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ABSTRACT Geopolymers are cementing materials that depict a number of advantages compared to Portland cement. Contrary to the latter, geopolymers are synthesized at room temperature, thus significantly reducing the emission of CO2 to the atmosphere. Moreover, the composition and synthesis reactions can be tailored to adjust the setting time of the material as well as its compressive mechanical strength. It is then possible to produce geopolymeric cements with short setting times and high compressive strength, although relatively brittle. The objective of the present study was to produce and characterize composite materials by reinforcing fast- setting geopolymeric matrixes with polypropylene geosynthetics (geomats and geotextiles) in an attempt to improve the toughness and tensile strength of the cementing material. Geosynthetics have been increasingly used to reinforce engineering structures, providing higher strength and better toughness. In particular, polypropylene nonwoven and geomats depict other attractive properties such as low density, durability, impact absorption and resistance to abrasion. Fast-setting geopolymers were then synthesized and reinforced with polypropylene nonwoven and geomats. The mechanical strength of the materials, reinforced or not, was characterized. The results showed that relatively short setting times and adequate flowing behavior were achieved by adjusting the composition of the geopolymer. In addition, it is possible to improve the fracture resistance of geopolymeric cements by adding polypropylene geosynthetics. The best results were achieved by reinforcing geopolymer with polypropylene TNT. Keywords: geopolymers, fast-setting, geomat, nonwoven. CAPÍTULO I 1 INTRODUÇÃO Estudos têm sido realizados para o desenvolvimento de novos materiais para o uso na construção civil. Entre eles, a ativação com soluções alcalinas de aluminossilicatos, tais como o metacaulim, obtendo-se os denominados geopolímeros (SILVA; THAUMATURGO, 2002). A ativação alcalina de resíduos, especialmente aqueles oriundos de atividades industriais ou de mineração tem se tornado uma importante área de pesquisa. O atrativo é a possibilidade de se usar esses materiais para sintetizar cimentos economicamente mais viáveis e ecologicamente corretos, assim abrem-se novas oportunidades para a produção de cimentos especiais com propriedades diferentes daquelas apresentadas pelo Portland comum. Os geopolímeros foram inicialmente estudados por Davidovits, que desenvolveu um programa experimental de investigação que levou à formulação de compostos inorgânicos de base polimérica, obtendo produtos com boas propriedades cimentícias, redução de tempo de pega e elevada estabilidade, entre outros aspectos (DAVIDOVITS, 1988). O cimento geopolimérico possui inúmeras vantagens em relação ao cimento Portland. A principal é a redução da emissão de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera na fase de produção. A composição e a síntese de geopolímeros determinam suas características de pega, bem como seu comportamento mecânico final. Em especial, alguns geopolímeros apresentam características de pega rápida ou instantânea (SILVA, 2000). A pega inicial que ocorre durante o endurecimento da pasta, proporciona um aumento de sua resistência à compressão. A taxa de endurecimento ou pega de geopolímeros depende do tipo de meio básico utilizado. O controle do tempo de pega por meio de diversas razões molares ativadoras permite a utilização dos geopolímeros em aplicações diversas. Um dos passos mais importantes na elaboração de um projeto de engenharia é a seleção de um material adequado que tenha acima de tudo propriedades mecânicas adequadas e durabilidade. Segundo a norma ASTM D3878-95, um compósito é formado por dois ou mais materiais, insolúveis entre si, que são combinados para formar um com propriedades que não se encontram isoladamente. As matrizes mais empregadas na construção civil são frágeis, ou seja, não apresentam deformações plásticas e incluem, argamassa, concreto de cimento Portland ou outro aglomerante (cal ou gesso). Nos dias de hoje, são bastante empregados na construção civil os compósitos à base de cimento: pastas, argamassas e concretos fibrosos. As matrizes desses compósitos são frágeis e se rompem com pequena deformação sob esforços de tração. Apesar da boa resistência aos esforços de compressão, não suportam grandes solicitações de tração e cargas dinâmicas. Para compensar essa deficiência, outros materiais são empregados como reforço dos materiais a base de cimento. Uma grande vantagem de o compósito ter matriz cimentícia é o fato de ser um material de construção simples, barato, pode ser produzido com uso de equipamentos simples, ser moldado adquirindo qualquer forma, sendo um material de boa resistência e vida útil (AZIZ; PARAMASIVAM; LEE, 1981). Sabe-se que a qualidade dos componentes das matrizes cimentícias não é mais caracterizada apenas pela resistência que apresentam (MEHTA; MONTEIRO, 1994), mas deve refletir outras propriedades que influenciam o desempenho global do material, tanto no estado fresco quanto no estado endurecido tais como trabalhabilidade e durabilidade. Materiais geopoliméricos podem apresentar menor fragilidade devido ao seu comportamento elástico não-linear, provocado pela relaxação e redistribuição de tensões antes da ruptura (PEREIRA; SILVA; THAUMATURGO, 2005). Os reforços utilizados em compósitos poliméricos geralmente são de origem sintética como os geotêxteis de polipropileno. Com a crescente utilização dos geossintéticos em obras de engenharia e considerando-se que seus projetos devem ser feitos para uma vida útil bastante longa, surge a preocupação com a continuidade da eficiência desses materiais com o passar do tempo, levantando-se questões quanto ao seu desempenho e durabilidade. Um dos benefícios da utilização de reforços em matrizes cimentícias é claramente observado no comportamento pós - fissuração do compósito. Ele não apresenta ruptura frágil, passando a apresentar, eventualmente, maiores deformações até a ruptura, levando a um aumento da tenacidade e resistência ao impacto. Ou seja, o compósito apresenta um comportamento mais dúctil ao invés da ruptura brusca que ocorre em cimentos não reforçados. A presença de fissuras na superfície de uma estrutura aumenta os cuidados, os custos de manutenção e diminui a qualidade funcional do local. O reforço de TNT e a geomanta de polipropileno devem ser incorporados a matriz cimentícia em situações onde existam riscos de ocorrer fissuras de retração, exsudação ou segregação. Eles ampliam a resistência de carga na matriz, possibilitando assim uma maior deformação. O emprego de materiais sintéticos na construção civil vem crescendo nas últimas décadas e são diversos os tipos existentes no mercado, com as mais diferentes características e funções. O uso de fibras ou filamentos poliméricos tem se tornado atrativo para reforçar materiais como cimento e argamassas, especialmente nas últimas décadas (BENTUR; MINDESS, 1990; BALAGURU; SLATTUM, 1995). A escolha do polipropileno para os reforços do cimento geopolimérico foi motivada por sua natureza termoplástica e custo inferior em relação a outras resinas de larga produção. Além disso, o polipropileno ainda apresenta baixa densidade, boa tenacidade, bom equilíbrio de propriedades térmicas, químicas e elétricas, durabilidade, baixa permeabilidade, alta resistência mecânica, absorção de energia por impacto e resistência à abrasão. Quanto ao ataque de álcalis (substâncias que produzem íons hidróxidos, OH-, ao dissolver-se em água) do cimento que degradam as fibras, tanto a geomanta como o TNT de polipropileno não sofre degradação, resistem a ataques químicos e não são afetadospor soluções aquosas de sais inorgânicos ou ácidos e bases minerais (PEREIRA, 2006). Contudo, apesar da grande gama de reforços sintéticos já utilizados na construção civil, neste trabalho, optou-se pela empregabilidade de geossintéticos (TNT e geomanta de polipropileno) para reforço de cimentos geopoliméricos de pega rápida a fim de prevenir fissuras em estruturas aplicadas em pavimentações, pisos aeroportuários, plataformas, entre outros. Várias comparações têm sido feitas entre os termoplásticos e outros materiais. Até hoje os fatores mais considerados têm sido o peso e a facilidade de transformação. Nesse estudo, ensaios experimentais de cimentos geopoliméricos de pega rápida com reforços de polipropileno (geossintéticos - geotêxtil e geomanta) foram realizados a fim de contribuir para a elaboração de leis confiáveis que se ajustem à literatura científica e às recomendações de normas internacionais para a aplicação do cimento geopolimérico de baixa densidade na construção civil. O presente trabalho teve como principal objetivo formular e caracterizar compósitos com reforço de geossintéticos. Para isso utilizou-se um cimento geopolimérico inorgânico à base de metacaulim de pega rápida, alta resistência inicial e curável a temperatura ambiente. Além da síntese e ajuste da formulação do cimento geopolimérico de pega rápida, estudou-se a produção de compósitos desse cimento com reforço de TNT e geomanta de polipropileno. Foi analisada a resistência mecânica e o comportamento de fratura desses compósitos. CAPÍTULO II 2 COMPÓSITOS Os materiais de engenharia podem ser amplamente classificados em metais, polímeros, cerâmicos e compósitos. Segundo Beaumont (1989), observa-se que dentre as