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Urbanidade-MacedoJunior-2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN 
CENTRO DE TECNOLOGIA - CT 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - CAU 
 
 
 
 
 
 
Clidenor Patrício de Macêdo Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
A URBANIDADE COMO FERRAMENTA DE PROJETO 
Uma proposta de redesenho dos espaços livres públicos do Conjunto 
Cidade Satélite, em Natal/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal, RN 
2018 
 
 
CLIDENOR PATRÍCIO DE MACÊDO JÚNIOR 
 
 
 
 
 
 
A URBANIDADE COMO FERRAMENTA DE PROJETO 
Uma proposta de redesenho dos espaços livres públicos do Conjunto 
Cidade Satélite, em Natal/RN 
 
 
 
 
Trabalho Final de Graduação do Curso de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte 
apresentado no semestre letivo 2018.2 como 
requisito de obtenção do título de Bacharel 
em Arquitetura e Urbanismo. 
 
Orientação: Prof.ª Dr.ª Verônica Maria 
Fernandes de Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal, RN 
2018 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo 
Tinôco - DARQ - -CT 
 
 
Macêdo Júnior, Clidenor Patrício de. 
 A urbanidade como ferramenta de projeto: uma proposta de 
redesenho dos espaços livres públicos do conjunto Cidade 
Satélite, em Natal/RN / Clidenor Patrício de Macêdo Júnior. - 
Natal/RN, 2018. 
 120f.: il. 
 
 Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e 
Urbanismo. 
 Orientadora: Verônica Maria Fernandes de Lima. 
 
 
 1. Planejamento urbano - Monografia. 2. Desenho urbano - 
Monografia. 3. Urbanismo modernista - Monografia. 4. Vitalidade 
urbana - Monografia. I. Lima, Verônica Maria Fernandes de. II. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. 
 
RN/UF/BSE15 CDU 711.4 
 
 
 
 
Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344 
 
 
CLIDENOR PATRÍCIO DE MACÊDO JÚNIOR 
 
 
A URBANIDADE COMO FERRAMENTA DE PROJETO 
Uma proposta de redesenho dos espaços livres do Conjunto Cidade 
Satélite, em Natal/RN 
 
Trabalho Final de Graduação do Curso de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte 
apresentado no semestre letivo 2018.2 como 
requisito de obtenção do título de Bacharel 
em Arquitetura e Urbanismo. 
 
Orientação: Prof.ª Dr.ª Verônica Maria 
Fernandes de Lima 
 
 
Aprovação em ___de____________de_____. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
____________________________________________ 
Verônica Maria Fernandes de Lima 
Professora Orientadora – UFRN 
 
 
____________________________________________ 
Professor convidado – UFRN 
 
 
____________________________________________ 
Arquiteto convidado 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos meus pais, pelo amor, apoio e paciência. 
Às minhas irmãs, em especial à minha irmã Bia, pelo companheirismo. 
A Verônica Lima, pela amiga e mentora que foi e por me introduzir ao clube da 
urbanidade. 
A Ângela pelas orientações no que se tornou a base deste trabalho. 
A Prika e Nath, pelo pontapé inicial em conjunto e todo o apoio no desenvolver deste 
trabalho. Não teria acontecido sem vocês. 
A Kelly, pelas palavras de sabedoria e todo o amparo no decorrer do curso. 
A Gabs, pela super ajuda de última hora e amizade, assim como Ingrid e Malu. 
A Jams, pela companhia e compreensão dessa fase difícil que passamos juntos. 
A Clovinho, Bruninho, Nanda, Felipe e Magno por se fazerem presentes. 
A Andressa e André, por deixarem meu trabalho mais lindo ainda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A ausência da relação entre pessoas e espaços públicos é realidade recorrente nas 
cidades brasileiras, sobretudo em Natal (RN). Em muitos conjuntos habitacionais 
modernistas – como Cidade Satélite, de autoria do arquiteto Acácio Gil Borsoi – esse 
fato é intensificado por se tratarem de “cidades dormitórios”, acrescidos do medo 
que se cultivou nas cidades e infraestruturas precárias, afastando seus moradores 
da vivência comunitária. Como forma de resgatar essa relação, pretende-se utilizar 
neste trabalho o conceito de urbanidade, definido por Renato Saboya (2011), que 
avalia os espaços urbanos quanto ao seu papel de proporcionar relações sociais 
diversas. Em pesquisa realizada anteriormente, que fez uso da realização de 
entrevistas com representantes da comunidade, questionários presenciais e virtuais, 
observações in loco, e análises físicas e comportamentais dos espaços – responsive 
environments e psicologia ambiental, respectivamente –, produziram-se sete 
diretrizes projetuais para desenho de praças em conjuntos habitacionais 
modernistas abertos. Tem-se, assim como objetivo geral deste trabalho, propor um 
redesenho de uma fração dos espaços livres existentes no Conjunto Cidade Satélite, 
tendo o conceito de urbanidade como elemento norteador. 
 
Palavras-Chave: Desenho urbano; Urbanismo modernista; Vitalidade urbana. 
 
ABSTRACT 
 
The lack of relationship between people and public spaces is a recurring reality in 
Brazilian cities, especially at Natal (RN). In many modernist housing complexes – 
such as Cidade Satélite, by the architect Acácio Gil Borsoi – this fact is intensified 
because it concerns “dormitory towns”, adding to the growing fear in cities and 
precarious infrastructure, pushing its residents away from community living. As a way 
to rescue this relationship, it is intended to utilize the concept of urbanity in this paper 
regarding its role of providing diverse social relations. In a previously research that 
used interviews with community representatives, on-site and online questionnaires, 
on-site observations, and behavioural and physical analysis of spaces – responsive 
environments and environmental psychology, respectively -, it was produced seven 
design guidelines in order to create square’s designs in open modernist housing 
complexes. Therefore, the general goal of this paper is to propose a redesign of a 
fraction of the free spaces at Conjunto Cidade Satélite, using the concept of urbanity 
as guiding factor. 
 
Keywords: Urban design; Modernist urbanism; Urban vitality. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Recortes espaciais .............................................................................................. 27 
Figura 2 - Cidade Satélite inserido no bairro Pitimbu ........................................................... 28 
Figura 3 - Implantação do Conjunto Caçote (PE) com áreas indicadas ............................... 40 
Figura 4 - Implantação do projeto original do Conjunto Cidade Satélite (Natal-RN) ............. 41 
Figura 5 - Distribuição de usos previstos no projeto original do conjunto Cidade Satélite .... 43 
Figura 6 - Unidade básica de saúde Cidade Satélite Dr. Paulo Bernardinho de Medeiros ... 44 
Figura 7 - Terreno de posse da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com indicação de 
“futuras instalações do clube do advogado” ......................................................................... 44 
Figura 8 - Distribuição atual das áreas livres do conjunto .................................................... 45 
Figura 9 - Praça do antigo posto de gasolina com equipamentos próximos à área não 
consolidada ......................................................................................................................... 46 
Figura 10 - Estado atual do terreno do que viria a ser a Praça do Ipê Amarelo.................... 47 
Figura 11 - Altar para N. Srª das Graças na Rua Serra das Cruzes ..................................... 47 
Figura 12 - Morador limpando área da Praça do Instituto Brasil ........................................... 48 
Figura 13 - Comércio anexado à residência existente .......................................................... 53 
Figura 14 - Escola Estadual Djalma Marinho, ao fundo........................................................ 53 
Figura 15 - Muro alto e uso de cerca elétrica ....................................................................... 55 
Figura 16 - Descaso e acúmulo de lixo em área livre ........................................................... 55 
Figura 17 - Intervenções de moradores ............................................................................... 56 
Figura 18 - Localização das praças onde as análises prévias foram realizadas ................... 57 
Figura 19 - Diferença entre as idades predominantes na Praça do Instituto Brasil e na visão 
geral (online), e as demais praças ....................................................................................... 58 
Figura 20 - Predominância da faixa entre 0 e 3 salários mínimos ........................................ 59 
Figura 21 - Comparativo entre as escolaridades predominantes em cada agrupamento ..... 60 
Figura 22 - Concentração de reconhecimento nas praças mais antigas do conjunto por parte 
dos moradores ..................................................................................................................... 61 
Figura 23 - Relação entre o tempo de moradia no conjunto e a quantidade de praças 
reconhecidas por cada pessoa ............................................................................................ 62 
Figura 24 - Predominância de frequentadores assíduos nos questionários presenciais ....... 63 
Figura 25 - Horários de pico em comum entre todos os espaços e visão geral .................... 64 
Figura 26 - Concentração no turno noturno quanto aos horários em que evita-se as praças 
do conjunto .......................................................................................................................... 65 
Figura 27 - Variedade de motivos para frequentar a Praça do Cruzeiro ............................... 66 
Figura 28 - Distribuição mais uniforme de atividades praticadas na Praça do Cruzeiro ....... 67 
Figura 29 - Destaque para as atividades “caminhada” e “praticar esportes” na Praça São 
Francisco de Assis ............................................................................................................... 68 
Figura 30 - Praça do Instituto Brasil configurando-se como local de caminhada .................. 69 
Figura 31 - Predominância da não utilização de espaços do entorno .................................. 70 
Figura 32 - Principais motivos apontados para a não utilização de áreas livres públicas do 
conjunto Cidade Satélite ...................................................................................................... 71 
Figura 33 - Predominância de “segurança” e “manutenção/criação de infraestrutura” como 
principais aspectos para atrair pessoas às praças ............................................................... 73 
Figura 34 - Predominância de “segurança” e “manutenção/criação de infraestrutura” como 
principais aspectos que necessitam de melhoria nas praças ............................................... 73 
 
