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Quimioterapiaexperimentalantimalarica-Melo-2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA E BIOLOGIA 
MOLECULAR 
 
 
 
 
 
 
Brena Karisa Campos de Melo 
 
 
 
 
 
QUIMIOTERAPIA EXPERIMENTAL ANTIMALÁRICA COM EXTRATOS DE 
PÓLEN APÍCOLA DE Cocos nucifera DESIDRATADO 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/2022 
 
 
 
 
 
 
Brena Karisa Campos de Melo 
 
 
 
 
 
QUIMIOTERAPIA EXPERIMENTAL ANTIMALÁRICA COM EXTRATOS DE 
PÓLEN APÍCOLA DE Cocos nucifera DESIDRATADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Professor Doutor Valter Ferreira de Andrade Neto 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal/2022 
 
 
Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-
graduação em Bioquímica e Biologia Molecular da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
para obtenção do Título de Mestre em Bioquímica 
e Biologia Molecular na área de Parasitologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 
 
 
 
Melo, Brena Karisa Campos de. 
 Quimioterapia experimental antimalárica com extratos de pólen apícola de cocos nucifera desidratado / 
Brena Karisa Campos de Melo. - 2022. 
 82 f.: il. 
 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa 
de Pós-Graduação em Bioquimica e Biologia Molecular, Natal, RN, 2022. 
 Orientador: Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto. 
 
 
 1. Malária - Dissertação. 2. Pólen apícola - Dissertação. 3. Plasmodium berghei ANKA - Dissertação. 4. 
Antimaláricos - Dissertação. I. Andrade Neto, Valter Ferreira de. II. Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 616.936 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 
 
Agradecimentos 
A minha família, em especial minha avó, Maria Salete, mãe, Ângela Maria, pai, 
José Sergio, e irmã, Bruna Melo, pelo apoio que sempre tive e ainda tenho durante a 
minha formação acadêmica e profissional, sou eternamente grata. Também incluo aqui 
os membros de quatro patas da família, Snoopy e Amora, pois me enchiam de alegria ao 
pensar que quando chegasse em casa teria os lambeijos e carinho deles. 
Ao meu companheiro Damião Paz, que me acompanha nessa caminhada desde o 
meu TCC, e agora na dissertação, pude perceber que é mais guerreiro que eu, pois aturar 
uma aluna de pós-graduação em época de pandemia e reforma de laboratório não é fácil, 
(foram muitas batalhas cheias de estresse). Ter alguém para te fazer erguer a cabeça 
após um dia cansativo e as vezes desanimador de experimento, é vital. 
Ao meu orientador Valter Andrade, que me acolheu em seu laboratório e confiou 
em mim para manter a cepa de Plasmodium berghei ANKA viva em tempos de 
pandemia e reforma, e por ter nesses quase 3 anos de mestrado me mostrado o caminho 
para seguir firme e não desistir da vida acadêmica. A Jully Anne, a maior, mestre em 
parasitologia, Zootecnista, organizadora de comes e bebes, pessoa maravilhosa que 
sempre me ajudou nos experimentos, podia fazer chuva ou sol, sem ela os dias no 
laboratório não teria graça. As também mestres que passaram pelo laboratório, Hannah 
Inez, Brenna Melo, Ana Rafaela e Ramayana Brito, em vocês eu me inspirei durante 
esse processo. 
As amigas de turma que Nadja Melo, Amanda Barros, Kariely Moura, obrigada 
por me ajudarem e estarem juntas em dias de luta e gloria. Ao Departamento de 
Microbiologia e Parasitologia. Ao Instituto de Química em especial a professora Renata 
Mendonça e suas alunas Sarah e Janine. Ao professor Hugo Rocha e Raimundo 
Fernandes, por me concederem acesso nos laboratórios e ajudar nas análises. Ao 
laboratório de Nutrição Animal, em especial ao Professor Marcone Costa e Adriana. Ao 
produtor apícola Joaz, que nos presenteou com seu maravilhoso pólen. 
Ao Biotério Central da UFRN, tenho muito carinho a Debora que fez o que 
estava ao seu alcance para conseguir animais de experimentação. E as vidas dos animais 
que foram necessárias para que esse trabalho pudesse acontecer, saibam que foram para 
um bem maior. 
A CAPES e CNPq pelo apoio financeiro. A todos os pesquisadores brasileiros 
que lutam grandiosamente contra a COVID-19, e sabem driblar os obstáculos que 
existem para se fazer pesquisa no Brasil. 
A todos que participaram e colaboraram para que esta pesquisa pudesse ser 
realizada, meus eternos agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Os humanos se distanciaram da terra, como um 
filho que tem vergonha da mãe." 
 
- Ailton Krenak 
RESUMO 
 A malária é uma doença tropical infecciosa aguda causada por parasitas do 
gênero Plasmodium. Existem cinco espécies de Plasmodium que causam malária em 
humanos, P. falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. knowlesi. Em 2020, foram 
registrados 241 milhões de casos de malária, permanecendo como uma das principais 
doenças infecciosas do mundo. A maioria das pesquisas sobre malária se concentra na 
busca de novos medicamentos antimaláricos, pois há recorrência contínua de cepas de 
Plasmodium resistentes ao tratamento antimalárico atual, incluindo terapias combinadas 
à base de artemisinina (ACTs). O uso terapêutico de plantas medicinais há muito 
contribui para o tratamento de doenças. Em relação ao tratamento da malária, muitos 
medicamentos, como quinina e artemisinina, são derivados de plantas. Estudos 
utilizando compostos bioativos, extraídos de plantas, têm demonstrado atividades 
biológicas como anti-inflamatória, antimicrobiana, antifúngica, anticancerígena e 
inseticida. Nesse contexto, o presente trabalho buscou investigar o potencial 
antiplasmódico de um extrato de pólen apícola de Cocos nucifera. Para analisar a 
supressão da parasitemia, camundongos Swiss fêmeas pesando 27 ± 2 g com 6 a 10 
semanas de idade foram divididos em grupos de 5 animais cada. Os camundongos 
foram infectados com 1x106 de hemácias parasitadas por Plasmodium berghei ANKA, e 
tratados oralmente, “por gavage” por 4 dias consecutivos. Foram utilizados cinco 
grupos experimentais: (I) grupo controle negativo tratado com água; grupos teste com 
250 mg/kg (II), 500 mg/kg (III) e 1000 mg/kg (IV) com extrato de pólen apícola; e (V) 
grupo controle positivo com 25 mg/kg de cloroquina. A atividade antimalárica foi 
avaliada pela porcentagem de inibição do crescimento do parasita nos grupos teste em 
relação ao grupo controle negativo. Adicionalmente, o ensaio in vivo teve a mortalidade 
cumulativa, toxicidade aguda do extrato e análise histopatológica realizada; durante o 
ensaio in vitro, a atividade citotóxica do extrato foi avaliada em células HepG2, usando 
seis concentrações, de 0,01-1.000 μg/mL por 24 h. Análises da composição química do 
extrato GC/MS e LC/MS também foram realizadas. A análise da composição química 
do extrato de pólen revelou a presença de ácidos graxos, cumarinas, flavonóides e 
terpenos. No teste de toxicidade aguda in vivo não foram observados sinais de 
toxicidade e mortalidade, assim como as análises histopatológicas não mostraram 
alterações em relação ao controle. Na avaliação da citotoxicidade in vitro, foi possível 
observar que o extrato manteve 100% de viabilidade celular em todas as concentrações 
aplicadas. O ensaio antiplasmodial demonstrou a supressão da parasitemia nas 
concentrações de 500 mg/kg. Em resumo, é possível observar os resultados promissores 
do extrato bruto de pólen de abelha contra a infecção por Plasmodium. O tratamento 
com o extrato foi capaz de reduzir significativamente a parasitemia em camundongos, 
sem induzir toxicidade in vivo e in vitro. No entanto, estudos complementares ainda são 
necessários para isolaros componentes bioativos do extrato e avaliar sua atividade 
contra cepas de Plasmodium. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Malária. Pólen apícola. Plasmodium berghei ANKA. Antimaláricos. 
 
ABSTRACT 
Malaria is an acute infectious tropical disease caused by Plasmodium parasites. 
There are five species of Plasmodium causing malaria in humans, P. falciparum, P. 
vivax, P. malariae, P. ovale and P. knowlesi. In 2020, 241 million cases of malaria were 
registered, remaining as one of the main infectious diseases in the world. Most of the 
malaria research focus on the search for new antimalarial drugs, as there is ongoing 
recurrence of Plasmodium strains resistant to the current antimalarial treatment, 
including Artemisinin-based combination therapies (ACTs). The therapeutic use of 
medicinal plants has long contributed to the treatment of diseases. Regarding malaria 
treatment, many drugs such as quinine and artemisinin are derived from plants. Studies 
using bioactive compounds, extracted from plants, have shown biological activities such 
as anti-inflammatory, antimicrobial, antifungal, anticancer and insecticidal. In this 
context, the present work sought to investigate the antiplasmodial potential of an extract 
of bee pollen from Cocos nucifera. To analyze the suppression of parasitemia, female 
Swiss mice weighing 27 ± 2 g at 6 to 10 weeks of age were divided into groups of 5 
animals each. Mice were infected with 1x106 of red blood cells parasitized by 
Plasmodium berghei ANKA, and treated orally, “per gavage” for 4 consecutive days. 
Five experimental groups were used: (I) negative control group treated with water; test 
groups with 250 mg/kg (II), 500 mg/kg (III) and 1000 mg/kg (IV) with bee pollen 
extract; and (V) positive control group with 25 mg/kg of chloroquine. Antimalarial 
activity was evaluated by the percentage of parasite growth inhibition in the test groups 
compared to the negative control group. Additionally, the in vivo assay had the 
cumulative mortality, acute toxicity of the extract and histopathological analysis 
performed; during the in vitro assay, the cytotoxic activity of the extract were evaluated 
in HepG2 cells, using six concentrations, from 0.01-1,000 μg/mL for 24 h. Analyzes of 
the extract chemical composition GC/MS and LC/MS were also performed. The 
analysis of the pollen extract chemical composition revealed the presence of fatty acids, 
coumarins, flavonoids and terpenes. In the in vivo acute toxicity test, no signs of toxicity 
and mortality were observed, as well as the histopathological analyzes showed no 
changes in relation to the control. In the in vitro cytotoxicity evaluation, it was possible 
to observe that the extract maintained 100% cell viability at all concentrations applied. 
The antiplasmodial assay demonstrated the suppression of parasitemia at concentrations 
of 500 mg/kg and 1000 m/kg, with 49% and 57% of suppression, respectively. In 
summary, it is possible to observe the promising results of bee pollen crude extract 
against Plasmodium infection. Treatment with the extract was able to significantly 
reduce parasitemia in mice, without inducing toxicity in vivo and in vitro. However, 
complementary studies are still necessary to isolate the extract bioactive components 
and evaluate its activity against Plasmodium strains. 
Keywords: Malaria. Bee pollen. Plasmodium berghei ANKA. Antimalarials drugs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de figuras e tabelas 
 