diversas maneiras de avaliação do padrão de vida de um país ou de uma sociedade, o consumo de materiais de engenharia por indivíduo, disponíveis na forma de bens e serviços, pode ser uma das mais explícitas. Os bens manufaturados que sejam de consumo ou de produção são obtidos por meio de conversão dos materiais de engenharia adicionando-lhes valor. A história tem demonstrado que quanto mais eficientemente os sistemas de produção são capazes de realizar esta conversão, maior é o padrão de vida da sociedade. Historicamente a concepção de fibras como reforço é muito antiga. Existem registros de argila reforçada com palha para tijolos no Antigo Egito, barras de ferro em formato cilíndrico que foram usadas para reforço de alvenaria no século 19, direcionado para o desenvolvimento do concreto reforçado com aço. Resinas fenólicas reforçadas com fibras de amianto começaram a ser utilizadas no século 20. O primeiro barco construído com fibra de vidro foi em 1942. Plásticos reforçados também foram usados em aeronaves e componentes elétricos nesta época. Filamentos bobinados foram inventados em 1946 e incorporados em aplicações de mísseis em 1950. A primeira utilização do boro e fibras de carbono de alta resistência foi próxima de 1960, com aplicações de compósitos avançados para componentes de aeronaves em 1968 (BITTENCOURT, 2001). Em 1970, introduziu-se o compósito com matriz de metal tal como boro/alumínio. A Dupont desenvolveu a fibra Kevlar (ou aramida) em 1973. Ao final dos anos 70 as aplicações dos materiais compósitos começaram a expandir-se com aplicações em aeronaves, em automóveis, bem como nos esportes e nas indústrias biomédicas. Os anos 80 foram marcados por um aumento significativo da utilização de fibras com altos módulos de Young. Aplicações diversas, incluindo tubos subterrâneos e recipientes, embarcações, veículos de solo, aeronaves e estruturas aeroespaciais, componentes automobilísticos, equipamentos esportivos, produtos biomédicos e muitos outros estão sendo projetados para apresentarem elevado desempenho mecânico e/ou estabilidade associadas ao baixo peso. Os materiais compósitos podem surgir de combinações entre metais, material cimentício, cerâmicas, polímeros e outros. As possíveis combinações dependem das condições de processamento e do adequado ajuste das prováveis incompatibilidades entre os componentes. Segundo a norma ASTM D3878-95, um compósito é constituído de dois ou mais materiais, insolúveis entre si, que são combinados para formar um de engenharia útil com certas propriedades que não se encontram isoladamente. Um compósito estrutural é constituído de duas ou mais fases na escala macroscópica, cujo desempenho mecânico e propriedades são escolhidos para que os materiais constituintes atuem independentemente. Uma destas fases normalmente é descontínua, rígida e mais resistente, chamada de reforço, enquanto que a fase menos resistente é contínua, chamada de matriz. Algumas vezes, por causa da interação química ou outros efeitos de processo, uma fase adicional, chamada interface, existe entre o reforço e a matriz (Figura 2.1). Os materiais compósitos estão sendo empregados cada vez mais em substituição aos materiais tradicionais, monolíticos, cujas características individuais não atendem às crescentes exigências de melhor desempenho, segurança, economia e durabilidade. Os compósitos de matrizes metálica, polimérica e cerâmica ocupam posições de destaque no campo dos materiais avançados, incentivando cada vez mais a concentração de esforços em pesquisas nesta área. Figura 2.1 Composição de um compósito (MANO, 1991). Interface Fase contínua (matriz) Fase descontínua (elemento de reforço) As construções civis empregam matrizes frágeis: pastas, argamassas e concretos. Estas matrizes, na sua maioria são derivadas de aglomerantes minerais, rompem-se sem deformação plástica e, apesar de resistentes a esforços de compressão, não suportam grandes solicitações de tração e cargas dinâmicas. Compósitos para aplicações estruturais geralmente utilizam fibras sintéticas ou naturais como agente de reforço. As fibras de polipropileno e de nylon são as mais usadas, haja vista seu baixo custo e a facilidade de uso. A vantagem dos compósitos é que eles normalmente exibem qualidade melhor do que a de seus constituintes e freqüentemente algumas qualidades que nenhum constituinte seu sozinho possui. Em função do tipo, da geometria e da orientação do reforço os materiais compósitos são classificados em: compósitos granulares, compósitos de fibras descontínuas e contínuas. Os primeiros são formados por partículas de vários tamanhos e formas, dispersos aleatoriamente na matriz. Devido a essa aleatoriedade, tais compósitos podem ser considerados quase-homogêneos e quase-isotrópicos se examinados numa escala maior que o tamanho das partículas. Os de fibras descontínuas apresentam como reforço pequenas fibras enquanto que os de fibras contínuas são reforçados por longas fibras contínuas e são mais eficientes do ponto de vista de rigidez e resistência mecânica. As fibras podem ser todas paralelas (unidirecional), dispostas perpendicularmente (bidirecional) ou orientadas em vários ângulos (multidirecional). Quanto ao material constituinte da matriz, os compósitos podem ser: compósitos de matriz polimérica, de matriz metálica e de matriz cerâmica. Os primeiros dividem-se em termorrígidos (epóxi, poliamida, poliéster) e termoplásticos (poli-eter-eter-cetona (PEEK), poli-sulfona (PSU), poli-eterimida (PEI)) reforçados com fibras de vidro, boro, carbono, aramida (Kevlar), usados, fundamentalmente, em aplicações a baixas temperaturas. Os de matriz metálica consistem em ligas metálicas (alumínio, magnésio, titânio, cobre) reforçados com fibras de boro, carbono ou cerâmicas e sua temperatura de serviço máxima é definida pela temperatura de fusão da matriz. Os de matriz cerâmica consistem de cerâmica (carbeto de silício, óxido de alumínio,vidro, nitreto de silício) reforçada com fibras cerâmicas. São indicados para aplicações a altas temperaturas. O compósito reforçado depende de alguns fatores considerados importantes na sua estrutura interna e estão relacionados à capacidade do mesmo em absorver os esforços aos quais foram submetidos, ou seja, da sua tenacidade e da manutenção de integridade das características da sua microestrutura. Essas propriedades dependem do tipo e das características da matriz, do tipo e da rigidez da fibra ou filamentos empregados, e das características da interação entre esses dois constituintes. A Figura 2.2 mostra esquematicamente uma fissura em um compósito reforçado com fibras na qual exibe-se um esquema ilustrativo das diversas situações em que as fibras podem atuar, tanto na absorção de energia como no controle de propagação de fissuras: o número (4) representa uma fibra rompida, o (3) representa uma fibra arrancada, o número (2) exemplifica um caso onde a fibra se mantém integra e no caso apresentado da fibra (1), a mesma se apresenta íntegra se deformando e absorvendo parcialmente a energia a qual o material está submetido (COUTTS, 1986). Figura 2.2 Representação esquemática de uma fissura em um compósito reforçado com fibras (COUTTS, 1986). Os mecanismos de transferência de tensões podem ser avaliados através dos ensaios de arrancamento de fibras, que simulam a ponte de transferência de tensões feita pelas mesmas e permitem uma avaliação da contribuição das fibras na tenacidade do compósito. A fratura raramente ocorre de modo catastrófico, mas tende a ser progressiva com falhas subcríticas dispersas através do material, o que constitui uma vantagem. Dessa forma, a estrutura interna dos compósitos e a interação de suas fases que, por sua vez é função da aderência entre fibra e matriz, influenciam de forma significativa no desempenho e na durabilidade. A aderência é influenciada, em grande parte, pelas características da zona de transição (região da pasta endurecida próxima à fibra, com espessura entre 10 µm e 100 µm, e que apresenta características diferenciadas do restante da matriz) (SAVASTANO; DANTAS; AGOPYAN, 1994). Maior aderência pode ser conseguida através da melhora do desempenho da zona de transição entre o reforço e a matriz, fazendo com que as duas fases trabalhem solidariamente. Alguns fatores podem contribuir para melhor desempenho da zona de transição, destacando-se entre eles a morfologia e rugosidade do reforço, sua absorção e porosidade. O conhecimento da interação entre o reforço e a matriz é importante para o entendimento do mecanismo responsável pela transferência de tensões da matriz para as fibras, antes e após a ruptura da mesma. Com este conhecimento, estima-se a curva tensão-deformação do compósito ou como acontecerá a ruptura do material (GUIMARÃES, 2001). Segundo Nunes (1998), os principais parâmetros que interferem na interação entre a matriz e as fibras são: condição da matriz (se a mesma está ou não fissurada), composição da matriz, geometria da fibra ou filamentos, tipo de material da fase dispersa, rigidez da fibra ou filamento, características de sua superfície e volume de fibras no compósito ou teor de fibras. Quando a carga é aplicada na matriz, antes de ocorrer sua ruptura, parte da carga é transferida para o reforço ao longo da superfície, ou seja; ela é o principal suporte constituinte que governa as propriedades mecânicas do material. Propicia proteção e suporte para a fase dispersa. A interface, apesar de pequena em tamanho, pode apresentar importante função no controle dos