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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN ROSEMÁRIA NASCIMENTO DA SILVA PROJETO SMART SINK PROJETO DE TORNEIRA CONCEITUAL SUSTENTÁVEL NATAL 2019 10 ROSEMÁRIA NASCIMENTO DA SILVA PROJETO SMART SINK PROJETO DE TORNEIRA CONCEITUAL SUSTENTÁVEL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Design. Orientador: Prof.°. Dr. Kilder César de A. Ribeiro NATAL 2019 11 ROSEMÁRIA NASCIMENTO DA SILVA PROJETO SMART SINK PROJETO DE TORNEIRA CONCEITUAL SUSTENTÁVEL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Design. Data de Aprovação: Natal – RN, ______ de ____________ de _________. BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Kilder César de Araújo Ribeiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ 2º membro: Prof. Dr. Rodrigo Naumann Boufleur Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ 3º membro: Prof. Dr. Luciano César Bezerra Barbosa Universidade Federal do Rio Grande do Norte 12 Acima de tudo, sou grata à Deus por essa conquista. Dedico a minha família e amigos que sempre me apoiaram, como também agradeço aos professores Dino Lincoln e Kilder Ribeiro pela colaboração na realização deste trabalho. 13 RESUMO É notório a preocupação com o consumo da água, com o crescimento populacional as indústrias necessitam de maior quantidade do fluido para a geração de produtos, e existe ainda o aumento da poluição dos rios, lagos e das principais fontes de água doce. Esses fatores são incidentes na utilização elevada de água. A partir deste pressuposto este projeto tem por objetivo geral, desenvolver uma torneira conceitual orientada para a sustentabilidade da questão hídrica. Os objetivos específicos são: coletar e analisar o uso dos recursos hídricos pelo brasileiro no meio doméstico; pesquisar tecnologias sustentáveis existentes para serem usadas no projeto; pesquisar materiais com propriedades adequadas ao produto e propor uma bancada compatível ao uso da torneira. A metodologia base aplicada no trabalho foi criada por Bernd Lobach. Ela é composta por 4 macrofases: preparação, geração, avaliação e realização. O desenvolvimento da torneira conceitual com a bancada permitiu a resolução de muitos dos problemas encontrados nas bancadas atuais por meio do uso de tecnologia e materiais mais sustentáveis, atendendo aos requisitos estabelecidos. Palavras-chaves: sustentabilidade, água, banheiro, pia, bancada, design. 14 ABSTRACT The concern with water consumption is notorious, with population growth industries need more fluid to produce products, and there is also increased pollution of rivers, lakes and major freshwater sources. These factors are incidents of high water use. From this assumption this project has as its general objective, to develop a conceptual tap oriented to the sustainability of the water issue. The specific objectives are: collect and analyze the use of water resources by Brazilians in the domestic environment; research existing sustainable technologies to be used in the project; research materials with properties suitable for the product and propose a countertop compatible with the use of the tap. The basic methodology applied in the work was created by Bernd Lobach with four macrophases: preparation, generation, evaluation and realization. The development of the conceptual countertop faucet has solved many of the problems encountered in today's countertops through the use of more sustainable technology and materials, meeting established requirements. Keywords: sustainability, water, bathroom, sink, countertop, design. 15 LISTAS DE FIGURAS FIGURA 1 – Filtro Chove Chuva.............................................................................24 FIGURA 2 – Cystern Ecycle....................................................................................25 FIGURA 3 – Caroma Profile 5.................................................................................26 FIGURA 4 – Chuveiro Nebia...................................................................................27 FIGURA 5 – Gris I...................................................................................................28 FIGURA 6 – Gris II..................................................................................................29 FIGURA 7 – Aguawell.............................................................................................30 FIGURA 8 – Persona 1: Haila Braga.......................................................................33 FIGURA 9 – Persona 2: Dário Vilela........................................................................34 FIGURA 10 – Rotina Haila......................................................................................35 FIGURA 11 – Rotina Dário......................................................................................35 FIGURA 12 – Cenário Haila.....................................................................................36 FIGURA 13 – Cenário Dário....................................................................................37 FIGURA 14 – Padrão I............................................................................................38 FIGURA 15 – Padrão II............................................................................................38 FIGURA 16 – Padrão III..........................................................................................39 FIGURA 17 – Banheiro minimalista.........................................................................40 FIGURA 18 – Painel de torneiras.............................................................................41 FIGURA 19 – Análise de falhas...............................................................................42 FIGURA 20 – Hierarquização das funções..............................................................43 FIGURA 21 – Hierarquização das funções modificada...........................................44 FIGURA 22 – Sensor ultrassônico...........................................................................46 FIGURA 23 – Sketches...........................................................................................47 FIGURA 24 – Sketch torneira... ..............................................................................48 FIGURA 25 – Sketch digital torneira........................................................................51 FIGURA 26 – Sketch digital torneira II.....................................................................51 FIGURA 27 – Sketch digital torneira III....................................................................52 FIGURA 28 – Quadro de soluções..........................................................................53 FIGURA 29 – Sketch digital bancada......................................................................54 FIGURA 30 – Sketch digital bancada II...................................................................55FIGURA 31 – Sketch digital porta sabonete............................................................56 FIGURA 32 – Sketch digital elevação bancada.......................................................57 FIGURA 33 – Sketch digital elementos...................................................................57 FIGURA 34 – Sketch digital porta toalha.................................................................58 FIGURA 35 – Sketch digital porta copo...................................................................59 FIGURA 36 – Sketch digital Smart Sink em uso.....................................................60 FIGURA 37 – Rendering digital Smart Sink I..........................................................61 FIGURA 38 – Rendering digital Smart Sink II.........................................................62 FIGURA 39 – Rendering digital torneira..................................................................62 FIGURA 40 – Exemplo real de uso do Corian.........................................................64 FIGURA 41 – Dimensões estatura de brasileiro......................................................66 16 FIGURA 42 – Dimensões estatura de brasileiro em relação ao produto................67 FIGURA 43 – Maior e menor usuário em relação ao produto..................................67 FIGURA 44 – Altura trabalho brasileiros..................................................................68 LISTAS DE QUADROS QUADRO 1 – Macrofases da metodologia..............................................................12 QUADRO 2 – Definição das ferramentas aplicadas................................................13 QUADRO 3 – Acontecimentos sobre sustentabilidade............................................15 QUADRO 4 – Consumo de água por atividade.......................................................21 QUADRO 5 – Aspectos Gris....................................................................................29 QUADRO 6 – Requisitos de