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SOUZA--Priscila-G--A-Banda-de-MAsica-2009

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I 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
ESCOLA DE MÚSICA 
 
 
PRISCILA GOMES DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE 
DEUS DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN 
 
 
 
 
 
NATAL 
2009 
II 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
ESCOLA DE MÚSICA 
 
 
 
PRISCILA GOMES DE SOUZA 
 
 
 
 
A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS 
DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2009 
III 
PRISCILA GOMES DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS 
DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Licenciatura em Música da Escola de 
Música da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (EMUFRN), sob a 
orientação do Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de 
Souza, como requisito parcial para obtenção 
do título de Licenciado em Música. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2009 
IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte. 
UFRN. Biblioteca Pe. Jaime Diniz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
S719b Souza, Priscila Gomes de. 
 A Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo 
Central em Natal-RN / Priscila Gomes de Souza. – Natal, 2009. 
 53 f. : il. 
 
 Orientador: Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de Souza. 
Monografia (Graduação) – Escola de Música, Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, 2009. 
 Bibliografia: f. 52-53. 
 
1. Música evangélica - Monografia. 2. Banda de Música - Monografia. 3. 
Religiosidade - Monografia. 4. Formação musical – Monografia. I. Título. II. 
Souza, Zilmar Rodrigues de. 
 
 RN/BS/EMUFRN CDU 783:37 
 
V 
PRISCILA GOMES DE SOUZA 
 
 
A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS 
DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN. 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Licenciatura em Música da Escola de 
Música da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (EMUFRN), como 
requisito parcial para obtenção do título de 
Licenciado em Música. 
 
 
 
Aprovado em: _____/ _______/ __________ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de Souza (orientador) 
 
 
 
Prof. Dr. André Luiz Muniz de Oliveira 
 
 
Prof. Ms. Danilo César Guanais de Oliveira 
 
 
NATAL 
2009 
VI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Daniel e Eunice, 
exemplos de vida para mim. 
VII 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
Á Deus, criador da vida. 
Ao professor Dr. Zilmar Rodrigues de Souza, pela orientação e apoio para contar esta 
história. 
A Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Natal no Rio Grande do Norte, na pessoa 
dos seus pastores e diretoria da IEADERN. 
A todas as pessoas entrevistadas e consultadas para a obtenção do material de pesquisa. 
A Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, na pessoa do seu maestro pastor Daniel 
Batista de Souza, pela infinita colaboração e ajuda. 
A professora Eunice, coordenadora pedagógica da Escola de Música da Igreja 
Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central em Natal, pela ajuda e orientações. 
A minhas irmãs, Pérsida e Ana Paula pelo carinho, amor e incentivo. 
Ao meu cunhado Ednaldo Júnior pela ajuda na informática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cantai ao Senhor um cântico novo, tocai bem e com alegria. 
Salmos 33.3(Bíblia Sagrada) 
 
IX 
RESUMO 
 
 
 
O objetivo deste trabalho é registrar a trajetória da banda de música da Igreja 
Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, no bairro do Alecrim, cidade do 
Natal-RN, atual Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, o mais antigo grupo 
instrumental evangélico pentecostal da cidade. A banda de música tem atuado nas 
liturgias e demais atividades religiosas da igreja, além de destacar-se como espaço de 
formação de novos músicos, representando um significativo momento na história da 
música evangélica da cidade do Natal. Entretanto, ainda não existindo um registro 
documental sobre este tema, foi feito um trabalho que se propôs a investigar e 
documentar elementos que permitiram mostrar esta trajetória, elaborando um histórico 
cronológico das atividades da banda de música da data de sua criação até a atualidade. 
Foi criado um registro documental, fazendo uso de regimentos, estatutos, partituras, 
fotos, depoimentos de músicos, revistas, jornais, análise das informações e de uma 
literatura inerente às discussões sobre música e religiosidade. Como também uma 
descrição relatando a prática e os aspectos do ensino de música na Igreja Assembléia de 
Deus do Templo Central através da banda de música. Este trabalho ao final é para que 
possa vir a contribuir, de algum modo, para a comunidade acadêmica e musical, 
evangélicos e demais interessados no assunto e publicações especializadas na área. 
 
 
Palavras-Chave: Música evangélica. Banda de Música. Religiosidade. Formação 
Musical. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
X 
ABSTRACT 
 
 
 
 
 
The objective of this study is to document the history of the band of the Evangelical 
Assembly of God Temple Center in the neighborhood of Rosemary, the city of Natal-
RN (now Philharmonic Gospel Genesis), the oldest evangelical Pentecostal group 
instrumental in the city. The band has performed music in the liturgies and other 
religious activities of the church, besides standing out as an area of training of young 
musicians, representing a significant moment in the history of gospel music in the city 
of Natal. However, even in the absence of a documentary record on this issue, we made 
a work that aims to investigate and document factors that would show this trend by 
establishing a chronological history of the activities of the band date of its creation until 
today. It created a documentary record, making use of bylaws, articles, scores, photos, 
and testimonials from musicians, magazines, newspapers, information analysis and a 
literature inherent in discussions of music and religion. As well as a description of the 
practice and reporting aspects of music education in the Assemblies of God Church 
Temple Central through the band's music. This work is the end that might contribute 
somehow to the academic community and music, evangelicals and others interested in 
the subject and specialist publications in the area. 
 
Keywords: Gospel Music. Band of music. Religiosity. Musical Training. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XI 
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1: Banda de Música da Assembléia de Deus - Belém (PA) 1936. ...................... 20 
Figura 2: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na Praça Gentil Ferreira, no 
Alecrim. .......................................................................................................................... 21 
Figura 3: A Banda de Música da Assembléia de Deus em Jundiá-RN. ......................... 24 
Figura 4: Banda de Música da Assembléia de Deus, tocando no Templo Central na 
inauguração da nova formação mista, 25/12/1974. ........................................................ 28 
Figura 5: 1º Formação de mulheres na Banda de Música da Assembléia de Deus em 25 
de dezembro de 1974. Anunciada, Euzamar, Eliane, Neide, Beta,Davina, Gorete,Denise, 
Nara, Otonilma. .............................................................................................................. 29 
Figura 6: Banda de Música da Assembléia de Deus do Templo Central visitando a 
cidade de Parelhas-RN, 1966.......................................................................................... 30 
Figura 7: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na Praça Gentil Ferreira,no 
Alecrim , na Semanada Bíblia, 1972. ............................................................................ 30 
Figura 8: Banda de Música da Assembléia de Deus desfilando nas ruas da Zona Norte 
de Natal, 1982. ................................................................................................................ 31 
Figura 9: Banda de Música da Assembléia de Deus - Templo Central, Aniversário - 
1991. ............................................................................................................................... 33 
Figura 10: Orquestra Gênesis – 1998, Natal/RN. Aniversário do 44º ano de Fundação.34 
Figura 11: 1ª Apresentação com instrumentos de cordas antes da inclusão de cordas na 
Orquestra Gênesis, 1998. Ana Paula, Miguel e Priscila no Aniversário do 44º ano de 
Fundação ......................................................................................................................... 35 
Figura 12: Cantata de Natal – 25 de dezembro de 1999. 1ª Apresentação da Orquestra 
Gênesis com instrumentos de cordas. ............................................................................. 36 
Figura 13: Nova formação com a inclusão de instrumentos de cordas e do novo nome: 
Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis – agosto de 2000. Aniversário do 46º 
aniversário de fundação. ................................................................................................. 36 
Figura 14: 1º Cd: Jerusalém de Ouro-2003 Natal/RN. ................................................... 37 
Figura 15: Símbolo e logomarca da OFEG. ................................................................... 37 
Figura 16: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis-agosto de 2006. Aniversário do 
52º aniversário de fundação. ........................................................................................... 38 
Figura 17: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. ...................... 41 
Figura 18: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. ...................... 42 
Figura 19: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. ...................... 43 
Figura 20: 1ª Maestrina a reger a Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis. Priscila 
Gomes de Souza - Agosto de 2004. ................................................................................ 44 
Figura 21: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos -OFEGAL ............... 45 
Figura 22: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos - OFEGAL .............. 45 
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file:///E:/Monografia_Priscila.doc%23_Toc254397101
XII 
Figura 23: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 28 de novembro de 
2009. ............................................................................................................................... 46 
Figura 24: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, dezembro de 2008. 
Templo Central, Natal/RN (1). ....................................................................................... 47 
Figura 25: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, dezembro de 2008. 
Templo Central, Natal/RN (2). ....................................................................................... 47 
Figura 26: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 28 dezembro de 2009. 
Templo Central, Natal/RN (3). ....................................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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file:///E:/Monografia_Priscila.doc%23_Toc254397105
XIII 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
 
CGADB ............... Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil. 
 
DEMAD.................. Departamento de Música da Assembléia de Deus. 
 
ESTEADEB............ Escola Teológica das Assembléias de Deus no Brasil. 
 
H.C ......................... Harpa Cristã. 
 
IEADERN................Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte. 
 
OFEG.......................Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis. 
 
