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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA MARIA LETÍCIA XAVIER DE LIMA UMA REVISÃO DA LITERATURA SOBRE Pseudomonas aeruginosa: FATORES DE VIRULÊNCIA E RESISTÊNCIA BACTERIANA NATAL 2022 MARIA LETÍCIA XAVIER DE LIMA UMA REVISÃO DA LITERATURA SOBRE Pseudomonas aeruginosa: FATORES DE VIRULÊNCIA E RESISTÊNCIA BACTERIANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Farmácia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Farmácia. Orientador: Prof. Msc. Ivanaldo Amâncio da Silveira. NATAL 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Lima, Maria Leticia Xavier de. Uma revisão da literatura sobre Pseudomonas aeruginosa: fatores de virulência e resistência bacteriana / Maria Leticia Xavier de Lima. - 2022. 38f.: il. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Farmácia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Msc. Ivanaldo Amâncio da Silveira. 1. Pseudomonas aeruginosa - TCC. 2. Resistência antimicrobiana - TCC. 3. Infecção hospitalar - TCC. 4. Infecção nosocomial - TCC. I. Silveira, Ivanaldo Amâncio da. II. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 561.231 Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263 MARIA LETÍCIA XAVIER DE LIMA UMA REVISÃO DA LITERATURA SOBRE Pseudomonas aeruginosa: FATORES DE VIRULÊNCIA E RESISTÊNCIA BACTERIANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Farmácia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Farmácia. Aprovado em: 01 / 07 / 2022 BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Orientador: Prof. Msc. Ivanaldo Amâncio da Silveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN ______________________________________ Membro: Profa. Dra. Maiza Rocha de Abrantes Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN ______________________________________ Membro: Prof. Dr. Guilherme Maranhão Chaves Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, por ter me sustentado até aqui e por ter me ajudado a vencer todas as dificuldades ao longo da minha formação acadêmica. À minha família, principalmente a minha mãe, meus irmãos e minhas tias, por todo apoio, paciência e compreensão. Aos meus amigos, por todo apoio, ajuda, paciência e incentivo. Sem eles seria muito mais difícil conseguir chegar até aqui. Ao meu orientador, Prof. Msc. Ivanaldo Amâncio, pela paciência, disponibilidade e apoio durante a realização deste trabalho. A esta universidade, por ter sido minha segunda mãe durante esses quatro anos e meio, oferecendo desde um ensino de qualidade até a moradia. Por fim, agradeço a todos os meus professores, que tive o privilégio de ser aluna, por todo o ensinamento repassado que levarei para a vida toda. RESUMO Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria patogênica, amplamente distribuída na natureza e no ambiente hospitalar, comumente envolvida em infecções nosocomiais, infecções em imunocomprometidos e infecções crônicas, especialmente em pacientes com fibrose cística. Caracteriza-se por apresentar vários fatores de virulência e mecanismos de resistência que podem dificultar o tratamento de infecções. Em vista disso, o objetivo do presente trabalho é realizar uma revisão da literatura sobre os fatores de virulência e resistência bacteriana da Pseudomonas aeruginosa. Dessa forma, foi realizada uma ampla busca de artigos científicos, publicados no PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Scholar, Lilacs e Medline, que estivessem em conformidade com o assunto proposto. A pesquisa abrangeu o período de 2018 a 2020. Com isso, percebeu-se que Pseudomonas aeruginosa é um importante patógeno oportunista, causador de infecções difíceis de tratar, em virtude de apresentar resistência a vários antimicrobianos, acarretando no aumento de morbidade, mortalidade e custos. Logo, devido à resistência aos antimicrobianos ser um problema cada vez mais presente, é imprescindível o desenvolvimento de novas opções terapêuticas urgentemente, bem como a consolidação de estratégias de prevenção e controle de infecções, em instituições hospitalares. Além da realização de campanhas de conscientização, destinadas à população, visando atenuar o uso excessivo e irracional de antimicrobianos. Palavras-chave: Pseudomonas aeruginosa; Resistência Antimicrobiana; Infecção Hospitalar; Infecção Nosocomial. ABSTRACT Pseudomonas aeruginosa is a pathogenic bacterium, widely distributed in nature and in the hospital environment, commonly involved in nosocomial infections, infections in immunocompromised and chronic infections, especially in patients with cystic fibrosis. It is characterized by having several virulence factors and resistance mechanisms that can make it difficult to treat infections. In view of this, the objective of the present work is to carry out a review of the literature on the virulence factors and bacterial resistance of Pseudomonas aeruginosa. In this way, a wide search was carried out for scientific articles, published in PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Scholar, Lilacs and Medline, which were in accordance with the proposed subject. The research covered the period from 2018 to 2020. With this, it was realized that Pseudomonas aeruginosa is an important opportunistic pathogen, causing infections that are difficult to treat, due to its resistance to several antimicrobials, resulting in increased morbidity, mortality and costs. Therefore, due to antimicrobial resistance being an increasingly present problem, the development of new therapeutic options is urgently essential, as well as the consolidation of strategies for the prevention and control of infections, in hospital institutions. In addition to carrying out awareness campaigns, aimed at the population, aiming to mitigate the excessive and irrational use of antimicrobials. Keywords: Pseudomonas aeruginosa; Antimicrobial Resistance; Hospital Infection; Nosocomial Infection. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Mecanismos de virulência e formação de biofilme em infecções por Pseudomonas aeruginosa ................................................................................................................................ 