projeto........................................................................31 QUADRO 7 – Matriz de decisão modelos................................................................49 QUADRO 8 – Características e vantagens Corian..................................................63 QUADRO 9 – Lista de materiais utilizados...............................................................65 LISTAS DE TABELAS TABELA 1 – Matriz tecnologias...............................................................................45 17 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 11 Objetivos 12 Metodologia 12 1 BREVE HISTÓRICO DE ACONTECIMENTOS AMBIENTAIS 14 1.1 Ações ambientais no Brasil 15 1.2 Água potável e a pegada hídrica 17 1.3 Delimitação dos problemas de água no cotidiano brasileiro 21 2 ANÁLISE DE PRODUTOS RELACIONADOS 23 3 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO – SMART SINK 31 3.1 Passo 1: Desenvolvimento de Persona e Cenários 32 3.2 Passo 2: Lista de verificação 37 3.3 Passo 3: Análise de Falhas 41 3.4 Passo 4: Hierarquia das funções 42 3.5 Passo 5: Matriz de tecnologias existentes 44 3.6 Passo 6: Brainstorming 46 4 MODELAGEM DIGITAL 50 4.1 Torneira 50 4.2 Bancada 52 4.3 Materiais 63 4.4 Ergonomia 65 RESULTADOS ALCANÇADOS 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70 APÊNDICE A – Desenho técnico torneira 74 APÊNDICE B – Desenho técnico Smart Sink 75 APÊNDICE C – Detalhes caixa do sensor 76 ANEXO A – Questionário online 77 11 INTRODUÇÃO A questão da sustentabilidade se tornou um tema preocupante no Brasil e no mundo principalmente após a Conferência de Estocolmo em 1972, que alertou aos 113 países participantes o quão grave as ações humanas estavam interferindo na conservação do meio ambiente. E nesse contexto se encontra o princípio de economia da água, que é o bem comum essencial para vida na terra. É notório que a preocupação com a água aumenta gradativamente, pois as populações crescem, as indústrias necessitam de maior quantidade do fluido para a geração de produtos, e além disso, existe o problema maior que é a poluição dos rios e lagos, as principais fontes de água doce. Esses fatores incidem diretamente na utilização elevada de água, e no problema de torná-la impura para o uso, pois as contaminações desenfreadas tornam o bem comum escasso em alguns casos. Essa esfera evoca o quão importante é uma visão consciente sobre a água atualmente, e que ações simples como lavar as mãos utilizando a mínima quantidade de água possível, podem evitar uma perda significante da mesma no planeta. Com isso, o presente trabalho descreve a pesquisa, processo de criação e solução conceitual para o problema do elevado gasto de água pelos brasileiros no uso doméstico, especialmente no banheiro. Para descrição da situação serão apresentados a seguir os objetivos deste trabalho; no primeiro capítulo a metodologia aplicada; no segundo capítulo é apresentado a definição de sustentabilidade adotada, realizado um apontamento de datas importantes para o futuro ambiental que motivaram a preocupação global sobre o assunto. Como também serão explanadas ações ambientais que ocorreram e ocorrem no cenário brasileiro, e abordará juntamente o processo da água potável e o conceito “Pegada Hídrica”, que mensura a quantidade de água gasta por uma pessoa por toda sua vida. Será exposto também gastos no cotidiano do brasileiro, citando situações preocupante sobre o tema no país, e o relato de questões presentes no questionário realizado nesta pesquisa. 12 OBJETIVOS Objetivo geral: Desenvolver uma torneira conceitual orientada para a sustentabilidade da questão hídrica. Objetivos específicos: ● Coletar e analisar o uso dos recursos hídricos pelo brasileiro no meio doméstico; ● Pesquisar tecnologias sustentáveis existentes para serem usadas no projeto; ● Pesquisar materiais com propriedades adequadas ao produto; ● Propor uma bancada compatível ao uso da torneira. METODOLOGIA A metodologia base aplicada no trabalho foi criada pelo designer industrial Bernd Lobach (1976). Ela é composta por 4 macro fases, possuindo em cada uma delas micro fases para melhor exploração e entendimento do problema abordado (Ver Quadro 1). Quadro 1: Macro fases da metodologia Fonte: Bernd Lobach, 2017 A primeira fase (Preparação) da metodologia aplicada no trabalho em questão, estimula o aprofundamento sobre o problema, coleta informações, 13 promove análise da(s) necessidade(s) do consumidor, como também instiga o estudo dos produtos existentes, observando seus aspectos estruturais, funcionais e estéticos para um entendimento do mercado. As fases seguintes (Geração, Avaliação e Realização) permitem o desenvolvimento de propostas que atendam aos objetivos, requisitos do projeto, ao público escolhido e solucione o máximo de problemas encontrados. Nessas fases foram aplicadas ferramentas abordadas pela Ana Veronica Pazmino (2013) que no total contabilizaram 6 etapas, suas definições serão apresentadas a seguir (Ver Quadro 2). O uso dessas ferramentas permitem a identificação de necessidades reais do público alvo escolhido; uma averiguação maior do que existe no mercado atual e fatores que os fazem funcionais ou não; pode ocasionar o descobrimento de novos problemas que não haviam sido abordados ainda; facilita as tomadas de decisões para utilizações de formas, cores e funções a serem trabalhadas; e por fim, contribui para todo processo de geração de ideias. Quadro 2: Definição das ferramentas aplicadas Fonte: Ana Veronica Pazmino, 2013 14 1. BREVE HISTÓRICO DE ACONTECIMENTOS AMBIENTAIS É primordial no início desta pesquisa a definição do termo sustentabilidade, que começou a ser veiculado com rapidez após a primeira conferência da Organização dasNações Unidas sobre degradação do meio ambiente, a United Nations Conference on the Human Environment - UNCHE (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano), ocorrida na Suécia em junho de 1972. Nela foi discutido problemas como população absoluta global, poluição atmosférica e a intensa exploração dos recursos naturais. Isso foi lançando preocupações sobre o desenvolvimento sustentável dos países e o que poderia ser feito para a situação não agravar ao extremo. De maneira sucinta, o termo sustentabilidade é a capacidade de sustentar um sistema ou processo, mantendo-o em um nível ou condição ideal, por um prazo determinado. Direcionando esse termo para o meio ambiente se tem a definição que a sustentabilidade é um objetivo que deve permear as ações das sociedades contemporâneas, diminuindo o uso insensato dos recursos renováveis e não renováveis (GIACOMETI, 2008). Ou seja, é o uso e exploração de maneira consciente da natureza, para não afetar a vida da fauna e flora. Esse será o conceito adotado neste trabalho, mas vale citar que há uma vastidão de conceitos e autores que tratam desse assunto. Com a globalização do termo, após a Conferência de Estocolmo em 1972, a sustentabilidade foi se tornando um ideal a ser alcançado para os 113 países que participaram, tanto os desenvolvidos como os em desenvolvimento. Essa preocupação ambiental se deu pela crise evidente nos anos 60 por conta dos padrões dominantes tanto de produção como de consumo (LEFF,2009). O homem foi percebendo que o crescimento tecnológico e as produções em massa geradas pelo capitalismo estavam desenfreadas, e afetando diretamente a natureza, colocando em risco a sobrevivência humana. Com isso, seria necessário a substituição de recursos naturais, novos valores éticos, exploração consciente, reposição de bens naturais, ou seja, uma nova forma de produzir, explorar e viver, a busca por um mundo sustentável. Para alguns até hoje isso é visto como utopia, algo inalcançável. No entanto, apesar dos desafios existentes, foi-se pensado em maneiras para redirecionar esse pensamento conjunto ao longo dos anos, a partir disso ocorreram eventos e 15 acontecimentos importantes com foco na sustentabilidade global que ecoam até hoje para um futuro melhor (Ver Quadro 3). Mas, para que todos esses acontecimentos tivessem e tenham êxito na execução deve-se ter em mente o chamado “Desenvolvimento sustentável”, que é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Que segundo a Organização das Nações Unidas é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. No próximo subcapítulo será exemplificado algumas ações no Brasil sobre o tema. Quadro 3: Acontecimentos sobre sustentabilidade Fonte: www.wikipedia.org 1.1 Ações ambientais no Brasil No Brasil esse desenvolvimento se mostra de diversas maneiras, uma delas são as chamadas “Cidades Sustentáveis”. Essas são pensadas e administradas com práticas eficientes para qualidade de vida, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Um exemplo é a Cidade de Curitiba em que 70% 16 do lixo produzido é reciclado, e possui 64,5 m² de área verde por habitante (Convention & Visitors Bureaux - CVB). Além disso, ela recebeu vários prêmios como o Prêmio Global Green City Award - Cidade Verde na Rio + 20, um prêmio internacional de grande importância. No entanto, a Capital do Paraná ainda é uma minoria ecológica no espaço brasileiro, contudo é já demonstra ser um novo olhar para o futuro. Outro ponto que o Brasil se faz presente é no uso de energias renováveis. