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Canto Coral

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Canto Coral
Profª. Mariana Lopes Junqueira
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profa. Mariana Lopes Junqueira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
J95c
Junqueira, Mariana Lopes
 Canto coral. / Mariana Lopes Junqueira. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 178 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-118-9
 ISBN Digital 978-65-5663-119-6
 1. Prática coral. - Brasil. 2. Coro. – Brasil. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
 CDD 780
III
apresentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Canto Coral! 
Canto coral é a prática de canto coletivo, que integra diferentes pessoas em 
busca de um objetivo comum, que é o de cantar em grupo. Assim, podem 
participar do coral pessoas de diferentes idades, classes sociais, etnias, até 
pessoas que não possuem nenhum conhecimento musical. Participar de 
um coro pode trazer muitos benefícios para as pessoas, tanto emocionais, 
quanto corporais, sociais e educacionais. Para além disso, o canto coral é 
uma atividade muito acessível, pois para que essa atividade possa acontecer, 
geralmente se precisa um piano, cópias de partituras e da boa vontade dos 
participantes, ou seja, ela não demanda um grande investimento financeiro. 
A disciplina de Canto Coral tem como objetivos desenvolver 
conhecimentos sobre a técnica e saúde vocal aplicados ao coro e conhecer 
aspectos básicos dos diferentes tipos de formação vocal, a regência coral e os 
benefícios atrelados à participação do coro. 
Este livro está organizado em três unidades. Na primeira unidade, 
conheceremos os principais acontecimentos que envolvem a música vocal 
durante cada período, desde a Pré-História até os dias atuais. Abordaremos 
também os principais acontecimentos da música vocal no Brasil. 
Na segunda unidade, conheceremos os diferentes tipos de grupos 
vocais e sua formação, e refletiremos sobre a classificação vocal em cada 
grupo, assim como refletiremos sobre a importância da técnica vocal no 
canto coral e os benefícios de se participar do coro.
Na terceira unidade, conversaremos sobre a educação musical na 
prática coral, o regente e as várias funções que ele desempenha no coro e 
sobre a regência coral. Durante todo o livro, daremos sugestões de vídeos 
para ampliar o seu conhecimento sobre o assunto, assim como sugestões de 
exercícios. É importante que você assista os vídeos para complementar seus 
estudos e realize os exercícios sugeridos!
Bons estudos!
Profᵃ. Mariana Lopes Junqueira
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 - O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS ..................................1
TÓPICO 1 - O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO ............................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 PRÉ-HISTÓRIA .......................................................................................................................................3
3 ANTIGUIDADE ......................................................................................................................................5
4 IDADE MÉDIA .......................................................................................................................................7
5 RENASCIMENTO ................................................................................................................................13
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................18
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................19
TÓPICO 2 - O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS ..................................................21
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................21
2 BARROCO..............................................................................................................................................21
3 CLASSICISMO .....................................................................................................................................24
4 ROMANTISMO ....................................................................................................................................28
5 SÉCULO XX ATÉ OS DIAS ATUAIS ................................................................................................32
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................34
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................36
TÓPICO 3 - O CANTO NO BRASIL ....................................................................................................37
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................37
2 PERÍODO COLONIAL ........................................................................................................................37
3 BRASIL IMPÉRIO ................................................................................................................................39
4 REPÚBLICA VELHA ............................................................................................................................41
5 ESTADO NOVO ...................................................................................................................................416 CANTO CORAL NO BRASIL ............................................................................................................44
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................46
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................53
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................55
UNIDADE 2 - A MÚSICA VOCAL EM GRUPO ...............................................................................57
TÓPICO 1 - GRUPOS VOCAIS ............................................................................................................59
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................59
2 CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS VOCAIS ..................................................................................59
2.1 FAIXA ETÁRIA ...............................................................................................................................60
2.2 AGRUPAMENTO DE VOZES .......................................................................................................63
2.3 REPERTÓRIO ...................................................................................................................................64
2.4 INSTITUIÇÕES ................................................................................................................................67
2.5 ESTRUTURA DO GRUPO ..............................................................................................................68
2.6 PARTICIPANTES .............................................................................................................................68
3 CLASSIFICAÇÃO VOCAL .................................................................................................................69
3.1 CORO INFANTIL ...........................................................................................................................69
3.2 CORO INFANTO JUVENIL, JUVENIL E JOVEM ......................................................................70
sumário
VIII
3.3 CORO ADULTO E DE TERCEIRA IDADE ..................................................................................73
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................77
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79
TÓPICO 2 - TÉCNICA VOCAL.............................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81
2 POSTURA E RELAXAMENTO ..........................................................................................................81
2.1 EXERCÍCIOS DE POSTURA E RELAXAMENTO ......................................................................82
2.2 POSTURA AO CANTAR ................................................................................................................84
3 RESPIRAÇÃO........................................................................................................................................85
3.1 EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO ...................................................................................................86
4 VOCALIZES ..........................................................................................................................................87
4.1 EXERCÍCIOS .....................................................................................................................................88
5 HIGIENE VOCAL .................................................................................................................................94
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................97
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................98
TÓPICO 3 - BENEFÍCIOS DE PARTICIPAR DO CANTO CORAL ............................................101
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101
2 BENEFÍCIOS SOCIAIS .....................................................................................................................101
3 BENEFÍCIOS EMOCIONAIS ...........................................................................................................103
4 BENEFÍCIOS CORPORAIS ..............................................................................................................104
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................106
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
UNIDADE 3 - O CANTO CORAL COMO EDUCAÇÃO MUSICAL .........................................115
TÓPICO 1 - EDUCAÇÃO MUSICAL NO CORAL .........................................................................117
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117
2 CANTO CORAL E A EDUCAÇÃO MUSICAL ............................................................................118
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO MUSICAL NAS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS .........................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 NO TRABALHO COM CRIANÇAS ...............................................................................................129
3 NO TRABALHO COM ADOLESCENTES ....................................................................................134
4 NO TRABALHO COM ADULTOS E TERCEIRA IDADE .........................................................140
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................145
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146
TÓPICO 3 - O REGENTE .....................................................................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 OS VÁRIOS PAPÉIS DO REGENTE ..............................................................................................149
3 CONHECIMENTOS E HABILIDADES DO REGENTE .............................................................151
4 O ENSAIO ............................................................................................................................................157
5 REGÊNCIA CORAL ...........................................................................................................................161
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................164RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................173
1
UNIDADE 1
O CANTO NOS DIFERENTES 
PERÍODOS HISTÓRICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer sobre a evolução do canto nos diferentes períodos históricos;
• refletir sobre as diferentes concepções de canto durante a história;
 
• apreciar obras vocais de diferentes estilos;
• conhecer a história da música vocal no Brasil;
• refletir sobre a prática educativa vocal no Brasil.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
TÓPICO 2 – O CANTO DO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
TÓPICO 3 – O CANTO NO BRASIL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
1 INTRODUÇÃO
O coro vem do termo grego choros, e “em sua origem, choros representava 
um conjunto de aspectos que, somados, iam ao encontro do ideal do antigo drama 
grego de Ésquilo, Sófocles e Eurípides. O conjunto consistia em Poesia, Canto 
e Dança” (ZANDER, 2003, p. 160). Já o cristianismo adotou o termo com outro 
sentido, do termo latino chorus, que significa o grupo da comunidade que canta. 
Inicialmente, a prática do coro era uníssono. Somente a partir do Século XV é que 
se obteve o conhecimento de coros com mais vozes (ZANDER, 2003).
Atualmente, o canto coral é a prática de canto coletivo, e existem vários 
grupos de canto coral. Você sabe como começou o canto coral? Tem-se registro 
de que o canto está presente na vida das pessoas desde os povos primitivos. 
Conheceremos, a partir de agora, os principais acontecimentos sobre o canto 
durante os diferentes períodos históricos, para compreender suas mudanças 
e evolução. Como este é um assunto muito amplo, destacamos os principais 
acontecimentos que envolvem a música vocal durante cada período. Alguns dos 
pontos que estudaremos aqui já foram abordados nos livros das disciplinas de 
História da Música, assim, esses pontos servem também como uma retomada dos 
conteúdos estudados nessas disciplinas.
Ao longo da unidade, sugeriremos alguns exemplos musicais, para que você, 
acadêmico, possa relacionar, por meio da apreciação musical, o assunto que está sendo 
abordado. Dessa forma, é importante que você acesse os vídeos, para que possa aprofundar 
seus estudos.
NOTA
2 PRÉ-HISTÓRIA
Não existem documentos que registrem como era o período pré-histórico, 
mas alguns desenhos realizados pelos homens primitivos em pedras, conhecidos 
atualmente como arte rupestre, nos dão pistas de que a música já estava presente 
nesse período. No início, o som musical produzido pelo homem era uma imitação 
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
4
dos sons que ele ouvia na natureza. Ao modificar a abertura da boca para imitar 
esses sons, o homem descobriu que produzia diferentes sons vocais, o que pode 
ter sido seu primeiro contato com o canto (CAVINI, 2011). 
