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🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷🦷 RESUMO DISCIPLINA DE PERIODONTIA I PERIODONTO NORMAL - MUCOSA ORAL O periodonto é formado pela gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e cemento, sendo dividido em periodonto de proteção e de inserção. A mucosa oral é dividida em três zonas: Mucosa mastigatória: gengiva e revestimento do palato duro; Mucosa especializada: dorso da língua; A mucosa oral que reveste o restante da cavidade oral. GENGIVA A gengiva é parte da mucosa oral que recobre o processo alveolar dos maxilares e circunda o colo dos dentes. Ela tem coloração rosa pálida, contorno triangular e aspecto de casca de laranja. A gengiva é dividida em gengiva marginal, gengiva inserida e área interdental (papila). A linha mucogengival separa a gengiva da mucosa oral. GENGIVA MARGINAL OU LIVRE A gengiva marginal ou livre é a porção terminal ou borda da gengiva ao redor dos dentes em forma de colar. Ela é demarcada da gengiva inserida adjacente por uma depressão linear rasa, o sulco gengival livre. OBS: o chamado col é uma depressão que liga a papila vestibular com a papila lingual. A gengiva livre mede aproximadamente 1mm e forma a parede mole do sulco gengival. OBS: a ranhura gengival separa a gengiva marginal da gengiva inserida. GENGIVA INSERIDA A gengiva inserida é contínua com a gengiva marginal. Ela é firme, resiliente e fortemente ligada ao periósteo do osso alveolar adjacente. Ela é separada da mucosa alveolar pela junção mucogengival. OBS: a junção mucogengival permanece estacionária ao longo da vida. A gengiva inserida é maior na região de incisivos do que de prémolares e molares. A gengiva inserida lingual termina na junção da mucosa alveolar lingual e a gengiva inserida palatina se mistura imperceptivelmente com a mucosa palatina. SULCO GENGIVAL O sulco gengival é um espaço raso ou fenda ao redor do dente delimitado pela superfície dental de um lado e o epitélio de revestimento da gengiva marginal livre no outro. A chamada profundidade de sondagem de um sulco gengival clínico normal em humanos é de 2 a 3mm. A profundidade histológica normal do sulco é de 1,5mm a 1,8mm. O fundo do sulco é o epitélio juncional, que funciona como a primeira barreira física contra agressores. Dentro do sulco existe um fluido gengival ou crevicular que funciona como barreira química. Em um sulco saudável a quantidade do fluido é pequena. Na presença de inflamação o fluxo do fluido é aumentado (+ exsudato). EPITÉLIO GENGIVAL O epitélio gengival é escamoso estratificado e está em constante e rápida renovação (substituição de células danificadas). Ele mostra variações morfológicas de acordo com a região, então existem três tipos epitélios gengivais: o sulcular (parede da gengiva marginal), o juncional e o epitélio externo (oral). EPITÉLIO ORAL Cobre a crista e a superfície exterior da gengiva livre e inserida; Mede de 0,2 a 0,3mm de espessura; Queratinizado, paraqueratinizado ou combinações; Apresenta 4 camadas: basal, estrato espinhoso, estrato granuloso e camada córnea EPITÉLIO SULCULAR Recobre o sulco gengival, se estende do limite coronal do epitélio juncional até a crista da margem gengival; Fino, sem prolongamento, não queratinizado (tem potencial para queratinizar). EPITÉLIO JUNCIONAL É firmemente aderido ao dente (hemidesmossomos); Permite acesso do fluido gengival, das células inflamatórias e dos componentes do sistema imunológico à gengiva marginal; Contribui para prevenir a colonização da superfície dental subgengival pelo biofilme bacteriano patogênico. FUNÇÕES DO EPITÉLIO Proteger as estruturas profundas; Barreira mecânica e química contra microrganismos; Intercâmbio seletivo com o meio oral; Sinalização. TECIDO CONJUNTIVO GENGIVAL 60% do tecido conjuntivo gengival (ou lâmina própria) é constituído por fibras colágenas e é isso que dá o aspecto de casca de laranja. Existem também as fibras reticulares, fibras elásticas, fibroblastos (5%) e vasos, nervos e matriz intercelular (35%). O tecido conjuntivo gengival possui duas camadas, sendo a papilar a camada adjacente ao epitélio e a reticular contigua ao periósteo FUNÇÕES DAS FIBRAS GENGIVAIS Unir firmemente a gengiva marginal contra o dente; Promover a rigidez necessária para resistir às forças da mastigação sem ser deslocada da superfície dental; Unir a gengiva marginal livre ao cemento radicular e à gengiva inserida. DIVISÃO DAS FIBRAS GENGIVAIS Dentogengivais; Circulares; Transeptais. FIBRAS DENTOGEGIVAIS (do dente a gengiva) As fibras dentogengivais estão localizadas nas superfícies vestibular, lingual e interproximal. Estão inseridas no cemento logo abaixo do epitélio. Elas se projetam como leque em direção à crista gengival e estendem externamente ao periósteo. FIBRAS CIRCULARES (circunda o dente) Percorrem através do tecido conjuntivo da gengiva marginal e interdental e circundam o dente em forma de colar. FIBRAS TRANSEPTAIS (de um dente ao outro) Formam feixes horizontais que se estendem entre o cemento de dois dentes adjacentes. Existem alguns autores que consideram essas fibras como sendo do ligamento periodontal. OBS: em torno de um implante não existem as fibras transeptais. Estudos dizem que um processo inflamatório no sulco perimplantar se propaga para o osso mais rapidamente do que um processo inflamatório no sulco de um dente normal. ELEMENTOS CELULARES Fibroblastos: desempenham papel no desenvolvimento, manutenção e reparo do tecido conjuntivo; Mastócitos: numerosos; Macrócitos e histiócitos: componentes do sistema fagocítico mononuclear; Células adiposas e eosinófilos: escassos; Plasmócitos e linfócitos: encontrados próximos à base do sulco; Neutrófilos: pequena quantidade em uma gengiva clinicamente normal. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA GENGIVA A cor rosa coral da gengiva depende do suprimento sanguíneo, espessura, grau de queratinização e presença de células que contêm pigmentação. O contorno e o tamanho dependem da presença de doença, forma do dente, do alinhamento dos dentes no arco, localização, tamanho da área de contorno proximal, proximidade das ameias vestibular e lingual. A consistência é firme, resiliente, firmemente aderida ao osso alveolar (exceção da gengiva livre). A textura superficial é semelhante a casca de laranja (pontilhado), é característica da gengiva saudável, está ausente na gengiva livre e na infância; aumenta na fase adulta e começa a desaparecer na velhice. ERUPÇÃO DENTAL CONTÍNUA Irrupção ativa: movimento do dente em direção ao plano oclusal (saindo do osso). Irrupção passiva: exposição ocasionada pela migração apical da gengiva. A coroa anatômica é a coroa delimitada pela junção amelocementária. A coroa clínica é a coroa do dente que está exposta. OBS: a pseudobolsa é causada por problemas na irrupção passiva. PERIODONTO DE INSERÇÃO LIGAMENTO PERIODONTAL Tecido conjuntivo ricamente vascularizado e altamente celular que circunda a raiz e se liga à parede interna do osso alveolar (acima do periósteo na lâmina dura). FIBRAS Transeptal: (cemento-cemento): Sem inserção óssea, consideradas como fibras gengivais. Crista alveolar: oblíqua, do cemento à crista alveolar. Previne extrusão dental. Horizontal: perpendicular, do cemento ao osso alveolar. Oblíqua: do cemento em direção coronal até osso. Estão presentes em maior número e suportam impacto vertical da mastigação. Inter-radicular: em forma de leque. Vai do cemento às áreas de bifurcação. Está entre as raízes. Apical: irradiam de forma irregular do cemento ao osso no fundo do alvéolo. Não ocorrem nas raízes em formação. ELEMENTOS CELULARES Fibroblastos; Cementoblastos; Osteoblastos; Restos epiteliais de Malassez; Células de defesa: macrófagos, mastócitos, eosinófilos. A substância fundamental amorfa preenche espaços entre células e fibras, composta de glicosaminosglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas. Auxilia no desenvolvimento do tecido conjuntivo. FUNÇÕES FÍSICAS DO LIGAMENTO Proteger vasos e nervos de danos mecânicos; Transmitir forças oclusais ao osso; Unir o dente ao osso; Manteros tecidos gengivais em suas relações adequadas aos dentes; Resistir ao impacto das forças oclusais (absorção de choques). FUNÇÃO FORMATIVA E REMOLADORA Participam na formação e reabsorção de cemento e osso. FUNÇÃO NUTRICIONAL E SENSORIAL Fornece nutrientes para o cemento, osso e gengiva por meio de vasos sanguíneos. É capaz de transmitir sensações táteis, de pressão e de dor através do nervo trigêmeo. REGULAÇÃO DA ESPESSURA Largura média de 0,2mm; Capacidade de se adaptar às mudanças funcionais e manter sua espessura em dimensões constantes, ao longo da vida; Dentes sem função e inclusos: espaço reduzido; Casos de hiperfunção: espaço aumentado. OBS: um dente em hiperfunção tem seu espaço do ligamento periodontal aumentado. Um dente em hipofunção tem seu espaço do ligamento diminuído. CEMENTO É um tecido mesenquimal calcificado e avascular, forma a cobertura exterior da raiz anatômica. FIBRAS Fibras de Sharpey (extrínsecas): porção aprisionada das fibras do LP, produzidas pelos fibroblastos; Fibras da matriz do cemento (intrísecas): produzidas pelos cementoblastos. FUNÇÕES Proteção da dentina; Fornece inserção para as fibras do ligamento periodontal; Ancoragem do dente ao seu alvéolo CEMENTO DO TIPO ACELULAR (primário) É o 1º a ser formado, recobre o terço cervical da raiz. Tem a espessura que varia ente 30 a 230µm e é formado antes do dente alcançar o plano oclusal. CEMENTO DO TIPO CELULAR (secundário) É formado após a raiz alcançar o plano oclusal e menos calcilficado. É disposto paralelamente a superfície radicular. UNIÃO ESMALTE – CEMENTO Existem três tipos de união do esmalte com o cemento. Sobreposição: 60%, o cemento sobe um pouco em cima do esmalte. Topo a topo: 30%. Sem união: 10%, exposição de canalículos dentinários. Esse gap dá uma hipersensibilidade ao dente. CARACTERÍSTICAS DO CEMENTO A deposição do cemento é contínua e ocorre em diferentes velocidades durante a vida. Tem 45% a 50% de conteúdo inorgânico (hidroxiapatita), sendo menos mineralizado que o osso, esmalte e dentina. Podem ocorrer reabsorções microscópicas ou extensas. CAUSAS SISTÊMICAS DE REABSORÇÃO: Deficiência de cálcio; Hipotiroidismo; Doença de Paget. CAUSAS LOCAIS DE REABSORÇÃO: Trauma de oclusão; Dentes inclusos; Dentes reimplantados; Movimentação ortodôntica. HIPERCEMENTOSE É um espessamento proeminente do cemento com aumento nodular do terço apical da raiz. É causado por tensão excessiva, destruição da inserção fibrosa dos dentes e em dentes sem antagonista. ANQUILOSE É a fusão do cemento e osso alveolar com obliteração do ligamento periodontal. Ocorre em dentes com reabsorção de cemento e resulta na reabsorção radicular e sua gradual substituição por tecido ósseo EXPOSIÇÃO AO MEIO BUCAL Decorrente de retração gengival ou perda de inserção. O cemento é permeável, permite a penetração de bactérias, substâncias orgânicas e íons inorgânicos, ou seja, aumenta a susceptibilidade à cárie radicular. OSSO ALVEOLAR PORÇÕES Externa: osso cortical; Interna: osso fino, compacto (osso alveolar propriamente dito. É a lâmina dura na radiografia); Trabéculas esponjosas: encontradas entre as duas camadas de osso compacto. O septo interdental consiste em suporte ósseo esponjoso aprisionado por uma camada de osso compacto. PROCESSO ALVEOLAR É a porção da maxila e mandíbula que forma e suporta os alvéolos dentários. É formado durante a erupção dentária e após a perda dentária, desaparece gradualmente. CONSTITUIÇÃO DO OSSO É formado por 2/3 de matéria inorgânica, sendo minerais de cálcio e fosfato, hidroxila, carbonato, citrato e vestígios de sódio, magnésio e flúor. A matriz orgânica corresponde a 1/3, sendo colágeno do tipo I (90%), pequenas quantidades de proteínas não colagenosas (osteocalcina, osteonectina, proteínas morfogenéticas ósseas, fosfoproteínas e proteoglicanos). A organização interna do osso altera constantemente, mas a forma é mantida da infância até a vida adulta. Durante a remodelação e renovação, a deposição óssea (osteoblastos) é equilibrada pela reabsorção (osteoclastos). O número de osteoblastos diminui com a idade. A remodelação interna ocorre por meio de reabsorção e formação, regulado por fatores locais e sistêmicos. A remodelação afeta a altura, contorno e densidade. Fatores locais: demandas funcionais dos dentes, mudanças nas células ósseas relacionadas com a idade. Fatores sistêmicos: caráter hormonal (paratireóide, calcitonina, vitamina D3). TOPOGRAFIA ÓSSEA Contorno: acompanha a proeminência das raízes com depressões verticais que se estreitam em direção a margem; Altura e espessura: afetadas pelo alinhamento dos dentes, angulação das raízes em relação ao osso e pelas forças oclusais; Dentes vestibularizados: margem do osso vestibular fino e mais apical; Dentes lingualizados: tábua óssea vestibular mais espessa TIPOS ÓSSEOS PERIODONTIA A periodontia estuda os tecidos ao redor do dente: gengiva, osso alveolar, cemento e ligamento periodontal. A gengiva é chamada de periodonto de proteção e o osso alveolar, cemento e ligamento periodontal são chamados de periodonto de inserção ou de fixação. OBS: gengiva tem origem ectodérmica