Figura 1: Incidência global da malária, mostrando a progressão da doença de 2015 até 
2020.................................................................................................................................13 
 
Figura 2: Casos de malária confirmados por 1.000 habitantes na América Latina........14 
 
Figura 3: Mapa da incidência parasitária anual, mostrando o risco de contrair a malária 
no Brasil..........................................................................................................................16 
 
Figura 4: Casos de malária notificados no Brasil, 1959 a 2019, e a relação das de casos 
das espécies P. vivax e P. falciparum.............................................................................16 
 
Figura 5: Mapa mostrando a distribuição geográfica das espécies de vetores da malária 
no continente Americano................................................................................................21 
 
Figura 6: Ciclo biológico do Plasmodium......................................................................22 
 
Figura 7: Tipos de polinização em flores monóicas e 
dióicas..............................................................................................................................30 
 
Figura 8: Processo de elaboração do extrato 
hidroalcóolico..................................................................................................................37 
 
Figura 9: Etapas do ensaio antiplasmodial com o Plasmodium berghei 
ANKA..............................................................................................................................45 
 
Figura 10: Viabilidade celular após 24h de incubação com diferentes concentrações do 
extrato bruto..................................................................................................................47 
 
Figura 11: Perfil cromatográfico do extrato apícola de Cocos nucifera por LC/MS....49 
 
Figura 12: Estruturas químicas dos compostos encontrados por análise metabolômica 
em bibliotecas espectrais do GNPS...............................................................................51 
 
Figura 13: Taxa de ganho de peso dos animais..............................................................53 
 
Figura 14: Corte histológico do fígado análise de toxicidade aguda............................54 
 
Figura 15: Corte histológico do rim esquerdo da análise de toxicidade aguda.............55 
 
Figura 16: Corte histológico do baço da análise de toxicidade aguda..........................56 
 
Figura 17: Atividade antiplasmódica do EHPA (mg/kg) ..............................................57 
 
Figura 18: Análise histológica de secções do fígado de animais não tratados...............58 
 
Figura 19: Análise histológica de secções do fígado de animais tratados com 
cloroquina......................................................................................................................59 
 
Figura 20: Análise histológica de secções do fígado de animais tratados com 250mg/kg 
do EHPA.......................................................................................................................59 
 
Figura 21: Análise histológica de secções do fígado de animais tratados com 500mg/kg 
do EPA............................................................................................................................60 
 
Figura 22: Análise histológica de secções do fígado de animais tratados com 1000mg/kg 
do EHPA.........................................................................................................................60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabelas 
 
Tabela 1: Esquema de tratamento recomendado pela OMS na região Africana, e 
esquema Brasileiro recomendado pelo Ministério da 
Saúde...............................................................................................................................24 
 
Tabela 2: Primeiros relatos de resistência, genes e envolvidos e principais mecanismo 
de resistência...................................................................................................................26 
 
Tabela 3: Composição físico-químicas de pólen das 5 regiões brasileiras......................31 
 
Tabela 4: Médias e desvio padrão das análisesfísico-químicas......................................48 
 
Tabela 5: Substâncias do extrato encontradas por análise cromatográfica LC-MS........50 
 
Tabela 6: Composição do EHPA determinado por análise cromatográfica....................52 
 
Tabela 7: Parâmetros bioquímicos avaliados no ensaio de toxicidade aguda do Extrato 
de pólen apícola de Cocos nucifera.................................................................................54 
 
Tabela 8: Atividade antimalárica do extrato de pólen apícola de Cocos nucifera em 
diferentes experimentos...................................................................................................57 
 
Tabela 9: Atividade antimalárica in vivo do pólen apícola de Cocos nucifera em relação 
ao controle não tratado....................................................................................................58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de abreviaturas e siglas 
AL - Arteméter-lumefantrina 
ART - Artemisinina 
AS-MQ - Artesunato-mefloquina 
AQ – Amodioquina-artesunato 
CSP – Proteína circunsporozoíta 
CQ – Cloroquina 
APYR – Artesunato-pironaridina 
AS+SP – Artesunato-sulfadoxina-pirimetamina 
DHA – Diidroartemisinina-piperaquina 
DMAPP – Dimetilalilo pirofosfato 
DMSO - Dimetilsulfóxido 
EHPA – Extrato hidroalcóolico de pólen apícola 
FDA – Food and drug andminstration 
GA3P – Gliceraldeído3-fosfato 
IDH - Índice de desenvolvimento humano 
IPP – Isopentenil difosfato 
MQ – Mefloquina 
MEP – Metileritritol fosfato 
OMS – Organização mundial de saúde 
PbA – Plasmodium berghei ANKA 
PfMDR1 – Plasmodium falciparum multidrug resistente 1 
PfMRP1 – Plasmodium falciparum multidrug resistance protein 1 
PQ – Primaquina 
PPQ – Piperaquina 
SNPS – Polimorfismos de nucleotídeo único 
TRAP – Trombospondina 
TLRS – Receptores tipo Toll-like 
 
 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 13 
2.1 Epidemiologia da malária ................................................................................. 13 
2.2 A Malária: doença e imunologia ...................................................................... 17 
2.3 Agente etiológico e vetor .................................................................................. 19 
2.4 Ciclo evolutivo do Plasmodium ....................................................................... 21 
2.5 Mecanismos de ação de antimaláricos de referência ........................................ 23 
2.6 Mecanismos de resistência aos antimaláricos .................................................. 24 
2.7 Tratamentos fitoterápicos e a procura de novos antimaláricos ........................ 27 
2.8 Pólen apícola e sua atividade biológica ............................................................ 29 
2.9 Cocos nucifera e sua atividade biológica ......................................................... 31 
3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 33 
4 OBJETIVOS ............................................................................................................ 35 
4.1 Geral ................................................................................................................. 35 
4.2 Específicos ........................................................................................................ 35 
5. MATERIAL E METÓDOS .................................................................................... 36 
5.1 Obtenção do pólen apícola de Cocos nucifera desidratado .............................. 36 
5.1.2 Método de Extração – Preparo do Extrato etanólico ..................................... 36 
5.1.3 Maceração ...................................................................................................... 36 
5.1.4 Rendimentos dos extratos do pólen apícola .................................................. 37 
5.2 Análises físico-químicas ................................................................................... 38 
5.2.1 Sólidos totais ................................................................................................. 38 
5.2.2 Cinzas ............................................................................................................ 38 
5.2.3 pH .................................................................................................................. 38 
5.2.4 Proteínas ........................................................................................................ 38 
5.2.5 Lipídeos ......................................................................................................... 39 
5.3 Determinação do teor de fenólicos totais ......................................................... 40 
5.4 Determinação do teor de flavonóides totais ..................................................... 40 
5.5 Caracterização fitoquímica ............................................................................... 41 
5.5.1 Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-MS) ........ 41 
5.5.2 Cromatografia Líquida Acoplada à Espectrometria de Massas (LC-MS/MS)
 ................................................................................................................................ 41 
5.6 Teste de citotocixidade – Ensaio de MTT ........................................................ 42 
5.7 Avaliação da toxicidade aguda in vivo ............................................................. 43 
5.8 Atividade antiplasmodial in vivo ...................................................................... 44 
5.9 Análise Histopatológica .................................................................................... 45 
5.10 Análise Bioquímica ........................................................................................ 46 
5.11 Análises estatísticas ........................................................................................ 46 
6. RESULTADOS ...................................................................................................... 47 
6.1 Rendimentos do extrato bruto........................................................................... 47 
6.2 Teste de citotoxicidade ..................................................................................... 47 
6.3 Análises físico-químicas ................................................................................... 47 
6.4 Análise da composição química ....................................................................... 49 
6.4.1 Cromatografia Líquida Acoplada à Espectrometria de Massas (LC-MS/MS)
 ................................................................................................................................ 49 
6.4.2 Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-MS) ........ 52 
6.5 Análise da Toxicidade Aguda in vivo ............................................................... 53 
6.6 Atividade antiplasmódial in vivo ...................................................................... 56 
7. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 61 
8. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 67 
9. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 68 
ANEXO 1 ............................................................................................................... 94 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
A malária, doença tropical parasitária infecciosa aguda, é causada por protozoários 
do gênero Plasmodium. Dentre as doenças infecciosas conhecidas a malária é uma das 
que merece maior atenção, pois apesar dos avanços da medicinapara sua erradicação, 
ela ainda continua endêmica no mundo. Com altos índices de mortalidade e cerca de 
241 milhões de casos confirmados em 2020, a maioria dos casos ocorre na África 
Subsaariana e em países mais pobres e com condições sanitárias precárias (WHO, 2019, 
2020). No Brasil a área endêmica está na região amazônica com 99% dos casos, devido 
ao clima, o aumento no desmatamento dessa área do país a torna propícia para a 
transmissão da doença, os casos confirmados na região extra-amazônica são derivados 
de áreas endêmicas. Com a pandemia de COVID-19, e os esforços de governos e 
companhias farmacêuticas para fabricação de testes diagnósticos e tratamento, houve 
uma diminuição e demora na entrega de medicamentos antimaláricos, o que faz as 
projeções de casos e mortalidade por malária aumentarem. Segundo a OMS em seu 
último relatório de 2021 é estimado que 19.000 mortes adicionais ocorram se 10% do 
acesso ao tratamento for suspenso na África Subsaariana (WHO, 2021). 
Existem aproximadamente 150 espécies de Plasmodium, dentre eles 5 infectam 
humanos, Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. knowlesi. A 
espécie mais endêmica no Brasil é o P. vivax (WHO, 2016), com 71% do total de casos, 
nas áreas endêmicas do país. Com o plano da OMS em reduzir em torno de 90% os 
casos de malária até 2030, avanços das terapêuticas e prevenção da malária devem ser 
realizados. 
Os casos de resistência aos antimaláricos são um problema recorrente. O primeiro 
relato de falha terapêutica foi datado de 1910, para a quinina, posteriormente foi 
associado ao gene de resistência Pfmdr1, e até o momento a espécie P. falciparum 
apresenta resistência contra os principais antimaláricos de referência. O uso 
indiscriminado da cloroquina, como sal de cloroquina em meados da década de 50, 
provocou boas condições para o desenvolvimento de resistência pelo Plasmodium 
falciparum a esse medicamento de referência; bem como a outros antimaláricos 
(PAYNE, 1988; VERDRAGER, 1995). Atualmente, os protocolos de tratamento 
consistem em terapias combinadas com derivados da quinina e da artemisinina que vem 
11 
 