No quadro a seguir você pode observar uma sucessão hipotética que 
Cavini (2011) aborda baseada em Candé (1994), sobre a evolução da música na 
Pré-História, de acordo com cada etapa desse período:
QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DA MÚSICA NA PRÉ-HISTÓRIA
Período Terciário
O homem possuía uma organização rítmica 
rudimentar, realizava batidas com bastões, 
percussão corporal e sacudiam objetos.
Paleolítico Inferior
O homem expressava suas necessidades 
elementares por meio de gritos, e imitava os 
ritmos e ruídos da natureza pela boca e laringe.
Paleolítico Médio
O homem começou a ter controle de altura, 
intensidade e timbre de sua voz, conforme as 
demais funções cognitivas eram desenvolvidas, 
com emoção ou intensão expressiva.
Paleolítico Superior
Aquisição de consciência musical. O homem 
torna-se apto a falar e a cantar. Criação dos 
primeiros instrumentos musicais capazes de 
expressão artística, que imitavam os sons da 
natureza. Os homens acreditavam que esses 
instrumentos tinham um caráter mágico.
Paleolítico Superior e 
Mesolítico
Criação de instrumentos feitos de pedra, 
madeira e ossos que permitiam a produção de 
altura determinada. Distinção entre o canto e a 
fala, e entre a dança e a música instrumental da 
expressão gestual sonorizada.
Neolítico
Criação de membranofones e cordofones a 
partir do desenvolvimento e domínio do uso 
de ferramentas, construção dos primeiros 
instrumentos musicais possíveis de serem 
afinados.
Idade do Cobre e do 
Bronze
Criação de instrumentos de cobre e bronze, 
que permitiam uma execução mais sofisticadas. 
Surgimento das primeiras civilizações musicais 
com sistemas próprios de escala e harmonia.
FONTE: Adaptado de Cavini (2011)
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
5
Para os povos primitivos, a música era considerada um símbolo de magia, 
uma vez que nos mitos e lendas, a música era de origem divina e simbolizava 
a ligação entre o homem e as divindades. Dessa forma, por meio de um ritual 
de dança se estabelecia a comunicação dos pedidos dos homens com os deuses. 
Acreditava-se, por exemplo, que ao imitar o som da chuva, isso poderia atrai-la. 
O representante desse poder é conhecido como o feiticeiro, sacerdote, chefe ou 
cacique. Ele possui o conhecimento das melodias e ritmos sacros e é guardião dos 
instrumentos de culto.
Desde as culturas primitivas, a prática da música em conjunto tinha como 
característica o agrupamento em torno de um centro. No centro se encontrava o 
chefe, o guia do canto ou da dança. Atualmente, as orquestras e coros geralmente 
se agrupam no formato de semicírculo em redor de um guia, o regente. A 
condução dos grupos primitivos era realizada pelo chefe que cantava ou batia 
inicialmente os ritmos que seriam utilizados, para serem repetidos. Esses são os 
primeiros vestígios da regência (ZANDER, 2003). 
3 ANTIGUIDADE
Apesar de já existir a escrita neste período, há poucos registros sobre a 
música, uma vez que vários documentos se perderam. Neste período havia os 
povos da Mesopotâmia (sumérios, babilônios e assírios), hebreus e fenícios, 
egípcios, medos e persas, chineses, gregos e romanos. Por meio de baixos-relevos, 
mosaicos, afrescos e esculturas, sabe-se que a música desempenhou um papel 
importante na vida desses povos. 
Neste período, a música ainda está relacionada à magia, conforme 
podemos observar no quadro a seguir:
QUADRO 2 – A MÚSICA DOS DIFERENTES POVOS
Sumérios Possuíam uma música de estilo religioso que estava presente em cerimônias solenes ou familiares.
Babilônios Compunham músicas que tinham a intenção de animar as tropas durante a batalha e músicas que alegravam os banquetes e festas.
Assírios
A música era símbolo de poder, respeito e vitória para os assírios. 
Após os reis e deuses, os músicos eram os mais reverenciados. Nas 
batalhas, apenas os músicos dos povos conquistados eram poupados. 
Era provável que na Assíria os ricos mantinham uma orquestra de 
mulheres, com cantoras e instrumentistas.
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
6
Hebreus
A música hebraica possuía caráter religioso, guerreiro, festivo e de 
lamentação. A Bíblia é uma fonte documental sobre a música hebraica, 
nela se tem registro que na época do rei Davi que também era poeta, 
músico e compositor, havia a formação de coros com mais de mil 
vozes. Um outro exemplo é o livro de Salmos, que traz o registro das 
letras dos cantos com a inscrição deacompanhamentos instrumentais. 
Sabe-se que os cantos de oração dos hebreus, baseavam-se em 8 modos 
que provavelmente estavam relacionados ao calendário, e que havia 
uma espécie de improvisação vocal, o hazanut. Supõe-se que a música 
era homofônica (com uma linha melódica), e era acompanhada por 
ritmos e associada à palavra e ao gesto.
Egípcios
A música consistia em cantos acompanhados por instrumentos e 
danças, que podiam ser de júbilo ou luto. Para eles, a música era 
praticada como uma ciência oculta em poder da casta dos sacerdotes. 
As mulheres tinham um papel importante no conjunto musical. No 
Egito, os músicos ocupavam uma posição subalterna. 
Chineses
A música estava sob a inspeção e proteção do Estado. Confúcio 
(considerado um dos mais importantes filósofos chineses), 
recomendava para os chefes do Estado, o conhecimento e o domínio 
da música como fundamento para a sabedoria. A música estava 
ligada à vida de culto e à vida política. Na música chinesa as vozes 
caminhavam em uníssono ou em 8as, e às vezes em 5as e 4as paralelas. 
Havia o She-Tzing, que era um livro de poemas cantados e recitados, 
que era muito utilizado. 
Gregos
Os deuses eram os doadores da música e os heróis seus mediadores. 
Para Platão e Aristóteles, a música possuía um cunho ético. Dessa 
forma, a boa música permitia a conservação e construção do Estado, 
e a música má era destrutiva do Estado. A música na Grécia Antiga 
estava presente em quase todas as ocasiões como em cerimônias 
religiosas, festas profanas, manifestações da vida pública, jogos 
esportivos, funerais, teatros e combates. O canto coral já era praticado 
entre os gregos, com acompanhamento instrumental, sendo que suas 
formas mais importantes eram: Pean (canção em honra à Apolo), 
Ditirambo (canção do culto à Dionísio), Hino (canção solene dedicada 
aos deuses), Treno (canção de lamento fúnebre), Himeneu (canção da 
noiva) e Escolion (canção de beber). Nos jogos Olímpicos Gregos, 
além de competições esportivas, também aconteciam competições de 
poesias e músicas, sendo que os vencedores eram exaltados ao som 
de grandiosos coros.
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
7
Gregos
A partir do século VI a.C., o teatro grego se desenvolveu. As tragédias 
e comédias gregas eram acompanhadas por música, dança e poesia. 
O coro narrava a história atuando como conselheiro e consciência 
do personagem, representando a voz divina. O coro era sempre 
cantado, podendo ser acompanhado pela lira ou flauta. Mais tarde, 
nas tragédias foram introduzidas partes para a voz solista (monodia). 
O coro nas tragédias era composto de 12 a 15 cantores, esse número 
podia chegar a 24 cantores nas comédias. Os artistas encenavam as 
peças usando máscaras, que tinham também como função fazer com 
que o som ressoasse, tornando as vozes dos artistas mais audíveis. 
Na cultura helênica, somente os homens podiam participar das 
apresentações, sendo que os papéis femininos eram representados 
por homens com máscaras de feições femininas.
EXEMPLOS DE MÁSCARAS USADAS NO TEATRO GREGO
FONTE: <https://bityli.com/FpCGr>.
Acesso em: 24 fev. 2020.
FONTE: Adaptado de Cavini (2011)
4 IDADE MÉDIA
Na Idade Média, o cristianismo fundamenta o pensamento religioso. O 
cristianismo dominou os principais centros que abrigavam a Arte, de forma que 
muitos elementos passaram a fazer parte do serviço da igreja. Na Idade Média, 
houve um desaparecimento das tradições da prática musical romana, uma vez 
que a maior parte desta música estava associada a práticas sociais que a igreja via 
como horror, ou a rituais pagãos que a igreja queria eliminar, assim esse tipo de 
música foi afastado da igreja. Outro elemento que foi rejeitado pela igreja foi o de 
cultivar a música apenas pelo prazer que ela proporciona, assim como as formas 
e tipos de música associados aos grandes espetáculos públicos (como festivais, 
concursos e representações teatrais) (GROUT; PALISCA, 2007).