e os outros três tem origem mesodérmica. A maior parte das doenças que acometem esses quatro tecidos periodontais são doenças inflamatórias e para ter inflamação é necessário ter os chamados periodontopatógenos (bactérias gram negativas e anaeróbias). A inflamação é uma resposta de defesa do nosso organismo, mas nessa tentativa de defesa o nosso próprio corpo destrói os tecidos. Cada um responde de forma individual a esses periodontopatógenos. É importante saber que todos possuem os periodontopatógenos, porém alguns não vivem com eles em equilíbrio, apresentando assim a doença. Outros vivem em equilíbrio e não apresentam nenhum sinal de doença periodontal. Nossa genética determina nossa susceptibilidade. Quando a doença está localizada somente na gengiva é chamada de gengivite e quando acomete os outros tecidos periodontais é chamada de periodontite. DIAGNÓSTICO EM PERIODONTIA Exame clínico; Exame por imagem (radiografia); Exame microbiológico; Exame imunológico; Exame genético. O método convencional de diagnóstico é clínico e radiográfico. O exame clínico deve avaliar as mudanças ocorridas nas variáveis clínicas periodontais. AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA Deve-se observar alterações dos seguintes aspectos da gengiva: Cor: rósea clara. Quando a gengiva está vermelha/arroxeada temos um sinal de inflamação (alterações vasculares da inflamação); Volume; Largura; Contorno; Consistência: firme e resiliente; Textura: casca de laranja; Posição; Sangramento. Esses aspectos são muito importantes, mas são subjetivos, pois não fornecem medidas. A outra avaliação (periodontograma) é uma avaliação objetiva. AVALIAÇÃO CLÍNICA OBJETIVA (periodontograma) Sangramento à sondagem (SS); Secreção purulenta; Profundidade de sondagem (OS); Perda de inserção clínica (PIC); Mobilidade; Envolvimento da furca. O sangramento e a supuração são sinais de inflamação. Esses dois sinais são avaliados dicotomicamente (sim ou não). A ausência desses parâmetros é sinal de estabilidade. É importante saber que todos os dentes possuem uma mobilidade fisiológica, pois ele não é aderido ao osso, porém essa mobilidade não pode ser sentida. Quando sentimos mobilidade quer dizer que já está acontecendo a doença. A mobilidade é medida com algum instrumento (pinça clínica). M1: mobilidade leve – movimentos V/P. M2: mobilidade moderada – movimentos V/P + M/D. M3: mobilidade grave. PROFUNDIDADE DE SONDAGEM A profundidade de sondagem é a distância da margem da gengiva até o fundo do sulco ou da bolsa (a medida é em mm). O fundo do sulco é o epitélio juncional, onde a gengiva se une ao dente. A profundidade de sondagem é medida em seis sítios diferentes, por vestibular e palatina. OBS: a sonda deve ser posicionada paralela ao longo eixo do dente e um tecido sadio é mais resistente à passagem da sonda. Sulco normal: até 3mm; Bolsa periodontal: acima de 3mm. A PS deve ser associada com o SS e aPIC. PERDA DE INSERÇÃO CLÍNICA / NÍVEL DE INSERÇÃO CLÍNICA A perda de inserção clínica é medida da junção cemento-esmalte ou limite amelocementário até o fundo do sulco. O nível da gengiva até a junção cemento-esmalte é a recessão gengival (raiz está exposta). A recessão só acontece quando há perda de inserção e a gengiva migra apicalmente. Quando o dente tem recessão, a perda de inserção é a recessão + a profundidade de sondagem. Em um dente sem recessão a PS é igual a PIC EX: PS 2mm, recessão 6mm = perda de inserção 8mm. ENVOLVIMENTO DA FURCA Dentes com mais de uma raiz possuem furca: é o espaço entre as raizes. Quando o processo inflamatório atinge a região entre as raízes o prognóstico é pior. Para que haja lesão de furca é necessário ter perda de inserção. O exame clínico é feito com a sonda nabers. Grau 1; Grau 2; Grau 3. Para cada tipo de comprometimento existe uma abordagem terapêutica diferente. Na mandíbula, somente os molares têm mais de uma raiz. Nos molares inferiores, a abertura da furca está na superfície vestibular e palatina, pois as raízes são mesial e distal. Na maxila, o primeiro pré-molar possui duas raízes vestibular e palatina, então a furca estará na mesial e distal. Já nos molares, com três raízes (duas V e uma P), a furca deverá ser explorada por vestibular, mesial e distal. O exame radiográfico convencional não tem poder de determinar o grau de envolvimento da furca. A imagem apenas mostra uma área radiolúcida na região interradicular, sugestiva de lesão de furca. BOLSA VERDADEIRA X FALSA BOLSA Para a bolsa ser considerada verdadeira deve haver perda de inserção, então o osso e o ligamento são destruídos. A falsa bolsa mede entre 4 e 5mm e não há acometimento do periodonto de inserção. A gengiva encontrase hiperplasiada. GENGIVITE Existe um processo inflamatório que se manifesta apenas no tecido gengival. A gengiva fica avermelhada, apresenta sangramento e ulcerações. Fica mais lisa e brilhante, perde o aspecto de casca de laranja. Na gengivite não há perda de inserção! A gengivite pode ser localizada ou generalizada. Localizada: até 30% de sítios sagrantes; Generalizada: mais de 30% de sítios sangrantes. Alguns medicamentos agravam a gengivite, como os anti-convulsivantes, imunussupressores e anti-hipertensivos. PERIODONTITE A periodontite acontece quando não só o periodonto de proteção está acometido, mas também o periodonto de inserção. Inicial a moderada OU avançada; Localizada OU generalizada; Crônica OU agressiva (de acordo com o caráter evolutivo do processo inflamatório). EX: periodontite moderada generalizada crônica, periodontite inicial localizada crônica, periodontite avançada generalizada agressiva. Para ser considerada uma periodontite inicial a moderada o dente deve apresentar uma PS de até 6mm, PIC de até 4mm, mobilidade grau 1, furca grau 1 e perda óssea até a região cervical ou 1/3 do comprimento da raiz (radiografia). Para ser considerada uma periodontite avançada todos os parâmetros devem estar maiores. EXAME RADIOGRÁFICO EM PERIODONTIA Depois de concluído o exame clínico a radiografia é pedida para indivíduos que apresentaram bolsas, perda de inserção e inflamação que comprometeu tecido periodontal de suporte. Então a radiografia não é pedida para todos os pacientes. A radiografia auxilia no diagnóstico, no prognóstico e no plano de tratamento periodontal. Ela também estimula a gravidade, extensão e o padrão da perda óssea. Além disso, fornece um registro visual geral do suporte ósseo e septo interdentário. Não se vê bolsa e nem grau de lesão de furca na radiografia! ASPECTOS OBSERVADOS Presença ou ausência da lâmina dura e se existe continuidade da lâmina. Largura do