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Flávia Maria Silva Guedes Flávia Maria Silva Guedes Doenças Hematológicas I. Distúrbios dos Eritrócitos II. Distúrbios do Sangramento Distúrbios dos Eritrócitos A produção dos eritrócitos é feita pela medula óssea. Os eritrócitos são compostos por 33% de hemoglobina (molécula carreadora de O2. Consiste de dois pares de cadeias globina em volta de 4 grupos heme ligados a O2). Quando há um baixo nível de oxigenação tecidual, há uma produção de ERITROPOIETINA pelos rins, que, consequentemente, vai estimular a medula óssea a produzir eritrócitos. ANEMIA Definida como redução da capacidade do sangue de carrear oxigênio. Principais causas: - Diminuição da produção de eritrócitos (deficiência de ferro, anemia perniciosa) - Perda de sangue - Aumento da destruição dos eritrócitos circulantes (doenças autoimunes) ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO (MICROCÍTICA) I. Perda excessiva de sangue; II. Ingestão deficiente de ferro; III. Absorção deficiente de ferro; IV. Aumento da demanda. SÍNDROME DE PLUMER-VINSON 1. Anemia por deficiência de ferro 2. Estenose esofágica (estreitamento) 3. Disfagia (dificuldade para deglutir) 4. Predisposição aumentada para carcinoma oral ANEMIA PERNICIOSA E POR DEFICIÊNCIA DE FOLATO (MACROCÍTICA) A vitamina B12 (cobalamina) e o Ácido Fólico servem para síntese e maturação do eritrócito. Deficiência da Vitamina B12 ou Fator Intrínseco (responsável pela absorção de vitamina B12) atacado por algum tipo de doença autoimune. Pacientes apresentam: - Gastrite atrófica crônica - Diminuição de fator intrínseco parietal e secreção de ácido clorídrico - Sugestivo de doença autoimune Deficiência do Ácido Fólico gera uma Anemia por deficiência de folato. Fatores de risco: - Dieta deficiente (falta de frutas e vegetais na dieta) - Abuso de álcool - Gravidez (terceiro trimestre) - Ocorre em cada 4 pessoas para 100.000 ANEMIA FALCIFORME (NORMOCÍTICA) Defeito na cadeia beta da hemoglobina, com a substituição da valina por ácido glutâmico. Quando expostos à baixa tensão de oxigênio, PH aumentado ou quadro de desidratação os eritrócitos ficam em forma de foice, diminuindo o transporte de O2. Em procedimentos cirúrgicos maiores, pode ser usado transfusões de troca pra diluir células defeituosas em até 50%. ANEMIA HEMOLÍTICA POR DEFICIÊNCIA GLICOSE- 6-FOSFATO DESIDROGENASE Acúmulo de oxidante com hemólise das células vermelhas, pois o G-6-DP vai estar em falta, não ocorrendo a produção de NDPH REDUZIDO (o responsável por livrar as células dos oxidantes). O tratamento é basicamente a prevenção propriamente dita. Flávia Maria Silva Guedes Flávia Maria Silva Guedes ANEMIA POR INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA O baixo nível de oxigenação tecidual vai fazer com que os rins produzam eritropoietina, estimulando a medula óssea a produzir eritrócitos. A insuficiência renal crônica vai bloquear a produção de ERITROPOIETINA pelos rins. Não há o feedback para a medula óssea e, consequentemente, não há uma produção adequada de eritrócitos pela medula óssea. É feita a ERITROPOIETINA RECOMBINANTE HUMANA. Vai servir para a medula óssea produzir mais células vermelhas (eritrócitos). Distúrbios do Sangramento Condições que alteram a capacidade dos vasos sanguíneos, plaquetas e fatores da coagulação de promoverem hemostasia. - Distúrbios genéticos - Distúrbios adquiridos por alguma doença - Distúrbio por uso de medicamentos FISIOLOGIA DA COAGULAÇÃO 1. FASE VASCULAR Imediatamente após a lesão vai ocorrer a vasoconstrição de artérias e veias, para diminuir o fluxo sanguíneo do local e evitar o sangramento. Além disso, vai haver o aumento da pressão extravascular, evitando que esse sangue saia para fora do vaso sanguíneo. 