) – Doutor em Música pela Catholic University of America – EUA. Foi 
integrante fundador do Quinteto Brassil, Orquestra Sinfônica da Paraíba. Atualmente, é professor de trompete 
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) (SIMÕES, 2017). 
38 
 
Santos Neto (2009, p. 25) acrescenta que: “Os catálogos não-temáticos são aqueles 
que como o próprio nome explicita, não apresentam ‘incipits’ temáticos. Esses catálogos 
apresentam geralmente o ‘Incipit’ abstrato”. Diante disso, Volpe (1994 apud SANTOS 
NETO, 2009, p. 25) complementa afirmando que: “[...] esse tipo de catálogo ‘consiste na 
indicação de andamento e/ou título, tonalidade, fórmula de compasso, ambos com todas as 
alterações decorrentes, e o número de compassos de cada segmento’”. 
Portanto, será utilizado neste catálogo o modelo não - temático, porém, de forma mais 
simplificada, buscando facilitar o entendimento a respeito da dimensão da produção musical 
do Maestro Duda. As principais informações a respeito de obras para metais terão como base 
os trabalhos realizados por Farias (2002) e Santos Neto (2009), como também os resultados 
obtidos através da realização de pesquisas a respeito das obras mais recentes do compositor. 
Desta forma, serão evidenciadas as seguintes informações a respeito das obras voltadas para 
instrumentos de metais, dentre grupos camerísticos e/ou instrumento solista: nome da obra; 
instrumentação; ano da composição; e local da composição. 
 
2.5.1 Catalogação não - temática de composições para instrumentos de metais do Maestro 
Duda 
 
Quadro 1 - Catálogo não - temático de composições para instrumentos de metais do 
Maestro Duda 
 (continua) 
Obra Instrumentação Ano da 
composição 
Local da composição 
Música para metais nº 1 Grupo de metais
20
 1970 Recife - PE 
Tema para um 
trompetista 
2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1980 Recife - PE 
Suíte Recife Trompete e piano 1982 Recife - PE 
Gizelle Trombone e piano 1983 Recife - PE 
Marquinhos no Frevo Trombone e piano 1984 Recife - PE 
Duas danças (Gizelle e 
Marquinhos no Frevo) 
Trombone e piano 1983 - 1984 Recife - PE 
Zinzinho nos States Trompete e piano 1986 Recife - PE 
 
20
Formação do Grupo de Metais: 4 Trompetes Sib, 4 Trombones, 4 Trompas em Fá, Tuba em Dó, Tímpano, 
Prato, Bombo, Caixa clara (FARIAS, 2002). 
39 
 
Quadro 1 - Catálogo não - temático de composições para instrumentos de metais do 
Maestro Duda 
 (continuação) 
Obra Instrumentação Ano da 
composição 
Local da composição 
Uma fantasia brasileira 3 trompetes, 2 
flugelhorns 
1986 Não identificado 
Música para metais nº 2 Grupo de metais 1988 - 1989 Não identificado 
Nairam 2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1989 Recife - PE 
Fantasia para 
Marquinhos 
Trompete e piano 1990 Recife - PE 
Música para metais nº 3 Grupo de metais 1990 - 1992 Não identificado 
Concertino para 
trompete e piano 
Trompete e piano 1991 Recife - PE 
Coletânea 93 – Thais 2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1992 Recife - PE 
Coletânea 93 – Phillipe 2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1992 Recife - PE 
Coletânea 93 – Os 
monges de St. Thomas 
2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1993 Saint Thomas, Ilhas 
Virgens Americanas, 
Caribe, EUA 
Coletânea 93 – 
Saudades 
2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1993 Saint Thomas, Ilhas 
Virgens Americanas, 
Caribe, EUA 
Temas nordestinos – 
Júnior (1970); Marilian 
(1977); Rafael (1979); 
Bruno (1980); Melissa 
(1981) 
2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1993 Recife - PE 
Fantasia para trompete 
e trombone (TOADA) 
3 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
1994 Recife - PE 
40 
 
Quadro 1 - Catálogo não - temático de composições para instrumentos de metais do 
Maestro Duda 
 (continuação) 
Obra Instrumentação Ano da 
composição 
Local da composição 
Concertino para 
trombone 
2 trompetes, trompa, 
trombone (solista) e 
tuba 
1996 São Luís - MA
21
 
Suíte Monette Trompete, trombone e 
Orquestra Sinfônica 
1996 - 1997 São Luís - MA 
Tuba choro 2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
(solista) 
[200-?] Não identificado 
Música para metais nº 4 Grupo de metais 2003 Não identificado 
Serenata 6 trombones 2004 Não identificado 
Concertino para trompa 
e piano – nº 1 
Trompa e piano 2004 Recife - PE 
Concertino para 
trombone baixo 
Trombone e piano 2005 Recife - PE 
Espera 2 trompetes, trompa, 
trombone (solista) e 
tuba 
2007 Recife - PE 
A procissão da virgem Trompa solista, 2 
trompetes, trombone e 
tuba (versão 1); 
Trompa e piano 
(versão 2) 
2010 Recife - PE 
Trompicando Trompa e Big Band 2010 Recife - PE 
Suíte potiguar 2 trompetes, trompa, 
trombone e tuba 
[201-?] Recife - PE 
Fantasia pernambucana 3 trompetes e 2 
flugelhorns 
2013 Recife - PE 
 
21
Maranhão (MA). 
41 
 
Quadro 1 - Catálogo não - temático de composições para instrumentos de metais do 
Maestro Duda 
(conclusão) 
Obra Instrumentação Ano da 
composição 
Local da composição 
Concertino para trompa 
e piano – nº 2 
Trompa e piano 2014 Recife – PE 
Concertino para tuba e 
piano 
Tuba e piano 2015 Recife - PE 
Chorando na tuba Tuba e piano 2015 Recife - PE 
Ela se chama Paola Tuba e piano 2015 Recife - PE 
Trio para metais Trompete C, trompa, 
trombone baixo 
2016 Recife - PE 
Quatro estações 
nordestinas 
Trompete e piano 
baixo 
2016 Recife - PE 
Trombone no frevo Trombone e piano 2017 Recife - PE 
Fonte: Farias (2002); O autor (2017). 
 
Portanto, foram citadas neste catálogo apenas obras escritas originalmente pelo 
Maestro Duda para instrumentos de metais, especificamente, aquelas as quais foram possíveis 
obter informações a respeito das mesmas. Obras escritas originalmente para outros 
instrumentos, adaptações e arranjos, não foram incluídas neste catálogo. 
42 
 
3 INTERPRETAÇÃO MUSICAL 
 
Neste capítulo, iremos abordar algumas questões sobre a interpretação musical 
buscando compreender mais sobre as diferentes funções do intérprete nesse tipo de processo. 
Dentre os temas escolhidos, teremos: o papel do intérprete, a fidelidade e liberdade na 
interpretação musical, abordagens sobre a tradição oral e escrita na música, como também, 
questões a respeito da interpretação musical através dos manuscritos do Maestro Duda. 
 
3.1 O papel do intérprete 
 
Durante o processo de interpretação

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