 
Figura 35 - Disparidade nos dados obtidos entre as praças quanto à “segurança” e 
“manutenção/criação de infraestrutura” quanto à necessidade de melhoria ......................... 75 
Figura 36 - Ventilação e sombreamento como únicas características com boas avaliações 
nos três espaços .................................................................................................................. 76 
Figura 37 - Manutenção deficiente nos casos estudados ..................................................... 77 
Figura 38 - Aproximação de valores quanto a variável "bancos" e as demais ...................... 78 
Figura 39 - Variedade de equipamentos concentrada na Praça São Francisco de Assis, 
destaque para a baixa qualidade do playground .................................................................. 79 
Figura 40 – Fachadas cegas, ao fundo ................................................................................ 69 
Figura 41 - Problemas na manutenção dos equipamentos existentes ................................. 69 
Figura 42 - Ciclistas na Av. dos Caiapós.............................................................................. 70 
Figura 43 - Pequena área de convivência na primeira etapa do Conjunto ........................... 71 
Figura 44 - Horta existente próximo à Igreja São Francisco de Assis .................................. 71 
Figura 45 - Localização e setorização da Zona 1 ................................................................. 80 
Figura 46 - Campo existente na Zona 1 e, aos fundos, bairro Planalto ................................ 80 
Figura 47 - Passagem sobre linha férrea em Minas Gerais.................................................. 81 
Figura 48 - Localização e setorização da Zona 2 ................................................................. 81 
Figura 49 - Problemas de drenagem em área da feira ......................................................... 82 
Figura 50 - Feira do conjunto ............................................................................................... 82 
Figura 51 - Feira em dia de chuva ....................................................................................... 82 
Figura 52 - Problemas de estacionamento em dias de feira livre ......................................... 83 
Figura 53 - Localização e setorização da Zona 3 ................................................................. 84 
Figura 54 - Zona 3 atualmente, campo existente ao fundo .................................................. 85 
Figura 55 - Quadra existente ............................................................................................... 85 
Figura 56 - Localização e setorização da Zona 4 ................................................................. 86 
Figura 57 - Zona 4 atualmente ............................................................................................. 86 
Figura 58 - Localização e setorização da Zona 5 ................................................................. 87 
Figura 59 - Zona 5 atualmente ............................................................................................. 88 
Figura 60 - Localização e setorização da Zona 6 ................................................................. 89 
Figura 61 - Praça São Francisco de Assis ........................................................................... 90 
Figura 62 - Horta comunitária .............................................................................................. 91 
Figura 63 - Localização e setorização da Zona 7 ................................................................. 91 
Figura 64 - ATI com equipamentos enferrujados e quebrados ............................................. 92 
Figura 65 - Localização e setorização da Zona 8 ................................................................. 93 
Figura 66 - Campo de futebol sem uso ................................................................................ 94 
Figura 67 - Playground de concreto ..................................................................................... 94 
Figura 68 - Localização e setorização da Zona 9 ................................................................. 95 
Figura 69 - Zona 9 atualmente ............................................................................................. 96 
Figura 70 - Escultura em frente ao Rijksmuseum ................................................................. 96 
Figura 71 - Escultura na Praia da Redinha .......................................................................... 96 
Figura 72 - Infraestrutura existente na Zona de conexão Aves ............................................ 98 
Figura 73 - Bar existente próximo à Zona 2 ......................................................................... 99 
Figura 74 - Área de projeto ................................................................................................101 
Figura 75 - Vista de topo da intervenção na área de projeto .............................................. 102 
Figura 76 - Intervenções na Praça São Francisco de Assis ............................................... 103 
Figura 77 - Grandes áreas peatonais ................................................................................. 104 
Figura 78 - Mobiliário diferenciado ..................................................................................... 104 
 
 
Figura 79 - Proposta de área de convivência ..................................................................... 105 
Figura 80 - Playground e ATI ............................................................................................. 105 
Figura 81 - Quadras e pula pulas ....................................................................................... 106 
Figura 82 - Intervenções próximas à Escola Estadual Djalma Aranha Marinho.................. 107 
Figura 83 - Espaço coberto robusto ................................................................................... 107 
Figura 84 - Bancos, mesas e cobertura ............................................................................. 108 
Figura 85 - Horta comunitária e bloco de banheiros e depósito ......................................... 108 
Figura 86 - Fontes de chão ................................................................................................ 109 
Figura 87 - Conexão entre zonas ....................................................................................... 110 
Figura 88 - Intervenções na zona 5 .................................................................................... 111 
Figura 89 - Centro comercial .............................................................................................. 111 
Figura 90 - Centro Comercial e paraciclo ........................................................................... 112 
Figura 91 - Centro Comercial e ciclofaixa .......................................................................... 112 
Figura 92 - Pista de skate com fonte para pés ao lado ...................................................... 113 
Figura 93 - "Espaço aventura" ........................................................................................... 114 
Figura 94 - Espaço fitness coberto ..................................................................................... 114 
Figura 95 - Pistas para tiro de velocidade e ciclofaixa........................................................ 115 
Figura 96 - Nova proposta para quadras............................................................................ 116 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS ................................................................................................ 16 
RESUMO................................................................................................................... 17 
ABSTRACT ............................................................................................................... 17 
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 18 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 22 
1. PERCURSOS TRILHADOS: UMA JORNADA METODOLÓGICA ...................... 27 
1.1. ÁREA-DE-ESTUDO E ÁREAS-PROJETO ................................................................ 27 
1.2. CAMINHOS DE ANÁLISE ......................................................................................... 29 
2. CONCEITOS E ABORDAGENS: UM REFERENCIAL TEÓRICO-
METODOLÓGICO .................................................................................................... 33 
3. ENTRE PÁSSAROS, SERRAS, RIOS E ÁRVORES: UM PANORAMA 
HISTÓRICO .............................................................................................................. 39 
4. O CONJUNTO CIDADE SATÉLITE ..................................................................... 49 
4.1. UM OLHAR TÉCNICO E MORFOLÓGICO ............................................................... 49 
4.2. PERSPECTIVA DOS MORADORES ........................................................................ 56 
4.3. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES ...................................................................... 79 
5. UMA PROPOSTA DE REDESENHO ................................................................... 71 
5.1. DIRETRIZES PROJETUAIS ...................................................................................... 71 
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES ........................................................................... 73 
5.3. ZONAS PRIMÁRIAS ................................................................................................. 74 
5.4. ZONAS DE CONEXÃO ............................................................................................. 97 
5.5. PROPOSTA PROJETUAL....................................................................................... 100 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 9517 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 118 
APÊNDICES ........................................................................................................... 121 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
É possível observar, na atualidade, uma tendência à diminuição do uso e 
apropriação dos espaços públicos pelos cidadãos em muitas cidades brasileiras. 
Nota-se, atrelado a isso, um fenômeno de medo excessivo e obsessão com métodos 
que “garantem” a segurança – evidenciado por muros altos, edifícios afastados do 
alinhamento da rua, guaritas e cercas elétricas –, modificando a imagem do lugar e 
afetando diretamente a relação entre a população e seu território. Enquanto que os 
indivíduos evitam o âmbito público e seu caráter imprevisível – sobretudo quanto às 
pessoas e grupos que podem estar no local –, o espaço sofre a falta de manutenção 
e pouca quantidade de usuários mencionada, o que acaba contribuindo para o 
aumento da sensação de insegurança. 
Como resultado desse cenário, surgiu a tendência das pessoas se voltarem 
para espaços privados coletivos, como shoppings, clubes e áreas de lazer de 
grandes complexos residenciais. Esses lugares, de certa forma, são versões mais 
restritas das áreas públicas de convivência, fornecendo a sensação de segurança 
procurada por seus frequentadores, porém sem apresentar qualidades essenciais 
para a existência de urbanidade1. A respeito desse afastamento do cidadão do 
âmbito público na cidade do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Janot (2010) afirma que, 
nas últimas décadas, vem se notando: 
[...] o surgimento de um modelo de urbanidade que adota como sua 
referência principal o individualismo nas relações humanas e a 
homogeneidade na formação de grupos sociais. Na medida em que 
essa prática foi se consolidando, o convívio espontâneo e solidário 
nos espaços públicos começou a se esfacelar, estimulando o 
deslocamento das pessoas para espaços privados de uso coletivo. 
Essa dinâmica – ou falta de dinâmica – pode ser facilmente observada na 
cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, de tal modo que grandes edificações 
comerciais se tornaram polos de encontro – como o Midway Mall, Natal Shopping e 
 
1 Renato Saboya (2011) estabelece a urbanidade dos espaços como sendo um conjunto de situações 
e configurações morfológicas que estimulam relações sociais diversas e dinâmicas. Este conceito 
será aprofundado nas próximas etapas deste trabalho. 
23 
 