16 Figura 2 - Cultura de Pseudomonas aeruginosa em ágar Mueller-Hinton mostrando a coloração verde-azulada conferida pelos pigmentos pioverdina e piocianina (esquerda) e a coloração marrom pelo pigmento piomelanina (direita) .......................................................... 22 Figura 3 - Estrutura química dos antibióticos β-lactâmicos ..................................................... 24 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Descrição dos artigos selecionados ......................................................................... 27 LISTA DE ABREVIATURAS ABC Superfamíliade Cassete de Ligação de ATP EF-2 Fator 2 de Elongação LPS Lipopolissacarídeo MATE Família de Extrusão de Compostos Tóxicos e Múltiplas Drogas MDR Multirresistente MFS Superfamília de Facilitadores Principais OMS Organização Mundial da Saúde PAMP Padrão Molecular Associado ao Patógeno PBPs Proteínas Essenciais de Ligação à Penicilina RND Família de Resistência-Nodulação-Divisão SMR Família de Pequenas Resistências a Múltiplas Drogas TLR 5 Receptores Toll Like TSA Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos UTI Unidade de Terapia Intensiva SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12 2 OBJETIVO ......................................................................................................................... 14 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 15 3.1 Características gerais da Pseudomonas aeruginosa ..................................................... 15 3.2 Fatores de virulência ....................................................................................................... 15 3.2.1 Alginato ........................................................................................................................... 15 3.2.2 Flagelo ............................................................................................................................. 16 3.2.3 Fímbrias ou pili ............................................................................................................... 16 3.2.4 Lipopolissacarídeos (LPS) .............................................................................................. 17 3.2.5 Biofilmes ......................................................................................................................... 17 3.2.6 Piocianina ........................................................................................................................ 18 3.2.7 Exotoxina A .................................................................................................................... 18 3.2.8 Sistemas de secreção tipo III ........................................................................................... 18 3.3 Mecanismos de resistência em Pseudomonas aeruginosa ............................................ 19 3.3.1 Bombas de efluxo ............................................................................................................ 19 3.3.2 Deficiência de porinas na membrana externa ................................................................. 19 3.3.3 Modificação do local alvo de antibióticos ...................................................................... 20 3.3.4 Produção de enzimas inativadoras de antibióticos .......................................................... 21 3.4 Diagnóstico laboratorial .................................................................................................. 21 3.5 Tratamento e resistência aos antimicrobianos.............................................................. 22 3.5.1 β-lactâmicos .................................................................................................................... 23 3.5.2 Aminoglicosídeos ............................................................................................................ 24 3.5.3 Fluoroquinolonas ............................................................................................................ 24 3.5.4 Polimixinas ...................................................................................................................... 25 4 METODOLOGIA .............................................................................................................. 26 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 27 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 33 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 34 12 1 INTRODUÇÃO Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo, aeróbio, encontrado em animais, plantas, solos e reservatórios de água no ambiente hospitalar, como chuveiros, pias e águas de banheiros. É a espécie bacteriana oportunista mais associada a infecções hospitalares, infecções em imunocomprometidos e infecções crônicas em pacientes com fibrose cística (CHÁVEZ-JACOBO, 2020; NGUYEN et al., 2018; REYNOLDS; KOLLEF, 2021). Estima-se que Pseudomonas aeruginosa tenha uma prevalência de 7,1% a 7,3% entre todas as infecções relacionadas à assistência à saúde e, em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a porcentagem é ainda maior. As manifestações clínicas mais comuns provocadas por este patógeno incluem pneumonia, infecções de sítio cirúrgico, infecções do trato urinário e bacteremia (REYNOLDS; KOLLEF, 2021). Esta bactéria apresenta resistência intrínseca a vários antimicrobianos, sendo considerada uma “superbactéria” que ameaça à saúde pública global, implicando no aumento de custo, morbidade e mortalidade, principalmente em UTIs e hospitais de longa permanência. Entre os mecanismos de resistência, destacam-se a produção de betalactamases, bombas de efluxo, alterações de porinas e modificações de sítio-alvo (NGUYEN et al., 2018; RAMAN et al., 2018; REYNOLDS; KOLLEF, 2021). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência antimicrobiana é um dos principais problemas do século XXI e estima-se que até 2050 este problema causará até 10 milhões de óbitos anualmente em todo o planeta (CHÁVEZ-JACOBO, 2020; GSK, 2020). Existem várias classes de antibióticos que são utilizados para tratar infecções por Pseudomonas aeruginosa, como beta lactâmicos (monobactâmicos, cefalosporinas ou carbapenêmicos), polimixina e aminoglicosídeos. Por outro lado, há uma longa lista de antibióticos ineficazes, devido aos mecanismos de resistência cada vez mais presentes. Recentemente, a OMS listou Pseudomonas aeruginosa como um patógeno de prioridade crítica que requer urgentemente novas opções terapêuticas, devido à resistência aos carbapenêmicos (TALEBI BEZMIN ABADI et al., 2019). Evidências atuais indicam que os principais fatores relacionados com a diminuição da eficácia da antibioticoterapia, em hospitais e comunidades, são o uso excessivo de antimicrobianos e sistemas precários de controle de infecção e prevenção, sendo necessária 13 uma estratégia que busque minimizar este problema global que ameaça a humanidade (TALEBI BEZMIN ABADI et al., 2019). Milhões de pessoas são acometidas anualmente por doenças infecciosas difíceis de tratar em todo o mundo, e bactérias resistentes como Pseudomonas aeruginosa tem uma grande parcela de participação nesta problemática. Diante disso, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre os fatores de virulência e resistência bacteriana da Pseudomonas aeruginosa. 14 2 OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo principal realizar uma revisão da literatura sobre os fatores de virulência e resistência bacteriana da Pseudomonas aeruginosa. 15 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Características gerais da Pseudomonas aeruginosa Descrita pela primeira vez por Carle Gessard, em 1882, Pseudomonas aeruginosa pertence à família Pseudomonadaceae e ao gênero Pseudomonas. Caracteriza-se como bacilo Gram-negativo, não-fermentador, aeróbio, reto, com 0,5 a 0,7 μm de espessura por 1,5 a 3,0 μm decomprimento, não é formador de esporos e apresenta mobilidade através da presença de um simples flagelo polar (TRABULSI, 2015). Pseudomonas aeruginosa apresenta crescimento simples e versatilidade nutricional, sendo assim amplamente distribuída na natureza e no ambiente hospitalar, podendo habitar o solo, vegetação, água e, inclusive, equipamentos de fisioterapia respiratória, de diálise e soluções desinfetantes. Além de poder colonizar transitoriamente os tratos respiratórios e gastrointestinais de pacientes hospitalizados (MURRAY, 2014). Utiliza carboidratos por meio da respiração aeróbia, tendo o oxigênio como aceptor final de elétrons. No entanto, em casos estritos, pode também utilizar nitrato ou arginina de forma alternativa, como aceptor final de elétrons, em situações de anaerobiose (MURRAY, 2014). 3.2 Fatores de virulência Pseudomonas aeruginosa apresenta uma série de fatores de virulência (Figura 1), sendo estes os principais responsáveis pela gravidade da infecção e o aumento da resistência bacteriana nos últimos anos (ROCHA et al., 2019). 3.2.1 Alginato Pseudomonas aeruginosa é produtora de uma grande quantidade de um exopolissacarídeo, o alginato, que é composto pelos ácidos D-manurônico e L-gulurônico, imprescindível para a sobrevivência da bactéria, por contribuir na formação de biofilmes. Além de ser a principal causa do fenótipo mucóide observado em infecções crônicas como fibrose cística (MORADALI; GHODS; REHM, 2017). 16 Por formar uma cápsula ao redor da Pseudomonas aeruginosa, o alginato pode impedir a difusão de antimicrobianos, a fagocitose, a opsonização e a morte, favorecendo a persistência deste patógeno no hospedeiro (HAUSER et al., 2011). Figura 1 - Mecanismos de virulência e formação de biofilme em infecções por Pseudomonas aeruginosa Fonte: REYNOLDS, KOLLEF, 2021. 3.2.2 Flagelo Pseudomonas aeruginosa apresenta motilidade devido a presença de um flagelo polar único, que é um polímero composto pela proteína flagelina. Esta estrutura bacteriana é essencial para a motilidade, adesão às células hospedeiras e formação de biofilmes (BUCIOR; PIELAGE; ENGEL, 2012). Os flagelos são altamente imunogênicos devido a presença da proteína flagelina, que atua como um padrão molecular associado ao patógeno (PAMP), ativando receptores “toll like” (TLR 5) nas células hospedeiras e induzindo a imunidade inata no pulmão, estimulando uma resposta inflamatória protetora que contribui para a eliminação do patógeno (CAMPODÓNICO et al., 2010). 3.2.3 Fímbrias ou pili Pseudomonas aeruginosa apresenta em sua estrutura, apêndices de superfície filamentosos chamados pili tipo IV, que são constituídos por inúmeras cópias de pequenas proteínas chamadas pilinas. Esta estrutura facilita a adesão em células epiteliais do 17 hospedeiro, colonização, maturação do biofilme, adesão em superfícies, virulência e espasmos, uma forma de motilidade bacteriana (MARKO et al., 2018). A adesão bacteriana às células do hospedeiro é uma etapa essencial para o estabelecimento da infecção por este patógeno e é realizada mediante interações entre adesinas bacterianas e receptores de células humanas (REYNOLDS; KOLLEF, 2021). Sendo o receptor celular no hospedeiro para esta fímbria o gangliosídeo GM1, quando desprovido de ácido siálico. Logo, para aderir, Pseudomonas aeruginosa prepara o seu receptor retirando o ácido siálico de GM1. A remoção é feita mediante uma sialidase previamente produzida pela bactéria (TRABULSI, 2015). 3.2.4 Lipopolissacarídeos (LPS) O principal constituinte da membrana externa de bactérias Gram-negativas é o lipopolissacarídeo (LPS), que estruturalmente apresenta três regiões: o lipídio A, de caráter hidrofóbico, responsável por ancorar o LPS à membrana externa; o oligossacarídeo central, que contribui para manter a integridade da membrana externa; e o antígeno O, que está em contado direto com o meio externo (MALDONADO; SÁ-CORREIA; VALVANO, 2016). Nos mamíferos, o LPS atua como um padrão molecular associado ao patógeno (PAMP) que pode ser um potente ativador da resposta imune inata do hospedeiro, induzindo a produção de citocinas pró-inflamatórias, mediante uma cascata de transdução de sinal. A ativação excessiva do sistema imunológico, por meio deste mecanismo, pode causar choque séptico e pôr em risco a vida do indivíduo (HUSZCZYNSKI; LAM; KHURSIGARA, 2020). 