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o país é o quinto maior investidor na área, com cerca de US$ 7 bilhões (sete bilhões de dólares) investidos. E está próximo a se tornar um dos líderes na produção de aerogeradores, equipamentos que produzem energia elétrica a partir dos ventos, o que é algo promissor dado a grande extensão do litoral brasileiro. Todos esses avanços se deram justamente pelos eventos globais envolvendo a sustentabilidade e os planos pensados para tais. Vale mencionar ainda duas ações brasileiras de grande nível centradas nesse tema. Uma delas ocorreu em 1989, a criação do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais renováveis). Esta autarquia federal executa a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), promovendo preservação do patrimônio natural, fiscalização da utilização e exploração dos recursos naturais, além de possuir o poder de conceder licenças ambientais. Com a geração desse orgão o país conseguiu manter um certo controle sobre as questões ambientais, mas a luta contra a pesca ilegal, tráfico de animais, queimadas nas florestas ou poluição de rios permanecem até hoje, mesmo após 30 anos de atividade do IBAMA. Ou seja, um dos maiores desafios é a irresponsabilidade ambiental globalizada que muitos cidadãos possuem, por visualizarem apenas lucros e não mensurar as reações naturais que essas ações podem ocasionar. A segunda ação a ser apontada que demonstra a preocupação do Brasil é o Plano Nacional sobre as Mudanças do Clima (PNMC) desenvolvido em 2008, que pretende reduzir a emissão de gases do efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020. Isto quer dizer que há projetos em andamento em todas áreas de preservação do meio ambiente no território brasileiro, e esse pensamento de um país sustentável também foi fortalecido e colocado em prática em outras nações, sendo todos eles motivados por justamente a influência inicial da Conferência de Estocolmo. 17 Porém, todos os acontecimentos citados até o momento requerem ações globais, como exemplo a limitação do crescimento populacional, preservação da biodiversidade, desenvolvimento de energias renováveis ou o controle de urbanização. Mas, existem ações em escalas menores de muita importância, são elas: as comunitárias e as individuais que auxiliam nessa linha de pensamento. Para exemplificação cita-se a ação comunitária no Brasil na comunidade do Vale Encantado, no Rio de Janeiro, em que os moradores implantaram um sistema de esgoto; um biodigestor que transformará os restos de comida do restaurante da cooperativa em um fertilizante para o jardim e gás metano para os fogões; painéis solares; horta comunitária e oportunidades para turismo ecológico na floresta. Todas essas ações em conjunto estão transformando a pequena comunidade no meio da Floresta da Tijuca em um lugar sustentável. Ou seja, as ações comunitárias são trabalhos em grupo realizadas por uma parcela da população para um bem maior de todos no local. Já as ações individuais, e em uma dessas que esse trabalho possui a intenção de focar, são ações realizadas por um único indivíduo em escala bem menor, mas se realizadas por grande parte da população causam mudanças plausíveis. São exemplos: economizar água da máquina de lavar, reduzir consumo de carne bovina, separar o lixo para coleta seletiva, consumir produtos biodegradáveis, utilizar menos o carro particular e adotar uso de transportes coletivos ou caronas. Uma demonstração de como um hábito comum modificado pode fazer a diferença é o ato de lavar o carro. Se uma pessoa gasta 30 minutos para lavar um veículo com a mangueira pouco aberta utiliza-se 216 litros de água, caso ela lave com a torneira com meia volta de abertura o desperdício alcança 560 litros. Para se obter uma redução basta lavar o carro com baldes de água, o consumo fica em torno de 40 litros (SAAE Barretos). Ou seja, se 100 pessoas adotarem esse hábito e lavarem seus carros com água no balde a economia mínima desse grupo será de 17.600 litros a cada lavagem, comprovando ser uma diferença eficiente. 1.2. Água potável e a pegada hídrica De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde, água potável é aquelaindicada para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos 18 e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde. Como já apresentado 37% desse recurso no Brasil é desperdiçado, e nesse relato que se pretende enfatizar o assunto. Como sabido as águas dos rios e lagos são doces, no entanto não são adequadas para o consumo humano direto, pelo fato de poderem apresentar contaminação ou transmissão de doenças. Ou seja, para seu uso é necessário um tratamento, e ele requer a realização de diversas etapas em que todas são pensadas para combater ao proliferamento e transmissão de doenças. São basicamente sete etapas que podem ser efetuadas nesse processo, mas antes do tratamento químico existem três partes iniciais importantes que são: o peneiramento para retirada de sólidos, a decantação para evitar existência de impurezas depositadas ao fundo dos tanques, e por fim a aeração, que remove o mau cheiro presente. Após essas etapas que se inicia a parte química e mais complexa. A primeira delas é a coagulação, que por ser a primeira recebe a chamada “água bruta”, nela é adicionado sulfato de alumínio e isso promoverá o aglomeramento de sujeiras de cargas negativas. Logo em seguida a água é direcionada para outro tanque e recebe o floculante, que possui a função de grudar todas as sujeiras formando um grande bloco de impurezas. A terceira etapa é a decantação, que por meio da gravidade faz os blocos de impurezas se alojarem ao fundo do tanque, causando sua separação com água. Nesse momento 95% das sujeiras sólidas da água já foram removidas, e os 5% restantes serão trabalhados na filtração, que como seu nome remete, ele permite a limpeza por meio de um filtro que contém camadas de carvão, areia e pedras, que vão ao encontro das pequenas impurezas que ainda restam. Após isso, a água receberá mais três substâncias, e terá seu tratamento por completo. De início é adicionado cal para retirar a acidez da água, que por possui um pH alto poderá corroer os canos da tubulação, em seguida é aplicado o flúor para o amparo da dentição humana, e ao fim o cloro que promove proteção da água contra substâncias. Esse longo processo possui custos elevados, e mais uma vez comprova a necessidade de um uso racional da água, mesmo com a vantagem de que 1L chega às casas de São Paulo com um custo numerado em menos de um centavo (Sabesp, 2016), não significa que deve haver extrapolação de uso. Para chegar às residências brasileiras a água sai da estação de tratamento e fica armazenada em 19 reservatórios subterrâneos ou elevados. Dessa reserva ela é direcionada ao sistema de distribuição, que são as tubulações existentes pelas ruas das cidades, que direcionam a água para as redes internas das casas. Parece simples a explicação singela desses procedimentos, porém para conseguir êxito e suprir todas necessidades de uma cidade é requerido análises, estudos e precauções diárias, para que todos tenham acesso a água limpa. No entanto, como já relatado nem toda população brasileira possui acesso fácil a água pronta para o uso humano. Por isso, vale mencionar um exemplo prático que o Brasil colocou em ação para oferecer água limpa as populações de baixa renda, o Programa Cisternas. Esse programa entrega por todo Brasil cisternas com capacidade de 20 bilhões de litros paras diversas famílias. Desde 2003 já foi contabilizado a quantidade de 1,2 milhão de cisternas entregues, e esse dado é de extrema importância, pois isso promoveu para milhares de cidadãos praticidade por não possuírem água encanada, evitando também a contaminação por doenças pelo uso de águas impróprias, facilidade na produção de alimentos nos locais, e além disso retirou a dependência dos moradores dos chamados carros-pipa. Um dado importante para se pensar no uso de água é de que a Organização das Nações Unidas apontou que um ser humano precisa diariamente de 110 litros de água para ter todas suas necessidades supridas, seja no consumo ou na sua higienização. Porém, no Brasil, uma pessoa chega a usar mais de 200 litros por dia, um consumo altíssimo, e se pensarmos na totalidade populacional esse dado se agrava ainda mais. Um exemplo de uso desenfreado é no ato lavar louça, que em 15 minutos com a torneira entreaberta pode gerar gastos de 117 litros, mas se adotado a medida de primeiro limpar os restos de comidas, jogá-los no lixo, e após isso ligar a torneira para