2. FASE PLAQUETÁRIA Segundos após a lesão do endotélio (colágeno exposto), ocorre o processo de ADERÊNCIA das plaquetas ao colágeno (ADESÃO PLAQUETÁRIA: as plaquetas começam a se aderir ao vaso lesado para iniciar a formação do tampão). O Fator de Von Willebrand é responsável por gerar o encontro da plaqueta ao colágeno exposto (media a adesão). A glicoproteína Ib é uma substância aderida à plaqueta. O fator de Von Willebrand se comunica com essa glicoproteína presente nas plaquetas para conseguir mediar a adesão. As plaquetas vão gerar uma fase de ativação plaquetária, ocorrendo a liberação de ADP pelo endotélio e liberando também fator de ativação plaquetário e tromboxano. Isso vai permitir que ocorra a AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA, formando o TAMPÃO PLAQUETÁRIO PRIMÁRIO, ou seja, novas plaquetas vão se agregar às plaquetas já aderidas ao vaso sanguíneo. 3. FASE DE COAGULAÇÃO O processo acontece por 3 vias (extrínseca, intrínseca e comum). As vias extrínseca e intrínseca utilizam a via comum para produção de FIBRINA. O tempo total dessa fase leva de 8 a 9 min. CASCATA DA COAGULAÇÃO Uma cascata de fatores, um vai ativando o outro, até que chegue na Via Comum e ocorra a formação de FIBRINA. Via extrínseca: - Fator Tecidual → Fator VIIa → Entra na via comum (Fator X → Fator II → Fator I) Via intrínseca: - Fator XII → Fator XI → Fator IX → VIII → Entra na via comum (Fator X → Fator II → Fator I) Fonte: Google Imagens Flávia Maria Silva Guedes Flávia Maria Silva Guedes DECOREBA Via intrínseca – exame de TTPA ANTAGONISTA – anticoagulante NÃO cumarínico → Heparina é um anticoagulante, mas não é cumarínico. Vai agir na via intrínseca. Via extrínseca – exame de TP → INR (tem uma constante que padroniza os exames) → Vitamina K (Fator 2, 7, 9 e 10) – esses fatores precisam de potássio para serem produzidos. Uso a longo prazo de antibióticos → deficiência de Vitamina K INR = 1 (normal); INR > 1 (maior tempo para coagular); INR < 1 (maior chance de formar trombos); INR = 4 (muito risco de hemorragia). ANTAGONISTAS – anticoagulantes cumarínicos → Varfarina/Marevan (se o paciente toma esses medicamentos, o TP e o INR vão dar alterados!!!). 4. FASE FIBRINOLÍTICA Desempenha importante papel na hemóstase, prevenindo a coagulação intravascular fora da área lesionada. Vai ocorrer uma remodelação da parede do vaso, pois após a fase de coagulação, o trombo formado e fixado à parede do vaso acaba obstruindo um pouco a luz desse vaso sanguíneo. O plasminogênio ativa a PLASMINA que vai degradar a FIBRINA. FATOR DE VON WILLEBRAND (FvW) • Media a ADESÃO PLAQUETÁRIA ao endotélio lesado • Retarda a DEGRADAÇÃO DO FATOR VIII da coagulação DOENÇA DE VON WILLEBRAND (DvW) • DEFEITO HEREDITÁRIO, podendo ser autossômico dominante (tipo 1 e 2) ou recessivo (tipo 3) • Defeito quantitativo ou qualitativo do FvW Achados clínicos: I. Sangramento clínico de pele e de mucosas; II. Hemartrose; III. Hematoma dissecante