3.2.5 Biofilmes Biofilmes são comunidades bacterianas altamente estruturadas, envolvidas por uma matriz extracelular que adere às superfícies bióticas ou abióticas. Essa matriz é composta principalmente por polissacarídeos, proteínas, DNA extracelular e lipídios. Esta estrutura torna as condições mais favoráveis para a persistência bacteriana, uma vez que oferece proteção contra a resposta imune do hospedeiro e contra a terapia antimicrobiana (MAURICE; BEDI; SADIKOT, 2018). O desenvolvimento de biofilme por Pseudomonas aeruginosa compreende cinco fases: na primeira fase, as células bacterianas aderem a uma superfície mediante seus apêndices, como flagelos e pili tipo IV; na segunda fase, as células ficam irreversivelmente 18 aderidas às superfícies; na terceira fase, elas se propagam progressivamente na forma de microcolônias; na quarta fase, as microcolônias se transformam em estruturas tridimensionais semelhantes a cogumelos; e na quinta fase, ocorre o rompimento da microcolônia por meio de autólise, liberando células dispersas, permitindo a repetição do ciclo (THI; WIBOWO; REHM, 2020). 3.2.6 Piocianina Piocianina (N-metil-1-hidroxifenazina) é um metabólito secundário, de coloração azul-esverdeado, produzido em grandes quantidades por culturas ativas de Pseudomonas aeruginosa. Caracteriza-se por ser um potente pigmento bacteriano com atividade redox, capaz de aceitar e doar elétrons (DEBRITTO et al., 2020). Entre as características de virulência, destacam-se a produção de espécies reativas de oxigênio nas células do hospedeiro, induzindo ao estresse oxidativo e, consequentemente, ao dano celular e morte. Também foi sugerido que a piocianina favorece o crescimento de biofilmes, promovendo interações célula-célula entre células de Pseudomonas aeruginosa (ALATRAKTCHI; SVENDSEN; MOLIN, 2020). 3.2.7 Exotoxina A A exotoxina A é um dos fatores de virulência bacteriana mais potentes produzidos por Pseudomonas aeruginosa. É extremamente letal, ou seja, possui DL50 de 0,2 μg por camundongo após injeção intraperitoneal. Caracteriza-se por ser uma proteína termolábil de 613 aminoácidos que é liberada para o meio extracelular, responsável por catalisar a transferência da fração ADP-ribose do NAD para o resíduo de diftamida no fator 2 de elongação (EF-2), mediante uma ligação covalente, resultando no término da síntese proteica e eventualmente levando à morte celular (SANTAJIT et al., 2019). 3.2.8 Sistemas de secreção tipo III Entre os mecanismos de virulência de Pseudomonas aeruginosa está o sistema de secreção tipo III, que permite injetar proteínas efetoras na célula hospedeira e é imprescindível para a proteção do patógeno contra as respostas fagocíticas e inflamatórias. Os 19 efetores injetados incluem ExoS, ExoT, ExoU e ExoY, além da proteína de filamento flagelar, difosfato quinase nuclear, PemA e PemB (WILLIAMS MCMACKIN et al., 2019). Os efetores clinicamente mais relevantes são ExoS e ExoU. A exoenzima S causa apoptose celular, além de alterar o citoesqueleto de actina das células epiteliais respiratórias do hospedeiro. Enquanto, acredita-se que a exoenzima U seja responsável pela maior virulência, devido à sua atividade citotóxica que induz a morte da célula hospedeira (REYNOLDS; KOLLEF, 2021). 3.3 Mecanismos de resistência em Pseudomonas aeruginosa 3.3.1 Bombas de efluxo Bombas de efluxo são proteínas de transporteativo localizadas ao longo da membrana citoplasmática da Pseudomonas aeruginosa. A principal função é a expulsão de substâncias tóxicas, como antibióticos, e metabólitos secundários para fora da célula. Apresentam habilidade em reconhecer grande número de compostos devido às suas propriedades físico- químicas, sendo os antibióticos facilmente reconhecidos (NEVES et al., 2011). Podem ser classificadas em cinco famílias: a família de resistência-nodulação-divisão (RND), superfamília de facilitadores principais (MFS), superfamília de cassete de ligação de ATP (ABC), família de pequenas resistências a múltiplas drogas (SMR) e família de extrusão de compostos tóxicos e múltiplas drogas (MATE) (SOL; DENG; YAN, 2014). As proteínas pertencentes à família RND desempenham papel importante na resistência a antibióticos em Pseudomonas aeruginosa (ROCHA et al., 2019). Elas consistem em transportadores de membrana citoplasmática, proteínas ligantes periplasmáticas e proteínas do canal de porina da membrana externa. Os componentes citoplasmáticos e periplasmáticos desta bomba são chamados efluxo multidrogas. Pseudomonas aeruginosa expressa doze bombas de efluxo desta família, quatro das quais (MexAB-OprM, MexCD- OprJ, MexEF-OprN e MexXY-OprM) contribuem para a resistência a antibióticos (PANG et al., 2019). 3.3.2 Deficiência de porinas na membrana externa A membrana externa de bactérias Gram-negativas, como Pseudomonas aeruginosa, atua como uma barreira seletiva para impedir a penetração de antibióticos e de outras 20 moléculas (PANG et al., 2019). Moléculas hidrofílicas utilizam porinas para penetrar a membrana externa, enquanto moléculas hidrofóbicas utilizam a bicamada lipídica (UDE et al., 2021). As porinas são proteínas de membrana externa que formam canais cheios de água, responsável por facilitar a translocação de moléculas hidrofílicas através da membrana. Existem porinas inespecíficas, que permitem a entrada de moléculas com tamanho de até 600 Dalton, e existem porinas específicas, que permitem a entrada de apenas algumas moléculas com tamanhos abaixo de 200 Dalton (UDE et al., 2021). Diferentes tipos de porinas são encontradas na membrana externa de Pseudomonas aeruginosa, mas a OprF é a porina não específica predominante neste patógeno, responsável pela captação não específica de íons e sacarídeos, mas apresenta baixa eficiência para permeação de antibióticos (PANG et al., 2019). A porina específica OprD, também encontrada em Pseudomonas aeruginosa, permite a passagem de aminoácidos alcalinos e está envolvida na absorção de antibióticos, contendo sítios de ligação para carbapenêmicos, uma classe de β-lactâmicos. A ausência de OprD, através da aquisição de mutação, em Pseudomonas aeruginosa, confere resistência a esta classe de antibiótico, especialmente ao imipenem (PANG et al., 2019). 