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
8
Na Idade Média havia dois tipos de música: 
• A música sacra, sob o domínio do canto gregoriano, sendo considerada a 
música oficial.
• A música profana, que era a música popular, e era considerada a não oficial.
Nesse sentido, a música sacra era considerada a música que conduzia o ser 
humano a algo superior e a música profana era desprezada. O canto gregoriano 
ou cantochão é um canto tradicional da igreja católica que possui as seguintes 
características:
• É formado por uma única melodia.
• Não possui acompanhamento instrumental.
• Geralmente as melodias se mantinham dentro de uma oitava.
• Desenvolvia-se com suavidade por meio de intervalos de um tom.
O cantochão era composto sobre textos litúrgicos latinos, assim seu ritmo 
era irregular, de acordo com as acentuações das palavras e o ritmo da língua 
latina. Os cantos eram expressos de dois modos: 
• Antifônico: no qual os coros cantavam alternadamente.
• Responsório: no qual as vozes do coro respondem a um ou mais solistas 
(BENNETT, 1986).
No período em que ainda não havia uma notação musical, os cantos eram 
transmitidos oralmente. Dessa forma, eles sofreram inúmeras interpretações e 
modificações melódicas.
Você pode ouvir como exemplo de cantochão, a Salve Regina, acessando o 
link: https://www.youtube.com/watch?v=CAmydVsNMqM.
DICAS
FIGURA 1 – TRECHO DO HINO UT QUEANT LAXIS LIBER USUALIS
FONTE: <http://www.scielo.br/img/revistas/pm/n18/a3fig2.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2020.
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
9
No Século IX surgiram as primeiras músicas polifônicas (com duas ou 
mais linhas melódicas combinadas simultaneamente). Ars Antiqua foi o período 
relacionado ao início do desenvolvimento da polifonia no norte da França 
(aproximadamente entre 1240 até 1320). Este período se confunde com a Escola 
de Notre Dame uma vez que os compositores dessa época, cultivavam os mesmos 
gêneros musicais.
A partir de 1163, Paris se tornou um centro musical, quando iniciou a 
construção da catedral de Notre Dame. Neste período, a polifonia se desenvolveu, 
especialmente com a música escrita por compositores que atuavam junto à 
Catedral de Notre Dame.
FIGURA 2 – CATEDRAL DE NOTRE DAME
FONTE: <http://www.qualviagem.com.br/wp-content/uploads/2017/09/iStock-465616584.jpg>. 
Acesso em: 19 fev. 2020.
Desses compositores, dois ficaram conhecidos: Leónin (1135-1201, 
primeiro mestre do coro da catedral) e Pérotin (1160-1230, sucessor de Léonin). 
Foi na escola de Notre Dame que a polifonia se desenvolveu. 
FIGURA 3 – LÉONIN E PÉROTIN
FONTE: <http://albertoviana.net/imagens/leonin.jpg>; <http://albertoviana.net/imagens/perotin.
jpg>. Acesso em: 19 fev. 2020.
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
10
Léonin compôs na voz tenor notas com durações muito longas, assim os 
tenores precisaram ser auxiliados ou substituídos por instrumentos. Acima da 
linha do tenor, ele escreveu um solo para uma voz que passou a ter o nome de 
duplum que possuía uma notação mais rápida. Essas vozes eram parecidas com 
as de dança.
FIGURA 4 – ALELUIA PASCHA NOSTRUM (ORGANUM DUPLO)
FONTE: <https://bityli.com/rWx7f>. Acesso em: 19 fev. 2020.
Pérotin acrescentou uma terceira (triplum) e até uma quarta voz 
(quadruplum), ao organum duplum. 
Ouça Viderunt Omnes composta por Léonin no link: https://www.youtube.
com/watch?v=jbCxiFiPkk4, e composta por Péron no link: https://www.youtube.com/
watch?v=3oaRM1uDsw8. 
Você conseguiu perceber a diferença entre as duas composições? A composta por Péron, 
foi composta para mais vozes.
DICAS
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
11
Um dos gêneros da Ars Antiqua foi o organum. A forma mais antiga de 
organum é o organum paralelo no qual a voz organal (voz adicionada) tinha a função 
de duplicar a voz principal em um intervalo de quarta ou quinta descendente. 
FIGURA 5 – ORGANUM PARALELO
FONTE: <https://bityli.com/ECBDp>. Acesso em: 24 fev. 2020.
Acompanhe um exemplo de organum paralelo, no link: https://www.youtube.com/watch?v=QH71sxmG9wY&list=RDQH71sxmG9wY&index=1.
DICAS
No Século XI, aproximadamente, a voz organal passou a se libertar de sua 
função de duplicar a voz principal, que ficou conhecida como organum livre. Além 
do movimento paralelo, passou a ser composta com mais três movimentos, são eles:
• Movimento contrário: quando a voz principal fazia o movimento ascendente, a 
voz organal fazia o movimento descendente e vice-versa.
• Movimento oblíquo: permanecendo fixa enquanto a voz principal se movia. 
• Movimento direto: seguindo a mesma direção da voz principal, alternando os 
intervalos.
Nesse estilo de composição, a voz organal podia ser escrita acima da voz 
principal.
FIGURA 6 – ORGANUM LIVRE
FONTE: <https://bityli.com/GDZ5w>. Acesso em: 24 fev. 2020. 
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
12
Acompanhe um exemplo de organum livre, no link: https://www.youtube.
com/watch?v=YjCN9lhCQWo&list=PL2psHbowHHSVbNEneH8EFLvDpxDjmKBH8.
DICAS
Acompanhe um exemplo de organum melismático, no link: https://www.
youtube.com/watch?v=ngCRm7uLirA. Observe como a voz principal canta longas notas, 
enquanto a voz organal canta várias notas em uma mesma sílaba.
DICAS
No início do Século XII, o estilo de nota contra nota foi substituído. A voz 
principal passou a cantar notas com longas durações e passou a ser chamada de 
tenor. Acima da voz tenor, uma outra voz se movia com notas de curta duração e 
suavidade. Uma única sílaba era cantada com várias notas, o que ficou conhecido 
como melisma, o que originou o nome deste tipo de composição, o organum 
melismático (BENNETT, 1986).
Ars Nova é o período da música francesa que compreende os anos de 1320 
a 1380, aproximadamente, esse termo está associado ao tratado de Phillippe de 
Vitry (1291-1361), e que foi publicado em 1322, com o nome de Ars Nova. Nesse 
estilo, os ritmos e a polifonia são mais flexíveis. O maior compositor da Ars Nova 
foi Guillaume de Machaut (1330-1377), que escreveu motetos e canções, ele foi o 
primeiro compositor a escrever um arranjo completo de uma missa.
FIGURA 7 – GUILLAUME DE MACHAUT
FONTE: <https://bityli.com/E1wCU>. Acesso em: 19 fev. 2020.
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
13
Ouça um trecho da Missa de Notre Dame, de Guillaume de Machaut, no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=Y47JdUI_PhE.
DICAS
A música profana neste período tinha como base melódica os modos 
eclesiásticos, mas possuía um ritmo marcado e dançante: 
• Os trovadores cantavam melodias simples, de caráter popular e muito 
expressivas. Suas canções enfatizavam as máximas políticas, canções de amor, 
albas (poesia medieval cujo tema era de despedida dos amantes ao romper da 
aurora), canções de cruzadas, lamentações, duelos poético-musicais, baladas. 
• Os trovadores e troveiros eram nobres letrados que escreviam seus poemas 
e músicas. O menestrel era um artista profissional, cantor-poeta, que era 
contratado pelos nobres para lhes fazer companhia durante as viagens. 
• Os menestréis criavam contos, mas era comum que eles apresentassem as obras 
dos trovadores em suas apresentações, sendo que assim eles divulgavam as 
obras dos trovadores.
• Jogral era um grupo de recitadores, cantores e músicos ambulantes que 
eram contratados pelos senhores feudais para divertir a corte. Suas cantigas 
geralmente eram compostas pelos trovadores.
• Os segréis eram nobres sem muita relevância ou em decadência, eram 
compositores e cantores, que geralmente viviam desse trabalho (CAVINI, 2011).
Ouça Le Jeu de Robin et Marion, composto por Adam de la Halle, um dos 
troveiros mais conhecidos, no link: https://www.youtube.com/watch?v=zNNm-wnfZ-U.
DICAS
5 RENASCIMENTO
No renascimento, os compositores passaram a ter um interesse maior 
pela música profana, apesar das obras mais renomadas desse período serem 
compostas para a Igreja, em um estilo conhecido como polifonia coral. A polifonia 
coral é uma música escrita em contraponto para um ou mais coros, com diversos 
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
14
cantores encarregados de cada parte vocal. Muitas dessas músicas eram cantadas 
a cappella, ou seja, sem o acompanhamento de instrumentos. As principais formas 
da música sacra foram escritas para no mínimo quatro vozes. Os compositores 
inseriram uma voz abaixo do tenor, o que agora denominamos de baixo. Nesse 
período, os compositores passaram a dar uma atenção maior a harmonia da 
música, assim como surgiram mais acordes dissonantes (BENNETT, 1986).