lavá-los esse custo poderá despencar para 20 litros somente. Logicamente algumas pessoas já usam esse método para precaver desperdício de água, mas ainda é uma minoria que o pratica, e essa é só uma das ações que podem diminuir o consumo. Preocupado com esse consumo o professor Arjen Hoekstra da Unesco, criou no ano de 2002 o conceito de “Pegada hídrica”, que pretende mensurar a quantidade de água gasta direta e indiretamente por cada pessoa na sua vida. Isso significa que ele calcula o consumo diário de água por habitante somando os litros por banho tomado, escovação dentária ou o lavar das mãos. É medido também a alimentação, pois cada alimento precisa de uma quantidade necessária de água 20 para sua produção, e o uso de eletricidade, pois a maior parte de energia no Brasil é fornecida pelas usinas hidrelétricas e toda sua funcionalidade é medida pela vazão dos rios. Esse pensamento se expandiu e analisa não só o consumo individual, mas a pegada hídrica de uma empresa, cidade ou de um país. Arjen Hoekstra afirma que “o interesse na Pegada Hídrica está enraizado no reconhecimento de que os impactos humanos nos sistemas de água doce podem estar ligados ao consumo humano, e que questões como a escassez de água e a poluição podem ser melhores compreendidas e tratadas, considerando a produção e cadeias de suprimento como um todo." Ou seja, apesar de todo problema ambiental existente há soluções práticas, e muitos deles começam com a junção de pequenas ações individuais. E para entender quais ações tomar em relação aos usos de água, é importante saber diferenciar os seus tipos. A pegada hídrica define três tipos: azul, verde e o cinza. A pegada hídrica azul é referente as águas dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, que é utilizada, mas devolvida em outro momento. Um exemplo usual desse tipo é a agricultura irrigada. Já a pegada verde se refere às chuvas, que são águas que ficam armazenadas no solo e nas das plantas participando de todo processo do crescimento da mesma e evaporação. E por último a cinza, que medirá o volume necessário para que uma água suja (que tenha sido adicionado poluentes) seja tratada e retorne a condições aceitáveis. Tendo isso em mente se analisa que o Brasil possui um total de 2027 metros cúbicos per capita ao ano de consumo do bem comum, e existe a porcentagem de que 9% da pegada hídrica do mesmo está além das fronteiras, isso significa que é exportado água por intermédio dos produtos produzidos. Porém, esse gasto se torna “invisível” e não atrai a atenção devida dos consumidores. Uma causa defendida pela Water Footprint (organização sem fins lucrativos que promove a preocupação sobre a pegada hídrica no mundo) é que exista uma lei que nas embalagens transpareça a quantidade de água usada para produção daquele objeto, alimento ou acessório. E ainda, segundo a organização, isso traria um desconforto nas pessoas e provavelmente auxiliasse na mudança para produtos mais ecológicos, provocando um consumo consciente. Todo esse relato, comprova ainda mais o problema em questão, e se faz necessário mudanças de hábitos e mudança na mentalidade ambiental presente no cotidiano brasileiro. 21 1.3. Delimitação dos problemas de água no cotidiano do brasileiro Por um lado, nos últimos anos está aumentando a preocupação no Brasil com o racionamento de água, e algumas cidades já sofrem consequências douso desenfreado desse recurso. Como apresentado no cotidiano brasileiro há custos elevados de utilização de água, e isso logicamente afeta a natureza, cuja reação afetará a vida humana na terra. Um exemplo de consequência desse problema foi na cidade de São Paulo que sofreu crises hídricas, principalmente entre os anos de 2014 e 2015, em que o alto nível de temperatura promoveu a evaporação de diversos reservatórios, a incidência de chuva diminuiu causando problemas de abastecimento do Sistema Cantareira (maior do local atendendo 6,5 milhões de pessoas), como também o consumo diário por habitante complica ainda mais essa situação. Um alerta para o problema em foco são alguns custos apresentados pelo SAAEB (Sistema Autônomo de Águas e Esgotos de Barretos), que serão citados no Quadro 4. Quadro 4: Consumo de água por atividade Fonte: www.saaeb.com.br Para se obter maiores informações sobre gastos de água neste trabalho, foi realizado um questionário online com o tema, que rendeu 249 respostas dos internautas (Ver Anexo A). Uma das perguntas era “Você escova os dentes com a torneira aberta ou fechada?” e 8,8% respondeu que utiliza aberta, isso significa 22 http://www.saaeb.com.br/ 22 pessoas dessa amostra com esse mau hábito. É sabido que a escovação dentária dura entre 1 e 4 minutos, e como foi exposto 5 minutos com torneira meia aberta se utiliza até 12 litros de água, e nesse caso 8,8% dos entrevistados refletem uma parte da irresponsabilidade ambiental ainda presente no cotidiano brasileiro. Cita-se ainda os diversos relatos em uma outra questão que questionava “E por fim, você se considera uma pessoa que evita gastos desnecessários com água? Se sim, pode citar alguma ação que comprova isso?” e cerca de 25% disseram claramente que não faziam nada para evitar os gastos ou não quiseram responder à pergunta. Essas informações evidenciam a falta de cuidado com o bem comum, e o número de entrevistados foi de apenas 249, se colocar esse dado em escala global provavelmente se relatará situações mais agravantes. Contudo, se obteve respostas positivas no questionário realizado, em que mais de 150 pessoas relataram pequenas ações que praticam para tentarem evitar custos elevados com água. Algumas delas citaram o ato de banhos rápidos; reutilização de água da máquina de lavar para limpeza de área externa da casa; colocar água em uma vasilha para ensaboar a louça evitando o uso da torneira aberta; lavar a casa com baldes de água e não com mangueira ligada; ter cuidado no vazamento de torneiras, como também a comum situação citada de fazer xixi no banho para evitar usar descarga. Algo a se ter em mente nesses relatos é que 51% do grupo entrevistado possui entre 18 e 25 anos, sendo sua maioria universitários, isto não significa que essa classe terá obrigatoriamente consciência no uso da água, mas se pensar no ambiente universitário o tema é bastante abordado e provavelmente essas pessoas são expostas aos dados preocupantes da situação com maior ênfase. Mesmo com as respostas citadas ainda se faz necessário uma mudança no cenário atual das residências, e principalmente no banheiro o local em que há maiores custos com água na rotina. 23 2. ANÁLISE DE PRODUTOS RELACIONADOS Como mencionado no mercado existem produtos que promovem a sustentabilidade, alguns evitam uma maior geração de lixo, como os produtos da OKA Biotecnologia, que produzem bioembalagens com fibras naturais, que não agridem o meio ambiente após seu descarte e podem ser consumidos pelos animais e até humanos, diferente da grande maioria das embalagens usuais que demoram anos para sua decomposição. Outros produtos evitam o gasto desnecessário de energia elétrica, como as lâmpadas com sensor de presença que desligam automaticamente após a ausência de movimentação no local, elas são ativadas por captação de infravermelho que percebem a temperatura corporal. Essa tecnologia possui um funcionamento relativamente simples, mas de grande importância pois como já apontado boa parte da energia elétrica distribuída no Brasil é produzida pelas usinas hidrelétricas, ou seja, economizar no uso da eletricidade equivale a economizar água. A grande maioria dos produtos existentes para uso domiciliar promovem o reuso de água e ele pode ocorrer de diversas maneiras, uma delas é a captação da água da chuva. Para esse tipo de captação há produtos desenvolvidos com foco nessa finalidade, mas também existem diversas invenções do design popular ou vernacular, em que as pessoas utilizam sua criatividade para solucionar problemas. Um dos casos comuns nesse contexto é a utilização de canos nos telhados para direcionar o fluxo da água à um reservatório, seja ele uma caixa de água ou simplesmente um barril, e após o acúmulo se faz retirada com baldes para utilidades diversas. No caso da fabricação de produtos nesse cenário encontra-se produtos brasileiros como o “Chove Chuva” (Ver Figura 1), um filtro que se acopla a calhas e a um reservatório, possuindo como objetivo eliminar resíduos provenientes do telhado, controlar o PH da água da chuva, e promover água potável pronta para uso humano. Um ponto interessante é que ele não necessita de energia elétrica para sua funcionalidade e precisa de pouca manutenção, demandando apenas reposição de pastilhas de cloro periodicamente. Como ponto positivo desse produto se encontra também a sua potencialidade, que trata 3000 Litros de água por hora, demonstrando uma eficiência notável. Algo a se repensar na atratividade do mesmo 24 é o preço que se encontra na