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Teoria da Arquitetura e Urbanismo Me. Grasielle Cristina dos Santos Lembi Gorla Coordenador de Conteúdo Andréia Gonçalves. Designer Educacional Kaio Vinicius C. Gomes. Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Cintia Prezoto Ferreira, Helen Braga do Prado, Meyre Barbosa da Silva, Silvia Caroline Gonçalves e Talita Dias Tomé. Editoração Isabela Belido, José Jhonny, Melina Be- lusse Ramos e Thayla Guimarães Cripaldi. Ilustração Bruno Pardinho. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro da Silva, Leandro Naldei e Thiago Surmani. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; GORLA, Grasielle Cristina dos Santos Lembi. Teoria da Arquitetura e Urbanismo. Grasielle Cristina dos Santos Lembi Gorla. Maringá-PR.: Unicesumar, 2018. 352 p. “Graduação - EAD”. 1. Arquitetura. 2. Urbanismo. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 720 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN: 978-65-5615-290-5 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Gráfica Mona. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 250 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, lançamos os chama- dos cursos híbridos nas áreas de Engenharia e Arquitetura, que reúnem o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), este livro objetiva orientar os estudos no âmbito da Teoria da Arquitetura e Urbanismo, considerando a sua essência e os conhecimentos que tratam da sua definição e conceitos. Ao longo das unidades, serão tratados temas relacionados com a caracterização da arquitetura no seu aspecto de interdisciplinaridade e capacidade intrínseca de transmitir mensagens culturais à sociedade vigente; contexto histórico em que a arquitetura desenvolve-se no âmago das diversas civilizações; estudo das for- mas, realçando seus princípios esistemas de organização; conceito de espaço e a especificidade que o transforma em lugar, assinalando extremidades conceituais que demarcam possibilidades de transição espacial e, por último, abordagem dos princípios de composição e sua importância para a concepção de projetos de arquitetura e urbanismo. De caráter conceitual, o livro visa orientar você, aluno(a), no reconhecimento, na associação e na reflexão sobre os principais elementos que compõem a arquitetura, apresentando uma base técnica e científica que o auxiliará no desenvolvimento das demais atividades e disciplinas do curso. No decorrer do livro, houve a preocupação em relacionar os conceitos abordados com a sua aplicação prática, assinalada por meio da demonstração de exemplos de obras arquitetônicas. O livro inicia-se com uma conceituação abrangente sobre o vasto território que a arquitetura abrange, demarcando suas raízes e seu desenvolvimento histórico, além dos parâmetros que caracterizam a arquitetura como uma arte funcional, dotada de particularidades que envolvem o cotidiano do homem. Também há ênfase nos procedimentos que permitem a sua composição, almejando que haja maior entendimento sobre a evolução processual do ato de conceber e desenvolver projetos arquitetônicos e urbanísticos. Neste contexto, faz-se importante a com- preensão, de sua parte enquanto aluno(a), do papel do arquiteto e do urbanista na sociedade atual. Nas Unidades II e III, vejo a eminente necessidade de destinar um espaço para o relato das principais correntes arquitetônicas, dos estilos e dos tratados que se desenvolveram ao longo da história. Não identifico possibilidade de, aqui, esgotar o conteúdo sobre cada período histórico, nem a viabilidade de iniciar a descrição pelas civilizações remotamente primitivas. O foco desta síntese converge, então, a abordar temas, princípios e conceitos que são recorrentes à arquitetura atual, buscando os primórdios de tais diretrizes. O objetivo é caracterizar como algumas civilizações importantes para o mundo ocidental desenvolveram sua relação com a arquitetura e como esta as representou por meio de sua simbologia. Quando possível, o texto evidencia arquitetos e obras relevantes de determinada época, transmitindo, de forma mais concreta, a sua importância para a produção arquitetônica. Entender como a arquitetura foi concebida ao longo da história é fundamental para compreendermos o cenário vigente e buscarmos referências válidas para nossas concepções. Nas Unidades IV e V, a abordagem envolve o estudo da forma e sua aplicação na prática projetiva da arquitetura. Inicio a abordagem sobre o tema com a apre- sentação dos principais elementos gráficos e sólidos regulares que influenciam a composição projetiva, além da caracterização das tipologias formais. Depois avanço para as possibilidades de transformação da forma e sua organização em núcleos compositivos. Nas Unidades VI e VII, o assunto central é o espaço. No primeiro momento, a abor- dagem acontece em nível conceitual, apresentando possibilidades de intervenção no espaço e a sua ascensão em conceito de lugar, com características que sensibilizam o usuário