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Capítulo 55 – Guyton Funções Motoras da Medula Espinhal e Reflexos Medulares Giovanna Gabriele Informação sensorial é integrada em todos os níveis -> começa na medula com reflexos mais simples -> vai para o tronco encefálico com respostas mais complexas e por fim vai para o cérebro -> habilidades musculares mais complexas. ORGANIZAÇÃO DAS FUNÇÕES MOTORAS DA MEDULA ESPINHAL A substância cinzenta da medula é a área integrativa para os reflexos medulares. Sinais sensoriais – entram pelas raízes sensoriais (raízes posteriores / dorsais) – depois que entra na medula, sinal sensorial trafega por duas vias distintas: um ramo termina na substância cinzenta da medula e provoca reflexos medulares segmentares locais e outros efeitos locais, o outro ramo transmite sinais para os níveis superiores -> tronco ou córtex. Cada segmento da medula possui milhões de neurônios na substância cinzenta: (1) Neurônios motores anteriores -> localizados em cada segmento dos cornos anteriores da substância cinzenta da medula. Dão origem às fibras nervosas que deixam a medula pelas raízes anteriores e inervam diretamente as fibras musculares esqueléticas. -> Dois tipos: Neurônios motores alfa e neurônios motores gama (motoneurônios); • Alfa: Fibras motoras grandes do tipo A alfa – essas se ramificam muitas vezes depois de entrar no músculo e inervam as grandes fibras musculares esqueléticas. A estimulação de uma única fibra nervosa alfa excita de 3 a centenas de fibras musculares esqueléticas -> unidade motora. • Gama: transmitem impulsos por fibras nervosas motoras muito menores do tipo A gama, essas inervam pequenas fibras musculares esqueléticas especiais -> fibras intrafusais – essas constituem o centro do fuso neuromuscular, que ajuda a controlar o “tônus” muscular básico. (2) Interneurônios -> ou neurônios de associação -> estão presentes na substância cinzenta nos cornos dorsais, cornos anteriores e nas áreas intermediárias entre eles. Possuem muitas interconexões entre si e muitas delas fazem sinapses diretas com os neurônios motores anteriores -> essas interconexões são responsáveis pela maioria das funções integrativas da medula espinhal; Essencialmente, todos os diferentes tipos de circuitos neuronais são encontrados no conjunto de interneurônios das células da medula espinhal, incluindo divergência, convergência, descarga repetitiva e outros tipos de circuitos. Apenas alguns sinais sensoriais aferentes provenientes dos nervos espinhais ou sinais provenientes do cérebro terminam diretamente nos neurônios motores anteriores. Em vez disso, quase todos esses sinais são transmitidos primeiro por interneurônios, onde são adequadamente processados. Assim, na Figura 55.1, o trato corticoespinhal, proveniente do cérebro, é mostrado terminando quase exclusivamente em interneurônios espinhais, onde os seus sinais são combinados com sinais de outros tratos espinhais ou nervos espinhais antes de, por fim, convergir nos neurônios motores anteriores para controlar a função muscular. LEGENDA: Figura 55.1 – Conexões das fibras sensoriais periféricas e das fibras corticoespinhais com os interneurônios e com os neurônios motores anteriores da medula espinhal. Legenda: 55.2 Fibras sensoriais periféricas e neurônios motores anteriores que inervam os músculos esqueléticos. *** Células de Renshaw: pequenos neurônios localizados nos cornos anteriores da medula, quando o axônio do neurônio motor deixa o corpo do neurônio, ramos colaterais do axônio passam para as células de Renshaw – essas são inibitórias, transmitem sinais inibitórios para os neurônios motores adjacentes -> chamado de inibição lateral, o sistema motor usa essa inibição para focar, ou ressaltar seus sinais. RECEPTORES SENSORIAIS MUSCULARES – FUSOS NEUROMUSCULARES E ÓRGÃOS TENDINOSOS DE GOLGI – E SUAS FUNÇÕES NO CONTROLE MUSCULAR O controle adequado da função muscular requer não apenas a excitação do músculo pelos neurônios motores anteriores da medula espinhal, mas também a retroalimentação contínua de informações sensoriais de cada