Conforme Fernandes (2009), no renascimento uma boa voz devia ser 
aguda, suave e sonora, sendo a suavidade a virtude mais exaltada neste período. 
Mas havia uma diferença entre o canto de igreja e o canto de câmara (salas de 
concerto privados), no canto de igreja havia uma sonoridade mais potente em 
volume, e de câmara havia mais leveza e suavidade. 
Os coros deste período eram compostos por dois, três ou mais cantores em 
cada voz, assim como tinham composições escritas para serem executadas por 
um cantor em cada voz. Um exemplo é a obra Improperia de Giovanni Pierluigi da 
Palestrina (1525-1594), na qual havia uma indicação de um cantor para cada voz. 
Com a polifonia, os coros foram aumentando de tamanho, com registros de coros 
com cerca de 30 cantores, com exceção do Hofkapelle de Munique que por volta de 
1570 contou com a participação de 92 membros (FERNANDES, 2009). 
No Século XVI, a polifonia coral atingiu o máximo de sua expressividade, 
nas composições de Giovanni Pierluigi da Palestrina (Itália), William Byrd (1543-
1623, Inglaterra) e Tomás Luis de Victoria (1548-1611, Espanha). 
FIGURA 8 – PALESTRINA, BYRD E VICTORIA
FONTE: <https://bityli.com/vc770>; <https://bityli.com/kqwsy>; <https://bityli.com/Vlril>. Acesso 
em: 19 fev. 2020.
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
15
Ouça a obra Agnus Dei composta por Palestrina, no link: https://www.youtube.
com/watch?v=27lMWLLF4Yc. Essa obra foi composta em contraponto, para seis vozes.
DICAS
Ouça a obra El Grillo composta por Josquin des Près, no link: https://www.
youtube.com/watch?v=OI-bQ0RkArA. Essa obra é um exemplo de frótola.
DICAS
No Século XVI, a igreja protestante queria que as pessoas tivessem um 
contato mais direto com Deus, assim passaram a compor hinos para serem 
cantados em alemão com a participação de toda a congregação, ao invés de hinos 
cantados pelos corais em latim. Esses hinos foram denominados de corais. Nos 
primeiros arranjos polifônicos os fiéis cantavam apenas a melodia principal, 
com o passar do tempo, esses arranjos se transformaram pela tradição oral, se 
tornando mais simples.
Nesse período, as canções populares também se desenvolveram, algumas 
eram contrapontísticas, e outras compostas com acordes. Dessas canções, 
destacam-se a frótola e o madrigal italianos, o Lied alemão, o villancico espanhol e 
a canção francesa.
Os compositores ingleses também escreveram hinos para serem cantados 
durante o culto nas igrejas protestantes. Os hinos eram cantados em inglês. Havia 
dois tipos de hinos:
Full anthem: cantado pelo coro, sem acompanhamento instrumental.
Verse anthem: é acompanhado por órgão ou violas, possui um ou mais 
solistas que alternam suas vozes com as do coro.
No Século XVI, a basílica de São Marcos, em Veneza, possuía dois grandes 
órgãos e duas galerias para coro, situadas nos dois lados da basílica. Isso fez 
com que os compositores escrevessem peças para dois coros distintos, conhecidas 
como policorais (música para mais de um coro). Isso possibilitou novos efeitos na 
música, já que uma frase poderia ser respondida pelo mesmo lado ou pelo lado 
contrário (BENNETT, 1986).
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
16
FIGURA 9 – BASÍLICA DE SÃO MARCOS
FONTE: <https://bityli.com/bt5Fv>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
Os compositores de Veneza escreviam peças com instrumentos ao lado 
das vozes na música sacra, assim, podiam ser incluídos em suas obras grupos 
de vários instrumentos, cada qual ligado aoseu próprio coro. No policoral havia 
uma combinação de sons dentro dos grupos, e ainda contrastes de vários tipos 
como: de registro (sons agudos e graves), de dinâmica (sons de intensidade forte 
e piano), de textura (solos vocais ou instrumentais contra grandes grupos de 
músicos) e de timbre (timbres contrastantes) (BENNETT, 1986).
Ouça a obra In Ecclesiis composta por Giovanni Gabrieli, no link: https://www.
youtube.com/watch?v=v5VoKAoj8AE. 
Giovanni Gabrieli escreveu policorais para três, ou mais grupos diferentes, que tocavam ao 
mesmo tempo.
Outro exemplo de policoral é o moteto Spem im alium, composto para oito coros a cinco 
vozes, por Thomas Tallis, confira no link: https://www.youtube.com/watch?v=7Cn7ZW8ts3Y.
DICAS
TÓPICO 1 | O CANTO DA PRÉ-HISTÓRIA AO RENASCIMENTO
17
Até o início do Século XVI as vozes eram consideradas mais importantes 
que os instrumentos. Os instrumentos eram utilizados apenas em peças de dança, 
e acompanhamento para o canto, duplicando a voz ou assumindo a voz de um 
cantor quando este faltava. 
No coro renascentista, o repertório de música profana era executado por 
grupos vocais de câmara, formados por cantores solistas de vozes mistas, já a 
música sacra era executada por coros masculinos. Nos coros masculinos as vozes 
agudas eram cantadas por meninos, por castrati (plural de castrato, homens que 
foram castrados com o objetivo de ter a voz aguda infantil preservada), ou por 
homens treinados para cantar em falsete. As vozes tenor e baixo eram cantadas 
por homens, cada um respectivamente na sua voz. Os meninos que participavam 
dos coros, geralmente eram órfãos acolhidos e educados pela igreja, que 
demonstravam ter um talento musical, assim recebiam uma intensiva instrução 
de música (FERNANDES, 2009). 
18
 Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• O coro vem do termo grego choros. O cristianismo adotou o termo com o 
sentido do termo latino chorus, que significa o grupo da comunidade que 
canta. Inicialmente, a prática do coro era em uníssono, somente a partir do 
Século XV é que se tem conhecimento de coros com mais vozes.
• No início da Pré-História o som musical produzido pelo homem era uma 
imitação dos sons que ele ouvia na natureza. Ao modificar a abertura da boca 
para imitar os sons da natureza, o homem descobriu que produzia diferentes 
sons, o que pode ter sido seu primeiro contato com o canto.
• Para os povos primitivos a música era considerada um símbolo de magia, 
pois nos mitos e lendas a música tinha origem divina e representava a ligação 
entre o homem e as divindades.
• Na antiguidade a música ainda estava relacionada à magia.
 
• A música na Grécia Antiga estava presente em quase todas as ocasiões, sendo 
que o canto coral já era praticado entre os gregos, com acompanhamento 
instrumental.
• Na Idade Média o cristianismo dominou os principais centros que abrigavam 
a arte. Dois tipos de música eram predominantes na época: a música sacra e a 
música profana.
• O cantochão é um canto tradicional da igreja católica, formado por uma única 
melodia, não possui acompanhamento musical. 
• No Século IX surgiram as primeiras músicas polifônicas.
• A música profana na Idade Média tinha como base melódica os modos 
eclesiásticos, mas possuíam um ritmo marcado e dançante.
 
• No renascimento grande parte dos compositores da época tiveram grande 
interesse pela música profana. Grande parte das obras ainda eram compostas 
pela igreja, contudo, nesse período a polifonia coral teve grandes repercussões.
• No coro renascentista, o repertório de música profana era executado por 
grupos vocais de câmara, formados por cantores solistas de vozes mistas, já a 
música sacra era executada por coros masculinos.
19
1 Sobre a música na antiguidade, classifique V para as sentenças verdadeiras e 
F para as falsas: 
( ) Para os chineses os deuses eram os doadores da música e os heróis seus 
mediadores.
( ) Neste período a música estava relacionada à magia.
( ) Era provável que na Assíria os ricos mantinham uma orquestra de mulheres, 
com cantoras e instrumentistas.
( ) O canto coral já era praticado entre os gregos, com acompanhamento 
instrumental.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – F.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – V.
2 Sobre o canto nos diferentes períodos históricos, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Na Idade Média o cristianismo dominou os principais centros que 
abrigavam a arte. Dois tipos de música eram predominantes na época: a 
música sacra e a música profana. 
b) ( ) O primeiro contato do homem primitivo com o canto já foi por meio de 
grupos vocais.
c) ( ) A música na antiguidade trouxe o pensamento que o sentido das 
palavras deveria ter mais importância que a música, e que a música 
deveria expressar as emoções e os estados de alma. 
d) ( ) A música sacra na Idade Média era baseada na música romana.