e definem o seu comportamento no contexto social. Também trabalho com a análise perceptiva do espaço, assim como sua delimitação e dimensionamento na produção arquitetônica. Já na Unidade VII, trato dos elementos formais definidores do espaço e das possibilidades de organização arquitetônica que envolvem forma e espaço em configurações esquematizadas. Na parte final do livro, a arquitetura é caracterizada segundo princípios de orde- namento, que representam importantes recursos de composição projetiva, como na Unidade VIII, em que a discussão é sobre os princípios de eixo e a simetria, que proporcionam equilíbrio às concepções arquitetônicas. A Unidade IX aprofunda os princípios de ordem na arquitetura, gerando reflexão sobre os recursos de hie- rarquia, dado, ritmo e transformação. Em um contexto abrangente, este livro tem como objetivo promover o conheci- mento, a reflexão e a discussão sobre a essência da arquitetura, contemplando os conteúdos necessários à formação de um profissional capacitado e engajado com as questões técnicas e criativas que o processo projetivo exige. Assim, ele se tornará capaz de conceber uma arquitetura de qualidade com base na tríade vitruviana, que satisfaça as demandas sociais cada vez mais complexas. Um ótimo aprendizado! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Grasielle Cristina dos Santos Lembi Gorla Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2013); especia- lista em Docência da Educação Profissional, Técnica e Tecnológica de Nível Médio pelo Núcleo Educação à Distância, do Instituto Federal do Paraná - IFPR (2015). Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Paranaense - UNIPAR (2004). Atuação em docência do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal do Paraná - IFPR - Campus Umuarama, desde 2012. Atuação profissional em prática de arquitetura e urbanismo no escritório de projetos Grasielle Lembi, no período entre 2005 - 2015. Atuação profissional como docente auxiliar graduada da Universidade Estadual de Maringá - UEM - Campus Umuarama no pe- ríodo entre 2010 - 2012. Lattes: <http://lattes.cnpq.br/5240339988304956>. 51 Mastaba – Túmulo primitivo egípcio 151 Efeito da cor na arquitetura 224 Efeito da luz A Essência da Arquitetura 13 História da Arquitetura 49 Arquitetura Moderna e Contemporânea 91 Princípios da Forma na Arquitetura e Expressão Gráfica Estudo da Transformação e Organização Formal na Arquitetura 131 175 Organização Conceitual do Espaço em Lugar 217 Forma, Espaço e Ordem A Abrangência da Ordem na Composição Arquitetônica 291 Princípio de Ordem em Composição Arquitetônica 329 257 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Grasielle Cristina dos Santos Lembi Gorla • Entender os aspectos relacionados à definição e conceituação da arquitetura. • Conhecer os conceitos associados à essência da arquitetura. • Conhecer e entender a interdisciplinaridade presente na formação do arquiteto e urbanista. • Conhecer e compreender os aspectos relacionados à linguagem arquitetônica. • Compreender os aspectos relacionados à história, teoria e crítica da arquitetura. O que é Arquitetura Essência da Arquitetura: firmitas, utilitas e venustas Linguagem Arquitetônica História, teoria e crítica da Arquitetura Formação Profissional A Essência da Arquitetura O que é Arquitetura Caro(a) aluno(a), iniciaremos nossa unidade abordando questões fundamentais para a defini- ção e conceituação da arquitetura. Definição Etimológica Entre os gregos, a palavra arquitetura surgiu da necessidade de diferenciar as obras com algum significado existencial mais relevante em relação a outras, que são meramente providas de soluções técnicas ou pragmáticas. Dessa forma, a definição etimológica une o radical arché, que caracteriza uma condição de início, com o termo tektonicos, representando o ato de construir. Nesta determinação, a expressão arquitetura transcede a utilidade construtiva e nos remete aos princípios fundamentais e às leis originais e éticas que atravessam toda uma sociedade. A arquitetura, portanto, fornece a visibilidade de um determinado mundo e sua ordenação e, por intermédio da arché nela contida – representante do centro da esfera social grega - aproxima-nos do campo originário de onde a edificação se manifesta com a superioridade que o objeto arquitetônico merece (BRANDÃO, 2006). 