apresentando boa eficácia, com falha terapêutica em cerca de 10-20% dos casos (WHO, 
2020). 
A fim de enfrentar a problemática da resistência de algumas espécies de 
Plasmodium aos antimaláricos, pesquisas com abordagem racional a partir de produtos 
naturais, em especial com plantas com potencial terapêutico, vêm sendo conduzidas em 
todo o mundo. Dada a imensa biodiversidade de flora do Brasil, o uso de plantas 
medicinais por populações em áreas endêmicas, para diversas doenças é bastante 
utilizada; sendo a etnobotânica e a etnofarmacologia bem difundida (ALVES et al., 
2009). Além disso, as principais substâncias ativas de alguns antimaláricos são 
derivadas de plantas como o exemplo da artemisinina e cinchonina, o qual vários 
estudos têm aprimorado o seu potencial terapêutico por meio de modificações em sua 
estrutura química (KRETLLI et al., 2001; KRETLLI et al., 2009). 
Neste cenário, devido às problemáticas existentes em relação à malária, substâncias 
terapêuticas como as derivadas do pólen apícola, que tem como definição o resultado da 
agregação de pólen das flores coletado pelas abelhas por meio de adição de substâncias 
salivares e néctar (KOMOSINSKA-VASSEV, 2015). Portanto, o pólen apícola de 
Cocos nucifera é um possível recurso, por seu poder etnofarmacológico de suas 
substâncias químicas em medicamentos fitoterápicos (KOMOSINSKA-VASSEV, 
2015). Alguns estudos observaram o potencial anti-inflamatório, antioxidante, 
antibacteriano, antiparasitário, anticancerígeno de extratos derivados de casca e água do 
C. nucifera, correlacionando essas atividades aos seus compostos bioativos (COSTA 
CT et al., 2010; MENDONÇA-FILHO RR et al., 2004; FREITAS JCC et al., 2011; 
NACZK ZK M et al., 2004; KOSCHEK PR et al., 2007; LOKI AL et al., 2003). 
A variedade de substâncias bioativas encontradas em pólens apícolas, assim como 
no C. nucifera são: compostos fenólicos, terpenos, saponinas e taninos, e estão 
relacionados a atividades antiparasitárias (COSTA CT et al., 2010; MENDONÇA-
FILHO RR et al., 2001; SATTLER et al., 2015), por consequência o potencial 
terapêutico do pólen apícola de C. nucifera se fortalece devido ao fato das abelhas 
adicionarem néctar e substâncias salivares, além de suas propriedades nutricionais 
(MORAIS et al., 2011; LOPES et al., 2011). 
Neste contexto, é notável a necessidade de investigações sobre novos fármacos com 
potencial anti-plasmódio. Sendo assim, o conhecimento da etnofarmacologia, e dos 
compostos existentes, nos dá uma compreensão de como os medicamentos utilizados na 
medicina fitoterápica podem ajudar na descoberta de novas substâncias, tanto para 
12 
 
potencializar medicamentos já existentes, com terapias combinatórias, como encontrar 
substâncias inéditas bioativas. 
 
13 
 
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 Epidemiologia da malária 
A malária é uma doença epidêmica em países subdesenvolvidos e em 
desenvolvimento, está concentrada nos continentes africanos e asiáticos, e em alguns 
países da América do Sul e Central. Segundo o último relatório da Organização 
Mundial de Saúde publicado em dezembro de 2021 estima-se que em 2020 ocorreram 
241 milhões de casos de malária no mundo, observando assim um aumento de 14 
milhões de casos em relação a 2019 que obteve 227 milhões de casos. O continente 
Africano ainda possui as maiores taxas de incidência da doença, com 215 milhões de 
casos (95%) em 2019 e 2020 (figura 1) (WHO, 2020). 
 
Figura 1: Incidência global da malária, mostrando a progressão da doença de 2015 até 2020. Os países 
foram classificados em 8 categorias que vai de zero incidência de malária até aumento de incidência em 
40%. Países em marrom escuro apresentaram um aumento de 40%, em marrom médio de 25 a 40%, 
países em marrom claro apresentaram incidência menor de 25%, bege nenhuma mudança desde 2015. 
Países na cor verde claro teve redução de menos de 25% na incidência, verde médio obteve redução entre 
25 e 40%, em verde houve diminuição em mais de 40%, verde escuro não apresentou nenhum caso de 
malária até 2020. Países em branco ou cinza, são áreas não endêmicas ou sem transmissão (fonte: GTS – 
WHO, 2020). 
 
 
 
14 
 
Observando o cenário mundial a taxa de ocorrência de malária por 1.000 
habitantes em 2020 foi de 59 casos, indicando que houve aumento em relação a 2019 
que foi de 57. Houve redução na taxa de mortalidade da malária entre os anos de 2010 e 
2018 de 594.000 para 411.000, uma redução de 30,77% casos, porém no ano de 2020 
houve aumento nas mortes para 627.000. Percebe-se que as regiões que possuem os 
maiores índices de casos e mortes estão em regiões cujo países tem os mais baixos 
IDH’S (índice de desenvolvimento humano), como os países do continente Africano, 
Sul da Asia e América do Sul, como mostrado no relatório da OMS em 2020. Todavia a 
OMS traçou metas de controle e erradicação da malária, um dos principais objetivos é a 
diminuição da incidência e mortalidade em pelo menos 90% até 2030, sendo que no 
cenário atual essa meta está atrasada (WHO, 2020). 
 Fazendo uma análise dos índices das Américas, onde o Brasil se localiza, o 
continente obteve 653.000 casos em 2020 (figura 2), havendo uma redução nos casos de 
malária em relação ao relatório de 2019, com diminuição do número de mortes de 509 
para 409 no mesmo período, com um índice de mortes por habitantes de 0,8 em 2000 
para 0,4 em 2020 (WHO, 2021). Os países que possuem a maioria dos casos são 
Venezuela, Brasil e Colômbia. O mesmo relatório mostra que aproximadamente 138 
milhões de pessoas de 19 países das Américas estão em risco de contrair a doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Casos de malária confirmados por 1.000 habitantes na América Latina. As áreas em branco não 
apresentam casos da doença.Áreas em amarelo apresentam registros de 0 até 0,1 casos por 1000 habitantes. 
Áreas em laranja claro indicam 0,1 a 1 casos por 1000 habitantes. Áreas em laranja indicam registros de 1 a 10 
casos por 1000 habitantes. Áreas em laranja escuro apresentam registros de 10 a 50 por 1000 habitantes. Áreas 
em vermelho apresentam registros de 50 a 100 casos por habitantes. Áreas em vermelho escuro apresentam 
registros superior a 100 casos por 1000 habitantes. 
Fonte: World Malaria Report 2021. Disponível em https://www.who.int/publications/i/item/9789240040496 
 
 
Fonte 
15 
 
 
 
No Brasil a região que concentra a maioria dos casos é a região norte com cerca 
de 99% dos casos, sendo autóctones (figura 3). Os outros 1% dos casos no Brasil são 
trazidos desta área endêmica e também de outros países, caracterizando a malária 
importada. Em 2020 ocorreram 145.188 casos de malária no país (figura 4), sendo o 
estado do Amazonas, aquele que concentrou a maioria dos casos. O estado da região 
extra-Amazônica com mais casos foi São Paulo, que registrou 5 casos (BRASIL, 2020). 
No boletim epidemiológico de 2021 o Ministério da Saúde informou os seguintes 
estados com casos noticiados, 16 no Amazonas (39,0%), 8 no Pará (19,5%), 7 em 
Roraima (17,1%), 4 no Amapá (9,8%), 3 no Acre (7,3%), 2 em Rondônia (4,9%) e 1 no 
Mato Grosso (2,4%). Comparando com 2019 ao ano de 2020, os casos da doença 
sofreram redução de 7,8% sendo 157.454 de casos em 2019 e 145.188 em 2020 
(BRASIL, 2021). 
Dos casos encontrados nas Américas a espécie de Plasmodium mais prevalente é 
P. vivax, com 68% dos casos e 89,3% no Brasil; já P. falciparum é responsável por 
10,7% (BRASIL, 2020; WHO, 2021). Os casos de malária mista no Brasil, que é a 
infecção causada por duas espécies de Plasmodium, são os que mais preocupam o 
governo e especialistas, pois é a que causa mais letalidade. Sobre a incidência de óbitos 
no país houve um aumento de 2019 a 2020, passando dos 37 para 44 óbitos 
respectivamente. Porém, houve redução dos óbitos na região extra-amazônica. Em 2019 
foram registrados 11 óbitos e em 2020, 10 óbitos. Já na região amazônica os óbitos 
neste período foram de 26 em 2019 e 34 em 2020, um aumento de 30,8% (BRASIL, 
2021). O possível crescimento no número de óbitos pode estar relacionado a pandemia 
de COVID-19, que atrasou a entrega de medicação, e ao desmatamento ilegal e 
garimpos, o que ocasionou um aumento da proliferação do vetor Anopheles darlingi e, 
como consequência, os casos de malária em região indígena e de garimpo. (ABRASCO, 
2021). 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Casos de malária notificados no Brasil, 1959 a 2019, e a relação das de casos das 
espécies P. vivax e P. falciparum. 
Fonte: SHM, SISMAL, Sivep-Malária/SVS/MS e Sinan/SVS/MS. Excluídas lâminas de 
verificação de cura. P. Vivax incluem casos de malária por P. vivax, P. malariae ou P. ovale. Casos 
de malária falciparum incluem casos de malária por P. falciparum ou malária mista. Dados do 
Sivep-Malária atualizados em: 17/8/2021. Dados do Sinan atualizados em: 26/7/2021. 
 
