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PEDRO PAULO DE ANDRADE SANTOS EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA TRIPTASE EM MASTÓCITOS NOS FIBROMAS DE CÉLULAS GIGANTES E HIPERPLASIAS FIBROSAS DE MUCOSA ORAL NATAL – RN 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL CURSO DE MESTRADO EM PATOLOGIA ORAL EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA TRIPTASE EM MASTÓCITOS NOS FIBROMAS DE CÉLULAS GIGANTES E HIPERPLASIAS FIBROSAS DE MUCOSA ORAL NATAL – RN 2008 Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Patologia Oral. Mestrando: Pedro Paulo de Andrade Santos Orientadora: Profª Drª Lélia Batista de Souza Catalogação da publicação. UFRN / Biblioteca Setorial de Odontologia Santos, Pedro Paulo de Andrade. Expressão Imuno-histoquímica da triptase em mastócitos nos Fibromas de Células Gigantes e Hiperplasias Fibrosas de Mucosa Oral / Pedro Paulo de Andrade Santos – Natal, RN- 2008. 147p : il. Orientadora: Lélia Batista de Souza. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-graduação em Patologia Oral 1. Mastócitos – Dissertação. 2. Triptase – Dissertação. 3. Fibroma de células gigantes – Dissertação. 4. Hiperplasia Fibrosa – Dissertação. 5. Mucosa oral – Dissertação. 6. Imuno-histoquímica. I Souza, Lélia Batista de. II Título. RN/UF/BSO/2008 BLACK D65 DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a Deus, dono de infinita bondade que me deu a vida e que sempre esteve e estará presente comigo em todos os momentos, me orientando, indicando o verdadeiro caminho para que eu não me perca diante das adversidades. Aos meus pais Santos e Neide que são exemplos de honestidade, dignidade e correção. São verdadeiros anjos que sempre me incentivaram em todos os momentos, sendo o meu verdadeiro alicerce, sem estes ensinamentos eu não seria nada. Dedico também ao meu irmão Paulo Roberto que carinhosamente chamo de Beto, pelo seu carinho e incentivo. Um verdadeiro irmão de todas as horas, meu verdadeiro amigo. Por mais que eu agradeça ainda é pouco, frente a importância que vocês tem na minha vida e por me ajudarem na realização de mais um sonho. Meu eterno muito obrigado!!!!! AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, exemplo de dedicação e amor à profissão, agradeço por todo o carinho, amizade, atenção, confiança e respeito dispensados a minha pessoa nesses dois anos que passei como aluno de mestrado. Sua correção e disciplina são exemplos que levarei comigo a vida inteira. Ser seu orientando é motivo de orgulho para mim. Muito Obrigado por tudo !!!!! Ao Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, pelas palavras de incentivo e estímulo, pelos ensinamentos, por ser o grande idealizador de uma realidade que é o Programa de Pós- Graduação em Patologia Oral, me dando desta forma a oportunidade de desfrutar de tão precioso convívio. Aqui vai o meu cordial muito obrigado! À Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas, por todo o carinho, ensinamentos, incentivo e pela sua alegria constante que motiva a todos ao seu redor, pelos meus primeiros passos na publicação de artigos. Enfim um exemplo de profissional a ser seguido, meu muito obrigado. À Profa. Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, pelo convívio sempre alegre, exemplo de perseverança e dedicação. Agradeço a confiança depositada a mim na realização de trabalhos que tivemos a oportunidade de executarmos juntos. Continue sendo este ser singular que você é. Muito Obrigado!!! À Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, exemplo de profissional e mãe que sempre tem uma palavra de incentivo e estímulo. Muito obrigado pelos ensinamentos, amizade e pela convivência harmoniosa que sempre tivemos. Ao Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, que apesar de ser o atual Diretor do Departamento de Odontologia e da sua vida muito atribulada, dividindo sua atenção em todos os setores do departamento, sempre foi uma pessoa muito acessível e cordial. Agradeço pela atenção, carinho e pelas considerações pertinentes a este trabalho que hoje se torna realidade. Muito Obrigado!! À Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, obrigado pelos ensinamentos, momentos de alegria e descontração, além dos momentos em que me fizeram refletir, para meu próprio engrandecimento. Obrigado pelas orientações e pela amizade !! À Profa. Dra. Ana Myriam Costa de Medeiros, pela sua atenção, disponibilidade, estímulo e confiança em mim na realização dos trabalhos durante minha permanência na Clínica de Estomatologia. Muito Obrigado pelo carinho !! À Profa. Dra. Lêda Bezerra Quinderé Cardoso, agradeço pelo carinho, confiança e pelas considerações oportunas para o êxito deste trabalho. À Betania Fachetti Ribeiro, pela amizade, carinho e, pelas vezes em que tirei seu juízo durante todo o curso, saiba que sentirei sua falta aqui na Patologia, mas com certeza você será muito feliz no seu Curso de Doutorado em João Pessoa. Muito Obrigado e até breve !! À Ruth Lopes de Freitas Xavier, pela amizade, carinho, pelas nossas conversas e pela nossa discussão que ao invés de nos afastar acabou nos aproximando ainda mais. E muito feliz por ter você como futura colega de Doutorado. Muito Obrigado!! À Déborah Pitta Paraíso Iglesias, pelo companheirismo, amizade, momentos de descontração e pela disposição ao trabalho, que continuarão na nossa futura turma de Doutorado. Muito Obrigado!! Ao Marcelo Gadelha Vasconcelos, exemplo de superação e garra, obrigado pela convivência sempre muito harmoniosa e pelos momentos de alegria que você me proporcionou durante todo o curso. Ao Domingos Flávio Saldanha Pacheco, obrigado pelo respeito, consideração e carinho, além de suas inquietudes que o tornam uma pessoa singular. Sinto por não tê-lo mais conosco nos próximos anos, mas com certeza, estará batalhando sempre. Ao Cassiano Francisco Weege Nonaka, obrigado pela amizade, respeito, disponibilidade e pelos ensinamentos que me transmitiu, além de ter me ajudado muito nesta reta final do curso de mestrado, recebendo minha eterna gratidão!! À nossa Karuzita, Karuza Maria Alves Pereira, pela amizade, carinho, pelas palavras de orientação e incentivo que me fizeram perseverar diante das dificuldades. Muito Obrigado!! Ao Geo como costumo chamar, George João Ferreira do Nascimento, obrigado pela amizade, palavras de estímulo e orientações que foram úteis durante o curso. À você Poli, como sempre te chamei, Pollianna Muniz Alves, companheira para todas as horas, obrigado pelas palavras de estímulo, incentivo e pelos puxões de orelha!!! À Cristina Ruan F.de Araújo, perdão por sempre ter tirado seu juízo, mas saiba que aprendi e aprendo muito com seu jeito de ser. Obrigado por tudo!!! Aos novos integrantes da Patologia, Bruna Rafaela, Alexandre Pinto, Valéria Freitas eBruna Amaral que tive o prazer de conviver neste último ano e fico feliz por ter a possibilidade de continuar desfrutando desta amizade nos próximos anos. À Martoca, Marta Rabelo Piva, pelos ensinamentos, orientações e amizade, que foram preciosos nos meus primeiros passos na patologia. Muito Obrigado!!! A todos os demais que constituem a patologia oral que tive o prazer de conviver nesses últimos anos, João Goulart, Danielle Rocha, Manuel Gordon, Éricka Janine, Gustavo Godoy, Janaína Lemos, Claudine Sousa e Roberta Cavalcanti, por todos os momentos que passamos juntos e que com certeza ficaram presentes em minha memória. Aos funcionários da Disciplina de Patologia Oral, Gracinha e Idel, pela amizade, carinho e disponibilidade a mim dispensados. Ao biólogo, Hévio de Freitas Lucena, por toda a dedicação e disponibilidade frente ao Laboratório de Imuno-Histoquímica. Ao Francisco Canindé de Macedo e Sandrinha, técnicos do Laboratório de Histopatologia pela amizade e preparo das lâminas para nosso estudo sempre de forma responsável. As amigas de todas as horas, Ivanna Maia e Francislene Ribeiro que sempre estiveram comigo, torcendo para a realização deste sonho. A amizade de vocês é muito cara para mim!! Obrigado por tudo!! Aos amigos Gilmar de Freitas e Ciada, pessoas especiais que me ajudaram na realização deste sonho. Meu sincero muito obrigado!! Aos meus amigos da graduação que sempre me incentivaram na realização deste sonho, Cybelle França, Angélica Galvão, Adriana Gonçalves, Raquel Mendonça, Jefferson Augusto, Bruno Cezar e Leonardo Araújo. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo suporte financeiro durante a realização do curso e na execução desta pesquisa. SUMÁRIO SUMÁRIO Lista de ilustrações Resumo Abstract Página 1. INTRODUÇÃO 25 2. REVISÃO DA LITERATURA 28 Fibroma de Células Gigantes 29 Hiperplasia Fibrosa 36 Mastócitos 38 Mediadores Inflamatórios dos Mastócitos 44 2.4.1.Triptase 46 2.4.2.Quimase 50 2.5. Mastócitos e Processos Patológicos 52 3. PROPOSIÇÃO 59 4. MATERIAL E MÉTODOS 62 4.1. Caracterização do Estudo 62 4.2. População 62 4.3. Amostra 62 4.4. Estudo Morfológico 62 4.5. Estudo Imuno-histoquímico 64 4.6. Análise do Perfil Imuno-histoquímico 66 4.7. Análise Estatística 66 4.8. Implicações Éticas 67 4.9. Equipamentos e Material de Consumo 67 4.9.1. Equipamentos 67 4.9.2. Material de Consumo 68 6. RESULTADOS 70 7. DISCUSSÃO 108 10. CONCLUSÃO 125 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 128 12. ANEXOS 142 LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE ILUSTRAÇÕES TABELAS Página Tabela 2. Valores absolutos relacionados à quantidade de mastócitos degranulados, mastócitos não degranulados e mastócitos totais, por campo de maior aumento (400x), evidenciados através da triptase em hiperplasias fibrosas inflamatórias, segundo a localização em tecido epitelial e tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. 81 Tabela 1. Valores absolutos relacionados à quantidade de mastócitos degranulados, mastócitos não degranulados e mastócitos totais, por campo de maior aumento (400x), evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, segundo a localização em tecido epitelial e tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. 80 Tabela 3. Valores absolutos relacionados à quantidade de mastócitos degranulados, mastócitos não degranulados e mastócitos totais, por campo de maior aumento (400x), evidenciados através da triptase em espécimes de mucosa oral normal, segundo a localização em tecido epitelial e tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. 82 Tabela 4. Valores absolutos e percentuais da quantidade de fibroblastos gigantes isolados e em proximidade a mastócitos, identificados através da triptase nos fibromas de células gigantes. Natal, RN – 2008. Tabela 5. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em tecido epitelial, tecido conjuntivo e na totalidade do espécime. Natal, RN – 2008. Tabela 6. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em tecido epitelial, tecido conjuntivo e na totalidade do espécime. Natal, RN – 2008. Tabela 7. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos não degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de célulasgigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em tecido epitelial, tecido conjuntivo e na totalidade do espécime. Natal, RN – 2008. 83 84 85 86 Tabela 8. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade total de mastócitos, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização no tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 9. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização no tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 10. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos não degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização no tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 11. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade total de mastócitos, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em áreas de fibrose e em disposição perivascular, na região superficial do tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 12. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em áreas de fibrose e em disposição perivascular, na região superficial do tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 13. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos não degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em áreas de fibrose e em disposição perivascular, na região superficial do tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 14. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade total de mastócitos, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em áreas de fibrose e em disposição perivascular, na região profunda do tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. 87 87 88 88 89 89 90 FIGURAS Tabela 15. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em áreas de fibrose e em disposição perivascular, na região profunda do tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. Tabela 16. Parâmetros utilizados no cálculo do teste de Kruskal-Wallis para avaliação da quantidade de mastócitos não degranulados, evidenciados através da triptase em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas inflamatórias e mucosa oral normal, segundo a localização em áreas de fibrose e em disposição perivascular , na região profunda do tecido conjuntivo. Natal, RN – 2008. 90 91 Figura 1. Fibroma de células gigantes oral caracterizado pela presença de tecido conjuntivo fibroso, revestido por epitélio pavimentoso estratificado, apresentando papilas epiteliais filiformes (Hematoxilina/ Eosina – 100x). Figura 2. Hiperplasia fibrosa inflamatória oral apresentando-se constituída por tecido conjuntivo fibroso denso sede de moderado infiltrado inflamatório, localizado predominantemente na região sub-epitelial e em localização perivascular revestido, por epitélio pavimentoso estratificado (Hematoxilina/ Eosina – 100x). Figura 3. Mucosa oral normal constituída por tecido conjuntivo fibroso denso e revestido por epitélio pavimentoso estratificado (Hematoxilina/ Eosina – 100x). Figura 4. Aspecto histológico de distribuição geral dos mastócitos em espécime de fibroma de células gigantes (Estreptoavidina-Biotina – 100x). Figura 5. Imunomarcação positiva dos mastócitos para a triptase em espécime de hiperplasia fibrosa (Estreptoavidina-Biotina – 100x). Figura 6. Mastócitos exibindo imunorreatividade para a triptase em espécime de mucosa oral normal (Estreptoavidina-Biotina – 100x). 92 92 92 93 93 93 Figura 7. Presença de grande quantidade de mastócitos imunorreativos para a triptase localizados nas regiões basais e parabasais do epitélio em hiperplasia fibrosa oral (Estreptoavidina-Biotina – 400x). Figura 8. Aspecto microscópico da presença de mastócito exibindo imunorreatividade pela triptase localizado na área de fibrose em fibroma de células gigantes (Estreptoavidina-Biotina – 1000x). Figura 9. Aspecto histológico da presença de mastócitos não degranulados exibindo imunorreatividade para a triptase, em localização perivascular em hiperplasia fibrosa oral (Estreptoavidina-Biotina – 1000x). Figura 10. Aspecto microscópico de mastócitos degranulados apresentando “halo de triptase”, próximos a fibroblasto gigante em fibroma de células gigantes (Estreptoavidina-Biotina – 1000x). Figura 11. Imagem histológica de mastócitos não degranulados imunorreativos a triptase, dispostos em localização perivascular em hiperplasia fibrosa (Estreptoavidina-Biotina – 1000x). Figura 12. Aspecto microscópico da morfologia dos mastócitos, evidenciada pela expressão imuno-histoquímica da triptase, onde observamos mastócitos de forma oval (esquerda), fusiforme (centro) e arredondada à direita em hiperplasia fibrosa oral (Estreptoavidina-Biotina – 1000x). Figura 13. Aspecto histológico da presença de mastócitos em área de fibroblastos gigantes, evidenciando à esquerda o contato entre o mastócito e o fibroblasto gigante em fibroma de células gigantes (Estreptoavidina- Biotina – 1000x). Figura 14. Gráfico Box-Plot da quantidade de mastócitos nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 15. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos degranulados nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 16. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos não degranulados nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 17. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes no epitélio dos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 18. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes no tecido conjuntivo dos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. 94 94 94 95 95 96 96 97 98 99 100 101 Figura 19. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes na região superficial do tecido conjuntivo nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 20. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes na região profunda do tecido conjuntivo nos espécimes de fibroma de células gigantes,hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 21. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes em localização perivascular na região superficial do tecido conjuntivo nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 22. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes em áreas de fibrose na região superficial do tecido conjuntivo nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 23. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes em localização perivascular na região profunda do tecido conjuntivo nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. Figura 24. Gráfico Box-Plot da quantidade total de mastócitos presentes em áreas de fibrose na região profunda do tecido conjuntivo nos espécimes de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e mucosa oral normal. Natal, RN – 2008. 