espaço do ligamento periodontal. Altura e forma da crista alveolar interdental. OBS: a lesão periodontal começa na crista alveolar e ligamento periodontal em direção a raiz. Comprimento e forma radicular (a perda óssea pode ser grande, porém a raiz também é muito comprida). Raízes mais divergentes garantem mais estabilidade do dente. OBS: reabsorção, raiz curta ou longa, raiz convergente ou divergente, hipercementose... Osso periapical e relacionamento radicular. Margens de restauração em excesso. Estado da área interradicular. Presença de depósitos mineralizados interproximais (tártaro). As radiografias em periodontia têm validade de 6 a 8 meses. O exame não é capaz de detectar pequenas mudanças no osso, então não adianta fazer radiografias com menos de 6/8 meses, só se for uma doença muito agressiva. LIMITAÇÕES DAS RADIOGRAFIAS EM PERIODONTIA Bidimensionalidade (deixa passar algumas coisas ao planificar a imagem que antes era tridimensional); Não fornece imagens de superfícies ósseas V/P; Não fornece a morfologia de defeitos ósseos internos; Não mostra imagem de tecido mole; Não diferencia caso tratado de caso não tratado (é necessário conciliar a radiografia com o exame clínico, pois o indivíduo pode estar com uma perda óssea enorme na radiografia, mas clinicamente ele não estar com sinal de doença, poder ser história passada de doença e sequela); Requer perda mineral óssea de 30% a 50% para fornecer imagem (para o osso aparecer como radiolúcido ele tem que perder 30 a 50% de mineral – baixa sensibilidade); Sujeita a erros de distorções verticais e horizontais; Interpretação subjetiva; Subestimação da patologia (geralmente a patologia está 20% maior do que o visto da radiografia). OBS: a radiografia tem baixa sensibilidade e alta especificidade para perda óssea. ESTIMATIVA DA PERDA ÓSSEA Distância da JCE à crista óssea menos a distância do espaço biológico (3mm). O espaço biológico é o espaço entre a junção cemento esmalte e o nível ósseo. É o espaço para o sulco gegival, para o epitélio juncional e para a inserção conjuntiva gengival. Sulco gengival: 0,97mm; Epitélio juncional: 1mm; Tecido conjuntivo: 1mm. TIPOS DE PERDA Horizontal: quando a perda é paralela à JCE; Angular/Vertical: quando a perda é angulada em relação à JCE. A perda óssea angular geralmente está associada com periodontites agressivas, com trauma de oclusão ou com tábuas ósseas muito delgadas. TÉCNICAS RADIOGRÁFIAS EM PERIODONTIA Em periodontia usa-se a técnica periapical do paralelismo, pois nela as cristas ósseas aparecem o mais perto do real e com menos distorção. A técnica da bissetriz mostra as cristas em uma situação melhor do que está na realidade, pois ela projeta a crista óssea em cima da coroa. A panorâmica não é usada para diagnóstico, porque ela apenas mostra uma visão geral, mas sem detalhe. A imagem também é muito distorcida, no sentido horizontal ela tem uma distorção de 50% e no vertical de 30%. Outra radiografia muito usada em periodontia é a interproximal ou bite-wing. É usada quando o paciente possui bolsas rasas e também em pacientes mais jovens. TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO (controle mecânico) Todo tratamento periodontal começa de forma não cirúrgica, mesmo que posteriormente precise de alguma cirurgia. O principal objetivo é o controle do biofilme subgengival, ou seja, retirar a causa da doença. Existem dois tipos de controles, o mecânico e químico, sendo o mecânico o principal, pois é ele que retira a causa; o controle químico é coadjuvante. Escova + fio dental: autocontrole em casa; Polimento coronário e raspagem: controle profissional. OBS: controlando o biofilme supragengival em casa consequentemente controla-se o subgengival. O tratamento químico pode ser tópico, com colutórios e pasta de dentes, ou sistêmicos, com antibióticos sistêmicos. São usados em algumas condições periodontais. Ele nunca será o tratamento principal. PLANEJAMENTO INTEGRAL Fase de terapia associada à causa (não cirúrgica); Fase de terapia adicional (cirúrgica ou corretiva): se o tratamento não cirúrgico por si só não controlar a doença; Fase de terapia de suporte (manutenção). O objetivo da terapia associada à causa é eliminar os depósitos bacterianos localizados supra e subgengivalmente da superfície dentária e a prevenção da recorrência da doença. PROCEDIMENTOS QUE ENGLOBAM O TRATAMENTONÃO CIRÚRGICO Informação ao paciente (motivar o paciente no controle da doença); Orientar o paciente sobre métodos apropriados de higiene bucal; Fazer a raspagem e alisamento radicular (RAR); Remoção de fatores adicionais de retenção da placa. A raspagem é o procedimento que visa a remoção dos depósitos bacterianos duros (cálculos) sub e supragengivais. Movimento de tração com a haste do instrumento paralela ao longo eixo do dente. O polimento coronário visa a remoção dos depósitos bacterianos moles (biofilme) da superfície coronária. O polimento coronário não retira cálculo dentário. O alisamento visa tornar a superfície radicular dura e lisa, favorecendo a cicatrização. Para a RAR são usados instrumentos manuais, sônicos ou ultrasônicos. OBS: os ultrasônicos são mais potentes que os sônicos. INSTRUMENTOS MANUAIS Cureta; Foice; Enxada. Os instrumentos são divididos em cabo, haste e ponta ativa. O cabo é onde o operador segura, a haste liga o cabo à ponta ativa. O que diferencia um material do outro é a haste e a ponta ativa. CURETAS São usadas para a raspagem e alisamento dos dentes. A parte ativa do instrumento é uma lâmina com duas bordas que se unem em um bico arredondado. Universais (McCall): possuem corte dos dois bordos da ponta ativa. A parte final da haste com a parte coronária da cureta forma um ângulo de 90 graus. Específicas (Gracey): possuem corte em apenas um bordo da ponta ativa. A parte final da haste com a parte coronária da cureta forma um ângulo de 70 graus CURETAS GRACEY 1/2 e 3/4: dentes anteriores; 5/6: anteriores e pré-molares; 7/8 e 9/10: V e L de posteriores; 11/12: mesial de posteriores; 13/14: distal de posteriores. Além das curetas de Gracey padrão, existem as curetas mini five e after five, elas possuem haste alongada. Além disso, a mini five tem a haste alongada e a ponta ativa menor (boa pra furca estreita). A haste alongada é boa para alcançar dentes com acesso difícil. FOICES Possui a lâmina curva ou reta, com secção triangular e dois bordos cortantes. São usadas para raspagem supragengival na região interproximal. ENXADAS Possui apenas um bordo cortante e são usadas para raspagem supragengival na região vestibular e lingual/palatina ULTRASSOM A eficácia de um instrumento