15UNIDADE I Há, nessa definição, três aspectos que são pri- mordiais e devem ser ressaltados: a) o suplemen- to de origem, que submete a arquitetura a uma categoria originária que a diferencia da simples construção; b) o suplemento de ordenação, já que essa origem é organizadora, e isso faz com que a obra possua harmonia, oferecendo, em si, uma unidade e uma lei exemplar de ordenação; c)o suplemento de visibilidade, que indica que a arquitetura é digna de ser teorizada, admitindo uma investigação que atinja o universo que lhe originou (BRANDÃO, 2006). Em virtude da sua própria definição, perce- bemos a necessidade de um estudo histórico e teórico da arquitetura, capaz de demonstrar como ela se relaciona com as suas origens, re- presentações e concepções dos povos que a edi- ficaram. Desta forma, a arquitetura faz parte da história das significações existenciais, possibili- tando que o homem atinja concepções sobre si próprio acerca da natureza que o envolve e so- bre a divindade ou origem do universo (BRAN- DÃO, 2006). Caracterização abrangente de Arquitetura É muito difícil explicar o que a arquitetura é de fato, pois sua abrangência é multifacetada, envolvendo vários fatores em sua prática de atuação. De qual- quer modo, ela traduz uma das manifestações mais representativas que envolvem o homem no agrupa- mento em sociedade (CASTELNOU, 2003). Sua atuação engloba, além do ambiente restri- to, a experiência espacial − própria da arquitetura – que se prolonga nas cidades, nas ruas, nas praças, nos parques e nos jardins, ou seja, em todos os locais onde a obra humana criou possibilidades de delimitar espaços (ZEVI, 1996). Segundo Silva (1994, p. 100): “A arquitetura é a manifestação cultural ma-terializada na modificação intencional do ambiente, para adequá-lo ao uso humano, através da produção de formas concretas habitáveis imóveis, caracterizadas por uma organização instrumental, uma configura- ção construtiva e um conteúdo estético. Partindo do pressuposto de que a arquitetura atua no aperfeiçoamento do ambiente e que essa trans- formação tem um objetivo específico, constata- mos que ela é fruto de um processo intencional (SILVA, 1994). De fato, a arquitetura nasceu para permitir a construção de todos os abrigos necessá- rios às atividades cotidianas do homem – habitar, divertir-se, trabalhar, realizar cultos religiosos etc. (CASTELNOU, 2003). Vários aspectos são responsáveis por definir a qualidade desses lugares que construímos para habi- tar (no sentido mais amplo do termo), entre os quais se destacam o nível de ordem e a invenção da forma arquitetônica, além da sua capacidade de hospitalida- de e adaptação social ao meio (GREGOTTI, 2010). A arquitetura foi transformada em arte por meio de nossos instintos de criação e da busca por signifi- cados formais. Aliada à pintura e à escultura, a arqui- tetura forma a tríade das belas-artes, compartilhando muitos dos seus princípios de composição (CHING; ECKLER, 2014). Para Zevi (1996), o que a diferencia das outras atividades artísticas é o seu caráter pecu- liar de trabalhar com um vocabulário tridimensional que inclui o homem em sua concepção. Com o poder de organizar a realidade, a arqui- tetura visa regular o relacionamento entre homem e espaço, considerando as necessidades e expec- tativas humanas, para adaptá-las às característi- cas físicas do contexto (SILVA, 1994). Na medida em que responde aos requisitos reais e imagina- dos pelo homem, a arquitetura permite o reflexo cultural da sociedade em que surgiu (CHING; ECKLER, 2014). 16 A Essência da Arquitetura Essência da Arquitetura: Firmitas, Utilitas e Venustas O arquiteto e engenheiro romano Marcus Vitru- vius Pollio foi autor do tratado De architectura, uma célebre reflexão que abrange o caráter da arquitetura e responde (de forma introdutória) à abordagem da sua origem (HEGEL, 2008). Escrito na primeira metade do século I d.C., o tratado foi dividido em dez volumes (GLAN- CEY, 2001) e representa um importante manual de prescrições para arquitetos e administradores públicos, envolvendo vários assuntos, dos quais se destacam a classificação das tipologias arquitetô- nicas e o uso de materiais construtivos (GLAN- CEY, 2001). Tratado é uma obra de caráter sistemático acerca de um ramo de conhecimento. (Dicionário Michaelis) 17UNIDADE I Para Vitrúvio, a essência da arquitetura consiste em firmitas, utilitas e venustas – termos comu- mente traduzidos como solidez, utilidade e beleza. Nesta acepção, solidez representa a estabilidade estrutural do edifício, a utilidade é o cumpri- mento das suas exigências funcionais, e a beleza, a sua fruição estética (FAZIO; MOFFETT; WO- DEHOUSE, 2011). Considerar a arquitetura sob o aspecto de fir- mitas conduz-nos a uma abordagem em que os parâmetros da engenharia são ressaltados e dão suporte à efetiva materialização da arquitetura enquanto forma física. No segundo aspecto, Vi- trúvio atribui origem utilitária à arquitetura ao considerar a edificação como fruto da necessida- de humana de providenciar abrigo e proteção às ameaças do meio externo (HEGEL, 2008). Já em relação ao caráter venustas, Vitrúvio considera que a imitação da natureza, amparada pela divina proporção do corpo humano, é uma das condições essenciais que permitem à arqui- tetura alçar o seu ideal de beleza (HEGEL, 2008). Considerações sobre a tríade vitruviana Segundo Pereira (2010), os componentes firmitas, utilitas e venustas ainda são fundamentais para a arquitetura atual. Desde os tempos antigos, a arquitetura molda-se para atender às necessidades das variadas atividades que envolvem o cotidiano humano. A caracterização desses espaços rela- ciona-se