Figura 3: Mapa da incidência parasitária anual, mostrando o risco de contrair a malária no 
Brasil. Em bege, muito baixo risco (IPA < 1 caso/1.000 habitantes), em laranja, baixo risco 
(IPA entre 1 e 10 casos/1.000 hab.), em vermelho, médio risco (IPA entre 10 e 50 casos/1.000 
hab.) em vermelho escuro, alto risco (IPA ≥ 50 casos/1.000 hab.) 
Fonte: Sivep-Malária, Sinan/SVS/MS e IBGE. Data de atualização: 4 de agosto de 2020. 
*Dados sujeitos a alteração. 
 
17 
 
2.2 A Malária: doença e imunologia 
A sintomatologia da malária vai variar de acordo com a espécie de plasmódio, 
assim como a resposta do organismo pela interação parasito-hospedeiro. Portanto, a 
doença se apresenta com picos febris, dor de cabeça e calafrios (OPAS, 2017). Os 
primeiros sintomas se apresentam com 10 a 15 dias após a picada do mosquito, onde 
ocorre a fase hepática no hospedeiro vertebrado, com a diferenciação dos esporozoítos 
em merozoítos, os quais se evadem em grupamentos dos hepatócitos envolvidos por 
membrana merossomal, que lhes conferem a capacidade de driblar o sistema imune 
inato, para iniciar a invasão das hemácias na corrente sanguínea. Nessa fase, 
denominada fase eritrocítica ou sanguínea, o parasito precisará fazer nova diferenciação 
esquizogônica nas hemácias. Essa diferenciação de merozoíto para esquizonte ocorre 
dentro do vacúolo parasitóforo; formado após a invasão. Esse processo de parasitismo 
nos eritrócitos leva à degradação da hemoglobina, que libera os dímeros e monômeros 
do grupamento heme no próprio vacúolo. Porém, o heme é tóxico para o parasito pois 
ajuda na formação de radicais livres derivados do oxigênio, peroxidação lipídica e 
oxidação de proteínas e DNA (OLIVEIRA et al., 2005). Uma maneira de contornar esta 
toxicidade é modificar o heme em β-hematina, que é mais conhecido como hemozoína 
ou pigmento malárico, se caracterizando por sua cor marrom amarelácea. Portanto, a 
cada ciclo de esquizogonia e ruptura das hemácias há liberação e de novos merozoítos, 
consequentemente haverá liberação de metabólitos do parasito, como da hemozoína, 
proteínas, DNA, ativando o sistema imune e, assim, apresentando os sintomas e sinais 
clínicos da doença (SLATER & CERAMI, 1992; SULLIVAN, 2002). 
Os antígenos lançados na corrente sanguínea ativam os macrófagos, que 
realizam fagocitose, iniciando o processo infeccioso com ativação e liberação de 
citocinas pró-inflamatórias, como por exemplo, IL-6, IL-12, IL-18, IL-10, IFN-γ, TNF-
α, este último está associado a acessos febris. A inflamação sistêmica mediada pelo 
Plasmodium é central para a doença da malária e suas complicações. Como os parasitos 
infectam hemácias, teoricamente podem atingir todos os tecidos do hospedeiro através 
da circulação. No entanto, as interações reais entre os eritrócitos parasitados e os tecidos 
do hospedeiro, juntamente com os consequentes danos e alterações patológicas, são 
limitadas a locais específicos do tecido. Tal especificidade tecidual do parasito pode 
alterar o desfecho da doença da malária, determinando se ocorrem complicações agudas 
ou crônicas (COBAN et al., 2018). 
18 
 
Totino PR et al., 2016, observaram que o IFN-γ está associado com a diminuição 
da invasão do P. falciparum em hemácias. Na complexidade da imunomodulação pelo 
parasito o IL-18 parece ter uma participação na proteção contra a malária mais grave, já 
que também está envolvido com a produção de IFN-γ (SHERRATT et al., 2020). 
Padrões moleculares associados a diversas formas evolutivas do parasito na circulação 
sanguínea, sozinhos ou em associação com hemozoína, são potentes indutores de 
citocinas ativadoras de células NK, incluindo IL-12, IL-18 e interferons do tipo 1 
(GOWDA & WU, 2018). As citocinas inflamatórias estão associadas tanto ao controle 
da parasitemia do estágio sanguíneo quanto ao início da patologia da malária (DODOO 
et al., 2002; CHAIYAROJ et al., 2004; PERKMANN et al., 2005; GOWDA et al., 
2012). Estudos em camundongos em modelo murinho-Plasmodium chabaudi 
mostraram que IFN-γ e TNF-α induzem, cooperativamente, a expressão de óxido nítrico 
sintase no baço para controlar o pico de carga parasitária (JACOBS et al., 1996). Da 
mesma forma, em humanos, as respostas iniciais do IFN-γ ao Plasmodium se 
correlacionam com uma melhor imunidade antiparasitária (MCCALL et al., 2010). 
Além disso, os polimorfismos em TLRs (receptores tipo Toll-like) influenciam os níveis 
de citocinas circulantes durante o curso da malária (COSTA et al., 2018). A associação 
de diferentes TLRs para os quadros clínicos da malária sugere que componentes do 
plasmódio, de natureza diversa, são desencadeados pela modulação das respostas inatas 
que, por sua vez, determinam o curso de infecção (MOCKENHAUPT et al., 2006; 
PENHA-GONÇALVES, 2019). Assim, o curso da infecção pelo plasmódio dependede 
múltiplos fatores, incluindo patogenicidade por diferentes genótipos do parasito, 
dinâmica de transmissão e composição genética do hospedeiro, que determinam 
desequilíbrios entre a expansão do parasito e as respostas do hospedeiro que por sua 
vez, conduzem a diferentes manifestações clínicas (BURGNER et al., 1998; PARIKH et 
al., 2004; GAZZINELLI et al., 2014; SOARES et al., 2017; COBAN et al., 2018). 
Uma condição específica de P. vivax e de P. ovale é a capacidade de induzirem 
uma recaída no hospedeiro humano sem haver a necessidade de uma picada infectante 
pelo anofelino fêmea, ou seja, o parasito tem a competência de ser recrudescente. Isso 
se deve a formação de hipnozoítos, que são formas quiescentes decorrente da merogonia 
hepática, alguns autores observaram essa dormência por meses e até anos. Assim a 
infecção pode ser reativada, por exemplo, quando há um desequilíbrio no sistema imune 
do hospedeiro (SATO, 2021; FLANNERY et al., 2013). Porém, esse processo tem 
características multifatoriais, a periodicidade pode ser gerada de várias maneiras em 
19 
 
sistemas biológicos. Existe de fato um relógio biológico, que é mais evidente nos 
genótipos em climas temperados, determinando a latência no P. vivax. Este relógio, que 
pode ser intrínseco ao parasito ou pode ainda refletir uma consequência da interação 
parasito-hospedeiro, determinando a duração do intervalo antes que o hipnozoíto se 
torne suscetível à ativação, mas existe um mecanismo de detecção separado que 
determina se a ativação ocorrerá ou não (GETHING et al, 2011). 
A doença em geral (e os perfis de resposta imune decorrentes de citocinas 
associadas) ou a malária, especificamente, podem fornecer os estímulos ativadores ou 
inibitórios necessários para gerar recaídas periódicas na malária-vivax. De modo geral, 
parece mais provável que a doença associada à infecção em si seja o gatilho nas 
recaídas de P. vivax (WHITE, 2011). Com isso, deve-se ter atenção a possíveis 
reincidências por essas espécies em áreas endêmicas, o que significa, como mencionado 
por Hay et al., 2007, que o P. falciparum conseguiu ser erradicado em algumas áreas, 
mas o P. vivax não, o que configura um potencial reservatório da doença. 
2.3 Agente etiológico e vetor 
O agente etiológico da malária pertence a um grupo de protozoários do gênero 
Plasmodium, do supergrupo Alveolata, grupo Apicomplexa, que se diferencia por 
vesículas achatadas e um complexo apical que tem função de invasão na célula 
hospedeira. Atualmente existem mais de 100 espécies desse agente que acometem 
mamíferos incluindo os humanos, as cinco espécies de Plasmodium que infectam o ser 
humano são, P. falciparum que causa uma maior patogênese e mais letal, P. vivax, P. 
malariae, P. ovale e P. knowlesi com variações em sua patogenicidade (ADL et al., 
2005; ADL et al., 2012). Cada espécie tem sua particularidade, como disseminação 
geográfica, fisiopatologia da doença, resistência aos medicamentos de referência, dentre 
outras características. 
 Uma das características biológicas marcantes deste protozoário é a sua 
diferenciação em gametócito (forma reprodutiva), fase importante na propagação da 
doença, pois os mesmos se reproduzem de forma sexuada no mosquito e se diferenciam 
em formas infectantes (esporozoítos), por exemplo. Os gametócitos de P. falciparum 
passam por um longo período de maturação de 7 a 10 dias, durante o qual se 
desenvolvem do estágio I para o estágio V. Os gametócitos imaturos que vão dos 
estádios I ao IV, conseguem se evadir para a medula óssea a fim de evitar a sua 
20 
 