músculo para a medula espinhal, indicando o estado funcional de cada músculo a cada instante. Para fornecer essas informações, os músculos são supridos por 2 tipos de receptores sensoriais: (1) fusos neuromusculares – enviam informações ao SN sobre o comprimento do músculo e sobre a velocidade da variação de comprimento (2) órgãos tendinosos de Golgi – transmitem informações sobre a tensão do tendão e da velocidade de variação da tensão. Ambos sinais servem para o controle muscular intrínseco – quase nível subconsciente, transmitem informações não somente para medula, mas para o cerebelo e córtex cerebral também -> ajudando no controle da contração muscular. FUNÇÃO RECEPTORA DO FUSO NEUROMUSCULAR Cada fibra muscular intrafusal é uma minúscula fibra muscular esquelética -> a região central / área intermediária dessas fibras tem pouco ou nenhum filamento de actina e miosina, sendo assim não contrai quando as extremidades contraem, ela funciona como um receptor sensorial. Porções terminais que contraem são excitadas por pequenas fibras nervosas motoras gama – essas também são chamadas de fibras eferentes gama. Inervação sensorial do fuso neuromuscular -> Porção receptora do fuso é a porção central – as fibras sensoriais se origina nessa área e são estimuladas pelo estiramento dessa porção intermediária do fuso -> o receptor do fuso pode ser excitado de duas formas: (1) Estiramento de todo o músculo alonga a porção média do fuso -> excita o receptor. (2) Mesmo sem a alteração do comprimento no músculo, a contração das porções terminais das fibras intrafusais do fuso produz o estiramento da porção média do fuso – excita o receptor. Dois tipos de terminações sensoriais, as terminações aferentes primárias e secundárias, são encontradas nessa área receptora central do fuso neuromuscular. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595158696/epub/OEBPS/Text/chapter55.xhtml#fig55-1 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595158696/epub/OEBPS/Text/chapter55.xhtml#fig55-1 Terminação primária -> centro da área receptora, grande fibra que circunda a porção central de cada fibra intrafusal formando a terminação aferente primária ou terminação anuloespiral -> fibra do tipo Ia -> transmite sinais para medula com velocidade de 70 a 120 m/s. Terminação secundária -> normalmente uma, as vezes duas, fibra nervosa sensorial menor -> fibra do tipo II -> inerva a região receptora em um ou em ambos os lados da terminação primária -> terminação aferente secundária. Divisão das fibras intrafusais em fibras de bolsa nuclear e em fibras de cadeia nuclear: respostas estáticas e dinâmicas do fuso neuromuscular. 2 tipos de fibras intrafusais: (1) fibras musculares de bolsa nuclear (1 – 3) -> núcleos reunidos em bolsas expandidas na porção central da área receptora, e (2) fibras de cadeia nuclear (3 a 9), núcleos alinhados em uma cadeia ao longo da área receptora. A terminação nervosa sensorial primária é excitada tanto pelas fibras intrafusais de bolsa nuclear quanto pelas fibras de cadeia nuclear. Por outro lado, a terminação secundária geralmente é excitada apenas por fibras de cadeia nuclear. As terminações primária e secundária respondem ao comprimento do receptor: resposta elétrica. Quando a porção receptora do fuso neuromuscular é estirada lentamente, o número de impulsos transmitidos pelas terminações primária e secundária aumenta quase em proporção direta em relação ao grau de estiramento, e as terminações continuam a transmitir esses impulsos por vários minutos. Esse efeito é chamado de resposta estática do receptor do fuso, o que significa que ambas as terminações primária e secundária continuam a transmitir seus sinais por pelo menos vários minutos se o fuso neuromuscular permanecer estirado. A terminação primária (mas não a terminação secundária) responde à velocidadede variação do comprimento do receptor: resposta dinâmica. Quando o comprimento do receptor do fuso aumenta repentinamente, a terminação primária (mas não a secundária) é fortemente estimulada. Esse estímulo da terminação primária é chamado de resposta