Via Direta –, e a criação de condomínios fechados em sua região metropolitana é 
contínua. 
A partir de pesquisa realizada2, no Conjunto Habitacional Cidade Satélite, 
área de estudo do presente trabalho, observou-se constantepreocupação com a 
segurança do indivíduo ao utilizar-se das áreas verdes. Percebeu-se – a partir de 
análises realizadas durante a pesquisa – a associação direta entre esta situação e a 
infraestrutura presente nas praças, uma vez que, enquanto que os demais 
ambientes do conjunto seguiram o modo de produção modernista built all at once3, 
os espaços públicos de lazer foram construídos e estruturados de forma análoga ao 
que ocorre na ocupação do solo urbano na cidade convencional por edificações (lote 
a lote). 
Há, ainda, o fato do Conjunto Cidade Satélite ser uma área 
predominantemente residencial 4 , carregando consigo o estigma de “bairro 
dormitório”, o que acarreta em um baixo índice de vivência dos espaços livres de 
caráter público – os moradores, por permanecerem no centro da cidade durante o 
dia, e apenas voltarem a suas casas para dormir, à noite, acabam não vivenciando o 
bairro em sua plenitude. 
Além da sensação de insegurança mencionada e da “migração” dos usuários 
para espaços privados fechados, observou-se, durante a pesquisa, que são poucos 
os espaços com infraestrutura adequada no conjunto, contabilizando um total de 
seis praças – algumas impróprias ao uso, com assentos e lixeiras quebradas, 
acúmulo de resíduos sólidos e vegetação rasteira invadindo calçadas. Deve-se, 
ainda, levar em consideração os ambientes carentes de qualquer tipo de 
 
2 Desenvolvida para disciplina de Planejamento e Projeto Urbano e Regional 6 (PPUR6), do curso de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – em parceria com 
as autoras Nathália de Araújo Pinheiro e Priscila Bessa Maciel Bertoldo da Costa –, a pesquisa 
intitulada "Relações humanas na Cidade não-convencional: As praças do conjunto Cidade Satélite 
sob a ótica da urbanidade" tinha como objetivo geral compreender o papel das soluções adotadas 
nos projetos de áreas livres na vivência e apropriação do lugar pelos moradores, contribuindo para a 
elaboração de diretrizes projetuais com o intuito de orientar futuras intervenções em conjuntos 
habitacionais, inclusive no Conjunto Cidade Satélite. 
3 Douglas Aguiar (2012) define a expressão como o modelo referido a bairros e distritos construídos 
em um mesmo momento, como conjuntos habitacionais. 
4 A grande quantidade de residências encontradas em Cidade Satélite, uma vez considerado o maior 
conjunto já erguido por uma cooperativa habitacional na América Latina (SEMURB, 2008, p.6), 
associa-se ao contexto histórico da política de habitação com ênfase na casa própria, que foi 
necessária para atender ao crescimento econômico e populacional de Natal. Segundo Caliane 
Almeida (2007), já na década de 60, o preço do solo na zona consolidada da cidade passou a afetar a 
localização da oferta de moradia no espaço urbano. O conjunto se insere nessa nova configuração, 
na qual a casa se distancia do trabalho e da infraestrutura que o centro oferece. 
24 
 
infraestrutura, locais designados – no projeto original do conjunto – como áreas 
livres com função de lazer e que se concretizam, na verdade, como extensos vazios 
urbanos, justapondo-se à infraestrutura já consolidada, não ficando clara a função 
de cada espaço. 
Mais recentemente, no entanto, por ocasião dessa necessidade de ambientes 
públicos de convivência e lazer, surgiram novos exemplos na área, através de 
reforma ocorrida em 20125, como contrapartida de empreendimentos privados6, com 
a construção de um calçadão, implantação de lixeiras, bancos e pontos de 
iluminação; e, por iniciativa de moradores em parceria com a Igreja, apareceram 
novos pontos de encontro de caráter religioso, configurando um cruzeiro com altar e 
bancos integrados. Outros equipamentos observados por todo o conjunto foram as 
academias ao ar livre, as quais foram requisitadas ou por meio de ofícios pelas 
Associações de Moradores, locadas através de indicações dos próprios moradores, 
ou obtidas por meio do orçamento participativo da zona sul7, e outras ainda através 
de ações por parte de vereadores. Como resultado dessas intervenções, os 
representantes apontaram um aumento na sensação de segurança desses locais, 
devido à atração de uma maior quantidade de pessoas, além de que esses terrenos 
– antes considerados baldios – passaram a ser tratados pela população como 
espaços de convivência. 
Em vista disso, é possível afirmar a relevância de um projeto de requalificação 
desses espaços, levando em consideração as necessidades e interesses dos 
moradores do conjunto – uma vez que essas pequenas intervenções, apesar de 
possuírem infraestrutura mínima, geraram uma nova e positiva dinâmica no conjunto 
habitacional em estudo, comprovando a carência de espaços desse tipo. 
Essa temática chamou a atenção do autor devido ao fato do Brasil estar 
repleto de espaços públicos de lazer sem infraestrutura adequada ou incoerente 
com a realidade local, refletindo a falta de compromisso por parte dos órgãos 
 
5 Francisco Canindé da Fonseca, Tesoureiro do Conselho Comunitário de Cidade Satélite 
(CONCITEL), da primeira etapa, e da Paróquia São Francisco de Assis e Anízio Barbosa, Presidente 
da Associação dos Moradores da Cidade Satélite (AMOCISA), da terceira etapa, respectivamente, 
em entrevistas concedidas nos dias 26 e 27/04/2017. 
6 Quanto a esses empreendimentos privados, não se sabe ao certo qual empresa realizou a 
contrapartida, uma vez que foram dadas informações divergentes pelos entrevistados, onde um 
afirma que foi a Cyrela e outro a Capuche. 
7 De acordo com a Prefeitura Municipal do Natal, o orçamento participativo é o processo que garante 
o envolvimento da população na decisão quanto às necessidades e prioridades da destinação dos 
recursos de parte da receita tributária do município. 
25 
 
responsáveis com a importância das funções de tais lugares para a cidade e a 
população, o que ocasiona a escassez de oportunidades para que sejam propostos 
e executados projetos e experiências de qualidade. Como exemplo dessa 
indiferença e da repetição de soluções inadequadas, há os casos de projetos de 
loteamentos e conjuntos habitacionais abertos, onde se obriga atender às 
prescrições urbanísticas presentes na legislação vigente – relativas à porcentagem 
do terreno destinada a área verde e uso institucional – ao mesmo tempo em que o 
empreendedor ou empresa empregadora procura o maior aproveitamento do solo, 
visando alcançar o lucro desejado. 
Existe, assim, a necessidade da conscientização dos profissionais e órgãos 
públicos quanto à importância da perspectiva humana na criação de diretrizes e 
projetos de áreas livres, considerando relevante a reflexão a respeito dos aspectos 
que levam a população se distanciar ou se aproximar destes espaços. 
Já a inquietação de trabalhar com os espaços públicos advém das incontáveis 
possibilidades para estes – como, por exemplo, enxergar o potencial da longa 
extensão de áreas livres sem (ou com inadequada) infraestrutura contidos na 
paisagem do Conjunto Cidade Satélite e imaginar diversas soluções projetuais, 
possibilitando a reaproximação dos cidadãos da esfera pública. Os espaços livres, 
em situações como essas, podem, de acordo com Raquel Tardin (2008, p.19): 
[...] deixar de ser simplesmente áreas de futura ocupação para 
representar a possibilidade de redirecionar o processo de construção 
do território e atuar a favor da delimitação das condições de sua 
consolidação, se baseando na coerência e na complementaridade do 
espaço livre e ocupado. 
Tem-se, então, a indispensável procura por estratégias “[...] que busquem 
aglutinar as peças fragmentadas, até alcançar um todo amalgamado e coerente, 
com força para atuar nos ‘buracos’ do território, na forma de um sistema de espaços 
livres como possível condutor da estrutura urbana” (TARDIN, 2008, p.19). 
Acrescido a esses motivos,a partir dos resultados atingidos na pesquisa 
referida anteriormente, surgiu a motivação para colocar o conhecimento adquirido 
teoricamente em prática. Desta maneira, pretende-se neste trabalho propor um 
redesenho de uma fração dos espaços livres existentes no Conjunto Cidade Satélite, 
tendo o conceito de urbanidade como elemento norteador. De forma a alcançar este 
objetivo, pretende-se, ainda: contribuir com discussões acerca do papel dos espaços 
livres públicos em conjuntos habitacionais, encarando os mesmos enquanto um 
26 
 
Sistema de Espaços Livres; ressaltar a importância do conceito de urbanidade no 
planejamento de espaços públicos de uso coletivo; assim como compreender e 
valorizar as necessidades dos moradores do Conjunto Cidade Satélite, de modo a 
rebatê-las no projeto urbano a ser proposto. 
O presente Trabalho Final de Graduação estrutura-se, assim, em 5 capítulos: 
o primeiro diz respeito aos procedimentos metodológicos utilizados; o seguinte se 
refere ao levantamento teórico de conceitos e posicionamentos presentes nas obras 
de autores que serão tratados ao longo deste trabalho; o terceiro tem como objetivo 
diagnosticar a área de estudo e sua inserção dentro do conjunto, observando suas 
mudanças na história; já o próximo capítulo pretende resumir o que foi discutido até 
então, seguido de um levantamento de problemas e potencialidades e apresentação 
das diretrizes de projeto desenvolvidas na pesquisa anterior, além da definição do 
programa de necessidades; na último parte do trabalho, por fim, será apresentada a 
proposta de redesenho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
1. PERCURSOS TRILHADOS: UMA JORNADA METODOLÓGICA 
1.1. ÁREA-DE-ESTUDO E ÁREAS-PROJETO 
 