ultrassônico e de um manual é a mesma, porém o tempo de trabalho é muito menor com um ultrassom. O ultrassom faz perder o tato, para saber se a raiz está lisa ou não, para isso, deve-se testar com a cureta para ver se não restou algum cálculo. O ultrassom não faz alisamento radicular, somente as curetas. As pontas do ultrassom são bem mais finas, então dão melhor acesso ao interior das furcas. RASPAGEM SUPRAGENGIVAL É a raspagem da coroa do dente. O debridamento da dentição inicia-se com a raspagem supragengival. Pode ser feita com instrumento manual ou ultrassônico. Para esse tipo de raspagem, não é necessário o uso de anestesia. Faz-se a remoção de cálculo e de saliências excessivas das restaurações. Após a instrumentação as superfícies devem ser polidas (quanto mais polido menos nichos para a colonização bacteriana). Raspagem alisamento polimento RASPAGEM SUBGENGIVAL O exame clínico periodontal apropriado deve preceder a instrumentação subgengival.A raspagem subgengival visa resolver a inflamação e interromper a destruição do aparelho de inserção por meio da remoção do biofilme da bolsa. Deve sempre ser feita sob anestesia. OBS: a importância de tratar a bolsa é porque ela é reservatório de bactérias anaeróbias (são as principais relacionadas com a doença periodontal). Explorar a superfície do sulco inicialmente com uma sonda para verificar a profundidade, a anatomia da superfície e a localização dos cálculos. TÉCNICA Primeiro, é necessário determinar a ordem na qual os sítios serão instrumentados. Segurar o instrumento pela empunhadura de caneta modificada. Usar apoio digital (terceiro ou quarto dedo) o mais próximo da área a ser instrumentada. A última parte da haste deve ser paralela ao longo eixo do dente. Com a borda distal da lâmina deve-se identificar a base (fundo) da bolsa. Depois, deve-se girar o instrumento para a posição de corte. A lâmina é movimentada com um golpe firme sempre em direção coronária. A sonda deve ser reutilizada para conferir se a raspagem foi completada. FATORES IMPORTANTES PARA O RESULTADO DA RASPAGEM Anatomia radicular; Habilidade do operador; Tempo de tratamento; Afiação do instrumento. REMOÇÃO DE FATORES DE RETENÇÃO DE PLACA Os excessos das restaurações devem ser removidos para facilitar a remoção de placa e cálculo e para estabelecer uma forma anatômica que facilite a limpeza pelo próprio paciente. Algumas vezes é mais conveniente a substituição da restauração inadequada. CONTROLE DE PLACA ESCOVAÇÃO A eficácia da escovação é baseada em três fatores principais: Desenho da escova; Habilidade do indivíduo; Frequência e duração da escovação (uma vez ao dia deve ser feita a higienização de toda a boca, sendo a noite o melhor horário para isso). Uma escova ideal deve apresentar as seguintes características: Tamanho do cabo apropriado para a idade de destreza do usuário; Tamanho da cabeça apropriada para as dimensões da boca do paciente (se a cabeça da escova for muito grande, ela não vai conseguir alcançar certas áreas); Filamentos de poliéster ou náilon com extremidade apropriada; Cerdas macias com pontas arredondadas. A escova elétrica é indicada principalmente para pessoas com dificuldade motora, idosos e pacientes pouco motivados. A escovação deve ser com o próprio peso da mão, sem força exagerada. MÉTODOS DE ESCOVAÇÃO A melhor técnica é aquela que remove todo o biofilme no menor tempo possível sem causar qualquer dano aos tecidos (duros ou moles). OBS: fucsina 0,5% para evidenciar a placa e poder ver onde estão os locais com pior escovação. Se, ao corar, for observado que o paciente está com baixo índice de placa deve-se manter a técnica que ele já usa. TÉCNICA DA ESCOVAÇÃO HORIZONTAL (fricção) A cabeça da escova é posicionada em um ângulo de 90 graus com a superfície dental e faz movimento horizontal anteroposterior. É um movimento muito ruim para o tecido gengival, ainda mais para quem possui tecido gengival muito fino (muito risco de retração). TÉCNICA DE STILLMAN VIBRATÓRIA A cabeça da escova é posicionada em uma posição oblíqua, voltada para o ápice da raiz. As cerdas ficam localizadas parcialmente na gengiva e parcialmente na superfície dental. Leve pressão com movimento vibratório. É aplicada sem que a escova seja deslocada de sua posição original. TÉCNICA DE STILLMAN MODIFICADA Nessa técnica, a escova é posicionada da mesma forma da técnica anterior, porém após aplicar um pequeno movimento vibratório, a cabeça da escova gira na direção oclusal. Ambas as técnicas de Stillman não traumatizam o tecido periodontal. TÉCNICA DE BASS É a melhor técnica para higienizar o sulco gengival, porém não pode ser indicada para quem já possui retração gengival ou faixa de gengiva muito delgada. A cabeça da escova é posicionada numa direção oblíqua voltada para o ápice da raiz com o objetivo de introduzir as cerdas no sulco gengival (útil para remover placa subgengival). A escova é deslocada numa direção ântero-posterior utilizando movimentos curtos. LIMPEZA DA LÍNGUA É feita com a própria escova de dente a fim de eliminar a saburra lingual e prevenir a halitose. A halitose se dá pelo subproduto do metabolismo das bactérias anaeróbias gram negativas que colonizam o dorso da língua (gases voláteis). Os maiores causadores de halitose são a doença periodontal e a saburra lingual. A hipossalivação também induz à halitose. LIMPEZA INTERDENTAL A escovação não consegue atingir a área interdental, por isso existem outros métodos para promover a higienização dessa região. FIO DENTAL São úteis onde a papila dental preenche completamente o espaço interproximal. PALITO DENTAL São úteis para os espaços interproximais abertos. São fabricados em madeira macia e apresentam formato triangular. Pode causar retração gengival, perda da papila e abertura dosespaços interproximais em longo prazo ESCOVA INTERPROXIMAL É uma alternativa ao palito, porém é útil também para que usa aparelho ortodôntico. MÉTODO QUÍMICO DE LIMPEZA O controle químico é um coadjuvante do controle mecânico. Ele complementa esse método mecânico e as deficiências que podem ter ocorrido. AÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Antiadesivo: agiriam na película adquirida, não permitindo a adesão e colonização bacteriana; Antimicrobiano: pode inibir a proliferação de bactérias ou até mesmo destruí-las; Removedor de placa: agiriam de forma parecida com uma escova de dente, substituindo-a; Antipatogênico: podem inibir a expressão da patogenicidade do microrganismo, sem necessariamente destruí-los. Atualmente muitos agentes são antimicrobianos e previnem a fase de proliferação bacteriana do desenvolvimento