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Valorizacaoenergeticaespecies-Almeida-2022

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VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA DE ESPÉCIES 
SUPRIMIDAS NA IMPLANTAÇÃO DE UM 
EMPREENDIMENTO EÓLICO 
 
 
 
 
 
 
MARCELA CRISTINA PEREIRA DOS SANTOS ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Macaíba/RN 
Março de 2022 
 
Nº 000 
 
 
 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA 
ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ - EAJ 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS 
 
 
MARCELA CRISTINA PEREIRA DOS SANTOS ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA DE ESPÉCIES SUPRIMIDAS NA 
IMPLANTAÇÃO DE UM EMPREENDIMENTO EÓLICO 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em Ciências 
Florestais da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, como parte das exigências 
para obtenção do título de Mestre em Ciências 
Florestais (Área de Concentração em Ciências 
Florestais - Linha de Pesquisa: Tecnologia e 
Utilização de Produtos Florestais). 
 
 
 
Orientador: 
Profa. Dra. Renata Martins Braga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Macaíba/RN 
Março de 2022 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola 
Agrícola de Jundiaí - EAJ - Macaiba 
 
 Almeida, Marcela Cristina Pereira dos Santos. 
 Valorização energética de espécies suprimidas na implantação de 
um empreendimento eólico / Marcela Cristina Pereira dos Santos 
Almeida. - 2022. 
 58f.: il. 
 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, 
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Macaíba, RN, 
2022. 
 Orientadora: Profa. Dra. Renata Martins Braga. 
 
 
 1. Valor de biomassa - Dissertação. 2. Caatinga - Dissertação. 
3. Supressão vegetal - Dissertação. I. Braga, Renata Martins. II. 
Título. 
 
RN/UF/BSPRH CDU 620.95(81) 
 
 
 
 
 
 
Elaborado por Elaine Paiva de Assunção - CRB-15/492 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
__________________________________________________________________________ 
 
 
 Agradeço 
 
 A Deus, por ter me abençoado para que tivesse motivação para chegar a essa 
conquista. 
À minha orientadora Profa. Dra. Renata Martins Braga pela orientação e exemplos 
transmitidos, mas principalmente pela confiança e paciência. 
Aos meus amores Emanuel e Gabriel, por estarem sempre presentes na minha vida, 
contribuindo para a realização dos meus sonhos. 
Aos meus pais, Moacir e Graça, e sogros Haroldo e Lourdes pela rede de apoio e todo 
incentivo para que eu me dedicasse aos estudos. 
A CRN Bio Ambiental e Arqueologia pelo compartilhamento de dados e informações. 
Aos companheiros e amigos do Laboratório de Tecnologia Ambiental (LabTam). Muito 
obrigado pela amizade de todos vocês, pelas experiências compartilhadas e ajudas nos 
momentos necessários. 
Ao laboratório Labtam, na pessoa da professora Dra. Dulce Melo, por toda estrutura 
oferecida. 
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte pela oportunidade e pelos conhecimentos compartilhados. 
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
__________________________________________________________________________ 
 
VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA DE ESPÉCIES SUPRIMIDAS NA IMPLANTAÇÃO DE UM 
EMPREENDIMENTO EÓLICO 
Diante do crescente potencial eólico, principalmente na região Nordeste e no estado do Rio 
Grande do Norte (RN), há um considerável crescimento de supressão vegetal, em 
decorrência da instalação dos complexos eólicos. O presente trabalho busca apresentar 
alternativas de valorização energética das espécies suprimidas durante a instalação de um 
parque eólico na região do Mato Grande (RN), através da caracterização energética e 
pirólise rápida analítica. Os dados quantitativos de biomassa que embasaram o trabalho 
foram fornecidos por uma empresa potiguar de consultoria ambiental e para a 
caracterização energética dos resíduos produzidos durante a supressão das espécies 
nativas da caatinga foram realizadas a análise imediata, poder calorífico, densidade 
aparente, análise termogravimétrica e composição de celulose, hemicelulose e lignina. A 
pirólise rápida analítica foi desenvolvida a 500 °C em um pirolisador HP-R 5200 da CDS 
Analytical acoplado a um cromatógrafo a gás para identificação dos produtos da pirólise. 
Os resultados de poder calorífico do pereiro, imburana e catingueira foram de 18,39 MJ/kg-
1, 17,99 MJ/kg-1 e 17,47 MJ/kg-1, respectivamente, apontando o seu potencial energético. 
Os resultados da pirólise comprovam a presença de diversos compostos oxigenados 
característicos da decomposição de materiais lignocelulósicos, tais como fenóis, cetonas 
e compostos oxigenados leves, contendo entre 1-4 átomos de carbono, que compreendem 
a ácidos carboxílicos. Os materiais apresentam elevado poder calorífico e podem ser 
aplicados para combustão direta, como na fabricação de briquetes e pellets. Os resultados 
de pirólise também revelam o potencial para obtenção de químicos renováveis como um 
produto atrativo para diversas áreas da indústria, como a produção de tintas, resinas 
fenólicas e pesticidas. E por apresentar em sua composição uma quantidade considerável 
de compostos oxigenados como é o caso das classes de cetonas e fenóis, revela seu 
potencial para o aproveitamento dos produtos da pirólise na indústria química, assim como 
aplicação direta dessas biomassas em processos termoquimicos de conversão de energia. 
 
Palavras-chave: Supressão vegetal, caatinga, pirólise rápida, valor de biomassa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
__________________________________________________________________________ 
 
ENERGY VALORIZATION OF SPECIES SUPPRESSED IN THE IMPLEMENTATION OF A 
WIND DEVELOPMENT 
Given the growing wind potential, especially in the Northeast region and in state of Rio 
Grande do Norte (RN), there is a considerable growth of plant suppression, due to the 
installation of wind complexes. The present work seeks to present alternatives of energy 
recovery of species suppressed during the installation of a wind farm in the region of Mato 
Grande (RN), through energy characterization and rapid analytical pyrolysis. The 
quantitative biomass data that underpinned the work were provided by an environmental 
consulting company and for the energy characterization of the residues produced during 
the suppression of the native species of the Caatinga were performed the proximate 
analysis, calorific value, apparent density, thermogravimetric analysis and composition of 
cellulose, hemicellulose and lignin. Fast analytical pyrolysis was developed at 500 °C in an 
HP-R 5200 pyrolysis from CDS Analytical coupled to a gas chromatograph to identify 
pyrolysis products. The calorific power results of pereiro, imburana and catingueira were 
18.39 MJ/kg-1, 17.99 MJ/kg-1 and 17.47 MJ/kg-1, respectively, indicating its energy 
potential. The pyrolysis results prove the presence of several oxygenated compounds 
characteristic of the decomposition of lignocellulosic materials, such as phenols, ketone 
and light oxygenated compounds, containing between 1-4 carbon atoms, which comprise 
carboxylic acids. The materials have a high calorific value and can be applied for direct 
combustion, such as in the manufacture of briquettes and pellets. Pyrolysis results also 
reveal the potential to obtain renewable chemicals as an attractive product for several areas 
of industry, such as the production of paints, phenolic resins and pesticides. Futhermore by 
presenting in its composition a considerable amount of oxygenated compounds, such as 
ketonesand phenols, it reveals its potential for the use of pyrolysis products in the chemical 
industry, as well as direct application of these biomasses in thermochemical processes of 
energy conversion. 
 
Keywords: Plant suppression, caatinga, fast pyrolysis, biomass valorization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
__________________________________________________________________________ 
 
Página 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 4 
3. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 6 
3.1. Energia eólica ..................................................................................................... 7 
3.2. Impactos ambientais .......................................................................................... 9 
3.3. Espécies nativas da Caatinga ......................................................................... 13 
3.4. Valorização energética .................................................................................... 17 
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 20 
4.1. Caracterização do Pó de serra das espécies nativas .................................... 22 
4.2. Pirólise .............................................................................................................. 26 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 28 
6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 43 
7. LITERATURA CITADA ....................................................................................... 45 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1. Evolução da Capacidade Eólica Instalada no Brasi.........................................l 08 
Figura 2. Potência eólica instalada nos estados brasileiros ............................................09 
Figura 3. Supressão vegetal semimecanizada ................................................................11 
Figura 4. Mapa de projetos eólicos no Rio Grande do Norte ..........................................13 
Figura 5. Poincianella pyramidalis (catingueira)............................................................ 14 
Figura 6. Commiphora leptophloeos (imburana)............................................................. 16 
Figura 7. Aspidosperma pyrifolium (pereiro).................................................................... 17 
Figura 8. Localização do complexo eólico....................................................................... 21 
Figura 9. Fluxograma do processo de caracterização do resíduo da Catingueira, 
Pereiro e Imburana...................................................................................................................... 25 
Figura 10. Localização do complexo eólico .....................................................................22 
Figura 11. Único indivíduo de barriguda encontrado ao entorno da área de supressão. 29 
Figura 12. G. Gardneriana ...............................................................................................30 
Figura 13. (A) Escavação para resgate de plântula. (B) Plântula de Aroeira resgatada. 31 
Figura 14. Curvas termogravimétrica (TG/DTG) da catingueira...................................... 34 
Figura 15. Curvas termogravimétricas (TG/DTG) da imburana ......................................34 
Figura 16. Curvas termogravimétricas da pereiro........................................................... 35 
Figura 17. Distribuição dos produtos da pirólise analítica por classe............................. 39 
1 
 
LISTA DE TABELAS 
__________________________________________________________________________ 
 
Tabela 1. Variantes do processo de Pirólise 16 
Tabela 2. Espécies florestais encontradas e coletadas na área do empreendimento 22 
Tabela 3. Caracterização física, análise imediata e poder calorífico do pereiro, catingueira 
e imburana 26 
Tabela 4. Teores de celulose, hemicelulose e lignina encontrados nas biomassas da imburana, 
pereiro e caingueira 16 
Tabela 5 Compostos resultantes da pirólise da biomassa da catingueira, imburana e pereiro 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
__________________________________________________________________________ 
 