faixa de R$800,00 (oitocentos reais), e seu material é um plástico, que não é uma matéria que agride o meio ambiente. Figura 1: Filtro Chove Chuva Fonte: www.chovechuva.com.br Há também produtos para reuso de água proveniente das máquinas de lavar domésticas, um deles é o “Cistern Ecycle” (Ver Figura 2) um tipo de cisterna modular que se acopla a máquina e armazena a água que seria descartada. A empresa que produz possibilita diversos tamanhos e em diversas cores, o que atrai pela estética, algo positivo pois por vezes produtos do ramo não atraem visualmente e as pessoas não são motivadas à compra. Alguns aspectos importantes nesse produto é que a sua instalação é simples; ele possui um filtro clorador, que faz a limpeza da água usada; o material possui o aditivo UV14 que promove uma maior durabilidade do plástico, evitando rachaduras, desbotamento ou até ressecamento, além disso o produto é totalmente vedado e antimicrobiano que inibe o desenvolvimento de microrganismos no local. Mas, apesar de todos pontos positivos existem questões negativas que prejudicam a veiculação rápida desse produto que é a questão de tomar muito espaço e do seu custo que o mínimo é R$660,00 (seiscentos e sessenta reais). O problema maior é o custo, pois no Brasil como já mencionado não há uma cultura consciente de reuso ou economia de água, e as pessoas acham caro os valores http://www.chovechuva.com.br/ 25 para tais produtos, ou seja, mais uma vez comprovando que não há um cuidado ambiental no cotidiano do brasileiro e o custo natural que isso provocará no futuro não aparenta ser preocupante. Figura 2: Cistern Ecycle Fonte: www.ecycle.com.br No entanto, existem produtos que focam o reuso de água dentro do banheiro doméstico. E o primeiro deles a ser comentado é o “Caroma Profile 5” (Ver Figura 3), que se trata de uma junção entre a pia e o vaso sanitário, ele funciona da seguinte maneira: a água usada na pia é alojada na caixa da descarga que será utilizada com essa nova função. Apesar dele ser compacto, promover praticidade espacial, possuir uma estética agradável e ter dados estatísticos que comprovam uma redução de até 70% o uso de água nessa área, ele provavelmente não atrai o mercado em massa, não só pelafalta de consciência ambiental mas também pelo seu custo de US$ 1250,00 (mil duzentos e cinquenta dólares) e por de certa forma não ser 100% higiênico. A questão da higienização é de que a ativação da descarga com a tampa levantada prolifera germes pelo ambiente, tendo assim como orientação dos especialistas fazer seu uso abaixada, como o médico William Schaffner, do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt nos Estados, recomenda para evitar o risco de contaminações, principalmente da bactéria Clostridium difficile, bastante conhecida por desencadear diarreia, que segundo estudos do Journal of Hospital Infextion alcança até 25 cm em torno do vaso sanitário quando acionado dessa 26 maneira. Ou seja, caso o usuário não tenha esse conhecimento e reproduza tal ação, as bactérias podem facilmente se alojar na pia dada a pequena distância entre a mesma e o vaso, podendo assim provocar doenças. Figura 3: Caroma Profile 5 Fonte: www.freeflush.co.uk Existem também produtos desenvolvidos com foco no reuso da água voltados aos chuveiros. Um deles é o chuveiro “Nebia” (Ver Figura 4) que aparentemente é um chuveiro comum, mas que segundo os criadores evita 70% de gasto desnecessário com água no banho. Isso ocorre pois ele reduz as gotículas de água liberadas, formando uma espécie de névoa ao redor do usuário, como o funcionamento de uma sauna, por exemplo. A estética dele é agradável, moderna, e pela análise é funcional e prático a sua utilização, apenas possui a questão do custo elevado de certa forma que gira em torno de US$ 250,00 (duzentos e cinquenta dólares). Um ponto interessante a citar é que a criação não foi projetada com foco na sustentabilidade, mas sim em criar um produto premium que melhorasse a experiência do banho, segundo os inventores. Ou seja, fica claro que por vezes no desenvolvimento de um novo produto as ações que aquele produto pode provocar na natureza não é tida como objetivo, ficando em segundo plano. 27 Figura 4: Chuveiro Nebia Fonte: universoiwill.wordpress.com Porém existem outros produtos que demonstram ter uma real preocupação com a questão ambiental. Um deles é o “Gris” (Ver Figura 5) que ainda não é fabricado, mas foi projetado conceitualmente por um designer húngaro totalmente no sentido de reutilizar água. O autor do projeto, Alberto Vasquez realizou estudos que comprovam que a sua criação recicla até 90% da água residual do banho. Essa demonstra ser uma porcentagem motivante, porém a capacidade total do sistema é de apenas 40 Litros, algo que teoricamente não deveria ser um problema, mas dada a demora no banho do brasileiro, como apontado no questionário realizado para esse trabalho em que 60,2% afirmaram gastar mais de 7 minutos no banho, se torna preocupante, pois muito provável esse tempo de banho exceda o limite de armazenamento e os litros que ultrapassam vão direto para o esgoto. 28 Figura 5: Gris I Fonte: https://igen.design/ O Gris funciona da seguinte maneira: os blocos que são conectados por travas se tornam uma espécie de piso, que deve se posicionar abaixo do chuveiro. Durante todo o banho o usuário se locomove sobre o piso, que como apontado é antiderrapante (Ver Quadro 5), e toda água é retida pelas quatro entradas ao centro do produto. Ao fim do banho o usuário pode destravar os quatro blocos e usar a água contida neles da forma achar oportuna, podendo usar como descarga por exemplo (Ver Figura 6). O problema maior é que essa água se classifica como água cinza, que como explicado no capítulo anterior contém resíduos, e sendo assim não poderá ser utilizada diretamente para certas ações, como exemplo regar plantas, por justamente não ser tratada e conter contaminação. Um último detalhe sobre o Gris é que ele ainda não é fabricado, mas há cálculos que computam um valor entre vinte e quarenta dólares a unidade. https://igen.design/ 29 Quadro 5: Aspectos Gris Fonte: https://igen.design/ Figura 6: Gris II Fonte: https://igen.design/ Ainda há no mercado produtos que realizam essa mesma função, como o “Aguawell” (Ver Figura 7) que possui o mesmo funcionamento do Gris, porém sua dimensão é reduzida o que permite pouco espaço para movimentação do usuário e sua capacidade se resume em apenas 12 litros. Com isso ele restringe o uso para grupos seletos de pessoas, pois um cadeirante ao tomar banho ficará impossibilitado de usar tal produto por conta da pequena área, e também com sua quantidade mínima irá desperdiçar boa parte da água do banho. Por outro lado, ele possui aspectos positivos, como ser antiderrapante, suporta até cento e vinte quilos, https://igen.design/ https://igen.design/ 30 possui várias opções de cor e seu peso é de um total de 1,5 kg, e se atenta às questões ambientais na sua criação. Figura 7: Aguawell Fonte: www.vivagreen.com.br Essa análise permitiu identificar que a grande maioria dos produtos existentes para uso no banheiro doméstico se preocupam em reusar água, porém quase em sua totalidade o reuso de água necessita de tratamento para retirada das impurezas. Isso demonstra que o ato de economizar água seria de maior vantagem, não só pela questão de não precisar ser realizado tratamento, mas também pela praticidade em ser realizado que provavelmente provocará uma melhor aceitação do público para ser implantada no seu cotidiano. 31 3. DESENVOLVIMENTO DE PROJETO – SMART SINK Após o entendimento do problema e a irresponsabilidade existente no consumo doméstico, foi necessário a definição de características e metas a serem alcançadas por meio do produto. Com isso, foi desenvolvido os requisitos do projeto, sugeridos pela autora (Ver Quadro 6). Quadro 6: Requisitos de projeto Fonte: Autora Os requisitos funcionam como um guia para o projeto, de forma que nada fuja do objetivo final como explica Ana Pazmino (2013). Eles foram divididos em 3 categorias contendo os essenciais que obrigatoriamente devem existir, os desejáveis e opcionais que não são exigidos, mas se possível podem ser implantados ao projeto. Após essas definições foi preciso a aplicação de ferramentas utilizadas no campo de criação do Design para averiguar a melhor 32 solução para este trabalho. Os próximos subcapítulos abordarão todos os passos seguidos e os resultados obtidos. 