com o fator utilitas da tríade vitruviana (FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Para que esses ambientes assumam forma fí- sica, a arquitetura precisa da associação dos siste- mas estruturais com os materiais construtivos, por meio de técnicas específicas que garantam a esta- bilidade da obra. Isso representa a capacidade de construção e se relaciona com o aspecto firmitas, descrito por Vitrúvio (FAZIO; MOFFETT; WO- DEHOUSE, 2011). Porém, além desses requisitos, o desejo de edificar envolve outras necessidades humanas, englobando anseios espirituais, psico- lógicos e emocionais, que se refletem na busca por um ideal estético – caráter venustas (FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Firmitas: técnica de edificar Enquanto projeto, a arquitetura é apenas uma re- presentação gráfica daquilo que poderá vir a ser. Sua existência materializa-se quando ela passa a ser, de fato, uma forma física, edificada por meio de técnicas e materiais de construção para atender a finalidades predeterminadas (MALARD, 2006). Segundo Castelnou (2003), as concepções ar- quitetônicas derivam das possibilidades que os materiais construtivos e aparatos técnicos e tec- nológicos permitem realizar em cada período his- tórico. Rasmussen (1998) ressalta que o material de construção é o próprio veículo da arquitetura e que a vocação do arquiteto é dar forma aos ma- teriais disponíveis em cada contexto. Ao longo do tempo, a arquitetura seguiu sendo erigida por meio do emprego dos materiais que predominavam no entorno regional de cada ci- vilização. Desse modo, os materiais construtivos influenciavam o caráter de diversos estilos arqui- tetônicos. Os egípcios, por exemplo, possuíam a pedra em demasia e, a partir dessa realidade, fize- ram imponentes pirâmides com o material. Já os gregos eram escultores habilidosos, possivelmente, pelo fato de terem mármore em abundância na região onde viviam (FAZIO; MOFFETT; WO- DEHOUSE, 2011). No entanto, além dos mate- riais, é preciso conhecimento da técnica constru- tiva para erigir estruturas estáveis e duradouras. Em tempos remotos, os homens primitivos ob- servavam as formas da natureza para compor seus primeiros sistemas construtivos, experimentando 18 A Essência da Arquitetura possibilidades associativas de elementos que en- contravam em seu entorno. As experiências bem sucedidas eram aproveitadas para novos arranjos e, em um processo contínuo de tentativa e erro, os primeiros construtores foram edificando os espaços necessários à sua sobrevivência. Agindo dessa forma, eles adquiriram um co- nhecimento intuitivo das propriedades dos mate- riais e, por meio da sua manipulação, foram per- cebendoas melhores maneiras de estruturá-los. Por fim, repassavam o que aprendiam às gerações sucessoras (SARAMAGO ; LOPES, 2011). Duran- tes, séculos, as edificações foram construídas com sistemas estruturais baseados neste mecanismo de tentativa e erro, referenciando-se em obras pre- cedentes e similares. Somente nos últimos 150 anos é que os avanços tecnológicos permitiram quantificar as cargas atuantes nas estruturas e de- terminar a resistência dos materiais construtivos (FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Como a estrutura é parte intrínseca da forma arquitetônica, os conceitos estruturais têm deter- minações diretas na elaboração da arquitetura (DONICI, 2011). Desse modo, a possibilidade de prever o comportamento estrutural das edifica- ções favoreceu a técnica construtiva, permitindo, nos tempos mais recentes, avanços consideráveis nas concepções projetivas (FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Ainda assim, embora a tecnologia estrutural possibilite a evolução arquitetônica, Zevi (1979) adverte que não é simplesmente o avanço tecnoló- gico o único responsável pela concepção de obras extraordinárias. Embora o ato de projetar arqui- tetura inclua, intrinsecamente, o fator estrutural, não se esgota nele. É preciso que o arquiteto en- tenda que uma técnica mais aprimorada não con- duz, necessariamente, a uma arquitetura notável (ZEVI, 1979) - é preciso, então, que ele considere outros fatores importantes na sua composição. Atualmente, arquiteto e engenheiro, juntos, po- dem conceber vários tipos de sistemas estruturais e utilizar técnicas construtivas que enriqueçam a composição arquitetônica. Segundo Zevi (1979), cada obra deve utilizar a técnica que julgar mais apropriada à situação, conforme as suas exigên- cias expressivas. A escolha adequada depende de vários parâmetros, os quais englobam: a parti- cularidade da obra, os materiais disponíveis, as condições do terreno, as restrições orçamentá- rias, os requisitos espaciais e estéticos etc. (FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Utilitas: requisitos funcionais Antes de se pensar na concepção de um edifício, é preciso que haja uma função para ele cumprir, seja no âmbito coletivo de uma sociedade, seja na neces- sidade particular de um indivíduo (COLIN, 2000). Isso porque