102 103 104 105 106 107 RESUMO RESUMO O fibroma de células gigantes constitui-se de uma neoplasia benigna, caracterizada pela presença de células gigantes, mono, bi ou multinucleadas, células estas que podem guardar relação com a presença de mastócitos. O propósito desta pesquisa consistiu em analisar descritiva e comparativamente a expressão imuno-histoquímica da triptase em mastócitos de fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa e espécimes de mucosa oral normal. Foram selecionados 30 casos de fibroma de células gigantes, 10 casos de hiperplasia fibrosa e 10 casos de mucosa oral normal, para a análise da expressão imuno- histoquímica, determinação do número de mastócitos presentes, bem como a sua forma e localização. Constatou-se diferença estatisticamente significativa (p<0,001) em relação a quantidade de mastócitos entre os espécimes analisados, onde o fibroma de células gigantes apresentou a menor quantidade de mastócitos e a hiperplasia exibiu a maior concentração deste tipo celular. Embora a mucosa oral tenha apresentado uma maior quantidade de mastócitos quando comparado com os casos de fibroma de células gigantes, estes se encontravam em localizações usuais no tecido conjuntivo em tecidos normais. Verificou-se, diferença estatisticamente significativa, no que diz respeito ao número de mastócitos não degranulados (p<0,001). Nas áreas de fibrose, observamos diferença estatisticamente significativa (p<0,006) entre os espécimes. Com relação aos mastócitos presentes em localização perivascular não se observou diferença estatisticamente significativa. Na análise morfológica verificou-se uma predominância de mastócitos ovais. Concluiu-se que embora uma menor quantidade de mastócitos estivesse presente nos casos de fibroma de células gigantes, estes exibiam maior relação com os fibroblastos gigantes presentes nestas lesões em torno de 59,62%, sendo evidenciada também uma forte relação entre estas células e áreas de fibrose tanto nos casos de fibroma de células gigantes como de hiperplasias fibrosas e espécimes de mucosa oral normal, utilizados como controle em nosso estudo, confirmando desta forma, o papel dos mastócitos como indutor fibrinogênico. Palavras-chave: Mastócitos, triptase, Fibroma de células gigantes, hiperplasia fibrosa, imuno-histoquímica. ABSTRACT ABSTRACT The giant cell fibroma is a benign neoplasm characterized by the presence of mono, bi or multinucleate cells, which can have a connection to the presence of mast cells. This research aims to analyze, descriptively and comparatively, the immunohystochemistry expression of the tryptase in mast cells of the giant cell fibroma, fibrous hyperplasia and samples of the normal oral mucosa. Thirty cases of giant cell fibroma, ten cases of fibrous hyperplasia and ten cases of normal oral mucosa were selected for the analysis of the immunohistochemistry expression, determination of the number of present mast cells, as well as their location and shape. It could be stated that there was a statistically significant difference (p<0,001) in relation to the quantity of mast cells among other samples analyzed where the giant cell fibroma presented lesser quantity of mast cell and the hyperplasia showed higher concentration of this cellular type. Although the oral mucosa has presented a higher quantity of mast cells when compared to the giant cells fibroma, these were found in usual locations in the connective tissue in normal tissues. There could be noticed a statistically significant difference in relation to the number of non-granulated mast cells (p<0,001). On the areas of fibrosis, we could observe a statistically significant difference (p<0,006) among the samples. In relation to the present mast cells in perivascular location, no statistically significant difference was found. On the morphological analysis there was a predominance of oval mast cells. It was concluded that despite of the fact there was a lesser quantity of mast cells present in cases of giant cell fibroma, they appeared to have a stronger relation to the present giant fibroblasts in this lesions, around 59,62%, being also evidenced a strong relation between these cells and the fibrosis areas in both cases of giant cell fibroma and fibrous hyperplasias and samples of normal oral mucosa, used as control group in our study, confirming, this way, the role of the mast cells as fibrinogenous inductor. Keywords: Mast cells; Tryptase; Giant Cell Fibroma; Fibrous Hyperplasia; Immunohistochemistry. INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO* O fibroma de células gigantes ou fibroblastoma constitui-se em uma neoplasia fibrosa benigna, caracterizada por um crescimento focal reativo da mucosa oral, exibindo várias células gigantes multinucleadas predominantemente localizadas no tecido conjuntivo sub-epitelial. Diferentemente do fibroma traumático, ele não parece estar associado com irritação crônica (MIGHELL, ROBINSON, HUME, 1996; NEVILLE et al., 2004). Muito se especula a respeito do papel dos mastócitos no tecido conjuntivo. Sugere-se que estes tipos celulares participem na regulação das células e no controle do acúmulo de componentes do tecido conjuntivo. Dados obtidos em várias pesquisas levam ao indicativo de que os mastócitos são células potencialmente fibrogênicas, através da liberação de potentes mediadores de fibrose (BERTON et al, 2000; GARBUZENKO et al, 2002). Estudos recentes mostram uma interação entre células tumorais estreladas (células gigantes e mononucleares) e mastócitos evidenciados tanto nos colagenomas de células gigantes quanto nos fibromas solitários escleróticos (RAMOS et al, 2002). Para a identificação das subpopulações de mastócitos é necessário detectar as enzimas secretadas por estas células, sendo as principais enzimas a triptase e a quimase (ROJAS et al, 2005; CAUGHEY, 2007). A triptase é verificada em todos os mastócitos humanos, sendo que sua presença é desconhecida em qualquer outro tipo celular. Conseqüentemente, a constatação de triptase em fluidos humanos biológicos é interpretada como um * Trabelho de Dissertação normatizado e apresentado de acordo com a ABNT-NBR 6023/ 2002indicador da ativação dos mastócitos (HARVIMA, 1999; ABBAS, LICHTMAN, 2005). Com relação a forma ativa da quimase nos mastócitos, isto sugere que este mediador pode desempenhar papel estimulador para o acúmulo de células inflamatórias, modular a permebilidade epitelial, entretanto sabe-se do papel da quimase na modulação das funções fibroblásticas (ANDOH et al, 2006). Frente a importância dos mastócitos a partir das inúmeras funções que os mesmos executam, e baseado na constatação das interações entre mastócitos e células gigantes, o presente trabalho tem por objetivo analisar, descritiva e comparativamente, a expressão imuno-histoquímica da triptase em mastócitos nos fibromas de células gigantes de mucosa oral, verificando ainda se esta interação celular descrita anteriormente também ocorre nesta entidade patológica, bem como fazer uma análise comparativa com as hiperplasias fibrosas e mucosa oral normal. REVISÃO DA LITERATURA 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Fibroma de Células Gigantes O fibroma de células gigantes ou fibroblastoma trata-se de uma neoplasia benigna de origem mesenquimal, caracterizada por um crescimento focal reativo da mucosa oral, sem associação com trauma crônico, onde se verifica no tecido conjuntivo a presença de células gigantes multinucleadas.. (MIGHELL, ROBINSON, HUME, 1996; NEVILLE et al., 2004). A primeira descrição desta entidade foi realizada por Weathers e Callihan (1974), onde identificou-se a presença de células gigantes multinucleadas e mononucleares em 108 espécimes dos mais de 2.000, obtidos no período de 1957 a 1973, diagnosticados anteriormente como hiperplasia fibrosa, fibroma ou pólipo fibroepitelial. Nesta oportunidade, foram detalhadas as características histopatológicas peculiares deste tipo de lesão, destacando a presença das células gigantes de variadas formas como: estreladas, fusiformes e angulares, predominantemente localizadas na lâmina própria. Mas, que poderiam estar presentes em toda a lesão de forma dispersa. Houston (1982) em um estudo analisando as características clínicas de 464 casos, descreve o fibroma de células gigantes como uma lesão assintomática, localizada predominantemente na gengiva, de crescimento exofítico, pediculado na maioria dos casos, com superfície áspera e de dimensões diminutas. A origem das células que determinam o diagnóstico histopatológico para o fibroma de células gigantes, vem sendo amplamente investigada ao longo dos anos. No início, acreditava-se que estas células eram derivadas de fibroblastos atípicos, histiócitos ou possivelmente melanócitos, devido a presença de melanina, apresentando expansões citoplasmáticas dendríticas