3.1. Passo 1: Desenvolvimento de Persona e Cenários A escolha do público alvo em questão foi a classe média alta, que goza de um ótimo padrão de vida, possuindo um poder aquisitivo desejável para a proposta do projeto, e por isso foi visto como um público que estaria disposto a pagar um pouco mais por um produto com consciência ecológica nesse ambiente. Com essa definição foi possível a aplicação a ferramenta “Persona e Cenários” para melhor conceituação e entendimento dos valores e necessidades do público escolhido. Foi investigado dois tipos de usuários e é perceptível que apesar de serem da mesma classe social há necessidades diferentes a serem supridas, mas o produto a ser desenvolvido deve agradar igualmente os dois. Contudo eles possuem aspectos em comum, pois ambos são solteiros, classe média alta, vivem em Natal/RN e são bastantes vaidosos. A Persona 1 se refere a Haila Braga (30) que possui uma rotina corrida, e que valoriza o status social que marcas e produtos lhe promovem, já a Persona 2 retrata o Dário Vilela (44) que possui uma rotina também movimentada, no entanto é mais caseiro e preza o conforto e segurança à status (Ver Figuras 8 e 9). 33 Figura 8: Persona 1: Haila Braga Fonte: Autora Ainda nessa ferramenta foi discorrido uma rotina fictícia desses usuários que exemplifica alguns hábitos dos mesmos, cita momentos que eles fazem uso da bancada do banheiro,que ajudam a compreender ainda mais o público escolhido (Ver Figuras 10 e 11). 34 Figura 9: Persona 2: Dário Vilela Fonte: Autora 35 Figura 10: Rotina Haila Fonte: Autora Figura 11: Rotina Dário Fonte: Autora E para finalizar a compreensão do público-alvo, foram desenvolvidos os Cenários para cada Persona. Vale mencionar que diferentemente das Personas e suas rotinas, a ferramenta de Cenário não utiliza texto em sua aplicação, mas é composta por um painel visual de locais que a Persona frequenta, ou seja, é uma forma de englobar o designer no contexto em que essas pessoas transitam. É perceptível nas imagens que há muita interação social em ambos os casos, eles 36 sempre estão reunidos com amigos ou família, e que há uma preocupação com a saúde e estética, isso é visto pela idas ao salão de beleza ou aulas de Ioga por parte da Haila, como prática de surf e musculação pelo Dário (Ver Figuras 12 e 13). Figura 12: Cenário Haila Fonte: Autora 37 Figura 13: Cenário Dário Fonte: Autora 3.2. Passo 2: Lista de verificação Após o entendimento do público do produto em estudo foram observadas as bancadas existentes, ou seja, todo conjunto entre pia, torneira e espelho. Foram analisados três padrões com estéticas frequentemente usadas pela classe escolhida, por meio de uma “Lista de Verificação” e foram colocados em questão cinco requisitos de projeto (tecnologia, inovação, número de funções, número de peças e harmonização estética). Essa análise possibilitou avaliar as lacunas que existem na configuração da bancada (Ver Figuras 14, 15 e 16). 38 Figura 14: Padrão I Fonte: Autora Figura 15: Padrão II Fonte: Autora 39 Figura 16: Padrão III Fonte: Autora Nessas comparações foi percebido que não há um número excessivo de armários ou estantes para se alocar objetos, e isso demonstra a tendência do minimalismo, algo que será tido em mente para a criação pois se adequa a inclinação de escolha do mercado atual. Isso também é justificado em fato das Personas escolhidas serem compostas por dois solteiros que necessitam guardar menos artefatos nesse ambiente, ou já possuem outro lugar específico para estocá- las, liberando espaço e alívio visual na estação. Para melhor se entender esse gosto vigente do mercado na área foram realizadas duas visitas externas, sendo uma delas a loja de decoração Leroy Merlin (Nova Parnamirim), e outra a Casa Cor Natal 2019. Como citado uma tendência atual é o minimalismo que prevê a criação de um ambiente contemporâneo fazendo uso de poucos elementos e criando assim um cenário limpo visualmente (Ver Figura 17). 40 Figura 17: Banheiro minimalista Fonte: www.originalhome.com.br E esse minimalismo foi percebido também nas torneiras atuais, que estão buscando inovar com novas formas de abertura, de ativação, com novos usos de cores, formatos, dimensionamento e materiais. Para demonstrar as variedades existentes no mercado foi realizado um painel com vários modelos que fogem do padrão habitual desse utensílio no banheiro residencial (Ver Figura 18). http://www.originalhome.com.br/ 41 Figura 18: Painel de torneiras Fonte: www.google.com.br 3.3. Passo 3: Análise de Falhas Para a análise de falha foi escolhida a bancada Versati Ventur da marca Sensea com indicação de cuba de apoio, que são cubas que ficam inteiras sobre a bancada. A escolha como referência desse modelo foi por ele ser de um valor monetário médio e possuir minimalismo como estética adotada. Essa análise servirá para detectar as falhas possíveis em uma lista de funções e ações que podem ser realizadas nesse ambiente (Ver Figura 19). 42 Figura 19: Análise de falhas Fonte: Leroy Merlin Uma preocupação a ser salientada é o uso do MDF (Fibra de média densidade) que é composto por madeira e resinas sintéticas, comumente utilizado nesse local. Ele é um material com um baixo custo, de baixa densidade, permite diversas formatações visuais, contudo é hidrofóbico o que facilita seu desgaste. Por fim, a análise de falhas contribuiu para confirmar problemas já detectados nas ferramentas anteriores, como o pouco espaço para realizar as atividades nesse local, e também descobriu novos problemas, como as quinas pontiagudas que podem por ventura machucar o usuário. As falhas servirão como guia de soluções a serem alcançadas, isso não significa que o conceito final deve solucionar todos os 15 problemas encontrados, mas se possível a sua grande maioria. 3.4. Passo 4: Hierarquia das funções Após a compreensão dos problemas existentes por meio das ferramentas já apresentadas, foi criada uma lista contendo as diversas ações realizadas na bancada (Ver Figura 20). Entre as ações listadas há uma gradação das mais 43 corriqueiras como lavar as mãos, mas também conta com ações menos corriqueiras, como colocar colírio. Elas foram divididas em 3 categorias (baixa prioridade, média prioridade e alta prioridade), e essa divisão se deu justamente pelo quesito se ocorrem habitualmente ou raramente definido pela autora. Figura 20: Hierarquização das funções Fonte: Autora No entanto, percebeu-se que muitas funções necessitavam de uma atenção maior. Como exemplo cita-se a praticidade de limpeza, em que na maioria dos casos as bancadas possuem materiais distintos, e precisam de cuidados específicos para cada um. Pensando nisso foram realizadas modificações na hierarquia desenvolvida, em que todas as funções permaneceram, porém houveram mudanças de prioridades na grande maioria. Isso pode ser observado na Figura 21 em que os blocos adicionais são as funções que mudaram de peso e terão níveis maiores de prioridade no conceito a ser desenvolvido. 44 Figura 21: Hierarquização das funções modificada Fonte: Autora Essa hierarquização não significa que para cada ação listada deverá existir um local específico na bancada para ser realizada. Ela significa que serão ações que poderão ter uma maior área para serem realizadas permitindo liberdade espacial para o usuário. Ou seja, no exemplo de usar o secador de cabelo, o novo projeto não deverá obrigatoriamente possuir um porta-secador, mas ele poderá oferecer opções de áreas seguras para colocar o utensílio quando estiver sendo usado no local, evitando seu contato com água. 3.5. Passo 5: Matriz de tecnologias existentes Como já exemplificado o objetivo deste trabalho é desenvolver uma torneira inteligente conceituada para a sustentabilidade para o banheiro residencial que promova ergonomia, praticidade no uso e racionalidade nos gastos de recursos hídricos. As visitas externas à loja e a exposição de arquitetura já mencionadas, ampliaram as opções de inovações na área, mas também foram analisados estudos de projetos como o “Chuveiro Inteligente” (Revista científica da FAEX, 2013), que utiliza da tecnologia do temporizador para limitar o período de fluxo de água, e possui ativação por meio do sensor de presença; como também o artigo “Domótica: a casa do futuro já presente” (Revista Online I-POG ESPECIALIZE, 2016) que 45 descreve tecnologias aplicadas ao cotidiano no ambiente residencial, como exemplo: controle de iluminação, controle de acesso, portas e cortinas automáticas. Após o estudo das tecnologias que pudessem ser implantadas para acionamento da torneira, foi aplicada a ferramenta “Matriz de decisão” (Ver Tabela 1), que mede os atributos de cada uma por meio do somatório de pontos, sendo eles divididos em três categorias: 1 ponto se não atende, 2 pontos se atendeparcialmente e 3 pontos se atende plenamente ou satisfatoriamente. Tabela 1: Matriz tecnologias Fonte: Autora Como apresentado o Sensor Ultrassônico (Ver Figura 22) foi o escolhido a ser aplicado, e sua funcionalidade é dada por detectar objetos e permitir uma ação ao ser detectado. Nesse caso ele irá detectar uma proximidade humana e a torneira automaticamente ativará o fluxo de água, como também após distanciamento do usuário o fluxo cessará da mesma maneira. Esse sensor possui um baixo custo o que também facilita sua utilização, é leve, ocupa uma pequena área, e pode ser usado com a tecnologia do Arduino, ou seja, funciona por programação que pode ser facilmente atualizada. Uma observação sobre essa aplicação é que em alguns 46 lugares públicos já utilizam essa tecnologia e o usuário não se sentiria ameaçado com a novidade em seu lar. Figura 22: Sensor ultrassônico Fonte: www.google.com.br 3.6. Passo 6: Brainstorming Finalizada a etapa de análise e pesquisa, deu-se início a etapa de desenvolvimento de ideias e nela foi aplicada uma ferramenta do Design nomeada “Brainstorming”. Esse processo de criação utilizou como direcionamento os objetivos e todos resultados das ferramentas aqui apresentadas, pois essas gerações de ideias devem sanar os problemas apontados por eles. Foram realizados diversos sketches (Ver Figura 23) da torneira e de toda a bancada, alguns com formas arredondadas, outros mais geométricos. Porém, como mencionado anteriormente, o design minimalista é uma estética que agrada o público escolhido, e foi a escolha a ser usada nas peças. 