OFEGAL ................Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XIV 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15 
 
1 A BANDA DE MÚSICA NO CONTEXTO EVANGÉLICO .................................... 17 
 
1.1 O cenário evangélico: aspectos introdutórios ........................................................... 17 
1.2 A Banda Evangélica ................................................................................................. 19 
 
2 A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS 
DO TEMPLO CENTRAL .............................................................................................. 23 
 
2.1 Surgimento e contexto .............................................................................................. 23 
2.2 A formação dos músicos........................................................................................... 26 
2.3 Repertório ................................................................................................................. 27 
2.4 A questão do gênero: a inserção da mulher na banda de música ............................. 28 
2.5 A banda: liturgias e demais atividades religiosas ..................................................... 30 
 
3 ORQUESTRA FILARMÔNICA EVANGÉLICA GÊNESIS (OFEG) ...................... 32 
 
3.1 A Orquestra Gênesis: entre a tradição e a modernidade ........................................... 32 
3.2 Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEG): a inclusão de instrumentos de 
cordas .............................................................................................................................. 343.3 OFEG: atuação, perfil e atividades desenvolvidas ................................................... 37 
3.4 A OFEG como espaço de formação musical ............................................................ 38 
3.5 OFEG: situando a prática musical em novos contextos de ensino e aprendizagem . 40 
 
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 49 
 
REFERENCIAS ............................................................................................................. 52 
 
 
15 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
O presente trabalho se propõe a relatar o surgimento, os contextos de tradição e 
modernidade, e a formação musical da Banda de Música da Igreja Evangélica 
Assembléia de Deus do Templo Central, no bairro do Alecrim, cidade do Natal-RN. A 
banda foi idealizada ainda no ano de 1938, sendo o mais antigo grupo instrumental 
evangélico pentecostal da cidade. Representando um significativo momento na história 
da música evangélica da cidade do Natal. 
Ainda se tinha a ausência de um registro documental que contasse esta história e 
registrasse a trajetória da Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do 
Templo Central. 
Este trabalho tem como objetivo registrar e mostrar esta trajetória, desde a sua 
fundação até os dias atuais, com a formação Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, 
onde atua nas liturgias e demais atividades religiosas da Igreja Assembléia de Deus do 
Templo Central de Natal, além de se destacar como espaço de formação musical na 
cidade. 
Foi elaborado um histórico cronológico das atividades da banda de música da data 
de sua criação até a atualidade. Também foi realizado uma coleta de fotos, depoimentos, 
reportagens para a elaboração de um registro documental. As atividades foram 
realizadas em etapas, feito primeiramente uma pesquisa documental e bibliográfica, 
leitura de estatutos e regimentos, jornais, revistas. 
Posteriormente foram feito as análises destas informações coletadas, como 
entrevistas com músicos, maestros, pastores, ex-componentes e componentes da banda 
de música. Este material serviu para a construção de um histórico da trajetória da banda 
de música e a contextualização dos fatos. Os depoimentos e entrevistas foram feitos 
alguns gravados e transcritos e outros foram feitos por meio de questionário. 
A investigação foi orientada pelos seguintes enfoques: A função da banda de 
música no contexto evangélico; A banda de música do Templo Central e a sua relação 
com a comunidade evangélica e liturgias e atividades; A banda de música na atual 
formação da Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis como espaço de formação 
musical. 
16 
Este trabalho foi tema também de um projeto de pesquisa cientifica que faz parte 
do Grupo de Estudos em Música (GRUMUS), pertencente à Escola de Música da 
UFRN, no qual participei como aluna de iniciação científica na graduação. 
O trabalho começa no primeiro capítulo fazendo um relato sobre a banda de 
música no contexto musical e evangélico, fazendo uma abordagem introdutória, 
relatando as mudanças de comportamento ocorridas no meio. Descrevendo a banda 
evangélica nas suas várias liturgias e especificidades como hinários, formações diversas, 
repertório, sua estrutura, questões relativas ao comportamento, à relação com o contexto 
militar, farda, repertório. 
Já no segundo capítulo, falaremos do surgimento e contexto da Banda de Música 
da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, no bairro do Alecrim, 
cidade do Natal e a formação dos músicos, repertório, a questão do gênero com a 
inserção da mulher, a banda na liturgia da igreja e atividades religiosas. 
No terceiro capítulo descreveremos a Orquestra Gênesis entre a tradição e 
modernidade, na transição para a formação atual, Orquestra Filarmônica Evangélica 
Gênesis (OFEG), e o espaço de iniciação e formação musical. Mostrando o 
desenvolvimento musical, os aspectos da prática e do ensino musical, a metodologia, a 
origem e a formação dos músicos, a escola de música da igreja, a Orquestra de Alunos 
(OFEGAL), as atividades de recital de alunos, repertório, estilos, formação 
instrumental. 
Fazemos a conclusão retomando os principais focos do trabalho. 
17 
1 A BANDA DE MÚSICA NO CONTEXTO EVANGÉLICO 
 
 
1.1 O CENÁRIO EVANGÉLICO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
 
Os evangélicos
1
 compreendem 26.184.941 milhões de pessoas, segundo o censo 
do ano 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
2
. Estudos de 
tendência demográfica apontam que estes números continuam a crescer. Ao longo das 
últimas décadas esse grupo religioso sofreu expressivas transformações no âmbito 
cultural e de comportamento. É importante salientar que ao tratarmos desse grupo, 
estamos nos referindo a diferentes denominações religiosas. 
Estas diversas denominações evangélicas, classificadas de igrejas históricas, 
igrejas pentecostais, comunidades, e igrejas neopentecostais existentes no Brasil, 
apresentam diferentes contextos litúrgicos e doutrinários, o que implica considerar que 
estamos falando também de modos diversos de apropriação da expressão musical. 
Segundo registra a musicóloga Henriqueta Rosa Fernandes Braga, num 
importante trabalho sobre a música evangélica no Brasil, a partir do ano de 1850, 
“começaram a chegar ao Brasil os primeiros missionários protestantes, sendo eles das 
mais variadas denominações evangélicas: congregacionais, presbiterianos, metodistas e 
batistas, que vieram com o objetivo de propagar a sua fé”. (BRAGA, 1960, p. 61). 
Surgem a partir daí, as primeiras igrejas evangélicas no Brasil, entre elas a 
Congregacional, Presbiteriana, Metodista e Batista. 
De modo geral, a música sempre esteve presente de modo significativo nos cultos 
das igrejas evangélicas, como parte do serviço litúrgico. Uma das características da 
Reforma Protestante feita pelo monge agostiniano e teólogo Martinho Lutero, em 1550, 
na Alemanha, foi de levar os fiéis a participar no serviço litúrgico, fazendo uso do canto 
congregacional. Até então a socialização do ritual litúrgico musical era restrita aos 
monges e coristas. 
 
1 O termo “evangélico", em alguns países anglo-saxões, se refere à quase todas as doutrinas cristãs protestantes. Na 
Alemanha, se refere especificamente aos membros da Igreja Luterana. No Brasil, o termo é utilizado para as correntes 
protestantes, sejam, tradicionais, pentecostais e neopentecostais. Muito embora, algumas correntes neopentecostais 
não sejam consideradas evangélicas, como por exemplo, a Universal do Reino de Deus. 
2 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 27 jan. 2010. 
http://www.ibge.gov.br/
18 
Tempos depois, a música na igreja evangélica ganhou espaço nas campanhas de 
evangelização ou, como é comum se chamar até hoje no meio evangélico, “cruzadas 
evangelísticas”, ou seja, a mobilização de grandes concentrações de pessoas em praças 
públicas, objetivando a propagação do Evangelho por meio de pregações e o uso da 
música. É importante salientar que, nos Estados Unidos, no inicio do século XX, 
dirigentes de cânticos, como Charles M. Alexander, usou pela primeira vez o piano num 
culto, o que de certa forma foi bem aceito pela comunidade evangélica. Em certo 
sentido, o uso da música e instrumentos, tinha como objetivo, além da sua função 
litúrgica, atrair a atenção das pessoas para essas reuniões. 
Nas cruzadas evangelísticas cantavam-se geralmente os chamados hinos 
evangelísticos, canções que eram adaptadas do folclore americano. Dwight Lyman 
Moody (1837-1899) evangelista e editor americano, sempre usava canções em suas 
pregações. Seu cantor mais freqüente nas campanhas de evangelização era Ira D. 
Sankey (1840-1908), cantor americano que também compunha hinos para as campanhas 
de evangelização de Moody. (VICENTINI, 2007, p. 102). 
No Brasil,Segundo Souza (2002), a música evangélica, durante o seu processo de 
formação, assimilou vários elementos oriundos da música popular, o que a converte 
num fenômeno complexo e dinâmico. Mesmo tendo-se uma carência de registros 
bibliográficos no que concerne a uma literatura brasileira específica desse fenômeno, 
como constatou o autor, o que se verifica é uma produção musical na qual cada uma 
dessas denominações (Presbiterianas, Batistas, Metodistas, Assembléias de Deus, dentre 
outras) possui peculiaridades litúrgicas e doutrinárias, fundamentados por suas 
ideologias e concepções. Essas especificidades acabam por influenciar no modo como 
cada uma dessas denominações concebe a música no âmbito litúrgico, com hinários 
específicos, formações corais e instrumentais diversas. 
Segundo Benjamim (1997, p. 68-69), “a música congregacional evangélica de 
igrejas tradicionais nos anos de 1940 e 1950 era acompanhada por órgão, harmônio 
(mais comum na região sul do país) ou o piano (região norte-nordeste)”. Nas igrejas 
batistas os músicos acompanhantes eram amadores. O fato é que os seminários 
teológicos incentivaram à prática musical, inserindo muitas vezes a música em seus 
currículos. 
Já a Igreja Assembléia de Deus, fundada em 1911, em Belém, Pará, “possue coros 
que cantavam em uníssono, pois poucas eram as pessoas que tinham uma formação 
19 
musical acadêmica ou conservatorial. As bandas marciais foram bastante comuns em 
suas igrejas”. (BRAGA, 1960, p. 221). 
Essa breve síntese panorâmica acerca da música evangélica, teve por objetivo 
oferecer subsídios para uma melhor compreensão dessa temática. 
Musicalmente o cenário evangélico passou por significativas transformações. Por 
volta de 1950 houve uma acentuada utilização de ‘‘corinhos’’ 
3
. em ritmo de marcha nas 
campanhas evangelísticas. Os corinhos, aos poucos, quebraram a rigidez devocional e 
litúrgica existentes nas igrejas, uma vez que já se aceitava o acompanhamento com 
palmas, coisa que não era comum no Brasil e instrumentos até então inaceitáveis no 
culto (como o violão, guitarra, bateria) por serem considerados profanos pelo meio 
evangélico. Anos mais tarde, a partir da década de 1970, as igrejas pentecostais 
começam a utilizar, em seus cultos, ritmos nordestinos característicos (como o baião e o 
xote, a música sertaneja tradicional e guarânea, entre outros estilos), e na década de 
1980, o Rock. (Souza, 2002, p. 87). 
 