e localizadas próximo ao epitélio. Sugeriu-se também que as células gigantes poderiam ser resultado de uma fusão de fibrobastos, especulando-se ainda uma possível etiologia viral. Também foram citadas que estas células podem ser de origem fibroblástica, células da musculatura lisa vascular da mucosa oral normal ou de um granuloma piogênico pré-existente (WEATHERS, CAMPBELL, 1974; HOUSTON, 1982). O fibroma de células gigantes representa aproximadamente cerca de 2 a 5% de todas as proliferações fibrosas em cavidade oral, submetidas a biópsia. A maioria ocorrendo nas três primeiras décadas de vida, com uma média de idade de 30 anos para os homens e de 26 anos para as mulheres. Alguns estudos mostram uma ligeira predileção por mulheres, bem como maior ocorrência em indivíduos da raça branca (MAGNUSSON, RASMUSSON, 1995; ALBUQUERQUE JÚNIOR et al, 2001; NEVILLE et al, 2004). Com relação a localização desta lesão, observa-se que cerca de 50% dos casos ocorrem na gengiva, sendo a gengiva mandibular afetada duas vezes mais que a gengiva maxilar. O segundo sítio anatômico de ocorrência é a língua com aproximadamente 23%, o palato está envolvido em 18,5%, a mucosa jugal em 6% e os lábios estão envolvidos em cerca de 2,5% (HOUSTON, 1982; ALBUQUERQUE JÚNIOR et al, 2001, NEVILLE et al, 2004). O fibroma de células gigantes é mais comum na gengiva, e em pacientes mais jovens, enquanto as duas lesões muito confundidas do ponto de vista clínico e que fazem diagnóstico diferencial com o fibroma de células gigantes, a hiperplasia fibrosa e o fibroma ocorrem, geralmente, em pacientes de mais idade e acomete preferencialmente a mucosa jugal (MAGNUSSON, RASMUSSON, 1995). Clinicamente, esta entidade se apresenta como uma tumefação localizada, séssil ou pediculada, indolor, usualmente com menos de 1 cm, superfície cerebriforme, papilar, com coloração semelhante a mucosa normal e que pode ser facilmente confundida com outras lesões fibrosas (HOUSTON, 1982; NEVILLE et al, 2004). Estudos realizados posteriormente por Magnusson e Rassmusson (1995) utilizando a imuno-histoquímica, não revelaram positividade para a proteína S- 100 e para neurofilamentos, descartando a origem a partir de nervos periféricos. Neste estudo, constatou-se ainda que estes tipos celulares não exibiram positividade para o fator VIII, lectina de ligação endotelial inespecífica, lisozima e também para citoqueratinas, indicando assim, nenhuma relação com células endoteliais, células gigantes de tecido de granulação ou relação com células epiteliais escamosas, respectivamente. Verificou-se positividade para a vimentina, um marcador de células de linhagem mesenquimal. Esta positividade para a vimentina foi constatada também em um estudo realizado por Miguel et al (2003), no qual analisaram a imunorreatividade das células gigantes para a vimentina e HHF-35. Odell, Lock e Lombardi (1994), em estudo anterior, destacam uma forte expressão para a vimentina e para o anticorpo 5B5 (prolil 4-hidroxilase), anticorpo este relacionado com a síntese de colágeno em fibromas de células gigantes. Em outro estudo realizado por Souza et al (2004) utilizando a vimentina, HHF-35, CD68 e Fator XIIIa foi reafirmada a positividade das células gigantes estreladas para a vimentina, na maioria dos casos de fibroma de células gigantes. Observou-se ainda que na hiperplasia fibrosa e no pólipo fibro-epitelial, a expressão imuno-histoquímica para a vimentina em células gigantes estreladas foi detectada em um menor número de casos. Mediante estes achados a hipótese mais plausível é que estas células derivem de uma linhagem fibroblástica. No que diz respeito ao comportamento dos fibroblastos gigantes, estudos realizados utilizando dois marcadores de proliferação celular (PCNA e o Ki-67) em fibromas de células gigantes, constataram que a maior parte das células multinucleadas foi positiva para o PCNA, com variabilidade na intensidade de marcação, indicando uma heterogeneidade no metabolismo nuclear do PCNA. Com relação as diferenças de intensidade de marcação destas células, possivelmente as que exibiam marcação nuclear mais evidente, tinham passado pelo ciclo celular recentemente em relação aos núcleos menos imunorreativos . Entretanto, a ausência de marcação para o Ki-67 nos mesmos tipos celulares, assim como ausência de mitoses, podem indicar que na ausência de citocinas, o ciclo celular não está envolvido na formação das células gigantes multinucleadas em fibroma de células gigantes (MIGHELL, ROBINSON, HUME, 1996). Do ponto de vista histopatológico, o fibroma de células gigantes é composto por um tecido conjuntivo geralmente arranjado frouxamente, às vezes mixomatoso, e ocasionalmente se apresenta maduro e compacto (WEATHERS, CALLIHAN, 1974, NEVILLE et al, 2004). A vascularização é usualmente proeminente, com vênulas e capilares bem formados, não seevidenciando proliferação endotelial. A inflamação é raramente vista, exceto se a superfície epitelial estiver ulcerada. Quando presente, esta inflamação é geralmente mista, exibindo tanto células da inflamação crônica quanto células polimorfonucleares da inflamação aguda (WEATHERS, CALLIHAN, 1974; MAGNUSSON, RASMUSSON, 1995; ALBUQUERQUE JÚNIOR et al, 2001). A característica consistente para o seu diagnóstico é a presença de células gigantes exibindo formas estreladas, anguladas ou fusiformes de aproximadamente, 20 a 40 mm de diâmetro. Estas células estão localizadas predominantemente na lâmina própria, próximas ao epitélio, mas, podem estar presentes em toda a extensão da lesão (WEATHERS, CALLIHAN, 1974; HOUSTON, 1982; MIGHELL, ROBINSON, HUME, 1996; REGEZI, SCIUBBA, 2000; MIGUEL et al, 2003; NEVILLE et al, 2004). Verifica-se que a presença de células gigantes não é exclusiva do fibroma de células gigantes, sendo também detectadas em outras lesões fibrosas como o fibroma ungueal, angiofibroma acral e fibroblastoma desmoplásico (CAMPOS, GOMEZ, 1999; MIGUEL et al, 2003) e mais especificamente nas hiperplasias fibrosas e fibromas da cavidade oral (REGEZI et al, 1987). Destaca-se ainda a papila retrocanina que é uma lesão de desenvolvimento semelhante microscopicamente ao fibroma de células gigantes que ocorre lingualmente na gengiva do canino inferior, sendo freqüentemente bilateral e comumente se apresenta como uma pequena pápula de coloração rósea com menos de 5 mm de diâmetro. As papilas retrocaninas são comuns , tendo sido relatadas em 25 a 99% das crianças e adultos jovens, diminuindo sua prevalência para 6 a 19% com o avanço da idade, sugerindo desta forma que esta variação anatômica normal desapareça com a idade (REGEZI, SCIUBBA, 2000; NEVILLE et al, 2004). Os limites citoplasmáticos destas células são usualmente distintos, com alguma perda de precisão na visualização destes limites restrita ao ápice nas extensões angulares destas células gigantes. Processos dendríticos podem ser vistos e um espaço artificial ou resultado da separação das fibras colágenas perifericamente ao citoplasma pode estar presente. O citoplasma se apresenta basofílico e granular, contendo alguns vacúolos e, ocasionalmente, esta vacuolização pode ser mais extensa, conferindo ao citoplasma uma aparência clara. Algumas células, especialmente nas proximidades do epitélio podem conter quantidades variáveis de grânulos de coloração marrom, semelhantes a melanina (WEATHERS, CALLIHAN, 1974; MAGNUSSON, RASMUSSON, 1995). Ultra-estruturalmente, observa-se no citoplasma destas células uma grande quantidade de retículo endoplasmático rugoso, poliribossomos e ribossomos livres, sugerindo semelhança com fibroblastos. Entretanto, é evidente uma maior quantidade de microfibrilas, cujo diâmetro varia entre 50 a 100Å, localizadas na periferia nuclear, tanto em células mononucleadas quanto nas multinucleadas. Quando ocorre aumento no número dessas fibrilas, nota-se um preenchimento do citoplasma, com extensão para o interior dos processos dendríticos assim como, condensações microfibrilares, levando a uma total substituição ou redução das organelas. Estas microfibrilas são descritas também em sarcomas sinoviais, sarcomas epitelióides, na contratura de Dupuytren e em mixomas odontogênicos. Sua função em fibroblastos no tecido de granulação e na contratura de Dupuytren tem relação com propriedades contratéis. Já no fibroma de células gigantes, tanto a origem quanto a função das microfibrilas permanecem desconhecidas (WEATHERS, CAMPBELL, 1974). Geralmente estas células são mononucleares mas, células exibindo dois núcleos são freqüentemente vistas. O núcleo se apresenta amplo, variando sua forma de arredondada a oval, podendo ser vesicular. A cromatina se apresenta uniformemente distribuída e geralmente apresenta um nucléolo. Entretanto, algumas células podem conter até 7 ou 8 núcleos, formando as células gigantes multinucleadas. Quando apresentam múltiplos