47 Figura 23: Sketches Fonte: Autora A torneira foi uma solução pensada para que seu formato facilitasse a retirada do sensor ultrassônico caso eventualmente ele precise. Como mencionado ele pode ser atualizado quando necessário utilizando programação por meio do Arduino, e por isso é importante ter um acesso a ele de maneira prática. A Figura 24 mostra o sketch inicial da torneira, que terá a retirada do sensor por meio de encaixe, no próximo capítulo serão apresentados mais detalhes sobre o funcionamento e desenho final da mesma. 48 Figura 24: Sketch torneira Fonte: Autora Já para a escolha do modelo da bancada se fez necessário a aplicação de uma nova matriz decisória (Ver Quadro 7) para definir qual desenho iria ser realizado o refinamento, pois foi percebido em 3 sketches boa adequação às formas e funções, porém ainda permanecia o questionamento se atendiam satisfatoriamente aos objetivos deste. E novamente por meio do somatório foi percebido uma adequação maior do modelo 2, que será melhorado e apresentado no próximo capítulo. 49 Quadro 7: Matriz de decisão modelos Fonte: Autora 50 4. MODELAGEM DIGITAL A modelagem foi desenvolvida seguindo as diretrizes das ferramentas já apresentadas e os requisitos propostos no início do projeto. Porém, antes da visualização da mesma é de suma importância esclarecer no trabalho em questão o que é entendido como harmonia estética. O primeiro conceito adotado é que a palavra “Harmonia” deriva do latim harmonĭa e significa “combinação” ou “ajustamento”, e o segundo conceito é da palavra “Estética” que é um ramo de estudo da filosofia que estuda os fundamentos da arte e beleza. Com isso, a harmonia estética aqui pretendida é uma combinação de cores e formas que produzem uma sensação agradável e possuem coerência visual. Tendo isso em mente a proposta final teve seus elementos pensados para um agrado visual e juntamente com isso solucionou diversos problemas já abordados. 4.1. Torneira A torneira como já explicada possui acionamento automático por sensor ultrassônico e por isso necessitou de um desenho específico que facilitasse a retirada do sensor caso seja necessário (Ver Apêndice A). O modelo desenvolvido permite que o sensor fique alocado dentro de um retângulo encaixado na torneira, e sua movimentação se faz por meio de ações de “puxa e empurra”. Ela também possui outro detalhe interessante, a cascata, que permite o deságue da água de uma maneira inovadora e que evita a mesma molhar o sensor. As Figuras 25 e 26 apresentam a cascata e o sensor na sua parte interna como também na parte externa, respectivamente. Uma observação é para o nome do projeto foi pensado algo que ao ser lido demonstrasse o diferencial do produto, e a escolha final foi “Smart Sink” que traduzindo do inglês é “pia inteligente”. 51 Figura 25: Sketch digital torneira Fonte: Autora Figura 26: Sketch digital torneira II Fonte: Autora 52 Na área inferior da torneira há duas aberturas que permitem a passagem da água e da fiação referente ao sensor (Ver Figura 27). A fiação do sensor corresponde a apenas 1 (um) fio que alimentará por energia elétrica o mesmo, e esse fio irá ser plugado a uma tomada que se indica ser localizada abaixo da bancada. Um último detalhe é que a torneira pode ser programada para ser desligada automaticamente, isso é essencial pois se o usuário esquecer algum objeto em frente da mesma ele poderá ativar a passagem de água por horas, e possuindo o desligamento automático ela evitará o desperdício de água. Figura 27: Sketch digital torneira III Fonte: Autora 4.2. Bancada Referente à bancada proposta foi realizado para visualização das soluções encontradas um quadro visual que apresenta todas as falhas mencionadas na “Análise de Falhas” e indicando quais delas foram resolvidas. Esse quadro pode ser 53 visto na Figura 28, e a Figura 29 apresenta o modelo final desenvolvido neste projeto apontado suas inovações. Figura 28: Quadro de soluções Fonte: Autora 54 Figura 29: Sketch digital bancada Fonte: Autora A escolha no uso de preto e branco se deu por estar sendo uma tendência em uso atualmente. Um exemplo real é a nova coleção de “Decoração Preto e Branco – Natal 2019” da empresa Etna, muito famosa no Brasil. Os itens da coleção fazem uso do preto e branco e permitem a criação de um ambiente sofisticado, como também promove inovação a usar cores incomuns em uma data comemorativa tão tradicional. Um outro detalhe sobre a bancada é sua fixação, que será realizada com auxílio de mão-francesa feita em cantoneiras metálicas que serão chumbadas na parede, como é usualmente utilizada nesse nicho. A Figura 30 apresenta o sketch digital de um outro ângulo da bancada. 55 Figura 30: Sketch digital bancada II Fonte: Autora Como demonstrado no quadro de soluções há apenas três problemas que não foram solucionados plenamente, porém dois deles (‘não há contenção de água” e “não indica se há vazamento”) foram melhorados no projeto, pois os canos utilizados no projeto serão de cobre que é um material com maior durabilidade e isso já demonstra uma efetividade maior frente a esses dois problemas (ler sobre cobre no subcapítulo “Materiais”). E o terceiro problema que não foi solucionado é referente a indicação se a torneira está aberta ou fechada para caso ocorra um vazamento e o usuário necessita saber para qual lado girá-la, no entanto como a torneira projetada é ativada por sensor de presença, não se fez necessário essa indicação. 56 Porta sabonete Ao lado da torneira se localiza o porta sabonete que como já apontado não há usualmente um espaço adequado para esse produto e por vezes quando existe há uma distância que permite respingar água pela bancada. A solução encontrada foi criar um espaço com dimensões de 10 cm x 7 cm com 1 cm de profundidade para comportar o sabonete. Esse espaço possui baseselevadas para a água que porventura caia nesse local não fique em contato direto com o sabonete causando seu desgaste, como também possui uma abertura inclinada diretamente para a cuba que faz a água acumulada no local escorrer naturalmente (Ver Figura 31). Figura 31: Sketch digital porta sabonete Fonte: Autora Elevação da bancada Uma outra solução para o problema de a água escorrer pela bancada e entrar em contato com objetos presentes nela, foi criação de uma elevação da parte lisa da bancada, para com a parte que contém a cuba. Essa elevação possui 2 cm de diferença, formando assim uma espécie de barreira (Ver Figura 32). 57 Figura 32: Sketch digital elevação bancada Fonte: Autora Elemento em “L” Acima da bancada há um elemento em formato de “L” invertido que foi pensado não apenas pela estética, mas ele serve para evitar a água respingar e manchar o espelho, ao seu redor se localiza o filamento de luz LED (Light Emitting Diode) que promove a iluminação do espelho e além disso ele acomoda o porta toalha e porta copo, que serão explicados a seguir (Ver Figura 33). Figura 33: Sketch digital elementos Fonte: Autora 58 Porta toalha A localização da porta toalha se encontra acima da torneira facilitando a movimentação das mãos e seu formato é circular contendo 9 cm de abertura, espaço suficiente para comportar uma toalha de rosto (Ver Figura 34). Figura 34: Sketch digital porta toalha Fonte: Autora Porta copo Já o porta copo é uma inovação não encontrada nos estudos realizados, ela é uma opção para armazenar as escovas dentárias. Muitas pessoas possuem o hábito de guardá-las em copos localizados no próprio banheiro, então foi pensada uma solução que já fizesse parte da bancada. Nesse caso o copo foi desenhado para guardar as escovas, mas também possui uma fácil limpeza e retirada (Ver Figura 35). 