 
 
1.2 A BANDA EVANGÉLICA 
 
 
 
Segundo o músico e compositor Donald P. Hustad, a música instrumental 
começou a ser usada no “Exército da Salvação”
4
. O cântico era dirigido por uma banda 
militar; isso permitia que o grupo evangelizasse nas ruas da cidade, e mediante, o 
auxílio da banda chamasse a atenção das pessoas. O movimento do Exército da 
Salvação depressa se espalhou por todo o mundo, e teve grande sucesso nos Estados 
Unidos. As bandas militares continuaram a ser uma característica de sua liturgia, 
evangelização e atividade educacional até os dias atuais. Orquestras e bandas pequenas 
se tornaram comuns nas igrejas, apresentando-se especialmente nas reuniões da Escola 
Dominical
5
 ou no culto à noite. 
 
3 Corinhos são melodias simples, breves e curtas, repetidas como um refrão, utilizando-se de uma linguagem bastante 
coloquial, facilmente memorizáveis e ritmados. 
4 Segmento religioso e evangélico cuja estrutura eclesiástica é semelhante hierarquia das patentes militares; uma 
espécie de organização religiosa e filantrópica, fundada por William Booth, (1829-1912), cristão metodista 
Wesleyano inglês. 
5 Culto matutino dominical no qual o objetivo é o ensino e estudo sistemático das doutrinas bíblicas. 
20 
Já o surgimento da banda de música no contexto evangélico do movimento 
pentecostal no Brasil, tendo a Igreja Evangélica Assembléia de Deus, como a sua maior 
expressividade, foi organizada oficialmente em 18 de março de 1936 em Belém do Pará. 
Cidade aonde dois missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, chegaram em 
19 de novembro de 1910. O movimento pentecostal eclodira em 1906 nos Estados 
Unidos. Movidos pelo entusiasmo dessa nova crença, Daniel Berg e Gunnar Vingren 
fundaram então, no dia 18 de junho de 1911 a Igreja Pentecostal no Brasil, com o nome 
provisório de “Missão de Fé Apostólica”, que posteriormente foi oficializado para Igreja 
Evangélica Assembléia de Deus, no dia 11 de janeiro de 1918 na cidade de Belém do 
Pará. 
Nesse contexto, a banda de música da Igreja Assembléia de Deus em Belém do 
Pará, surgia participando dos cultos, tocando os hinos do hinário oficial da igreja, a 
Harpa Cristã. Segundo registra o 
livro História Oficial da Igreja-
Mãe da Assembléia de Deus a 
banda foi idealizada pelo Senhor 
Trajano, então pastor da igreja e 
alguns membros que tocavam 
instrumentos musicais. Essas 
pessoas se reuniram para ensaiar 
sob a regência do senhor José Dias. 
A organização da banda de música 
da Assembléia de Deus em Belém 
do Pará começou a ser pensada a partir de conversas entre dois senhores membros da 
igreja, José Maria e Garcia, em 1935, quando viajavam em um bonde na cidade de 
Belém do Pará, na ocasião em que liam uma revista sueca, com fotografia de uma 
orquestra. Sentiram-se motivados para organizar uma também em Belém. A banda de 
música da Assembléia de Deus em Belém do Pará teve um professor de música por 
nome Juventino, que não era evangélico, mas que instruía os componentes para que as 
músicas ou hinos como denominados pelos evangélicos, fossem executados, segundo 
sua visão, com toda a “inspiração divina”. 
 
 
Fonte: Livro Oficial da Igreja-Mãe da Assembléia de Deus. 
Figura 1: Banda de Música da Assembléia de Deus - Belém (PA) 1936. 
21 
A banda de música de Belém do Pará foi oficializada no 
dia 13 de dezembro de 1954, composta por 21 componentes. 
Possuía muitos instrumentos de metal e sopro e poucas cordas. 
Fazia desfiles pela comunidade, tocando em datas 
comemorativas como no dia da Bíblia, todos uniformizados. 
(HISTÓRIA Oficial da Igreja-Mãe da Assembléia de Deus no 
Brasil, 2001, p.69-70). 
 
É preciso considerar que no livro da História Oficial da Igreja-Mãe da Assembléia 
de Deus (2001), descreve a banda de música da Assembléia de Deus em Belém do Pará 
como a primeira do Brasil, mas registramos que essa informação encontra-se 
equivocada, uma vez que a Banda de Música da Assembléia de Deus de Natal no Rio 
Grande do Norte foi fundada em 1 de agosto de 1954, portanto cinco meses antes da que 
está em Belém do Pará. 
Portanto, concluímos que a primeira e mais antiga Banda de Música da Igreja 
Evangélica Assembléia de Deus do Brasil a contar da sua fundação e oficialização é a 
Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Natal do Rio Grande do 
Norte . 
Nesse contexto, um fato merece destaque; o uso no discurso evangelístico de 
temas e linguagem militares e até a adoção da postura militar. “A simbolização do 
crente como “soldado de Cristo”
 6
, guiado pelo o “Grande General”
 7
. O “crente”, 
“soldado de cristo”, integrando o “exército de Deus”, combatente do mal, que luta 
contra as potestades mal”. (SOUZA, 2002, p. 85). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Soldados somos de Jesus / E campeões do bem, da luz; / Nos exércitos de Deus, batalhamos pelos céus, / Cantando, 
vamos combater, / O vil pecado e seu poder; / A batalha ganha está; / A vitória Deus nos dá. (Hino 305 da H.C) 
7 Lutemos todos contra o mal, / e vamos a Jesus seguir; / Ele é o nosso General, / E a glória do porvir! (Hino 108 da 
H.C) 
Figura 2: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na Praça Gentil Ferreira, no Alecrim. 
Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes 
22 
 
Podemos ver isto também em alguns dos hinos da Harpa Cristã, hinário da 
Assembléia de Deus. Temas como “batalha”, “combate contra o mal”,“guerreiros” 
 8
, 
“alvorada” e “soldado (de cristo)”. 
As bandas evangélicas, também, receberam forte influência militar, sobretudo 
por parte dos seus maestros e regentes que advinham das forças armadas e que 
incorporavam tais características ao grupo; até nos uniformes e fardas usados nas 
apresentações, que representava a figura do soldado. A banda de música foi marcada 
sempre pela disciplina, horários de ensaio, farda, que era sempre orientada e dito pelos 
seus regentes, cabendo ao músico, aceitar e obedecer. 
Neste contexto, a banda de música, se apresenta como uma das formações 
instrumentais de maior tradição e importância no âmbito de denominações evangélicas 
pentecostais como as Assembléias de Deus, sendo utilizada nos cultos e nas cruzadas 
evangelísticas. Sendo a banda de música importante canal na propagação da mensagem 
pregada pela Assembléia de Deus. 
Ainda conforme Braga (1960), a banda de música teve associação direta com a 
Igreja Evangélica Assembléia de Deus, sendo portadora de uma tradição que se 
associam as denominações pentecostais, principalmente a Assembléia de Deus. 
 