Ao iniciar os estudos deste trabalho, viu-se a necessidade de estabelecimento 
de alguns recortes espaciais – com o intuito de possibilitar e direcionar as leituras e 
análises futuras. Para tal, tomou-se como base os conceitos de Ferdinando 
Rodrigues (1986) de área-de-estudo e áreas-projeto. O último diz respeito, segundo 
Rodrigues, às áreas “onde se concentrarão as propostas de organização física” 
(1986, p.16). No caso deste trabalho, a área de projeto foi subdividida em dois 
níveis: (1) nível de planejamento - que diz respeito às áreas livres do conjunto de 
modo geral, onde serão propostas ações e atividades seguindo diretrizes 
explanadas no capítulo 4 e, (2) nível de estudo preliminar - áreas definidas durante o 
andamento do trabalho, de acordo com suas pertinências e relevâncias, nas quais o 
projeto apresentado desenvolvido compõe um estudo preliminar. 
Já com relação a área-de-estudo, Rodrigues destaca que esta poderá 
“abranger a área central com uma superfície equivalente a um círculo com raio de 
300 a 500 m [...] em relação ao provável centro de gravidade física e funcional da 
área” (1986, p.15). No entanto, devido à característica linear das áreas livres a 
serem estudadas, assim como da forte influência do próprio Conjunto Cidade 
Satélite sobre elas – além da necessidade de estudo deste, nos dias atuais, para 
entender seu projeto original e os usos que foram destinadas a cada área –, optou-
se por utilizar como área-de-estudo o próprio conjunto. 
Figura 1 - Recortes espaciais 
 
28 
 
Nota: A linha contínua em preto representa a delimitação da área de estudo; a linha 
tracejada, a área de projeto em nível de estudo preliminar; e em verde, a área a nível de 
planejamento. 
Fonte: SEMURB, editado pelo autor. 
O Conjunto Cidade Satélite – com 15.953 habitantes – está inserido no bairro 
Pitimbu (Figura 2), na Região Administrativa Sul da cidade de Natal, e possui 
delimitações naturais e construídas: dunas ao norte na Zona de Proteção Ambiental 
01 (ZPA-01), o rio Pitimbu ao sul, a BR-101 a leste e linha férrea a oeste (SEMURB, 
2008, p.38). Fundado oficialmente em 1983, foi projetado por Acácio Gil Borsoi, 
arquiteto carioca que teve importância na difusão dos ideais modernistas no 
Nordeste, definindo-se como racionalista (SEGAWA apud MOURA, 2002, p.31). 
Borsoi realizou projetos na área urbana, alguns de cunho social e sistemas de 
autogestão, diferentemente do conjunto habitacional em questão, erguido por 
construtoras gerenciadas pelo Instituto de Orientação a Cooperativas Habitacionais 
do Rio Grande do Norte (INOCOOP-RN) para fins comerciais, não havendo 
participação popular direta (MOURA, 2002, p. 31-32). Percebe-se a influência 
modernista no projeto – refletindo a trajetória e paradigmas seguidos pelo projetista 
– observada no zoneamento em setores, na hierarquização de vias, na reprodução 
de tipos e na abundância de espaços livres para uso coletivo. 
Figura 2 - Cidade Satélite inserido no bairro Pitimbu 
 
Nota: Em amarelo, o Conjunto Cidade Satélite. 
Fonte: Google Earth, editado pelo autor. 
29 
 
1.2. CAMINHOS DE ANÁLISE 
 
Com a intenção de atingir os objetivos deste trabalho, achou-se 
imprescindível a formulação de uma metodologia que englobasse métodos e autores 
que se complementem e sejam adequados à realidade estudada. Uma vez que, 
segundo Vicente Del Rio (1990), apesar de existirem diversas metodologias e 
teorias a respeito do Desenho Urbano, nenhuma delas se apresenta absoluta e 
suficiente isoladamente, sendo todas complementares umas às outras. 
O início e a base da pesquisa 
Como já mencionado, este trabalho é continuação de uma pesquisa 
desenvolvida pelo autor intitulada "Relações humanas na Cidade não-convencional: 
as praças do conjunto Cidade Satélite sob a ótica da urbanidade" e que teve como 
objetivo geral compreender o papel das soluções adotadas nos projetos de áreas 
livres na vivência e apropriação do lugar pelos moradores, contribuindo para a 
elaboração de diretrizes projetuais com o intuito de orientar futuras intervenções em 
conjuntos habitacionais, inclusive no Conjunto Cidade Satélite. 
De forma a atingir esse objetivo, assim como responder hipóteses8, foram 
listadas, inicialmente, as variáveis que seriam fundamentais à compreensão da 
dinâmica das praças escolhidas para estudo: os moradores do conjunto, os usuários 
das praças e os lugares. Elas foram analisadas seguindo as definições 
estabelecidas por Pinheiro, Elali e Fernandes (2008), Sommer e Sommer (2002), 
Wicker (1979), Ornstein (1992), e Ittelson et al. (1974), ou seja, através da 
realização de mapeamentos comportamentais centrados no lugar, análise de 
behavior settings e vestígios ambientais. Observou-se, ainda, a presença (ou 
ausência) das características dos ambientes responsivos defendidas por Ian Bentley 
 
8 A pesquisa girou em torno do questionamento “Como o desenho, o mobiliário, a segurança e as 
atividades do entorno e do interior das praças do Conjunto Cidade Satélite influenciam a quantidade, 
as interações e a diversidade de perfis dos usuários?” e, como forma de responder essa pergunta, 
foram elaboradas hipóteses que seguem parâmetros de vivência urbana formuladas a partir do 
conceito de urbanidade de Renato Saboya: (1) a diversidade de usos do entorno gera uma maior 
intensidade de fluxo de pessoas nas praças em diferentes horários; (2) o uso do espaço público será 
diretamente proporcional ao nível de sensação de conforto e segurança do usuário e à qualidade da 
infraestrutura presente; (3) os lugares que apresentam mais opções de atividades no seu interior, 
como campos de futebol, academias da terceira idade e espaços para encontro/reunião, atrairão 
usuários de perfis diversos; e (4) ambientes permeáveis com caminhos acessíveis 
conectados/articulados espacialmente estimularão encontros de pessoas e interações sociais. 
30 
 
et al (1985): permeabilidade, variedade, legibilidade, robustez, apropriação visual, 
riqueza e personalização. 
A partir disso, realizaram-se visitas às praças que serviram para a 
compreensão de suas realidades física e funcional – sendo feitos levantamentosdas 
praças e documentação dos vestígios ambientais observados –, e para o 
rebatimento dos conhecimentos adquiridos quanto às qualidades-chave dos 
responsive environments. Dessa forma, foi possível o desenvolvimento de mapas de 
uso do solo e de layout – necessários à criação de fichas para o mapeamento 
comportamental de cada local. 
O mapeamento comportamental foi a primeira forma de compreensão das 
atividades e movimentos em cada uma das localidades. Sendo realizados em 
diversos horários para que, assim, fosse possível entender o funcionamento dos 
espaços de maneira geral. Remetendo ao conceito apresentado por Sommer e 
Sommer (2002) no que diz respeito aos mapas comportamentais, essa metodologia 
pode ser centrada no lugar ou centrada na pessoa. Optou-se por utilizar do 
mapeamento centrado no lugar, pois mostra como as pessoas se dispõem, 
facilitando a comparação das dinâmicas entre as praças e relacionando-as com os 
elementos presentes. 
Esses instrumentos – mapas comportamentais, mapa de uso do solo e layout, 
e análise a partir das qualidades dos ambientes responsivos – serviram para a 
compreensão de aspectos relativos às questões físicas relacionadas ao lugar, tais 
como a compreensão da influência dos aspectos físicos de cada local na frequência 
de usuários e atividades realizadas; a identificação das características dos 
ambientes que os tornam favoráveis às relações sociais, ou seja, que contribuem 
para a urbanidade; e o diagnóstico de características do entorno que influenciam na 
frequência e horários de pico de cada espaço. 
Como forma de obter um panorama histórico da relação entre habitantes e 
espaços livres do conjunto – como esta se desenvolveu e/ou modificou –, 
compreender o estado atual das praças e caracterizar o vínculo da população com 
esses espaços, foram realizadas entrevistas semiestruturadas9. Duas delas com 
representantes de moradores de setores do conjunto – o presidente da Associação 
 
