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DOENÇAS DO ESTÔMAGO ANATOMIA CIRÚRGICA - Ligamentos importantes para a cirurgia > relacionados à irrigação; - Estômago preso pelo diafragma, fígado e baço. - Região de fundo > mais dorsal > onde inicia a curvatura maior; - Antro pilórico > “funil” > faz a comunicação do corpo gástrico com o piloro. - Canal pilórico; - Esfíncter; - Cardia; - Piloro; - Papila duodenal maior > no início do duodeno; - Papila duodenal menor; - Ducto pancreático acessório. IRRIGAÇÃO: - Aorta abdominal > tronco celíaco: → Artéria gástrica > esquerda e direita > curvatura menor; → Artéria gastroepiplóica > esquerda e direita > curvatura maior; → Artéria esplênica > gástrica curtas > fundo gástrico. - Gástricas curtas > quando o estômago faz rotação em torno do próprio eixo, sangramento vem das gástricas curtas (que vem da artéria esplênica); - 80% do fluxo de sangue que chega no estômago vai para a mucosa > importante para avaliação da coloração > não utilizar como referência a coloração da mucosa, e sim a da serosa. PROTOCOLO GERAL PRÉ-OPERATÓRIO CONSIDERAR: - Peritonite > por conta de perfuração; - Pneumonia aspirativa > por conta de vômitos; - Esofagite > suco gástrico volta para o esôfago. Vômito: - Desidratação; - Hipocalemia > perda de potássio > necessário suplementar potássio na fluidoterapia; - Alcalose ou acidose metabólicas; - Hematêmese > indica ulceração; - Erosão ou ulceração gástrica; - Distúrbios de coagulação > associados ao quadro sistêmico do animal. Alimentação por sondas: - Nutrição ao paciente; - Impossibilidade de colocar sonda gástrica, coloca no intestino: → Duodenal > porção muito pequena, pode lesionar ductos importantes; → Jejunal > órgão mais móvel > melhor opção para garantir a nutrição do animal. - Recomendado introduzir a sonda no sentido dos movimentos peristálticos. - Introduz a sonda > sutura seromuscular invaginante para fixar; - Túnel > não tem extravasamento para o abdômen; - Enteropexia temporária > aderência formada do intestino com a sonda. JEJUM ALIMENTAR: - Adultos: 8 a 12h; - Gastroscopia: 18 a 24h; - Pediátricos e adultos severamente debilitados: 4 a 6h. PÓS-OPERATÓRIO MANUTENÇÃO DE FLUIDOTERAPIA ADEQUADA - Até que o animal retome a ingestão hídrica; - Corrigir hipocalemia > mensuração do potássio plasmático ou de forma empírica (preocupação com a velocidade de infusão). CASO ANTECIPE-SE VÔMITO PROLONGADO OU ANOREXIA - Gastrostomia; - Enterostomia; - Iniciar a alimentação 12h após o procedimento. TÉCNICAS CIRÚRGICAS SUTURAS RECOMENDADOS: - Fios absorvíveis monofilamentosos; - Polidiaxanona (PDS); - Poligliconato (Maxon); - Poligrecaprona 25 (Monocryl). NÃO RECOMENDADOS: - Absorvíveis naturais (categute) > rápida degradação; - Inabsorvíveis > possibilidade de causarem ulceração se em contato com o lúmen. PADRÕES DE SUTURA 2 CAMADAS: - 1ª camada: serosa, muscular e submucosa (Cushing ou simples contínuo); - 2ª camada: serosa e muscular (Cushing). 3 CAMADAS: - 1ª camada: mucosa (simples contínua); - 2ª camada: serosa, muscular e submucosa (Cushing ou simples contínuo); - 3ª camada: serosa e muscular (Cushing ou Lembert). - 3 camadas com maior vantagem > alternar Cushing com Lambert (2ª e 3ª camada). TÉCNICAS - Gastroscopia (endoscopia de estômago); - Gastrotomia (abertura); - Gastrectomia parcial (retirada); - Invaginação do tecido gástrico; - Gastrostomia temporária (comunicação); - Pilorectomia (retira o piloro) + gastroduodenostomia (Billroth I); - Gastrectomia parcial + gastrojejunostomia (Billroth II); - Piloromiotomia (corta a musculatura do piloro) > de Fredt- Ramsedt; - Piloromioplastia (modificação no tecido do piloro): → De Heineke-Mikulicz; → Em Y-U. GASTROPEXIA: - Por tubo; - Circuncostal; - De dobra muscular ou retalho muscular (incisional); - Em alça de cinto; - Gastrocolopexia (taxa de recorrência de até 20%); - Profilática laparoscópica; - Assistida por endoscopia; - Saturada por laparoscopia; - Laparoscópica saturada intracorporalmente; - Profilática por minilaparotomia. GASTROSCOPIA: - Ideal para adquirir imagem de mucosa. GASTROTOMIA: - Porção mais avascular no corpo do estômago para a incisão. GASTROSTOMIA: - Colocação de um tubo por criação de uma