3.3.3 Modificação do local alvo de antibióticos Os antimicrobianos apresentam alta afinidade pelo seu sítio alvo e, uma vez que se ligam a ele, têm a capacidade de desestabilizar as funções de uma organela bacteriana específica ou de uma via metabólica importante para o patógeno, de modo que, alterações estruturais significativas do sítio alvo impedem a ação antimicrobiana dos antibióticos, conferindo resistência (CHÁVEZ-JACOBO, 2020). Modificações nos sítios alvo de quinolonas foram identificadas em Pseudomonas aeruginosa. Esta classe de antimicrobianos inibe a replicação do DNA bacteriano por meio da inibição da DNA girase e da topoisomerase IV. Mutações nos genes que codificam essas enzimas, causam diminuição da afinidade de ligação das proteínas codificadas às quinolonas, reduzindo a suscetibilidade em Pseudomonas aeruginosa (PANG et al., 2019). Os aminoglicosídeos exercem seu efeito antibacteriano mediante a ligação e inibição do RNA ribossomal 16S, implicando na inibição da síntese proteica. Mutações ribossômicas em Pseudomonas aeruginosa, neste alvo do antibiótico, podem conferir resistência a todos os aminoglicosídeos clinicamente úteis (EICHENBERGER; THADEN, 2019). 21 3.3.4 Produção de enzimas inativadoras de antibióticos Um dos principais mecanismos de resistência intrínseca em bactérias é a produção de enzimas inativadoras de antibióticos, como as enzimas β-lactamases e as enzimas modificadoras de aminoglicosídeos, que podem ser produzidas comumente por Pseudomonas aeruginosa. Essas enzimas são capazes de quebrar ou modificar a estrutura do antibiótico mediante hidrólise de ligações químicas (PANG et al., 2019). As enzimas β-lactamases que hidrolisam a ligação amida do anel β-lactâmico de quatro membros, são o principal mecanismo de resistência dos β-lactâmicos e dividem-se em quatro classes: as serina β-lactamases de sítio ativo (classes A, C e D) e as metalo-β- lactamases dependentes de zinco (MBLs; classe B) (TOOKE et al., 2019). Os carbapenêmicos são os mais recentes β-lactâmicos e possuem um amplo espectro de atividade e são empregados no tratamento de infecções por patógenos multirresistentes (MDR). A resistência a esta classe pode ser atribuída a alguns mecanismos, dentre eles a resistência mediada por enzimas β-lactamases, chamadas carbapenemases. Pseudomonas aeruginosa produz carbapenemases de classe A, B e D, que são capazes de inativar a maioria dos β-lactâmicos, representando uma grande ameaça (ELSHAMY; ABOSHANAB, 2020). Os aminoglicosídeos são um grupo de antimicrobianos comumente usados no tratamento de infecções por Pseudomonas aeruginosa. A resistência a esta classe se deve a múltiplos fatores, dentre eles os mecanismos enzimáticos (ESPINOZA PESANTEZ; ESPARZA SANCHEZ, 2021). Esses mecanismos são mediados por enzimas modificadoras de aminoglicosídeos, como aminoglicosídeos fosfotransferases, acetiltransferases e nucleotidiltransferases. Cada uma dessas enzimas confere resistência a diferentes combinações de aminoglicosídeos. As nucleotidiltransferases permitem que Pseudomonas aeruginosa desative os aminoglicosídeos comumente usados contra ela, como tobramicina, amicacina e gentamicina (KAKOULLIS et al., 2021). 3.4 Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial de infecções por Pseudomonas aeruginosa é feito por meio do isolamento, da identificação e do Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos (TSA). O isolamento e a identificação são favorecidos pela versatilidade do microrganismo em utilizar os nutrientes, permitindo um rápido crescimento em quase todos os meios líquidos e sólidos 22 usados na rotina, inclusive em meios seletivos como o ágar MacConkey (KONEMAN et al., 2008). As amostras utilizadas para a semeadura em meio de cultura dependem do tipo de infecção no hospedeiro e incluem amostras de lesões cutâneas, pus, urina, sangue, líquido cerebrospinal, escarro (BROOKS et al., 2014). Em cultura, Pseudomonas aeruginosa, pode produzir vários tipos de colônias (Figura 2). Com frequência, algumas cepas produzem pigmentos que se difundem em ágar, como a piocianina, de cor azul não fluorescente, e a pioverdina, de cor verde fluorescente. Algumas cepas produzem ainda o pigmento vermelho piorrubina ou o pigmento negro piomelanina. Outra característica destacável é a produção de um odor adocicado característico de frutas. Nos pacientes com Fibrose Cística, as colônias apresentam, predominantemente, aspecto mucóide em decorrência da produção de alginato, importante na formação de biofilmes (BROOKS et al., 2014). Figura 2 - Cultura de Pseudomonas aeruginosa em ágar Mueller-Hinton mostrando a coloração verde–azulada conferida pelos pigmentos pioverdina e piocianina (esquerda) e a coloração marrom pelo pigmento piomelanina (direita). Fonte: TRABULSI, Microbiologia, 6. ed. Bioquimicamente, Pseudomonas aeruginosa, apresenta positividade para os testes de oxidase, motilidade, glicose, manitol, maltose, arginina, ureia, acetamida; sendo negativapara os testes de lactose, indol, lisina, DNAse, esculina. Uma característica diferencial é sua capacidade de crescer a 42° C. Em ágar sangue, essa bactéria produz β-hemólise (KONEMAN et al., 2008). 3.5 Tratamento e resistência aos antimicrobianos 23 A descoberta dos antimicrobianos salvou milhões de vidas humanas, possibilitando o aumento da expectativa de vida das populações. No entanto, o mau uso destes medicamentos induziu o surgimento de bactérias resistentes, dificultando o tratamento das infecções e favorecendo o avanço de complicações hospitalares, muitas vezes fatais (TALEBI BEZMIN ABADI et al., 2019). As infecções por Pseudomonas aeruginosa podem ser difíceis de tratar devido aos seus mecanismos de resistência intrínseca e adquirida que afetam vários fármacos antibacterianos, o que limita significativamente as opções terapêuticas (THABIT et al., 2019). As classes de antibióticos mais utilizadas no tratamento de infecções por este patógeno incluem β-lactâmicos, aminoglicosídeos, fluoroquinolonas e polimixinas (BROOKS et al., 2014; HORCAJADA et al., 2019). 3.5.1 β-lactâmicos Os antibióticos β-lactâmicos, grupo de antimicrobianos mais utilizados no tratamento de doenças infecciosas, são agentes bactericidas que se ligam covalentemente a proteínas essenciais de ligação à penicilina (PBPs), enzimas responsáveis pela formação de ligações cruzadas dos peptideoglicanos, impedindo a síntese da parede celular bacteriana (BUSH; BRADFORD, 2016). Devido à sua estrutura química, os β-lactâmicos se dividem em quatro classes principais (figura 3): as penicilinas, em que o anel β-lactâmico de quatro membros é fundido a um anel tiazolidina; as cefalosporinas, no qual o parceiro de fusão é uma dihidrotiazina de seis membros; e os carbapenêmicos, onde o sistema bicíclico é completado por uma pirrolina de cinco membros. Além dos monobactâmicos, que são sistemas monocíclicos (TOOKE et al., 2019). Os β-lactâmicos são bem tolerados e eficazes, sua toxicidade principal está relacionada com uma resposta alérgica que afeta pequena parcela de pacientes, sendo essas reações mais comuns com o uso de penicilinas e cefalosporinas (BUSH; BRADFORD, 2016). 