mecanismos de falhas, tenacidade à fratura, entre outros. Devido à diferença entre os módulos de deformação da matriz e do reforço, tensões de cisalhamento desenvolvem-se ao longo da superfície do reforço. Estas tensões ajudam a transferir parte da carga aplicada na matriz para as fibras ou filamentos, como ilustra a Figura 2.3 (BALAGURU; SHAH, 1992). Figura 2.3 Interação fibra-matriz em uma matriz não fissurada: a) não carregada; b) tracionada e c) comprimida. a) b) c) A transferência de tensão da matriz para a fibra ocorre por combinação de dois mecanismos básicos: mecanismo elástico e o mecanismo por atrito (BENTUR; MINDESS, 1990). O mecanismo elástico é dominante enquanto as tensões de cisalhamento na interface fibra matriz não superam o limite de resistência ao cisalhamento, ou seja, não há descolamento, o que ocorre na etapa de pré-fissuração do compósito. Após a fissuração da matriz, o mecanismo de transferência de tensões passa gradualmente de elástico para o mecanismo por atrito. Até este ponto a fibra não atua como ponte de transferência de tensões através da fissura. Em função das características peculiares da zona de transição fibra-matriz, a tensão de cisalhamento por aderência elástica supera a resistência ao cisalhamento da interface, provocando o descolamento da fibra e posterior escorregamento e arrancamento da mesma. Há o deslocamento relativo entre a fibra e a matriz e as tensões são transferidas através do atrito fibra-matriz. A tensão de cisalhamento por atrito é uniformemente distribuída ao longo da interface fibra-matriz. Neste ponto, a fibra atua como ponte de transferência de tensões. O mecanismo de transferência por atrito é o predominante na etapa pós-fissuração, onde o gasto energético para o arrancamento da fibra é muito elevado, o que caracteriza a elevada tenacidade do compósito. Segundo Bentur e Mindess (1990), se a resistência da matriz for alta, provavelmente o desligamento ocorrerá antes da fissuração da matriz, quando a tensão de cisalhamento exceder a resistência de aderência fibra/matriz. Por outro lado, sob o ponto de vista destes autores, em concretos com baixa resistência à tração, a fissuração pode preceder o descolamento. Neste caso, o descolamento da fibra poderá ocorrer quando a fissura interceptar a fibra em função da aderência do reforço em relação a matriz. Após o descolamento da fibra, com a propagação da fissura, as fibras são rompidas ou arrancadas da matriz. Neste último caso, o mecanismo de transferência de tensões acontece por atrito. Propriedades como resistência última e deformações do compósito são dependentes deste mecanismo (GUIMARÃES, 2001). Foi observado que quanto maior a abertura da fissura, maior a concentração de tensões em suas extremidades. A concentração de tensões promove a continuidade do processo de aumento da abertura de fissuras (TANESI, 1999). À medida que se eleva o teor de fibras, a resistência residual pós-fissuração do compósito cresce, perdendo as características de fragilidade típicas de matrizes cimentícias. Isto porque o gasto de energia para a deformação plástica da fibra e arrancamento da fibra da matriz será maior, em decorrência de um maior número de fibras e da diminuição da abertura de fissura (TANESI; FIGUEIREDO, 2000). Segundo os mesmos autores, o volume crítico de fibras de baixo módulo é maior que o das fibras de alto módulo de elasticidade. Além disso, a eficiência das fibras de baixo módulo será tão maior quanto menor for o módulo de elasticidade da matriz, o que ocorre nas primeiras idades do compósito, diminuindo com o processo de hidratação do cimento e ganho de resistência e módulo de elasticidade da parte da matriz. As fibras de módulo de elasticidade inferior ao da matriz e de baixa resistência mecânica melhoram, significativamente a resistência a cargas dinâmicas (impactos) e o comportamento pós-fissuração (AGOPYAN; JOHN, 1994). CAPÍTULO III 3 CIMENTOS DE BASE ALCALINA E CIMENTOS GEOPOLIMÉRICOS 3.1 CIMENTOS DE BASE ALCALINA Os cimentos pertencem à classe de materiaisdenominados aglomerantes hidráulicos. Esta denominação compreende aquelas substâncias que endurecem uma vez misturadas com água e resistem a esta com o passar do tempo (KIHARA, 1983). Define-se cimento Portland como um material hidráulico constituído essencialmente de silicato de cálcio, obtido da pulverização de um produto chamado clínquer que por sua vez é obtido a partir do tratamento térmico até a fusão controlada de uma mistura de calcário e argila, convenientemente dosada e homogeneizada de tal forma que a cal se combine totalmente com os compostos argilosos (ACI Manual of Concrete Practice, 1985). Glukhovsky, a partir dos anos 50, propôs uma nova geração de ligantes, com base nas investigações que conduziu sobre cimentos antigos aos quais chamou de “solo - cimentos”, e cuja formação é praticamente análoga à de muitos minerais e rochas que constituem a crosta terrestre, onde intervêm óxidos de metais alcalinos e alcalino-ferrosos, como é o caso das zeólitas das micas e dos feldspatos. (DAVIDOVITS, 1991). O solo-cimento contém uma significativa quantidade de álcalis (sob a forma de Na2O e K2O, em proporções de 3 % a 20 %), que determinam suas propriedades ligantes. As hipóteses de formação de ligantes do tipo “solo-cimento” são bastante vastas podendo ser concretizadas nomeadamente a partir de: a) Compostos solúveis de metais alcalinos em conjunção com sistemas aluminossilicatos, sem presença de cálcio, como as cinzas vulcânicas, ou certas cinzas volantes, os metacaulins, as argilas calcinadas, e outros. Trata-se de sistemas de materiais alcalinos (ricos em SiO2 e Al2O3) com composição: Na2O-Al2O3-SiO2- H2O; ou b) Compostos ricos em cálcio: cal, cimento Portland, cimentos aluminosos, escórias de alto-forno, entre outros, envolvendo materiais alcalino-terrosos com um significativo teor de cálcio com composição química do tipo: Na2O-CaO-Al2O3- SiO2-H2O. Ambos os sistemas são submetidos à ativação alcalina com hidróxido de sódio ou potássio, reação que comprova alterações fundamentais na estrutura dos materiais componentes. Esta reação é do mesmo tipo da verificada nas zeólitas naturais. A possibilidade de obtenção de reações de pega e endurecimento mais abrangentes permitiu reformular a teoria dominante que só os compostos constituídos com elementos pertencentes ao grupo II A da tabela periódica, os chamados alcalinos terrosos (Be, Ca, Mg, Sr, Ba), poderiam sofrer reações de hidratação. Os compostos organizados com elementos do subgrupo I A (Li, Na, K, Rb e Cs), conhecidos por metais alcalinos, formando associações aos pares, com elementos dos subgrupos III A e IV A (alumino-silicatos), II A e IVA (silicatos alcalinos-terrosos), II A e III A (aluminatos alcalinos-terrosos), também apresentam reação de hidratação. 3.2 ZEÓLITAS A origem da palavra zeólita deriva do grego zeo e lithos, que significa “pedra que ferve”. Essa denominação se deu ao verificar que, sob aquecimento, um mineral poroso conhecido como estilbita parecia ebulir com elevada liberação de vapor de água (LUNA; SCHUCHARDT, 2001). As zeólitas são aluminossilicatos cristalinos hidratados de metais alcalinos ou alcalino- terrosos (principalmente sódio, potássio, magnésio ou cálcio) caracterizados por uma elevada superfície interna de contato e enorme capacidade de permuta de íons (cátions). A sua estrutura é cristalina, tridimensional, constituída por tetraedros de sílica [SiO2] -4 e alumina [AlO4] -5, sob a forma de íons fortemente ligados pelos vértices, compartilhando todos os oxigênios. Para que se possa considerar que existe uma zeólita, a razão (Si + Al)/O deve ser igual a ½. A estrutura do aluminossilicato tem carga negativa e para sua compensação atrai cátions, por exemplo, Na+ ou K+ com os quais se ligam facilmente (Figura 3.1). Figura 3.1 Formação das Zeólitas (COSTA, 1999). As características de um depósito zeolítico são decididas pela diagênese de sua formação. Pequenas diferenças naturais como temperatura, alcalinidade das águas, o tipo de cátion dominante, ou até a própria localização geográfica, implica uma composição diferente, uma forma distinta de organização e, portanto, propriedades únicas específicas de cada material ou depósito. O diâmetro das cavidades características das zeólitas é condicionado pelo cátion dominante em volta do qual se forma a matriz do alumino silicato (GRANIZO, 1998). Ao contrário dos outros tecto-silicatos, as zeólitas formam grandes vazios na sua estrutura que podem ser ocupados por cátions como sódio, potássio, bário e cálcio, e mesmo grandes moléculas e grupos catiônicos com água, amônia, íons-carbonatos, íons-nitratos. Nas zeólitas mais utilizadas, os espaços estão interligados e formam canais longos e de várias dimensões consoante os minerais. Estes canais permitem a fácil movimentação dos íons residentes para dentro e para fora da estrutura e explica o baixo peso específico desses materiais. As zeólitas são conhecidas pela sua capacidade de perder ou absorver água com o aumento da temperatura, sem qualquer modificação da sua estrutura cristalina ou, pelo contrário, com significativas alterações estruturais, tão depressa se alcance a temperatura de estabilidade. Sodalita Faujazita Zeólita A De fato, a perda de água pode provocar uma mudança de estrutura de uma zeólita para outra, uma ruptura da estrutura para uma fase amorfa, ou uma recristalização em materiais não-zeolíticos. Estas perdas de água críticas podem ocorrer numa gama considerável de temperaturas. A philipsita e a paulingita são zeólitas de baixa estabilidade, pois se recristalizam facilmente a temperatura de aproximadamente 250°C, enquanto que a analcita que aparece em porcentagens elevadas (até 40%) nos cimentos antigos, mantêm a sua estabilidade até perto dos 700°C (GRANIZO, 1998). Na Tabela 3.1 estão apresentadas as fórmulas naturais das zeólitas mais comuns. Tabela 3.1 Fórmulas naturais das zeólitas mais comuns (FLEISCHER; MANDARINO, 1991). PRINCIPAIS ZEÓLITAS NATURAIS ZEÓLITAS FÓRMULA QUÍMICA laumontita Ca Al2 Si4 O12 . 