9 Para Eduardo José Manzini (2004, p.2), esse tipo de entrevista segue “um roteiro com perguntas 
principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à 
entrevista”, podendo surgir informações novas de forma mais livre que talvez não tivessem sido 
contempladas pelas perguntas previamente planejadas. 
31 
 
dos Moradores da Cidade Satélite (AMOCISA) e o tesoureiro do Conselho 
Comunitário de Cidade Satélite (CONCITEL) 10 – e uma com o primeiro padre da 
Paróquia São Francisco de Assis. Essas instituições foram escolhidas, pois acredita-
se que nesses grupos há um forte interesse quanto às questões que englobam o 
espaço coletivo e sua apropriação, e o direito à cidade. A Igreja, apesar de não ser 
composta por membros eleitos pelos moradores, está diretamente relacionada à 
praça que leva seu nome, uma vez que estão situadas lado a lado e por existirem 
desde a inauguração do conjunto. 
De modo ratificar as informações obtidas pelas entrevistas, foi elaborado um 
questionário, disponibilizado via Internet entre os dias 27 de abril e 12 de maio de 
2017 (compreendendo 15 dias), direcionado aos moradores do conjunto, totalizando 
132 respostas. Este questionário, estruturado em duas seções – dados pessoais e 
relação com as praças do conjunto – foi divulgado pela rede social Facebook no 
perfil da AMOCISA, no grupo de moradores do conjunto, e nos perfis pessoais dos 
autores do trabalho mencionado acima, pretendendo, assim, atingir um público mais 
diverso e representativo da comunidade. 
Um segundo questionário foi desenvolvido voltado aos frequentadores das 
praças em análise e, diferentemente do anterior, este foi realizado de forma 
presencial e dividido em três seções – dados pessoais, relação com a praça em que 
se encontra e avaliação deste espaço. Aplicado nos dias 28 de abril de 2017; e de 5 
a 12 de maio de 2017, resultou em 60 respostas, sendo 20 em cada praça. Para 
melhor otimização do tempo e de forma a atingir uma maior quantidade de pessoas, 
os questionários foram implementados nos horários de pico observados através dos 
mapas comportamentais. 
Considerando que o questionário online buscou uma noção geral quanto às 
opiniões de todas as praças do conjunto, e o presencial focou na praça em que foi 
realizado, viu-se necessário o desenvolvimento de dois questionários diferentes, 
uma vez que o primeiro é o único instrumento da pesquisa que abrange o público 
que não utiliza as praças – tendo sido optado pelo meio virtual por ser uma maneira 
mais prática e menos invasiva de entrar em contato com esse grupo. Esses 
 
10 O conjunto Cidade Satélite, por ter sido construído em três etapas, apresenta três 
associações/conselhos de moradores: CONCITEL, ACOCISA (Associação Comunitária do Conjunto 
Residencial Cidade Satélite) e AMOCISA, sendo cada uma responsável, respectivamente, pela 1ª, 2ª 
e 3ª fase de construção. Percebeu-se, porém, que a AMOCISA é atuante em todo o bairro Pitimbu, 
não se restringindo apenas à sua etapa. 
32 
 
instrumentos tinham como principais objetivos caracterizar os perfis daqueles que 
usam ou não as praças e suas relações com a área pública; identificar opiniões e 
sugestões de melhorias relativas ao espaço físico; e compreender os principais 
motivos que atraem e/ou repelem as pessoas. 
Com a realização destas etapas, os dados obtidos puderam passar por um 
tratamento estatístico, possibilitando a construção de tabelas, gráficos e plantas 
indicativas de diferentes usos do local em estudo, quantidade de usuários, horários 
de atividades, auxiliando na obtenção de conclusões relativas às hipóteses, 
tornando possível, a partir disso, a elaboração de diretrizes de projeto que orientem 
a implantação de novos espaços no conjunto Cidade Satélite. 
O seguimento da caminhada e o desenvolvimento da proposta 
Dando continuidade à pesquisa citada, o presente Trabalho Final de 
Graduação foi desenvolvido da seguinte maneira: 
1. Como forma de aprofundar os estudos, ampliou-se o levantamento teórico-
metodológico, apresentado no capítulo 2 deste trabalho, inserindo conceitos e 
posicionamentos presentes nas obras de autores como Sun Alex (2008) – ao 
tratar de praças e espaços públicos; Jane Jacobs (1961) – no que diz respeito 
ao urbanismo modernista; além de Bruna Benvenga (2011) com a relação aos 
conjuntos habitacionais modernistas, e discussões trazidas por Saboya (2007), 
Douglas Aguiar (2012) e Frederico de Holanda (2003) no tocante ao conceito de 
urbanidade. Além destes, referenciou-se a obra de Raquel Tardin (2008) sobre 
os Sistemas de Espaços Livres. 
2. Realizou-se um estudo mais aprofundado do Conjunto Habitacional Cidade 
Satélite, apresentando ao leitor desde o projeto original e sua formação histórica 
– diagnosticando as áreas livres e sua inserção dentro do conjunto – até suas 
características morfológicas dos dias atuais. Foram realizadas análises 
complementares às já existentes, na área de estudo: mapeamento do uso do 
solo (destacando pontos de interesse), gabarito (com a intenção de identificar 
pontos de concentração habitacional, assim como possíveis bloqueios de 
visuais), fluxos e deslocamentos (incluindo o transporte público). Essa retomada 
histórica do projeto original, assim como o diagnóstico atual das áreas livres do 
Conjunto encontram-se no terceiro capítulo deste trabalho. 
33 
 
3. Também foram observados, na área-projeto, vestígios ambientais, buscando 
inferir algumas relações pessoa-ambiente e entender as formas de apropriação 
do lugar. Após feitas as análises, foram desenvolvidos mapas sínteses para 
melhor compreensão e leitura da área a ser estudada e retomadas as diretrizes 
para se projetar no espaço urbano com urbanidade propostas no trabalho 
anterior, a fim de um embasado levantamento de problemas e potencialidades. 
4. Após finalizadosos estudos e análises descritos acima, foi feito o exercício 
projetual tendo como base principal as reais necessidades e demandas da 
população que usufrui/pode usufruir dos espaços em questão, buscando 
elaborar um programa de necessidades condizentes com tal realidade, 
espacializando-o em toda a área de planejamento e organizando-o em zonas de 
intervenção. Foram definidas, ainda, conceito e partido de projeto, assim como 
diretrizes gerais de implementação de mobiliário, dimensões de passeio e rotas 
cicláveis, materiais de pavimentação, cores e padrões visuais. 
4.a. Definição das zonas de intervenção e sua distribuição na área de planejamento. 
4.b. Diante da amplidão dos espaços livres estudados, foi necessário definir uma 
fração da área estudada para qual foi desenvolvido um estudo preliminar. 
 
2. CONCEITOS E ABORDAGENS: UM REFERENCIAL TEÓRICO-
METODOLÓGICO 
 
Como forma de iniciar a discussão, faz-se necessário estabelecer alguns 
conceitos que foram adotados, uma vez que os assuntos tratados podem possuir 
diversas interpretações. Em relação ao espaço público, um dos motes deste 
trabalho, Nelson Popini Vaz, citado por Vivian Dall’Igna Ecker, define como sendo o 
“[...] conjunto de lugares abertos que não podem ser apropriados de modo privado 
[...], e onde os indivíduos e suas práticas são observados em configurações que 
atribuem ao lugar o sentido de espaço de sociabilidade” (2016, p.21). 
Complementando esta ideia, Sun Alex expande a definição, exemplificando suas 
manifestações: 
O espaço público na cidade assume inúmeras formas e tamanhos, 
compreendendo desde uma calçada até a paisagem vista da janela. 
Ele também abrange lugares designados ou projetados para o uso 
cotidiano, cujas formas mais conhecidas são as ruas, as praças e os 
34 
 
parques. A palavra “público” indica que os locais que concretizam 
esse espaço são abertos e acessíveis, sem exceção, a todas as 
pessoas (ALEX, 2008, p.19). 
Como é citado por Alex, a praça é uma dessas modalidades, não sendo 
apenas “um espaço físico aberto, mas também um centro social integrado ao tecido 
urbano” (ALEX, 2008, p.23) delimitado pelo parcelamento do solo e traçado viário 
(BENVENGA, 2011, p.33). 
Camillo Sitte prezava pela importância dos locais públicos e pelo ideal de 
beleza de seu tempo, criticando a função dos espaços públicos modernos e a perda 
de seu caráter cívico. A respeito disso, Françoise Choay (1965, p.206) concorda 
com o arquiteto, ao afirmar que, quanto aos novos modos de produção da cidade no 
fim do século XIX, o papel das áreas livres na cidade passou a consistir somente 
“em proporcionar mais ar e mais luz e em romper a monotonia dos oceanos de 
casas”. Este pensamento entra em concordância com Bruna Benvenga (2011) 
quanto a estes logradouros em conjuntos habitacionais de cunho modernista: 
Seu dimensionamento comumente ocorre em função da legislação 
de parcelamento vigente que estabelece porcentagens de terreno do 
loteamento que devem ser destinadas a espaços livres públicos. [...] 
porém, é comum nesses tecidos que tais espaços se estabeleçam 
em áreas residuais do parcelamento do solo e, por esse motivo, não 
apresentem condições espaciais de suportar o convívio social 
(BENVENGA, 2011, p.33). 
No que diz respeito a essas áreas livres públicas e ao papel ao qual devem 
ser destinadas, quando vistas como um sistema assume uma importante função na 
manutenção e ordenação do território, como por exemplo, na escala da cidade. 
Sobre o sistema de espaços livres (SEL), Tardin aponta para a relevância das 
relações entre as diferentes peças que o compõem, sejam elas diretamente 
conectadas ou separadas pelos demais elementos da ocupação urbana (2008, p.47) 
podendo ser resumidas pela fala de Verônica Maria Fernandes de Lima e Viviane 
Gomes Medeiros, que apontam como benefícios: 
[...] recuperação de áreas degradadas, a renovação de áreas 
subutilizadas, a conservação e restauração dos recursos naturais, a 
prestação de serviços ambientais - principalmente a amenização da 
poluição e das temperaturas, proporcionando um maior conforto 
ambiental - e a eficiência para drenagem de águas, além da 
prestação de serviços de saúde pública em áreas adequadas (LIMA, 
MEDEIROS; 2016, p.33). 
As correntes do urbanismo do início até meados do século XX são bastante 
citadas na literatura, e às mesmas não faltam discordâncias acerca de seus 
35 
 