dinâmica, o que significa que a terminação primária responde de maneira extremamente ativa a uma rápida taxa de alteração no comprimento do fuso. Mesmo quando o comprimento de um receptor do fuso aumenta apenas uma fração de um micrômetro por apenas uma fração de segundo, o receptor primário transmite um número enorme de impulsos em excesso para as grandes fibras nervosas sensoriais de 17 micrômetros, mas apenas enquanto o comprimento está realmente aumentando. Assim que o comprimento para de aumentar, essa taxa extra de descarga de impulsos retorna ao nível da resposta estática muito menor, que ainda está presente no sinal. Por outro lado, quando o receptor do fuso se encurta, ocorrem sinais sensoriais exatamente opostos. Assim, a terminação primária envia sinais extremamente intensos, positivos ou negativos, para a medula espinhal para informar qualquer alteração no comprimento do receptor do fuso. Controle da intensidade das respostas estática e dinâmica pelos motoneurônios gama. Motoneurônios gama que inervam o fuso neuromuscular podem ser de dois tipos: gama dinâmico (gama-d) -> excita fibras intrafusais de bolsa nuclear e gama estático (gama-e) -> excita fibras intrafusais de cadeia nuclear. Quando as fibras gama-d excitam as fibras de bolsa nuclear, a resposta dinâmica do fuso neuromuscular se torna bastante aumentada, ao passo que a resposta estática dificilmente é afetada. Por outro lado, a estimulação das fibras gama-e, que excitam as fibras de cadeia nuclear, aumenta a resposta estática, enquanto exerce pouca influência na resposta dinâmica. Descarga continua dos fusos neuromusculares em condições normais. Normalmente, quando há algum grau de excitação do nervo gama, os fusos neuromusculares emitem impulsos nervosos sensoriais continuamente. O estiramento dos fusos neuromusculares aumenta a frequência de disparo, enquanto o encurtamento do fuso a diminui. Assim, os fusos podem enviar para a medula espinhal sinais positivos (quantidades aumentadas de impulsos para indicar estiramento de um músculo) ou sinais negativos (redução do número de impulsos) para indicar que o músculo não está estirado. REFLEXO DE ESTIRAMENTO MUSCULAR Músculo repentinamente estirado -> excitação dos fusos -> contração reflexa das fibras musculares esqueléticas. Circuitos neuronais do reflexo de estiramento -> Imagem: fibra nervosa tipo Ia – originando do fuso e entrando na raiz dorsal da medula -> um ramo dessa fibra segue diretamente para o corno anterior da substância cinzenta medular e faz sinapse com neurônios motores anteriores - > enviam fibras nervosas motoras de volta ao mesmo músculo de onde se originou a fibra -> essa é a via monossináptica -> permite assim que um sinal reflexo retorne com menor atraso temporal ao músculo após a excitação do fuso. Reflexo de estiramento dinâmico e reflexo de estiramento estático. Dinâmico -> provocado por sinais dinâmicos transmitidos pelas terminações sensoriais primárias dos fusos neuromusculares, causados por estiramento ou encurtamento rápidos, em resumo: súbito estiramento ou encurtamento -> sinal para medula -> forte contração reflexa instantânea (ou diminuição da contração) do mesmo músculo no qual o sinal se originou. “reflexo funciona para se opor a alterações repentinas no comprimento muscular) -> o dinâmico acaba muito rápido – fração de segundo após o músculo ter sido estendido (ou contraído), um reflexo de estiramento estático, mais fraco, continua por um período prolongado depois disso -> esse é desencadeado pelos sinais contínuos do receptor estático transmitidos pelas terminações primárias e secundárias. Função de amortecimento dos reflexos de estiramento estático e dinâmico na suavização da contração muscular. Quando o sistema do fuso neuromuscular não está funcionando satisfatoriamente, a contração muscular é brusca durante o curso de tal sinal. Esse efeito é apresentado na Figura 55.6. Na parte A, o reflexo do fuso neuromuscular do músculo excitado está intacto. Observe que a contração é relativamente suave, ainda que o nervo motor que alimenta o músculo seja excitado