núcleos, elas assumem a configuração das células gigantes de Langerhans. No que diz respeito a mitoses, elas não são evidenciadas (WEATHERS, CALLIHAN, 1974; MAGNUSSON, RASMUSSON, 1995; MIGUEL et al, 2003; NEVILLE et al, 2004). O epitélio presente nestas lesões é do tipo pavimentoso estratificado paraceratinizado ou ortoceratinizado, podendo eventualmente ser hiperceratótico exibindo características como acantose, espongiose focal, alteração vacuolar por degeneração hidrópica, alterações estas inerentes ao tecido epitelial de revestimento. Por outro lado, constata-se atrofia epitelial intercalada com projeções papilares endofíticas de aspecto filiforme, características presentes na totalidade dos fibromas de células gigantes analisados por diversos autores (WEATHERS, CALLIHAN, 1974; HOUSTON, 1982; ALBUQUERQUE JÚNIOR et al, 2001). O tratamento para as lesões diagnosticadas como fibroma de células gigantes é realizado de maneira conservadora, através da excisão cirúrgica. A possibilidade de recorrência existe, porém é rara (NEVILLE et al, 2004). Em estudo realizado por Houston (1982), analisando 401 casos de fibroma de células gigantes, foi verificada recorrência em apenas dois casos. As lesões recorrentes são clínica e histopatologicamente idênticas as lesões originais e a natureza inócua destas lesões, mantém a excisão cirúrgica simples como tratamento de escolha. 2.2. Hiperplasia Fibrosa A hiperplasia fibrosa é considerada um crescimento reativo focal que aparece circundando as margens ou bordas de próteses totais ou parciais removíveis mal adaptadas, estando relacionada com irritação crônica causada por estas e por outras forças oblíquas resultantes de desajustes oclusais. Acredita-se também que o espaço criado entre a borda da prótese e a mucosa, causado pela reabsorção óssea, seja mais importante na patogênese da HFI do que a pressão de irritação das bordas da prótese (PINTO-COELHO et al , 2000; MIGUEL et al, 2003). A medida que as cristas ósseas da mandíbula ou maxila são reabsorvidas pelo uso prolongado da prótese, as bordas estendem-se gradualmente cada vez mais para o vestíbulo, onde a irritação crônica e o traumatismo podem provocar a formação excessiva de tecido conjuntivo fibroso. O resultado é o surgimento de pregas indolores de tecido conjuntivo fibroso (REGEZI, SCIUBBA, 2000). Usualmente a massa tecidual é firme e fibrosa, embora algumas lesões sejam eritematosas e ulceradas, semelhantes ao granuloma piogênico. O tamanho pode variar desde lesões com menos de 1cm de tamanho a lesões grandes que envolvem a maior parte do comprimento do vestíbulo, podendo ocorrer tanto na maxila quanto na mandíbula, sendo a região anterior mais afetada, e constata-se uma predileção pelo sexo feminino (NEVILLE et al, 2004). Microscopicamente, caracteriza-se por um epitélio pavimentoso estratificado freqüentemente hiperplásico, ceratinizado, alternando áreas de hiperceratose e paraceratose.O tecido conjuntivo varia de acordo com o estágio de desenvolvimento da lesão, apresentando um tecido granulomatoso nas lesões jovens e com um conjuntivo denso e fibroso nas lesões mais antigas (PINTO- COELHO, ZUCOLOTO,1998). Verifica-se hiperplasia do tecido conjuntivo fibroso onde o epitélio de revestimento é hiperparaceratótico, com hiperplasia irregular das papilas. Em algumas vezes, o epitélio apresenta hiperplasia papilar inflamatória ou hiperplasia pseudoepiteliomatosa (TAMARIT-BORRÀS, 2005). Áreas focais de ulceração não são incomuns, especialmente na base das fissuras entre as pregas. Um infiltrado crônico variável está presente; algumas vezes, ele pode apresentar eosinófilos ou folículos linfóides. As glândulas salivares menores se estiverem presentes no espécime, mostram usualmente sialoadenite crônica (NEVILLE et al, 2004). Quando se analisa a presença de outrostipos celulares presentes nesta lesão, podemos através de estudos histoquímicos, verificar a presença de mastócitos em hiperplasia papilar, constatando que os mastócitos se apresentavam em maior número quando comparados a mucosa oral normal (FLAMAGAN, PORTER, 1968). A conduta de tratamento para as hiperplasias fibrosas varia desde a remoção da prótese para diminuir o edema e o eritema em lesões incipientes, como também a possibilidade de se utilizar a excisão cirúrgica convencional com bisturi, curetagem, eletrocirurgia, criocirurgia e laser a base de CO2 (NEVILLE et al, 2004; NAVEEN, BHASKARAN, 2007). 2.3. Mastócitos Os mastócitos são células secretoras multifuncionais do sistema imune que participam da regulação da resposta imunológica, pela liberação de mediadores químicos, seguido a um estímulo apropriado (WASSERMAN, 1994; ZHAO et al, 2001). Estes tipos celulares foram descobertos em 1877 por Paul Ehrlich, que acreditava no fato de que os mastócitos eram abundantes, especialmente em animais bem alimentados (Mast = well fed = bem alimentado). Estas células são encontradas principalmente no tecido conjuntivo frouxo e, em algumas exceções, sua presença é verificada em tecidos e órgãos de vertebrados maiores, podendo estar correlacionados com o conteúdo do tecido conjuntivo, sendo que os “verdadeiros” mastócitos aparecem em maior número nos anfíbios e peixes (MILLER et al, 1978). São considerados filogeneticamente como células velhas, que aparentemente ocorrem em todas as espécies, na circulação sanguínea. Em mamíferos, os mastócitos são habitantes normais do tecido conjuntivo, exceto em tecidos avasculares, como: osso mineralizado, cartilagem e córnea, congregando assim um destacado padrão ao redor de pequenos vasos sanguíneos, vasos linfáticos, terminações nervosas e glândulas produtoras de muco (NORRBY, 2002; METZ et al, 2007). A origem dos mastócitos tem sido motivo de muitas discussões. Questiona- se, se estes tipos celulares são produtos finais da transformação de outras células ou sejam resultado de divisão mitótica em suas variadas formas granulares. Concluindo que a maioria dos mastócitos, são divididos mitoticamente na fase de desenvolvimento de células precursoras fibroblásticas não granulares (ASBOE- HANSEN,1968; JANDINSKI, SONIS, DOKU, 1972). Abbas e Lichtman (2005) afirmam que todos os mastócitos derivam de progenitores situados na medula óssea. Normalmente, mastócitos maduros não são encontrados na circulação. Os progenitores migram para os tecidos periféricos como células imaturas e sofrem diferenciação in situ. Mastócitos maduros são encontrados em todo o corpo, predominantemente próximos aos vasos sanguíneos, nervos e sob o epitélio. Eles também estão presentes em órgãos linfóides. As contribuições dos mastócitos na defesa do hospedeiro estão relacionadas a função de células efetoras do sistema imune inato e na resposta a processos alérgicos, químicos e biológicos, como microorganismos e parasitas, tendo sido extensivamente investigado este fato. Verifica-se um aumento no interesse pelo vasto potencial das funções dos mastócitos e interações na resposta imune, incluindo o entendimento do papel dos mastócitos na modulação da resposta imune humoral e eventos celulares (BATISTA, RODINI, LARA, 2005). É importante dizer que a expressão fenotípica dos mastócitos não é estática, e seu padrão secretório se altera de acordo com o micro ambiente (CH’NG et al, 2006). Ao exame microscópio os mastócitos humanos variam em forma e possuem núcleos redondos, com grânulos ligados por membrana e corpos lipídicos no citoplasma. Esses grânulos contêm proteoglicanas acídicas que se ligam à corantes básicos existindo dois subconjuntos principais de mastócitos que diferem por localização anatômica, conteúdo de grânulos e por atividade (LI, KRILIS, 1999; ABBAS, LICHTMAN, 2005). Os grânulos dos mastócitos contêm proteoglicanas ácidas que se ligam a corantes básicos, como o azul de toluidina, o que leva estes grânulos a adquirirem freqüentemente, uma cor que é diferente daquela do corante original, sendo denominados grânulos metacromáticos (PEREIRA PINTO et al, 1997; KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005). Os mastócitos humanos se dividem em mastócitos mucosos e mastócitos do tecido conjuntivo. Os mastócitos mucosos estão presentes predominantemente na mucosa intestinal e nos espaços alveolares dos pulmões, sendo identificados com mais freqüência pela presença de triptase e não de outras proteases neutras nos grânulos, estando a presença desses mastócitos mucosos na dependência das células T. Já os mastócitos do tecido conjuntivo mostram pouca dependência das células T, sendo este grupo identificado pela presença de várias proteases neutras nos grânulos, e se dividem em dois sub-tipos: os mastócitos que secretam somente triptase e os mastócitos que secretam tanto a triptase quanto a quimase, em adição a outras proteases, incluindo catepsina G e a carboxipeptidase. Esta heterogeneidade pode expressar por si só diferentes