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
RAS - Relatório Ambiental Simplificado 
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente 
TG - Análise termogravimétrica 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
_____________________________ 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
__________________________________________________________________________ 
 
 
Recentemente, no ano de 2020, o total de energia disponibilizada no Brasil, a chamada 
oferta interna de energia, chegou ao valor de 287,6 MTep apresentando uma diminuição de 
cerca de 2,2% em relação ao ano de 2019. O aumento das fontes de energia elétrica, como 
a eólica e a solar, além do incremento das fontes biomassa e biodiesel fizeram com que o 
patamar de energia renovável do Brasil se sobresaisse em relação a países do mundo inteiro. 
Além do mais, a pandemia causada pelo coronavírus acarretou na retração de ofertas de 
energia não renovável, como é o caso do petróleo e seus derivados, gás natural, carvão 
mineral e urânio (BEN 2021). 
Ainda segundo o Balanço energético nacional, realizado no ano de 2021, a produção 
de eletricidade a partir da fonte eólica atingiu uma marca de 57.051 GWh no ano de 2020, o 
que siginifica um aumento de 1,9% em relação a 2019, quando se atingiu 55.986 GWh. Em 
2020, a potência instalada para geração eólica no país expandiu 11,4%. Segundo o Banco de 
Informações da Geração (SIGA), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o parque 
eólico nacional atingiu 17.131 MW. 
Diante dos dados apresentados em relação ao vasto crescimento do setor eólico, é 
notório os benefícios trazidos pela substituição majotitária do país para fontes de energia 
limpa. Desta forma, é importante ressaltar que para a implantação dos complexos eólicos são 
executadas atividades geradoras de impacto ambiental negativo na área. É o caso de 
operações de preparação das estradas, áreas de escavações para a obtenção de materiais 
destinados à complementação de volumes necessários para aterros e remoção do material 
vegetal, tais como: árvores, arbustos, tocos, raízes etc. Nesses serviços são incluídos 
desmatamento, deslocamento e limpeza até o nível do terreno considerado apto para a 
terraplenagem; serviços topográficos de marcação dos offsets (linhas demarcadoras da área 
de execução dos serviços) e das cotas vermelhas (alturas de corte e de aterro). Além 
de serviço de terraplenagem para elaboração da via de acesso (CASSARO, 2015). 
Segundo Azevedo (2017), a retirada da mata nativa presente na área de instalação de 
um empreendimento eólico causa bastante perturbação no ambiente a ser alterado, 
principalmente pelos impactos ambientais negativos causados. A utilização de máquinas 
pesadas, risco de águas residuais e óleo do canteiro de obras podem infiltrar-se no solo e 
levar a sérios problemas ambientais. Fatores como erosão do solo, ameaça de extinção de 
espécies nativas, desregulação do equilíbrio da fauna, entre outros desgastes antrópicos são 
3 
 
ocasionados pela supressão vegetal, escavação, fundação e construção de estradas. 
Segundo De Queiroz (2018), um grande número de complexos eólicos instalados ou 
em estalação estão localizados na região nordeste do país, mais precisamente no semiáridonordestino. Lugar onde o bioma Caatinga é predominante. Isso se dar pela caracteristicas 
atrativas da região, como a localização estratégia para que se obtenha ventos fortes e 
velozes, além de índices pluviométricos baixos e irregulares. E apesar de atrair altos 
investimentos para região, poucos se tem estudado a respeito da valorização da biomassa 
perdida na supressão vegetal dessas áres. 
Segundo a Resolução do CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, todas as 
atividades que gerem impactos ambientais são passíveis de estudo e pesquisa, garantindo 
assim a qualidade mínima dos seres vivos em tal ambiente. Para isso que existe o 
licenciamento ambiental, que através de um estudo detalhado concede ou não a licença de 
implementação de um empreendimento de baixo, médio ou grande impacto. Para que se 
obtenha esse licenciamento é necessário que se faça um Estudo do Impacto Ambiental (EIA) 
juntamente com o Relatório de Impactos Ambientais ou, para empreendimentos de menor 
impacto, o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) (PACHECO et al, 2013). 
A atividade de resgate de flora, que tem por princípio a retirada de germoplasma da 
região que sofrerá a supressão, sendo replantada em outra área para compensação do dano 
causado, atua de forma mitigadora aos impactos ambientais causados pelo desmatamento. 
A coleta de sementes e plântulas da região a ser desmatada, e o plantio dessas em área 
selecionada pela gestão ambiental do empreendimento eólico, minimiza as perdas genéticas 
de flora do ambiente (CAVALCANTE, 2019). Apesar disso, existe uma deficiência no que se 
diz respeito ao aproveitamento da lenha e demais biomassas florestais retiradas desta área. 
Mesmo com os estudos dos impactos ambientais causados pela supressão vegetal em área 
de implantação de complexos eólicos, não há estudos na literatura voltados especificamente 
ao aproveitamento dessa materia prima, capazes de mostrar seus uso e potencial. 
Diante disso, o presente trabalho busca apresentar alternativas para a valorização 
energética de espécies nativas da caatinga (conhecidas popularmente por: catingueira, 
pereiro e imburana), que sofrem constante supressão na etapa de instalação de um 
empreendimento eólico na região do Mato grande, no Rio Grande do Norte, através da 
caracterização energética e pirólise analítica. Considerando que há a necessidade dessa 
retirada de vegetação para o desenvolvimento da geração de energia eólica, esse estudo 
aponta diferentes usos para a lenha retirada da mata nativa. 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivo Geral 
_____________________________ 
5 
 
2. OBJETIVOS 
__________________________________________________________________________ 
 
 
2.1. Objetivo geral 
 
Apresentar alternativa de valorização energética de espécies vegetais suprimidas 
durante a implatação de um parque eólico na região do Mato grande, no Rio Grande do Norte, 
através da realização de análises fisico-químicas que tendem a caracterizar e indicar o 
potencial energético dessas biomassas. 
 
2.2. Objetivos específicos 
 
● Analisar dados referentes a supressão de espécies nativas da caatinga 
na etapa da implantação de um empreendimento eólico; 
● Adquirir amostras do material lenhoso suprimido; 
● Caracterizar material coletado através das análises de densidade 
aparente, análise termogravimétrica, análise imediata (Teor de 
umidade, teor de cinza, teor de voláteis e carbono fixo) e poder 
calorífico; 
● Avaliar o potencial energético das espécies selecionadas para aplicação 
em processos termoquímicos, como a pirólise. 
● Indicar utilização alternativa dessa lenha retirada na supressão, afim de 
realizar o aproveitamento energético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revisão de literatura 
_____________________________ 
7 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
3.1. Energia eólica 
A necessidade por energia elétrica, que hoje se apresenta como uma realidade cada 
vez mais indispensável, demonstrou um crescimento considerável no mundo, durante o 
período da primeira e segunda revolução industrial. A grande questão é que tal necessidade 
não é pertinente apenas para o desenvolvimento econômico e tecnológico da sociedade, vai 
além, sendo imprescindível para uma melhor qualidade de vida para a população e bem-estar 
de toda a sociedade. Países de todo o mundo apontam sua matriz energética a fontes que 
além de não serem renováveis, são considerados grandes emissores de gás carbônico, o gás 
que atenua o efeito estufa em todo o planeta (PINTO, 2019). 
Desta forma, ainda segundo Pinto (2019), tem se buscado cada vez mais fontes 
alternativas de produção de energia, as consideradas fontes limpas, tais como: solar, 
geotérmica, de biocombustíveis, eólica, entre outras. Destas, a energia eólica vem se 
destacando como uma fonte viável, por se tratar de um recurso renovável, limpo e abundante, 
que é o vento. 
O surgimento e crescimento da energia eólica tem contribuído para a diversificação da 
matriz energética utilizada em todo o mundo, principalmente no Brasil, por possuir 
características climáticas atrativas a instalação dessa nova fonte de energia. E isso é 
relevante por representar uma maior segurança energética para o país, isto é, a prerrogativa 
para que não se passe novamente por crises no setor energético. Além disso, os efeitos na 
mudança climática podem ser positivos, havendo a substituição de fontes não renováveis a 
fontes renováveis (LIMA, 2018). 
A Figura 1 a seguir mostra o crescimento expansivo que a energia eólica apresentou 
no Brasil. No ano de 2020 chegou a cerca de 1065 Gwh adicionais em relação ao ano de 2019. 
Em 2015, a energia eólica já havia ultrapassado a energia nuclear ultrapassou a geração de 
energia da biomassa em 2019, e em 2020 teve um crescimento de 1,90% em relação a 2019, 
se consolidando a principal entre as três fontes de energia. 
 
 
Figura 1 Evolução da Capacidade Eólica Instalada no Brasil 
Fonte: Balanço Energético Nacional, 2021. 
8 
 
 
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PRONINFA, 
regulamentado na Lei nº 10.438/2002 foi imprescindível para que a produção de energia 
eólica no Brasil pudesse ser iniciada. Tal programa é responsável pela diversificação da 
matriz energética nacional, como também pelo fomento do mercado interno para o uso dessa 
fonte, além de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e empreendimentos termelétricos. 
Através deste Programa, foi possível ser instalados 52 parques eólicos, que somam a geração 
de 1.298,6 MW de potência em todo o país. Apesar disso, o crescente desenvolvimento na 
utilização da energia eólica no Brasil só aconteceu depois do ano de 2014, obtendo o 
incremento anual de 1GW. A partir desse momento, o País continuou avançando no 
crescimento do uso e exploração dessa fonte de energia, obtendo inclusive valores maiores 
de incremento anual. No ano de 2019 chegou a 14.776MW de capacidade instalada, com a 
implantação de mais de 600 usinas eólicas em toda a região (ANEEL, 2019). 
Tendo por base as recentes tecnologias utilizadas para a geração de energia a partir 
do vento, principalmente utilizando-se de aerogeradores situados a 100 metros de altura, o 
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), afirma que o potencial eólico brasileiro 
onshore (em terra) pode chegar a 880,5 GW, sendo que 522 GW são considerados 
tecnicamente viáveis. Além disso, o potencial eólico brasileiro offshore (no mar) também é 
gigantesco, podendo chegar até a 1,3 TW, levando em consideração a localização das 
instalações na região oceânica costeira do Nordeste por se tratar de áreas possuidoras de 
características mais favoráveis ao desenvolvimento na geração da energia. Na Região do 
nordeste brasileiro, como mostrana Figura 2, é estimado um potencial onshore de 309 GW. 
Em todo o País, a maior parte dos projetos eólicos está localizado no Nordeste. E essa 
realidade só é possível devido a possibilidade máxima de aproveitamento na geração de 
energia elétrica produzida, pelo fato de a região ser possuidora de “jazidas” de vento 
(BEZERRA, 2019). 
 