4 H2O clinoptilolita (Na,K,Ca)2-3 Al3(Al,Si)2 Si13 O36 . 12 H2O stilbita Na Ca2 Al5 Si13 O36. 14 H2O phillipsita (K,Na,Ca)1-2 (Si,Al)8 . O16. 6 H2O erionita (K2,Ca,Na2)2 Al4 Si14 O36 . 15 H2O offretita (K2,Ca)5 Al10 Si26 O72 . 30.H2O faujazita (Na2 Ca) Al2 Si4 O12. 8 H2O chabasita Ca Al2 Si4 O12. 6 H2O natrolita Na2 Al2 Si3 O10. 2 H2O thomsonita Na Ca2 Al5 Si5 O20 . 6 H2O mordenita (Ca,Na2,K2)Al2 Si10 O24. 7 H2O epistilbita Ca Al2 Si6 O16. 5 H2O analcima Na, Al Si2 O6. H2O heulandita (Na,Ca)2-3 Al3 (Al,Si)2 Si13 O36 . 12 H2O A Figura 3.2 ilustra a estrutura básica das zeólitas. Nos dois casos, tanto o átomo de Si quanto o de Al se encontram no centro do tetraedro formado pelos átomos. Caso um átomo de Al esteja substituindo o de Si, é necessário um íon positivo para manter o balanço de carga. Figura 3.2 Unidades estruturais básicas das zeólitas. a) Tetraedro com um átomo de silício (círculo cheio) no centro e átomos de oxigênio nos vértices. b) Tetraedro com átomo de Al substituindo o Si e ligado a um cátion monovalente para compensar a diferença de carga entre o Si e o Al. c) Átomo divalente para balancear as cargas entre o Al e o Si numa cadeia múltipla de tetraedro (CLIFTON, 1987). A estrutura das zeólitas apresenta canais e cavidades interconectadas de dimensões moleculares, nas quais se encontram os íons de compensação, moléculas de água ou outros adsorvatos e sais. Esse tipo de estrutura microporosa confere as zeólitas uma superfície interna muito grande quando comparada à sua superfície externa. A estrutura da zeólita permite a transferência de matéria entre os espaços intracristalinos, no entanto, essa transferência é limitada pelo diâmetro dos poros das zeólitas. Dessa forma, só podem ingressar ousair do espaço intracristalino aquelas moléculas cujas dimensões são inferiores a um certo valor crítico, que varia de uma zeólita a outra. (GIANNETO, 1989). Baseado na topologia da estrutura, Breck (CLIFTON, 1987) classificou as zeólitas em 7 grupos (Tabela 3.2). Tabela 3.2 Grupos estruturais das zeólitas. GRUPO UNIDADE DE CONSTRUÇÃO SECUNDÁRIA ZEÓLITA 1 anel simples de 4 tetraedros (S4R) analcima, phillipsita 2 anel simples de 6 tetraedros (S6R) erionita, offretita 3 anel duplo de 4 tetraedros (D4R) zeólitas A e P 4 anel duplo de 6 tetraedros (D6R) faujasita, chabazita 5 complexa 4 - 1 T5O10 natrolita,thomsonita 6 complexa 5 - 1 T8O16 mordenita, epistilbita 7 complexa 4 - 4 - 1 T10O20 heulandita, stilbita Fonte: US Bureau of Mines IC-9140, p. 5 (CLIFTON, 1987). A unidade primária de construção das zeólitas tem a configuração de um átomo central, normalmente de Si ou Al. As unidades de construção secundária (Secondary Building Unit- SBU) contêm até 16T - átomos, tendo-se a formação de anéis simples ou duplos de quatro, seis ou oito tetraedros (S4R, D4R, S6R, D6R, S8R, D8R), de acordo com a Figura 3.3. Figura 3.3 Unidades de construção secundária (MEIER; OLSON, 1992). Genericamente, a ativação alcalina é uma reação de hidratação de aluminossilicatos com substâncias do tipo alcalino ou alcalino-terroso, nomeadamente: • Hidróxidos [ROH, R(OH)2]; • Sais de ácidos fracos [R2CO3, R2S, RF]; • Sais de ácidos fortes [Na2SO4, CaSO4. 2H2O] • Sais silicatados do tipo R2. (n) SiO2. O R é um íon alcalino do tipo Na, K ou Li (PUERTAS, 1995), ou alcalino-terrosos como o Ca. Para potencializar os melhores resultados, os aluminossilicatos devem sofrer primeiramente um tratamento térmico, envolvendo a perda de água e alteração da coordenação do íon alumínio com o oxigênio. Como conseqüência destas alterações, o material perde grande parte de sua estrutura cristalina ficando num estado praticamente amorfo, de elevada entropia, o que lhe confere, como se sabe, uma grande apetência para combinar-se quimicamente. Assim, em princípio, aluminossilicatos como as escórias (obtidas, por exemplo, nos altos fornos), as cinzas volantes (obtidas na queima de carvão nas centrais termoelétricas), as cinzas vulcânicas (com tratamento térmico natural) e o pó de telha ou tijolo (com passagem nos fornos industriais de cozedura) são potenciais materiais de partida para a ativação alcalina, já que dispõem de uma reconhecida história térmica. A fase de arrefecimento, que também é crítica, sendo normalmente muito rápida, reforça a obtenção de matrizes amorfas (GRANIZO, 1998). Os caulins, aluminossilicatos naturais, resultantes de alterações químicas das rochas feldspáticas (meteorização), desde que submetidos a um tratamento térmico conveniente com vistas a desidroxilação e a alteração da já referida coordenação do alumínio, dão lugar à obtenção do metacaulim que pode também ser ativado alcalinamente (DAVIDOVITS, 1991; GRANIZO, 1998). Os caulins têm geralmente um teor em cálcio muito baixo, ou praticamente nulo, não se inserindo, por isso, na linha tradicional dos ligantes em que o cálcio, como no cimento Portland, tem um papel predominante. Os primeiros desenvolvimentos do processo de ativação alcalina tiveram em vista a indústria cerâmica com o objetivo de contornar o elevado dispêndio energético que se verifica nos fornos de cozedura dos caulins. 3.3 CIMENTOS GEOPOLIMÉRICOS Os geopolímeros vieram da necessidade de se obter polímeros não inflamáveis, o que seria possível na indústria pela introdução de grupamentos contendo fósforo. Este tipo de substituição não inflamaria em caso de queima, mas produziria fumaça tóxica. Por isso, a partir da década de 50, um grupo de pesquisadores passou a trabalhar no desenvolvimento de cimentos álcali-ativados. Em 1972, Davidovits iniciou suas pesquisas em busca de polímeros não baseados em carbono. A idéia foi trabalhar com elementos geológicos constituídos por silício, utilizando baixa temperatura e aplicando técnicas similares àquelas usadas na síntese das zeólitas. A evolução das pesquisas nesta época foi prejudicada pela crise do petróleo, pois nessa década o mercado financeiro não era favorável a investimentos. Davidovits continuou suas pesquisas sem investimentos e observou que era possível obter não só uma resina, mas também um material agregante e um cimento (DAVIDOVITS, 1994). Em 1976, Davidovits patenteou nos EUA cimentos de base alcalina a genericamente designou-os geopolímeros. Os geopolímeros são polímeros inorgânicos que em meio alcalino reagem entre si sob determinadas condições de pressão e temperatura, formando produtos de natureza amorfa de combinação ímpar apresentando propriedades mecânicas, resistência térmica e baixa densidade, importantes para aplicações na construção civil (DAVIDOVITS, 1994). Os geopolímeros ou polissialatos têm terminologia adotada para abreviatura de poli- silico-aluminatos, derivados de materiais com ocorrência geológica natural (silicatos e aluminatos, duas matérias-primas encontradas em abundância no Brasil). Eles apresentam características particulares que revelam o seu grande potencial de aplicação como aglomerante em substituição ao cimento Portland. Esses materiais derivam de uma adaptação moderna dos processos de estabilização de solos cauliníticos ou lateríticos com cal (Ca (OH)2), feita pelos antigos Romanos e Egípcios na confecção de peças estruturais. As grandes pirâmides do Egito foram erguidas há 4.500 anos com blocos moldados neste material. Os aluminossilicatos, à base de silício e de alumínio, representam uma vasta gama de potenciais matérias-primas. Todavia, para a otimização dos resultados é necessário garantir determinadas razões entre os principais óxidos e obter estados de amorfização para que os produtos da reação sejam mais estáveis. Cinzas vulcânicas, pozolanas ou mesmo a caulinita são aluminossilicatos naturais capazes de produzir materiais com boas propriedades mecânicas através da ativação alcalina. No entanto, os aluminossilicatos provenientes de detritos industriais como resíduos de construção, escórias, cinzas volantes e de incineração, escombreiras de explorações mineiras e outros são os mais alcalinos como matéria-prima para a ativação alcalina, pois permitem promover a reintegração de materiais cuja utilidade têm constituído um problema cada vez mais sério nas sociedades desenvolvidas. Estudos mineralógicos e químicos constataram que o cimento geopolimérico é feito sem usar nenhuma pedra calcária; isto resulta em um composto mais limpo. Ele é resultante de um concreto feito a partir da mistura de pedregulhos de calcário caulinítico oriundos de Gizé com NaOH produzido pela mistura de cal (Ca (OH)2), barrilha (Na2CO3) e água. Segundo as análises, as pedras calcárias naturais são compostas por folhas fossilizadas dispostas paralelamente entre si, em camadas sedimentares. O ingrediente chave é o metacaulim mineral que vem tipicamente das argilas caulinitas, mas pode vir do desperdício da mineração de carvão ou de resíduos inorgânicos de vários tipos, como cinzas volantes e de queima, escórias e sílica de fumo. Nos blocos das pirâmides, no entanto, as camadas são orientadas aleatoriamente, como ocorre quando pedregulhos de calcário são aglomerados