características histoquímicas, bioquímicas e funcionais. No homem, os mastócitos do tecido conjuntivo são encontrados na pele e na submucosa intestinal (YAMANAKA et al, 2000; ABBAS, LICHTMAN, 2005; ROJAS et al, 2005; OSHITANI et al, 2006). Além da secreção da triptase, quimase e carboxipeptidase verifica-se a secreção de outros mediadores potentes, como a histamina, a heparina, o sulfato de condroitina e citocinas como a interleucina-3 (IL-3), IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, IL- 10, IL-13, IL-16, o fator de necrose tumoral α, prostaglandina D2, leucotrieno C4, fator de ativação plaquetária e mediadores lipídicos (BERTON, 2000; HUTTUNEN, HARVIMA, 2005, OLIVEIRA NETO et al, 2006). Observamos a presença de mastócitos tanto na reação inflamatória aguda quanto na crônica, expressando em sua superfície o receptor que liga a porção Fc da IgE (FcεRI). Nas reações agudas, a IgE ligada aos receptores Fc das células, reconhece os antígenos de maneira específica e as células sofrem degranulação, liberando mediadores, como a histamina e os produtos da oxidação do ácido aracdônico. Esse tipo de resposta ocorre durante as reações anafiláticas a alimentos, picada de insetos ou drogas, freqüentemente com resultados catastróficos. Quando apropriadamente reguladas, as respostas podem beneficiar o hospedeiro. Os mastócitos também estão presentes nas reações inflamatórias crônicas e podem produzir citocinas que contribuem para a fibrose (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005). Vale destacar que esta ativação dos mastócitos se dá pela ligação cruzada de moléculas do FcεRI, que ocorre pela ligação de antígenos multivalentes às moléculas de IgE anexas, e como conseqüência desta ativação, temos três tipos de respostas biológicas: secreção do conteúdo pré-formado de seus grânulos por um processo regulado de exocitose, síntese e secreção de mediadores de lipídios, além de síntese e secreção de citocinas (ABBAS, LICHTMAN, 2005). Em adição a imunoglobulina E (IgE), associada a resposta imune, a ativação e degranulação dos mastócitos pode ser realizada também por múltiplos mecanismos, incluindo a sinalização via receptores Fcγ, que são necessários para ativação associada a imunoglobulina G (IgG). A habilidade da IgG na ativação de mastócitos, indica a promoção da ligação celular entre IgG e a progressão das doenças inflamatórias auto-imunes (OKRUHLICOVA et al, 2007). Os mastócitos são bem conhecidos por causar reação de hipersensibilidade tipo I, desempenhando papel em doenças inflamatórias crônicas como artrite reumatóide, esclerodermia e doenças intestinais inflamatórias (DANILEWICZ, WAGROWSKA- DANILEWICZ, 2004). Ressalta-se ainda que os mastócitos exerçam funções relevantes nos tecidos como homeostase, remodelação e reparo (CRIVELLATO et al, 2003). A respeito das interações entre mastócitos e células T, verifica-seque os mastócitos podem secretar citocinas, nas respostas tipo Th1 e Th2, influenciando na diferenciação das células T, sendo capazes de modular a proliferação e a produção de citocinas nas respostas de células T CD8+ (RODINI, BATISTA, LARA, 2004). Verifica-se uma interação entre células tumorais estreladas (células gigantes e mononucleares) e mastócitos em colagenomas cutâneos, lesões fibrosas de pele e em neurofibromas cutâneos (RAMOS et al, 2002; SOUZA et al, 2004). Nas interações entre mastócitos e fibroblastos, os mastócitos se apresentam como fontes e indutores do fator de crescimento fibroblástico e epitelial, através da habilidade que os mastócitos tem de induzir o fatores de crescimento fibroblástico tipos 2 e 7 além do fator de crescimento epitelial ligado a heparina (ARTUC, STECKELINGS, HENZ, 2002). Em tecidos pulmonares com doenças como sarcoidose, alveolite fibrosante, displasia broncopulmonar, assim como asma e doenças pulmonares obstrutivas crônicas, têm se verificado um aumento no número de mastócitos e estes se apresentam localizados em posição próxima aos fibroblastos (AKERS et al, 2000). A mesma proximidade é vista em processos alérgicos, onde se verifica que a triptase proveniente dos mastócitos promove uma ligação entre mastócitos, fibroblastos e eosinófilos (LEVI-SCHAFER, PILIPONSKY, 2003). Em estudos realizados, utilizando tecidos irradiados pela radioterapia, verificou-se em algumas áreas da derme uma associação muito próxima entre mastócitos e fibroblastos. Estes achados sugerem um possível papel dos mastócitos em realçar a síntese de colágeno na pele e fibrose induzida pelo tratamento radioterápico (RIEKKI et al, 2004). Postula-se ainda uma relação entre mastócitos e células multinucleadas bizarras, relação esta também vista em leiomiomas atípicos (YAVUZ et al, 2001). Sabe-se que os mastócitos mantém uma relação com fibroblastos através de junções intercelulares tipo gap. Estas junções promovem canais para a passagem direta de pequenas moléculas entre as células, sendo a passagem dessas moléculas entre as células a responsável pela coordenação e por sincronizar a sinalização celular (MOYERS, SAGGERS, EHRLICH, 2004). Estas junções gap são constituídas por conexinas que permitem o movimento de íons e moléculas menor que 1 kd, sabendo desta proximidade entre mastócitos e fibroblastos, especulou-se a respeito da presença destas conexinas em mastócitos, pois, verifica-se a presença das conexinas (Cx26, Cx32 e Cx43) na membrana citoplasmática de fibroblastos. Estudos foram realizados e constatou-se a presença de duas conexinas (Cx32 e Cx43) em mastócitos, embora esta relação com as conexinas não expliquem todos os mecanismos de atuação dos mastócitos, ela é importante por ser um outro mecanismo de interação entre mastócitos e fibroblastos (VLIAGOFTS et al, 1999). 2.4. Mediadores Inflamatórios dos Mastócitos As funções efetoras dos mastócitos são mediadas por moléculas solúveis liberadas por estas células em ativação. Esses mediadores podem ser divididos em pré-formados, que incluem aminas biogênicas e macromoléculas granulares, e em recentemente sintetizados, incluindo mediadores secundários, derivados de lipídios e citocinas (ABBAS, LICHTMAN, 2005). Com relação as aminas biogênicas, a amina vasoativa mais importante é a histamina, responsável por causar intensa contração do músculo liso, elevação da permeabilidade vascular e elevada atividade secretória das glândulas nasais, brônquicas e gástricas (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005). As enzimas que estão contidas no interior dos grânulos são representadas pela triptase e quimase, duas proteases neutras, além de diversas hidrolases ácidas. Estas enzimas são responsáveis por lesão tecidual, e promovem também a produção de quininas e desta forma ativam proteínas do complemento (C3a) atuando em suas proteínas precursoras (HARVIMA et al, 1999; KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005; CAUGHEY, 2007). Como proteoglicanas, podemos destacar a heparina e o sulfato de condroitina, utilizadas como matrizes para o armazenamento de outros mediadores nos grânulos, além de prevenir o acesso dessas substâncias ao restante da célula (BERTON et al, 2000; ABBAS, LICHTMAN, 2005; KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005; OLIVEIRA NETO et al, 2006). Quanto aos mediadores secundários, estes são divididos em duas classes: os mediadores lipídicos, que atuam na ativação da fosfolipase A2, enzima esta que atua nos fosfolipídios da membrana para produzir o ácido aracdônico, dando origem aos leucotrienos e as prostaglandinas, via ciclooxigenase e lipooxigenase, respectivamente (PEREIRA PINTO et al, 1997; ABBAS, LICHTMAN, 2005; KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005). O fator ativador de plaquetas (PAF) é produzido por algumas populações de mastócitos com função de estimular a agregação, liberação de mediadores plaquetários (histamina e serotonina) e função relacionada a permeabilidade vascular, adesão e quimiotaxia leucocitárias, vaso e broncoconstricção. Quando em baixa concentração, apresenta alto potencial vasodilatador, aumento da permeabilidade de vênulas e, por fim, estimulação de outros mediadores, como por exemplo, os leucotrienos (PEREIRA PINTO et al, 1997). Os mastócitos são fonte de várias citocinas que executam funções importantes na fase tardia da hipersensibilidade imediata, por sua capacidade de recrutar e ativar células inflamatórias, além de regular o crescimento, diferenciação e maturação dos grânulos citoplasmáticos. Dentre estes podemos citar o fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1 (IL-1), IL-3, IL-4, IL-5, IL- 6, o fator estimulador de crescimento para macrófagos e granulócitos (GM-CSF), quimiocinas, além da proteína inflamatória de macrófagos (MIP)-1α e a MIP-1β (LI, KRILIS, 1999; NORRBY, 2002; KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005). 