 
 
 
 
8 Os guerreiros se preparam para a grande luta / é Jesus, o capitão, que avante os levará. / A milícia dos remidos 
marcha impoluta; / Certa que a vitória alcancará!. (Hino 212 da H.C). 
23 
2 A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA 
DE DEUS DO TEMPLO CENTRAL 
 
 
2.1 SURGIMENTO E CONTEXTO 
 
 
A mensagem pentecostal que chegou ao Brasil no ano de 1910, com os dois 
missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, em Belém do Pará, trouxe o 
movimento de evangelização pentecostal para toda a região Norte e Nordeste, chegando 
ao Rio Grande do Norte em 1916, com alguns norte-rio-grandenses recém-convertidos a 
fé pentecostal advindos do Pará. Logo começaram a se reunir em residências para 
cultos e orações e à propagação da nova mensagem pentecostal
9
. 
Em abril de 1918, os Missionários Vingren e Berg enviaram para Natal um 
pregador eloqüente e versado nas Escrituras, por nome Adriano Nobre. Coube a esse 
evangelista a tarefa de implantar a Igreja, no Rio Grande do Norte. Foi ele quem 
realizou, às margens do Potengi, junto à ponte de Igapó, na data de 15 de abril de 1918, 
o batismo em águas dos primeiros seis crentes, em Natal; dois dias após, batizava mais 
duas irmãs; e, poucos dias depois, fazia um terceiro batismo, este num sítio por nome 
"Sumaré", em Goianinha. 
A Assembléia de Deus no RN - segundo a tradição oral - teve no evangelista 
Adriano Nobre, o seu primeiro pastor. O livro "História da Assembléia de Deus no 
Brasil", entretanto, reserva essa primazia ao irmão José Estumano de Morais, enviado 
pela Igreja-Mãe (Belém/PA), em 1919. Numa época no qual o contexto sócio-religioso 
se apresentava complexo. Nessa época padres católicos e outras denominações 
evangélicas tradicionais da cidade eram contrários aos adeptos da nova fé pentecostal, o 
que acabava por gerar conflitos entres esses cristãos. Os membros da igreja chegam a 
receber expressões pejorativas como ‘bodes’ ou ‘ capa-verde’. Há registros no qual se 
relata que essas pessoas muitas vezes eram discriminadas, dentre estas, o fato de lhes 
serem negados água, ou a venda de pão. 
A primeira sede do templo da IEADERN, inaugurado em 13 de janeiro de 1924, 
foi na Rua Amaro Barreto, no bairro do alecrim, em Natal (RN) e no dia 24 de janeiro 
 
9 Disponível em: < http:// http://www.ieadern.org.br/historia/ >. Acesso em: 28 jan. 2010 
24 
de 1937 tem-se a inauguração do novo templo passando este a se instalar à na Rua 
Manoel Miranda nº1425, até hoje endereço sede da IEADERN. 
Observam-se por longos períodos indícios de atitudes discriminatórias em relação 
aos evangélicos. Já com a banda em vias de consolidação, repercutia muito sua atuação 
nas evangelizações, e daí surgiam muitos convites para a banda tocar no interior do 
estado. A cidade de Jundiá (RN), segundo relato do ex-componente e atual pastor 
Diomédes Jacome, foi a primeira cidade a ser contemplada com uma visita da banda 
para tocar numa cerimônia (culto) de aniversário da congregação daquele município, o 
que, segundo o citado depoente, muito marcou a vida de todos os integrantes e do 
maestro Nelson Bezerril. Fato marcante para o grupo foi ainda o apedrejamento, após 
saírem do culto, voltando para Natal às 11h30m da noite, aproximadamente, sofrido por 
eles ainda decorrentes da intolerância religiosa vivenciadas no ano de 1949. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um grupo de 15 componentes já tocava mesmo antes da Oficialização da Banda 
de Música da Assembléia de Deus ocorrida no ano de 1954 pelo Pastor Nelson Bezerril. 
A Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, 
foi resultante de um movimento musical vivido na época em que a igreja em Natal vivia 
um crescimento e desenvolvimento, quando por ocasião sediou na década de 1930 a 1ª 
Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil- CGADB, com a vinda e 
presenças de 18 pastores e missionários, entre os quais: Lewi Pethrus 
(Estocolmo/Suécia), Gunnar Vingren e Daniel Berg, e outros missionários suecos em 
atuação no País, acompanhavam também os principais líderes nacionais. Sendo definido 
nesta ocasião a ida de todos os missionários estrangeiros para o Sul/Sudeste, e ao 
Norte/Nordeste ficando os pastores brasileiros, nesta ocasião foi criado o Jornal 
Figura 3: A Banda de Música da Assembléia de Deus em Jundiá - RN. 
10/12/1949 
Fonte: Acervo particular do Sr. Mário Rodrigues 
Fonte: Acervo particular do Sr. Mário Rodrigues 
25 
‘’Mensageiro da Paz’’, até hoje circulando nacionalmente e foi, também, tratado sobre o 
ministério e o trabalho da mulheres na igreja. 
Nesse contexto de expansão foram criados o Coral Filemon, da igreja em Natal, 
no ano de 1935, e um pequeno grupo instrumental que se apresentavam juntos na 
liturgia dos cultos, sendo estes dois grupos depois separados. O major Andrade, por esta 
ocasião, organizou e criou em 1938 o coral e a orquestra da igreja, que juntos cantavam 
e tocavam os hinos. Depoimentos e relatos do ex-componente e ex-regente da banda de 
música, o senhor Abinoam Praxedes, ex-componente (1965-1980) e ex-regente (1972-
1973 e 1980-1997), relatam que no ano de 1935, cinco músicos formaram um pequeno 
conjunto: Tenente Onel, (violoncelo), o senhor Saraiva (Saxofone), o senhor Nelson 
Bezerril (clarinete), Paulo Gonzaga (sax-soprano), e Afrodísio (clarinete). 
A Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do 
Norte (IEADERN), originou-se da iniciativa de alguns destes músicos, membros da 
igreja, entre eles: Nelson Bezerril (clarinete), Manoel Andrade, Paulo Gonzaga (sax-
soprano), Saraiva (bombardino) e Afrodísio (clarinete), no dia 24 de janeiro de 1938. 
No dia primeiro de agosto de 1954, o Pastor Nelson Bezerril
10
 fundava a Banda de 
Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Natal-RN, com 32 componentes 
do sexo masculino. 
O Pastor Nelson Bezerril foi um grande incentivador da música na igreja, com 
muita dedicação, incentivou o crescimento espiritual, técnico e patrimonial da banda de 
música. Chegando a comprar com recursos próprios e mandando trazer de navio todos 
os instrumentos musicais da recém-inaugurada banda de música da igreja. 
 
 
10 Os regentes que sucederam o pastor Nelson Bezerril foram, em ordem cronológica, Mário Rodrigues de Paiva, 
Clemenceau Souza Alves Ribeiro, Omar Batista da Silva, Otoniel Sotero, Emanuel Cícero de Lima, Jeremias Pedro 
de Souza Neto, Raimundo Matias Diniz, Abinoan Praxedes Marques, Pr. Daniel Batista de Souza, Paulo Henrique 
Albino da Silva e Pr. Daniel Batista de Souza novamente. 
 
26 
2.2 A FORMAÇÃO DOS MÚSICOS 
 
 
O primeiro professor de música da igreja foi o pastor Nelson Bezerril,que 
estudava clarinete na Escola de Música Santa Cecília em Natal, vindo posteriormente a 
assumir a regência da banda. Nelson Bezerril era enfermeiro e posteriormente foi diretor 
de um hospício localizado no bairro do Alecrim e nas horas vagas ele estudava 
clarinete. Começou a dar aulas de teoria e solfejo para as pessoas da igreja, no método 
Alex Garaudè. Sobre essa prática coloca o Sr. Abinoam Praxedes Marques: 
 
Os professores eram sempre os maestros ou os contramestres. Usava o 
Solfejo Alex de Garaudé, um pouco de Teoria Musical, e quando 
vagava ou tinha sobrando um instrumento se convocava o aluno mais 
adiantado, e nem sempre começávamos no instrumento de nosso sonho. 
Pois, se diziam entre os Maestros que quem começa pelo Sax-Horn, fica 
muito bom em leitura de partitura musical. 
 
 
Antes do Pastor Nelson Bezerril assumir a direção da banda de música, segundo 
relatos do ex-componente e ex-regente, o senhor Mário Rodrigues, os músicos eram 
contratados para tocar na igreja quando nesta havia alguma festividade, o que não 
agradava muito ao pastor, pois os mesmos não eram evangélicos. A partir de então o 
referido pastor, teve a iniciativa de ministrar aulas de teoria musical e solfejo e práticas 
instrumentais de sopro para os membros da igreja objetivando formar novo quadro de 
músicos evangélicos para a banda. 
Os músicos eram, em sua maioria, do sexo masculino, como veremos mais 
adiante. Somente no ano de 1974 as mulheres passam, mediante ao incentivo das aulas 
de música na igreja, a estudar música e posteriormente tocar na banda. Todos os alunos 
eram membros da igreja, pois não eram permitidos integrantes que não tivesse vinculo 
com a igreja. A maioria dos músicos da banda de música eram jovens da própria igreja 
De um modo geral, tinha-se a oportunidade de estudar música com mais 
freqüência nas igrejas, no escotismo, na Escola de Música da UFRN, e nas forças 
armadas. Nesse sentido, os membros da igreja, músicos, eram estimulados a entrar na 
Escola de Música da UFRN para aperfeiçoarem seus estudos. 
O aprimoramento dos músicos da Banda nas décadas de 1970 e 1980 teve como 
seu maior incentivador o senhor Adoniram Praxedes Marques, que trabalhava na Escola 
de Música da UFRN e dizia duas máximas: “Cada músico deve lutar para adquirir seu 
27 
próprio instrumento’’ (uma vez que os instrumentos eram todos da igreja), e, a segunda 
era: “a Escola de Música da UFRN é o lugar ideal para se progredir na teoria, no solfejo 
e na prática Instrumental”. (Adoniram, 2009). 
Da aula de música saíram muitos para o quadro das bandas militares, prefeitura e 
para orquestra do Estado. O pastor Nelson Bezerril, primeiro regente e fundador da 
banda de música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, tinha a 
preocupação em passar os seus conhecimentos musicais de teoria musical e solfejo e 
práticas instrumentais de sopro para os membros da igreja para que pudesse se ter e 
manter a continuidade do trabalho da banda de música tocando nos cultos e atividades 
da igreja. 
 