9 
 
 
Figura 2 Potência eólica instalada nos estados brasileiros 
Fonte: BEZERRA, 2019 
 
Desta forma, as fontes de energia renovável, principalmente a energia eólica, vem se 
apresentando como a solução para um problema global. Ademais, colabora social e 
economicamente com a sociedade trazendo diversificação na obtenção de energia, geração 
de empregos direta e indiretamente, além do desenvolvimento local, principalmente em áreas 
rurais. Apesar disso, o desenvolvimento desenfreado dessa fonte energética pode ocasionar 
impactos ambientais irreversíveis à comunidade onde estão sendo instaladas as turbinas, 
principalmente relacionados à fauna e flora do local. Por isso, é interessante que sejam 
desenvolvidos meios de planejamentos a fim de mitigar os impactos ambientais negativos que 
porventura possam surgir tanto no período de implantação, como no período de operação dos 
empreendimentos eólicos (AZEVEDO, 2017). 
 
3.2. Impactos ambientais 
A Avaliação de Impactos Ambientais - AIA é um instrumento da Política Nacional do 
Meio Ambiente, de grande importância para a gestão institucional de planos, programas e 
projetos, em nível federal, estadual e municipal (IBAMA, 1995). 
Consiste em um processo de avaliação dos efeitos ecológicos, econômicos e sociais, 
que podem advir da implantação de atividades antrópicas (projetos, planos e programas), e 
de monitoramento e controle desses efeitos pelo poder público e pela sociedade. Ou seja, 
esse instrumento é formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar desde 
o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma 
10 
 
ação proposta (ou já ocorrida com danos) e de suas alternativas e que os resultados 
sejam apresentados, de forma adequada, ao público e aos responsáveis pela tomada de 
decisão (CREMONEZ, 2014). 
Claudio (1987) explica que a Avaliação de Impactos Ambientais tem como objetivo 
prevenir e minimizar as alterações que podem ocorrer na elaboração de um projeto ou 
determinada atividade, pois o estudo é essencialmente um instrumento de previsão. 
Impacto ambiental pode ser definido conforme a legislação ambiental brasileira 
(Resolução CONAMA 001, de 23 de janeiro de 1986) como: "qualquer alteração das 
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de 
matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: I 
a saúde, a segurança e o bem estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III 
- a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V - a qualidade dos 
recursos ambientais". 
Ainda, podemos definir Impacto Ambiental como sendo uma perturbação no 
ecossistema proveniente de uma ação ou omissão humana (efeito ambiental), qualificada de 
positiva ou negativa por um certo grupo social, no contexto de sua realidade espacial e 
temporal. Nota-se que o efeito ambiental inclui a noção de julgamento, valor positivo (benéfico) 
ou negativo (prejudicial). Portanto, o conceito de Impacto Ambiental é relativo porque o 
julgamento que lhe é intrínseco varia no espaço e no tempo (SÁNCHEZ, 2015). 
Na instalação de um empreendimento eólico é necessário que se faça esse estudo 
antes da implantação. O RAS (Relatório Ambiental Simplificado), aponta alguns impactos 
causados pela construção civil que será executada, tais como: 
● Poluição atmosférica por fumaça de escapamento, poeira e fuligem 
provocada, sobretudo, pela movimentação do solo, desmatamento da área, 
intensificação do tráfego de veículos e movimentação de entulhos; 
● Impactos resultantes do não gerenciamento adequado de entulhos, pilhas 
de material de construção (areia e argila) podendo provocar o 
assoreamento das áreas de drenagens naturais presentes na área, 
manutenção de veículos próximo as drenagens, disposição inadequada de 
resíduos e efluentes sanitários em cursos d’água ou próximos a eles que 
terminam afetando as áreas de drenagens. Mau gerenciamento de resíduos 
sólidos de diversas naturezas podendo atingir os cursos d’água 
indiretamente pela lixiviação das chuvas; 
● Desmatamentos com perda significativa de habitats, aumento dos níveis 
de ruídos provocando o afugentamento e intensificação do tráfego de 
veículos provocando atropelamentos a fauna presente na região; 
11 
 
● Serviços de terraplanagem, topografias, drenagem, aberturas de estradas, 
implantação dos aerogeradores e instalações de apoio provocando o 
desmate da vegetação, que é a supressão vegetal, como mostra a Figura 
3; 
● Entre outros. 
 
 
Figura 3 Supressão vegetal semimecanizada. 
Fonte: Imagem cedida pela CRN Bio, 2021 
 
Destaca-se a supressão vegetal por se tratar de um impacto com significativa 
importância e forte magnitude para o meio biótico. Principalmente na região da Caatinga, 
nordeste brasileiro, que se encontra em constante degradação, com a retirada da lenha de 
forma ilegal, mais de 70% das áreas florestadas, segundo o Serviço Florestal Brasileiro, em 
2018. A retirada da vegetação, sobretudo, do extrato arbustivo-arbóreo deve ser planejada. 
Como na área há formações florestais arbóreas, subarbustivas e arbustivas, como estratos 
predominantes. As áreas que serão degradadas, sobretudo, para a abertura de estradas 
devem ser compensadas. Para as fundações das torres dos aerogeradores não há impactos 
significativos devido a área de pequena dimensão que é utilizada na ocupação da base dos 
aerogeradores com conseguinte desmate de vegetação. 
Nos RAS, além do estudo de impactos ambientais, deve conter também medidas 
12 
 
mitigatórias, que no caso de um empreendimento eólico podem ser: 
1) Conservar rigorosamente a cobertura vegetal das faixas marginais das estradas, de 
forma a evitar o avanço de processos erosivos; 
2) Os espécimes maiores da flora, de porte arbóreo, por serem repositórios naturais 
do banco de sementes de suas espécies, deverão ser protegidos; 
3) Medidas educativas deverão ser implementadas de acordo com Programa de 
Educação Ambiental, nesse caso, com ações voltadas aos trabalhadores 
empregados nas obras de instalação com medidas referentes à preservação e uso 
sustentável da flora da região.” (CRN Bio, 2013) 
 
3.2.1 Mitigação dos impactos causados pela supressão vegetal na instalação de 
um empreendimento eólico através do resgate de flora 
 
O resgate de flora consiste na atividade de remoção de espécies vegetais de seu local 
de origem, e em seguida o seu replantio em área biologicamente análoga. Normalmente, na 
fase da instalação de empreendimentos que envolva a supressão de vegetação nativa, 
existem condicionantes impostas pelo órgão ambiental responsável pelo licenciamento, que 
vão da compensação ambiental à proteção de espécimes importantes da flora existente na 
área a ser impactada, podendo acontecer através do seu transplante direto, ou pela coleta de 
sementes e plântulas ao entorno das matrizes vigorosas, sadias e produtivas, para que possa 
ser realizado posteriormente replantio de mudas com maior vigor, visando preservar a 
diversidade genética do local afetado(CAVALCANTE, 2005). 
Geralmente, os órgãos ambientais licenciadores solicitam o transplante de dois grupos 
de vegetais: indivíduos de espécies com algum grau de ameaça de extinção, conforme as 
listas estaduais e/ou nacionais da flora ameaçada, e os indivíduos de espécies protegidas por 
alguma legislação específica, declaradas imunes ao corte pela Código Florestal Estadual (Lei 
nº 9.519/1992), no Rio Grande do Norte. Além disso, o entendimento a respeito da ecologiadas espécies manejadas durante a atividade e no processo é fundamental, havendo um rol 
de espécies pouco tolerantes a transplantes, com índices de sobrevivência abaixo das demais 
espécies, devendo os cuidados com estas serem redobrados. 
O Rio Grande do Norte, estado brasileiro que mais cresce na construção de 
empreendimentos eólicos, encontra-se imerso no bioma caatinga, em grande parte de seu 
território. Diante disso, espécies nativas dessa região vêm sofrendo com a supressão vegetal 
ocorrida para implantação dos complexos (SILVA, 2020). A figura 4 representa o Mapa de 
projetos eólicos no Rio Grande do Norte. 
 
13 
 
 
Figura 4 Mapa de projetos eólicos no Rio 
Fonte: Grande do Norte. Fonte: (SILVA, 2020). 
 
