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Coagulopatias ● As adquiridas não são doença, são resultado de algum problema ● Hemostasia o Envolve vasos sanguíneos, fatores de coagulação, plaquetas e proteínas da fibrinólise (proteínas de distinção) o Primária: endotélio vascular e plaquetas o Secundária: vias intrínseca e extrínseca Doença de von Willebrand ● Coagulopatia congênita ● Desordem hemorrágica hereditária mais comum ● Prevalência de 1-3% o Destes, 10% são sintomáticas ● Mutação autossômica dominante (HF geralmente +), no braço curto do cromossomo 12 ● Fator de von Willebrand o Multímero composto por glicoproteínas de diversos pesos moleculares o A molécula de FvW tem uma porção coagulante e uma porção antigênica o É responsável pela adesão plaquetária ao colágeno do subendotélio o Forma um complexo com o fator VIII, funcionando como proteína carreadora e impedindo que este seja rapidamente depurado da circulação por proteases o Ou seja, atua tanto na hemostasia primária quanto na secundária (coagulação) ▪ É liberado pelo endotélio vascular e pela plaqueta ● É subdiagnosticada o É uma doença comum, mas tem várias formas de apresentação ● A doença de von Willebrand é uma doença hemorrágica, é considerada coagulopatia apesar de também participar da 1ª parte da hemostasia ● O prejuízo é basicamente na adesão plaquetária, quadro clínico na maioria dos casos é brando, apresentando aumento da hemorragia imediatamente após procedimentos invasivos ● Nessa doença, há maior degradação enzimática de fator VIII, mas isso não é capaz de causar hemorragia por distúrbio de coagulação (Medcurso) ● Classificação o Tipo 1 (80%): deficiência quantitativa ▪ É o mais frequente ▪ Ocorre em toda a família ▪ Mais fácil diagnóstico ▪ Há redução leve-moderada dos níveis plasmáticos do fator o Tipo 2: deficiência qualitativa (funcional) ▪ Subtipos: 2A, 2B, 2M e 2N ● 2A: deficiência dos multímeros de peso alto e intermediário ● 2B: apenas multímeros de alto peso deficientes (porque têm adesão exagerada às plaquetas, formam agregados plaquetários que são rapidamente depurados, pode haver trombocitopenia) ▪ Precisa do algoritmo para diagnosticar ▪ Quando dosa o FVW-antígeno, está normal, mas a funcionalidade está alterada ▪ O subtipo 2B é o mais difícil, porque o defeito está no FVW plaquetário → paciente sangra, não resolve fácil o Tipo 3: deficiência quantitativa completa do fator ▪ É o mais raro (a professora nunca viu) ▪ É uma deficiência quase completa, há menos de 5% de FVW ▪ Paciente sangra bastante Patogênese ● FVW o Promove adesão plaquetária ao subendotélio o Carreador do fator VIII (na porção antigênica do fator VIII, é diferente do hemofílico, que tem esse problema na porção coagulante do fator VIII) ● Clínica o Suspeita: sangramento imediato após trauma/procedimentos invasivos o Equimoses, epistaxe, metrorragia o Sangramentos pós-extração dentária, outras cirurgias, história familiar ▪ Epistaxe, metrorragia, sangramento pós-extração é sangramento mucoso o Na gestação, os fatores de coagulação triplicam fisiologicamente, é uma proteção à gestante para quando ela tiver o bebê. Isso evita o óbito da mãe. ▪ Durante a gestação, “a coisa fica bem”, não precisa fazer nada, o problema é depois, que esses fatores caem. o Na forma hereditária, habitualmente é o clínico que diagnostica o adulto (e não o pediatra, na criança) OBS: existem casos de doença de von Willebrand adquirido. Achados laboratoriais típicos nos diferentes subtipos ● Achados: o TS prolongado o TTPa alargado (pela deficiência secundária parcial do fator VIII) o Demais provas da hemostasia normais OBS: entretanto, pode cursar com todas as provas da hemostasia normais. ● Tipo 1: mais comum ● TS: tempo de sangramento o Exame muito rudimentar, faz corte na orelha do paciente o Teste de Ivy: incisão na pele do antebraço, fornece TS mais confiável, embora menos disponível o Normal: 3-7 minutos, mas não é muito fidedigno e não deve ser pedido de rotina ● Fator VIII coagulante (FVIII:C): geralmente baixo no tipo 1 ● Tipo 2: tempo de sangramento também está prolongado; o FVW:Ag pode dar baixo, mesmo que a deficiência seja funcional o Tipo 2B: essas alterações são difíceis; observa, faz a terapia e não corrige → pensar em DVW plaquetária Diagnóstico ● Medida do antígeno do FvW (FvW:Ag) ● Medida da atividade do FvW pelo teste da ristocetina o Antimicrobiano capaz de induzir aglutinação de plaquetas inativas usando o FvW o Na DvW, essa agregação está prejudicada ● É o caso do sangramento; deu plaqueta normal, tudo normal o DTP alargado, sangrando, não é trombose, não é inibidor, não é deficiência do fator VIII → pedir FvW:Ag ao laboratório; pedir dosagem do fator VIII; pedir cofator ristocetina FvW-RC o Isso é de praxe para diagnosticar doença de von Willebrand 1. Medir FvW:Ag ▪ Diminuído ● Tipo 1, ou ● Tipo 2, ou ● Adquirido ▪ Normal ● Sem doença, ou ● Tipo 2 (defeito qualitativo) ▪ Ausente ● Tipo 3 2. Relação cofator-ristocetina (FvW-RC) / FvW ▪ Faz esse exame se o FvW:Ag tiver dado normal (e ficar na dúvida entre paciente sem doença e tipo 2) ▪ < 0,7: desproporcional, fecha diagnóstico que é DVW tipo 2 ▪ 0,7 a 1,2: proporcional, então precisa ir mais a diante e pedir o 3º exame ▪ > 1,2: não é doença de von Willebrand 3. Relação fator VIII coagulante (FVIIIc) / FVW ▪ Proporcional (0,7 e 1,2): tipo 1 ▪ Desproporcional (< 0,7): tipo 2 o O resto dos exames ela não usa Laboratório ● Tempo de sangramento Ivy com TTP prolongado ● Cofator ristocetina ● Dosagem de FvW:Ag ● Dosagem do FVIIIc ● Analise multimérica do FvW ● Quantificação do FvW ligado ao fator VIIIc ● Contagem de plaquetas: maioria das vezes é normal, afastar outras causas Tratamento ● Concentrados ricos em FvW o Terapia mais eficaz da DvW, independentemente do tipo o 1ª escolha na vigência de sangramento grave o Resgate diante de refratariedade à DDAVP o Mais usados: concentrados de fator VIII purificados ● Crioprecipitado o Era usado no passado por ter fator XIII, VIII, fibrinogênio e FvW o Contudo, há maior risco de transmissão infecciosa e atualmente existem melhores opções, então caiu em desuso! o Só deve ser usado em situação de emergência ● DDAVP (desmopressina) o Pode usar em doença de von Willebrand após sangramento em procedimento simples (odontológico, ginecológico local) o Também pode ser usado em hemorragia uterina quando consegue corrigir com antifibrinolítico ou estrógeno o Pode usar tanto como profilaxia de sg. operatório quanto como tratamento de hemorragias leves na DvW tipo 1 o Contraindicado na tipo 2A ● Antifibrinolítico o Procedimentos dentários em pacientes com a forma branda da doença o Ácido aminocaproico (EACA) e ác. tranexâmico ● Estrógeno ● Orientações o Evitar drogas antiplaquetárias Coagulopatia Adquirida (CID) Causas ● Sepse ● Neoplasias ● Reação transfusional severa ● Picada de cobra ● Pancreatite ● Choque ● Hipóxia ● Aneurismas ● Reações anafiláticas ● Rejeição de enxertos Mecanismo da Coagulopatia de Consumo ● Principal fator é a liberação/exposição de fator tecidual ● Coagulação torna-se exacerbada a ponto de levar formação de fibrina em vários pontos da microvasculatura o Consumo ▪ de plaquetas → trombocitopenia ▪ de fatores da coagulação → coagulopatia o Destruição de hemácias → anemia hemolítica microangiopática o Obstrução de pequenos vasos o Os microtrombos são constituídos principalmente por fibrina ● Ao mesmo tempo que se forma, a fibrina é degradada pelo sistema fibrinolítico endógeno ● De todos os fatores, o mais depletado é o fibrinogênio (fator I) ● Há aumento dos produtos de degradação de fibrina (PDF, dentre eles o D-dímero) ● Sem diagnóstico precoce → coagulação intravascular → poucas horas para salvar, paciente morre de trombose Forma aguda ● Relacionada à sepse, trauma, complicações obstétricas, LMA ● Manifestação com muito mais sangramento Forma crônica ● Relacionada a tumores sólidos secretores de fator tecidual ● Há respostacompensatória hepática e medular, o consumo excessivo de plaquetas e fatores de coagulação é reposto Quadro clínico ● Diátese hemorrágica ● Necrose tecidual, edema, sangramentos Critérios diagnósticos ● Hipofibrinogenemia Laboratório na CID ● Fibrinogênio ↓ (< 70-100 mg/dL) ● Antitrombina III ↓ ● Plaquetas ↓ ● Proteína C ↓ ● PDF ↑ (sobretudo D-dímero) ● D-dímero ↑ ● Tempo de trombina (TT) ↑ ● Tempo de protrombina (TP) ↑ ● Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPA) ↑ ● Esquizócitos presentes no sangue periférico o INR incalculável Como tratar a CID ● Controverso, cada caso deve ser analisado individualmente ● Baseia-se na idade, etiologia, estado hemodinâmico e quadro hemorrágico ● Não usar heparina, e sim repor fator que está faltando o Remover estímulo inicial o Manuseio do volume plasmático o Promover contração do miométrio ou histerectomia, se necessário ▪ Precisa deixar útero bem endurecido, não pode entrar em atonia. Se não conseguir, histerectomia. o Antibioticoterapia o Controle do choque o Concentrado de antitrombina o Proteina C ativada ● Uso de hemoderivados o Concentrado de hemácias o Plasma fresco congelado o Concentrado de plaquetas ● Uso de heparina o Tromboembolismo o Embolia de líquido amniótico o Isquemia acral o Púrpura fulminante Como tratar a CID ● Geralmente a CID em obstetrícia é controlada e raramente necessita de anticoagulação com heparina ● DDAVP: sangramento persiste e etiologia desconhecida; em geral não usa ● Corticoide: sempre usa, principalmente na sepse ● Crioprecipitado: usar com cautela, aumenta o fibrinogênio, reativa CID OBS: os antifibrinolíticos são CONTRAINDICADOS em qualquer forma de CIVD!
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