 
 
2.3 REPERTÓRIO 
 
 
O repertório executado pela banda, dizem respeito aos “hinos da harpa”, hinos 
avulsos, marchas religiosa, e dobrados Militar. Parte das partituras eram adquiridas nos 
arquivos das Forças Armadas e na Polícia Militar e com bandas de igrejas pertencentes 
a outros Estados como Rio de Janeiro, Recife e João Pessoa. Havia também 
compositores e arranjadores locais
11
. 
Atualmente, o seu repertório abrange composições sacras tradicionais como Tu és 
fiel Senhor, Grandioso és Tu, do repertório erudito são executadas as obras de J.S. Bach 
e G. F. Handel, estão ainda incluídos os hinos da Harpa Cristã. 
 
 
 
 
 
 
 
11 Entre esses, destacam se como compositores: Nestor, Clemenceau Ribeiro, Wilson Ribeiro. Os arranjadores: Omar 
Batista, Irmão Mário, Irmão Diniz, a minha pessoa, Geremias Pedro, Adoniram Prqxedes, Gilton Duarte, Paulo 
Albino, Getro Botelho, Jomessias, e outros que não me recordo. (Abinoam Praxedes) 
 
28 
2.4 A QUESTÃO DO GÊNERO: A INSERÇÃO DA MULHER NA BANDA 
DE MÚSICA 
 
 
O surgimento de mulheres na banda de música da Igreja Evangélica Assembléia 
de Deus em Natal-RN, deu-se por volta do ano de 1974, por meio da iniciativa do Dr. 
Jeremias Soares de Oliveira, ex-integrante da banda de música que tocou clarinete 
durante vários anos desde sua adolescência sob a orientação do maestro e pastor Nelson 
Bezerril, de quem foi aluno, aprendendo os primeiros solfejos musicais. 
A iniciativa para a inclusão da mulher na banda de música ocorreu quando de uma 
viagem de Jeremias Soares, ao Estado do Pará, na qualidade de Delegado Federal do 
Ministério do Trabalho e representante do Ministro do Trabalho no Estado do Rio 
Grande do Norte. Jeremias integrou uma comitiva para visitar as obras da hidroelétrica 
de Tucurui no Pará, e retornando da visita, pernoitou na capital, Belém, ocasião em que 
naquele domingo à noite, dirigiu-se ao templo central da Assembléia de Deus, sendo 
recebido pelo então Pastor Firmino da Anunciação Golveia, que o convidou para ser o 
pregador da noite. 
Segundo relato da senhora Eloyze Nahra, filha de Jeremias, e das primeiras 
mulheres a ingressarem na banda 
de música, causou profunda 
admiração ao seu pai naquele 
culto, a atuação da banda de 
música daquela igreja, que 
contava com um expressivo 
número de jovens moças, “com 
o desempenho digno da mais alta 
admiração, o que ele nunca havia 
visto em bandas de música das 
 Igrejas Assembléias de Deus no 
Brasil, até então”. 
 
Assim, ao chegar a Natal, na primeira oportunidade em que, fez a convite do então 
Pastor da igreja, João Batista, um relatório da viagem perante a igreja e diante da 
receptividade daquele fato, perante o próprio maestro, componentes da banda e do 
Figura 4: Banda de Música da Assembléia de Deus, tocando no 
templo central na inauguração da nova formação mista, 
25/12/1974. 
Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes 
29 
próprio Pastor, descreveu a estrutura da banda, composta por homens e mulheres. Tal 
iniciativa foi imediatamente aceita pelo pastor, maestro e demais membros da igreja. 
Segundo depoimento do senhor Abinoam Praxedes Marques, ainda no ano de 
1974 o pastor Nelson Bezerril vendeu um terreno no bairro de Tirol, em Natal, e com os 
recursos construiu o Salão da Banda de Música e comprou cinco clarinetes para atender 
essas novas componentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A partir de então muitas jovens mulheres se dispuseram a entrar na Escola de 
Música, no final do ano, no dia 25 de dezembro de 1974 foi inaugurada a Banda de 
Música mista da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Natal-RN. Entre as mulheres 
pioneiras na Banda de Música estavam na clarineta Neide, Davina, Euzamar, Gorete, 
Denise e depois Anunciada; na Flauta, Beta; no Saxofone Eloyse Nara e Eliane, 
Otonilma Sotero tocava na percussão. Também posteriormente a flautista Socorro Luna 
e a clarinetista Margareth. As senhoras Davina e Euzamar continuam tocando até hoje 
na atual formação. Isso demostra um singular simbolismo e significado que tem a 
orquestra da igreja na vida destas mulheres. 
 
 
 
. 
Figura 5: 1º Formação de mulheres na Banda de Música da Assembléia de 
Deus em 25 de dezembro de 1974. Anunciada, Euzamar, Eliane, Neide, Beta, 
Davina, Gorete, Denise, Nara, Otonilma. 
Fonte: acervo particular - Davina 
30 
 
2.5 A BANDA: LITURGIAS E DEMAIS ATIVIDADES RELIGIOSAS 
 
 
Inicialmente a “Banda do Templo Central”, como era também conhecida, tocava 
somente aos domingos e em festas especiais, e em dias de batismo, ocasião em que o 
indivíduo evangélico professava 
sua fé, mergulhando na água, 
por imitação ao batismo de 
Jesus Cristo por João Batista, 
conforme descreve o NovoTestamento, especificamente os 
quatro evangelhos. Tocava-se no 
culto os hinos congregacionais 
(da harpa ou cantor cristão) e 
ainda no meio do culto, um 
dobrado puramente militar, que 
depois passou a ser somente tocados nos desfiles. Era costume se tocar também antes e 
depois dos cultos. A banda de música participava de comemorações diversas como a do 
“Dia da Bíblia” anualmente com 
desfile pelas ruas de Natal e 
interior, fazendo-se presente 
também em grandes 
aglomerações evangélicas e 
públicas. A banda de música 
exerceu uma grande atividade 
visitando as congregações da 
Assembléia de Deus nos bairros 
de Natal e do Interior também, 
inclusive participando da 
inauguração de grande parte dos templos da Igreja Assembléia de Deus, erguidas nas 
cidades do interior do estado, tocando nos desfiles, batismos, cultos em praças e no 
culto no templo. 
 
Fonte: Acervo particular - Mário Rodrigues 
 
Figura 7: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na 
Praça Gentil Ferreira, no Alecrim , na Semana da Bíblia, 1972. 
Figura 6: Banda de Música da Assembléia de Deus do Templo 
Central visitando a cidade de Parelhas-RN, 1966. 
Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes 
31 
Corroborando com essa afirmação o Sr. Abinoam Praxedes relata: 
 
 
 
Desfilávamos em Natal no Dia da Bíblia, e em ocasiões especiais, 
tocávamos em praça pública nas grandes concentrações evangélicas 
tanto de nossa denominação como de outras que nos convidavam. No 
interior passávamos o dia começando pela alvorada que constava de um 
desfile às cinco horas da manhã para acordar a cidade e anunciar o dia 
de festa na Igreja. [...] Nós tocávamos quase que somente hinos avulsos 
contemporâneos que quando nos convidavam para o interior tínhamos 
que fazer um desfile improvisado em que eu, o próprio maestro, era o 
único que tinha coragem de tocar a tuba, pois os jovens não queriam a 
tuba por não gostar da estética e do peso dela principalmente num 
desfile longos. (PRAXEDES, 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8: Banda de Música da Assembléia de Deus desfilando nas ruas da Zona Norte de 
Natal, 1982. 
Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes 
32 
3 ORQUESTRA FILARMÔNICA EVANGÉLICA GÊNESIS (OFEG) 
 
 
3.1 A ORQUESTRA GÊNESIS: ENTRE A TRADIÇÃO E A 
MODERNIDADE 
 
 
É imprescindível lembrar as mudanças ocorridas na década de 1980 na música 
popular brasileira, decorrentes do uso das novas tecnologias de produção musical 
(teclados, baterias eletrônicas) e da grande projeção do rock na mídia. O que de certo 
modo acabava por influenciar no comportamento musical dos evangélicos, como bem 
apontou Souza (2002) em sua pesquisa sobre música evangélica. 
Nesse sentido, com o tempo, conforme descreve o Sr. Abinoam Praxedes 
Marques, ex-componente (1965-1980) e ex-regente (1972-1973 e 1980-1997), a 
estrutura instrumental da banda de música, o repertório e o próprio ato de desfilar, 
acabam por ficar menos atraente para os jovens. Na década de 1980 proliferaram-se as 
bandas (conjuntos com a formação instrumental e tradicional do rock - guitarra, baixo, 
bateria e teclado) em Natal (RN), influencia advinda, sobretudo da projeção nacional no 
meio evangélico de bandas como Rebanhão, Sinal de Alerta e Catedral e, aqui na cidade 
do Natal; Louvores dos Redimidos e o grupo Filadélfia. 
Para atrair jovens músicos foram introduzidos muitos hinos avulsos (extra-hinário 
oficial da igreja, ou seja, a Harpa Cristã), em estilos musicais que tinham maior 
aproximação com o gosto musical dos jovens da época. Além do que foram 
introduzidos instrumentos musicais como a bateria, o contrabaixo, o teclado 
(sintetizador) e a guitarra elétrica. Alguns destes, como o caso da bateria, até então não 
permitidos no âmbito da liturgia musical, pela associação com o “mundano”, com o 
rock e todos os elementos a ele associados (sexo e drogas). 
A partir de então, mais especificamente, na segunda metade da década de 1980, a 
Banda de Música passa por significativas mudanças. Sobre esse momento de transição 
pelo qual este grupo passou o Sr. Abinoam Praxedes coloca: 
 