fístula; - Via técnica endoscópica. Billroth I: - Retirada do segmento do piloro + anastomose com o duodeno; - Corrige a disparidade de diâmetro + anastomose término- terminal. Billroth II: - Retira o antro pilórico e duodeno; - Disparidade de tamanho é muito grande > faz anastomose látero-lateral com jejuno (mais fácil para mobilizar); - Sutura seromuscular pegando intestino e estômago. PILOROMIOTOMIA: - De Fredt-Ramsedt; - Aumenta o lúmen > casos de estenose; - Incisão pegando seromuscular + mucosa (vai protundir), aumentando a dilatação do lúmen. PILOROMIOPLASTIA: De Heineke-Mikulicz: - Incisão longitudinal e sutura transversal > dilata o centro da incisão > aumenta mais ainda o lúmen. Em Y-U: - Provoca maior dilatação; - Incisão em Y pegando antro pilórico e duodeno cranial; - Ao suturar, leva um vértice até a ponta; - Pode causar refluxo > fisiologicamente, não é bom. GASTROPEXIA: - Incisão sero-muscular e na parede abdominal; - Aderência do estômago com a parede abdominal; - Pode ser permanente ou temporária; - Sutura sero-muscular do órgão com a muscular da parede abdominal. DOENÇAS DE TRATAMENTO CIRÚRGICO MAIS FREQUENTES: - Corpos estranhos; - Síndrome de Dilatação Vólvulo-gástrica. MENOS FREQUENTES: - Ulceração ou erosão; - Neoplasia; - Obstrução benigna do fluxo gástrico. CORPOS ESTRANHOS GÁSTRICOS - Qualquer coisa ingerida pelo animal que não possa ser digerido ou seja de digestão lenta. FISIOPATOLOGIA: - Vômito (por obstrução); - Distensão gástrica > som timpânico na percussão; - Irritação da mucosa > conteúdo fica retido no estômago; - Isquemia > leva à perfuração; - Peritonite. Felinos: - Corpos estranhos lineares; - Ancorados na língua ou no piloro; - Podem causar plicação intestinal > intestino todo enrugado na tentativa de expulsar o corpo estranho. DIAGNÓSTICO: - Predisposição em animais jovens; - Vômito agudo ou persistente. História clínica: - Vômito, anorexia e/ou depressão; - Vômito intermitente > animais continuam se alimentando e ficam ativos; - Vômito ausente: → Corpo estranho no fundo gástrico; → Sem obstrução do piloro. Exame físico: - Geralmente não há nenhuma alteração digna de nota; - Intestino plissado: → Palpação > animal reage, tem desconforto; → Dor associada > peritonite, intestino retorcido. Exames complementares: - Radiografias simples: → Radiopacos; → Maioria é radiolucente. - Radiografias contrastadas e de duplo contraste: → Cuidado com perfurações; → Substituídas pela endoscopia. - Endoscopia > remoção do corpo estranho. TRATAMENTO: Clínico: - Indução do vômito > se o animal está bem e o CE não for potencialmente traumático; - Apomorfina (cães); - Xilazina (gatos). Cirúrgico: - Gastrotomia. SÍNDROME DE DILATAÇÃO VÓLVULO-GÁSTRICA (DVG) DEFINIÇÕES: - DVG: alargamento do estômago associado à rotação em seu eixo mesentérico > “sinonímia” (torção gástrica ou inchaço); - Dilatação do estômago: estômago aumentado por ar ou espuma, mas não mal posicionado; - Dilatação: quando um órgão ou estrutura é esticado além de suas dimensões normais; - Dilação: ato de esticar uma cavidade ou orifício. FISIOPATOLOGIA: - Obstrução mecânica/funcional > acúmulo de conteúdo, líquido/gás; - Falham os meios de remoção de ar: eructação, vômito, abertura pilórica; - Dilatação e rotação do estômago; - Rotação do baço em seu pedículo. Alterações: - Compressões das veias cava caudal e porta; - Sequestro do retorno de sangue venoso ao coração >choque hipovolêmico; - Redução do débito cardíaco e pressão arterial; - Choque obstrutivo; - Anaerobiose > redução do metabolismo hepático sobre endotoxinas que precisam ser eliminadas; - Choque séptico. - Hipoperfusão: → Degeneração do miocárdio, inflamação e necrose. - Estase vascular, hipóxia e acidose: → Coagulopatia Intravascular Disseminada (CID). - Insuficiência respiratória: → Dificuldade de expansão do tórax; → Redução da complacência pulmonar; → Agravamento da hipóxia. Taxa de mortalidade: - 20 a 45% dos animais tratados. Causa: - Desconhecida; - Exercícios físicos após a ingestão de água e comida em demasia? Fatores predisponentes: - Conformação anatômica > tórax mais profundo e estreito > relacionado ao timpanismo; - Síndrome de obstrução intestinal > íleo paralítico; - Trauma; - Distúrbios