a uma frequência lenta de apenas oito sinais por segundo. A parte B ilustra o mesmo experimento em um animal cujos nervos sensoriais do fuso neuromuscular foram seccionados 3 meses antes. Observe a contração muscular não suave. Assim, a Figura 55.6 A demonstra graficamente a capacidade do mecanismo de amortecimento em equalizar as contrações musculares, ainda que os sinais de entrada primários para o sistema motor muscular possam ser, eles mesmos, bruscos. Esse efeito também pode ser chamado de função de média do sinal do reflexo do fuso neuromuscular. PAPEL DO FUSO NEUROMUSCULAR NA ATIVIDADE MOTORA VOLUNTÁRIA Sempre que os sinais são transmitidos do córtex motor ou de qualquer outra área do cérebro para os neurônios motores alfa, na maioria das vezes os neurônios gama são estimulados simultaneamente -> coativação dos neurônios motores alfa e gama -> Esse efeito faz com que as fibras musculares esqueléticas extrafusais e as fibras musculares intrafusais do fuso neuromuscular se contraiam ao mesmo tempo. Isso evita que o comprimento da porção receptora seja alterado durante a contração – a coativação impede que o reflexo do fuso neuromuscular se oponha à contração muscular; mantém a função de amortecimento adequada do fuso neuromuscular, independentemente de qualquer alteração no comprimento do músculo . Áreas do cérebro relacionadas ao controle do sistema motor gama O sistema eferente gama é excitado especificamente por sinais da região facilitadora bulborreticular do tronco encefálico e, secundariamente, por impulsos transmitidos para a área bulborreticular a partir do seguinte: (1) cerebelo (2) núcleos da base e (3) córtex cerebral. Como a área facilitadora bulborreticular está particularmente preocupada com as contrações antigravitacionais, e como os músculos antigravitacionais têm uma densidade especialmente alta de fusos neuromusculares, acredita-se que o mecanismo eferente gama seja importante para amortecer os movimentos das diferentes partes do corpo durante a caminhada e a corrida. O sistema de fuso neuromuscular estabiliza a posição do corpo durante uma ação motora tensa. Uma das funções mais importantes do sistema do fuso neuromuscular é estabilizar a posição do corpo durante uma ação motora sob tensão. Para realizar essa função, a região facilitadora bulborreticular e suas áreas relacionadas do tronco encefálico transmitem sinais excitatórios por meio das fibras nervosas gama para as fibras musculares intrafusais dos fusos neuromusculares. Essa ação encurta as extremidades dos fusos e estira as regiões centrais do receptor, aumentando a saída de seu sinal. No entanto, se os fusos de ambos os lados de cada articulação forem ativados ao mesmo tempo, a excitação reflexa dos músculos esqueléticos em ambos os lados da articulação também aumenta, fazendo com que os músculos opostos entre si na articulação fiquem tensos e firmes. O resultado final é que a posição da https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595158696/epub/OEBPS/Text/chapter55.xhtml#fig55-6 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595158696/epub/OEBPS/Text/chapter55.xhtml#fig55-6 articulação se torna fortemente estabilizada, e qualquer força que tenda a movê-la de sua posição corrente é antagonizada pelos reflexos de estiramento altamente sensibilizados operando em ambos os lados da articulação. Sempre que uma pessoa deva realizar uma função muscular que requeira um posicionamento extremamente delicado e exato, a excitação dos fusos neuromusculares apropriados por sinais da região facilitadora bulborreticular do troncoencefálico estabiliza as posições das principais articulações. Essa estabilização auxilia bastante na execução de movimentos voluntários detalhados adicionais (dos dedos ou de outras partes do corpo) necessários para procedimentos motores complexos. Aplicações clínicas do reflexo de estiramento Quase todas as vezes que um clínico realiza um exame físico em um paciente, ele desencadeia múltiplos reflexos de estiramento. O propósito é determinar quanto de excitação basal, ou “tônus”, o cérebro envia para