a arquitetura é uma arte funcional, que instaura vínculos entre as necessidades humanas e as soluções arquitetônicas (GREGOTTI, 2010). De modo abrangente, é a função que confere propósito à determinada obra, além de desem- penhar um papel decisivo no julgamento da ar- quitetura como um todo (RASMUSSEN, 1998). Venustas: atributos estéticos A beleza de uma obra é um parâmetro subjetivo cujo julgamento pode variar por meio da cultu- ra e da época analisada. Para algumas pessoas, a estética surge naturalmente no edifício, ao se atender requisitos de caráter funcional. Outras, a consideram o resultado formal de uma adequada associação entre materiais construtivos e sistemas estruturais. Há quem diga, ainda, que a beleza se relaciona com a ornamentação do edifício (FA- ZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Para outros, a essência do belo é atingida por meio de fórmulas matemáticas ou sistemas de proporção, validados pelo curso da história. 19UNIDADE I Segundo Pereira (2010), o ideal estético da ar- quitetura transcende o seu conceito superficial e, portanto, está longe de ser um artifício agre- gado à edificação. Ele é inerente à arquitetura. Na concepção de Zevi (1996), para que uma arquitetura seja considerada bela, é essencial que ela possua um interior atrativo, que nos subjuga espiritualmente. Isso tem mais a ver com uma concepção ideal de espaço do que propriamente com o seu tratamento decorativo. Se for verdade que uma notável decoração não conseguirá criar um espaço plenamente belo, também é certo que um espaço satisfatório não resultará em um ambiente artístico de relevante valor, se não for completado por um adequado projeto de interiores (ZEVI, 1996). Princípios estéticos da Antiguidade Clássica Na Grécia Antiga, as relações estabelecidas pelas pro- porções eram um importante meio de comunicação, frente à visão unificada que o povo grego possuía do mundo. Essa concepção foi ilustrada por uma história que abrange as descobertas do matemático grego Pitágoras. Inicialmente, seu trabalho era com harmonias musicais, mas logo Pitágoras passou para as dimensões e suas razões (proporções) no universo visual (FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). Proporção A proporção é um tipo de relação comparativa, coerente ou harmônica, que se estabelece entre duas partes de um objeto ou entre uma parte e o todo (Figura 1), com respeito à sua grandeza, à quantidade ou ao grau (CHING, 2010). Figura 1 – Esquema ilustrativo de figuras em proporção Os termos “edifício” e “edificação”, no meio arquitetônico, podem ser empregados como sinônimos. Nessa acepção, portanto, edifício também pode ser utilizado para representar edificação térrea. 20 A Essência da Arquitetura Secção áurea Os sistemas de proporção têm origem no conceito matemático de Pitágoras e na crença de que de- terminadas relações numéricas são responsáveis por estruturar harmonicamente elementos no universo (CHING, 2002). Desde os tempos da Antiguidade, uma dessas relações, a Secção Áurea, é enfatizada em vários segmentos da experiência humana e, por isso, amplamente utilizada desde então (CHING, 2002). Ela representa a divisão de um segmento em duas partes, de acordo com um parâmetro definido por proporções presentes nas medi- das corporais, consideradas de harmonia ideal (ALBERNAZ; LIMA, 1998a). Matematicamente, ela pode ser entendida como a razão entre duas seções de uma linha ou duas dimensões de uma figura plana, em que a menor está para a maior, assim como a maior está para a soma de ambas (Figura 2) (CHING, 2002). Figura 2 – Relação matemática que representa a Secção Áurea A secção áurea possui propriedades geométricas e algébricas notáveis que justificam sua aplicabilida- de no campo da arquitetura (CHING, 2002). Ela serve de base na definição de uma proporção ou retângulo áureo, suscetível de ser usado no traçado de edificações, englobando todo o seu conjunto construtivo ou apenas algumas partes específicas da composição (ALBERNAZ; LIMA, 1998b). O re- flexo da importância da secção áurea pôde ser sentido ao longo da história da humanidade e, até nos dias atuais, o seu uso perdura em vários segmentos, sobretudo, no artístico. Equilíbrio entre os componentes da tríade vitruviana Para que uma obra tenha concepção harmônica, é essencial que a tríade vitruviana esteja presente em uma relação equilibrada (PEREIRA, 2010): • Projetar uma arquitetura sem considerar efetivamente o seu processo construtivo significa pensá-la de forma superficial e puramente formalista (ZEVI, 1979). Uma concepção que desconsidera o aspecto firmitas, certamente, não passará de uma ideia no papel (PEREIRA, 2010). • Já uma edificação carente de utilitas po- derá até ser entendida como um objeto es- cultórico, mas não poderemos nos referir a ela como uma arquitetura propriamente dita (PEREIRA, 2010), pois, para Gregotti (2010), o que caracteriza o princípio da existência arquitetônica é justamente a sua função. • E, por último, uma obra que não valorize