da placa (pastas de dente e colutórios). A formação da placa pode ser controlada por agentes antiadesivos ou removedores de placa, mas ainda não se encontram disponíveis ou não são seguros para uso oral. A alteração da patogenicidade da placa bacteriana necessita ainda de um maior entendimento sobre a etiologia bacteriana da gengivite. Os antimicrobianos encontrados nesses produtos podem ser dos grupos das bisbiguanidas (clorexidina), quaternários do amônio (cloreto de cetilpiridínio 0,05%) e fenóis e óleos essenciais (triclosan). QUATERNÁRIOS DO AMÔNIO (cloreto de cetilpiridínio 0,05%) Persistência de ação e efetividades menores que a clorexidina; Pouca retenção e perda de atividade quando adsorvido; Neutralização em ambiente bucal; Rápida eliminação; Evidência de benefício à gengivite duvidosa. FENÓIS E ÓLEOS ESSENCIAIS (triclosan) Não são tão eficazes quanto a clorexidina; A atividade do triclosan parece reforçada pela adição de citrato de zinco ou do copolímeto éter polivinimetil; Efeitos antiinflamatórios pequenos “in vitro” e relevância clínica questionável. BISBIGUANIDAS (clorexidina 0,12%) É uma base forte e dicatiônica; Toxicidade sistêmica não relatada; Ação antimicrobiana (bactérias gram positivas e negativas); Eficaz contra alguns fungos e vírus; EFEITOS COLATERAIS DA CLOREXIDINA Manchas acastanhadas nos dentes, em alguns materiais de restauração e no dorso da língua; Perturbação do paladar; Erosão da mucosa; Tumefação unilateral ou bilateral das parótidas; Estímulo da formação de cálculo supragengival. MECANISMO DE AÇÃO DA CLOREXIDINA Liga-se às membranas celulares bacterianas; Em baixa concentração aumenta a permeabilidade da bactéria com perda de componentes intracelulares; Em alta concentração causa a precipitação do citoplasma e morte celular; Adsorvida na película adquirida; Apresenta ação bacteriostática por 12 horas (substantividade). USOS CLÍNICOS DA CLOREXIDINA Complemento à higiene bucal e à profilaxia profissional; Pré e pós-operatório; Pacientes com fixação mandibular (após cirurgia ortognática); Deficientes físicos e mentais; Indivíduos clinicamente comprometidos predispostos à infecções bucais Pacientes de alto risco para cárie; Ulceração aftosa recorrente; Usuários de aparelhos ortodônticos; Na estomatite associada à prótese; ETIOPATOGENIA DA DOENÇA PERIODONTAL INFLAMATÓRIA CRÔNICA A etiopatogenia estuda a origem e o mecanismo de desenvolvimento da doença. O fator etiológico primário da doença periodontal é o biofilme dental. Até a década de 50 a doença periodontal era conhecida como periodontose, uma doença degenerativa sem origem definida. Ela não era relacionada com bactérias. Era uma doença “de dentro para fora”. Em 1965, o estudo gengivite experimental em humanos comprovou a relação direta entre biofilme dental e doença periodontal. Nesse estudo, comprovou-se também que a reação ao biofilme é individual, ou seja, cada um responde de uma forma diferente. OBS: a flora da pessoa pode ser diferente e/ou os mecanismos de resposta são mais/menos eficazes. Ainda na década de 60, acreditava-se que a placa era inespecífica, ou seja, que todo o biofilme era igual e o tratamento deveria ser o mesmo para todo mundo. A doença estava relacionada com a quantidade da placa e não com a qualidade A partir de um estudo feito em 1986 no Sri Lanka comprovou-se que os biofilmes eram diferentes: teoria da placa específica. Algumas pessoas manifestavam a doença de forma mais grave e outras de forma mais suave. Sabendo disso, é preciso identificar quem é susceptível à doença e o tratamento deve ser individualizado. PATOGÊNESE Fatores de risco ambientais e adquiridos; Fatores de risco genéticos; Desafio microbiano: os fatores de virulência das bactérias vão induzir uma resposta inflamatória; Resposta imuno inflamatória: a forma da resposta inflamatória vai variar de pessoa pra pessoa; Metabolismo dos tecidos conjuntivo e ósseo; Sinais clínicos e progressão da doença: sangramento, perda de inserção, profundidade de sondagem, etc. OBS: os fatores de risco ambientais e adquiridos são modificáveis, mas os fatores genéticos não. COMPONENTES DO BIOFILME Começa a ser formado a partir da película adquirida. A carga do esmalte é negativa e a carga bacteriana também é negativa. A película tem carga positiva, permitindo a adesão. Então, a partir da película, bactérias pioneiras (cocos e bastonetes) irão aderir ao dente, dando início à formação de colônias e sucessão ecológica. Na medida em que o biofilme vai ficando mais espesso e maduro, sua virulência vai aumentando. COMPLEXOS MICROBIANOS SUBGENGIVAIS Em 1998 Socransky fez um estudo de bactérias encontradas em sítios saudáveis e em sítios doentes. A partir desse estudo, observou-se que as bactérias anaeróbias gram negativas estavam mais presentes nas áreas doentes. As bactérias foram divididas em grupos, desde os grupos menos virulentos para doença periodontal, até os mais virulentos e periodontopatógenas. Em estado de saúde você ainda tem as bactérias periodontopatógenas, porém em baixa quantidade. OBS: quanto mais profundo for o sulco gengival, maior é a quantidade de bactérias anaeróbias gram negativas. VIRULÊNCIA DAS BACTÉRIAS 1. Dano direto às células teciduais: liberação de componentes tóxicos – sulfeto de hidrogênio, ácidos graxos e NH3; 2. Estimular células a liberar substâncias ativas: LPS e leucotoxinas; 3. Substâncias que afetem a matriz extracelular: colagenase, fator inibidor de fibroblastos e indução de produção de citocinas. RESPOSTA INFLAMATÓRIA Normalmente o início da resposta inflamatória dos tecidos periodontais é aguda. Acontece uma VC e VD mais rápida e há a migração de células de uma maneira abundante. OBS: a VD acontece para que os neutrófilos consigam aderir à parede do vaso e fazer a diapedese e combater a agressão no tecido conjuntivo. Há uma agressão, seguida de uma sinalização (citocinas próinflamatórias) para a migração e diferenciação de células de defesa. Se o fator causal é removido ou controlado há o reparo tecidual. Se o desafio permanece, entra em um estágio de cronicidade. As citocinas são liberadas pelo epitélio (do epitélio juncional) e enviam mensagens intercelular, dão início e fazem a manutenção da resposta imuno-inflamatória e estão associadas como crescimento e diferenciação celular. A liberação de citocinas pode acontecer de forma branda ou de forma excessiva: a resposta inflamatória será menor ou maior, consequentemente a destruição será diferente também. OBS: interleucinas IL-1, IL-8, TNF são as mais importantes na doença periodontal – quanto maior a quantidade dessas interleucinas, maior