a medula. O reflexo patelar e outros reflexos tendíneos podem ser usadas para avaliar a sensibilidade dos reflexos de estiramento. O método usado para determinar a sensibilidade dos reflexos de estiramento é provocar o reflexo patelar e outros reflexos musculares. O reflexo patelar pode ser provocado simplesmente pela leve percussão do tendão patelar com um martelo de reflexo; essa ação estira instantaneamente o músculo quadríceps e estimula um reflexo de estiramento dinâmico, que faz com que a parte inferior da perna se lance para a frente. O estiramento repentino dos fusos neuromusculares é tudo o que é necessário para provocar um reflexo de estiramento dinâmico. Reflexos -> usados para avaliar o grau de facilitação dos centros da medula espinhal. Quando uma grande quantidade de impulsos facilitadores está sendo transmitida de regiões superiores do SNC para a medula, os reflexos musculares são muito exagerados. Se os impulsos facilitadores estão deprimidos ou abolidos, os reflexos musculares ficam enfraquecidos ou ausentes. REFLEXO TENDINOSO DE GOLGI O órgão tendinoso de Golgi ajuda a controlar a tensão muscular. É um receptor sensorial encapsulado pelo qual passam as fibras do tendão muscular -> o órgão é estimulado quando o feixe de fibras musculares é tensionado pela contração ou pelo estiramento do músculo. A principal diferença entre a excitação do órgão tendinoso de Golgi em relação à do fuso neuromuscular é que o fuso detecta o comprimento do músculo e as alterações no seu comprimento, ao passo que o órgão tendinoso detecta a tensão muscular refletida pela própria tensão. Legenda: A tensão excessiva do músculo estimula os receptores sensoriais no órgão tendinoso. Os sinais dos receptores são transmitidos através de uma fibra nervosa aferente sensorial que excita um interneurônio inibitório na medula espinhal, inibindo a atividade do neurônio motor anterior, causando relaxamento muscular e protegendo o músculo contra a tensão excessiva. O órgão tendinoso tem uma resposta dinâmica e uma resposta estática, reagindo intensamente quando a tensão muscular aumenta repentinamente (resposta dinâmica), mas se acomodando em uma fração de segundo a um nível inferior de disparo em estado de repouso, que é quase diretamente proporcional à tensão muscular (resposta estática). Os órgãos de Golgi fornecem ao SNC informações instantâneas sobre o grau de tensão em cada pequeno segmento de cada músculo. Transmissão de impulsos do órgão tendinoso para o SNC -> os sinais são transmitidos por fibras nervosas do tipo Ib grandes, de condução rápida – essas transmitem sinais para áreas locais da medula após fazer a sinapse no corno dorsal da medula, por meio de vias de fibras longas, como os tratos espinocerebelares no cerebelo, e por meio de outros tratos para o córtex cerebral. O sinal medular local excita um único interneurônio inibitório que inibe o neurônio motor anterior. Esse circuito local inibe diretamente o músculo individual sem afetar os músculos adjacentes. O reflexo desencadeado nos tendões evita a tensão excessiva do músculo -> quando os órgãos de Golgi de um tendão muscular são estimulados pelo aumento da tensão os sinais vão para medula provocando efeitos reflexos no respectivo músculo -> esse reflexo é totalmente inibitório -> provocando um mecanismo de retroalimentação negativa que evita o desenvolvimento de tensão excessiva no músculo. Quando a tensão no músculo e tendão tornam-se extremos o efeito inibitório do órgão tendinoso pode ser tão grande que leva a uma reação repentina na medula que causa o relaxamento instantâneo de todo o músculo -> reação de alongamento -> mecanismo de proteção. REFLEXO FLEXOR E REFLEXOS DE RETIRADA Animal descerebrado ou com a medula seccionada -> estímulo sensorial cutâneo de um membro faz com que os músculos flexores se contraiam, retirando, assim, o membro do objeto estimulador -> reflexo flexor, esse é desencadeado com mais intensidade pela estimulação das terminações de dor -> chamado também de reflexo nociceptivo ou reflexo de dor. Se alguma parte do corpo que não seja um dos