o caráter venustas poderá até ser uma cons- trução, mas não, necessariamente, uma arquitetura apreciável (PEREIRA, 2010). Portanto, é o equilíbrio correto e a prudência entre tais componentes que resultam em uma arquite- tura de qualidade (PEREIRA, 2010). Tipologia arquitetônica Ao analisarmos a obra arquitetônica como re- sultado da integração da tríade vitruviana, pode- mos definir a tipologia arquitetônica, de modo empírico e elementar, como um conjunto desses três componentes. Assim, será considerado tipo arquitetônico toda combinação de certa utilitas 21UNIDADE I e firmitas, manifestada segundo determinada venustas (PEREIRA, 2010). A ideia de tipo opõe-se ao conceito demodelo arquitetônico, pois tipo não representa uma ima- gem a ser copiada fielmente, mas uma regra ideal. O modelo é um objeto que pode ser reproduzido conforme é; já o tipo é um objeto segundo o qual se pode conceber obras distintas entre si (PEREI- RA, 2010). Portanto, o tipo deve conservar certos aspectos de generalidade e se estruturar segundo um esquema de classificação, ou seja, como um modelo abstrato, de onde se possam extrair su- gestões válidas acerca da natureza de categorias específicas (GREGOTTI, 2010). Para ordenar o objeto arquitetônico em ti- pos, podemos individualizá-lo e o classificar do ponto de vista de sua complexidade funcional ou estrutural (GREGOTTI, 2010). A tipologia de essência funcional é a mais característica dos tempos modernos (ZEVI, 1979). Ela trata de um conjunto de funções delimitadas que constituem atividades unidas por relações de continuidade espacial (GREGOTTI, 2010). Desse modo, a ti- pologia funcional enquadra a diversidade dos edifícios segundo seus aspectos utilitários em seg- mentos de mercados, escritórios, escolas, edifícios industriais, laboratórios, centros comunitários etc. (ZEVI, 1979). A tipologia envolve uma dinâmica que está mudando a prática projetiva. Atualmente, não há apenas distinção entre arquitetos e engenhei- ros, mas também entre os próprios arquitetos: hoje, fala-se, por exemplo, em arquitetos espe- cializados em clínicas, museus, hotéis etc. As exigências utilitárias, sempre mais complexas, também fizeram com que surgissem manuais a respeito de cada tipologia arquitetônica. Com isso, cada vez mais, multiplicam-se publicações destinadas a temas específicos, como hospitais, complexos desportivos, restaurantes, entre ou- tros (ZEVI, 1979). Outra abordagem tipológica relaciona-se com a configuração da arquitetura em relação à adoção de uma tendência orgânica ou racionalista (con- forme mencionado na Unidade II). Elas seguem a ideologia vigente de cada época e representam visões distintas do mundo: uma mais prática, do- minada pelos sistemas geométricos (racionalista) e outra se referenciando nos modelos naturais (organicismo) (ZEVI, 1979). 22 A Essência da Arquitetura Formação Profissional Do ponto de vista relacionado ao desempenho profissional, a arquitetura é uma prática de atua- ção, que caracteriza um curso de nível superior, responsável pela qualificação de um arquiteto e urbanista. Ao longo da história, sua metodologia didática passou por vários níveis de aprimora- mento, até chegar aos atuais parâmetros de abor- dagem curricular. 23UNIDADE I Interdisciplinaridade da arquitetura A arquitetura, em sua essência, aborda diversos temas que influen- ciam a maneira como vivemos (CHING; ECKLER, 2014). A multi- plicidade de aspectos que ela engloba - como arte, técnica, estética, sociologia, história e teoria - faz com que assuma o caráter de ser interdisciplinar. O processo de sua formação possibilita o desen- volvimento de amplas reflexões sobre seu relacionamento e com- prometimento com tais disciplinas (DORFMAN, 2014). Conforme cita Colin (2000), o seu currículo de graduação cons- titui-se de componentes curriculares referentes a três grandes áreas de conhecimento: a) Área técnica: como a arquitetura é uma ciência relacionada com a construção civil, que utiliza o conhecimento das formas e dos materiais para criar edifícios e prever seu comportamento frente aos esforços mecânicos, ela se vincu- la a diversos componentes curriculares da prática constru- tiva e da física (CHING; ECKLER, 2014), como resistência dos materiais, cálculo estrutural, instalações prediais, entre outras disciplinas relacionadas (COLIN, 2000). b) Área de humanas e ciências sociais: a arquitetura também atua com saberes referentes ao comportamento, percepção e cultura dos indivíduos de uma sociedade para criar espaços adequados aos hábitos vigentes (CHING; ECKLER, 2014). Desse modo, a arquitetura possui componentes curriculares referentes à história, à teoria da arte e da arquitetura, à sociologia aplicada à arquitetura e ao urbanismo, à antropologia etc. (COLIN, 2000). A antropologia é entendida como ciência que estuda o homem, capaz de resumir elementos sociológicos, etnológicos e psicológicos em suas diversas acepções e embasar uma te- mática sobre o comportamento humano (GREGOTTI, 2010). c) Área de projetos: a terceira área destina-se ao treinamento da prática projetiva, incluindo os componentes relacionados com a representação e composição de projetos, os quais englobam a geometria descritiva, desenho técnico, desenho de observação, desenho arquitetônico e de interiores, composição de projetos de arquitetura e prática de maquete (COLIN, 2000). Embora a denominação dos componentes curriculares possa variar de uma universidade para a outra, em síntese, a maioria aborda tais conteúdos dentro da sua prática didática. 