intramuscular; IV. Sangramento gastro intestinal; V. Epistaxe; VI. Menorragia. Tratamento: Administração de DESMOPRESSINA, agente anti-fibrinolítico (vai se ligar à PLASMINA, evitando que ela se ligue à fibrina e a degrade), e REPOSIÇÃO DE FATOR VII que retém FvW. DOENÇA DE BERNARD-SOULIER • Doença autossômica recessiva; • Plaquetas não conseguem interagir com FvW, pois a Glicoproteína Ib (receptor específico para adesão) está com defeito (problemática). Tratamento: transfusão de plaquetas normais. HEMOFILIA A • Distúrbio recessivo ligado ao cromossomo X que causa deficiência do fator VIII da coagulação. Achados clínicos: presença de hemartrose, equimoses, hematomas de tecido mole e sangramentos espontâneos (gastrointestinais, geniturinários, lábios, língua e nariz). Tratamento: em casos mais leves, pode ser feito DESMOPRESSINA e AGENTE ANTI- FIBRINOLÍTICO, já nos casos mais severos, deve ser feito a REPOSIÇÃO DO FATOR ESPECÍFICO. HEMOFILIA B • Distúrbio recessivo ligado ao cromossomoX que causa deficiência do fator IX da coagulação. Achados clínicos: os mesmos encontrados na Hemofilia A. Tratamento: em casos leves ou severos deve ser reposto o fator específico (FATOR IX). Flávia Maria Silva Guedes Flávia Maria Silva Guedes ATENÇÃO!: A Hemofilia B também é conhecida como DOENÇA DE CHRISTMAS. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA • Processo no qual o sangue começa a coagular por todo o corpo. • DIMINUINDO O NÚMERO DE PLAQUETAS E FATORES DE COAGULAÇÃO, EXISTE, PARADOXALMENTE, UM RISCO AUMENTADO DE HEMORRAGIA. Principais causas: Infecção; Complicações obstetrícias; câncer*; picada de cobra*. Tratamento: reposição dos fatores por plasma fresco congelado, crioprecipitado e transfusão de plaquetas. Em casos crônicos, pode ser usado HEPARINA para profilaxia de trombose. DROGAS ANTICOAGULANTES (fase de coagulação) Heparina - Droga utilizada para o tratamento e profilaxia de tromboembolismo. - Atua como catalisador da antitrombina III, inativando fator Xa e trombina. - Consiste na infusão IV em ambiente hospitalar com monitoramento da TTPA. Agente reversor: SULFATO DE PROTAMINA. Heparina de baixo peso molecular - Droga utilizada para o tratamento de trombose venosa profunda e embolismo pulmonar. - Possuem atividade maior contra fator Xa do que contra a trombina. - Melhor biodisponibilidade quando SC, meia vida prolongada e maior previsibilidade dos efeitos. Agente reversor: SULFATO DE PROTAMINA (em menor escala do que na heparina padrão). Varfarina - Anticoagulante oral que inibe a biossíntese dos fatores dependentes de vitamina K. - Os exames utilizados para avaliar a terapia com varfarina são o tempo de protrombina (TP) e o INR. - Meia Vida de até 2 dias e meio, recomendado suspender a medicação pelo menos 3 dias. Agente reversor: Vitamina K DROGAS ANTIPLAQUETÁRIAS (fase plaquetária) O tratamento antiplaquetário REDUZ A MORTALIDADE pelas doenças vasculares em 15% e complicações não fatais em 30%. Agem inibindo a cicloxigenases plaquetárias, prevenindo a síntese de tromboxano, dificultando sua secreção e a agregação plaquetária. O AAS inibe a COX IRREVERSIVELMENTE, enquanto os AINES, como o IBUPROFENO e INDOBUFENO inibem a COX REVERSIVELMENTE. - É contraindicado a suspensão do AAS para a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos.
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