supressão pelo baço, quando chegam a sua maturação no estádio V circulam na corrente 
sanguínea do hospedeiro, tornando-os disponíveis para o desenvolvimento no mosquito 
vetor, após repasto sanguíneo (NEVEU et al., 2020). Outra característica que distingue 
bem as espécies está associada aos ciclos febris, que, por sua vez está ligado ao final do 
ciclo esquizogônico, ou seja, o tempo que o parasito leva até se multiplicar, romper a 
hemácia e assim infectar novas hemácias. Esses ciclos são, a cada 24 (P. knowlesi), 48 
(P. falciparum, P. ovale, P. vivax) ou 72 (P. malariae) horas. (HAWKING, F. et al., 
1971; CAO et al., 2019). Os gametócitos, formas importantes na propagação da doença, 
amadurecem em macro e microgametas, e se recombinam geneticamente, na matriz 
peritrófica do Anopheles fêmea, para se diferenciarem em esporozoítos (formas 
infectantes), após passarem pelas formas evolutivas de oocineto e oocisto (fase 
esporogônica). 
 O hospedeiro invertebrado do Plasmodium é o mosquito da ordem Diptera, 
Família Culicidae e Gênero Anopheles, com cerca de 450 espécies distribuídas em todos 
os continentes, dos quais 70 são vetores da malária, como mostra a figura 5. Nas 
américas existem cerca de 9 espécies mais prevalentes de Anopheles, são elas: 
Anopheles albimanus, Anopheles albitarsis, Anopheles aquasalis, Anopheles darlingi, 
Anopheles freeborni, Anopheles marajoara, Anopheles nuneztovari, Anopheles 
pseudopunctipennis e Anopheles qudrimaculatus. Nem todas são vetores da malária, 
porém a espécie que devemos maior atenção é a An. darlingi, pois é mais importante 
transmissor da malária na América do sul (SINKA et al., 2012). 
Para seu desenvolvimento o Anopheles sp. precisa de um clima úmido, pois nos 
estádios de larva e pupa se desenvolvem em água, e em biomas com bastante vegetação; 
quando adultos as fêmeas hematófagas precisam fazer o repasto sanguíneo para que os 
ovos possam amadurecer (FORATTINI, 2002). No Brasil a espécie em maior 
abundância é An. darlingi, principalmente na região norte sendo vetor do P. vivax, P. 
falciparum e P. malarie, por isso é o principal vetor de malária no Brasil. Outras 
espécies como An. albimanus, An. albitarsis, An. Marajoara já foram consideradas 
vetores do Plasmodium (CONN et al., 2002; WILLIAMS, 2012). 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Ciclo evolutivo do Plasmodium 
O ciclo de vida do Plasmodium é heteroxênico, ou seja, necessita de dois 
hospedeiros para completar seu ciclo (figura 6). No hospedeiro vertebrado ocorre a fase 
assexuada, chamada de esquizogonia. Nessa fase, a fêmea do Anopheles spp. durante o 
repasto sanguíneo inocula as formas infectantes chamadas de esporozoíto diretamente 
na corrente sanguínea e estes se instalam no fígado. Antes da invasão dos hepatócitos, 
podem atravessar os macrófagos conhecidos como células de kupffer, e para isso o 
esporozoíto expressa em sua superfície a proteína circunsporozoíta (CSP) e a proteína 
adesiva relacionada à trombospondina (TRAP), que interage com proteoglicanos de 
heparan da superfície do hepatócito (KAPPE et al., 2004; POUDEL S.S et al., 2008; 
EJIGIRI E SINNIS, 2009; YUDA E ISHINO, 2004). A partir de então, nos hepatócitos 
acontece a fase pré-eritrocítica, que dura em média uma ou duas semanas a depender da 
espécie de plasmódio. Os esporozoítos se diferenciam em trofozoítos, multiplicando-se 
por esquizogonia, formando os esquizontes e sucessivamente merozoítos. Assim estão 
aptos para a fase eritrocítica, invadindo os eritrócitos: P. falciparum se liga a 
glicoforinas na superfície da hemácia; já P. vivax se liga a glicoproteína do grupo 
sanguíneo Duffy. Além disso, o mesmo tem tropismo por hemácias jovens 
(reticulócitos) (MILLER LH et al., 1976; KANO FS et al., 2018). Os merozoítos se 
desenvolvem até esquizontes e depois novos merozoítos, assim infectando novas 
hemácias. Após a sua reprodução em várias gerações, o parasito se diferencia em 
Figura 5: Mapa mostrando a distribuição geográfica das espécies de vetores da malária no continente 
Americano. 
Fonte: HYPERLINK "https://malariaatlas.org 
" https://malariaatlas.org 
 
 
 
 
22 
 
formas sexuadas, chamadas de gametócitos (JOSLING GA et al., 2015; BANCELLS C. 
et al., 2019; CAO et al., 2019). 
No hospedeiro invertebrado ocorre a fase sexuada chamada esporogonia,na qual 
a fêmea de Anopheles ingere os gametócitos durante o repasto sanguíneo, e cada 
gametócito se diferencia em macrogameta (feminino) e microgameta (masculino). Isso 
ocorre no estômago do mosquito (BENNINK et al., 2016), e depois no seu intestino 
médio ocorre a fusão desses gametas, formando um zigoto que se desenvolve em 
oocineto (SICILIANO et al., 2020), migrando para a parede do intestino médio, que 
incorpora um envoltório protetor, se transformando em oocisto. Dentro deste começa a 
multiplicação esporogônica, com vários esporozoítos filhos, que rompem o oocisto e 
migram até as glândulas salivares de onde serão inoculados na corrente sanguínea 
durante a alimentação do Anopheles fêmea em um ser humano (SMITH RC et al., 
2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. Ciclo biológico do Plasmodium. As fêmeas do gênero Anopheles infectadas com o Plasmodium 
durante o repasto sanguíneo inoculam os esporozoítos no hospedeiro invertebrado pela sua saliva. Na 
corrente sanguínea os esporozoítos migram para o fígado e infectam hepatócitos, onde se multiplicam, 
formando esquizontes hepáticos, que eventualmente explodem, liberando milhares de merozoítos na corrente 
sanguínea 2 a 16 dias após a infecção inicial. Infectando os eritrócitos, e multiplicam-se de maneira 
assexuada em trofozoítos, que possuem forma de anel e depois em esquizonte. Então a hemácia se rompe 
liberando de 8 a 32 merozoítos, levando a sintomas da doença. Os novos merozoítos invadem novas células 
ou se diferem em gametócitos (microgametas ♂ e macrogametas ♀), onde são ingeridos pelo mosquito 
fêmea durante o repasto sanguíneo. No mosquito o processo de diferenciação ocorre de maneira sexuada, 
onde os microgametas e macrogametas se fundem para formar um zigoto que se desenvolve em oocineto, 
para então penetrar na parede do intestino, nessa fase inicia a divisão esporogônica, e quando rompe a parede 
do intestino, agora o oocisto libera, os esperozoítos formados para serem liberados e atingirem as glândulas 
salivares do mosquito. 
 
Adaptado por, Flannery 2014. 
23 
 
2.5 Mecanismos de ação de antimaláricos de referência 
O tratamento da malária foi por milhares de anos a base de produtos naturais, 
por conseguinte com os avanços da ciência se pode extrair compostos de plantas como é 
o caso da cinchona, que possui em sua casca um alcaloide, a quinina (QN), sendo a 
primeira droga extraída para o tratamento (PACKARD, 2014). A fim de buscar e 
desenvolver drogas sintéticas mais poderosas se pode aperfeiçoar a quinina, sendo seus 
derivados: cloroquina (CQ), mefloquina (MQ), primaquina (PQ), piperaquina (PPQ), 
amodiaquina (AQ). O antimalárico inicialmente utilizado foi a cloroquina no começo da 
década de 50, devido a uma ação global da OMS para a erradicação da doença. Porém o 
seu uso por décadas como agente único, fez com que a espécie P. falciparum se tornasse 
resistente no começo da década de 70 (PAYNE 1987; LITSIOS 1996; WELLEMS, 
PLOWE 2001; WHITE 2004; WHO 2010). 
O mecanismo de ação da quinina e seus derivados ocorre no parasito na fase 
eritrocítica em suas formas assexuadas, no vacúolo alimentar. Ela se liga a 
ferroprotoporfirina IX, que é um composto derivado da digestão da hemoglobina (vias 
metabólicas do heme), impedindo a polimerização a hemozoína, consequentemente a 
sua desintoxicação, lesionando a membrana lisossomal do parasito; atua também na 
degradação dos ribossomos e RNA ribossomal dos parasitos (FITCH, 2004; SAIFI et 
al., 2011). 
Outra droga derivada da planta Artemisia annua, a artemisinina, foi isolada, e 
seus derivados endoperóxidos (farmacóforo), tais como arteméter, artesunato e 
diidroartemisinina, possuem ação rápida, tanto nas formas assexuadas como sexuadas 
precoces (gametócitos), sendo importante no combate a transmissão. Os endoperóxidos 
citados têm um papel importante no modo de ação, pois realizam a redução da sua ponte 
de endoperóxidos pelo ferro ferroso e heme que são liberados pela hemoglobina 
digerida, e os radicais liberados alquilam o heme e as proteínas do parasito, levando a 
sua morte (VENNERSTROM JL et al., 2004; KLONIS N, et al., 2011; WICHT, 
KATHRYN J et al., 2020). 
O tratamento com a artemisina e derivados sempre se dá com associações a 
outros fármacos devido a sua meia vida curta, da mesma forma com a quinina e seus 
derivados, devido a ocorrência de parasitos resistentes. A principal terapia utilizada 
atualmente em regiões endêmicas e com casos de resistência é combinações que 
envolvem arteméter-lumefantrina (AL), e amodiaquina-artesunato (AQ), 
24 
 
diidroartemisinina-piperaquina (DHA) e artesunato-pironaridina (APYR) (tabela 1). 
Arteméter e artesunato são conhecidos como a única classe capaz e combater parasitos 
multirresistentes como o P. falciparum, entretanto a única droga capaz de suprimir o 
P.vivax e P.ovale, é a primaquina, esse dado é importante já que essas espécies possuem 
estágios dormentes no fígado, causando recaídas, entretanto o seu uso em áreas 
endêmicas deve ser limitado, pois é bastante tóxica em indivíduos como deficiência de 
glicose-6-fosfato desidrogenase (BEUTLER E. 1959; ANTHONY MP et al., 2012; 
FLANNERY et al., 2013). 
 