24 A Essência da Arquitetura Linguagem Arquitetônica A linguagem da arquitetura, no seu processo proje- tivo, está dividida em dois níveis essenciais: de um lado, a representação gráfica que constitui os dese- nhos técnicos e, por outro lado, o aspecto estético que revela o caráter da edificação. Esse último é res- ponsável por comunicar a mensagem arquitetônica, isto é, a intenção que o arquiteto quer transmitir ao público por meio da sua obra, a qual pode repre- sentar um manifesto formal de toda uma época (TRICHEZ; AFONSO; GOMES [s. d]). Essa última característica da linguagem permite distinguir os edifícios entre si, possibilitando o seu agrupamento em estilos e tipologias (MALARD, 2006). As duas classificações são importantes para a prática projetiva, cada qual com sua respectiva finalidade. A primeira, que representa o projeto propriamente dito, é o modo pelo qual os elemen- tos arquitetônicos, que resolvem um determinado problema construtivo, vêm organizados, segundo normas de desenho técnico (GREGOTTI, 2010). A segunda é capaz de revelar mensagens aos usuários, por meio de seus aspectos formais (TRI- CHEZ; AFONSO; GOMES [s. d]). Um exemplo disso é a Figura 3, que mostra o edifício exclusivo da empresa Longaberger Company, atuante no ramo de cestas personalizadas e artesanais, as quais se assemelham ao edifício concebido. 25UNIDADE I No curso do tempo, a história revela mudanças na linguagem arquitetônica, confirmando que ela é o reflexo de um pensamento sócio-cultural, de uma tradição técnica em construir, das necessidades e dos anseios de um grupo social e de um estilo específico (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s.d]). Por vezes, é comum confundirmos os termos estilo e linguagem arquitetônica. O primeiro é um modo particular de expressão artística, representando um repertório formal característico de determinada época, por meio do qual se distingue de outros períodos do ponto de vista formal e de conteúdo (CHING, 2010). Essa classificação está relacionada a uma série de regras de composição de projeto, que seguem a ideologia vigente da época (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s.d]). Dentre os estilos arquitetônicos mais representativos da história, podemos des- tacar: a Antiguidade Clássica, Românico, Gótico, Renascimento, Neoclassicismo, Historicismo, Ex- pressionismo, Art-Nouveau, Movimento Moder- no e Pós-Modernismo. Já a expressão linguagem arquitetônica é o uso de certos elementos que visam chegar a uma composição, seja ela de qual tipo for (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s. d]). Por meio desse cenário, percebemos que com- preender arquitetura não é simplesmente estar apto a definir o estilo de uma determinada edi- ficação, por meio de suas características externas (RASMUSSEN, 1998). Vai além e envolve a carac- terização da arquitetura na essência do seu existir. Dimensão semântica da arquitetura Como a arquitetura é imposta à sociedade e assu- me caráter público e permanente, ela é dotada de características que lhe conferem a possibilidade de representar um meio de comunicação de massa (COLIN, 2000). Nesse panorama, oarquiteto tem a chance de descrever a sua visão sobre a socieda- de a que pertence, pela da configuração da matéria física que, por meio da sua atuação, é moldada em forma arquitetônica (SILVA, 1994). Figura 3 – Edifício da Longaberger Company, Ohio, USA 26 A Essência da Arquitetura O termo “forma” traz implícito sentidos variados, sendo útil evidenciá-los de um modo abrangente. A forma arquitetônica é, por um lado, o modo como os elementos e a estrutura de um edifício estão associados, garantindo a sua presença física no espaço, mas também representa o poder de comunicação desse arranjo. Esses dois aspectos estão sempre presentes na arquitetura, já que não existe objeto sem forma – mas a possibilidade de comunicação assume níveis diferenciados. É a partir da segunda abordagem que podemos efeti- vamente compreender o sentido da arquitetura. Fonte: Gregotti (2010). Desse modo, além de servir a um propósito fun- cional, a forma arquitetônica também tem a capa- cidade de ser um signo (PEREIRA, 2010). Signo é uma unidade de um sistema de comunicação que representa alguma mensagem a uma pessoa, em algum momento e em condições determinadas. A estrutura do signo é constituída por duas partes: o significante, que compõe o seu elemento material, e o significado, que é a ideia a ser transmitida. Como possuem