3 Na Idade Média a música passou por grandes transformações pois o 
cristianismo dominou os principais centros que abrigava a Arte. Sobre esse 
período histórico, é CORRETO afirmar que:
a) ( ) A música profana era a música popular do período e era considerada o 
estilo de música oficial.
b) ( ) O canto gregoriano ou cantochão é um canto tradicional da igreja católica 
formado de várias melodias e com acompanhamento instrumental.
c) ( ) A música sacra era considerada a música que conduzia o ser humano a 
algo superior, e a música profana era desprezada. 
d) ( ) O cantochão era composto por textos românticos e seu ritmo era regular, 
pois os cantos eram feitos com base nas emoções e devoções do povo ao 
Estado.
AUTOATIVIDADE
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21
TÓPICO 2
O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, conheceremos um pouco mais sobre o canto a partir do 
período barroco até os dias atuais. Nos períodos que estudaremos agora, você 
poderá perceber grandes mudanças na música vocal, que vão desde a valorização 
dos instrumentos musicais, a participação das mulheres e dos músicos amadores 
nos coros, até a escrita não tradicional. 
2 BARROCO
Durante o Século XVII, o sistema de modos foi reduzido para apenas dois: 
o jônio e o eólio. 
FIGURA 10 – MODOS EÓLIO E JÔNIO
FONTE: Adaptado de <https://bityli.com/PIC2g>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
Com isso, o sistema tonal maior-menor se desenvolveu. No final do Século 
XVI, em Florença (Itália), um grupo de escritores e músicos se denominaram 
Camerata. Esse grupo pensava que o sentido das palavras deveria ter mais 
importância que a música, e que a música deveria expressar as emoções e os estados 
de alma. Assim, compuseram a monodia, uma única linha vocal, sustentada por 
uma linha de baixo instrumental, sobre a qual os acordes eram construídos. A 
linha melódica vocal acompanhava o significado do texto e o ritmo da pronúncia 
das palavras. 
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
22
FIGURA 11 – MONODIA
FONTE: <https://recursos.march.es/web/musica/jovenes/melodias-simultaneas/img/miniaturas/
pange-lingua.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2020.
Recitativo era um estilo que era meio cantado, meio recitado. Seu 
acompanhamento era simples, com uma linha de baixo, tocada por um 
instrumento grave de corda que ficou conhecido como baixo contínuo. O baixo 
contínuo era realizado por um outro instrumento como o cravo ou o órgão, para 
estruturar os acordes e preencher as harmonias. Esses acordes eram improvisados, 
assim, o instrumentista era responsável pela música. Por vezes, o compositor 
escrevia alguns números que expressavam o acorde que ele havia pensado para 
a composição. 
Com o canto baseado na intensificação do sentido do texto, o volume do 
som aumentou por conta da maior ênfase no canto solo, mas permaneceram a 
qualidade sonora clara, brilhante e com o mínimo de vibrato do renascimento. 
No início do período barroco, as composições abrangiam até uma oitava, e até o 
final do Século XVII as composiçõespassaram a abranger até duas oitavas, o que 
obrigou os cantores a expandirem suas extensões vocais (FERNANDES, 2009).
Em 1597 foi composto um drama musical que pode ser considerado a 
primeira ópera, Dafne de Jacopo Peri (1561-1633). As primeiras óperas incluíam 
pequenos coros, danças e peças instrumentais, e possuíam longos trechos de 
recitativos. 
A ópera Orfeo de Claudio Monteverdi (1567-1643) é a primeira grande 
ópera com uma música que acentua o impacto dramático da história. No canto 
foram utilizados intervalos cromáticos e espaçados, enquanto nos instrumentos 
foram utilizadas inesperadas harmonias que incluíam dissonâncias. 
TÓPICO 2 | O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
23
FIGURA 12 – CLAUDIO MONTEVERDI
FONTE: <https://media.timeout.com/images/103968416/750/422/image.jpg>. Acesso em: 23 
abr. 2020. 
Ouça um trecho da obra Orfeu de Monteverdi, no link: https://www.youtube.
com/watch?v=aKLpHTKQD0c.
DICAS
Os compositores do Século XVII continuaram a utilizar o recitativo, mas 
para apressar o relato da história, e passaram a dar mais importância às árias 
(canções) que mostrassem o pensamento e as emoções dos personagens. 
A ópera era mais comum em Veneza, nos demais locais a música de câmara 
era a preferida, especialmente as vocais. Dessa forma, a ária ou canção estrófica 
foi retomada como a principal composição vocal. A ária geralmente era composta 
por uma melodia para voz solista, com acompanhamento de baixo instrumental. 
O oratório surgiu mais ou menos na mesma época que a ópera. Os oratórios 
eram semelhantes às óperas e eram compostos de recitativos, árias e coros, além 
de apresentarem cenários e fantasias. A diferença do oratório para a ópera é que 
os oratórios se baseavam em histórias sacras, geralmente embasados na Bíblia. 
Com o passar dos anos os oratórios deixaram de ser representados e passaram 
a ser somente apresentações musicais realizadas em igrejas ou salas de concerto. 
Os maiores oratórios do período barroco são os de Georg Friedrich Handel (1685-
1759). Em alguns oratórios de Handel ele dá grande importância para os coros, 
que descrevem os acontecimentos mais dramáticos da história (BENNETT, 1986).
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
24
FIGURA 13 – GEORG FRIEDRICH HANDEL
FONTE: <https://bityli.com/fRrwP>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
Ouça um trecho da obra Messias de Handel, no link: https://www.youtube.
com/watch?v=IUZEtVbJT5c.
DICAS
Havia também a cantata (obras para solistas e coro), que era acompanhada 
por orquestra e baixo contínuo. A cantata foi o gênero mais importante da música 
de câmara vocal desse período e foi também o principal elemento musical do 
serviço luterano. Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs mais de 200 cantatas 
sacras. 
Foi no período barroco que a música instrumental passou a ter, pela 
primeira vez, a mesma importância que a música vocal. Nesse período a prática, 
policoral foi explorada de maneiras diferentes, principalmente no que se refere 
ao timbre, assim os compositores passaram a fazer outros tipos de formação para 
os coros, para explorar o contraste de timbres. A distribuição espacial dos coros 
criava a ilusão de um aumento da sonoridade (FERNANDES, 2009).
3 CLASSICISMO
No classicismo a música passa a ser basicamente homofônica, com as 
melodias podendo ser ouvidas sobre um acompanhamento de acordes.
TÓPICO 2 | O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
25
Você pode perceber essa diferença na composição, ouvindo o Quarteto de 
Cordas Op. 64, N.5 de Haydn, no link: https://www.youtube.com/watch?v=0Ym1iekwf1s.
DICAS
Apesar da valorização da música instrumental, a música coral manteve sua 
presença na vida da igreja e da sociedade da época. Poucas obras foram escritas 
para o coro a cappella, assim foram escritas várias obras, com acompanhamento 
de orquestra, órgão ou pianoforte. 
 
Durante a segunda metade do Século XVIII, os grupos vocais das capelas 
católicas continuavam a ser formados por músicos profissionais, com poucos 
integrantes. Por volta de 1757, os coros passaram a ter mais integrantes, mas a 
orquestra ainda era maior que o coro. Nesse período, os coros eram formados por 
vozes solistas altamente habilidosas. Os cantores que cantavam as partes solistas 
também cantavam as partes para o coro, não havendo grande distinção entre os 
solistas e os demais cantores do coro. No classicismo havia um maior número de 
cantores para a execução da linha de soprano, uma vez que, em geral, essa era 
a linha que conduzia a melodia e por essa razão precisava ser ressaltada, como 
os naipes de sopranos eram formados total ou parcialmente por meninos, e eles 
tinham vozes menos potentes, precisavam estar em maior número para atingir 
um equilíbrio sonoro (FERNANDES, 2009).
A liderança do grupo era exercida de diferentes maneiras, dependendo 
dos lugares, em alguns lugares eram utilizados a marcação do tempo com um 
rolo de papel, em outros o regente conduzia o grupo pelo contato visual. 
No período clássico, a música vocal foi mais explorada pelos compositores 
através da ópera. Os dois maiores compositores de ópera desse período foram 
Chistoph Willibald Gluck (1714-1787) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).
Os cantores tinham uma grande importância na ópera, sendo que a música 
era composta para que os cantores pudessem demonstrar sua técnica vocal. 
Muitas vezes havia interrupções no enredo para que os cantores pudessem fazer 
tal demonstração. Gluck resolveu mudar isso, e compôs Orfeu e Eurídice. Para 
Gluck, a música deveria estar a serviço do enredo, refletindo o drama e a emoção 
da poesia. Para ele não deveria haver tanta distinção entre ária e recitativo; e 
a ação deveria ser mais contínua. A escolha dos instrumentos deveria ser de 
acordo com cada situação da história e a abertura deveria preparar a plateia para 
a natureza do drama. 
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
26
Ouça um trecho de Orfeu e Eurídice, composta por Gluck, no link: https://
www.youtube.com/watch?v=0bUAM0ER-Dw.