 
Tabela 1: Esquema de tratamento recomendado pela OMS na região Africana, e 
esquema Brasileiro recomendado pelo Ministério da Saúde. 
Espécies Região/País Tratamento 
P. falciparum 
P. vivax 
Africana 
● AS+AQ; AL 
● AS+AQ+PQ 
P. falciparum 
P. vivax Brasil 
● AL+PQ; AS+MQ 3 
dias +PQ dose única 
● CQ 3 dias + PQ de 7 a 
14 dias 
Fonte: Tabela adaptada de World Health Organization, (2020). Ministério da Saúde. Secretaria de 
Vigilância em Saúde. (2015) AS: artesunate; AQ: artesunato/amodiaquina; AL: artemeter/lumefantrina; 
PQ: primaquina; MQ: mefloquina; CQ: cloroquina 
 
2.6 Mecanismos de resistência aos antimaláricos 
Antes de tudo, a resistência é a habilidade do agente patológico sobreviver e se 
desenvolver mesmo com o tratamento preconizado pelas autoridades sanitárias com a 
absorção e a dose recomendada (POPOVICI, 2019). Shibeshi et al., 2010, em seu 
trabalho cita que os principais mecanismos de resistência são: fatores genéticos como 
mutação do parasito, carga parasitária, eficiência do medicamento, dosagem, 
farmacocinética, medicamentos falsificados, e a correta conduta de tratamento. Nas 
últimas décadas devido ao avanço da resistência aos antimaláricos utilizados no 
tratamento da doença, pesquisas sobre o surgimento de novas drogas se fazem 
necessárias. O relatório da OMS fala sobre algumas regiões com resistência há alguns 
medicamentos, como a região Africana com taxa de resistência de 10% para artemeter-
25 
 
lumefantrina (AL). No Sudeste Asiático, a resistência a AL ultrapassou os 10% em três 
estudos, porém na região nordeste o artesunato-sulfadoxina-pirimetamina (AS + SP) foi 
o tratamento com maiores taxas de resistência, fazendo com que a Índia mudasse o 
tratamento para AL. Já nas Américas, a cloroquina (CQ) apresenta uma taxa de 
resistência de 10,4%. Diante disso, a vigilância da resistência dos principais 
antimaláricos exerce papel importante para que não se tenha um aumento nos casos e 
principalmente na taxa de mortalidade (OMS, 2020). 
Sobre o tratamento de P. vivax e P. ovale ocorre resistência à cloroquina em 
alguns países como Papua-Nova Guiné, onde surgiu o primeiro relato em 1989, Etiópia, 
e em áreas da Indonésia e da Oceania. O P. falciparum é a espécie com maior 
resistência a cloroquina, sendo observada com frequência em quase todos os 
continentes. (PLUCINSKI et al., 2015). 
O uso da cloroquina como um antimalárico iniciou-se na década de 50 no Sudeste 
Asiático sendo autorizada pela Food and Drug Administration (FDA), em 1949. 
Contudo naquela época os medicamentos possuíam poucas informações sobre a 
quantidade de hidroxicloroquina e cloroquina, além de seu uso indiscriminado e 
generalizado como sal de cloroquina,o que contribuiu para o parasito desenvolver 
mecanismos de resistência. O mecanismo de resistência do Plasmodium à cloroquina 
envolve os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) e as proteínas de resistência 
PfCRT (transportador de resistência à cloroquina), que são PfMDR1 (Plasmodium 
falciparum multidrug resistente 1) e PfMRP1 (Plasmodium falciparum multidrug 
resistance protein 1). A artemisinina (ART) foi introduzida em 1980 e é um 
antimalárico mais efetivo e com ação mais rápida, porém a aquisição de genótipos de P. 
falciparum resistentes foi relatada em 2008 (DONDORP, et al. 2009; MENARD, 
DONDORP, 2017), devido a mutações do domínio da hélice Pfk13, fazendo com que os 
parasitos possuam uma capacidade maior de entrar em um estado quiescente, quando 
em formas jovens, e se desenvolvendo rapidamente quando a artemisina é eliminada 
(ARIEY et al., 2014). Outro fator é o fato de a ART possuir ação rápida, ou seja, uma 
meia vida de 0,5 – 1,4 h, o que levou a ser combinada com outros medicamentos, para 
amenizar os problemas citados. A tabela 2, adaptada por Lucie Paloque et al. (2016), 
descreve os principais antimaláricos e seus principais mecanismos de resistência. 
 
 
26 
 
Tabela 2: Primeiros relatos de resistência, genes e envolvidos e principais mecanismos 
de resistência. 
Drogas 
antimaláricas 
Introdução Primeira 
resistênci
a 
Genes de 
resistência 
Principais mecanismos de 
resistência 
Quinina 1632 1910 Pfmdr1 
Interrupção do acúmulo de 
droga dentro do vacúolo 
alimentar por redução da 
propensão do transportador de 
droga PfMDR1 para se ligar e 
transferir o antimalárico 
(SANCHEZ CP et al., 2010; 
KOENDERINK JB et al., 
2010). 
Cloroquina 1945 1975 Pfcrt/Pfmdr1 
Expulsão da droga a partir do 
vacúolo digestivo pelo 
transportador de droga mutado 
PfCRT devido à maior 
lipofilicidade e negatividade do 
transportador, permitindo o 
efluxo de cloroquina ionizada 
(IBRAHEEM ZO et al., 2014; 
SETTHAUDOM C et al., 
2011). 
Atovaquona-
proguanil 
1948 1949 Pfdhfr 
Modificação do alvo da droga: 
redução da inibição da 
atividade enzimática pela droga 
(GREGSON A et al., 2005). 
Sulfadoxina + 
Pirimetamina 
1967 1967 Pfdhps-Pfdhfr 
Modificação do alvo da droga: 
redução da inibição da 
atividade enzimática pela droga 
(GREGSON A et al., 2005). 
Mefloquina 1977 1982 Pfmdr1 
Redução da suscetibilidade do 
parasita à mefloquina pela 
amplificação do número de 
cópias Pfmdr1 (PRICE RN et 
al., 2004). 
Atovaquona 1996 1996 Pfcytb 
Modificação do alvo da droga 
pela ruptura do complexo 
27 
 
Citocromo bc1 (KESSL JJ et 
al., 2007). 
Artemisinina 1980 2008 Pfk13 Quiescência (WITKOWSKI B 
et al., 2010; ARIEY F et al., 
2014). 
Fonte: Adaptada por Lucie Paloque et al., (2016). https://www.hal.inserm.fr/inserm-01322524 
 
A monoterapia já não é recomendada, justamente pela resistência encontrada, em 
vista disso a OMS recomenda a terapia dupla ou tripla, mas sempre considerando não 
associar os medicamentos que já possuem alta resistência estabelecida. Atualmente o 
tartamento recomendado são arteméter + lumefantrina, artesunato + amodiaquina, 
artesunato + mefloquina, artesunato + sulfadoxina-pirimetamina e dihidroartemisinina + 
piperaquina, o padrão ouro atual para o tratamento da malária (SHIBESHI et al., 2020). 
Com isso o monitoramento dessas novas terapias deve ser feito com rigor, para que 
novos mecanismos de resistência sejam controlados. 
2.7 Tratamentos fitoterápicos e a procura de novos antimaláricos 
 Em consequência do aumento da resistência e falhas no tratamento com os 
medicamentos existentes, torna-se urgente os incentivos a pesquisa para a busca de 
novos antimaláricos. Alguns estudos buscam novas drogas a partir de plantas 
medicinais, pois existe grande biodiversidade mundial, com grande quantidade de 
compostos bioativos, favorecendo o possível surgimento de novos compostos. (DI 
STASI, 2002; PEDROSO, ANDRADE e PIRES, 2018). Pesquisando plantas medicinais 
da mata atlântica, Di Stasi et al. (2002) encontraram 628 usos medicinais em 114 
espécies de plantas. Guerra et al., 2001, mostram que apenas 8% da biodiversidade 
fitoterápica tem sido avaliada e 1.100 espécies foram estudadas quanto as suas 
propriedades medicinais. Isso mostra que é grande nossa diversidade farmacológica e os 
alcances com a etnofarmacologia para impulsionar na busca por novos antimaláricos 
(ANDRADE-NETO et al., 2004). 
 Em vista disso, a investigação da fitoterapia utilizada nas áreas endêmicas com a 
utilização de plantas ou seus derivados para o tratamento da malária, tem sido estudada 
por vários autores, verificando a ação de plantas e seus derivados contra o P. falciparum 
resistente a CQ. Dondorp et al. 2012 investigaram a atividade da planta V. maderensis 
muito utilizada em regiões endêmicas da África Central e Ocidental. Silva e Rocha et al. 
28 
 