3.3 Espécies nativas da Caatinga 
 
O bioma Caatinga possui uma extensão de 912.529 km2 e é uma das seis grandes 
regiões ecológicas brasileiras. Entre os seis biomas conhecidos no País, ele é o único 
presente somente no Brasil, não sendo encontrado em nenhum outro país. Localizado em sua 
grande parte na região do nordeste brasileiro, o bioma da Caatinga apresenta uma extensa 
superfície plana com altitude variando de 300 a 500 m composta por florestas secas e 
vegetação arbustiva decíduas, apresentando perda de folhas durante a estação seca. A maior 
parte do território da Caatinga apresenta clima semiárido, marcado por temperaturas médias 
elevadas, entre 25 e 30°C e baixa precipitação, entre 400 e 1200 mm anuais (TABARELLI, 
2018). 
Conhecida também como Floresta Tropical Sazonalmente Seca Brasileira, a Caatinga, 
possui uma diversidade vegetal e índice de endemismo consideravelmente alto, apesar de 
ser conhecida como uma região fortemente degradada pelo uso não sustentável de seus 
recursos naturais (RIBEIRO,2021). 
O inventário nacional brasileiro, produzido pelo Serviço Florestal Brasileiro, no ano de 
2018, apresentou que a cobertura de florestas naturais no estado do Rio Grande do Norte é 
de aproximadamente 2,2 milhões de hectares, o que equivale a 42% do território total do 
estado. Afirmando que a Caatinga é a tipologia predominante nas áreas classificadas como 
floresta, representando cerca de 91 % das áreas de florestas do estado, cerca de 2 milhões 
de hectares. O inventário aponta que evidências de antropismo foram observadas em 71% 
14 
 
dos locais amostrados, sendo boa parte dele ocasionado pela supressão vegetal (SERVIÇO 
FLORESTAL BRASILEIRO, 2018). 
Segundo Silva (2015), após análise de flora presente na região do Rio Grande do Norte 
foram registradas diferentes famílias botânicas, entre essas as que mais apresentaram 
incidência na região foram as famílias: Fabaceae, Poaceae, Cyperaceae, Euphorbiaceae, 
Rubiaceae, Asteraceae, Convolvulaceae, Malvaceae, Myrtaceae e Boraginaceae, que juntas 
contribuem com mais de 60% dos registros encontrados. As espécies comumente encontradas 
na região do Rio Grande no Norte, são: Griffinia gardneriana, Myracrodruon urundeuva 
(aroeira), Mimosa tenuiflora (Jurema Preta), Aspidosperma pyrifolium (Pereiro), Ceiba 
glaziovii (barriguda), Caesalpinia férrea (Pau Ferro), Caesalpinia pyramidalis (Catingueira), 
Ziziphus joazeiro (Joazeiro), Mimosa verrucosa (Jurema Branca) e Commiphora leptophloeos 
(Imburana). 
Destas, destacam-se a catingueira, pereiro e imburana, por haver uma quantidade 
restrita de estudos de biomassa proveniente delas, principalmente de seus potenciais 
energéticos. 
 
3.3.1 Cenostigma pyramidale 
 
A catingueira-verdadeira (Poincianella pyramidalis [Tul.] L.P.Queiroz, também 
conhecida como Caesalpinia pyramidalis [Tul.]), apresentada na Figura 5 pertence à família 
Leguminosae que pode ser conhecida por diferentes nomes na região nordeste a variar o 
Estado, desta forma é conhecida popularmente por: canela-de-velho, catingueira-verdadeira e 
pau-de-rato no Piauí ou apenas catingueira, no Rio Grande do Norte, por exemplo. Grande 
parte dessa nomenclatura deve- se ao odor característico das suas folhas. A sua distribuição 
geográfica é endêmica do bioma Caatinga, apresentando sua distribuição geográfica em todo 
o Nordeste brasileiro, sendo encontrada em diversos ambientes, com ocorrência desde 
várzeas úmidas, podendo ter o crescimento de até 10 m altura e 50 cm de diâmetro, além de 
áreas semiáridas, onde apresenta arbusto menores, com menos de dois metros de altura e 
poucos centímetros de diâmetro. Possui a capacidade de adaptação consistente em 
diferentes tipos de solos, principalmente os mais pobres, onde existe a presença de solos 
pedregosos, sendo presente em grande densidade em diferentes locais de Caatinga. 
Manifesta considerável resistência aos déficits hídricos e salino, que é a realidade da região 
da caatinga. Apresenta, em sua maioria, porte arbustivo e arbóreo, cuja copa é arredondada e 
baixa, não contendo a presença de espinhos. Exibe folhas compostas bipinadas e coriáceas, 
a catingueira-verdadeira possui comportamento decíduo na estação seca (MATIAS, 2017). 
 
15 
 
 
Figura 5 Poincianella pyramidalis (catingueira) 
Fonte: Cavalcante, 2013. 
 
A catingueira pode ser utilizada para várias diferentes finalidades, a alimentação 
animal é uma delas, através das folhas que brotaram após o início do período chuvoso, 
apresentando-se como excelente fonte de forragem. Além disso, apresenta potencial melífero, 
através da produção de pólen e néctar, como no abrigo para as abelhas silvestres que não 
possuem ferrão. Permitindo que estas façam seus ninhos nos ocos dos troncos da espécie. 
Possuem também a capacidade de ser utilizada como fonte energética, sendo lenha. 
Enquanto também possui habilidade na área medicamentosa, através da medicina caseira, 
onde a catingueira pode ser utilizada em função de suas propriedades antidiarreicas, através 
do uso de suas folhas, flores e cascas. Atuando também nos tratamentos contra hepatite e 
anemia, através do uso da sua casca. As aplicações industriais ocorrem pelo fato de as cinzas 
da madeira apresentarem elevado teor de potássio, sendo desta forma usada para fabricação 
de sabão (CARVALHO, 2014). 
 
3.3.2. Commiphora leptophloeos 
 
A Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett., como mostra a Figura 6, conhecida 
popularmente por imburana, é uma espécie que chega a alcançar de 3 a 4 metros de altura e 
se destaca fitossociologicamente por apresentar uma dominância relativa e ter por 
característica uma baixa densidade e regeneração natural. A espécie é conhecida por seu 
valor madeireiro, apresenta uma exploração extrativista considerável, o que afeta diretamente 
a sua presença no bioma da Caatinga. Além disso, possui valor forrageiro e medicinal, onde 
16 
 
comunidades tradicionais fazem uso de sua biomassa para tratamento de diferentes doenças, 
suas propriedades farmacológicas são atribuídas à presença de taninos, saponinas, 
flavonóides e alcalóides (SILVA, 2021). 
 
 
Figura 6 Commiphora leptophloeos (imburana) 
Fonte: Barrus, E. (2020) 
 
Sua distribuição geográfica ocorre no Norte (Amazonas, Pará, Roraima, Tocantins), 
Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do 
Norte, Sergipe) Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste (Minas 
Gerais), do País e tem por domínio fitogeográficos a Amazônia, Caatinga e Cerrado (BRASIL, 
2020). 
 
3.3.3 Aspidosperma pyrifolium 
 
A espécie Aspidosperma pyrifolium Mart., como mostra a Figura 7, pertencente à família 
Apocynaceae, tem por nome popular 'pereiro'. Sua ocorrência é observada tanto da caatinga 
quanto do cerrado brasileiro, apresentando-se também na Bolívia e no Paraguai. Essa 
espécie é considerada xerófila, heliófila e assim como a maioria das espécies presentes no 
bioma Caatinga, sua exploração é voltada para o mercado madeireiro e medicamentoso. Suas 
sementes são a principal forma de propagação e disseminação da espécie, tendo por 
propriedades as formas aladas, planas, papiráceas e apresentamperda de viabilidade 
17 
 
rapidamente após dispersão e também após armazenamento, o que exige estratégias 
particulares para conservação da espécie (CUNHA,2021). 
 
 
Figura 7 Aspidosperma pyrifolium (pereiro) 
Fonte: Projeto verde, 2015. 
 
O pereiro é caracterizado pela presença de alcalóides indólicos, um metabólito 
secundário responsável pela defesa das plantas contra predadores. Além disso, tal espécie, 
quando feita a retirada de seus extratos brutos aquosos da casca da planta, são popularmente 
usadas como antiinflamatório, antileishmania e principalmente como antiplasmódico em 
condições de malária (DE ARAUJO, 2018). 
Diante de toda caracterização fitofisiológica dessas espécies é interessante que seja 
feito um estudo para avaliar o potencial energético das suas diferentes biomassas. Levando 
em consideração que existe a mitigação dos impactos sofridos com sua supressão, é 
necessário que exista uma destinação eficaz a madeira retirada na implantação de um 
complexo eólico. 
 
3.4 Valorização energética do resíduo florestal 
 
Apontado como o produto do material descartado na atividade de obtenção de 
madeira, na supressão vegetal e reflorestamento, o resíduo florestal se apresenta como uma 
alternativa energética ao redor do mundo. No Brasil, devido a vasta produção florestal, o 
aproveitamento deste subproduto se torna consideravelmente viável. As características e 
18 
 
disponibilidade regional da biomassa são determinadas como um grupo de indicadores para 
sustentabilidade, em especial com foco no meio ambiente e aplicação de critérios 
socioeconômicos. Em muitos casos é deixada para decomposição natural do solo, sem 
aproveitamento da energia nela contida e produzindo gás carbônico e metano. Os resíduos 
até agora representam um potencial de energia ainda inexplorado em todo o mundo (RAMBO, 
2015). 
A conversão de biomassa em energia pode ser realizada por processos 
termoquímicos, biológicos, mecânicos e físicos. Como exemplos de processos termoquímicos 
têm-se a combustão, a gaseificação e a pirólise (FELIX, 2018). 
A combustão da biomassa constitui o sistema mais empregado para o aproveitamento 
de resíduos lenhosos; representa cifras relativamente importantes dentro da estrutura de 
consumo energético dos países menos desenvolvidos. A combustão produz gases quentes 
atingindo temperaturas de 800 a 1000 °C. Cerca de 80% da combustão de biomassa ocorre 
nos trópicos. Ela é a maior fonte de produção de gases tóxicos, material particulado e gases 
do efeito estufa no planeta, influencia a química e a física atmosférica, produz espécies 
químicas que mudam significativamente o pH da água da chuva, e afeta o balanço térmico da 
atmosfera pela interferência na quantidade de radiação solar refletida para o espaço 
(PEDROZA et al., 2017). 
O objetivo principal da gaseificação é a conversão de biomassa em um gás combustível, 
através de sua oxidação parcial com ar, oxigênio ou vapor de água a altas temperaturas, 
tipicamente, na faixa de 800 – 900 ºC. Este gás cujo poder calorífico se situa entre 4 e 6 
MJ/Nm3, pode ser queimado diretamente ou usado como combustível para motores de 
combustão interna e turbinas a gás (PEDROZA et al., 2017). 
A pirólise é definida como um processo de decomposição térmica da biomassa na 
ausência de oxigênio e que apresenta como produtos compostos na fase gasosa, líquida e 
sólida. O gás é formado por CO, CO2, hidrogênio e hidrocarbonetos de baixa massa molar. O 
líquido obtido tem sua origem na condensação de gases, intitulado por bio-óleo ou líquido 
pirolenhoso, e o sólido é chamado de bio-carvão (WHYTE, 2015). 
A carbonização, tida como uma variante do processo de pirólise, é o mais simples e 
mais antigo método de conversão de um combustível, que geralmente utiliza-se da lenha, em 
outro de qualidade superior e conteúdo energético melhor caracterizado, que é o carvão. Tal 
procedimento constitui-se em aquecer o material original, numa temperatura entre 300°C e 
500°C, numa quantidade de ar muito baixa, até que o material volátil seja separado. O 
principal produto, chamado de carvão, possui uma densidade energética duas vezes maior 
que aquela do material de origem e queima em temperaturas muito mais altas. Além de gás 
combustível, durante o processo da carbonização do resíduo sólido, ocorre também a 
produção de bioóleo e ácido piro-lenhoso. Enquanto o processo de pirólise rápida pode ser 
19 
 