Também esqueci de mencionar que no processo da modernização da 
Orquestra, surgiu, pasmem todos... isto com meu total apoio, assumindo 
todos os riscos, um grupo denominado Grupo Arca, regido por um 
militar recém-chegado da Marinha do Brasil, chamado Sgt. Samuel e 
como contra-mestre tinha o nosso trompetista Gilson Duarte. Este grupo 
tinha um ousado e moderno repertório evangélico trazendo hinos com 
33 
ritmos não muito aceitos no nosso meio tais como bossa nova e samba. 
Foi duro para os irmãos antigos ouvirem o hino 39 [da Harpa Cristã], 
muito cantado na Santa Ceia do Senhor, em ritmo de samba. Os 
músicos gostavam muito, e eu na visão de segurar os músicos na igreja 
eram quem "pagava o pato", tendo que dar explicações aos amados 
irmãos da igreja e do ministério. (PRAXEDES, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como se viu, no que concerne a Banda de Música da Igreja Assembléia de Deus, 
do Templo Central, esta nova roupagem da Banda com a introdução de novos 
instrumentos e a adoção de novos ritmos no repertório, desagradou à algumas pessoas 
da igreja. 
Em seguida, com essa nova formação instrumental, a Banda muda de nome. Foi 
escolhido, por maioria de votos, por meio de um concurso entre os componentes da 
Banda, o nome “Gênesis”, que dava a entender, para os componentes desse grupo, um 
princípio, um nascimento de um novo estilo de grupo musical que proliferaria, sem 
dúvida, nas outras congregações de Natal. 
É nesse contexto então, na ruptura de padrões estéticos e de comportamento até 
então inaceitáveis no meio evangélico, que se dá o surgimento da orquestra Gênesis, 
pontuada pela tradição musical da banda de música e pela modernidade, ao adotar novos 
estilos musicais e instrumentos. 
 
Figura 9: Banda de Música da Assembléia de Deus - Templo Central, Aniversário - 1991. 
Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes 
34 
 
 
 
3.2 ORQUESTRA FILARMÔNICA EVANGÉLICA GÊNESIS (OFEG): A 
INCLUSÃO DE INSTRUMENTOS DE CORDAS 
 
A mudança do estilo e da formação instrumental da Orquestra Gênesis para 
Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEG) começou quando em abril de 1997, 
o pastor Daniel Batista de Souza, vindo de São Paulo-SP, assumiu a direção da 
Orquestra Gênesis. A Orquestra Gênesis era composta apenas por instrumentos de 
metais, saxofones, madeiras, guitarra, baixo elétrico e bateria, não possuía ainda 
instrumentos de cordas característicos de uma orquestra sinfônica (violino, viola, 
violoncelo e contrabaixo). 
 Com o apoio da liderança da Igreja, foi reestruturado o Departamento de Música 
(DEMAD) e reativado a Escola de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no 
Templo Central em Natal com uma equipe de professores componentes da própria 
Orquestra. Fazendo parte desse projeto, foi implantado o ensino de instrumentos de 
cordas especificamente para compor a orquestra. 
Figura 10: Orquestra Gênesis – 1998, Natal/RN. Aniversário do 44º ano de Fundação. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
35 
 No ano de 1997 foram iniciadas as primeiras turmas de práticas de instrumentos 
de cordas, madeiras, metais, flauta doce, canto, teclado, violão, teoria musical módulo 1 
e 2. Os professores pioneiros em instrumentos de cordas foram os seguintes: Quefrem 
Lemoel Mendonça (Violino), Priscila Gomes de Souza (Violoncelo), Wallace Albino da 
Silva (Viola) e Willames Costa da Silva (Contra Baixo)
12
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No ano de 1999 começaram os primeiros ensaios com os instrumentos de cordas, 
com oito violinos, duas violas, dois violoncelos que uma vez por mês ajuntavam-se com 
os metais, madeiras, saxofones, bateria, percussão, teclado, baixo elétrico e guitarra.12
 Todos alunos da Escola de Música da UFRN. Willames Costa da Silva é atualmente professor 
substituto da EMUFRN. 
Figura 11: 1ª Apresentação com instrumentos de cordas antes da inclusão de cordas na 
Orquestra Gênesis, 1998. Ana Paula, Miguel e Priscila no Aniversário do 44º ano de 
Fundação. 
 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considere-se ainda nesse contexto de mudanças, que mais uma vez encontrou-se 
resistências às novas propostas sonoras. Num meio onde a tradição se perpetua as 
mudanças, não são vistas com bons olhos, uma vez que trata-se de mudanças 
comportamentais, na formação instrumental e repertório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em março de 2000 foi efetivada a nova formação instrumental com o nome de 
Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEG). Num período de dez anos, ou seja, 
desde a sua formação, o número de componentes da OFEG, passou de 28 para 137, 
tendo 90% dos componentes iniciados seus estudos na Escola de Música da própria 
igreja. Aonde desenvolve uma prática de ensino de música que falaremos adiante. 
Figura 12: Cantata de Natal – 25 de dezembro de 1999. 1ª Apresentação da Orquestra 
Gênesis com instrumentos de cordas. 
Figura 13: Nova formação com a inclusão de instrumentos de cordas e do novo nome: 
Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis – agosto de 2000. Aniversário do 46º 
aniversário de fundação. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
37 
3.3 OFEG: ATUAÇÃO, PERFIL E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
 
 
 
A OFEG tem por objetivo principal a participação na liturgia dos cultos, com 
repertório próprio (hoje arranjado por seus próprios componentes), acompanhando 
também os cânticos congregacionais, cantores e demais grupos. No ano de 2003 a 
OFEG realiza seu primeiro registro fonográfico, gravado no auditório Onofre Lopes da 
Escola de Música da UFRN. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A OFEG também desenvolve atividades evangelísticas, em locais públicos como 
praças, teatros, salas de concertos. Outras 
atividades que a Orquestra tem participado são 
os casamentos e os eventos especiais que 
ocorrem em nossas igrejas. 
Além disso, a Orquestra tem sido 
convidada para cultuar em outras igrejas 
evangélicas, servindo de incentivo para a 
formação de novos conjuntos orquestrais. 
Estes convites não se restringem às igrejas de Natal, mas também tem abrangido cidades 
de outros estados como: Recife (PE), João Pessoa (PB), além de diversas cidades do 
interior no Estado do Rio Grande do Norte. 
Figura 14: 1º Cd: Jerusalém de Ouro-2003 
Natal/RN. 
Figura 15: Símbolo e logomarca da OFEG. 
38 
A OFEG é composta de músicos membros da nossa igreja, de diversas faixas 
etárias e ocupações. Alguns músicos se profissionalizaram e hoje integram as bandas 
militares do nosso país e alguns fazem parte da Orquestra Sinfônica do Estado do Rio 
Grande do Norte, Bandas Militares. A sua atual formação é dividida entre os seguintes 
naipes: cordas (Violino, Viola, Violoncelo e Baixo acústico), madeiras (Flauta e 
Clarinete), saxofones (soprano, alto, tenor e barítono), metais (Trompa, Trompete e 
Trombone) e base (Bateria, baixo elétrico e teclado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.4 A OFEG COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO MUSICAL 
 
 
 
Depois de descrever e pontuar aspectos relacionados ao surgimento e 
consolidação desse grupo musical, chama-se atenção para outro aspecto desse 
fenômeno: o da educação musical propiciada por esse segmento religioso aos seus 
membros. 
 