dentro do concreto. Realmente a composição química das pedras das pirâmides é similar a das estruturas geopoliméricas feitas pelo homem atualmente. Estudos de difração de raios X de amostras removidas dos blocos das pirâmides de Quéops, Quéfren, Teti e Sneferu indicam que a calcita (CaCO3) é a fase cristalina predominante. Entretanto, um material amorfo composto por silicatos e aluminossilicatos complexos e um material criptocristalino (zeólita do tipo analcima, Na2O.Al2O3.4SiO2.2H2O), acompanham a microestrutura.Estes compostos também são comumente encontrados em amostras de estruturas antigas existentes na Grécia, Chipre e Itália, algumas com quase 9.000 anos de idade e em outras estruturas do período da Antiguidade. Considera-se que a excelente durabilidade dessas estruturas está relacionada com a existência de tais compostos. A preservação das pirâmides através de milhares de anos é a prova da extrema durabilidade dos materiais geopoliméricos. Os geopolímeros são considerados análogos das zeólitas, entretanto sua estrutura é amorfa ou semicristalina. Geopolímeros resultam da condensação polimérica de aluminossilicatos e silicatos alcalinos originando estruturas poliméricas tridimensionais. Essa estrutura tridimensional é gerada devido à relação SI/AL, pois o arranjo 3D se forma quando as ligações cruzadas de SI/AL forem iguais ou superiores a 2, aí se obtém um polímero denominado de polissiloxossialato ou PSS. São produzidos de uma maneira distinta daquela do cimento Portland. Não requerem fornos com temperaturas extremas, grandes gastos com combustíveis, nem grandes investimentos em plantas e equipamentos. Os geopolímeros foram desenvolvidos a partir de estudos pela variação das razões molares entre os seus principais óxidos reagentes. O processamento térmico de sílico-aluminatos alcalinos e aluminossilicatos, disponíveis em qualquer continente, fornece as matérias-primas necessárias para a geopolimerização (DAVIDOVITS, 2005). A composição e a síntese dos geopolímeros determinam suas características de pega e cura, bem como seu comportamento mecânico final. Endurecem a temperatura ambiente e possuem alta resistência à compressão, durezas próximas dos 200 HB e são estáveis a temperaturas acima de até 1400°C. Entretanto, são frágeis e necessitam de fibras para inibir a formação de microfissuras durante a geopolimerização. A nomenclatura para esses polímeros minerais é baseada no termo polissialato (Figura 3.4) e foi estabelecida pela União Internacional de Química Pura e Aplicada, no encontro realizado em Estocolmo em 1976 (DAVIDOVITS, 2002). O termo sialato foi sugerido para abreviar silico-oxo-aluminato. A fórmula empírica dos polissialatos é dada por: Mn [-(Si-O2)z - Al-O]n . wH2O. Sendo M um cátion, elemento alcalino e n o grau de polimerização. O símbolo “–” indica a presença de uma ligação, “z” é 1, 2 ou 3. Quando z é igual a 1, o nome é polissialato (PS), z igual a 2, polisialato-siloxo (PSS), e z igual a 3, polisialato-disiloxo (PSDS) e w é o grau de hidratação. Figura 3.4 Esquema de estruturas moleculares de polissialatos. Poli (sialato) Poli (sialato-siloxo) Poli (sialato-disiloxo) Compostos geopoliméricos desenvolvidos para aplicações industriais podem ser cristalinos, semicristalinos ou amorfos. A estrutura cristalina do polisialato (Mn-(-Si-O-Al- O))n e polisialato-siloxo (Mn-(-Si-O-Al-O-Si-O-))n resultam de condições de pega hidrotérmicas, enquanto que o endurecimento à temperatura ambiente induz a formação de estruturas amorfas e vítreas. Usando caulinita (Al2Si2O5(OH)4) como precursor geopolimérico e condições experimentais hidrotérmicas (150°C/5 MPa-10 MPa) em meio alcalino, a formação de uma estrutura tipo sodalita idêntica a zeólita A, a mais simples das zeólitas sintéticas, é favorecida, como mostra a Figura 3.5. Usando o óxido aluminossilicato (Si2O5, Al2O2) como precursor geopolimérico em condições experimentais, tais como 150°C/15 MPa, não favorece a formação de cristais conforme ocorre com espécies zeolíticas, o que se observa é a formação de uma mistura de polissialato e zeólita tipo A 4. Vários polihidro-xialuminossilicatos podem ser usados como material de partida para preparar o (Si2O5, Al2O2), incluindo minerais com espaçamentos basais de cerca 0,7 nm e tendo, no mínimo, um cátion alumínio localizado em camadas octaédricas. T >>>> 100º C 5 MPa - 10 MPa Figura 3.5 Estrutura do polissialato do tipo sodalita (DAVIDOVITS, 1991). (Al2Si2O5(OH)4) NaOH Materiais residuais como cinzas volantes, escória de alto forno e resíduos de minerais, contêm quantidades suficientes de alumina e sílica reativas que podem ser usados como materiais de partida para reações de geopolimerização. Alguns trabalhos têm mostrado sínteses usando cinzas volantes, escória de forno, pozolonas, minerais contendo Al e Si e argilas (caulim e metacaulim). Deve-se considerar, entretanto, que dependendo do tipo e da natureza do material de partida usado, as propriedades físicas e químicas do geopolímero formado serão diretamente afetadas (VAN JAARSVELD et al, 1998). Como aplicações potenciais dos geopolímeros podem ser citadas: materiais refratários, materiais para aplicações balísticas, cimentos para ambientes agressivos e reparações estruturais, retenção de resíduos tóxicos e radioativos, estabilização de solos contaminados, moldes para vários tipos de indústrias, entre outros. Em todos os campos da indústria entre elas: na indústria automobilística e aeronáutica, fundição não ferrosa e metalúrgica, engenharia civil, indústria de plásticos, na arte e decorações, entre outros. Podem ser usados puros ou na forma de compósitos. Dentre as características que dão destaque a este material incluem-se alta a resistência inicial, baixa retração, a resistência a sulfatos e a resistência a ciclos resfriamento-descongelamento (DAVIDOVITS, 2002). Um exemplo de aplicação de geopolímeros é o uso de compósitos com fibra de carbono, para ser aplicada no interior de cabines e outros componentes de aeronaves (LYON et al, 1997). Alguns estudos têm investigado o uso de geopolímeros para substituir polímeros orgânicos em compósitos de fibra de carbono aderidos a feixes de concreto (BALAGURU 1992). Os resultados mostram vantagens quanto à resistência à queima, durabilidade frente aos raios UV e não emissão de qualquer substância tóxica. O material geopolimérico pode ser descartado como lixo comum. Outros usos reservados por patentes são: reforço de fibra em compósitos de concreto e aço com o objetivo de proteger estruturas; na construção de sensores piezoelétricos para temperaturas entre a ambiente e 1360°C; na construção de varistores e resistores (GREUTER; STRUMPLER, 1999) recobrimento de superfícies contendo carbono (LAURENT, 1998); agregantes para o tratamento de materiais residuais (COMRIE; DAVIDOVITS 1988); e outros. Produtos pré-formulados, com base em cimento geopolimérico, apresentam resistências à compressão de até 20 MPa duas horas depois de aplicados. Aos 28 dias, podem ultrapassar 100 MPa. Uma das propriedades do cimento geopolimérico é, por exemplo, possibilitar o tráfego de automóveis pesados em menos de 4 horas. (DAVIDOVITS, 2002). Além disso, o comportamento apresentado pelos geopolímeros é superior em várias propriedades ao cimento Portland, o que faz substituto em concretos e argamassas tradicionais e também um produto de características muito especiais, para ser utilizado nas condições onde as propriedades do cimento Portland são insuficientes. O geopolímero é um material considerado de baixo impacto ambiental, tendo como vantagens: resistência à alta temperatura, alta reatividade, boa plasticidade, baixa densidade, capacidade de servir como molde, pega rápida, boa trabalhabilidade, boa resistência mecânica, coesão e acabamento superficial, que são observados no estado fresco, associadas ao rápido desenvolvimento de resistência mecânica e dureza superficial. Devido às suas características de resistência ao sulfato e elevadas temperaturas, o geopolímero tem sido usado em revestimento de proteção, contra meios agressivos, proporcionando maior durabilidade das estruturas. (DAVIDOVITS, 2002). Os materiais geopoliméricos são favoráveis ao meio ambiente e necessitam somente de energia moderadapara serem produzidos. Eles também podem ser obtidos usando subprodutos disponíveis na indústria como material de base. Possui características especiais, pois foi desenvolvido com tecnologia inovadora empregando, principalmente, argilominerais naturais e sintéticos de forma distinta em relação à indústria de cimento tradicional que tem como principal fonte à matéria calcária para gerar o clínquer Portland. Essa nova tecnologia contribui amplamente para diminuição do impacto ambiental, já que há queda de 80 % de emissão de gás carbônico para a atmosfera. Outra característica relevante é que, apesar de ser à base de água, os produtos de reação não são hidratos cálcicos como nos cimentos convencionais. Isto traz como conseqüência a formação de uma matriz amorfa, mas estável quimicamente. Os geopolímeros são cimentos com resistência à tração superiores aos convencionais, além de ser imune a reações álcali-agregado. Tem melhor acabamento que em muitos casos proporcionará redução significativa de custos com eliminação dessa etapa na produção da peça (DAVIDOVITS, 2002). Devido à elevada resistência a compressão inicial, os geopolímeros podem ser utilizados na produção de pavimentos que exigem rápida liberação para o uso tais como obras em pistas de aeroportos, vias de