membros for dolorosamente estimulada, ela será igualmente afastada do estímulo, mas o reflexo pode não ficar confinado aos músculos flexores, embora seja basicamente o mesmo tipo de reflexo. Portanto, os vários padrões desses reflexos nas diferentes áreas do corpos são chamados de reflexos de retirada. Mecanismo neural do reflexo flexor -> imagem -> estímulo doloroso na mão – resultado: músculos flexores do braço se tornam excitados e afastam a mão do estímulo doloroso. As vias do reflexo flexor não passam diretamente para os neurônios motores anteriores, passam primeiro pelo conjunto de interneurônios dos neurônios da medula e de forma secundária para os neurônios motores. Maioria dos sinais do reflexo trafega por muitos neurônios e envolve os seguintes tipos básicos de circuitos: (1) circuitos divergentes para disseminar o reflexo para os músculos necessários para a retirada; (2) circuitos para inibir os músculos antagonistas, chamados de circuitos de inibição recíproca; e (3) circuitos para causar pós-descarga, que dura muitas frações de segundo após o término do estímulo. Alguns milissegundos depois que um nervo sensorial da dor começa a ser estimulado, a resposta flexora aparece -> nos seguintes segundos o reflexo começa a entrar em fadiga -> após o termino do estímulo a contração do músculo retorna ao nível basal, mas, por causa da pós- descarga, leva muitos milissegundos para que essa contração ocorra. A duração da pós-descarga depende da intensidade do estímulo sensorial que desencadeou o reflexo; Padrão de retirada durante o reflexo flexor -> esse padrão depende de qual nervo sensorial é estimulado -> um estímulo de dor do lado interno do braço provoca não apenas a contração dos músculos flexores do braço, mas também a contração dos músculos abdutores para puxá-lo para fora. REFLEXO EXTENSOR CRUZADO Aprox. 0,2 a 0,5 segundo após um estímulo desencadeador um reflexo flexor em um membro, o membro oposto começa a se estender -> reflexo extensor cruzado -> a extensão do membro oposto pode empurrar todo o corpo para longe do objeto que está causando o estímulo doloroso no membro retirado. Mecanismo: os sinais dos nervos sensoriais cruzam para o lado oposto da medula para excitar os músculos extensores, esse reflexo não se inicia antes de 200 a 500 milissegundos após o estímulo de dor inicial. Depois que o estímulo doloroso é removido, o reflexo extensor cruzado tem um período de pós-descarga ainda mais longo do que o reflexo flexor. A pós- descarga prolongada é benéfica para manter a área dolorida do corpo afastada do objeto que provocou a dor até que outras reações nervosas façam com que todo o corpo se afaste desse estímulo. INIBIÇÃO RECÍPROCA E INERVAÇÃO RECÍPROCA A excitação de um grupo de músculos está associada à inibição de outro, quando um reflexo de estiramento excita um músculo, com frequência, inibe simultaneamente os músculos antagonistas -> fenômeno da inibição recíproca, o circuito neuronal que causa essa relação recíproca é chamado de inervação recíproca. A Figura 55.12 mostra um exemplo típico de inibição recíproca. Nesse caso, um reflexo flexor moderado, mas prolongado, é provocado em um membro do corpo; enquanto esse reflexo ainda está sendo produzido, um reflexo flexor mais forte é induzido nomembro do lado oposto do corpo. Esse reflexo mais forte envia sinais inibitórios recíprocos ao primeiro membro e diminui seu grau de flexão. Por fim, a remoção do reflexo mais forte permite que o reflexo original reassuma sua intensidade prévia. REFLEXOS POSTURAIS E DE LOCOMOÇÃO Reação de suporte positiva -> A pressão no coxim plantar da pata de um animal descerebrado faz com que o membro se estenda contra a pressão aplicada ao pé. Na verdade, esse reflexo é tão forte que, se um animal cuja medula espinhal foi seccionada vários meses antes – depois de os reflexos se tornarem exagerados – for colocado de pé, o reflexo frequentemente enrijecerá os membros o suficiente para suportar o peso do corpo. Esse reflexo é chamado de reação de suporte positiva. A reação de suporte positiva envolve um circuito