é a resposta inflamatória. MECANISMO DE DESTRUIÇÃO TECIDUAL PROTEASES (liberadas pelo hospedeiro e bactérias) -> COLAGENASE, ELASTASE, CISTEÍNA, TRIPSINA-> DEGRADAÇÃO TECIDUAL FASE 1 DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA Mesmo na gengiva saudável, há a migração de neutrófilos, pois ele é a primeira linha de defesa. FASE 2 Infiltração do tecido conjuntivo: monócitos, macrófagos, neutrófilos e linfócitos. As citocinas pró-inflamatórias irão atuar nos vasos, provocando a VD e aumentando a migração de células para a região inflamada. FASE 3 GENGIVITE PRECOCE (fase totalmente reversível) Aumento da migraçãode neutrófilos/ Proliferação epitelial; Vasodilatação; Proliferação vascular; Perda de colágeno; Poucos plasmócitos: resposta inflamatória inespecífica. FASE 4 GENGIVITE ESTABELECIDA/PERIODONTITE Grande aumento da migração de neutrófilos, Proliferação acentuada do epitélio; Infiltrado leucocitário aumentado, com 10 a 30% de plasmócitos; Migração do epitélio juncional (formação de bolsa); Perda óssea (periodontite). PROCESSOS AGUDOS EM PERIODONTIA Os processos agudos são situações que requerem um prontoatendimento, porque geralmente causam muita dor. GUN; PUN; Gengivoestomatite herpética aguda; Pericoronarite; Abscessos: abscesso gengival e periodontal agudo ou crônico. GENGIVITE ULCERATIVA NECROSANTE (GUN) Infecção de Vincent, Boca de Trincheira, Gengivite fusoespiroquetal, Gengivite úlcero membranosa, Estomatite necrosante. A GUN acontece principalmente em casos de: Imunossupressão; Tabagismo; Higiene bucal deficiente; Gengivite preexistente; História prévia de periodontite; Estresse, Etilismo. Algumas características clínicas são essenciais para o diagnóstico de GUN: úlceras gengivais dolorosas com destacamento e formação de crateras na papila interdental (inversão papilar) e úlceras sangrantes espontaneamente. Outras características não essenciais são: Pseudomembrana de restos necróticos e bactérias; Hálito fétido; Sensação de ardor regional; Febre, mal-estar, inapetência; Trismo; Linfadenopatia submandibular e cervical. Nesse tipo de lesão, as bactérias que prevalecem são as espiroquetas e as fusoespiralares. PERIODONTITE ULCERATIVA NECROSANTE (PUN) A PUN acomete o mesmo tipo de indivíduo da GUN. Por sua vez, as características clínicas essenciais são: Crateras interproximais profundas com desnudação do osso alveolar interdental; Sequestro ósseo interdental. TRATAMENTO PARA A GUN E A PUN SESSÃO INICIAL Anestesia tópica; Remoção da pseudomembrana (retira os restos de necrose e bactérias); Raspagem supragengival; Peróxido de hidrogênio 3% para bochecho: meio copo de água e uma colher do peróxido. Bochecho por um minuto, 3x ao dia. Usa-se a água oxigenada para eliminar as espiroquetas; Bochecho com digluconato clorexidina 0,12% (durante duas a três semanas); Prescrição de antibiótico quando o paciente mostra envolvimento sistêmico. ANTIBIÓTICO Amoxicilina 500mg + Metronidazol 250mg: Dose de ataque: 2 comprimidos de amoxicilina. Dose de manutenção: 1 comprimido de cada, 3x ao dia durante 7 dias. Clindamicina 300mg: Dose de ataque: 2 comprimidos. Dose de manutenção: 1 comprimido, 4x ao dia durante 7 dias. SEGUNDA SESSÃO Raspagem supragengival; Pode-se suspender o bochecho com o peróxido de hidrogênio. TERCEIRA SESSÃO RAR; Instruções para uma escovação mais efetiva; SESSÕES SUBSEQUENTES RAR; Controle do biofilme; Polimento coronário. MANUTENÇÃO Eliminação de fatores retentivos; Procedimentos cirúrgicos caso precisar: gengivoplastia para reanatomizar as papilas. GENGIVOESTOMATITE HERPÉTICA AGUDA (GEHA) Infecção primária do vírus herpes simples. Acomete principalmente as crianças. As características clínicas mais comuns são: Múltiplas vesículas que se rompem e formam ulcerações); Pode ocorrer em mucosa não ceratinizada; Boca dolorida; Linfadenopatia cervical; Febre e mal-estar. A infecção secundária desse 23irus é o herpes labial. O tratamento para esse tipo de doença é apenas sintomático, com uso de analgésicos, antipiréticos, anestésicos tópicos. A alimentação deve ser pastosa e líquido abundante GUN GEHA Locais das úlceras Papila interdental e gengiva marginal Gengiva e mucora oral inteira. Características das úlceras Destacadas, cobertas por uma crosta e sangram facilmente Vesículas múltiplas, cobertas por fibrina sem sangramento Febre Duvidosa ou ligeira. 38 graus ou mais. Sintomas Gengivas doloridas Boca toda dolorida Duração 1 a 3 dias, com a terapia apropriada. Mais de 1 semana, mesmo com terapia Condições que podem incluir a úlcera gengival como característica clínica: Condições mucocutâneas: candidíase eritematosa, lesão benigna de mucosa, penfigóide, eritema multiforme, líquen plano oral, pênfigo vulgar, lúpus eritematoso. Condições traumáticas: lesões ulcerativas traumáticas, escovação, fio dental e palito de dente. Infecções virais: GEHA, herpes intrabucal recorrente, varicela, herpes zoster, mononucleose infecciosa; Infecções bacterianas: gengivite estreptocócica, gengivite gonocócica, sífilis, tuberculose, hanseníase. PERICORONARITE É a enfermidade periodontal aguda mais frequente, caracterizada por uma inflamação ao redor da coroa de um dente. O tecido que recobre o dente é chamado de opérculo. Está muito associado com a irrupção dos terceiros molares, principalmente os inferiores, por causa da anatomia da mandíbula. Acomete, geralmente, jovens entre 18 e 28 anos. Dente em Opérculo -> Dificuldade Acúmulo de Nicho para irrupção -> de higiene -> alimento -> proliferação de bactérias anaeróbias CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Área de erupção dentária; Trauma provocado por dente antagonista; Área eritematosa e edemaciada; Ulceração; Necrose na superfície do sulco gengival; Dor intermitente ou constante; Dor localizada ou irradiada para o ouvido; Trismo; Halitose; Linfadenopatia; Estado febril; Prostração; Inapetência. TRATAMENTO 1ª sessão para alívio dos sintomas: Anestesia local; Elevação do capuz do dente; Raspagem coronária; Curetagem. Irrigação com soro fisiológico, clorexidina ou água oxigenada 10 volumes. Se o paciente apresentar envolvimento sistêmico pode entrar com antibioticoterapia (mesma posologia da GUN e PUN). Tratamento definitivo: Ulectomia para manutenção do dente; Exodontia. OBS: a pericoronarite pode evoluir para um abscesso pericoronário. ABSCESSO GENGIVAL Infecção purulenta localizada na margem gengival. Acomete normalmente indivíduos com boa condição periodontal. É uma resposta inflamatória aguda à impactação de um corpo estranho no tecido gengival. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Edema; Eritema; Superfície lisa e brilhante; Dor localizada. TRATAMENTO Anestesia local; Incisão com lâmina 15 ou 15C; Dreganem de abscesso; Irrigação com soro fisiológico; Remoção do agente agressor; Bochecho com água morna e sal (2 semanas). ABSCESSO PERIODONTAL Não existe abscesso periodontal sem bolsa. ETIOLOGIA Extensão profunda da bolsa periodontal. Quanto mais profunda a bolsa periodontal, mais acúmulo de bactérias anaeróbias; Bolsa que apresenta um curso sinuoso ao redor da raiz; Remoção incompleta de cálculo durante a raspagem. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Edema; Eritema; Superfície lisa e brilhante; Supuração; Dor; Sensibilidade; Profundidade de sondagem; Sangramento à sondagem; Linfadenopatia; Febre e mal-estar TRATAMENTO Aliviar a dor; Controlar a infecção; Drenagem. Pode ser introduzida a antibioticoterapia. O abscesso periodontal pode se tornar crônico quando existe fístula, ponto de flutuação, exsudação intermitente e episódios de dor (quando agudiza). ABSCESSO PERIODONTAL ABSCESSO PERIAPICAL HISTÓRIA Doença periodontal; Tratamento periodontal; Tratamento prévio com antibiótico Cárie, fratura, desgaste dentário; Tratamento endodôntico; Restaurações ACHADOS CLÍNICOS Vitalidade pulpar; Sondagem periodontal com pus; Experiência evidente de doença periodontal. Sem resposta aos testes de vitalidade; Não há PS; Cáries avançadas, restaurações extensas, dente desçolorido. RAIO X Perda do osso da crista alveolar; Defeito ósseo angular; Envolvimento da furca. Radiolucidez apical; Obturação endodôntica; Perfuração endodôntica do núcleo RESPOSTA AO TRATAMENTO Responde bem ao debridamento subgengival (RAR) e à liberação do pus. Responde pobremente ou parcialmente às intervenções periodontais. Ao fazer o tratamento endodôntico de um dente com abscesso periapical, o ambiente causador do abscesso é selado. Então o reparo apical é mais fácil. CAPACIDADE ADAPTATIVA DO PERIODONTO ÀS FORÇAS OCLUSAIS O periodonto tenta acomodar-se às forças exercidas sobre a coroa. O efeito das forças oclusais sobre o periodonto é influenciado pela: Tipo de força -> Magnitudeou intensidade -> Direção -> Duração -> Frequência Magnitude: em resposta a magnitude há o aumento do espaço do ligamento periodontal, aumento da espessura das fibras, aumento na densidade do osso. É uma tentativa de compensar o aumento da força naquele dente. Direção: a alteração na direção das forças causa uma reorientação das pressões e tensões no interior do periodonto. As fibras principais do LP são dispostas de tal forma que se acomodam melhor às forças oclusais ao longo eixo o dente. Forças laterais e forças de torque têm maior probabilidade de lesionar o periodonto. Duração e frequência: a pressão constante é mais prejudicial que a intermitente, porém quanto mais frequente for a força intermitente, mais prejudicial ela será. OBS: se o fator causal for retirado, o tecido se recupera. TRAUMA DE OCLUSÃO Quando as forças oclusais excedem a capacidade adaptativa dos tecidos, origina-se uma lesão tecidual. A lesão resultante é denominada trauma de oclusão ou trauma oclusal. O trauma de oclusão é o efeito de uma força anormal nos tecidos periodontais, especificamente no periodonto de inserção (osso, cemento e ligamento periodontal). Quando o trauma de oclusão é resultado de alterações nas forças oclusais, ele é denominado trauma primário (há uma força excessiva sob um periodonto normal). Quando resulta de capacidade reduzida dos tecidos de resistir às forças oclusais, é conhecido como trauma secundário (o periodonto já está reduzido e debilitado pela doença periodontal). O periodonto se torna mais vulnerável e forças oclusais previamente bem toleradas se tornam traumáticas. ESTÁGIOS DA RESPOSTA TECIDUAL AO AUMENTO DAS FORÇAS A resposta tecidual ocorre em três estágios: LESÃO A lesão tecidual é produzida por forças oclusais excessivas. O corpo tenta então reparar a lesão e restaurar o periodonto. Isso pode ocorrer se as forças forem diminuídas ou se o dente se afastar delas. OBS: o organismo vai tentar se adaptar constantemente em relação a essas forças. Na presença de uma força oclusal crônica: Pode acontecer a migração do dente, sendo assim a incidência da força é diminuída; Ou pode acontecer o remodelamento do periodonto, com alargamento do espaço do LP, defeitos ósseos angulares/verticais, perda de inserção (mas sem bolsa periodontal). Na presença de uma força ligeiramente excessiva: No lado de pressão há reabsorção e alargamento do ligamento periodontal; No lado de tensão há aposição e alongamento do ligamento. Na presença de força excessiva: Como a força é muito grande, não há adaptação. No lado de pressão há compressão das fibras, hialinização, lesão de fibroblastos e necrose em áreas do ligamento periodontal. OBS: em dentes multirradiculares a perda óssea acontece principalmente na região da furca. REPARAÇÃO A reparação está ocorrendo constantemente no periodonto normal e o trauma de oclusão estimula uma atividade reparadora aumentada. Os tecidos danificados são removidos e novas células e fibras do tecido conjuntivo, osso e cemento são formados em uma tentativa de restaurar o periodonto lesionado. REMODELAÇÃO ADAPTATIVA Se o processo de reparação não puder acompanhar a destruição causada pela oclusão, o periodonto é remodelado em uma tentativa para criar uma relação estrutural na qual as forças não são mais lesivas aos tecidos. Isso resulta em um ligamento periodontal espessado, defeitos angulares no osso, sem a formação de bolsa. QUAL O PAPEL DO TRAUMA NA ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL? O trauma oclusal não tem nenhuma relação com a etiologia da doença periodontal, mas tem grande relação quanto ao tratamento da doença periodontal. Ele não provoca inflamação, bolsa ou perdas ósseas definitivas. O trauma oclusal não piora o tratamento da gengivite. O trauma oclusal pode aumentar a perda óssea alveolar. Se o trauma oclusal está associado com um processo inflamatório, a perda óssea acontece de forma muito mais acelerada. Pode também piorar a resposta ao tratamento da periodontite. SINAIS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS DO TRAUMA DE OCLUSÃO Aumento do espaço do LP; Espessamento da lâmina dura. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trauma oclusal não provoca inflamação do periodonto de proteção. Não provoca bolsa periodontal. Quando removido, propicia o reparo dos tecidos É considerado um co-fator de destruição quando ocorre junto com a periodontite; A avaliação dos fatores oclusais é parte importante da terapia
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