empregado para a obtenção de elevados rendimentos de bio-óleo com a operação do reator 
nas seguintes condições: taxas elevadas de aquecimento variando entre 600 e 1200 ºC/min, 
temperatura de reação de aproximadamente 500 ºC, tempo de residência dos vapores menor 
que 2 segundos, rápida transferência de massa do interior da partícula para a superfície e 
rápido resfriamento de vapores e biomassa com diâmetro de partícula de até 2 mm e umidade 
em torno de 10 %, conforme mostra a Tabela 1 (GÓMEZ, 2002). 
 
Tabela 1 Variantes do processo de Pirólise 
 
Variantes do processo 
Tempo de 
Residência 
Temperatura do 
processo (°C) 
Principais Produtos 
obtidos 
Carbonização Horas/dias 400 – 450 Carvão vegetal 
Convencional 5 – 30 min Até 600 Bio-óleo, carvão e gás 
Rápida 0,5 – 5 seg 500 – 550 Bio-óleo 
Flash-líquido < 1 seg < 650 Bio-óleo 
Flash-gás < 1 seg > 650 Gás combustível 
Vácuo 2 – 30 seg 400 Bio-óleo 
Metano-pirólise < 10 seg >700 Produtos químicos 
Hidro-pirólise < 10 seg <500 
Bio-óleo e produtos 
químicos 
Fonte: PEDROZA, 2011. 
A termoconversão provoca a ruptura da ligação carbono-carbono e carbono-oxigênio. 
Além de ser um processo de oxidação-redução em que parte da biomassa é limitada a carbono, 
enquanto a outra é oxidada e hidrolisada dando origem a fenóis, carboidratos, álcoois, aldeídos, 
cetonas e ácidos carboxílicos, entre outros. Tais produtos primários se ajustam entre si para 
produção de moléculas mais complexas, como é o caso dos ésteres, produtos poliméricos, 
entre outros (HUANG, 2015). 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material e Métodos 
_____________________________ 
21 
 
4. MATERIAL E MÉTODOS 
__________________________________________________________________________ 
 
 
O material utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi o pó da lenha de três 
espécies nativas da caatinga, produzidos pelo corte do motosserra, durante a supressão 
vegetal ocorrida na etapa de implantação do complexo eólico. Foram selecionadas três 
espécies, e o parâmetro de escolha utilizado para selecionar essas espécies foi a frequência 
e quantidade de indivíduos encontrados na área do empreendimento. Sendo essas: 
Cenostigma pyramidale (catingueira), Commiphora leptophloeos (imburana) e Aspidosperma 
pyrifolium (pereiro). 
Os dados relativos à implantação de um empreendimento eólico, que embasaram a 
pesquisa aqui realizada foram compartilhados por uma empresa de consultoria ambiental, 
responsável pela execução das atividades ambientais na implantação de um complexo eólico, 
a empresa CRN Bio Ambiental e Arqueologia, localizada na cidade de Natal/ RN, na Av. 
Governador José Varela, 2867 Capim Macio. 
O complexo eólico portador dos dados fornecidos tem sua localização na região do 
Mato Grande, no Rio Grande do Norte. Como mostra a Figura 8. 
 
 
Figura 8 Localização do complexo eólico. 
Fonte: Google maps, 2022 
22 
 
 
Após a coleta do pó de serra das três espécies (granulometria de aproximadamente 
0,150 mm), foi feita a secagem na estufa a 100ºC por um período de 24 horas para que fosse 
retirada a umidade. Em seguida, o material passou pela etapa de caracterização e pirólise 
rápida analitica a fim de avaliar o potencial energético de cada espécie florestal analisada, 
conforme mostra a Figura 9 
 
 
Figura 9 Fluxograma do processo de caracterização do resíduo da Catingueira, Pereiro e 
Imburana.Fonte: Autor 
 
4.1. Caracterização do Pó de serra das espécies nativas 
4.1.1. Análise Imediata 
 
A determinação do teor de massa de voláteis, umidade e cinzas, foram desenvolvidos 
conforme as normas ASTM (American Standard Testing Materials). E as análises foram 
executadas no Laboratório de Refino e Tecnologia Ambiental da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte. 
23 
 
A umidade foi definida seguindo a norma ASTM E871-82 através do cálculo da perda 
de massa de uma amostra quando aquecida sob condições de temperatura, tempo e pressão 
controlados. A análise foi feita em triplicata, onde foram pesadas 3 amostras com 
aproximadamente 1 g, conforme recomendação da norma. As amostras foram colocadas em 
estufa por 24 h a 100 °C ± 1°C e após o período, os recipientes com as amostras foram 
retirados da estufa e colocados num dessecador contendo sílica gel para atingir a temperatura 
ambiente, sendo pesados posteriormente a cerca de 5 min, depois da pesagem, os recipientes 
voltavam a estufa, onde permaneceram por 20 min para uma nova pesagem a fim de verificar 
se a massa da amostra já havia se estabilizado. Foi realizada a repetição desse procedimento 
até que a variação de massa fosse menor que 0,2%. 
Para o cálculo do percentual de umidade a Equação (1) foi utilizada. 
 
𝑼(%) = 
(𝑴𝒊 − 𝑴𝒇)
(𝑴𝒊 − 𝑴𝒓)
× 𝟏𝟎𝟎 (𝟏) 
Onde: 
𝑴𝒓: Massa do recipiente (g); 
𝑴𝒊: Massa inicial da amostra (g); 
𝑴𝒇: Massa final da amostra (g). 
O teor de cinzas (CZ) foi determinado seguindo a norma ASTM E I755- 01. O 
procedimento experimental foi feito em triplicada, onde os cadinhos foram identificados e 
pesados vazios e aproximadamente 2,0 g de amostra foram colocados em cada cadinho e em 
seguida, inseridos dentro do forno tipo mufla EDG 7000 e aquecidos a 600 ± 25 °C, com taxa 
de 10 °C/min e permanência por 3h. Posteriormente os cadinhos resfriados até a temperatura 
ambiente para obtenção da sua massa final. O teor de cinzas foi obtido a partir da Equação 
(2): 
 
𝐶𝑍(%) = 
𝑀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑀𝑐𝑎𝑑
𝑀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑀𝑐𝑎𝑑
× 100 (2) 
 
Onde: 
𝑀𝑐𝑎𝑑: Massa do cadinho (g); 
𝑀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙: Massa inicial da amostra seca (g); 
𝑀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙: Massa de cinzas encontrada no final (g). 
O teor de voláteis (MV) foi determinado seguindo a norma ASTM E872-85, esse 
24 
 
método é utilizado para determinar o teor porcentual de vapores liberados na decomposição 
da amostra de biomassa. Aproximadamente 2,0 g de amostra foram colocadas em um cadinho 
previamente pesado, e colocado sem tampa no forno tipo mufla EDG 7000 a 750°C por 7 
minutos. Após essa etapa o cadinho foi retirado do forno e colocado no dessecador. A 
perda de massa foi obtida a partir da Equação (3): 
 
𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 (%) = 
𝑊𝑖 − 𝑊𝑓
𝑊𝑖 − 𝑊𝑐
× 100 (3) 
𝑊𝑐: Massa do cadinho + tampa (g); 
𝑊𝑖: Massa inicial da amostra (g); 
𝑊𝑓: Massa final da amostra (g). 
 
O teor de carbono fixo é uma medida indireta determinada a partir da Equação (4): 
 
𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 𝐹𝑖𝑥𝑜(%) = 100 − (𝑡𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙á𝑡𝑒𝑖𝑠 + 𝑡𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠 + 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) (4) 
 
4.1.2 Densidade Aparente 
 
A densidade aparente de cada biomassa analisada foi obtida experimentalmente de 
acordo com a norma ASTM E 873-82, onde a massa da amostra (g) é dividida pelo volume 
(cm³) por ela ocupado em uma proveta graduada (3 mL). O procedimento foi realizado em 
triplicata, determinando a média e desvio padrão. 
 