complexo nos interneurônios semelhante aos circuitos responsáveis pelos reflexos flexores e extensores cruzados. O local da pressão no coxim plantar determina a direção em https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595158696/epub/OEBPS/Text/chapter55.xhtml#fig55-12 que o membro se estenderá; a pressão em um lado produz extensão naquela direção, um efeito chamado de reação magnética. Essa reação ajuda a evitar que o animal caia para aquele lado. Reflexos de endireitamento da medula. Quando um animal cuja medula espinhal foi seccionada é deitado de lado, ele fará movimentos descoordenados para tentar se levantar até a posição em pé. Esse reflexo é denominado de reflexo de endireitamento da medula. Esse reflexo demonstra que alguns reflexos relativamente complexos associados à postura estão integrados na medula espinhal. Na verdade, um animal com a medula torácica seccionada e bem cicatrizada entre os níveis de inervação dos membros anteriores e posteriores pode se endireitar da posição deitada e até mesmo andar usando tanto seus membros posteriores quanto os anteriores. No caso de um gambá com uma secção transversa semelhante da medula torácica, os movimentos de andar dos membros posteriores são muito pouco diferentes daqueles de um gambá normal, exceto que os movimentos de andar dos membros posteriores não são sincronizados com os dos membros anteriores. MOVIMENTOS DE MARCHA Movimentos rítmicos de marcha de um único membro. Movimentos rítmicos de marcha são frequentemente observados nos membros de animais cuja medula espinhal foi seccionada. Na verdade, mesmo quando a porção lombar da medula espinhal é separada do restante da medula, e uma secção longitudinal é feita abaixo do centro da medula para bloquear as conexões neuronais entre os dois lados da medula e entre os dois membros, cada membro inferior ainda pode executar funções de marcha individuais. A flexão do membro para a frente é seguida, depois de um segundo ou um pouco mais, pela extensão para trás. Em seguida, a flexão ocorre novamente, e o ciclo é repetido muitas vezes. Essa oscilação para a frente e para trás entre os músculos flexores e extensores pode ocorrer mesmo depois que os nervos sensoriais foram cortados e parece resultar principalmente de circuitos de inibição mutuamente recíprocos dentro da matriz da medula, oscilando entre os neurônios que controlam os músculos agonistas e antagonistas. Os sinais sensoriais dos coxins plantares e dos sensores de posição em torno das articulações desempenham um papel importante no controle da pressão do pé e na frequência da marcha quando se permite que o pé ande ao longo de uma superfície. Na verdade, o mecanismo medular para o controle da marcha pode ser ainda mais complexo. Por exemplo, se o dorso do pé encontrar uma obstrução durante o impulso para a frente, esse impulso parará temporariamente; então, em uma sequência rápida, o pé será levantado mais alto e seguirá para a frente para ser colocado sobre a obstrução. Esse é o reflexo de tropeço. Assim, a medula é um controlador inteligente da caminhada. Marcha recíproca de membros opostos. Se a medula espinhal lombar não estiver dividida em seu centro, toda vez que ocorrer um passo para a frente em um membro, o membro oposto normalmente se moverá para trás. Esse efeito resulta da inervação recíproca entre os dois membros. Marcha diagonal de todos os quatro membros: reflexo de marcha. Se um animal cuja medula espinhal foi seccionada e bem cicatrizado (com transeção espinhal cervical acima da área dos membros anteriores da medula) for erguido do chão, e suas pernas ficarem penduradas, o estiramento dos membros provocará reflexos de marcha que envolvem todos os quatro membros. Em geral, a marcha ocorre diagonalmente entre os membros anteriores e posteriores. Essa resposta diagonal é outra manifestação de inervação recíproca, desta vez ocorrendo em toda a distância, para cima e para baixo na medula, entre os membros anteriores e posteriores. Esse padrão de caminhada é chamado de reflexo de marcha.
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