princípios e resultados. As ideias de Jane Jacobs surgem frequentemente como 
referência à desaprovação de ideais urbanísticos como os divulgados por Ebenezer 
Howard com sua cidade-jardim 11 e Le Corbusier com a ville radieuse12. A autora, em 
seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades (1961), afirma que o mesmo é um 
ataque à maneira como era feito o desenho urbano na época vigente e à falta de 
protagonismo dispensada aos problemas das cidades reais, como aponta Douglas 
Aguiar: 
A crítica de Jacobs é focalizada predominantemente na perda de 
diversidade das urbanizações novas, produzidas em grande escala, 
em comparação com a diversidade das cidades ditas de crescimento 
natural. [...] Ela detecta o problema das urbanizações produzidas ‘all 
at once’, bairros construídos a uma só vez, grandes conjuntos de 
habitação, situações em geral privadas da diversidade arquitetônica 
natural na cidade produzida por diferentes agentes ao longo do 
tempo (AGUIAR, 2012). 
Segundo Peter Blake, citado por Carlos Nelson F. dos Santos (1988, p.25), as 
propostas racionalistas não conseguiram transmitir ao espaço real “[...] a clareza, a 
ordem, a lógica, a liberdade [...]” pretendidas, em uma tentativa de negação à 
estruturação da cidade existente e sua substituição por uma outra idealizada. A isso, 
podem ser acrescentados elementos mencionados por Góis, Ferreira e Souza, 
quando, ao mencionarem a situação atual dos espaços públicos resultantes da 
produção de conjuntos habitacionais na cidade de Natal, construídos a partir da 
década de 1960 com a Política Nacional de Habitação, colocam que: 
[...] o projeto arquitetônico e urbanístico, seguindo um racionalismo 
modernista muito simplista, gerou pontos de conflitos e não 
proporcionou a identificação e apropriação destes espaços por parte 
de seus moradores” (GÓIS et al., 2002, p.222-223). 
De acordo com a Carta de Atenas (1933), a prática do urbanismo modernista 
se baseava no zoneamento do espaço em quatro funções básicas: habitar, circular, 
recrear e trabalhar. Além disso, Le Corbusier acrescenta como características do 
movimento, a criação de grandes áreas livres, alta densidade, unidades de 
 
11 A cidade jardim é um modelo de cidade idealizado por Ebenezer Howard no fim do século XIX, 
consistindo em uma comunidade autônoma cercada por um cinturão verde resultando num equilíbrio 
entre campo e cidade (SABOYA, 2008). 
12 Ville Radieuse (Cidade Radiante) foi, de acordo com Gili Merin (2016) “um plano urbano não 
construído de Le Corbusier, apresentado pela primeira vez em 1924 e publicado no livro homônimo 
em 1933. Projetado para conter meios eficientes de transporte, bem como uma abundância de 
espaços verdes e luz solar, a cidade do futuro de Le Corbusier não só almejava oferecer uma vida 
melhor aos residentes, mas contribuir para criar uma sociedade melhor”. 
 
36 
 
vizinhança e a separação entre veículos e pedestres (Corbusier apud Saboya, 
2008). Acerca dos princípios adotados em áreas livres nesse contexto, Jacobs 
(1961, p.98) diz que elas são tratadas de maneira acrítica, reproduzindo a solução 
de acréscimo destes espaços em situações diversas “como se fosse uma virtude 
patente”. Ian Bentley et al. concorda com a autora e acrescenta: 
A tragédia do design moderno, nos parece, é que os designers nunca 
fizeram um esforço planejado para resolver as implicações formais 
de seus ideais políticos e sociais. De fato, a própria força de seu 
compromisso a esses ideais parece terdirecionado os designers a 
sentir que um enfoque na forma seria, de certa forma, superficial 
(BENTLEY et al., 1985, p.9, Tradução livre13). 
No que diz respeito à consolidação do movimento moderno na arquitetura 
brasileira, o tema da habitação é referido com frequência na literatura, bem como o 
plano e a construção de Brasília, o qual – segundo Góis, Ferreira e Souza (2002, 
p.219) – deu margem à reprodução destes princípios para as camadas de menor 
renda por meio de conjuntos habitacionais implementados por um dos órgãos mais 
atuantes na produção espacial habitacional, o Banco Nacional de Habitação (BNH). 
Em suas propostas, utilizou-se de um padrão único “baseado no projeto da cidade 
modernista proposto na Carta de Atenas e aplicado nas superquadras de Brasília, e 
também dos conjuntos europeus do entreguerras” (BENVENGA, 2011, p.54). 
De acordo com Nabil Bonduki, mencionado por Graziela Rubin e Sandra Bolfe 
(2010), a política nacional de habitação e a atuação do BNH voltava-se, 
principalmente, para a produção em série e em grande escala, em uma tentativa de 
sanar a necessidade de moradias no país. Junto ao projeto dessas 
edificações residenciais, deveriam, obrigatoriamente, reservar ambientes destinados 
ao convívio e recreação dos residentes, seguindo os parâmetros da legislação, 
sobre os quais Góis, Ferreira e Souza indicam: 
As leis definem e normatizam, por um lado, a destinação do espaço 
públicos, mas não efetivam sua ocupação, por outro, os princípios do 
desenho urbano, antecipando ou não às leis, configuram um espaço 
que pouco contribui para a sua apropriação concreta e o convívio de 
seus moradores (GÓIS et al., 2002, p.219). 
O desempenho destes espaços, ajuda a entender o conceito de urbanidade, o 
qual sua ideia – citada por autores como Douglas Aguiar e Renato Saboya – é um 
 
13 The tragedy of modern design, it seems to us, is that designers never made a concerted effort to 
work out the form implications of their social and political ideals. Indeed, the very strenght of their 
commitment to these ideals seems to have led designers to feel that a concentration on form itself was 
somehow superficial (BENTLEY et al., 1985, p.9). 
37 
 
meio de medir a qualidade de vida nas cidades, uma vez que avalia se elas e os 
espaços urbanos realizam bem ou não o papel de proporcionar relações sociais 
diversas para os seus habitantes. 
Uma característica importante para que uma cidade tenha urbanidade é a 
existência de espaços públicos – sendo estes bem cuidados e seguros, onde o 
cidadão possa de fato ser cidadão sem restrições. “O reconhecimento da arquitetura 
e da cidade a partir da urbanidade repropõe os valores essenciais da arquitetura 
como arte social” (AGUIAR, 2012). Segundo Saboya (2011), as dimensões do 
conceito 14de urbanidade são: 
1. Muitas pessoas utilizando os espaços públicos, especialmente as 
calçadas, parques e praças. 
2. Diversidade de perfis, interesses, atividades, idades, classes 
sociais, etc. 
3. Alta interação entre os espaços abertos públicos e os espaços 
fechados, tais como: 
a. pessoas entrando e saindo das edificações [...] 
b. mesas nas calçadas; 
c. contato visual dos andares superiores através de janelas. 
4. Diversidade de modos de transporte e deslocamento (pedestres 
principalmente, mas também ciclistas, automóveis, ônibus, trens, 
etc.). 
5. Pessoas interagindo em grupos, o que requer espaços que apoiem 
essas atividades, como bancos, mesas, áreas sombreadas, etc. 
6. Traços da vida cotidiana – crianças indo à escola, pessoas 
comprando o jornal, indo à mercearia, fazendo compras, etc. Cidades 
eminentemente turísticas têm milhares de pessoas nas ruas, mas a 
sensação pode ser a de um museu a céu aberto se não houver 
traços da vida cotidiana. Quando todos são turistas, não parece 
haver urbanidade real, apenas movimento de pessoas. 
Em complementaridade, Frederico de Holanda (2003, p.16), utilizando-se de 
uma abordagem com ênfase morfológica, aponta características físicas 
representativas da urbanidade. 
a) menores unidades de espaços abertos (ruas, praças); 
b) maior número de portas abrindo para lugares públicos (jamais paredes 
cegas); 
c) minimizar espaços segregados, guetizados (becos sem saída, condomínios 
fechados) e efeitos panópticos pelos quais tudo se vê e vigia. 
 