Figura 16: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis-agosto de 2006. Aniversário do 52º 
aniversário de fundação. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
39 
Nasci na cidade de São Paulo (SP) em um lar evangélico. Meus pais, avós, tios e 
primos, tiveram uma educação cristã evangélica e grande parte da minha família teve 
um grande envolvimento com música na igreja, em corais, bandas, conjuntos 
instrumentais. Meus pais desde os seus onze anos começaram a estudar e frequentar as 
aulas de música ensinadas na igreja e tocaram na banda de música. 
Posteriormente ainda na juventude, meu pai, pastor, com formação musical e 
eclesiástica, assumiu a regência do coral e da orquestra da igreja, isto proporcionou a 
mim e as minhas irmãs, desde muito cedo poder acompanhar e participar de várias 
atividades e trabalhos musicais na liturgia dos cultos na igreja Assembléia de Deus em 
São Paulo. 
Ainda criança, participei de conjuntos infantis. Tudo isto foi um estímulo para que 
despertasse em mim o interesse em estudar e aprender música e tocar um instrumento. E 
incentivado pelo prazer de participar de um grupo, pelo puro prazer de estar 
participando de uma atividade musical na igreja ainda criança freqüentei as aulas de 
teoria musical e solfejo dado pelo meu pai nos cursos de música da igreja. 
Com o tempo, já na universidade, descobri que este estímulo para música advindo 
da igreja, não estava restrito somente a minha experiência. Observei o caso de vários 
artistas, celebridades, de fama nacional e internacional que começaram cantando ou 
tocando em suas igrejas. Como também constatei nos depoimentos colhidos, relatos que 
situam a igreja evangélica como grande incentivadora da prática musical. Essa 
impressão foi reforçada em conversas informais com colegas da universidade e 
professores, ocasiões em que destacavam que tinham se iniciado musicalmente na 
igreja. Nesse sentido, destaco o depoimento do Sr. Abinoam Praxedes Marques: 
 
Entrei para aula de música na IEADERN em 1965 e no final do ano iniciei a tocar na 
Banda. Meus irmãos mais velhos já tocavam na banda e continuavam estudando música 
na Igreja com os Maestros da época [...]. Eu cantava no coral infantil, regido pelo 
Missionário Edson Alves e participava da dramaturgia do Natal, isto já me dava um 
bom convívio musical, que é peculiar às crianças que participam na Igreja, findam se 
beneficiando com um bom desenvolvimento de suas potencialidades, entre as quais eu 
destaco o enfrentar de um público, fazer uso da Palavra no Púlpito da Igreja, isto é uma 
oportunidade rara na sociedade. (PRAXEDES, 2009). 
 
 
Um dos aspectos que merecem destaque no âmbito do processo de ensino e 
aprendizagem praticado no domínio da OFEG são as situações de aprendizagem 
propiciadas. Considere-se que o aprendiz tem oportunidade de socializar e aplicar seus 
conhecimentos em vários grupos e atividades litúrgicas como em várias ocasiões: 
40 
participação em ensaios, cultos, reuniões, escola dominical, batismo, festas e 
aniversários. Nesse sentido, apresento agora aspectos gerais relacionados ao ensino da 
música desenvolvido no âmbito da OFEG. 
 
 
Havia vários conjuntos (em uníssono) de hinos populares, havia a banda de música 
(modelo militar), e o coral, também havia Coral da Mocidade, e quartetos tanto 
masculino e misto. Depois surgiu uma banda infantil de percussão e flauta doce, que 
forneceu futuros músicos para nossa Banda. A Banda mantinha uma escola de música 
gratuita, pois, os que a procuravam eram em sua maioria pessoas carentes. Em sua 
maioria a origem e a formação dos músicos da banda de música eram de nossa própria 
aula de música. Alguns militares passavam tempos por aqui. (PRAXEDES, 2009). 
 
 
3.5 OFEG: SITUANDO A PRÁTICA MUSICAL EM NOVOS CONTEXTOS 
DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
 
A Escola de Música da IEADERN recebe esta intitulação dentro do Departamento 
de Música (DEMAD) porque atua no ensino de música da igreja, cujo objetivo principal 
é ensinar os membros, congregados da igreja e outros que queiram aprender música para 
compor os diversos conjuntos, grupos musicais, orquestra, atendendo a uma demanda 
interna e externa também, de pessoas de outras denominações e igrejas. A Escola de 
Música da IEADERN disposta destes objetivos mencionados acima, se reestruturou no 
ano de 1997.São oferecidos os cursos básicos de teoria musical/solfejo, curso básico de 
regência, curso básico de canto, curso de prática de instrumentos. A Igreja cede os 
espaços das aulas teóricas que pode ser nas dependências da própria Igreja ou na 
“ESTEADEB”, local onde funciona a Escola Teológica da Assembléia de Deus. 
Os alunos que procuram a escola de música da IEADERN são de vários bairros de 
natal e municípios vizinhos. Após os alunos freqüentarem doze aulas teóricas, ele é 
encaminhado para as práticas em instrumentos musicais. A escolha do instrumento fica 
a critério de cada aluno. Nas aulas práticas o aluno desenvolve escalas, trabalha-se 
repertório de hinos da igreja, geralmente da Harpa Cristã. Quando aluno estiver 
executando um repertório simples, e encaminhado para prática de conjunto, este 
trabalho é feito na Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos (OFEGAL), de 
que falaremos mais adiante. 
 
41 
 
O pré-requisito para matricular-se na escola de música é ter acima de oito anos, 
saber ler e escrever e dominar as quatro operações matemáticas. Não é limitada a idade, 
pois a escola acredita que adultos e terceira idade também são capazes de aprender no 
seu próprio ritmo. Isto tem sido constatado e provado ao longo dos anos relata à senhora 
Eunice Gomes dos Santos de Souza, pedagoga, coordenadora pedagógica da Escola da 
Música da IEADERN. Ela comenta que já recebeu alunos da terceira idade neste ensino 
de música, e muitos tem se destacado na prática de violão, teclado, sax-alto entre outros 
instrumentos. Eunice Gomes conta características do perfil dessa demanda: 
 
A maioria dos alunos que procura a Escola de Música da 
IEADERN e para atender o ministério de louvor de suas igrejas, 
como já falei, mais vem uma minoria procura para fins 
profissionais, ou seja, pretendem aprender música para fazerem 
concursos em bandas militares ou outros, mas tenho verificado 
que estes muitas vezes ficam pelo caminho, não desenvolvem 
tanto quanto aqueles que ver com o objetivo de atender o 
ministério de louvor de suas igrejas. Tenho comprovado que 
muito dos alunos que vem para Escola de música da IEADERN 
traz no coração o desejo de louvar na igreja e no decorrer dos 
estudos básicos buscam as escolas formais como a UFRN para 
aprimorar seus estudos. É notório que muitas destes prestam 
Figura 17: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
42 
concursos e passam nas bandas militares, orquestra sinfônica, e 
continuam também atuando na igreja sem perder o objetivo 
principal dos primeiros conhecimentos musicais. (SOUZA, 
2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A maioria dos componentes da OFEG é formada pela escola de música da 
IEADERN. O curso de teoria musical é obrigatório para cursar qualquer prática de 
instrumento. As vagas de teoria musical são destinadas a pessoas a partir de oito anos de 
idade até a terceira idade. As aulas de teoria musical tem a duração de doze aulas com 
assuntos diferentes relacionados à linguagem e estruturação musical com duração de 
uma hora e meia. Ao final do curso de teoria é realizada uma prova escrita com todos os 
conteúdos, a média para o aluno passar é sete, concluído a parte de teoria o aluno recebe 
um certificado pelo DEMAD de conclusão e participação no curso e é encaminhado 
para aula prática de instrumento. Para o curso de teoria musical o aluno paga uma taxa 
única referente a todo o material didático e pagamento do professor durante o período 
do curso, já na aula prática é cobrada uma taxa simbólica mensal, o aluno paga 
diretamente o professor do instrumento. 
A escola de música não recebe verbas e recursos de nenhuma instituição, quem 
arca com a manutenção das aulas são os próprios alunos. A igreja apenas cede a 
Figura 18: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
43 
utilização do espaço para ministrar as aulas de teoria e prática de instrumentos musicais. 
As aulas de teoria musical são ministradas aos sábados no período matutino na 
ESTEADEB. As aulas práticas de instrumentos são ministradas nas salas de aula do 
DEMAD no Templo Central. 
São oferecidas aulas duas vezes por ano de teoria musical, regência, canto, violão, 
teclado, bateria, guitarra, violino, viola, violoncelo, baixo, flauta transversal, clarinete, 
saxofone, trompete, trombone, tuba, trompa. Cada professor é voluntário não tendo 
nenhum vinculo empregatício com a IEADERN. O aluno é avaliado conforme sua 
participação e desempenho nas atividades propostas: testes e avaliação formal de 
aprendizagem. A metodologia utilizada são aulas expositivas, exercícios dirigidos, 
pratica de conjunto na OFEGAL. Quanto aos conteúdos é a teoria inicial da música: 
notas musicais, valores, claves, compassos, escalas, tonalidades, dinâmicas, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O objetivo principal da Escola de Música da Igreja é formar em curto prazo de 
tempo músicos para tocar na igreja. Os professores que ensinam na igreja são custeados 
pelas mensalidades dos próprios alunos não tendo vinculo empregatício com a igreja. 
Algumas congregações (pastores) adotam, ou patrocinam os membros custeando suas 
aulas de música. 
O DEMAD, com apoio da diretoria da Igreja, em fevereiro de 2001 criou a 1ª 
turma do curso básico de regência para estudar cinco matérias: regência, teoria musical, 
técnica vocal, preparo espiritual do regente e técnica de ensaio. Ouve uma grande 
procura por parte dos membros da igreja e no mesmo ano foram formadas duas turmas 
Figura 19: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
44 
com 60 vagas no total. As aulas aconteciam nas dependências da Escola Teológica da 
Assembléia de Deus do Brasil – ESTEADEB, com duração de nove meses e duas horas 
de aula, uma vez por semana, o que aconteceu todos os sábados. Todos os alunos 
pagavam uma taxa simbólica para a aquisição do material didático e pagamento dos 
professores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEGAL) é a continuação do 
estudo de música. Criada em 2002 com 36 alunos, funciona como uma extensão das 
aulas práticas da sala de aula, sendo um espaço para o desenvolvimento e prática em 
grupo dos alunos, além de desenvolverem a leitura das partituras, experiência em uma 
orquestra. Os ensaios acontecem uma vez por semana com duração de duas horas, e 
após alguns meses de preparação de repertório, começam a tocar semanalmente nos 
cultos de semana na igreja. Todos os anos, novos alunos entram, os mais adiantados vão 
Figura 20: 1ª Maestrina a reger a Orquestra Filarmônica Evangélica 
Gênesis. Priscila Gomes de Souza - Agosto de 2004. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
45 
ao final do ano para a OFEG. Sendo um celeiro na formação de muitos novos músicos 
na nossa igreja. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ensaios têm como objetivos: a- aprimorar os conhecimentos técnicos 
adquiridos nas aulas individuais 
de instrumento; b- desenvolver a 
prática de tocar em conjunto; c- 
preparar o grupo para a 
participação do louvor nos cultos; 
d- desenvolver a integração 
musical e espiritual com os alunos 
de outros instrumentos; e- 
desenvolver repertório musical de 
orquestra. Apresenta-se sempre 
no final do semestre ou do ano 
com um concerto musical especial. 
 