24 Figura 3 - Estrutura química dos antibióticos β-lactâmicos Fonte: http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/imagens/estrutura%20dos%20antibiticos.jpg 3.5.2 Aminoglicosídeos Os aminoglicosídeos, também utilizados contra infecções por Pseudomonas aeruginosa, são uma classe de antibióticos naturais e semi-sintéticos derivados dos actinomicetos. Caracterizam-se por apresentar uma estrutura central de açúcares aminados, unidos por ligações glicosídicas a um núcleo aminociclitol dibásico. Devido às características estruturais, os aminoglicosídeos são divididos em estreptomicina, canamicina, netilmicina, apramicina, neomicina, ribostamicina, gentamicina, amicacina, tobramicina e plazomicina (KRAUSE et al., 2016). Como mecanismo de ação, esta classe atua inibindo a síntese proteica, em nível ribossomal, resultando na morte celular (BELLUCCI; VOLONTERIO, 2020). As vantagens dos aminoglicosídeos são o amplo espectro de ação, alta eficácia, ausência de interações com outros fármacos, ação bactericida rápida, ausência de hipersensibilidade associada a medicamentos, pouca ligação a proteínas e metabolismo de medicamentos mínimo (BÖTTGER; CRICH, 2019). 3.5.3 Fluoroquinolonas http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/imagens/estrutura%20dos%20antibiticos.jpg 25 As fluoroquinolonas são antibióticos sintéticos de amplo espectro, derivados de quinolonas com acréscimo de um átomo de flúor ligado ao anel central. Apresentam atividade contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, como Pseudomonas aeruginosa. O seu efeito bactericida acontece mediante a inibição das enzimas topoisomerase II e IV, resultando no bloqueio da síntese e na clivagem do DNA bacteriano e, consequentemente, na morte rápida do patógeno (KARAMPELA; DALAMAGA, 2020). As fluoroquinolonas comumente utilizadas contra infecções bacterianas incluem, principalmente, ciprofloxacino, levofloxacino, norfloxacino e enrofloxacino (RIAZ et al., 2018). 3.5.4 Polimixinas As polimixinas são uma classe de antibióticos polipeptídicos catiônicos que foram descobertos em 1947 a partir da bactéria Bacillus polymyxa. São representados principalmente pela polimixina B e pela colistina (polimixina E), ambos diferindo por apenas um único aminoácido no anel peptídico, com uma fenilalanina na polimixina B e uma leucina na colistina (POIREL; JAYOL; NORDMANN, 2017). Consideradas antibióticos de último recurso a ser usados contra patógenos Gram- negativos MDR, como Pseudomonas aeruginosa, as polimixinas atuam principalmente na membrana externa de bactérias interagindo com o LPS e levando ao deslocamento dos cátions Ca e Mg. Essa ação resulta na desestabilização da membrana celular, provocando ruptura da mesma, ocasionando liberação das proteínas periplasmáticas e morte bacteriana (MOHAPATRA; DWIBEDY; PADHY, 2021). A toxicidade das polimixinas foi responsável pela interrupção do uso durante muitos anos e está relacionada ao seu modo de ação, uma vez que ao interagir com as membranas das células humanas, elas induzem a desintegração e provocam toxicidade, principalmente nos tecidos renais e cerebrais (MOHAPATRA; DWIBEDY; PADHY, 2021). 26 4 METODOLOGIA A revisão de literatura foi realizada empregando as seguintes bases de dados: PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Scholar, Lilacs e Medline. Os descritores utilizados para a busca de estudos foram: “Pseudomonas aeruginosa”, “infecções por Pseudomonas", “Pseudomonas infections”, “Resistência Bacteriana”, "Farmacorresistência bacteriana”, “Drug Resistance, Bacterial”, "Systematic review”, “Carbapenems”. Foram selecionados artigos científicos que estavam em conformidade com o tema proposto. Como critérios de inclusão, foram considerados artigos de revisão sistemática e metanálise, em qualquer idioma, publicados do ano de 2018 ao ano de 2020. Os critérios de exclusão foram artigos que não incluíam as palavras-chaves descritas e os artigos sem consonância com a temática do estudo. 27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o desenvolvimento desta revisão de literatura, foram selecionados nove artigos científicos, os quais se encontram dentro dos critérios de inclusão estabelecidos. Na tabela 1, foi realizado um resumo dos artigos incluídos, com os títulos dos trabalhos, os nomes dos autores de cada trabalho, com os respectivos anos de publicação, os nomes dos periódicos, bem como os objetivos e os principais resultados. Tabela 1 - Descrição dos artigos selecionados Título Autor(s)/ano Periódico Objetivo Principais Resultados Fatores de risco para infecções por Pseudomonas aeruginosa na Ásia- Pacífico e consequências da terapia antimicrobiana inicial inadequada: uma revisão sistemática da literatura e meta-análise Merchant et al., 2018 Journal of global antimicrobial resistance Fornecer informações sobre fatores de risco para infecções por P. aeruginosa bem como consequências da terapia antimicrobiana inicial inadequada. Os fatores de risco para infecções por P. aeruginosa incluem exposição prévia a antimicrobianos, ventilação mecânica e hospitalização prévia. A mortalidade foi menor com a terapia antimicrobiana inicial adequada versus a terapia antimicrobiana inicial inadequada. Importância dos grupos de controle ao delinear o uso de antibióticos como fator de risco para resistência a carbapenem (CR), resistência extrema a medicamentos (XDR) e pan resistência a drogas (PDR) em Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa: Umarevisão sistemática e meta-análise Lim et al., 2018 International Journal of Infectious Disease Determinar o impacto de grupos de controle na associação do uso prévio de antibióticos e a aquisição de P. aeruginosa e A. baumannii resistente a carbapenem (CR), extremamente resistente a drogas (XDR) e pan resistente a drogas (PDR). A exposição prévia ao antibiótico foi associada à