tráfego intenso na manutenção industrial, etc. 3.3.1 Geopolimerização A geopolimerização é um fenômeno exotérmico que pode ser esquematizado como resultado da policondensação de monômeros. Davidovits direciona este tipo de reação apenas para os óxidos de alumínio e silício, sem qualquer intervenção da cal. O mecanismo de formação de geopolímeros (Figura 3.6) inclui uma etapa de dissolução inicial, onde a solução alcalina não só hidrolisa a superfície do mineral, mas também dissolve uma pequena quantidade de espécies Al e Si. Estas espécies dissolvidas reagem com os íons silicatos já dissolvidos e polimerizam, por reações de condensação, formando um gel que é transformado na estrutura final, seja por outra dissolução e outro processo de cristalização, ou por um mecanismo do estado sólido, como proposto por Scrivener para cimentos de escória ativados por álcalis (VAN JAARSVELD et al. 1998). A fase gel é altamente reativa e, provavelmente, produzida principalmente pela copolimerização de espécies de alumina e sílica individuais dissolvidas pelo hidróxido alcalino das fontes de sílica e alumina. Desta forma, pode-se supor que a concentração de álcali, bem como o tamanho de partícula e a estrutura cristalina das fontes de sílica e alumina terão uma maior influência na eventual formação de gel via espécies dissolvidas (VAN JAARSVELD et al. 1998.). + + (íon ortosialato) NaOH/KOH (Esqueleto geopolimérico) Figura 3.6 Esquema do mecanismo de geopolimerização (VAN JAARSVELD et al. 1998). n(Si2O5, Al2O2) Mineral Si-Al 2n SiO2+ 4n H2O + NaOH/KOH Na+, K+ n (OH)3 SiOAl-OSi (OH)3 (OH)2 (Na+, K+) ( -Si-O-Al-O-Si-O-) O O O No entanto, o mecanismo químico responsável pela dissolução e formação do gel não é completamente entendido. Em muitos casos, a dissolução dos materiais de partida não é completa até que a estrutura final endurecida seja formada. Pequenas quantidades de sílica e alumina presentes na superfície das partículas precisam tomar parte da reação para que a mistura total solidifique (VAN JAARSVELD et al. 1998). Durante a síntese, os cátions de metais alcalinos desempenham um papel muito importante na ordenação das moléculas de água e, depois, na solubilização das espécies para começar o processo de nucleação que conduzirá à formação da estrutura. O tamanho do cátion também afeta a morfologia do eventual cristal, sendo o potássio o responsável por um maior grau de condensação quando comparado ao sódio, sob as mesmas condições. A escolha do tipo de álcali a ser utilizado durante a síntese dependerá de muitos fatores, sendo o mais importante o tipo de material de partida a ser utilizado, bem como o objetivo final em termos de aplicação (VAN JAARSVELD et al. 1998). A composição química dos materiais do geopolímero é similar à das zeólitas cristalinas que se formam na natureza, em geral, por deposição de cinzas vulcânicas em ambientes alcalinos. No entanto, diferem delas por apresentarem uma estrutura essencialmente amorfa o que dificulta a sua análise e identificação. As reações de superfície no processo de geopolimerização dependem de quatro fatores fundamentais: mineralogia, teor de sílica, alumina, finura ou área superficial reativa e morfologia. O conhecimento da composição química dos produtos é essencial para a eficácia na reação. 3.3.2 Precursores Geopoliméricos: Caulim e Metacaulim Os caulins resultam da ação do intemperismo ou hidrotérmica sobre rochas feldspáticas sendo classificados em primários e secundários. O caulim está entre os 6 minerais mais importantes e abundantes da crosta terrestre (até 10 m de profundidade). O caulim é formado basicamente por caulinita, um argilomineral produzido pela decomposição do feldspato (INDUCAL, 2005). Os caulins primários ou residuais, apesar de serem produtos de decomposição de rochas e conter grandes quantidades de restos da rocha matriz, tais como quartzo, mica e feldspato, são os que se encontram no lugar em que estava a rocha original. Os caulins secundários ou transportados são os que são transportados para outro lugar. Os argilos minerais presentes nos caulins primários são a caulinita e/ou haloisita isolados ou de mistura em diversas proporções. Nos caulins secundários, o argilomineral presente é geralmente a caulinita (SOUZA; SANTOS, 1989). A caulinita, aluminossilicato lamelar, de fórmula Al2SiO5(OH)4, é formada por tetraedros de silício e octaedros de alumínio unidos pelo compartilhamento de átomos de oxigênio (DANA; HURLBURT, 1960), conforme pode ser visto na Figura 3.7. Muito embora muitos caulins, primários ou secundários, sejam suficientemente puros para uso industrial no estado bruto, a maioria deles deve ser refinada ou purificada por lavagem ou por outros processos. Existe uma variação nas cores dos caulins naturais: branca, creme, amarela e rosa (SOUZA; SANTOS, 1989). Do ponto de vista industrial, os caulins possuem um amplo mercado sendo utilizados para a fabricação de cerâmica branca, para reforçar borrachas, no fabrico de plásticos, tintas, e zeólitas, catalisadores, além da sua importância para a indústria de papel. No Brasil, o maior uso de caulins é na indústria cerâmica (SOUZA; SANTOS, 1989). Figura 3.7 Estrutura da caulinita. (Fonte: <http: //www. science.uwaterloo.ca>). Os maiores produtores mundiais são Inglaterra, Alemanha, China, Estados Unidos, França, Índia e Rússia. No nosso país, existem depósitos de origem pegmatítica ou granítica no nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia), no Norte (Amazonas), no Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná) e Tetraedros de Si Octaedros de Al no Sul (Rio Grande do Sul), todos em exploração industrial comercial, geralmente para cerâmica, borracha, papel e usos menores (SOUZA; SANTOS, 1989). Os caulins, quando tratados termicamente a temperaturas específicas, fornecem produtos com propriedades características de significado industrial chamados caulins calcinados. A caulinita, quando aquecida, se transforma inicialmente em metacaulinita até chegar a mulita (KAKALI et al. 2001), conforme Figura3.8. A calcinação à baixa temperatura é responsável pela desidroxilação da estrutura hexagonal da caulinita (Figura 3.9), originando um material amorfo, denominado metacaulinita. O aquecimento posterior resulta na formação de estrutura tipo espinélio, chamada mulita primária onde ocorre a separação de sílica, que cristaliza, subseqüentemente, na forma de mulita. Os caulins calcinados entre 600°C e 1100°C apresentam aplicações em várias indústrias, como papel, PVC, borrachas, plásticos, selantes adesivos e também como agentes para polimento. A maior opacidade conferida ao papel pelo uso de caulim calcinado é atribuída à alta concentração de vazios de agregados fundidos, e à abertura da estrutura empacotada (CHANDRASEKHAR; RAMASWAMY, 2002). ~550°C ~900°C 1000 -1100°C Figura 3.8 Transformações térmicas da caulinita (~ indica início de reação). Metacaulinita (Al2Si2O7) Fase tipo espinélio Mulita Al6Si2O13 Caulinita (Al2Si2O5(OH)4) Figura 3.9 Estrutura hexagonal de caulinita bem cristalizada (KUGLER; PASHIN, 1994). Na metacaulinita, a rede Si-O permanece intacta enquanto a rede Al-O se reorganiza. A metacaulinita é considerada material pozolânico por reagir bem com o óxido de cálcio, melhorando as propriedades mecânicas e resistência química do cimento Portland. Essas propriedades são função principal da natureza e abundância do argilomineral na matéria- prima, condições de calcinação e do tamanho de partícula do material (KAKALI, et al. 2001). Entre as aplicações da metacaulinita está um produto de alta reatividade utilizado como carga na indústria do concreto, denominado metacaulinita de alta reatividade (refinada e sem impurezas), que fornece propriedades melhoradas comparáveis à sílica ativa, com a vantagem de ser uma alternativa promissora para projetos de arquitetura, onde a cor escura da sílica ativa não é desejada. 3.3.3 Ativação Alcalina do Metacaulim A ativação alcalina pode efetuar-se sobre outros tipos de aluminossilicatos isentos de cálcio, como os caulins, desde que sujeitos a determinadas condições de temperatura e pressão, de preferência submetendo-os previamente a um tratamento térmico para desidroxilação. A importância da intervenção da temperatura situa-se nas alterações Cristais Hexagonais estruturais que se provocam na organização molecular e que propiciam melhores condições de combinação. A caulinita é estruturalmente caracterizada pela justaposição de duas lâminas T-O (tetraédrica de silício e octaédrica de alumínio e/ou magnésio). Na lâmina octaédrica, o alumínio está em coordenação com 2 átomos de oxigênio e 4 hidroxilas OH e apresenta um comportamento estável. Ao aquecer o caulim entre 500ºC e 900ºC, durante um período suficientemente longo, ocorre a desidroxilação (perda dos hidróxidos OH, que se agrupam dois a dois, libertando uma molécula de água e deixando em seu lugar uma molécula de oxigênio) e concomitante alteração da coordenação do alumínio, que passa a tetraédrica (maioria) e pentaédrica (parcial). Com a transformação do caulim em metacaulim o material se torna muito mais reativo, com propriedades pozolânicas (DAVIDOVITS, 1994). O produto que se obtém depende da composição química e mineralógica do caulim de base, o metacaulim obtido pode ter maior ou menor grau de finura, maior ou menor superfície específica e apresentar cor branca, creme ou levemente rosada. De acordo com Davidovits (1988), é necessário promover a desidroxilação do caulim acima dos 600ºC e abaixo dos 950ºC. De fato, até