59 Figura 35: Sketch digital porta copo Fonte: Autora Espaços livres Na parte de armazenar objetos diversos foram desenvolvidos três locais, um é a estante lateral com 2 bases de apoio, o outro é um nicho abaixo da bancada lisa, e o último são dois gavetões. A estante e nicho servirão para colocar objetos decorativos ou quaisquer elementos que se deseje ocupar o espaço. Os gavetões foram pensados para armazenar objetos que não se desejam ficarem à vista, como produtos de limpeza. Na Figura 36 será demonstrada alguns de seus usos. 60 Figura 36: Sketch digital Smart Sink em uso Fonte: Autora E por último cita-se o espelho que foi configurado seguindo a estética dos outros elementos, possuindo assim também uma forma arredondada. Um questionamento realizado é que geralmente esse elemento não possui muita atenção, então houve os cuidados para proteção para não o manchar e iluminação própria, como já explicado. As Figuras 37, 38 e 39 apresentam rendering do modelo final. 61 Figura 37: Rendering digital Smart Sink I Fonte: Autora 62 Figura 38: Relação entre usuário e bancada Fonte: Autora Figura 39: Rendering digital da torneira Fonte: Autora 63 4.3. Materiais Na escolha dos materiais foi pensado inicialmente um a ser aplicado em toda bancada e foi analisado os que possuem boa durabilidade, não gerem mofo, possuem fácil limpeza, possam se adequar as formas propostas, e de que possibilitem harmonia estética. A escolha final a ser aplicada na grande maioria do projeto foi o Corian, material sintético desenvolvido pela empresa Dupont (Estados Unidos). Ele é composto de 1/3 por resina acrílica (PMMA) e 2/3 de hidróxido de alumínio (tri-hidrato de alumínio). Ele possui diversas qualidades e uma delas é a capacidade de ser moldado e de também poder ser translúcido, o que permitirá uma diversidade no uso (Ver Quadro 8). Quadro 8: Características e vantagens Corian Fonte: www.avita.com.br/ https://avita.com.br/ 64 Nota-se que o Corian se adequa às necessidades do projeto e aos requisitos do mesmo, sendo 100% higiênico e permitindo elegância nas formas e cores algo desejável para o público alvo. Um exemplo do uso atual deste material pode ser observado na Figura 40 em que foi aplicado em um cenário de programa da TV Record e foi realizado pela empresa Avitá que se destaca no mercado brasileiro com aplicações do Corian. Figura 40: Exemplo real de uso do Corian Fonte: www.avita.com.br/ Para as outras peças se fizeram necessário a decisão de materiais agradáveis esteticamente e que possuem boa resistência e durabilidade. Para a torneira foi pensado na utilização da liga do cobre, material que possui alta resistência à corrosão, possui facilidade de fabricação por muitas empresas trabalharem com o material no Brasil, e de possuir elevada resistência mecânica e à fadiga, algo desejável pois permitirá um longo ciclo de vida ao produto. As outras peças possuem materiais que já são usados nessa área e se adequam às necessidades requeridas (Ver Quadro 9). https://avita.com.br/ 65 Quadro 9: Lista de materiais utilizados Fonte: Catalogo de materiais (DEM/UFRN) Uma parte de grande importância em uma bancada é o encanamento, e como apresentado no projeto desenvolvido ele é aparente por isso existe a necessidade de ser harmônico com os outros elementos e possuir alta resistência. A escolha final foi cobre, por possui vida útil longa, requer pouca manutenção, não rachar ou sofrer ressecamento, e isso é de grande valia pois nesse ambiente se faz necessário um duto que não sofra deformações ou rompimentos. Ainda se menciona o fato dele ser um material bactericida, fungicida e algicida, ou seja, evita todo tipo de proliferação referente às bactérias, fungos ou algas no local. Porém, um detalhe é que no projeto em questão ele não será utilizado com sua cor natural, o tom alaranjado, mas será pintado da cor preta para harmonizar com a paleta da bancada. 4.4. Ergonomia Todo projeto de produto deve ser pensado para causar o máximo de conforto e praticidade no seu uso, e para isso é estudado e aplicado a Ergonomia. O trabalho em questão se baseou nos conceitos do engenheiro de produção Itiro Iida (2005). O foco do estudo foi na Antropometria que estuda as dimensões do corpo humano, os alcances para cada movimento específico e forças musculares exercidas. Como 66 já direcionado nas “Personas” o projeto é pensado para brasileiros, e para isso é necessário ter por base as dimensões dos mesmos. A Figura 41 apresenta os valores para menor e maior usuário dos brasileiros estudados. Figura 41: Dimensões estatura de brasileiro s Fonte: Itiro Iida (2005) Além das medidas demonstradas foram realizadas visitas a bancadas presentes no meio residencial e retirado as principais medições com trena convencional nesses ambientes. Realizado esses estudos e com base nos preceitos do livro “Ergonomia – Projeto e produção” (ITIRO IIDA, 2005) foi definido as dimensões da estação atual (para maiores informações ir para Apêndice). E para facilitar a visualização na aplicação foi configurado dois exemplos para entender a dimensão da estação, ao lado do usuário (Ver Figuras 42 e 43). 67 Figura 42: Dimensões estatura de brasileiro em relação ao produto Fonte: Autora Figura 43: Maior e menor usuário em relação ao produto Fonte: Autora 68 Na criação de um projeto de Design é importante ter a compreensão que um produto não pode ser voltado somente para dimensões de um só usuário, pois como é sabido há variações de estruturas físicas. Para isso foi tido como características de maior e menor usuário as dimensões já apresentadas na Figura 43, e estudadoas melhores proporções que se adequassem de forma satisfatórias aos dois. Um exemplo dessa adequação de proporção é na altura da bancada, em que as recomendações por Itiro Iida é de 85cm até 90 cm para mulheres e de 90 cm à 95 cm para os homens (ver Figura 44), e a decisão foi utilizar 92 cm para a área lisa e 90 cm para a parte que contém a torneira e cuba. Para não haver problemas com o menor usuário em alcance essa média fica no máximo da dimensão para ele e como também na mínima especificada para o maior usuário, não causando problemas para o uso dos dois e nem dos médios usuários. Para visualizar todas as dimensões que o trabalho propôs ver os Apêndices A, B e C que apresentam as dimensões técnicas da torneira, bancada e sensor. Figura 44: Altura trabalho brasileiros Fonte: Itiro Iida 69 RESULTADOS ALCANÇADOS É notório que os nichos de diversos mercados buscam está sempre se atualizando com as novas tendências e linguagens visuais que atraiam seu público- alvo, mas por vezes a questão funcional é menosprezada nas novidades lançadas, e como apresentado no nicho de bancadas residenciais também existe essa problemática. O desenvolvimento do projeto smart sink com torneira conceitual e bancada para banheiro residencial permitiu a resolução de muitos dos problemas encontrados justamente nas bancadas atuais por meio das análises realizadas, como também obteve êxito no uso de tecnologia e material que visem a sustentabilidade, atendendo dessa maneira aos requisitos estabelecidos. Um aspecto importante na resolução de problemas é ter em foco as necessidades, desejos e dificuldades dos usuários, e esse foi um ponto alcançado pela aplicação de ferramentas nesse intuito. Contudo, para desenvolver fisicamente o produto é necessário a realização de prototipagem para testes de usabilidade, verificação da propagação de luminosidade, testar os encaixes e assim identificar com maior eficácia se há pendências e melhorias a serem realizadas. Uma outra questão é que não há produção local do produto, pois o Corian é um material com custo elevado (m² custa em média R$ 3.000,00) e há poucas empresas no País especializadas. Vale mencionar que o custo é elevado, mas como apresentado possui diversas qualidades que promovem durabilidade e eficiência por anos permitindo um ótimo custo benefício. Uma dificuldade a se relatar no trabalho ocorreu na fase de sketches, pois se mantinha o desejo de solucionar todos os problemas criando novas funções para eles, no entanto no processo foi explanado o pensamento de “menos é mais” para enfim chegar à decisão final do modelo. Um fator interessante foi a utilização de diversas ferramentas que auxiliam nas tomadas de decisões e identificações de problemas, juntamente com as visitações externas, que permitiram a expansão de geração de ideias e uma visualização real dos problemas abordados. 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Relatório da ANA apresenta situação das águas no Brasil no contexto de crise hídrica. 2017. Disponível em: http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/noticias/relatorio-da-ana-apresenta-situacao- das-aguas-do-brasil-no-contexto-de-crise-hidrica. Acesso em: 26/03/2019. AVITÁ. O que é Corian. 2019. Disponível em: https://avita.com.br/o-que-e-corian/. Acesso em: 28/10/2019. BBC BRASIL. Designer cria invenção que reusa até 90% da água do banho. 2015. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150216_plataforma_agua_banh o_rb. Acesso em: 28/02/2019. CASA ABRIL. 10 banheiros com decoração minimalista para se inspirar. 2017. 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