aquisição significativa de A. baumannii e P. aeruginosa CR/XDR/PDR em ambos os grupos I e II. As classes de antibióticos implicadas em ambos os grupos incluíram aminoglicosídeos, carbapenêmicos, glicopeptídeos e penicilinas. O uso de cefalosporina não foi associado à resistência em nenhum dos grupos. E a exposição à fluoroquinolona só foi associada à resistência no grupo I, mas não no grupo II. Mortalidade em pacientes com infecções Matos et al., 2018 Revista da Sociedade Avaliar a associação entre cepas de P. Os resultados indicam que os pacientes infectados 28 por Pseudomonas aeruginosa multirresistentes: uma meta-análise Brasileira de Medicina Tropical aeruginosa multirresistente (PAMDR) e cepas produtoras de metalo- beta-lactamase (MBL) de São Paulo (SPM-1) versus mortalidade. com PAMDR tiveram uma taxa de mortalidade maior do que os pacientes infectados com cepas de P. aeruginosa não multirresistente, especialmente pacientes com infecção de corrente sanguínea (ICS), imunossupressão e terapia antimicrobiana inadequada. Revisão sistemática do uso de dados de séries temporais no estudo do consumo de antimicrobianos e resistência de Pseudomonas aeruginosa Athanasiou e Kopsini, 2018 Journal of Global Antimicrobial Resistance Revisar sistematicamente todos os estudos sobre consumo de antimicrobianos e resistência antimicrobiana de Pseudomonas aeruginosa em ambientes de saúde que usaram dados de séries temporais (TSD). Houve um aumento recente no uso do desenho de séries temporais, bem como da metodologia de análise de séries temporais no campo de estudos de consumo de antimicrobianos/ resistência antimicrobiana de Pseudomonas aeruginosa. A farmacodinâmica da infusão prolongada de β-lactâmicos para o tratamento de infecções por Pseudomonas aeruginosa: uma revisão sistemática Thabit et al., 2019 Clinical Therapeutics Avaliar os vários regimes de β- lactâmicos antipseudomonas administrados como infusões prolongadas (IP) associados à sua probabilidade de atingir o alvo farmacodinâmico (PTA), em um esforço para fornecer orientação na seleção de regimes de dosagem e tempos de infusão ideais para o tratamento de infecções por P. aeruginosa. Regimes de infusão prolongados de β- lactâmicos podem aumentar a PTA em infecções contra P. aeruginosa não suscetível e pode fornecer, consequentemente, uma opção terapêutica potencial para infecções multirresistentes. Pseudomonas aeruginosa: fatores de virulência e genes de resistência a antibióticos Rocha et al., 2019 Arquivos Brasileiros de Biologia e Tecnologia Realizar um levantamento bibliográfico sobre P. aeruginosa, destacando fatores de virulência e genes que P. aeruginosa tornou-se, em âmbito hospitalar, a bactéria mais resistente a antibióticos. Devido a este problema, o desafio atual é encontrar novas opções 29 atuam na resistência antimicrobiana. terapêuticas com potencial antimicrobiano capazes de erradicar a infecção e curar os pacientes acometidos. Ceftolozane/tazobactam para infecções difíceis de tratar por Pseudomonas aeruginosa: Uma revisão sistemática de sua eficácia e segurança para indicações off- label Maraolo et al., 2020 International Journal of Antimicrobial Agents Resumir as evidências disponíveis de estudos observacionais sobre a eficácia e segurança do uso off-label de ceftolozane/ tazobactam (C/T) quando administrado para tratar infecções por P. aeruginosa multirresistentes (MDR) ou extensivamente resistentes a drogas (XDR). Os estudos demonstraram que C/T pode ser uma opção terapêutica útil para infecções de difícil tratamento por P. aeruginosa, mesmo fora do quadro de indicações aprovadas. A taxa geral de sucesso de C/T foi de 76,2%. A droga foi bem tolerada e o evento adverso mais comum foi hipocalemia. Infecções por Pseudomonas em adultos hospitalizados na América Latina: revisão sistemática e metanálise Ponce de Leon et al., 2020 BMC infectious diseases Avaliar o uso da antibioticoterapia inicial adequada (AIAT) e da antibioticoterapia inicial inadequada (IIAT) em infecções por P. aeruginosa e examinar a literatura sobre fatores de risco para aquisição de P. aeruginosa resistente em pacientes adultos hospitalizados na América Latina. A AIAT foi associada a menor mortalidade por infecções por P. aeruginosa, em comparação com IIAT. E os fatores de risco significativos para aquisição de P. aeruginosa resistente incluíram: uso prévio de antibiótico, permanência na UTI e escore de comorbidade. Resistência antimicrobiana de Pseudomonas aeruginosa isolada de pacientes com infecção de feridas na Etiópia: uma revisão sistemática Gebreegziabher et al., 2020 Research Square Determinar o perfil atual de resistência antimicrobiana de Pseudomonas aeruginosa isolada de pacientes com infecção de feridas na Etiópia. Os estudos demonstraram que a maioria dos isolados de P. aeruginosa tem suscetibilidade limitada, especialmente aos antibióticos amplamente utilizados, como ampicilina, ácido clavulânico e amoxicilina, tetraciclina, cotrimoxazol, cloranfenicol e ceftriaxona, evidenciando que a resistência aos antibióticos é comum e prevalente na Etiópia, e pode ser um problema, principalmente entre os hospitalizados. 30 Como achado principal, destacamos a heterogeneidade dos resultados encontrados. No geral, observou-se que P. aeruginosa apresenta limitada suscetibilidade aos antibióticos, além de ser um patógeno de difícil manejo em âmbito hospitalar, no que diz respeito ao tratamento e erradicação da infecção. De acordo com Rocha et al. (2019), P. aeruginosa é considerada um dos principais agentes etiológicos de infecções hospitalares no Brasil, sendo a principal causa de infecções oportunistas. Dentre os fatores de virulência, citados destes autores, destaca-se a formação de biofilmes no organismo, frequentemente associado à resistência antimicrobiana. Ainda segundo este mesmo autor, vários estudos estão sendo realizados com intuito de obter novas drogas que possam reverter este problema clínico. Athanasiou e Kopsini (2018), em uma revisão sistemática, observaram um aumento recente no uso do desenho de séries temporais no estudo do consumo de antimicrobianos e resistência antimicrobiana envolvendo P. aeruginosa. Séries temporais, segundo este autor, é o registro sistemático de observações em intervalos regulares