4.1.3 Análise Composicional 
 
As análises foram executadas no Laboratório de Nutrição Animal da UFRN. Celulose e 
hemicelulose. Para determinação dos teores de celulose e hemicelulose utilizou-se a 
metodologia com adaptação do método de Van Soest (1967), descritas em INCT-CA: F-001/1; 
F-002/1; F- 003/1 e F-004/1. 
Para determinação do teor de celulose, hemicelulose foram realizados ensaios de 
Fibra em Detergente Ácido (FDA) e Fibra em Detergente Neutro (FDN). Utilizou-se o teor de 
fibra em detergente neutro (FDN) para ocorrer a separação das fibras insolúveis no meio 
(celulose, hemicelulose, lignina) e em seguida aplicou-se a fibra em detergente ácido (FDA), 
para a solubilização do conteúdo celular e hemicelulose. Utilizou-se cerca de 0,55 g da 
25 
 
amostra, e a análise em aparelho analisador de fibras Ankon2000. 
As Equações (5) e (6) foram utilizadas as para obter os valores 
referentes a FDN e FDA: 
 
%𝐹𝐷𝑁 =
%𝐹𝐷𝑁𝐴𝑆𝐴
%𝐴𝑆𝐸
× 100 (5) 
%𝐹𝐷𝐴 =
%𝐹𝐷𝐴𝐴𝑆𝐴
%𝐴𝑆𝐸
× 100 (6) 
 
Onde: 
𝐹𝐷𝑁 = fibra em detergente neutro; 
𝐹𝐷𝐴 = fibra em detergente ácido; 
%𝐹𝐷𝑁𝐴𝑆𝐴 = % de fibra em detergente neutro com base na amostra seca; 
%𝐹𝐷𝐴𝐴𝑆𝐴 = % de fibra em detergente ácido com base 
na amostra seca; 
𝐴𝑆𝐸 = % de amostra seca em estufa. 
 
Para obter os valores referentes a quantidade de celulose e hemicelulose, 
utilizou-se as Equações (7) e (8): 
 
%𝐶𝑒𝑙𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒 = 
𝐹𝐷𝐴(%)
𝐿𝐼𝐺(%)
 (7) 
Onde: 
𝐹𝐷𝐴 = fibra em detergente ácido; 
𝐿𝐼𝐺 = lignina. 
 
%𝐻𝑒𝑚𝑖𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒 = 
𝐹𝐷𝑁(%)
𝐹𝐷𝐴(%)
 (8) 
 
Onde: 
𝐹𝐷𝐴 = fibra em detergente ácido; 
𝐹𝐷𝑁 = fibra de detergente neutro. 
 
4.1.4. Lignina 
 
O teor de lignina foi determinando pelo método da hidrólise ácida descrita pela 
26 
 
metodologia INCT-CA F-005/1. Foram inseridos 0,8 g em sacos de tecido não tecido (TNT), 
colocando-os em potes com 80 mL de detergente ácido sulfúrico (12 M) e em seguida, 
colocados em autoclave a 105 °C por uma hora, para que ocorresse a extração de todos os 
componentes solúveis em detergente ácido. Para obter o valor da lignina foi utilizada as 
Equações (9) e (10). 
 
%𝐿𝐼𝐺𝐴𝑆𝐴 = 
𝑅𝑒𝑠 (𝑔) − 𝑅𝑀(𝑔)
𝐴𝑆𝐴(𝑔)
∗ 100 (9) 
 
%𝐿𝐼𝐺𝑀𝑆 = 
%𝐿𝐼𝐺𝐴𝑆𝐴
%𝐴𝑆𝐸
∗ 100 (10) 
 
Onde: 
%𝐿𝐼𝐺𝐴𝑆𝐴 = percentual de lignina com base na amostra seca; 
𝑅𝑒𝑠 = Massa do resíduo após tratamento com ácido sulfúrico; 
𝑅𝑀= Massa do resíduo mineral; ASA = Massa da amostra seca; 
%𝐿𝐼𝐺𝑀𝑆 = % de lignina na amostra; 
%𝐴𝑆𝐸 = % de amostra seca. 
 
4.1.5 Análise Termogravimétrica (TGA) 
 
A avaliação do comportamento térmico foi realizada em uma balança 
termogravimétrica TGA Q500 da TA Instruments em atmosfera de N2 (99,999 %) e ar sintético 
(99,999 %), de 30-900°C, com taxa de aquecimento de 10°C min-1, utilizando 
aproximadamente 12 mg de biomassa 
 
4.2. Poder calorífico 
 
O poder calorífico superior (PCS) foi determinado de acordo com a ASTM E711-87, 
utilizando-se uma bomba calorimétrica IKA da Parr Instrument ® a 30 atm. O poder calorífico 
superior foi estimado com base na equação de correlação com a análise imediata proposta 
por Parikh et al. (2005). 
 
4.3. Análise de fluorescencia de raio X 
 
As análises de fluorescência de raios X das amostras das cinzas das biomassas da 
27 
 
catingueira, pereiro e imburana foram realizadas com o objetivo de se obter informações 
acerca de suas composições quimicas inorgânicas e, deste modo, saber quais elementos e 
em que proporções são encontradas nas biomasas. O equipamento utilizado for da marca 
Shimatzu, modelo EDX-720, localizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte -
UFRN 
 
4.4. Pirólise 
 
A pirólise da biomassa foi realizada a 500°C em um pirolisador Py-5200 HP-R da CDS 
Analytical ® acoplado a um cromatógrafo a gás (GC / MS) 3900 VARIAN com uma coluna 
cromatográfica VF-5ms (30 mx 0,25 mm x 0,1 µm). Os gases produzidos foram arrastados 
sob um fluxo de 50,0 mLmin-1 de N2 (99,999%) e armazenados em um trap de Tenax, onde 
são dessorvidos a 300 ºC e injetados no cromatógrafo, e separados na coluna cromatográfica. 
A identificação dos picos cromatográficos foi realizada porsimilaridade espectral maior que 
85%, após uma análise detalhada de cada espectro utilizando a biblioteca comercial NIST 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resultados e Discussão 
_____________________________ 
 
29 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
__________________________________________________________________________ 
 
 
O Mapa apresentado na Figura 10 apresenta a localização do complexo eólico de 
onde obtivemos dados para execução desse estudo. 
 
 
Figura 10 Localização do complexo eólico 
Fonte: CRN Bio, 2021 
 
Foram identificadas 9 espécies nativas que sofreram desmatamento durante a etapa 
de instalação do empreendimento eólico, como mostra a Tabela 2. 
 
Tabela 2 Espécies florestais encontradas e coletadas na área do empreendimento 
NOME CIENTÍFICO 
NOME 
POPULAR 
AMEAÇADA DE EXTINÇÃO 
DE ACORDO COM A 
CNCFlora 
Griffinia gardneriana Grifinea Sim 
Myracrodruon urundeuva Aroeira Não 
Mimosa tenuiflora Jurema preta Não 
30 
 
Aspidosperma pyrifolium Pereiro Não 
Ceiba glaziovii Barriguda Não 
Caesalpinia ferrea Pau ferro Não 
Caesalpinia pyramidalis Catingueira Não 
Ziziphus joazeiro Juazeiro Não 
Mimosa verrucosa Jurema Branca Não 
Commiphora leptophloeos Imburana Não 
Fonte: CRN-Bio, 2021. 
 
A espécie Ceiba glazioviié é uma espécie pertencente a familia Malvaceae, sendo 
arbórea e conhecida popularmente como barriguda, possui amplitude ecológica exclusiva da 
região Nordeste brasileira. Podendo ser encontrada no bioma Caatinga. Por ter crescimento 
rápido, é importante para que se desenvolva em plantios mistos, principalmente na 
recuperação de áreas degradadas (RIBEIRO et al, 2020). Apesar de ser uma espécie tida 
como nativa nessa região, em determinadas áreas é encontrada em pouca quantidade de 
indivíduos, como no caso da área analisada onde foi encontrada apenas um indivíduo em 
torno da área de supressão vegetal, apresentado na Figura 11 a seguir. 
 
31 
 
 
Figura 11 Único indivíduo de barriguda encontrado ao entorno da área de supressão. 
Fonte: CRN Bio Ambiental e arqueologia, 2021 
 
Dentre as espécies encontradas na área de supressão vegetal, a Caesalpinia ferrea, 
o Pau ferro da caatinga, foi a espécie de menor incidencial, não superando o numero de dois 
indivíduos. Assim como o juazeiro, por isso, mostrou-se insignificante apresentar seus 
potenciais no presente trabalho, já que tratam-se de espécies que não sofreram potencial 
degradação. Enquanto a catingueira foi a espécie mais abundante e quem mais sofreu 
supressão. A aroeira apresentou-se numa quantidadde consderável e necessitou de uma 
atenção maior pois durante a elaboração do Relatório ambiental simplificado (RAS) estava 
presente na lista de espécies ameaçadas. Porem durante a implantação do complexo eólico 
a espécie já não constava mais na lista. A jurema branca e preta são espécies abundantes na 
área de caatinga e no local selecionado para ser feita a supressão vegetal não foi diferente, 
contudo existem bastante estudos que apontam o potencial de tais espécies. 
 
5.1. Coleta de dados durante a implantação de um parque eólico 
 
No projeto Jandaíra, a condicionante das autorizações de supressão vegetal, ASV’s, 
emitidas pelo IDEMA, visou preservar a Myracrodruon urundeuva (aroeira), como mostra a 
Figura 4, além das exigências do PRAD (Programa de Recuperação de área degradada) e 
reposição florestal. No entanto, além desta aroeira, foram identificados e resgatados 
32 
 
indivíduos da espécie Griffinia gardneriana (Griffínea) na área do complexo eólico, na qual se 
encontra ameaçada de extinção, de acordo com a Portaria MMA Nº 443/2014. 
A Griffinia gardneriana (Herb.) Ravenna pertence à família Amaryllidaceae, sendo 
conhecida popularmente por lírio. Essa espécie é endêmica no Brasil, com distribuição 
registrada na Caatinga e em áreas de restinga, mais especificamente nos estados da Bahia, 
Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro e 
apresenta importância por ser fonte de alimento e água para a fauna presente na região, 
possuindo em suas raízes um bulbo semelhante a uma cebola, como mostra a Figura a seguir. 
 