2.4.1. Triptase Hallgren e Pejler (2006) citam que a triptase foi descoberta em 1960 por Glenner e Cohen, representando uma enzima que apresentava uma atividade semelhante a tripsina e esta atividade é comumente referida como triptase. Ao longo dos anos, muitas informações sobre a triptase, proveniente dos mastócitos têm sido coletadas, entretanto pouco se sabe sobre sua real função biológica. Por exemplo, o substrato verdadeiro para a triptase ainda não foi identificado e o seu papel em mastócitos relacionado as patologias não é conhecido. Esta enzima é encontrada em todos os mastócitos humanos, sendo a sua presença desconhecida em qualquer outro tipo celular. Conseqüentemente, a constatação de triptase em fluidos humanos biológicos é interpretada como um indicador da ativação dos mastócitos (HARVIMA, 1999; ABBAS, LICHTMAN, 2005). É também considerada um marcador confiável, sendo capaz de identificar tanto mastócitos imaturos quanto maduros, destacando-se ainda, que a triptase é produzida em um estágio precoce do desenvolvimento dos mastócitos (SAMORAPOOMPICHIT et al, 2006). A triptase é uma protease neutra de serina com peso molecular de 134 kDa. Os genes que codificam a triptase dos mastócitos estão localizados no braço curto do cromossomo 16. Esta enzima é formada por quatro subunidades covalentes e cada subunidade tem um sítio enzimático ativo. Há dois tipos principais de triptase, a α-triptase e a β-triptase, que exibem uma seqüência idêntica em torno de 90%. As β-triptases são classificadas em βI-, βII-, e βIII-triptases, já as α- triptases classificam-se em αI- e αII-triptases (PAYNE, KAM, 2004). A α-triptase apresenta duas formas bem similares já citadas anteriormente a αI e αII. Esta α-triptase humana foi considerada incapaz de ser processada em sua forma madura. Apesar disso, uma α-triptase recombinante foi vista unida a um tetrâmero ativo, entretanto sua atividade foi extremamente baixa quando comparada a β-triptase. A α-triptase dispõem de um processamento defeituoso do terminal N e como conseqüênciatemos uma secreção contínua se compararmos a que é proveniente diretamente dos grânulos secretórios (HALLGREN, PEJLER, 2006). A β-triptase compreende cerca de 25% de todas as proteínas armazenadas nos grânulos secretórios dos mastócitos como tetrâmeros enzimaticamente ativos em um complexo com a heparina, que por sua vez facilita a conversão de monômeros de β-triptase maduros em tetrâmeros e os estabiliza. Este tipo Beta é a principal forma da triptase, que é liberada durante a degranulação dos mastócitos e isolada por exemplo, em tecidos pulmonares humanos normais (PANG et al, 2006). Além da α e da β-triptase podemos destacar ainda a γ-triptase e a δ-triptase. A γ-triptase se divide em γI e γII. Estas enzimas são expressas em ambas as linhagens celulares de mastócitos e em mastócitos das vias aéreas. Em contraste com a α e β-triptases, as γ-triptases contém um domínio terminal C hidrofóbico, seguido por uma pequena porção terminal citoplasmática. As γ-triptases são provavelmente proteínas transmembranares ancoradas, tanto na membrana plasmática quanto na membrana dos grânulos secretórios. Existe ainda uma outra triptase transmembranar denominada TMT, que pode ser idêntica a γI-triptase ou pelo menos similar em cerca de 98 a 99% dos casos (HALLGREN, PEJLER, 2006). A δ-triptase exibe dois tipos identificados, a δI e δII, que diferem apenas na posição de um aminoácido. Este tipo de triptase contém um códon prematuro de restrição, resultando em uma proteína madura curta e graças a esta parada abrupta é que ocorre a alteração da especificidade do substrato significantemente. Apesar deste códon de restrição, a tríade catalítica permanece intacta , o que reflete na habilidade da δ-triptase de quebrar substratos peptídicos sintéticos, com especificidade de clivagem por proteínas semelhantes a tripsina. Na análise imuno-histoquímica, verifica-se que a δ-triptase é primeiramente expressa nos mastócitos de tecidos como cólon, pulmões e coração assim como as células MHC-1 (HALLGREN, PEJLER, 2006). Recentes investigações sobre o papel da triptase tem enfocado a capacidade de clivar certos substratos extra-celulares como o peptídeo vasoativo intestinal, peptídeo relacionado a calcitonina, fibronectina e cininogênios. A triptase por si só é capaz de provocar a liberação de histamina dos mastócitos, sendo um potente fator de crescimento para as células epiteliais, fibrinogênese, aumento da contração da musculatura lisa das vias aéreas e degradação do já citado peptídeo vasoativo intestinal. Ressaltamos que a triptase tem demonstrado ser mitogênica para fibroblastos, células de músculo liso e células epiteliais brônquicas (KONDO et al, 2001; SHAOHENG et al, 2003). Além disso, sabe-se que a triptase é uma potente enzima pro-angiogênica e que foi reconhecida recentemente como responsável pela degradação da gelatinase presente na matriz extracelular (ROJAS et al, 2004). Durante a inflamação a triptase pode estimular a liberação de granulócitos quimiotáticos para a IL-8 e regulação da expressão do ICAM-1 nas células epiteliais, induzindo a expressão de RNAm para a IL-1β que pode ser importante para o recrutamento de células inflamatórias para os locais de ativação dos mastócitos. Entretanto, a liberação da triptase proveniente dos mastócitos ativados pode estimular a secreção de outros mastócitos vizinhos, levando a amplificação do sinal (PAYNE, KAM, 2004). Há evidências de que a triptase presente nos mastócitos é capaz de ativar o receptor de protease ativado (PAR-2), que apresenta papel crucial nas doenças inflamatórias de diversos tecidos, incluindo intestino, pele e vias aéreas (KETABCHI et al, 2007). A triptase presente nas vias aéreas estimula a proliferação dos fibroblastos do pulmão e brônquicos “in vitro”. Os resultados deste estudo também indicam que a triptase estimula a proliferação de fibroblastos via PAR-2 (MATSUSHIMA et al, 2006) A triptase pode estar envolvida no desenvolvimento de fibroses renais intersticiais, incluindo a nefrite túbulo intersticial aguda ou crônica, onde a triptase dos mastócitos não apresenta somente potencial mitogênico, mas também é um estimulador para a síntese das proteínas da matriz extracelular pelos fibroblastos renais humano (KONDO et al, 2001). Nos testículos, por exemplo, os mastócitos presentes que secretam somente a triptase são encontrados em indivíduos saudáveis. Já a presença de mastócitos que secretam tanto a triptase quanto a quimase, têm relação com quadros de azoospermia obstrutiva, azoospermia idiopática e varicocele (YAMANAKA et al, 2000). Li e Krilis (1999) afirmam que a triptase em condições normais, não pode ser identificada através de testes imuno-histoquímicos. 2.4.2. Quimase A quimase é uma protease de serina, localizada exclusivamente nos grânulos dos mastócitos e sua liberação dos grânulos é feita junto com outros mediadores pré-formados. A grande quantidade da quimase em forma ativa nos mastócitos sugere que este mediador pode desempenhar papel em doenças relacionadas a mastócitos (ANDOH et al, 2006). Em humanos, a expressão de quimase assim como a catepsina G, estão confinadas amplamente em mastócitos que expressam quimase e em mastócitos que expressam tanto triptase quanto a quimase os quais tendem a ser abundantes na derme da pele (CAUGHEY et al, 2007). A presença ou ausência desta enzima é utilizada como critério para a caracterização de subconjuntos de mastócitos, como foi abordado anteriormente. Não se conhecem as funções dessa enzima in vivo; entretanto, várias atividades demonstradas in vitro, sugerem efeitos biológicos importantes. Sabemos que a quimase pode converter a angiotensina I em angiotensina II, podendo ainda degradar a membrana basal da epiderme e estimular a secreção de muco (ABBAS, LICHTMAN, 2005). Também é responsável pela indução de apoptose em células do músculo cardíaco in vitro, estando envolvida na remodelação tecidual e de colágeno através da ativação das MMPs, IL-1β, TGF-β e na proliferação de fibroblastos (JAHANYAR et al, 2007). Os mastócitos que secretam a quimase são identificados posteriormente aos mastócitos que secretam triptase, já que os que secretam quimase aparecem tardiamente, apresentando positividade maior em mastócitos da pele do que a encontrada em outros tecidos (BAIN, 1999). Embora ainda obscuro, a quimase humana parece ter função relacionada com a defesa do hospedeiro, por exemplo, contra parasitas. A maioria das quimases tem maior potencial destrutivo. Isso ocorre devido à capacidade que elas tem de clivar uma grande variedade de peptídeos e proteínas alvo. Entretanto, as quimases são mais susceptíveis a inibição pelas anti-peptidases, incluindo as serpinas e α2-macroglobulina, sendo assim apresentam período de vida curto após sua secreção (CAUGHEY et al, 2007). A quimase desempenha importante papel nos