DICAS
FIGURA 14 – CHISTOPH WILLIBALD GLUCK
FONTE: <https://bityli.com/uzFGI>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
Mozart transformou a ópera, dando vida e calor a seus personagens. 
Mozart transformou a cena final de um ato com todos os personagens cantando 
em conjunto, mas cada um exprimindo sua reação às situações ocorridas. 
A orquestra representa um papel importante no desdobramento do enredo, 
espalhando o ritmo dramático da ação e acrescentando interessantes detalhes. 
Mas a orquestra sempre salientava ao invés de reduzir, a importância das vozes 
(BENNETT, 1986).
FIGURA 15 – WOLFGANG AMADEUS MOZART
FONTE: <https://bityli.com/mNDKt>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
TÓPICO 2 | O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
27
Ouça um trecho de As Bodas de Fígaro, composta por Mozart, no link: https://
www.youtube.com/watch?v=KB-DpUb7_ws.
DICAS
Durante os últimos anos de vida de Handel, e mesmo após a sua morte, 
as execuções de seus oratórios aumentaram muito nas províncias inglesas. Seu 
centenário de nascimento foi celebrado em 1784 com a realização de um festival 
na Abadia de Westminter, no qual foram executadas várias de suas obras, com a 
participação de 300 cantores e 250 instrumentistas.
Com o sucesso desse festival, outros festivais foram realizados com 
grande número de participantes, sendo que um deles contou com mais de 1000 
participantes. Nesse festival, Joseph Haydn (1732-1809) esteve presente e ficou 
tão impressionado com a sonoridade dos grandes coros que quis reproduzir esse 
efeito nas performances públicas dos seus oratórios. 
FIGURA 16 – JOSEPH HAYDN
FONTE: <https://bityli.com/Rwq3T>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
Com o crescimento dos coros, aumentou também a participação de 
cantores amadores, que aos poucos passaram a substituir os profissionais. Assim, 
surgiu no contexto da prática coral, a separação entre o religioso e o social. Com 
a valorização do elemento social na prática coral, começaram a surgir, no Século 
XVIII, sociedadescorais que praticavam a caridade, que tinham como objetivo 
ajudar músicos indigentes e seus dependentes. 
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
28
No período clássico, houve a inserção das vozes femininas de soprano e 
mezzo-soprano na ópera e na música de concerto. Mas, ainda assim, as mulheres 
não podiam cantar na igreja. O repertório clássico possui escalas, arpejos e 
outras formas melódicas que exigiam flexibilidade e velocidade dos cantores. 
Outro ponto que se destacou nesse período, era capacidade dos cantores de se 
expressarem através da música (FERNANDES, 2009).
4 ROMANTISMO
Os compositores românticos buscavam uma maior liberdade de forma 
e de concepção em sua música, e uma expressão mais intensa de sua emoção, 
revelando seus pensamentos e sentimentos mais profundos. Foi no romantismo 
que houve a expressão mais forte da emoção. Neste período houve a inclusão 
de cantores amadores aos coros. A atividade coral foi marcada por uma grande 
diversidade que ia desde a prática cappella da música sacra até a presença de 
grandes massas corais no teatro de ópera.
Na segunda metade do Século XVIII e a primeira do Século XIX, houve 
o desenvolvimento de um novo estilo de canto, baseado em uma técnica que 
escurecia o timbre vocal para proporcionar maior expressividade ao cantor. No 
princípio do Século XIX, os cantores tiveram que escolher entre o estilo antigo 
ou o novo estilo.
Durante o classicismo algumas mulheres começaram a ocupar lugar no 
serviço religioso como cantoras solistas em algumas áreas isoladas da Itália e 
Áustria. Aos poucos a presença feminina atingiu os coros, e se tornou cada vez 
mais constante, até que por volta de 1850 muitos coros católicos e protestantes 
já era formado por homens e mulheres (FERNANDES, 2009).
Foi no Romantismo que surgiram novas sociedades corais na Inglaterra. 
Em Viena e na França surgiram sociedades corais amadoras, com performances 
de grandes massas corais. O movimento coral amador da França se baseou na 
Revolução Francesa, no qual o canto amador em massa teve para o país um 
significado político, que causou impacto nos países vizinhos. Na Suíça, a prática 
musical que envolvia muitas pessoas em uma performance era considerada 
democrática.
Com o aumento das sociedades corais amadoras, houve uma crescente 
produção e publicação de partituras, sendo estas cobradas a um baixo custo 
para cantores amadores. Os festivais de coros que aconteceram na época, 
incentivaram uma grande produção de obras corais, sendo que compositores 
eram contratados para escrever especialmente para esses eventos (FERNANDES, 
2009). 
Durante o período romântico houve um desenvolvimento da canção, 
especialmente do Lied alemão, havendo dois tipos:
TÓPICO 2 | O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
29
• Estrófi co: a mesma música é repetida em cada verso do poema.
• Durchkomponiert: há uma música diferente para cada verso.
No Lied o piano não é mais um suporte para o canto, agora ele divide 
com a voz a responsabilidade da música. O compositor fazia o arranjo musical de 
uma série de poemas ligados por uma ideia comum, às vezes chegando a esboçar 
alguma história. Alguns importantes compositores de Lieder (plural de Lied) são: 
Franz Schubert (1797-1828), Robert Schumann (1810-1856), Johannes Brahms 
(1833-1897) e Richard Strauss (1864-1949).
FIGURA 17 – FRANZ SCHUBERT, ROBERT SCHUMANN, JOHANNES BRAHMS E RICHARD 
STRAUSS
FONTE: <https://bityli.com/HWzZt>; <https://bityli.com/MqvHx>; <https://bityli.com/jQRr2>; 
<https://bityli.com/XB3B3>. Acesso em: 23 abr. 2020.
Ouça o Lied Erlkonig de Schubert, no link: https://www.youtube.com/
watch?v=5hTC_JFQ3IQ.
DICAS
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
30
Carl Maria von Weber (1786-1826) é quem inicia a ópera romântica. Sua 
ópera Der Freischutz possui um tema ligado à magia e ao sobrenatural, uma 
orquestração brilhante e eficiência das partes solistas e corais (CAVINI, 2012).
FIGURA 18 – WEBER
FONTE: <http://www.operamundi.com.br/media/images/Carl-Maria-Von-Weber.jpg>. Acesso 
em: 23 abr. 2020.
Richard Wagner (1813–1883) foi o responsável por reformar a ópera do Século 
XIX, praticamente toda a sua obra é composta de óperas, geralmente baseadas em 
lendas germânicas, as quais preferiu chamar de dramas musicais ao invés de ópera. 
Ele tinha como objetivo promover uma perfeita fusão entre o canto, representação, 
cenário, iluminação e o efeito da cena. Ele utilizava uma enorme orquestra, o que trouxe 
dificuldades aos cantores. Assim, ele planejou um teatro que foi construído especialmente 
para a representação de suas óperas, em Bayreuth, no qual a orquestra foi colocada abaixo 
do palco, o que permitiu aos cantores projetarem suas vozes diretamente para a plateia.
As partes vocais nas óperas de Wagner foram escritas em um estilo que combina 
as características do recitativo e a ária. As melodias se baseiam nos ritmos da fala, são 
líricas e cantadas, passando livremente por tonalidades inesperadas. As harmonias 
possuem um rico cromatismo, com emprego de dissonância. 
FIGURA 19 – WAGNER
FONTE: <https://bityli.com/kqOTh>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
TÓPICO 2 | O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
31
Na música coral, as mais importantes realizações dos compositores 
românticos estão na forma do oratório e do réquiem (missa fúnebre). Algumas 
missas de réquiem são muito importantes e parecem ser mais apropriadas para 
serem executadas em uma sala de concertos do que na igreja. 
Ouça o réquiem de Brahms, que foi composta na ocasião da morte de sua 
mãe, no link: https://www.youtube.com/watch?v=Iw6KTCFH31Y.
DICAS
Gustav Mahler (1860-1911) e Richard Strauss são alguns dos compositores 
que trouxeram a tradição romântica até o Século XX, que ficou conhecido como 
romantismo tardio. Os dois compositores, na maioria de suas obras, precisaram 
de muitos músicos para a execução de suas composições. Um exemplo é a Oitava 
de Mahler, chamada de Sinfonia dos Mil, pois sua execução ideal precisaria de no 
mínimo mil músicos (BENNETT, 1986).
FIGURA 20 – GUSTAV MAHLER
FONTE: <https://bityli.com/NB48n>. Acesso em: 23 abr. 2020.
Ouça um trecho da Sinfonia dos Mil de Mahler, no link: https://www.youtube.
com/watch?v=wuve8eKeqKA&list=RDwuve8eKeqKA&start_radio=1.