 
Figura 12: G. Gardneriana 
Fonte: CRN Bio ambiental e arqueologia, 2021 
 
A espécie se caracteriza, morfologicamente, por apresentar bulbos subterrâneos, 
folhas longas e largas, de coloração verde-escura com manchas acinzentadas. As flores estão 
reunidas em inflorescências do tipo escapo e apresentam simetria bilateral, coloração lilás ou 
branca e tépalas formando um tubo alongado, conferindo potencial ornamental à espécie. A 
antese floral ocorre no início da noite, quando as flores exalam odor adocicado. De acordo 
com Centro Nacional de Conservação da Flora (2017), as populações naturais de G. 
gardneriana encontram-se ameaçadas de extinção. 
33 
 
 
(A) (B) 
Figura 13 (A) Escavação para resgate de plântula. (B) Plântula de Aroeira resgatada 
Fonte: CRN Bio, 2021 
 
Para que se tenha uma estimativa de quanto material lenhoso é retirado na supressão 
vegetal durante a implantação de um complexo eólico de 477,2 hectares, a empresa CRN Bio 
Ambiental e Arqueologia disponibilizou dados, referente a licença emitida pelo IDEMA 
autorizando a retirada de 1823,55 estéreos de lenha das espécies apresentadas na Tabela 2. 
Quantidade relativamente alta por se tratar de um bioma severamente degradado 
antropicamente. 
 
34 
 
5.2. Análise imediata 
 
 A Tabela 3 apresenta os resultados da análise imediata,densidade aparente, e poder 
calorífico das espécies estudadas. 
Tabela 3 Caracterização física, análise imediata e poder calorífico do pereiro, catingueira e 
imburana 
 INDIVÍDUOS 
 Pereiro Catingueiro Imburana 
Caracterização 
Física 
Densidade 
aparente 
(kg/m³) 
 
268,7 ± 0,61 
 
237,1 ± 0,10 
 
126,5 ± 0,17 
 
 
 
Análise 
Imediata 
 
Umidade (%) 
 
7,11 ± 0,13 
 
10,04 ± 0,06 
 
10,85 ± 0,06 
 
Materiais 
Voláteis (%) 
 
89,57 ± 1,37 
 
79,40 ± 0,26 
 
78,5 ±1,81 
 
Cinza(%) 
 
0,77 ± 0,15 
 
1,20 ± 0,10 
 
2,84 ± 0,11 
 
Carbono 
Fixo(%)* 
 
 
2,55 
 
 
9,45 
 
 
7,81 
 
 
 
 
Poder Calorífico 
 
Poder 
Calorífico 
Superior 
(MJ/kg) 
 
 
18,39 ± 0,64 
 
 
17,47 ± 0,20 
 
 
17,99 ± 0,01 
 
Poder 
Calorífico 
Inferior 
(MJ/kg) 
 
 
17,58 
 
 
16,66 
 
 
17,18 
 
As densidades das biomassas do pereiro, catingueira e imburana variaram entre 126 
e 268 kg/m3, esses dados ´podem ser relacionados a caracterização de densidade energética 
e comportamento de cada material. Os valores de densidade do pereiro e Catingueira foram 
equivalentes a outras espécies nativas da região da catinga, como o Ziziphus joazeiro, que 
apresentou densidade aparente de 243 kg/m3 (FONSECA et al. 2020). E relativamente baixo 
quando se comparando a outra espécie nativa, a Myracrodruon urundeuva (aroeira), que 
35 
 
apresentou valores aproximados de 600 kg/m3 (SILVA, 2014). E a densidade aparente 
encontrada na biomassa da imburana indica uma baixa densidade energética da espécie, 
quando comparada a espécies nativas da região. 
A umidade da catigueira e imburana apresentaram valores próximos, em torno de 10%. 
Biomassa com percentual acima desse valor indica uma necessidade de secagem e 
dificuldade na ignição e combustão. Enquanto o pereiro apresentou umidade de 7%, indicando 
assim que pode ser uma biomassa adequada ao processo de conversão termoquímica. 
Os valores de materiais voláteis apresentaram valores equivalentes as demais 
espécies nativas da região, que variaram de 78% na imburana e 89% no pereiro. Os valores 
encontrados na literatura para Jurema Branca e Jurema preta foram de 87 e 80%, 
respectivamente (SANTOS et al, 2013). Indicando assim que tais biomassas apresentam 
matéria volátil em sua constituição. 
As biomassas pereiro e catingueira apresentaramteores de cinzas de 0,77 e 1,20% 
em sua constituição. Comparando-os a jurema branca e jurema preta, que obtiveram valores 
de 0,80 e 1,6%, respectivamente, segundo dados encontrados por Santos et al, (2020), e a 
aroeira com 1,08%, segundo Silva, (2014). Os valores encontrados no presente trabalho são 
coerentes com os valores encontrados na literatura das espécies nativas na mesma região, 
caatinga. Vale salientar que alto ter rde cinza afeta diretamente o potencial do poder calorífico. 
O poder calorífico superior (PCS), medida importante para que se conheça a 
capacidade energética de determinada biomassa, sofre interferência proporcional ao seu teor 
de cinzas. Difere do poder calorífico inferior (PCI) por ser a soma da energia liberada na forma 
de calor e a energia gasta na vaporização da água, conhecida como reação de oxidação, 
enquanto o poder calorífico inferior é dada através da perda de energia liberada em forma de 
calor. Diante disso, os valores obitidos neste trabalho de PCS se apresentaram maiores que 
o PCI. Quanto maior o teor de cinza mais baixo é o poder calorífico. O presente trabalho 
identificou uma valor de poder calorifico de 17,99 MJ/kg-1 para a biomassa da imburana, 
representando um valor correspondente ao apresentado na literatura por Justino, (2020), que 
foi de 18.74MJ/Kg-1 para a mesma espécie em área de caatinga. Enquanto o pereiro 
apresentou poder calorífico de 18,39 MJ/kg-1 equivalente ao encontrado por Carvalho, (2018) 
no Ziziphus joazeiro (Juazeiro), 16.80 MJ/kg-1, podendo se relacionar por se tratar de espécies 
nativas da mesma região com caracteristicas fisicoquimicas aproximadas. A biomassa que 
apresentou menor poder calorífico foi a catingueira, com 17,47 MJ/kg-1 apresentando 
semelhança com o poder calorífico encontrado na catingueira analisada também por 
Carvalho, (2018) com poder calorífico de 17.60 MJ/kg-1 e inferior ao encontrado na jurema 
preta , com 20.50 MJ/kg-1, indicando assim que possui menor potencial energético, dentre as 
biomassas analisadas neste trabalho. 
 
36 
 
5.3. Teor de celulose, hemicelulose e lignina 
 
A Tabela 4 apresenta os teores de celulose, hemicelulose e lignina identificados nas 
biomassas estudadas. E mostra que os valores da porcentagem de celulose na imburana e 
pereiro foram bem aproximados, 46,26 e 42,64%, respectivamente. Enquanto a catingueira 
apresenta um teor mais baixo, de 39,03%. Tais valores são condizentes com encontrados na 
literatura para espécies nativas da Caatinga. A catingueira foi a que apresentou maior 
porcentagem de hemicelulose e menor em lignina, esse resultado ratificando a teoria 
explicada por Oliveira (2003), em que maiores quantidades de cinzas na madeira são 
decorrentes de menores teores de lignina (SILVA, 2014). O fato da imburana apresentar um 
alto percentual de lignina (30,61%), pode estar ligado ao percentual do carbono fixo 
encontrado, o segundo maior dentre as biomassas analisadas (7,81%). É importante ressaltar 
que a soma das porcentagens de celulose, hemicelulose e lignina de cada biomassa não 
chegam ao valor de cem por cento, pois a diferença encontrada se deve ao teor de extrativos. 
E a metodologia utilizada não apresenta etapa de extração. 
Tabela 4 Teores de celulose, hemicelulose e lignina encontrados nas biomassas da imburana, pereiro 
e caingueira 
 
Celulose 
(%) 
Hemicelulose 
(%) 
Lignina 
(%) 
 
Imburana 46,26 13,48 30,61 
 
Pereiro 42,64 11,34 29,76 
 
Catingueira 39,03 19,79 19,11 
 
 
5.4. Análise termogravimétrica 
 
As Figuras 14,15 e 16 mostram as curvas de perda de massa e da DTG em 
função da temperatura para as biomassas de catingueira, imburana e pereiro em 
nitrogênio (N2). 
37 
 
 
Figura 14 Curvas termogravimétrica (TG/DTG) da catingueira 
A catingueira apresentou a primeira perda de massa de aproximadamente 10% entre 
28-100ºC, referente a perda de umidade da biomassa. O segundo e maior evento de perda 
de massa (60%) ocorreu entre 250 a 350 ºC está associado ao teor de voláteis do material 
assim como pode estar relacionado as perdas de compostos da madeira que são a celulose, 
hemicelulose e lignina. Ao final da análise em 900 °C foi observado aproximadamente 12 % de 
material resídual que pode ser relacionado ao conteúdo de carbono fixo mais cinzas, como 
confirma as análises imediatas apresentadas anteriormente. 
 
Figura 15 Curvas termogravimétricas (TG/DTG) da imburana 
38 
 
A imburana apresentou a primeira perda de massa de aproximadamente 8% entre 28- 
100ºC, referente a perda de umidade da biomassa. Já o segundo e maior evento de perda de 
massa, de aproximadamente 85% ocorreu entre as temperaturas de 250 a 500 ºC está 
associado ao teor de voláteis do material. Ao final da análise em 900 °C foi observada menos 
de 10% do material, relacionado a cinzas e carbono fixo existente na biomassa. Essa 
porcentagem também é ratificada com as análises imediatas apresentadas na tabela 3. 
 