primários de motilidade gástrica; - Vômito; - Cães, mas há descrição em gatos; - Machos; - Estresse; - Idade (mais velhos); - Bacia de alimentação elevada (aerofagia). DIAGNÓSTICO: Exame clínico: - Anamnese; - Sinais clínicos; → Abdômen cranial progressivamente distendido e timpânico; → Vômito improdutivo > constrição mecânica de cárdia; → Sialorreia; → Agitação; → Depressão; → Sinais de choque: palidez em mucosas, pulso fraco, frequência cardíaca aumentada (tenta compensar a hipotensão), TPC elevado, taquipneia (não consegue expandir, tenta compensar na frequência respiratória). Exames complementares: - Radiografias: → Ar livre no abdômen > ruptura gástrica; → Ar dentro da parede do estômago > necrose. PRÉ-OPERATÓRIO: Fluidoterapia agressiva: - Catetizar as veias jugular ou cefálica, evitar safena; - 90ml/kg em 30 a 60 minutos; - Correção de desequilíbrio ácido-básico; - Trabalha com as veias craniais pois a cava caudal está obstruída. Corticoterapia ou uso de AINEs: - Corticoterapia > estabilização do mastócito, evitando a degranulação (quando degranula, libera a histamina, que é uma amina vasoativa, agravando o estado inflamatório que já está ruim) > no entanto, durante o choque, causa efeito imunossupressor > pode usar em animais com hipoadrenocorticismo; - AINEs inibem a prostaglandina (importante na formação do muco do estômago) > pode agravar a ulceração > não é vantajoso. Combate aos radicais livres: - Mensilato de deferoxamina: → 10 minutos antes da descompressão e 2h depois; → 10mg/kg IV. Antibioticoterapia: - De largo espectro; - Preparamento para choque séptico. Descompressão gástrica: - Desde que o animal não esteja vomitando sangue; - 1ª opção: passagem de sonda orogástrica > gás sai > consegue lavar o estômago com soro estéril > retirada do conteúdo > descompressão > retorno venoso volta, respiração melhora; - 2ª opção: gastrocentese percutânea (cateter 18G) > perfura e sai o gás; - 3ª opção: gastrotomia sob anestesia local. CIRURGIA: Objetivos: - Correção do posicionamento do estômago; - Acesso e tratamento das lesões isquêmicas do estômago e do baço (se for viável, mantém, se for inviável, retira); - Prevenção de recorrência > gastropexia. Técnicas: - Reposicionamento do estômago; - Gastropexia permanente; - Gastrectomia parcial (10% dos casos) > avaliação da serosa, mucosa não é um bom parâmetro; - Reposicionamento do baço; - Esplenectomia. Avaliação dos órgãos: COLORAÇÃO DA SEROSA SUGERE INDICAÇÃO Pálida, esverdeada e acinzentada Lesão arterial ou arteriovenosa com isquemia ou necrose da parede gástrica Ressecção Preta ou azul escura Oclusão venosa com hemorragia subserosa ou intramural Reposicionamento e reavaliação Vermelho escura hemorrágica Lesões reversíveis Reposicionamento - Reavaliação: 10 a 15 minutos após reposicionamento. PÓS-OPERATÓRIO: Fluidoterapia: - Repor potássio (15 a 20 mEq/L de soro); - PPT < 3g/100mL → usar colóides; - Ht (hematócrito) < 20% → usar sangue total. Correção do choque séptico e do endotóxico: - Reposição energética; - Antibioticoterapia de largo espectro. Identificação e correção de arritmias: - Incidência em torno de 50% > ligada aos radicais livres; - Lidocaína: → 2 a 4 mg/kg/IV (bolus) até correção ou dose total de 8mg/kg; → 0,04 a 0,08mg/kg/min. por via IV, infusão contínua. - Procainamida: → 0,5 a 1mg/kg via IM ou IV. - Sulfato de quinidina: → 0,04mg/min. via IM. - Bloqueadores H2 ou da bomba de prótons > preferencialmente bomba de prótons > bloqueia a síntese do ácido clorídrico > bloqueia a via da gastrina e a via da cristalina; - Reversão da CID; - Combate aos radicais livres: - Mensilato de deferoxamina (Desferal) > 10mg/kg via IV, 10 minutos antes da descompressão e 2h após. PROGNÓSTICO: Após a correção: ACHADO COMENTÁRIO PROGNÓSTICO Lactato sérico < 6mmol/L Sugere ausência de necrose gástrica Bom Aumento urinário de 11-dehidro- tromboxano B2- para-creatinina Após a cirurgia, correlacionado ao aumento das complicações Reservado Necrose gástrica 10x mais chance de óbito Ruim Arritmias pré e pós-operatórias Ruim Esplenectomia concomitante* Associada a mais mortalidade Ruim * Reposicionar, reavaliar e evitar!
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