DICAS
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
32
5 SÉCULO XX ATÉ OS DIAS ATUAIS
A música coral do Século XX educou crianças, promoveu agendas políticas, 
serviu de cultos religiosos, e serviu como momento de satisfação para várias 
pessoas. Neste período, manteve-se a natureza social e amadora da prática coral, 
e surgiram duas novas características à prática coral: uma noção aprimorada de 
grupo coral como instituição organizada e uma maior preocupação estética com a 
sonoridade.
A formação coral mista com voz soprano, contralto, tenor e baixo foi a mais 
utilizada no Século XX, sendo que a presença das mulheres nos vários tipos de 
corais, se firmou. Os coros formados por homens e meninos ainda existiam, mas em 
menor número e eram ligados a instituições tradicionais eclesiásticas e acadêmicas. 
Os coros seculares (que não eram vinculados a igreja) se tornaram populares e 
tiveram a liderança de regentes especialistas em música coral, que levaram os coros 
à um alto nível de execução técnica e musical do repertório coral a capella. Além dos 
coros mistos e masculinos, surgiram os coros femininos, que estavam ligados às 
instituições educacionais femininas. 
Com o decorrer do século, o nacionalismo e o multiculturalismo, surgiu 
uma conscientização de que a beleza sonora coral difere de cultura para cultura, 
essa conscientização se espalhou pela comunidade coral por conta da melhor 
comunicação entre os coros, por meio de gravações e viagens internacionais dos 
coros. 
Como resultado de um processo de tornar a atividade coral acessível, até 
hoje temos a existências de vários tipos de coros como escolares, religiosos e ligados 
a repartições públicas ou a diferentes setores empresariais,com diversos objetivos 
como educacionais, religiosos, terapêuticos, sociais assistencialistas e artísticos. 
No Século XX e ainda atualmente, temos festivais corais competitivos, que 
incentivam o aperfeiçoamento técnico de muitos coros, como envolvem vários 
compositores que escrevem obras sob encomenda para serem executadas por todos 
os coros que participam dos festivais, como peças de confronto. Além de encontros 
competitivos, surgiram também os encontros não competitivos, com o objetivo de 
promover, integrar, divulgar e incentivar a prática do canto coral. 
O período entre guerras foi de grande impacto para a música, durante 
os cincos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, o jazz foi proibido 
na Alemanha, assim como outras influências estrangeiras na Arte. Dessa forma, 
muitos compositores alemães protestantes tiveram que colaborar com o governo, 
e a música sacra alemã passou por reformas, criando assim um estilo neobarroco.
Durante a Segunda Guerra, muitos compositores escreveram obras nos 
vários estilos de música coral, mas, ao fim da guerra, os compositores mais jovens 
encararam a devastação e a incerteza, desenvolvendo assim estilos objetivos, 
baseados no serialismo e na utilização de sons gerados eletronicamente. 
TÓPICO 2 | O CANTO NO BARROCO ATÉ OS DIAS ATUAIS
33
Os compositores europeus que nasceram no começo da Segunda Guerra não 
se interessam em compor obras corais em um primeiro momento, já que consideravam 
a sensibilidade da voz humana inadequada em uma era dominada pela ameaça de 
um holocausto nuclear. Essa visão mudou com a estreia da obra Paixão segundo São 
Lucas, de Krzysztof Penderecki (1933), em 1966 (FERNANDES, 2009).
FIGURA 21 – KRZYSZTOF PENDERECKI
FONTE: <https://bityli.com/uJT22>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
Ouça um trecho da Paixão segundo São Lucas, de Penderecki, no link: https://
www.youtube.com/watch?v=quaepLvDyfE. 
DICAS
O Século XX se caracterizou pela liberdade que os compositores tinham 
para escrever suas obras, algo que não aconteceu nos períodos anteriores. Surgiu 
também, nesse período, a escrita vocal não tradicional, que fez com que os cantores 
desenvolvessem novas técnicas. Conforme Fernandes (2009), essas são algumas das 
características vocais presentes nas obras vocais com escrita não tradicional: 
• Movimentos melódicos complexos: grandes saltos melódicos, mudanças 
repentinas de direção melódica, movimento melódico gradualmente lento e 
combinação de alturas específicas com alturas indeterminadas.
• Declamações experimentais: textos projetados através da citação, recitativo 
declamatório em estilo falado, mudanças repentinas de linhas tradicionais para 
efeitos experimentais, sílabas repetidas.
• Efeitos vocais: sons imitativos ou improvisados que inclui gargalhadas e 
alturas indeterminadas, zumbidos com os lábios, inspirações e expirações 
exageradas.
34
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, você aprendeu que:
• Durante o Século XVII, o sistema de modos foi reduzido para apenas dois: o 
jônio e o eólio.
• O movimento barroco trouxe o pensamento que o sentido das palavras deveria 
ter mais importância que a música, e que a música deveria expressar as emoções 
e os estados de alma.
• Em 1597, foi composto um drama musical que pode ser considerado a primeira 
ópera, Dafne de Peri. As primeiras óperas incluíam pequenos coros, danças e 
peças instrumentais e possuíam longos trechos de recitativos.
• A ópera Orfeo de Monteverdi é a primeira grande ópera com uma música que 
acentua o impacto dramático da história. No canto foram utilizados intervalos 
cromáticos e espaçados, enquanto nos instrumentos foram utilizadas 
inesperadas harmonias que incluíam dissonâncias.
• O oratório surgiu mais ou menos na mesma época que a ópera. Os oratórios 
eram semelhantes às óperas, mas se baseavam em histórias sacras.
• No classicismo a música passa a ser basicamente homofônica. 
• No classicismo poucas obras foram escritas para o coro a cappella, assim foram 
escritas várias obras, com acompanhamento de orquestra, órgão ou pianoforte.
• No classicismo não havia distinção entre cantores solistas e do coro, e houve 
um aumento do número de sopranos, para estabelecer um equilíbrio sonoro, já 
que as vozes dos meninos eram menos potentes. 
• No período clássico, a música vocal foi mais explorada pelos compositores 
através da ópera. Os dois maiores compositores de ópera desse período foram 
Gluck e Mozart.
• Para Gluck, a música deveria estar a serviço do enredo, refletindo o drama e a 
emoção da poesia.
• Mozart transformou a ópera, ele transformou a cena final de um ato, com todos 
os personagens cantando em conjunto, mas cada um exprimindo sua reação às 
situações ocorridas.
35
• Com o crescimento dos coros, aumentou também a participação de cantores 
amadores, que aos poucos passaram a substituir os profissionais. Assim, surgiu 
no contexto da prática coral, a separação entre o religioso e o social.
• No período clássico, houve a inserção das vozes femininas de soprano e mezzo-
soprano na ópera e na música de concerto. Mas, ainda assim, as mulheres não 
podiam cantar na igreja.
• Os compositores românticos buscavam uma maior liberdade de forma e de 
concepção em sua música, com uma expressão mais intensa de sua emoção.
• Na segunda metade do Século XVIII e a primeira do Século XIX, houve o 
desenvolvimento de um novo estilo de canto, baseado em uma técnica que 
escurecia o timbre vocal para proporcionar maior expressividade ao cantor.
• Wagner utilizava uma enorme orquestra em suas óperas, assim ele planejou um 
teatro que foi construído especialmente para a representação de suas óperas, 
no qual a orquestra foi colocada abaixo do palco, o que permitiu aos cantores 
projetarem suas vozes diretamente para a plateia.
• A formação coral mista com voz soprano, contralto, tenor e baixo foi a mais 
utilizada no Século XX, sendo que a presença das mulheres nos vários tipos de 
corais, se firmou.
• O Século XX se caracterizou pela liberdade que os compositores tinham 
para escrever suas obras, algo que não aconteceu nos períodos anteriores. 
Surgiu também, nesse período, a escrita vocal não tradicional, que fez com 
que os cantores desenvolvessem novas técnicas como movimentos melódicos 
complexos, declamações experimentais e efeitos vocais.
36
1 Sobre a música no período barroco, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas: 
( ) Nesse período o sistema de modos foi reduzido para jônio e eólio.
( ) Os oratórios eram semelhantes às óperas, mas eram baseados em histórias 
da nobreza.
( ) Foi no barroco que surgiu a ópera. 
( ) As mulheres passaram a cantar na igreja neste período.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – F.
c) ( ) V – F – V – F.
d) ( ) F – V – F – V.
2 Sobre o canto nos diferentes períodos histórico, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) No classicismo surgiu a distinção entre cantores solistas e coro. 
b) ( ) Mozart criou a ópera.
c) ( ) No classicismo surgiu a separação entre o religioso e o social na prática 
coral. 
d) ( ) A formação coral somente com vozes masculinas foi a mais utilizada no 
Século XX.
3 Assinale o período no qual se caracteriza pela liberdade que os compositores 
tinham para escrever suas obras, e que surgiu a escrita vocal não tradicional:
a) ( ) Romantismo.
b) ( ) Barroco.
c) ( ) Século XX.
d) ( ) Classicismo.