os 450ºC - 500ºC a reação é reversível, isto é, juntando-se água ao produto formado consegue-se obter novamente a hidratação do caulim. A temperatura ideal situa-se nos 750ºC, sendo importante determinar experimentalmente o tempo mínimo de tratamento térmico necessário para garantir a desidroxilação e alteração da coordenação do alumínio. Após a desidroxilação o metacaulim adquire uma estrutura amorfa e um potencial de reatividade muito pronunciado. De acordo com (MURAT; BACHIORRINI, 1986), o grau de amorfismo pode ser apreciado pelo padrão tipo de bandas de absorbância/ transmitância do espectro infravermelho (EIV) e pelo valor da densidade óptica. Pode-se dizer que a reação de ativação alcalina se traduz, em termos práticos, por um processo de policondensação (síntese polimérica) em que os tetraedros de SiO4 e AlO4 , se ligam alternadamente entre si, compartilhando todos os oxigênios. Os íons alcalinos (K+ e Na+), atuam como agentes formadores na estrutura e são os componentes que determinam as propriedades ligantes. A estrutura desses ligantes é similar a das zeólitas naturais, podendo ser considerados zeólitas de sínteses. Contudo, existe uma diferença significativa: na formação das zeólitas naturais a fase líquida aparece em excesso, o que favorece a cristalização. Na reação do metacaulim emprega-se o mínimo de agente ativador que seja necessário para garantir a trabalhabilidade da pasta. As duas reações processam-se em velocidades diferentes, sendo consideravelmente mais rápida a reação do geopolímero. Como conseqüência disto, as zeólitas são materiais cristalinos, enquanto que os geopolímeros apresentam textura amorfa. Os materiais de partida que Davidovits utilizou foram essencialmente os aluminossilicatos, sendo por isso natural que a nomenclatura proposta traduzisse essa origem. O termo polissialato foi introduzido para caracterizar a rede de tetraedros de SiO4 e AlO4 que, ligados alternadamente e compartilhando todos os oxigênios dos vértices, constituem a matriz química dos geopolímeros. Sialato é a abreviação de silico-oxo-aluminato (Figura 3.10). Figura 3.10 Aspectos Estruturais e Nomenclatura. CAPÍTULO IV 4. FASE DISPERSA DO CIMENTO GEOPOLIMÉRICO: REFORÇO GEOSSINTÉTICO DE POLIPROPILENO - (GEOMANTA E TNT) 4.1 POLIPROPILENO (PP) O polipropileno é um polímero termoplástico sintético, obtido pelo craqueamento do petróleo, a partir do monômero de propileno ou propeno, e unido constitui longas cadeias de moléculas. Sua síntese ocorreu pela primeira vez em 1954, com Giulio Natta, químico italiano, o qual ganhou um prêmio Nobel na química em 1963, juntamente com o alemão Karl Ziegler para o trabalho em polímeros. A produção comercial do polipropileno só teve significância na década de 60. Portanto é uma resina plástica bastante jovem no mercado. Segundo Agopyan e John (1994), as fibras de polipropileno quando comparadas às fibras vegetais apresentam as vantagens de serem quimicamente inertes em ambientes alcalinos (tornando-se compatíveis com a mistura em matrizes cimentícias). Possuem superfície hidrófoba, não têm poros, portanto não absorvem a água da mistura e podem ser fabricadas em diversas geometrias. As fibras do polipropileno não apresentam problemas de corrosão, são flexíveis e possuem preço menor por volume. O polipropileno é a fibra mais leve (Tabela 4.1) que existe. Comparando-o as outras fibras, o PP é 40 % mais leve que o algodão, 35 % mais leve que o poliéster, 32 % mais leve que a lã, 23 % mais leve que o acrílico e 21% mais leve que a poliamida. O polipropileno atualmente é um dos mais importantes termoplásticos comerciais, com aproximadamente 2,5 milhões de toneladas produzidas nos Estados Unidos e 6,5 milhões de toneladas produzidas mundialmente. O uso de aproximadamente 700 mil toneladas de fibrase filamentos de polipropileno é um indicativo da sua versatilidade. Ele é usado também para moldagem por sopro, moldagem por injeção e filmes extrudados (BAUMHARDT, 2004). Enquanto o consumo de todas as resinas cresceu em média 5,6 % ao ano nos últimos 10 anos, o polipropileno tem crescido 9,5 % ao ano neste mesmo período (SUZANO PETROQUÍMICA, 2005). A produção nacional de polipropileno tem também sua importância por ser um grande consumidor de propeno. Tabela 4.1 Comparação da densidade, isolação térmica e absorção de umidade entre as fibras. FIBRAS Densidade g/cm³ Isolação térmica Absorção de umidade (%) Polipropileno 0,91 6,0 0,05 Algodão 1,50 17,5 7,0 a 8,0 Lã 1,32 7,3 16,0 Acrílico 1,17 8,0 1,5 a 2,5 Poliamidas 1,14 10,0 4,0 Poliéster 1,38 7,0 0,4 a 0,5 Fonte: (MÔNACO, 2001). O polipropileno utilizado como reforço aumenta a resistência mecânica do cimento, além de proporcionar as seguintes vantagens: 1. Elimina o aparecimento de fissuras durante o período de cura causada pela retração plástica do cimento geopolimérico, proporcionando maior retenção de água; 2. Reduz a permeabilidade e o aumento da resistência ao impacto; 3. Aumenta a tenacidade do cimento e a sua resistência à abrasão (superficial), pois evita a exsudação que altera o fator água x cimento; 4. Reduz os custos; 5. Melhora a coesão do cimento; 6. Não oxida e tem longa duração; 7. Não conduz eletricidade; 8. Contribui para diminuir o peso do pavimento; 9. Serve como reforço. 4.2 GEOSSINTÉTICOS Geossintéticos podem ser definidos como: produtos industrializados poliméricos (sintéticos ou naturais), cujas propriedades contribuem para melhorias geotécnicas, nas quais eles desempenham funções de: reforço, filtração, drenagem, proteção, separação, controle de fluxo (impermeabilização) e controle superficial (Figura 4.1). Figura 4.1 Aplicações típicas de geossintéticos e de proteção ambiental (PALMEIRA, 1998). A evolução mundial dos geossintéticos pode ser vista como se segue. Em 1950, os geossintéticos foram empregados como elementos de filtros para aplicação antierosiva em obras hidráulicas em alguns países. Em 1960, os geossintéticos foram utilizados como elementos separadores e de reforço em materiais com características mecânicas e físicas diferentes, principalmente em obras viárias. Em 1970, eram aplicados em reforços de grandes aterros e barragens. Foi nessa época introduzido como elemento prolongador da vida útil de recapeamento asfáltico. Em 1971, iniciou-se a era dos geossintéticos no Brasil com fabricação do primeiro geotêxtil não tecido. Em 1980, utilizaram geossintéticos na recuperação das áreas poluídas e na construção de obras de contenção e proteção ambiental. Em 1990, surgiu uma multiplicidade de produtos e usos deste material. Apesar da grande experiência acumulada nas últimas décadas, as condições territoriais, econômicas e sociais do Brasil têm retardado a disseminação destas informações. Os produtos geossintéticos estão cada vez mais presentes no dia a dia das obras de engenharia no Brasil e no mundo. Há alguns anos, apenas os geotêxteis eram utilizados na construção de drenos subterrâneos. Mas hoje a opção de produtos disponíveis permite realizar obras mais rápidas, com menores gastos em equipamentos e mão - de - obra. Como qualquer outro produto inserido em uma obra, os geossintéticos também devem merecer um projeto e/ou especificação adequados. Surge a preocupação da continuidade da eficiência desses materiais com o passar do tempo, levantando-se questões quanto ao seu desempenho e durabilidade ao longo do tempo de sua vida. Aterro reforçado Aterro sobre solo mole Estrada não pavimentada Drenagem//filtração Impermeabilização Pavimento A durabilidade deve ser entendida como a propriedade que garante o perfeito desempenho e integridade do material durante um determinado período de tempo, isto é, o material deve ser capaz de resistir, desde sua instalação, bem como o tempo durante sua utilização, aos agentes agressivos do ambiente no qual está instalado. Em função da quantificação da durabilidade são determinados também os fatores de segurança para projeto. Assim sendo, tem se estudado o aspecto da durabilidade de produtos geossintéticos. Hoje já se tem uma grande variedade dos produtos geossintéticos disponíveis no mercado. No Brasil já há uma variedade razoável de geossintéticos, tanto nacionais como importados, que permite o engenheiro projetar e/ou especificar o mais adequado para cada circunstância. A preocupação em se entender melhor os materiais sintéticos data de, pelo menos, duas a três décadas atrás. Porém, só no decorrer dos anos de 1980 - 1985 o RILEM Tecnichal Committeen 47 Synthetic Membranes (TC 47 SM) (WILLIAMSON; LENSCHOW, 1984) concentrou suas atividades no geotêxteis e geomembranas, com o objetivo de desenvolver metodologias e métodos de ensaios incluindo definições, nomenclaturas, recomendações de aplicações de testes mecânicos e hidráulicos, e recomendações para definir comportamentos de interesses de estudos imediatos, com vistas a se resolver problemas geotécnicos relacionados a esses produtos (GAMSKI, 1990). As principais funções exercidas pelos geossintéticos são: 1. Separação: o geossintético é interposto entre dois materiais de naturezas diferentes, impede sua mistura e interpenetração, preservando suas características originais; 2. Reforço: o geossintético, através de suas propriedades mecânicas atua no sentido de reforçar a estrutura geotécnica na qual está inserido; 3. Proteção: o geossintético é colocado adjacente a outro elemento de uma obra geotécnica, o protege de danos mecânicos tais como abrasão, puncionamento e fratura; 4. Filtração: o geossintético, através de sua estrutura física retém a fase sólida deixando livre a passagem aos fluidos; 5. Drenagem planar: o geossintético, através de sua estrutura física, coleta e conduz fluidos em seu plano; 6. Barreira impermeabilizante: o geossintético bloqueia e/ou desvia o fluxo de fluidos. 