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CRIMINOLOGIA – AULÃO DE REVISÃO FESUDEPERJ PROF. LUCIANO FILIZOLA Conteúdo Programático desta aula a) Conceito, objeto e método da Criminologia. Interdisciplinaridade. Criminologia na América Latina. Criminologia no Brasil. b) História do pensamento criminológico. Escola Clássica e Escola Positiva. Escola de Chicago e Teoria da Anomia. Teorias da Associação Diferencial e Subculturas Delinquentes. Teoria do Etiquetamento. Criminologia Crítica. c) Pensamento criminológico contemporâneo. Criminologia feminista (no processo de criminalização e vitimização). Criminologia racial, Criminologia cultural. Criminologia queer, Criminologia verde (crimes ambientais). Criminologia e crimes do Estado. d) Criminologia e politica criminal. Minimalismo. Abolicionismo. Justiça Restaurativa. Realismo de esquerda. Realismo marginal. Lei e ordem. Tolerância zero. Populismo penal. Encarceramento em massa. Direito penal do inimigo. Política criminal atuarial. e) Politica criminal de drogas. Criminalização do protesto. Criminalização dos movimentos sociais. Crime, controle penal e classes sociais no Brasil. Manicômios e reforma psiquiátrica. Conceito de Criminologia É uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo...(Garcia-Pablos de Molina). Criminologia como ciência Necessita de Método (empírico e indutivo), objeto (crime, criminoso, vítima e sistema) e função (política criminal) criminologia história biologia sociologia economia Transdisciplinariedade Evolução histórica do sistema penal VINGANÇA PRIVADA X VINGANÇA PÚBLICA Inquisição (1232 – 1834) O Iluminismo e a Escola Clássica XVIII - desenvolvimento de um conjunto de críticas àquele sistema punitivo cruel e irracional, momento em que se clamou pelo humanismo e por um necessário limite ao Estado. - Contratualismo: Rousseau, Hobbes e Locke - Escola Clássica: Carrara, Feuerbach e Beccaria, que no seu livro "Dos delitos e das penas", critica a pena de morte, a denúncia anônima, a tortura, os crimes de perigo abstrato, dentre outras práticas desumanas da época. Positivismo O positivismo é considerado a primeira escola de Criminologia. Com a Revolução Industrial no século XIX, o desenvolvimento do capitalismo e das ciências naturais, bem como o aumento da criminalidade, nasce o estudo científico do crime e, principalmente, do criminoso. Cesare Lombroso Criador da teoria do criminoso nato em seu livro “O homem delinquente”, o berço da criminologia. (1876) Determinismo – Aspectos biológicos – exclusão da culpabilidade Enrico Ferri • Criou a expressão “Escola Clássica • Defendeu outras influências deterministas • Criou as teorias dos substitutivos penais e dos relógios quebrados Rafael Garofalo • Criou o conceito de delito natural • Legitimou as práticas imperialistas na África e na Ásia • Defendeu junto com Ferri a prisão perpétua e a pena de morte Permanências Positivistas • No Brasil: Nina Rodrigues, Euclides da Cunha e Afrânio Peixoto • Direito Penal do Autor • Reincidência • Esterilização Forçada ESCOLA DE CHICAGO E A TEORIA ECOLÓGICA Foi o berço da sociologia americana e tem como objeto de estudo a cidade, como ente vivo capaz de refletir e influenciar nas condutas criminosas : Mobilidade social e áreas de delinquência MOBILIDADE SOCIAL A vida nas grandes cidades está em constante movimento, o que impossibilita a criação de vínculos. Todos são estranhos. ÁREAS DE DELINQUENCIA • Tanto o local degenerado influencia como reflete a moral de seus habitantes. • Desorganização social. Se o crime está lá, por que procurar em outro lugar? ÁREAS DE DELINQUENCIA Permanências e Questões: • Choque de ordem • Políticas de limpeza • Condenados por associação ao tráfico por morar em uma comunidade Morar em favela do Rio é agravante em condenação por tráfico de drogas 4 em 10 pegos com droga no estado têm pena ampliada por esse 'elo geográfico„ Um estudo da defensoria pública do Rio de Janeiro que analisou 3.745 processos de tráfico entre 2014 e 2015 revela que em 75 % dos casos que somam os dois crimes, a justificativa se dá em razão do local da apreensão ser dominada por facção criminosa. https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em- favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de- drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml TEORIA DA ANOMIA Anomia é a falta de reconhecimento quanto à legitimidade de uma norma. Segundo Durkheim o crime é um fenômeno normal, sendo anormal seu incremento ou sua queda. TEORIA DA ANOMIA Segundo Merton a anomia é o sintoma do vazio produzido quando os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com que a falta de oportunidades leve à prática de atos irregulares para atingir a meta cobiçada. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL Decorrem de estudos iniciados por Sutherland nos anos 30 e 40 sobre os crimes de colarinho branco, ilícitos praticados pela classe alta e média TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL O crime é um hábito adquirido, uma resposta a situações reais que o sujeito aprende com o contato com valores, atitudes e pautas de condutas criminais no curso de processos de interação com seus semelhantes (interacionismo simbólico) TEORIAS SUBCULTURAIS Esta teoria se inicia com os estudos de Cohem em 1955 sobre a delinquência juvenil, onde se verifica não uma ausência de valores, mas valores distintos da maioria. (une a anomia com a associação diferencial) TEORIA DO CONFLITO Para essa teoria iniciada em 1958 por Dahrendorf (e continuada por Lewis Coser e Austin Turk). A lei penal não seria uma ferramenta para a defesa social, mas para garantir os interesses da classe dominante. TEORIA DO ETIQUETAMENTO (LABELING APPROACH) • O desvio é uma qualidade atribuída por processos de interação altamente seletivos e discriminatórios. • Howard Becker – Outsiders: “Comportamento desviante é o que o agente etiqueta como tal” TEORIA DO ETIQUETAMENTO (LABELING APPROACH) • Na cifra negra, a chance de aparecer no claro depende da situação financeira do sujeito • Entrando no sistema penal o estereótipo é confirmado e o sujeito rotulado TEORIA DO ETIQUETAMENTO (LABELING APPROACH) POBRE ESTEREÓ- TIPO SISTEMA PENAL RÓTULO EXCLUSÃO CRIMINOLOGIA CRÍTICA – ANOS 70 • Com fundo Marxista • Partindo dos estudos do desvio e do conflito, defende uma criminologia mais combativa. • O desvio deve ser analisado segundo a existência de um Estado opressivo e de uma sociedade injusta • Jock Yong, Alessandro Baratta, Nilo Batista, Zaffaroni, Juarez Cirino dos Santos, Rosa del Olmo, etc. CRIMINOLOGIA FEMINISTA • Estudo do papel da mulher nos processos de criminalização e vitimização • Parte de uma análise da violência pessoal, institucional e simbólica • Temas: encarceramento feminino, violência doméstica, crimes sexuais e aborto. CRIMINOLOGIA FEMINISTA • Encarceramento feminino: Multiplicou-se por oito o total de mulheres presas no Brasil em 16 anos. O número de presas passou de 5.601 em 2000 para 44.721 em 2016, e em 2019 está 36.929. • Violência doméstica: 978.611 processos em tramitação no país (12/2018) e 1.036.746 (12/2019) e um aumento de 40% de denúncias durante a quarentena. • Crimes sexuais: Estupro X Importunação sexual (art. 215 – A) • Aborto:211 óbitos e 3.888 casos de complicações graves em 2015 (só em hospital público e 3.112 óbitos maternos não definidos) CRIMINOLOGIA RACIAL Intimamente relacionado aos estudos da teoria do etiquetamento. • Trabalha a maior vulnerabilidade do negro diante do sistema penal. • 56% da população se diz negra ou parda (2018) e 66% dos presos são negros ou pardos (infopen – 2019) • 2016 – Estudo da Defensoria do RJ apontou que nas audiências de custódia a chance de ser solto por ser branco é 32% maior do que se for negro. CRIMINOLOGIA CULTURAL Analisa a cultura de massa produzida e a construção das subculturas, aspectos midiático, influências da sociedade de consumo e em que medida o comportamento desviante transgride ou resiste aos valores da cultura dominante. • A mulher como objeto e a violência como fetiche para o homem • Espetáculo midiático do crime e a venda do direito penal como solução na criação de um sistema penal simbólico CRIMINOLOGIA QUEER QUEER: significa pervertido, devasso, “desviado” – era uma expressão ofensiva, mas passou a ser um símbolo de apoderamento. • Visa a desconstrução do modelo binário, do falocentrismo que institui como regra a masculinidade heterossexual gerando a opressão da mulher e anulação da diversidade sexual. (Salo de Carvalho). • Violência homofóbica X tortura (art. 1º, I, c da lei 9.455/97) CRIMINOLOGIA VERDE Trata dos crimes ambientais sob o aspecto criminológico e a responsabilidade penal da pessoa jurídica e sua divergência. CRIMINOLOGIA E CRIMES DO ESTADO Trata das violações realizadas por políticas públicas e atos de seus agentes. • Direitos Humanos, crimes econômicos, corrupção POLÍTICAS CRIMINAIS E CRIMINOLOGIA Lei e ordem. Tolerância