Figura 16 Curvas termogravimétricas da pereiro 
 
Enquanto a biomassa do pereiro apresentou uma primeira curva de perda de massa, 
de aproximadamente 10%, ocorrida entre as temperaturas de 30 e 100ºC, essa perda está 
relacionada à perda de umidade da biomassa, como confirmou a análise imediata realizada 
na biomassa. E em seguida indicou uma curva maior, apresentando cerca de 88% de perda 
de massa entre as temperaturas de 280 a 590 ºC, quantidade referente aos voláteis . Além 
disso, apresentou cerca de 2% relacionado ao conteúdo de carbono fixo mais cinzas, como 
mostra a análise imediata, que apresentou o pereiro como o menor percentual de cinzas e 
carbono fixo das biomassas analisada neste trabalho. 
Desta forma é possível relacionar as composições das biomassas estudadas por 
apresentarem perdas de massa dividida em dois eventos, sendo o segundo maior que o 
primeiro tanto na catingueira, como na imburana e pereiro. Os resultados das análises 
imediatas confirmam o teor de voláteis, cinzas e carbono fixo. Tais resultados apresentam 
semelhanças com as análises termogravimétricas realizadas por Neto, (2021) que verificou a 
queima da biomassa do pereiro e a catingueira apresentando características bem 
39 
 
semelhantes e , com picos de degradação próximos, com intensidades semelhantes. Além de 
Santos (2018) que também veriguou a perda de massa relacionada ao aumento da 
temperatura da catingueira e do pereiro, ratificando os resultados encontrados no presente 
trabalho. 
A Tabela 5, a seguir mostra os elementos encontrados nas cinzas das biomassas da 
catingueira, pereiro e imburana após análise de fluorescencia de raio x. O Cálcio e Potássio 
foram os elementos encontrados em maiores porcentagens nas cinzas das diferentes 
biomassas, confirmando a existencia de diversas espécies inorganicas em sua composição. 
Tabela 5 Elementos encontrados na análise de FRX das cinzas da biomassa da catingueira, 
pereiro e imburana 
Elemento 
Percentual (%) 
catingueira pereiro Imburana 
Cálcio 80,12 65,33 37,61 
Potássio 18,78 32,45 57,59 
Ferro - 2,03 2,34 
Sílica - - 1,66 
Outros 1,11 0,36 0,80 
 
Esses resultados são compatíveis aos encontrados por Avelar (2013), que analisou uma 
biomassa de origem florestal também. Porém, tais resultados apresenta-se relativamente 
baixos quando se comparado a estudo realizado por Félix (2018), em biomassa advinda do 
Eucalipto. 
 
5.5. Pirólise 
 
O processo de pirólise analítica é importante para que se possa descrever a respeito 
das características da biomassa estudada, pois pode auxiliar na identificação dos principais 
componentes que são liberados no processo. A Tabela 6 mostra quais foram os componentes 
encontrados nas amostras da biomassa de catingueira, imburana e pereiro, respectivamente, 
em porcentagem. 
 
 
 
 
40 
 
Tabela 6 compostos resultantes da pirólise da biomassa da catingueira, imburana e pereiro 
Tempo 
de 
Retenção 
(min)Composto Fórmula Catingueira 
Área (%) 
Imburana 
Área (%) 
Pereiro 
Área (%) 
2,20 C1-C4 C1-C4 7,36 6,22 5,08 
3,23 Ácido acético C2H4O2 18,96 15,63 12,19 
3,83 C1-C4 C1-C4 8,00 10,30 8,90 
5,76 C1-C4 C1-C4 5,62 4,07 4,23 
5,99 1,3- dioxano C4H8O2 2,94 2,55 3,62 
6,15 N.I - 3,54 1,89 2,77 
7,16 3- furaldeído C5H4O2 4,30 3,07 3,29 
7,61 2- furanmetanol C5H6O2 5,18 2,54 3,57 
8,94 Ciclopentanona C5H8O 2,33 2,20 2,07 
9,17 2-hidroxi-2- 
ciclopentenona-1- 
 5,27 4,25 4,84 
10,34 Fenol C6H6O - 3,68 - 
10,80 N.I - 3,46 1,48 
11,40 2-hidroxi-3-metil- 2-
ciclopenten-1- ona 
C6H8O2 2,10 2,94 2,91 
12,32 4- metilfenol C7H8O 2,48 
12,74 Mequinol C7H8O2 3,19 2,48 8,36 
12,82 2,7-dimetil-octano C10H22 2,88 2,98 2,44 
13,31 2-hidroxi-3,5- 
dimetilciclopent-2- 
en-1-ona 
C7H10O2 0,93 0,92 0,62 
14,77 2-metoxi-5- 
metilfenol 
C8H10O2 3,08 3,29 7,48 
16,38 4-etil-2- metoxifenol C9H12O2 0,82 1,81 2,44 
17,00 2-metoxi-4- 
vinilfenol 
C9H10O2 
 
6,07 11,59 10,48 
17,62 2,6-
dimetoxifenol 
C6H10O3 5,60 6,99 2,30 
17,76 Eugenol C10H10O2 1,12 1,09 2,34 
 2-metoxi-4- (1- 
propenil) -fenol 
C10H12O2 
 
0,65 0,85 1,33 
19,22 1,2,4- 
trimetoxibenzeno 
C9H12O3 2,39 0,96 - 
19,31 2-metoxi-6- (2- 
propenil) -fenol 
C10H12O2 4,23 5,23 7,28 
 
A Tabela 6 apresenta que os compostos mais expressivos presentes nas amostras 
das três biomassas são pertencentes da família dos fenóis. Onde a biomassa do pereiro exibe 
41 
 
a maior porcentagem (42%) dessa classe de compostos. Enquanto a biomassa da imburana 
expõe 40,45%, seguida da biomassa da catingueira que exibe 27,15%. Os fenóis são 
classificados como compostos oxigenados aromáticos capaz de manifestar um efeito negativo 
sobre o bio-óleo, quando se deseja obtê-lo com a finalidade de o tornar combustível devido às 
reações de oxidação, o que faz com que este se configure com certa instabilidade (CHAGAS 
et al., 2016). 
Os compostos oxigenados de menor massa molécular, ou seja, os que contém entre 1 a 4 
átomos de carbono (C1-C4), também apresentaram um percentual considerável na 
composição das biomassas estudadas. Apresentando 20,98% do total da amostra da 
biomassa da catingueira, 20,59% na Imburana e 18,21% na biomassa do pereiro. Além 
desses compostos, foram encontrados outros pertencentes aos grupos das cetonas, furanos, 
ésteres, entre outros. 
A Figura 17 abaixo apresenta os resultados em porcentagem em área em relação às 
principais classes de compostos orgânicos apresentados nas pirólises das três biomassas 
analisadas 
 
Figura 17 Distribuição dos produtos da pirólise analítica por classe 
Fonte: Autor, 2022. 
Na imagem podemos afirmar que a classe do ácido acético apresentou a terceira maior 
proporção na composição das biomassas, com 18,96% na biomassa da catingueira. Valor 
considerável ao se comparar com espécies lenhosas, como o Eucalyptus urograndis, que 
apresentou 22,75% num estudo desenvolvido por Silva (2019). 
É importante observar que o pereiro foi a espécie que apresentou maior percentual de 
42 
 
fenol e a catingueira o menor percentual, esse resultado está relacionado a quantidade de 
lignina presente na biomassa. Além disso a pocentagem de ácido acético também sofre 
interferência com essa composição, porém de forma inversa. A catingueira pode apresentar 
uma maior porcentagem de C1-C4 por exibir uma maior quantidade de celulose. 
O 2-metoxi-4-vinilfenol é a susbtância aromática de maior destaque entre as 
biomassas apresentadas, sendo superior a 10% na composição da imburana e pereiro e 
acima de 6% na composição da catingueira. 
Diante desses resultados, frente a possíveis aplicações do bio-óleo da biomassa da 
catingueira, é possível referir o emprego de compostos como o ácido acético, pois é um 
valoroso produto químico industrial, cujo uso maior é como matéria-prima para fabricação do 
manômero acetato de vinila, precursor do ácido tereftálico empregado na fabricação do 
polietileno, o qual possui uma série de aplicações, tais como: fibras e garrafas, embora seja 
um composto indesejável na pirólise por promover o aumento da acidez do bio-óleo (SILVA, 
2019) 
As modificações catalíticas na pirólise são indicadas também para aumentar a relação 
hidrogênio-carbono dos produtos finais. Além disso, a presença de catalisadores no processo 
de pirólise pode melhorar o rendimento e a qualidade dos produtos formados (SANTANA 
JÚNIOR, 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusões 
_____________________________ 
44 
 
6. . CONCLUSÕES 
__________________________________________________________________________ 
 
O resgate de flora se apresenta, de fato, como uma medida mitigatória dos impactos 
ambientais ocorridos durante a implantação de um parque eólico. E levando em 
consideração que se faz necessário que haja a supressão vegetal para que seja gerada 
energia limpa através dos ventos, a utilização da lenha das espécies catingueira, imburana 
e pereiro, nativas da região, para geração de energia através da queima se faz oportuna. 
As análises imediatas e poder calorifico apontam biomassas com potencial 
energético para queima e sua utilização como fonte de energia através da pelletização e 
produção de briquetes para a industria. Outrossim, sua composição apresenta 
caracteristicas semelhantes a demais espécies nativas do bioma caatinga, ja presentes na 
literaura que provam tais potenciais. 
Além disso, o produto pirolítico analisado por cromatografia a gás/espectrometria de 
massas confirmou grandes concentrações de fenóis (cerca de 42%, na biomassa do pereiro), 
apresentando-se assim como produto atrativo para diversas áreas da indústria, como por 
exemplo as indústrias de tintas, resinas fenólicas e pesticidas. E por conter em sua 
composição uma quantidade considerável de compostos oxigenados como é o caso das 
classes de cetonas e furanos, revela seu potencial para o aproveitamento energético tanto no 
aproveitamento dos produtos da pirólise na indústria química, quanto na queima direta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Literatura Citada 
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7. LITERATURA CITADA 
 
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