 
 
Figura 21: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos - OFEGAL 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
Figura 22: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos - 
OFEGAL 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
46 
 
Desde o ano de 1997 e até 2009 já freqüentaram o Curso Básico de Teoria 
Musical aproximadamente 2000 alunos.Destes 80% continuaram, ingressaram nas 
práticas de instrumentos musicais, prática básica de canto ou prática básica de regência. 
Destes 80%, aproximadamente equivalente a 1600 alunos. Dos 1600 alunos 40% 
escolheram prática básica de canto ou regência equivalente a 640 alunos. Do total 1600 
alunos, 60% escolheram prática de instrumentos equivalente a 640 alunos. Destes 640 
alunos, 30% escolheram prática de violão, 15% prática de violino, 5% prática de 
teclado, e 10% os demais instrumentos. Ficou constatado em depoimento que a procura 
pela prática de canto e regência se deve ao fato do aluno não precisar comprar seu 
instrumento e também a prática de canto atende as necessidades almejadas para compor 
os conjuntos vocais da igreja assim como cantar com a congregação na liturgia do culto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como observou a pedagoga Eunice Gomes, a procura pela prática de violão se 
deve ao fato de ser um instrumento mais acessível (quanto ao valor do instrumento) e 
também por ser um instrumento harmônico pode usá-lo individualmente para cantar 
solos e ter participações nas várias reuniões eclesiásticas. 
Figura 23: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 28 de novembro de 
2009. 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
47 
A prática do violino é muito procurada pelos alunos da Escola de Música da 
IEADERN, verificamos que o valor do instrumento, a prática de ensino da professora e 
do professor de violino 
são fundamentais nesta 
escolha. 
De todo modo a 
maior demanda ainda é 
por tocar instrumentos de 
sopro pelo desejo de 
prestar concurso para 
bandas militares, 
atentando para o fato que 
o maior objetivo deles 
estarem aprendendo a 
prática musical é servir 
voluntariamente na Igreja, tocando na OFEG (Orquestra Filarmônica Evangélica 
Gênesis). A senhora Eunice observa que um número expressivo de dezenas de alunos ao 
longo desses 12 anos de escola de música que ingressaram e hoje fazem parte tocando 
nas bandas militares do exército, aeronáutica, da policia militar, banda sinfônica da 
prefeitura, orquestra sinfônica do estado. 
 
 
 
 
 
Figura 24: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 
dezembro de 2008. Templo Central, Natal/RN (1). 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
Figura 25: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 
dezembro de 2008. Templo Central, Natal/RN (2). 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Destes 1600 alunos somente uns 10% equivalente a 160 ingressaram na 
EMUFRN entres os cursos Básicos, Técnicos, Licenciatura e Bacharelado em Música. 
Muitos alunos que ingressaram nos cursos básicos de instrumentos musicais na 
igreja já estão compondo a OFEGAL, OFEG, com isto verificamos que o ensino de 
musica na igreja faz o trabalho de base. Isto se deve ao grande estímulo que recebem na 
igreja, o incentivo dos pais, pastores leva as pessoas a uma socialização aliado ao prazer 
voluntário que tem de participar destes grupos. 
 
 
 
 
 
 
Figura 26: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, dezembro de 2008. Templo 
Central, Natal/RN (3). 
Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista 
49 
CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
Estatísticas apontam o crescimento expressivo e quantitativo que os evangélicos 
tem tido no campo da música instrumental, mais especificamente a erudita
13
. Em certo 
sentido, as Igrejas Evangélicas se tornam locais de ensino e formação musical. Que 
atuam diretamente na liturgia do culto, acompanhando os hinos e louvores nas igrejas. 
Dentre as Igrejas Evangélicas, a Assembléia de Deus é umas das igrejas dentre 
outras que mais formam músicos, assim como a Igreja Batista e a Congregação Cristã 
no Brasil. É fundamental apontar que a música na liturgia do culto da Igreja Assembléia 
de Deus do Templo Central ocupa 60% do tempo total do culto, que tem duas horas de 
duração
14
. 
Na Assembléia de Deus especificamente, as formações musicais são constituídas 
na maioria por instrumentos de sopro e metais, são responsáveis por grande propagação 
de bandas aonde se concentram naipes de metais e madeiras. 
Prova disto é que muitos músicos que hoje atuam em bandas militares, forças 
armadas, e orquestras brasileiras, são músicos evangélicos provenientes do ensino 
musical que aprenderam nas suas igrejas. Existe um grande incentivo por parte dos 
professores e regentes destas bandas e orquestras de incentivar os músicos da igreja 
depois de certo tempo estudando na igreja, de procurar uma escola de música formal 
para aperfeiçoar sua técnica no instrumento e ampliar os seus conhecimentos teóricos e 
de solfejo. 
Com isso a escola de música formal tem recebido grande quantidade de estudantes 
evangélicos, que na maioria tem buscado a música para o seu aperfeiçoamento. Este 
perfil pode ser explicado pela experiência prática precoce de tocar desde cedo nos 
 
13 “Os evangélicos dão o tom”. Revista Veja (06/06/2007). 
 
14 Prelúdio feito com 2 a 3 hinos pela OFEG ou outro grupo antes de começar o culto.Oração de abertura do culto; 2. 
Três hinos congregacionais (Harpa Cristã) acompanhados pela OFEG, com toda a igreja cantando; um hino pelo 
Coral Filemom; um hino pelo Conjunto Vitória, 1hino pelo Conjunto Betel, 1hino pelo Coral Jovem Rosa de Sarom 
na maioria acompanhado pela OFEG, Avisos das atividades da igreja e apresentações de visitantes, Leitura da Bíblia 
com toda a igreja, Oração pelo recolhimento das ofertas, Ofertório, neste momento o pastor designa quem cantará ou 
tocará durante o recolhimento das ofertas e dízimos voluntários, Pregação da Palavra, que dura uns 20 a 25 minutos, 
1hino congregacional (Harpa Cristã) acompanhado pela OFEG com toda a igreja, Oração Final, Benção Apostólica 
dada pelo pastor. 
 
 
50 
acompanhamentos dos hinos nos cultos e a participação em grupos vocais, corais. O que 
se enfoca mais neste sentido é em curto espaço de tempo preparar o músico para tocar, 
com isso o pouco conhecimento de teoria musical e solfejo só vai ser buscado depois 
num plano secundário. 
O crescimento de bandas e orquestras nas igrejas evangélicas coincidem com o 
bom momento no mercado de trabalho para músicos eruditos. Na orquestra sinfônica do 
Estado de São Paulo (OSESP), uma das mais conceituadas do país, trinta e cinco por 
cento dos músicos brasileiros são evangélicos
15
. 
Muitas oportunidades se abriram no mercado, muitos músicos evangélicos, 
formados em boas escolas voltam para lecionar nas igrejas onde aprenderam com isto 
ajudam a formar novos e melhores músicos e com isto a qualidade do ensino musical 
nas igrejas tem melhorado e crescido mais também a procura. 
Por meio deste trabalho monográfico concluímos que, a banda de música no 
contexto evangélico, ao ser inserido nas cerimônias religiosas, mobiliza e aglutina 
sentimentos coletivos. Sendo a banda de música considerada um fenômeno cultural e 
não somente musical, pois no geral, no contexto não evangélico, ela exerce no meio em 
que atua funções de natureza comunitária e pedagógica, além de ser um espaço propício 
a preservação do patrimônio cultural. Afirmamos, portanto, sendo o mais antigo grupo 
instrumental evangélico pentecostal da cidade, sua importância histórica no contexto 
que extrapola esse segmento religioso. 
Verificamos que um dos papéis mais importantes para a criação da banda de 
música foi a suas atividades nas evangelizações na capital e nas cidades do interior do 
RN, onde era muito requisitada para acompanhar os pastores nas aberturas e 
inaugurações de templos no interior do estado e com também em aberturas de 
congregações nos bairros da capital. 
Conforme observamos ao longo desta trajetória a banda de música tem atuado na 
liturgia e atividades da igreja, exercendo uma intensa atividade no acompanhamento dos 
hinos congregacionais e demais atividades

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