de tempo, muito útil na vigilância de doenças infecciosas e na orientação para o uso apropriado de antimicrobianos. Este estudo reforça que P. aeruginosa é um importante patógeno causador de infecções nosocomiais e com potencial para multirresistência. No que concerne aos fatores de risco para aquisição de infecções por Pseudomonas aeruginosa, nos estudos conduzidos por Merchant et al. (2018) e por Ponce de Leon et al. (2020), observou-se uma associação consistente entre o uso prévio de antimicrobianos e aquisição de P. aeruginosa resistente. Os antimicrobianos comumente envolvidos em ambos os estudos foram: carbapenêmicos e fluoroquinolonas, no estudo de Merchantet al. (2018); e aminoglicosídeos, carbapenêmicos e fluoroquinolonas, no estudo de Ponce de Leon et al. (2020). Esses achados corroboram com Lim et al. (2018), que concluíram, em um estudo de revisão sistemática e metanálise, que a exposição prévia a antibióticos predispõe o paciente à aquisição de P. aeruginosa altamente resistente, tendo como principal desfecho a redução de opções terapêuticas e, consequentemente, prolongamento da hospitalização e mortalidade. Outros fatores de risco para infecções por P. aeruginosa também foram pesquisados em trabalhos como de Lopes et al. (2020), que constataram procedimentos invasivos, condição clínica do paciente e tratamento inadequado com uso de antibióticos, principalmente carbapenêmicos, como preditores de risco para infecções. Este estudo enfatiza a atual preocupação com a problemática referente a multirresistência da P. aeruginosa, bem como a difícil erradicação e tratamento. 31 Merchant et al. (2018) apontam que a antibioticoterapia inicial apropriada, isto é, administração de pelo menos um agente antimicrobiano ao qual P. aeruginosa era suscetível, foi associada a uma taxa de mortalidade significativamente menor, se comparado a antibioticoterapia inicial inapropriada, com uma redução de 74% da mortalidade observada. Os resultados deste estudo ratificam a importância de tratar infecções graves com o agente mais adequado (com atividade contra P. aeruginosa), em tempo hábil, visando tanto a eliminação da infecção, quanto a diminuição do surgimento de resistência aos medicamentos que ela ainda é suscetível. A taxa de mortalidade atenuada associada à antibioticoterapia inicial apropriada é condizente com os achados de Ponce de Leon et al. (2020), que, além disso, apontam por outro lado, que a antibioticoterapia inicial inapropriada (terapia à qual P. aeruginosa era resistente ou apenas intermediariamente suscetível) acarreta resultados negativos. Este fator pode ser justificado pela maior chance de aumentar a mortalidade, o tempo de permanência no hospital e a aquisição de P. aeruginosa resistente a carbapenêmicos. Em um estudo semelhante, Matos et al. (2018) trazem que pacientes infectados com cepas multirresistentes de P. aeruginosa apresentaram uma taxa de mortalidade maior, se comparado àqueles com cepas suscetíveis. A multirresistência, por sua vez, é uma das atuais preocupações em ambientes de saúde, por estar relacionada à gravidade da infecção e a limitação severa de opções terapêuticas, sendo definida como resistência a pelo menos três classes diferentes de antimicrobianos, incluindo carbapenêmicos, cefalosporinas, fluoroquinolonas, aminoglicosídeos e β-lactâmicos com inibidores. Em virtude de ser um patógeno difícil de tratar, várias estratégias estão sendo desenvolvidas visando a obtenção de opções terapêuticas promissoras. De acordo com Thabit et al. (2019), infusões prolongadas podem otimizar a farmacocinética e a farmacodinâmica de β-lactâmicos no tratamento de infecções contra P. aeruginosa não suscetível. Esta técnica prolonga o tempo de exposição da bactéria ao fármaco livre (infusão durante 3-4 horas), muito útil em pacientes críticos com infecções graves. Sendo necessário, no entanto, a observação quanto ao tempo de meia vida do antibiótico, incidência da infecção, características farmacocinéticas dos pacientes. Em um estudo similar, Maraolo et al. (2020) demonstraram que Ceftolozane/Tazobactam apresenta excelente atividade contra P. aeruginosa, mesmo usando “off-label”, com bom histórico de tolerância pelos pacientes. Este fato também foi constatado no estudo de Nguyen et al. (2018), que afirmaram que Ceftolozane/Tazobactam é a combinação de beta-lactâmico antipseudomonas mais potente disponível para uso clínico, 32 inclusive contra infecções por cepas multirresistentes, apresentando atividade intrínseca contra este patógeno. Ainda em conjunto com os dados supramencionados, Karakonstantis e colaboradores (2020) trazem em seu estudo, que dentre as opções atualmente disponíveis contra P. aeruginosa se encontra Ceftolozane/Tazobactam como a mais robusta. A resistência antimicrobiana é um fenômeno natural que ocorre no ambiente entre as bactérias, mas está aumentando substancialmente em todo o mundo, em grande parte, devido ao uso excessivo de antibióticos em humanos e em animais, muitas vezes prescritos de forma desnecessária (ELSHAMY; ABOSHANAB, 2020). Gebreegziabher et al. (2020) mostram que, na Etiópia, os isolados de P. aeruginosa em infecções de feridas já são resistentes à maioria dos antimicrobianos usuais. Este estudo demonstrou ser preciso o desenvolvimento de programas de gestão antimicrobiana e vigilância antimicrobiana, em instituições hospitalares, como forma de controlar e atenuar esta situação. 33 6 CONCLUSÕES Pseudomonas aeruginosa é um importante patógeno oportunista causador de infecções difíceis de tratar, em virtude de apresentar resistência intrínseca a vários antimicrobianos. É considerada uma “superbactéria” que oferece risco à saúde pública global, implicando no aumento da mortalidade, da morbidade e de custos. Novos estudos acerca da resistência bacteriana da Pseudomonas aeruginosa aos antimicrobianos, descrevendo como tratá-la e evitá-la, são necessários, em função da sua crescente multirresistência. 34 REFERÊNCIAS ALATRAKTCHI, Fatima AlZahra; SVENDSEN, Winnie E.; MOLIN, Søren. Electrochemical detection of pyocyanin as a biomarker for pseudomonas aeruginosa: A focused review. Sensors, v. 20, n. 18, p. 5218, 2020. ATHANASIOU, Christos I.; KOPSINI, Angeliki. 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