vários tipos de patologias, como por exemplo: aterosclerose, deficiência cardíaca, fibrose, coagulação e fibrinólise, além de proliferação da musculatura lisa das vias aéreas. Relata-se ainda, que a quimase não está somente presente em grânulos de mastócitos. Estudos demonstram que células positivas para a quimase, também existem em células CD34+ na medula óssea (SHIMIZU et al, 2004). Estudos realizados por Sommerhoff, Nadel e colaboradores (1990), constataram que a quimase e a catepsina G relacionada a mastócitos são estimuladores potentes de secreção das células serosas, presentes nas glândulas das vias aéreas. Porém, evidenciou-se que uma grande quantidade de mastócitos, ricos em quimase estavam localizados na periferia das glândulas submucosas, conferindo a quimase um papel de destaque, no que diz respeito a estímulo de secreção (CAUGHEY et al, 2007). Em úlceras crônicas de perna, verifica-se que níveis significativos tanto de quimase quanto de triptase são constatadosem biópsias destas lesões. Observa-se que no microambiente formado entre o acúmulo de mastócitos e as bordas epiteliais, o nível de atividade da quimase, assim como da triptase e histamina, podem ser suficientes para resultar uma deficiência na aderência epitelial, crescimento ou mesmo destacamento de ceratinócitos da base da úlcera (HUTTUNEN, HARVIMA, 2005). 2.5. Mastócitos e Processos Patológicos Estudos realizados em polpas dentárias saudáveis e polpas inflamadas pela ação da cárie, demonstraram a presença de mastócitos em quadros de pulpite crônica hiperplásica e a ausência de mastócitos em polpas saudáveis (MILLER et al, 1978; FREITAS et al, 2006). Diversos autores detectaram também a presença de mastócitos em tecido pulpar inflamado, especialmente na inflamação crônica (FARNOUSH, 1984; WALSH, DAVIS, SAVAGE, 1995; FREITAS et al, 2006) Em lesões periapicais, a produção e secreção de histamina pelos mastócitos, pode contribuir para a expansão do cisto periapical; dessa forma, a histamina que exibe propriedades vasoativas, pode liberar proteínas plasmáticas que irão se difundir para o fluido localizado no lúmen cístico, causando aumento na pressão osmótica e, conseqüentemente, expansão do cisto (SMITH, SMITH, BASU, 1989). Pesquisas realizadas comparando a presença de mastócitos em granulomas e cistos periapicais, revelam que o número de mastócitos em cistos periapicais é maior do que em granulomas, estando presentes em áreas de atividade inflamatória, entre polimorfonucleares, em contato com linfócitos e macrófagos espumosos, assim como nas proximidades de fibroblastos, ao redor de nervos e adjacente a vasos sanguíneos, comumente visto, tanto em granulomas quanto em cistos periapicais. Destaca-se ainda, nos cistos, a presença de mastócitos localizados justoepitelialmente no tecido conjuntivo e em áreas intra-epiteliais (RODINI, BATISTA, LARA, 2004). Com relação à reabsorção óssea, Teronen et al (1996) verificaram que mastócitos tipicamente degranulados estavam situados na periferia de cistos odontogênicos, próximos ao osso circundante, sugerindo que os mastócitos assim como a secreção de triptase por estes tipos celulares, atuem como contribuintes para a reabsorção óssea durante o crescimento cístico. Nas úlceras aftosas recorrentes os mastócitos foram encontrados em grande quantidade, e se apresentavam em sua maioria degranulados, não podendo ser ignorado seu papel ativo na patogênese deste tipo de lesão (NATAH et al, 1998). Em doenças periodontais foi observado também um aumento no número de mastócitos que podem participar tanto de eventos destrutivos, quanto dos mecanismos de defesa para a doença periodontal, via secreção de citocinas, incluindo a perpetuação da resposta Th2, migração celular e processo de cicatrização (BATISTA, RODINI, LARA, 2005). Hall (1969) descreve a presença de mastócitos em lesões clinicamente semelhantes, localizadas na gengiva, como a gengivite descamativa, o líquen plano, o pênfigo e o penfigóide verificando a presença de uma quantidade significantemente grande de mastócitos nessas lesões. Em estudos realizados com líquen plano oral, constatou-se que os mastócitos participam da patogênese desta lesão, demonstrando a interação entre mastócitos e linfócitos T, destacando a secreção do RANTES(Regulado pela ativação da expressão e secreção das células T normais), um potente mediador inflamatório produzido e secretado pelas células T, como um dos promotores para a degranulação dos mastócitos (ZHAO et al, 2001; ZHAO et al, 2002). Rojas et al (2004) estudando a presença de mastócitos em queilite actínica, verificaram um número aumentado de mastócitos quando comparado ao lábio normal e que mastócitos secretores de quimase e triptase estavam localizados especialmente nas áreas de elastose solar, com predomínio dos mastócitos secretores de triptase. Foi demonstrada a presença da substância P (Pain = Dor), um neuropeptídeo presente em fibras nervosas e sua associação com mastócitos em articulação têmporo-mandibular (ATM), onde o produto da degranulação dos mastócitos e a liberação da substância P podem contribuir para a inflamação na ATM (HENRY et al, 2001). Por muito tempo, os mastócitos têm sido relacionados com crescimentos neoplásicos onde em 1879, Ehrlich relatou numerosos mastócitos no estroma de carcinomas humanos e desde então, vários estudos foram realizados descrevendo as várias populações de mastócitos em diferentes tipos de tumores. Dentre estes, foi evidenciado haver um número aumentado de mastócitos em tumores gástricos e o decréscimo no número, em tumores da parótida (JANDINSKI, SONIS, DOKU, 1972; ELPEK et al, 2001). Oliveira Neto et al (2006) evidenciaram em seus estudos um decréscimo no número de mastócitos em carcinomas de células escamosas oral e apesar desta diminuição, foi constatado um contato morfológico entre mastócitos e células tumorais. Vários estudos no entanto são consonantes ao afirmar, que os mastócitos estão significantemente aumentados em humanos, nos casos de carcinomas de células escamosas intra-orais e em lábio, sendo associados com a progressão do tumor (IAMAROON et al, 2003; ROJAS et al, 2005). Devido a grande diversidade de papéis executados pelos mastócitos na degradação de matriz extra-celular, angiogênese, respostas imune inata e adquirida, e secreção de produtos específicos, já citados anteriormente, acredita- se que os mastócitos possam contribuir para a progressão tumoral. Estudos recentes mostram que os mastócitos estão significantemente mais numerosos em carcinomas de células escamosas intra-orais e de lábio, sendo associado com fatores que favorecem o tumor. Em modelos experimentais de carcinogênese, a densidade de mastócitos exibe correlação com o desenvolvimento do carcinoma, através da regulação da angiogênese durante os estágios pré-malignos e malignos. Outros estudos porém sugerem aos mastócitos um efeito antagonista ao tumor (OLIVEIRA NETO et al, 2006). Pesquisas constatam que alta densidade de mastócitos, tem sido associada com prognóstico ruim e aumento da angiogênese em lesões malignas em pulmão (KANKKUNEN, HARVIMA, NAUKKARINEN, 1997) e esôfago (ELPEK et al, 2001). Ribatti et al (2003) verificaram em melanomas cutâneos, uma relação próxima entre densidade de mastócitos e angiogênese, durante a progressão desta neoplasia, encontrando um grande número de vasos sanguíneos e de mastócitos em melanomas de pior evolução, ressaltando desta forma, o significado prognóstico dos mastócitos com liberação da triptase em tumores humanos. Muito se especula a respeito do papel dos mastócitos no tecido conjuntivo. Sugere-se que estes tipos celulares participem na regulação das células e no controle do acúmulo de componentes do conjuntivo. Dados obtidos em várias pesquisas levam ao indicativo de que os mastócitos são células potencialmente fibrogênicas, através da liberação de potentes mediadores de fibrose (BERTON et al, 2000; GARBUZENKO et al, 2002). Recentemente, por exemplo tem se demonstrado que a triptase é um fator fibrogênico capaz de estimular a síntese de RNAm das fibras colágenas e quimiotaxia, onde mastócitos, mesmo em baixas concentrações, podem ser capazes de modular várias atividades dos fibroblastos localizados na matriz colagênica. Os principais efeitos estão relacionados a proliferação celular, síntese de colágeno e de proteína total, assim como produção e ativação da MMP-2. Todas estas características estão presentes nas etapas iniciais da fibrose, caracterizada pelo aumento no número de fibroblastos e uma aceleração na síntese e remodelação da matriz extracelular (BERTON et al, 2000). Em estudos realizados, verificou-se que a triptase estimula a atividade proliferativa de fibroblastos conjuntivais em meio de cultura e este estímulo foi mediado pelo já conhecido receptor para
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