AUTOATIVIDADE
37
TÓPICO 3
O CANTO NO BRASIL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O canto faz parte da história do Brasil e já era uma prática realizada pelos 
índios que aqui habitavam, antes de sua colonização. No entanto, os registros que 
temos são da influência da música europeia, a partir da colonização. No início, 
a música no Brasil acompanhava as tendências europeias. Nesse sentido, você, 
acadêmico, poderá perceber a semelhança do canto nos primeiros períodos, com 
o que já foi abordado nos tópicos anteriores. Somente com a república queo Brasil 
se voltou para a música nacional.
2 PERÍODO COLONIAL
O canto coral surgiu no Brasil como prática educativa, desde o período 
colonial quando os jesuítas tinham como missão catequizar os povos indígenas. 
A educação musical praticada pelos jesuítas teve como uma de suas características 
a imposição da cultura portuguesa, que desconsiderava a cultura e os valores dos 
índios que aqui habitavam. Nas primeiras décadas, no Brasil, o principal alvo da 
catequese foram as crianças, pois elas aprendiam com facilidade e serviam como 
uma ponte entre os padres e os índios adultos. Alguns registros trazem a descrição 
de meninos índios que aprendiam canto e instrumentos (FONTERRADA, 2008). O 
interesse dos jesuítas pela música indígena nesse período era apenas o de conhecer 
a música como uma forma de se aproximar dos índios (CASTAGNA, 2010).
O mestre de capela era o responsável pela formação dos coros e da parte 
musical das cerimônias religiosas e cívicas. Ele era subordinado à autoridade da 
igreja e recebia favores de um senhor local. Podiam participar do coro, homens 
e meninos, não sendo possível a participação das mulheres. Neste período, o 
repertório era a música sacra, sendo o mais utilizado o canto gregoriano. Em 
ocasiões especiais, utilizava-se o canto de órgão, que era o canto polifônico 
(FERNANDES, 2009)
Durante o período colonial, a educação musical era vinculada à igreja e 
estava ligada às formas e repertórios europeus, assim como a preceitos básicos de 
organização e ordenação de conteúdos, que evoluíam do mais simples ao mais 
complexo, nos quais eram utilizadas repetições, memorizações e averiguações de 
aprendizado (FONTERRADA, 2008).
38
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
A atividade musical em Minas Gerais foi o ponto mais alto da música 
colonial no Brasil, uma vez que a riqueza do estado, que vinha da mineração 
do ouro e diamantes, permitiu o desenvolvimento da música mineira. A música 
mineira, assim como a música brasileira, neste período era essencialmente sacra 
e vocal. 
Em 1808, com a chegada da família real e a transferência da Corte 
Portuguesa ao Brasil, o país passou por um período de impulso cultural. Neste 
período, o canto começou a se desvincular da igreja com atividades voltadas ao 
entretenimento como as óperas e operetas. 
Foi neste período também que o padre José Maurício Nunes Garcia, mestre 
da Capela Real, foi financiado por D. João VI para ministrar aulas de música 
gratuitamente para crianças pobres (BEZERRA, 2017).
FIGURA 22 – PADRE JOSÉ MAURÍCIO
FONTE: <https://bityli.com/cK89t>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
A partir de 1809, vários músicos de Portugal e da Itália começaram a 
chegar no Brasil para trabalhar na Capela Real. O coro era formado por homens 
e meninos que cantavam nos naipes soprano e contralto. D. João contratou um 
bom número de castrati italianos para suprir os naipes soprano e contralto do 
coro da Capela Real. Os castrati não só atuaram na Capela Real, como nas óperas 
realizadas no Teatro São João.
Em 1811, o compositor português Marcos Portugal (1762-1830) chegou ao 
Brasil e foi nomeado mestre da Capela Real. A música do compositor português 
tinha uma linguagem derivada da ópera buffa italiana, assim surgiu na corte o 
gosto pela ópera italiana (FERNANDES, 2009).
TÓPICO 3 | O CANTO NO BRASIL
39
Acadêmico, você notou que até aqui a história da música vocal foi muito 
parecida com a história da música europeia? Isso acontece porque o termo 
“música no Brasil colonial” engloba a música produzida no país entre 1500 a 
1822, podendo ser de origem indígena, africana ou europeia. “A expressão não 
define, portanto, um tipo, estilo ou padrão musical único, mas sim a totalidade 
da música que se praticou no âmbito geográfico e cronológico que se definiu com 
a expressão ‘colonial’” (CASTAGNA, 2010, p. 2). 
As particularidades da prática musical brasileira não representaram 
uma diferenciação com a música europeia, uma vez que se buscou a reprodução 
da música que era praticada na Europa. Alguns viajantes europeu e jesuítas 
descreveram a música indígena demonstrando que eles já tinham uma música 
própria, assim como instrumentos musicais. Como os índios não adoravam o 
mesmo Deus dos europeus, eles descreviam suas músicas como sendo dedicadas 
ao demônio, dessa forma, até o início do Século XX, a música indígena foi quase 
totalmente excluída do conceito de música brasileira. Sobre a música africana, 
pouco foi registrado, uma vez que as manifestações de origem africana dessa 
época, foi considerada uma prática a ser abolida (CASTAGNA, 2010).
3 BRASIL IMPÉRIO
Quando a família real retornou para Portugal, o financiamento do padre 
José Maurício Nunes Garcia foi cortado e ele precisou encerrar as aulas por falta 
de condições econômicas. Com o regresso da Corte para Portugal as atividades 
artísticas chegaram ao declínio no Brasil, assim como a prática musical da Capela 
Imperial que diminuiu seu número de músicos. Assim, o Brasil passou por 
um período de instabilidade política e econômica, o que resultou em grandes 
dificuldades para a execução e composição da música orquestral, no teatro e 
igrejas. Isso fez com que a música doméstica, com canções acompanhadas ao piano 
ou violão, aumentasse nesse período (CASTAGNA, 2003). Nos saraus familiares, 
eram comuns modinhas e lundus cantados em português. Esses encontros eram 
animados por músicos amadores, nos quais o canto era acompanhado por viola 
ou violão, e no caso das famílias mais ricas, pelo piano. Diante disso, o ensino 
de música ficou restrito aos filhos das famílias mais ricas, que tinham condições 
de contratar professores particulares ministrar aulas em casa e para comprar 
instrumentos musicais (BEZERRA, 2017).
 
Em 1842, com a coroação de D. Pedro II, Francisco Manuel da Silva (1795-
1865), foi o organizador da atividade musical da capital do Império e restaurador 
da prática musical da capela, se tornando depois mestre de capela. O coro da 
Capela Imperial estava desfalcado, com cantores idosos e doentes. O naipe 
de sopranos e contraltos estava muito desfalcado, sendo que em cerimônias 
extraordinárias, que não faziam parte do calendário litúrgico, era permitida a 
presença de mulheres nesse naipe. Assim, Francisco Manuel colocou no coro os 
alunos do Conservatório de Música, no qual ele continuou o trabalho do padre 
José Maurício, ensinando música para jovens pobres. Em 1843, o ensino de música 
voltou a ganhar força com a criação do Conservatório de Música do Rio de Janeiro 
e com a contratação dos meninos cantores do conservatório à Capela Imperial, 
que passou a ser o centro do movimento musical brasileiro (FERNANDES, 2009).
40
UNIDADE 1 | O CANTO NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS
FIGURA 23 – FRANCISCO MANUEL DA SILVA
FONTE: <https://bityli.com/th7oG>. Acesso em: 23 abr. 2020. 
A família imperial tinha um gosto especial pela música, assim eram 
comuns saraus e recitais promovidos pelo imperador D. Pedro II, a imperatriz 
Teresa Cristina e suas fi lhas, princesas D. Isabel e D. Leopoldina, realizados no 
Palácio de Petrópolis. Nessas reuniões compareciam a corte, os diplomatas e 
artistas nacionais e estrangeiros.
O gênero musical que agradava a elite era a ópera, sendo que suas 
partituras eram quase todas importadas. Em 1857, foi fundada a Imperial 
Academia de Música e a Ópera Nacional, no Rio de Janeiro, nas quais eram 
apresentadas óperas em português, composta por autores brasileiros, a partir 
de enredos e libretos de escritores locais e interpretadas por artistas nacionais. 
Assim se destacaram três compositores: Elias Álvares Lobo (1834-1901), Henrique 
Alves de Mesquita (1830-1906) e Antônio Carlos Gomes (1836-1896).
FIGURAS 24 – ELIAS ÁLVARES LOBO, HENRIQUE ALVES DE MESQUITA E ANTÔNIO CARLOS 
GOMES
FONTE: <https://bityli.com/r9DR3; <https://bityli.com/V0jLH>; <https://bityli.com/jpeL9>. 
Acesso em: 23 abr. 2020.
TÓPICO 3 | O CANTO NO BRASIL
41
Com a geração de Carlos Gomes, surgiram os primeiros

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