2013 verificaram a atividade da Tachia grandiflora Maguire utilizada na região 
Amazônica. Os mesmos autores em 2015 observaram a ação de um metabólito derivado 
da raiz de Piper peltatum, todos com boa atividade anti-plasmódio. No caso da malária, 
um exemplo de substância derivada de plantas para o seu tratamento é a quinina, uma 
droga proveniente de uma planta das florestas peruanas, do gênero Cinchona L., Família 
Rubiaceae. A partir dessa substância, a quinina, puderam ser produzidos diferentes tipos 
de compostos, como amodiaquina, primaquina, piperaquina, mefloquina e cloroquina, 
amplamente utilizados no tratamento contra a malária (MÜLLER & HYDE, 2010). 
 Os metabolitos secundários de plantas são compostos que as plantas produzem 
para se protegerem contra herbívoros, contra infecções, ou para atrair insetos 
polinizadores, e também produzidos durante o seu crescimento e desenvolvimento. 
Esses compostos vão apresentar variações de acordo com a época do ano, horário da 
coleta, e espécie vegetal associados aos processos bioquímicos, evolutivos e ecológicos 
(NUGROHO e VERPOORTE, 2001; GOBBO-NETO & LOPES, 2007; BORGES; 
AMORIM, 2020). Além disso, essas substâncias são usadas atualmente para diversos 
fins, o mais importante é sua utilização como potencial farmacológico, pois possuem 
uma alta atividade biológica. Estima-se que mais de 100.000 metabólitos foram 
reconhecidos, porém há muito a se descobrir, pois esse número representa apenas 10% 
do que se considera ter na natureza (ZHONG e YUE, 2005). Essas moléculas biológicas 
têm sido estudadas para o tratamento do câncer, doenças infecciosas e parasitárias com 
altos índices de resistência. 
 Os compostos bioativos derivados de plantas são divididos em grupos: terpenos 
carotenóides, fitoesteróis, flavonóides, fosfolipídios, organosulfurados e polifenóis, que 
se diferenciam a partir da sua estrutura química e função biológica (MORAIS et al., 
2011). Especificamente os terpenos, que são alcenos naturais, estão classificados de 
acordo com a quantidade de carbono em na sua estrutura, como monoterpenos, 
sesquiterpenos, diterpenos e triterpenos. Dependendo de mudanças na sua estrutura 
química, esses compostos podem se modificar em terpenóides/isoprenóides 
(DUDAREVA et al. 2006). 
Diversos estudos vêm mostrando a ação de alguns compostos terpenóides contra 
o Plasmodium, atuando na inibição da prenilação de proteínas do vacúolo digestivo, na 
isoprenilação dos estágios intraeritrocíticos (MÜLLER & HYDE, 2010). O estudo de 
Rodrigues Goulart et al. (2004) é um exemplo, pois investigou diferentes tipos de 
terpenos na inibição do dolicol, um isoprenóide que favorece o crescimento dentro da 
29 
 
hemácia, fazendo assim a inibição dos estágios de trofozoíto e esquizonte. O 
nerolidilcatecol, um metabolito secundário de uma planta endêmica da Amazônia a 
Piper peltatum, mostrou decaimento na produção de hemozoína em 50% indicando 
supressão da replicação do P. falciparum (ROCHA & SILVA et al., 2015). 
Partindo desse panoramade abordagem, a investigação de novos antimaláricos e 
o grande potencial de metabolitos secundários de plantas podem dar um direcionamento 
para descobrir novas moléculas com potencial contra o Plasmodium, já que a via dos 
isopronóides é importante para o parasito e não é compartilhada com o hospedeiro 
humano. 
2.8 Pólen apícola e sua atividade biológica 
 O pólen nada mais é do que o gameta sexual masculino das plantas 
angiospermas, localizado na extremidade do estame, denominada de antera (BRASIL 
2001). O tipo de fecundação das plantas vai depender de vários fatores, um deles é o 
tipo de flor que poderá estar presente na planta. Os tipos de flores são hermafrodita, 
onde se encontra o androceu (órgão reprodutor masculino) e o gineceu (órgão 
reprodutor feminino), e unissexuada, onde na flor pode haver apenas o gineceu ou o 
androceu. Dessa forma, se na planta tiver flores distintas com o gineceu ou o androceu 
chama-se dióica, e planta que na mesma flor existir o androceu e gineceu chama-se 
monóica. 
 A polinização é o ato de transferir o gameta masculino, pólen, para o gameta 
feminino, óvulo, localizado no estigma (figura 7). Essa transferência se dá por vários 
fatores, o principal é por entomofilia, que envolve a polinização feita por insetos como 
por exemplo abelhas. Elas são essenciais para a produção de alimento, pois são 
responsáveis por 73% da polinização agrícola mundial, o que significa que a maioria 
dos alimentos produzidos precisam da polinização desses insetos. Sendo o Brasil um 
país em que a agricultura é essencial para a economia, os efeitos da polinização são bem 
presentes, visto que 60% dos cultivos agrícolas necessitam de agentes polinizadores 
para uma boa produção. Além disso a polinização é importante para manter a 
variabilidade genética das plantas, mantendo o ecossistema saudável, com produtos 
agrícolas de excelente qualidade (LAPLANE, 2017). 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O pólen apícola é o resultado da colheita e aglutinação do pólen das flores 
realizadas pelas abelhas operárias, que coletam o pólen e adicionam néctar e substâncias 
salivares, e transportam em suas corbícolas (localizada nas pernas traseiras). O pólen 
tem um papel importante, pois é a única fonte de proteína para a colmeia, sendo 
essencial para seu desenvolvimento, pois as abelhas o utilizam para alimentar as larvas, 
zangões e operarias até o seu terceiro dia de vida, sendo útil na produção de geléia real e 
nutrição da abelha rainha (ALVES, 2013; MORETI 2006; ANDELKOVIC et al., 2012; 
BRASIL, 2001). 
Com a crescente procura por produtos naturais e saudáveis por grande parte da 
sociedade para minimizar os efeitos de diversas patologias, como alergias, intolerâncias, 
entre outras, o pólen apícola veio como um alimento funcional devido ao seu alto valor 
nutricional e medicinal (SOUZA, et al., 2003; MILFONT; FREITAS; ALVES, 2011). 
Segundo Bogdanov (2017), as propriedades terapêuticas do pólen são derivadas dos 
compostos bioativos que favorecem atividade antioxidante, antienvelhecimento, 
anticarcinogênica, anti-inflamatória, antiaterosclerose, cardioprotetor, além de efeitos 
antidepressivos e cicatrizantes. Porém o potencial nutricional desse alimento está sujeito 
a variações ambientais, como flora, estações do ano, idade e estado nutricional da planta 
(SZCZESNA et al., 2006). Alguns trabalhos revelam as variações nutricionais em cada 
região brasileira, como mostrado na tabela 3. 
 
 
 
 
 
Figura 7. Tipos de polinização em flores monoicas e dioicas 
Fonte: Raven, 2007 
 
31 
 
Tabela 3. Composição físico-químicas de pólen das 5 regiões brasileiras 
 Umidade Proteínas Lipídios Cinzas Referências 
Nordeste 4,7% 20% 10,1% 3,6% 
Almeida et al., 
2012 
Norte 49,1% 19,1% 3,6% 1,8% Souza et al., 2004 
Centro-
oeste 
6,7% 2,02% 7,2% 4,7% 
Arruda 2013 
Sudeste 23,6% 21,5% 3,5% 2,8% 
Marchini et al. 
2006 
Sul 7,47% 20% 6% 2,2% 
Almeida-
Muradian et al., 
2005 
 
De acordo com a legislação brasileira alguns pólens não estão seguindo os 
requisitos para a comercialização, como umidade e cinzas, nas regiões Norte e Centro-
oeste, respectivamente. O máximo de umidade prevista na legislação para pólen é de 
30% e pólen desidratado 3%. Já para cinzas em pólen desidratado, o valor máximo é de 
4% (BRASIL, 2001). Em relação a proteína, alguns trabalhos mostram diferenças entre 
15 a 25%, o que confirma que a grande diversidade botânica do Brasil influencia na 
composição do pólen (PINTO et al., 2012; BARRETO et al., 2012, MUNIZ et al., 
2020). 
2.9 Cocos nucifera e sua atividade biológica 
 O Cocos nucifera L. é da família Arecaceae, subfamília Cocoideae, com 27 
gêneros e 600 espécies, e do gênero Cocos, com 3 variações: Gigante (var. Typica), 
Anão (var. Nana) e o Intermediário (var. Aurantiaca). É mais conhecido como coqueiro 
e é uma palmeira com ampla distribuição, originado do continente asiático, bastante 
resistente a tempestades e inundações oceânicas periódicas, portanto os seus frutos 
foram se dispersando através das correntes oceânicas, e no Brasil foi introduzido na 
época das grandes navegações. 
O coqueiro foi de fácil adaptação no Brasil em razão do clima tropical, umidade, 
pluviosidade, abundante radiação solar, tipo de solo com nutrientes adequados para o 
crescimento e produção. A introdução da cocoicultura no Brasil se deu pela Bahia, se 
32 
 
expandindo pelo litoral do Nordeste, e atualmente possui cultivo no sudeste do país. Por 
ser distribuído mundialmente, o Cocos nucifera é cultivado em aproximadamente 90 
países. O Brasil é um dos principais produtores, produz cerca de 1.562 milhões de frutos 
por ano (BRAINER, 2020), perdendo apenas para a Indonésia, Filipinas, Índia e Siri 
Lanka. Vários produtos são derivados do coqueiro como coco seco, óleo de coco, coco 
ralado, água de coco, leite de coco, que possuem boa aceitação pelos consumidores. 
O coco tem várias funcionalidades. Além de ser um alimento rico em nutrientes, 
está sendo utilizado na construção civil pelas suas fibras resistentes, podendo também 
ter uso religioso e medicinal. Vários trabalhos avaliaram o seu potencial terapêutico 
para proteção de doenças cardíacas, diabetes, prevenção da obesidade, anticancerígeno, 
além de proteção na quimioterapia, possui potencial antioxidante, antimicrobiano, anti-
inflamatório, sendo usado também no tratamento e prevenção de esteatose hepática. 
Os trabalhos que avaliam a composição química de Cocos nucifera encontraram 
grandes quantidades de compostos fenólicos e flavonóides, assim como ácidos graxos e 
isoprenóides (ESQUENAZI et al., 2002; PADUMADASA et al. 2016, 2015; TAYLER 
et al., 2019) e os pesquisadores atribuem o potencial terapêutico de Cocos nucifera a 
esses compostos. Essa afirmativa é comprovada por alguns trabalhos que analisaram o 
seu potencial terapêutico, como o de Loki et al. (2003) que avaliaram a água de coco, 
demonstrando a sua função hepatoprotetora frente a intoxicação por tetracloreto de 
carbono. Nesse estudo foi possível observar níveis normais e equilibrados de glutationa, 
que é uma enzima importante nos processos de defesa antioxidante do corpo, em relação 
aos grupos controles. Esquenazi et al. (2002) avaliaram o efeito dos polifenóis, mais 
especificamente as catequinas e seu potencial antiviral, constatando um efeito viricida e 
de proteção contra infecções virais, e o alto teor de compostos fenólicos resultou em 
ação antimicrobiana. A atividade antiparasitária contra L. amazonenses foi observada 
por Mendonca-Filho et al. (2004), que usaram o extrato rico em polifenóis de Cocos 
nucifera para avaliar a sua viabilidade in vitro, mostrando que foi capaz de matar 100% 
das formas promastigotas e amastigotas. 
 