zero. Populismo penal. Encarceramento em massa. Direito penal do inimigo. Política criminal atuarial. X Minimalismo (Garantismo). Abolicionismo. Realismo de esquerda. Realismo marginal. Justiça Restaurativa. POLÍTICA DE LEI E ORDEM Com o neuliberalismo e aumento da pobreza , aumenta-se a criminalidade urbana, principalmente contra o patrimônio, exigindo um maior rigor do sistema penal POLÍTICA DE LEI E ORDEM • Uso do sistema penal para dirimir conflitos • Deslocamento de recursos para o sistema penal • Criação de leis mais rigorosas TOLERÂNCIA ZERO Foi implementada em Nova York nos anos 90 com base na teoria das janelas quebradas (Kelling e Wilson), defendendo que pequenos distúrbios geram crimes mais graves. DIREITO PENAL DO INIMIGO Desenvolvida por Jakobs, defende a desconsideração como cidadão daquele considerado inimigo, permitindo o sacrifício das garantias constitucionais POLÍTICA CRIMINAL ATUARIAL É um modelo de gestão de riscos gerado através de fórmulas estatísticas que analisam dados e recaem sobre o indivíduo pela sua maior probabilidade de praticar crimes, ignorando as causas e desumanisando o sistema penal. ENCARCERAMENTO EM MASSA (2019) • Número de presos no Brasil: 773.151 (eram 726.000 em 2016) • 3º maior população carcerária do mundo • 30,43 % corresponde a presos provisórios • 442 mil vagas apenas – déficit de 312.925 ENCARCERAMENTO EM MASSA INFOPEN - 2019 ABOLICIONISMO PENAL Diante do movimento de lei e ordem, a seletividade do sistema penal, a falência da pena de prisão e o mito da imparcialidade do juiz, surge o abolicionismo, criado por Louk Hulsman GARANTISMO PENAL (MINIMALISMO) Criado por Luigi Ferrajoli, concorda com o diagnostico do abolicionismo, mas critica o seu prognostico, tendo em vista a necessidade de se evitar a vingança privada. GARANTISMO PENAL O Direito Penal precisa de legitimação externa (contratualismo) e interna (princípios constitucionais), tendo como fim impor limites ao poder punitivo do Estado. REALISMO DE ESQUERDA É um movimento oriundo da criminologia crítica que prioriza políticas preventivas ao uso do sistema penal, trabalhando os problemas decorrentes do capitalismo como o individualismo e ganância. REALISMO MARGINAL Critica o discurso criminológico hegemônico usado como fato de poder, legitimando políticas punitivas na América Latina, do centro para a periferia – Zaffaroni. JUSTIÇA RESTAURATIVA É um movimento que visa a busca de substitutivos penais, principalmente através da conciliação, através de processo voluntário e informal. • Juntas de pais e professores nas escolas • Auxílio em medidas socioeducativas • Casos de violência doméstica junto ao juiz • JECRIM – Lei 9.099/95 • Resolução Nº 225 de 31/05/2016 do CNJ POLÍTICA CRIMINAL DE DROGAS Desde uma questão de mercancia, passando por um problema sanitário até se tornar um foco de atenção político criminal, as drogas vêm criando um palco de conflitos e controle social. DISCURSOS LEGITIMADORES DO CONTROLE • Médico: saúde pública e epidemia • Cultural: usuário rebelde • Moral: improdutivo, ocioso • Político criminal: a droga leva a outros crimes DISCURSOS LEGITIMADORES DO CONTROLE • Após a 2ª guerra há um incremento na venda de drogas com a conexão marselha • Na década de 60 há a demonização da droga • Na década de 70 os EUA entram em pânico POLÍTICA CRIMINAL DE DROGAS • Neste período há a ideologia de defesa social. • Dec. de 80: ideologia de segurança nacional • Política criminal com derramamento de sangue (Nilo Batista) • Necropolítica (Achile Mbembe) CRIMINALIZAÇÃO DOS PROTESTOS Passa por uma análise sobre a criminalização e controle de manifestações pelo Executivo e Judiciário. • Crime de dano, organização criminosa e corrupção de menores X • Liberdade Constitucional (art. 5º, XVI, CR) e desobediência civil CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS Tem o objetivo de atemorizar e desmobilizar segmentos que lutam pela efetivação de direitos essenciais previstos na própria Constituição. • MST • Movimento Indígena • FLM (Frente de Luta por Moradia) "Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito.” X Lei Antiterrorismo (lei 13.260/2016) MANICÔMIOS E REFORMA PSIQUIÁTRICA Lei 10.216/2001 – Regula os tratamentos psiquiátricos visando sua humanização. Medidas de Segurança – Art. 96 do CP – A regra hoje é o tratamento ambulatorial, havendo a internação apenas quando necessário conforme diagnóstico médico.
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