4.2.1 Terminologia e Classificação dos Geossintéticos De acordo com o projeto de revisão da norma brasileira NBR 12553, os geossintéticos são agrupados, nomeados e classificados como segue: 1. Geobarra [GB]: produto em forma de barra com função predominante de reforço; 2. Geocélula [GL]: produto com estrutura tridimensional aberta constituída de células interligadas com função predominante de reforço e controle de erosão; 3. Geocomposto [GC]: produto industrializado formado pela superposição ou associação de um ou mais geossintéticos entre si ou com outros produtos; 4. Geoespaçador [GS]: produto com estrutura tridimensional constituída de forma a apresentar grande volume de vazios com função predominante do meio drenante; 5. Geoexpandido [GS]: produto fabricado a partir de um polímero expandido formando uma estrutura tridimensional leve, com finalidade principal de meio drenante; 6. Geoforma [GF]: estrutura com a finalidade de conter materiais de modo permanente ou provisório; 7. Geogrelha [GG]: produto com estrutura de grelha com função predominante de reforço e cujas aberturas permitem a interação do meio em que estão confinadas. 8. Geomanta [GA]: produto com estrutura tridimensional permeável, usado para controle de erosão superficial do solo, também conhecido como biomanta no caso de ser biodegradável; 9. Geomembrana [GM]: produto bidimensional, de baixíssima permeabilidade. É geralmente utilizada para controle de fluxo e separação nas condições de solicitação; 10. Georrede [GN]: produto com estrutura em forma de grelha, com função predominante de drenagem; 11. Geotêxtil [GT]: produto têxtil bidimensional permeável, composto de fibras cortadas e filamentos contínuos, monofilamentos, laminetes ou fios, formando estrutura tecida não tecida outricotada cujas propriedades mecânicas e hidráulicas permitem que desempenhem várias funções em uma obra geotécnica; 12. Geotira [GI]: produto em forma de tira com função predominante de reforço; 13. Geotubo [GP]: produto de forma tubular com função drenante. 4.2.2 Matérias - Primas Utilizadas nos Geossintéticos A maioria dos geossintéticos é fabricada a partir de polímeros tais como o polipropileno, o poliéster, o polietileno expandido, o polietileno de alta densidade, a poliamida e o policloreto de vinila. Estes materiais são altamente resistentes à degradação química e biológica. Fibras naturais como algodão, juta e bambu podem ser usados como geotêxteis, especialmente para aplicações temporárias, mas elas não têm sido promovidas ou pesquisadas tão amplamente como geotêxteis feitos de material poliméricos sintéticos. 4.2.3 Principais Propriedades dos Geossintéticos As principais propriedades dos geossintéticos utilizados nas especificações de projetos podem ser classificadas de acordo com a Figura 4.2. Figura 4.2 Principais propriedades dos geossintéticos (MACHADO, 2002). FÍSICAS - Gramatura - Ponto de amolecimento - Espessura - Porosidade DURABILIDADE - Resistência a agentes químicos e biológicos - Resistência aos raios U.V. - Resistência à abrasão MECÂNICAS - Resistência e alongamento à tração - Módulo de rigidez - Resistência à propagação da fratura - Resistência ao impacto HIDRÁULICAS - Permeabilidade normal - Permeabilidade planar - Transmissividade - Abertura de filtração PROPRIEDADES 4.3 TNT (TECIDO NÃO TECIDO) Conforme a norma NBR-13370, não tecido é uma estrutura plana, flexível porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamentos, orientados direcionalmente ou ao acaso, consolidada por processo mecânico (fricção) químico (adesão), térmico (coesão) ou alguma combinação destes. Os não tecidos classificam-se segundo a ABNT quanto à gramatura (peso por unidade de área) em: leve (menor que 25 g/m2), médio (entre 26 g/m 2 e 70 g/m2), pesado (entre 71 g/m2 e 150 g/m2) e muito pesado (acima de 150 g/m2). Quantos aos processos de consolidação da manta, eles podem ser classificados em mecânico (fricção), químico (adesão) e térmico (coesão). O geotêxtil (TNT) é um dos geossintéticos mais utilizados em obras de engenharia atualmente, aplicado em obras onde exerce função de separação, de reforço, proteção, ou como elementos de dreno. A resistência dos geotêxteis contra os tipos de degradação é função da sua composição química (tipo de polímero) e estrutura física de suas fibras. Os polímeros mais utilizados para confecção das fibras de geotêxteis são: polipropileno (PP) com 80 %, polietileno (PE) com 16 %, o poliéster (PET) com 3 % e a poliamida (PA) com 1 %. A Figura 4.3 mostra as estruturas dos meros (ou unidades de repetição), derivadas dos monômeros que dão origem a estes polímeros. Figura 4.3 Meros ou unidades de repetição dos principais polímeros empregados na fabricação dos geossintéticos (ABRAMENTO, 1995). CAPÍTULO V 5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Este capítulo descreve os procedimentos experimentais realizados no decorrer desse trabalho, de acordo com a representação esquemática da Figura 5.1. Figura 5.1 Representação esquemática da metodologia experimental. Formulações dos geopolímeros Geossíntese Preparação dos compósitos Resistência à tração por compressão diametral Caracterização microestrutural e fratográfica Pega Reologia Resistência à tração por compressão diametral em idades 5.1 FORMULAÇÃO E GEOSSÍNTESE De acordo com a literatura, as propriedades mecânicas dos geopolímeros não são influenciadas pela seqüência de mistura (BARBOSA, 1999). Por isso, foi adotada uma ordem que permite bom manuseio e mistura dos componentes, segundo observações experimentais de trabalhos anteriores (NÓBREGA, 2006). Os materiais de partida utilizados para preparar as pastas geopoliméricas (matriz) tiveram como reagentes, o metacaulim (Metacaulim HP do Brasil LTDA), silicato de potássio (Diatom Mineração Ltda), hidróxido de potássio (Vetec Química Fina LTDA) e água. Foram estudadas quatro relações ativadoras: 1: 0,8; 1: 1,5; 1: 1,6 e 1: 1,8 com razão molar KOH 15 (Tabela 5.1). Tabela 5.1 Componentes utilizados na síntese. (g) RAZÃO MOLAR: KOH 15 COMPONENTES 1: 0,8 1: 1,5 1: 1,6 1: 1,8 Metacaulim 800,0 800,0 800,0 800,0 Hidróxido de potássio 213,3 400,0 426,7 480,0 Silicato de potássio 426,7 800,0 853,3 960,0 Escolheu-se trabalhar com as relações acima por apresentarem melhor trabalhabilidade com os reforços, exceto a relação 1:0,8 que se mostrou viscosa. Também se testou a formulação 1:1,1, verificando-se vazios dentro da amostra em razão da viscosidade. Na pasta geopolimérica foi utilizada uma fonte natural de aluminossilicatos, o metacaulim, a fim de se avaliar o efeito da reatividade na formação dos geopolímeros. As fontes adicionais de sílica foram os silicatos de potássio. O álcali ativador, compensador de carga, foi o hidróxido de potássio. As pastas geopoliméricas foram preparadas a partir da dissolução de lentilhas de hidróxidos de potássio (840 g) em um béquer completando 1 litro com água. Foi necessário esperar o resfriamento durante 24 h para a utilização da solução. A solução obtida foi misturada com o silicato de potássio formando o ativador da reação nas proporções adequadas de acordo com a quantidade a ser trabalhada. Em seguida, adicionou-se o precursor geopolimérico, metacaulim, agitando-se por 5 min para garantir homogeneidade da pasta. 5.2 REOLOGIA Através das propriedades reológicas realiza-se o estudo de escoamento e deformação do material. O equipamento utilizado para realizar as medidas reológicas foi um viscosímetro rotacional de cilindros coaxiais Chandler, modelo 3500, conforme mostra a Figura 5.2. Figura 5.2 Viscosímetro rotacional de cilindros coaxiais Chandler, modelo 3500. Para caracterizar o comportamento de fluxo da pasta de cimento em qualquer geometria (tubo, anular), deve ser selecionado um modelo que melhor represente os dados. Para isto, os dados obtidos (velocidades angulares e leituras de torque) foram convertidos em taxas de deformação por cisalhamento e tensões de cisalhamento. Com base em estudos anteriores (MARINHO, 2004) as leituras obtidas no viscosímetro rotacional foram aplicadas ao modelo de Bingham. O modelo de Bingham requer a aplicação de uma tensão mínima denominada limite de escoamento para que ocorra deformação cisalhante. As leituras foram realizadas aplicando-se taxas de deformação por Seletor de Velocidades Copo Rotor Leitura (º) cisalhamento ascendentes e descendentes em intervalos de 10 s, mantendo-se a temperatura constante (27°C). As rotações empregadas foram 3, 6, 10, 20, 60, 100, 200 e 300 rpm. O modelo reológico de Bingham é descrito pela equação (5.1): τ = VP ỷ + LE τ é a tensão de cisalhamento, VP é a viscosidade plástica, ỷ é a taxa de deformação por cisalhamento e LE é o limite de escoamento. A tensão de cisalhamento define a força por unidade de área, expressa em Pa ou 1Lf/100ft2, requerida para mover um fluido a uma determinada taxa de cisalhamento. A viscosidade plástica de acordo com a teoria molecular-coloidal é o resultado do atrito entre as partículas de cimento dispersas na água de mistura e entre as próprias moléculas dos componentes da água de mistura (líquido dispersante) (MACHADO, 2002). Matematicamente é o coeficiente linear da reta do modelo de Bingham, em outras palavras, é a tensão mínima a ser aplicada
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