14 Entende-se, aqui, como “dimensões do conceito”, características de espaços que possuem 
urbanidade, conforme definido por Saboya (2011). 
38 
 
Dessa forma, é possível notar a similaridade das ideias de Sitte com o atual 
conceito de urbanidade. Suas propostas pontuavam a relação harmônica que deve 
existir entre o objeto construído e os vazios que o rodeiam. Considerava a 
humanização como qualidade imprescindível no tratamento de locais públicos. E o 
resultado final do projeto deveria privilegiar o conforto tanto físico quanto espiritual 
dos usuários. Apesar das especificidades dos autores mencionados quanto à 
abordagem do assunto, de maneira geral, os conceitos apresentados quanto a 
urbanidade, transmitem o mesmo princípio: proporcionar lugares acolhedores na 
cidade, que incentivem as relações sociais e o bom contato com o espaço público. 
Juntamente a esses conceitos, pretende-se utilizar, a fim de se obter uma 
maior aproximação da área trabalhada e dar suporte às suas observações e 
análises, a ideia dos responsive environments (ambientes responsivos) definida por 
Ian Bentley et al. no livro “Responsive Environments: A manual for designers” (1985) 
como forma de melhor analisar ambientes na cidade. 
Iniciamos da mesma ideia que vem inspirando a maioria dos 
designers socialmente conscientes dos últimos cem anos: a ideia que 
o ambiente construído deveria fornecer a seus usuários uma 
configuração essencialmente democrática, enriquecendo suas 
oportunidades através da maximização do grau de escolha 
disponível. Nós chamamos esses espaços de responsivos 
(BENTLEY et al, 1985, p.9, Tradução livre15). 
No caso dos espaços públicos, os autores partem do princípio que eles 
devem ser projetados para atender às necessidades da população e, a partir disso, 
listam qualidades-chave que compõem a definição apresentada. Estas são: 
1. Permeabilidade: Relativo à quantidade de caminhos possíveis no ambiente. 
2. Variedade: Refere-se às opções de usos e atividades disponíveis. 
3. Legibilidade: Afeta o quão facilmente as pessoas entendem as oportunidades 
ofertadas pelo espaço. 
4. Robustez: Propriedades perceptíveis que fornecem informações a respeito do 
que alguém pode fazer em um local. As áreas que podem ser utilizadas para 
propósitos variados oferecem a seus frequentadores mais escolhas que 
outras limitadas a um único uso pelos seus projetos. As que oferecem essas 
escolhas possuem a qualidade “robustez”. 
 
15 We start from the same idea as that which has inspired most socially-conscious designers of the last 
hundred years: the idea that the built environment should provide its users with an essentially 
democratic setting, enriching their opportunities by maximising the degree of choice available to them. 
We call such places responsive (BENTLEY et al, 1985, p.9). 
39 
 
5. Apropriação visual: Relaciona a aparência detalhada do espaço com o 
reconhecimento de escolhas disponíveis ao público. 
6. Riqueza: Relaciona-se com as escolhas de experiências sensoriais, não 
somente visual, pelos usuários. 
7. Personalização: Aspecto que influencia a medida em que as pessoas se 
sentem convidadas e confortáveis a colocar “sua marca” no lugar. 
Tais qualidades servem de parâmetro tanto para a avaliação da área 
estudada quanto para o exercício projetual. Outra contribuição para o 
desenvolvimento da proposta é o método “power of ten”, fruto de pesquisas e 
experiências empíricas realizadas pelainstituição Project for Public Spaces (PPS). 
Tal método relaciona as atividades em um espaço público e suas diversidades ao 
estímulo do uso e da vitalidade de tal lugar. O PPS propõe uma simples ideia que 
consiste na possibilidade de uma cidade na qual existam 10 destinos ou áreas de 
interesse - como bairros ou distritos - e que em cada um desses destinos há 10 
lugares relevantes para o uso como espaço público de lazer, que por sua vez 
apresentam 10 coisas - atividades, usos - que venham a interessar os usuários. 
Desse modo, percebe-se a importância das áreas livres públicas como 
sistema não só pela importância físico-territorial exposta anteriormente, mas também 
como agente ordenador e distribuidor da urbanidade. 
 
3. ENTRE PÁSSAROS, SERRAS, RIOS E ÁRVORES: UM 
PANORAMA HISTÓRICO 
 
A formação do conjunto Cidade Satélite, projetado em 1976 e inaugurado 
oficialmente em 1983, insere-se no contexto de expansão da cidade. Essa realidade 
na qual a casa se distancia do trabalho e dos serviços que o centro oferece foi 
impulsionada em Natal, de acordo com Gisele Moura (2002, p.29), além do 
crescimento natural, por fatores como “[...] a implantação de planos de crescimento, 
de loteamentos e eixos de indução”. Segundo Caliane Almeida (2007, p.149), já na 
década de 1960, o preço do solo na zona consolidada da cidade passou a afetar a 
localização da oferta de moradia no espaço urbano. Assim, a solução encontrada 
para atender à demanda por habitação foi assentar planos e projetos urbanísticos 
40 
 
pela zona periférica natalense ainda pouco urbanizada, fenômeno responsável pela 
consolidação de regiões como a que hoje corresponde ao bairro do Pitimbu. O 
conjunto estudado se insere nessa nova configuração, e era considerado até certo 
período: 
[...] um conjunto tranquilo, predominantemente residencial e 
praticamente sem nenhum estabelecimento comercial. Possuía o 
estigma de “cidade dormitório” pelo fato das pessoas trabalharem 
no centro da cidade e apenas voltarem a suas casas para dormir. 
(SEMURB, 2010, p.31) 
Acácio Gil Borsoi, arquiteto com influências modernistas contratado pelo 
Banco Nacional de Habitação (BNH) para realizar o projeto do conjunto, já tinha 
experiências na área urbana, algumas de cunho social e sistemas de autogestão – 
como Cajueiro Seco em Pernambuco e Caminho de Job no Rio de Janeiro – 
diferentemente do conjunto Caçote, em Pernambuco, e do conjunto habitacional em 
questão, indicados nas Figuras 3 e 4, respectivamente – erguido por construtoras 
gerenciadas pelo Instituto de Orientação a Cooperativas Habitacionais do Rio 
Grande do Norte (INOCOOP-RN) para fins comerciais, não havendo participação 
popular direta. Além disso, essas duas últimas propostas assemelham-se às 
características modernistas, como citado por Moura (2002, p.31-34): malha viária 
hierarquizada, com separação dos fluxos de pedestres e veículos, e ruas em “zigue-
zague”; possibilidade de escolha pelos futuros ocupantes entre algumas tipologias 
de habitação; e grande presença do uso residencial. 
Figura 3 - Implantação do Conjunto Caçote (PE) com áreas indicadas 
 
Fonte: MOURA, 2002 
41 
 
Figura 4 - Implantação do projeto original do Conjunto Cidade Satélite (Natal-RN) 
 
Fonte: Fonte: MACÊDO JR; PINHEIRO; COSTA, 2017 
Além desses aspectos, há a disposição do desenho original em unidades de 
vizinhança, segundo Moura (2002, p. 40), “seguindo a organização adotada em 
planos considerados ícones do urbanismo moderno como Brasília e Chandigarh”. 
Apesar do traçado diferir dos planos mencionados, a autora aponta que “a 
organização interna segue às utilizadas nos dois exemplos apresentados, como a 
previsão, dentro da própria unidade de vizinhança de equipamentos que respondam 
aos requisitos essenciais de seus moradores” (Moura, 2002, p.40), como 
estabelecimentos comerciais e equipamentos de educação, lazer e saúde. 
Observa-se que as unidades citadas estão inseridas de acordo com as etapas 
de construção do conjunto. A primeira destas corresponde às unidades de 
vizinhança III e IV, caracterizada pelas ruas com nomes de serras e pássaros; a 
segunda e a terceira etapa equivalem, respectivamente, às unidades I e II – 
nomeadas por rios e árvores. 
Projetos e planos urbanísticos como o de Cidade Satélite fazem parte de um 
processo de desenho urbano que configura o que chamaremos aqui de cidade não-
convencional, aquela concentrada em produções, no caso natalense, como 
loteamentos e conjuntos habitacionais abertos. Atualmente, para a execução de tais 
tipologias, se obriga atender às prescrições urbanísticas presentes no Capítulo V do 
Plano Diretor de Natal, referente ao parcelamento do solo – relativas à porcentagem 
do terreno destinada a áreas verdes e uso institucional – e, em alguns casos, ao 
mesmo tempo em que o empreendedor ou empresa empregadora procura o maior 
aproveitamento do solo, visando alcançar o lucro desejado. Tal objetivo ocasiona, 
comumente, a presença de vazios urbanos semelhantes a terrenos baldios, que 
42 
 
acabam por não cumprir a função legal especificada, já que não há interesse para o 
capital privado na estruturação de espaços públicos de lazer, cabendo ao poder 
público essa atividade. 
O projeto original data de 1976, quando não havia plano diretor instituído na 
cidade. A Lei do Parcelamento do Solo 6.766 de 1979 era a única normativa 
reguladora de áreas destinadas ao município, porém tratava apenas de loteamentos 
e, por isso, não aplicável à Cidade Satélite, que se configura como um conjunto 
habitacional. Apesar da inexistência de uma legislação específica para a 
determinação de áreas verdes nesse tipo de empreendimento, o que se observa no 
caso estudado é uma abundância desse uso. 
Tal situação se deu em virtude da vulnerabilidade ambiental em que se 
encontrava o território da construção e devido às diretrizes racionalistas seguidas 
pelo BNH. Segundo Sara de Medeiros (2015), houve controvérsias quanto a esta 
intervenção por situar-se em região dunar, responsável pela captação de água para 
reservas aquíferas de Natal. Dessa forma, as grandes porções de espaços livres 
presentes no conjunto atuaram como contrapartidas a essa agressão ao meio 
ambiente, como explana a autora. 
Em virtude da questão ambiental, o projeto final reservou 60% da 
sua área total para áreas verdes. Numa área de 2.610.000m² eram 
previstas aproximadamente 7 mil unidades, adaptadas às questões 
ambientais, mas foram construídas apenas 3.545 habitações (de 
tipo A, B, C e D, com área útil entre 42m² e 80m², em terrenos 15 x 
30 m), totalizando 101 quadras residenciais (MEDEIROS, 2015, 
p.164). 
 Apoiando ainda essa configuração, está a bagagem modernista do arquiteto 
responsável, juntamente aos ideais seguidos pelo órgão financiador (BNH), ao 
adotar características similares a zonas residenciais do Plano Piloto de Brasília – 
superquadras (BENVENGA, 2011, p.60). Assim foram distribuídos os espaços 
destinados a equipamentos comunitários, vias e áreas verdes, culminando na 
configuração presente em Cidade Satélite e em conjuntos de Natal, como aponta 
Góis et al. (2002). 
A implantação dos conjuntos habitacionais em Natal não fugiu aos 
modelos estabelecidos no resto do país, no qual ficava explícito o 
cumprimento da legislação, quanto a sua “projetação” frente ao 
cálculo do jogo de distribuição dos percentuais, em detrimento da 
qualidade e da perspectiva de apropriação dos espaços. (GÓIS et 
al., 2002, p. 221) 
43 
 