 
 
 
 
 
33 
 
3. JUSTIFICATIVA 
 A ineficácia de alguns antimaláricos seja em razão do uso indiscriminado 
desses medicamentos levando a resistência, ou pornão apresentar efeito sobre 
determinadas espécies de Plasmodium e ainda por sua toxicidade no hospedeiro, tornou 
a malária uma doença de difícil controle e com altos índices epidemiológicos (RIDLEY, 
2002; WHO, 2020). 
Portanto as pesquisas relacionadas na busca de novos compostos com potencial 
anti-plasmódio surgiram devido às problemáticas citadas, e como já discutido, os 
principais antimaláricos têm os princípios ativos derivado de plantas. Além disso, os 
estudos mais promissores estão associados a este segmento, mostrando assim a 
importância de buscar novos fármacos com potencial biológico a partir de plantas 
medicinais (FATTORUSSO e SCAFATI 2009). Em termos estatísticos: cerca de 40% 
da produção dos medicamentos utilizados, são derivados direta ou indiretamente, de 
produtos naturais. E também, das drogas que a OMS considera básicas e essenciais, 
cerca de 11% das 252 são derivadas de plantas. Isso se deve a grande biodiversidade, 
cerca de 250.000 plantas com potencial terapêutico a ser explorado (CALIXTO, 2001; 
RATES, 2001; VERPOORTE, 1998). 
Os avanços escassos na elucidação dos mecanismos de resistência de 
Plasmodium aos antimaláricos têm sido atribuídos às dificuldades de cultura in vitro 
(especificamente do P. vivax), baixa eficiência e elevada dificuldade na transfecção 
estável e à impossibilidade de utilização das tecnologias utilizando RNA de 
interferência. 
Devido à resistência, o número de pesquisas com produtos naturais e com novos 
alvos de drogas específicos do parasito aumentou. Dentre os isolados de plantas 
naturais, o LaBMAT/UFRN já vem estudando alguns compostos como a elipticina, 
isolada da Aspidosperma vargasii, e o 4-nerolidilcatecol, isolado da Pothomorphe 
peltata, que apresentaram inibição significativa do P. falciparum em estudos in vitro, 
mostrando-se mais ativos que a quinina (QN) e a cloroquina (CQ) em linhagens K1 
multi-resistentes aos antimaláricos (ANDRADE-NETO et al., 2007; SILVA et al., 
2011). Diversos estudos (FIDOCK et al., 2008, 2004; JANA et al., 2007) vêm 
discutindo novos alvos de drogas em P. falciparum, envolvendo várias vias, distribuídos 
pelo apicoplasto, citosol, vacúolo digestivo, mitocôndria, núcleo e membrana 
plasmática, em conjunto com as pesquisas para o desenvolvimento de novas drogas. 
34 
 
Neste cenário, um produto de origem animal e vegetal, que tem chamado 
atenção por seus componentes químicos com conhecidas atividades biológicas, é o 
pólen apícola, que já é empregado como complemento alimentar humano e tratamentos 
terapêuticos (MILFONT; FREITAS; ALVES, 2011). Sendo assim, o trabalho buscou 
fornecer conhecimento sobre atividade antimalárica do pólen apícola, empregando o 
modelo murino in vivo nos ensaios pré-clínicos, com o objetivo de contribuir para o 
enriquecimento e desenvolvimento de tratamentos para o combate e controle da malária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
4 OBJETIVOS 
4.1 Geral 
• Avaliar a atividade antiplasmódica do extrato bruto do pólen apícola de Cocos 
nucifera em modelo de malária experimental in vivo 
 
4.2 Específicos 
• Caracterizar fitoquimicamente o extrato bruto do pólen apícola de Cocos 
nucifera 
• Avaliar a toxicidade aguda in vivo usando protocolo OECD/OCDE 423 (2001), 
e seus efeitos histopatológicos e bioquímicos; 
• Investigar a citotoxicidade in vitro de extrato bruto do pólen apícola de Cocos 
nucifera em cultivo de células Hep-G2; 
• Analisar o potencial antimalárico in vivo do extrato bruto do pólen apícola de 
Cocos nucifera utilizando o modelo murino-Plasmodium berguei ANKA; 
• Examinar a supressão de parasitemia em modelo murino de Plasmodium berghei 
ANKA; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
5. MATERIAL E METÓDOS 
5.1 Obtenção do pólen apícola de Cocos nucifera desidratado 
O pólen apícola desidratado a 42ºC de abelhas Apis mellifera foi doado pelo 
produtor Joaz Ferreira da Silva, seu apiário está localizado na zona rural do município 
de Maxaranguape – RN. Com tamanho de grãos entre 2 a 4 mm (figura 8a). 
5.1.2 Método de Extração – Preparo do Extrato etanólico 
A obtenção dos extratos vegetais foi realizada no Instituto de Química da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no laboratório de Isolamento e Síntese 
de Compostos Orgânicos (LISCO), pela coordenação da professora Dra. Renata 
Mendonça. Realizou-se o tipo de extração a frio por maceração. 
5.1.3 Maceração 
Através deste método de extração foram obtidos os extratos brutos do pólen 
apícola, denominados extrato hidroalcoólico de pólen apícola (EHPA). Foram 
adicionados cerca de 200g da amostra de pólen em um béquer (400 mL), utilizou-se 
uma proporção de 1:3 (70% de etanol puro e 30% de água destilada). O béquer tampado 
foi então mantido durante 7 dias em condições ambientais (figura 8b). 
Após esse período, a solução foi filtrada vertida em balão de fundo redondo, e 
levada ao rotoevaporador (Fitsom) com pressão reduzida, à temperatura de 78°c e 35 
rpm (figura 8c). Em seguida, essa solução foi ressuspendida em metanol e desidratada 
em um novo béquer (tarado e pesado), o qual foi conduzido a uma placa secadora, onde 
permaneceu até ocorrer a secagem completa do extrato (figura 8d). Por fim, o béquer 
(400 mL) contendo o extrato seco foi selado, pesado para obter a massa do extrato, 
identificado e armazenado em temperatura ambiente até ser utilizado nos ensaios. 
 
 
 
 
 
37 
 
Figura 8. Processo de elaboração do extrato hidroalcóolico. a) pólen apícola de Cocos nucifera 
b) pólen apícola de Cocos nucifera mantido em solução hidroalcóolica. c) processo de separar 
os solventes em rotaevaporador. d) béquer contendo o extrato para secagem em placa 
aquecedora. 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
 
5.1.4 Rendimentos dos extratos do pólen apícola 
Após a obtenção dos extratos, o procedimento para cálculo do rendimento foi a 
partir da pesagem dos frascos de vidro vazios, seguido da pesagem após evaporação do 
solvente, quantificando, dessa forma, a massa seca do extrato bruto. A determinação do 
percentual de rendimento (%) de cada extrato seco foi realizada utilizando a equação 1: 
 % R = mes / mpc x 100 (1) 
Na qual; % R = Percentual de rendimento 
mes = Massa do extrato sólido 
mpc = Massa do extrato de pólen apícola total (base seca) 
d 
d c 
a b 
38 
 
5.2 Análises físico-químicas 
 As análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal 
da Escola Agrícola de Jundiaí/UFRN. Todas as análises foram feitas em triplicata. 
5.2.1 Sólidos totais 
As análises foram realizadas com base nas normas do Instituto Adolfo Lutz 
(IAL, 2008). Os cadinhos previamente higienizados e codificados foram colocados em 
estufa de secagem a 105ºC por duas horas, modelo TE-393/80L, marca Tecnal®, 
fabricado no Brasil. Logo após esfriados em dessecador e pesados 1g de amostra. Em 
seguida, levados a estufa a 105ºC durante 6 horas. Depois de esfriar em dessecador 
foram repesados. A percentagem de sólidos totais foi dada pela seguinte equação: ST = 
1 – ((P2-R)/P1*100, onde ST é a percentagem de sólidos totais (%), P1 é o peso inicial 
da amostra (g), P2 representa o somatório dos pesos do cadinho e R o repeso (g). 
5.2.2 Cinzas 
A percentagem de cinzas das amostras foi com base nas normas do Instituto 
Adolfo Lutz (IAL, 2008). Cadinhos previamente higienizados e identificados foram 
colocados em estufa por uma hora. Após esfriar em dessecador, foi feita a pesagem e 
adicionados 1 g de amostra. Em seguida submetidos a forno Mufla modelo Q318M24 
fabricante Quimis, fabricado no Brasil a 600ºC por 4 horas e depois de esfriar, 
repesados. O percentual de cinzas será dado pela seguinte equação: C = ((R-P)/B)*100, 
onde C significa teor de cinzas (%), P peso do cadinho (g), B amostra (g) e R repeso (g). 
5.2.3 pH 
A análise foi realizada conforme procedimento descrito pelo Instituto Adolfo 
Lutz (IAL, 2008). Para isso,

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