Na proposta desenvolvida para o conjunto em questão, foram destinadas 
áreas para determinadas funções, como comércio, equipamentos comunitários, 
estacionamento e lazer. O resultado da execução do projeto – com alguns 
elementos deixados de fora – somado às alterações ao longo da existência do 
conjunto ocasionou, na atualidade, em espaços de usos diferentes dos pensados 
pelo projetista e sua equipe. Isso pode ser observado em muitas áreasprevistas 
para comércio e serviço, indicadas na Figura 5, que não atendem à função, estando 
a maior aglomeração desses usos hoje concentrada na Av. Xavantes e Rua Oiti 
(SEMURB, 2010, p. 32). 
Figura 5 - Distribuição de usos previstos no projeto original do conjunto Cidade 
Satélite 
 
 
Fonte: Fonte: MACÊDO JR; PINHEIRO; COSTA, 2017 
A troca de atribuições do solo também pode ser facilmente notada na terceira 
etapa do conjunto, já que a mesma carece de determinados equipamentos previstos 
no projeto – como creche, escola e praça – os quais deveriam estar situados onde 
hoje são abrigadas outras funções. Como exemplos desse processo, percebe-se 
nas imagens a seguir que um local onde era previsto uma creche para a 
comunidade é ocupado por uma unidade básica de saúde (Figura 6) e uma área 
44 
 
destinada a uma escola é hoje, de acordo com Anízio Barbosa16, de posse da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e concretiza-se como um terreno vazio 
(Figura 7). 
Figura 6 - Unidade básica de saúde Cidade Satélite Dr. Paulo Bernardinho de 
Medeiros 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2017 
Figura 7 - Terreno de posse da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com 
indicação de “futuras instalações do clube do advogado” 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2017 
As áreas verdes, por sua vez, segundo informações concedidas em 
entrevista, passam por um problema de ocupação do solo por construções, de forma 
ilegal. É afirmado ainda que há denúncias feitas por parte de moradores e de suas 
 
16 Presidente da Associação dos Moradores da Cidade Satélite (AMOCISA), da terceira etapa, em 
entrevista concedida no dia 26/04/2017. 
45 
 
associações ao órgão responsável, mas que a fiscalização não é efetuada. Na 
proposta original, tais espaços correspondiam a cerca de 20% do total, identificados 
no mapa ilustrado na Figura 9, sendo grande parte configurada, na realidade, como 
porções de terras ociosas – sem planejamento paisagístico e infraestrutura – 
justapostas a outras já consolidadas, não ficando clara a delimitação e função de 
cada espaço, situação exemplificada na Figura 10. Dos poucos locais estruturados 
com essa aplicabilidade em Cidade Satélite, uma das tipologias mais comuns é a 
praça, sobretudo na primeira etapa. 
Figura 8 - Distribuição atual das áreas livres do conjunto 
 
Fonte: MACÊDO JR; PINHEIRO; COSTA, 2017 
46 
 
Figura 9 - Praça do antigo posto de gasolina com equipamentos próximos à área 
não consolidada 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2017 
Acerca de tais ambientes, Barbosa17 afirma que a situação é ruim – escassez 
de iluminação e manutenção, mobiliário danificado e inutilizável, ações de 
vandalismo, falta de zelo por parte dos usuários – e que “tudo isso afasta os 
moradores para que eles possam utilizar esses espaços”. Coloca que em épocas 
anteriores, as praças eram mais utilizadas e encontravam-se em melhor estado, 
expondo ainda a questão da falta de segurança atual, motivo que acredita ser uma 
das causas da falta de uso e abandono. 
Recentemente surgiram novos espaços de lazer na área, através, segundo os 
representantes entrevistados18, de reforma ocorrida em 2012, como contrapartida de 
empreendimentos privados19 , com a construção de um calçadão que parte dos 
Alcoólicos Anônimos na Rua das Águias até a Rua do Ferreiro, implantação de 
lixeiras, bancos e pontos de iluminação. Ainda como parte desta ação, houve uma 
tentativa de se criar a “Praça do Ipê Amarelo”, exibida na Figura 10, mas que devido 
a problemas de drenagem, inundou durante a construção, não sendo finalizada. 
Diferentemente desses, apareceram novos pólos de encontro por iniciativa de 
 
17 Presidente da Associação dos Moradores da Cidade Satélite (AMOCISA), da terceira etapa, em 
entrevista concedida no dia 26/04/2017. 
18 Francisco Canindé da Fonseca e Anízio Barbosa, Tesoureiro da CONCITEL e Presidente da 
AMOCISA, respectivamente, em entrevistas concedidas nos dias 26 e 27/04/2017. 
19 Quanto a esses empreendimentos privados, não se sabe ao certo qual empresa realizou a 
contrapartida, uma vez que foram dadas informações divergentes pelos entrevistados, onde um 
afirma que foi a Cyrela e outro a Capuche. 
47 
 
moradores em parceria com a Igreja – um na Rua Serra do Tombador e outro na 
Rua Serra das Cruzes, como é possível ver na Figura 11 – de caráter religioso, 
configurando um cruzeiro com altar e bancos integrados. Outros equipamentos 
observados por todo o conjunto foram as academias ao ar livre, as quais foram 
requisitadas por meio de ofícios pelas Associações de Moradores, locadas através 
de indicações dos próprios moradores, algumas obtidas por meio do orçamento 
participativo da zona sul20, e outras através de ações por parte de vereadores. 
Figura 10 - Estado atual do terreno do que viria a ser a Praça do Ipê Amarelo 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2017 
Figura 11 - Altar para N. Srª das Graças na Rua Serra das Cruzes 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2017 
 
20 De acordo com a Prefeitura Municipal do Natal, o orçamento participativo é o processo que garante 
o envolvimento da população na decisão quanto às necessidades e prioridades da destinação dos 
recursos de parte da receita tributária do município. 
48 
 
Como resultado dessas intervenções, os representantes 21 apontaram um 
aumento na sensação de segurança desses locais, devido à atração de uma maior 
quantidade de pessoas, além de que esses terrenos – antes considerados baldios – 
passaram a ser tratados pela população como espaços de convivência. 
No que diz respeito à manutenção das áreas livres, as associações buscam 
cobrar dos órgãos públicos encarregados, tais como a SEMSUR e a SEMURB. Mas 
há ações pontuais por parte dos residentes através do recolhimento de lixo, poda e 
plantio de vegetação e manutenção de mobiliário capturada na Figura 12, como 
forma de suprir a carência de atuação pública, melhorando, assim, a vivência destes 
espaços. 
Figura 12 - Morador limpando área da Praça do Instituto Brasil 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2017 
Quanto à ocorrência de manifestações populares, comunitárias e de 
entretenimento nestes locais de caráter público, Canindé da Fonseca22 relaciona a 
alcunha de “dormitório” do conjunto à falta de interesse dos habitantes nos 
acontecimentos da comunidade e atribui a isso à timidez dos eventos na região. 
Complementando este pensamento, o representante entrevistado da AMOCISA 
 
21 Francisco Canindé da Fonseca e Anízio Barbosa, Tesoureiro da CONCITEL e Presidente da 
AMOCISA, respectivamente, em entrevistas concedidas nos dias 26 e 27/04/2017 (Apêndices C e D). 
22 Francisco Canindé da Fonseca, Tesoureiro do Conselho Comunitário de Cidade Satélite 
(CONCITEL), da primeira etapa, e da Paróquia São Francisco de Assis, em entrevista concedida no 
dia 27/04/2017 (Apêndice C). 
49 
 
23declara que por essa característica de baixa permanência durante o dia no bairro, 
as pessoas não apresentam o sentimento de pertencimento do lugar e cita que 
muitas não chegam sequer a conhecer os vizinhos imediatos às suas residências. 
Mesmo com essa dinâmica, alguns eventos continuam a ocorrer no espaço 
público, principalmente relacionados à época das comemorações juninas, tais como 
“Arraiá da Dona Linda” que ocorre na R. Serra do Tombador, próximo à Praça do 
Cruzeiro, e o “Arraiá de Júnior Pitú” na quadra da Praça São Francisco de Assis24. 
Há também solenidades promovidas pela Igreja Católica, a título de exemplo, a 
encenação da Paixão de Cristo (já ocorre há 3 anos) e a festa de São Francisco de 
Assis, padroeiro da paróquia, que se estende por onze dias. Neste espaço ocorrem 
similarmente, de acordo com Canindé25, pequenas confraternizações organizadas 
pelo grupo de moradores

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