significados convencionados, só podem ser entendidos por convenção ou senso comum. (Silvio Colin; Francis D. K. Ching e Steven P. Juroszek) Com perfil variável, o signo arquitetônico sem- pre se relaciona a uma circunstância e, por isso, consegue traduzir os sentimentos do seu período histórico às outras sociedades que dele se apro- priam (PEREIRA, 2010). Nem sempre os símbolos arquitetônicos são fá- ceis de interpretar: muitas vezes congregam uma grande diversidade de conteúdos sedimentados ao longo dos tempos. Fonte: Nieto (1992). Conteúdo e forma são elementos básicos de qualquer expressão artística e sempre devem estar juntos na comunicação visual. O primeiro representa a própria mensagem, que surge para demonstrar um objetivo. Nessa busca, fazem-se escolhas para intensificar as intenções prede- finidas, visando obter maior controle sobre as respostas. A mensagem e o significado não estão na substância física, mas na composição, que é o meio para controlar a interpretação da men- sagem pelo receptor. Assim, a forma expressa o conteúdo, e ambos constituem o mecanismo para que o receptor entenda a mensagem. Fonte: Dondis (2007). O arquiteto é, portanto, o criador e o emissor da mensagem arquitetônica. O público, na qualida- de de receptor, pode compreender a mensagem por meio do seu uso efetivo (PIGNATARI, 2004). A mensagem, originalmente concebida, tem duas formas de ser interpretada: a primeira vincula-se à destinação prática dos signos que constituem o edifício, ou seja, à maneira pela qual este edifício será usado para cumprir sua função utilitária; e a segun- da relaciona-se à dimensão semântica da obra, em outras palavras, aquilo que ela pretende significar com sua proposta projetiva (GREGOTTI, 2010). 27UNIDADE I Semântica é a ciência que estuda a evolução do significado das unidades linguísticas (pa- lavras, signos e símbolos) que estão a serviço da comunicação. (Dicionário Michaelis) Em contrapartida, a mensagem emitida é respon- dida pelo receptor (usuários), por meio de uma contra mensagem (PIGNATARI, 2004) que, dire- ta ou indiretamente, pode surgir de várias manei- ras: por meio de críticas ou elogios à obra; recusa da sua utilização, por julgarem-na não adequada ao vigente estilo de vida da sociedade; plena acei- tação dessa arquitetura, muitas vezes, transfor- mando-a em ícone do contexto local (Figura 4), entre outras possibilidades. A resposta da sociedade pode, inclusive, in- fluenciar a elaboração da próxima mensagem produzida pelo arquiteto (PIGNATARI, 2004). A maior ou menor aceitação do objeto arquitetô- nico (inicialmente proposto) pode caracterizar um sinal de alerta ao arquiteto, indicando se ele está, ou não, no caminho certo para represen- tar determinado grupo social, por meio da sua arquitetura. Caso suas concepções não estejam sendo satisfatoriamente compreendidas ou acei- tas, ele precisa repensar o seu modo de atuação. Figura 4 – Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, Brasil (2015), Santiago Calatrava 28 A Essência da Arquitetura Relação entre semântica e uso da edificação A arquitetura é uma representação espacial que per- dura pelo tempo e, por isso, é suscetível de mutações no decorrer de sua existência (DORFMAN, 2014). Ao longo da história, percebemos que algumas obras são utilizáveis sem serem realmente signi- ficantes, como também vemos arquitetura que mantém a capacidade de ser significativa, ainda que tenha perdido o seu uso prático, ou que este não seja conhecido por nós na época atual. É o caso de monumentos históricos, por exemplo. Às vezes, a própria incerteza de destinação original da obra pode aumentar o fascínio por tal arquitetura (GREGOTTI, 2010). Além disso, algumas obras sofrem mutação de uso no decorrer do tempo. Sendo assim, a sociedade vigente atribui uma nova destinação àquela construção que, no pas- sado, tinha uma função específica (GREGOTTI, 2010). Isso decorre, muitas vezes, por aquele de- terminado uso ter sido extinto pelos progressos da nova era, ou pelo fato de a sociedade julgar que o edifício será melhor aproveitado em outra finalidade funcional. Ao conceber a sua obra, portanto, o arquiteto precisa ter consciência de todo esse cenário e com- preender que uma arquitetura considerada adequa- da no momento atual pode não ser satisfatória para as gerações futuras, já que os gostos, os hábitos e as aspirações podem mudar (RASMUSSEN, 1998). Como as civilizações modificam-se em cons- tante evolução, precisam, igualmente, de novas possibilidades e soluções arquitetônicas. É papel do arquiteto estar atento às transformações sociais e culturais de sua época, tentando adequar, coeren- temente, a sua arquitetura tanto ao padrão vigente como a uma possível apreciação positiva no futuro. Linguagem semântica da arquitetura atual Nos tempos modernos, é difícil identificar clara- mente uma linguagem característica da arquitetura, pois, em grande medida, ela depende das particu- laridades de cada arquiteto, variando conforme sua formação, sua cultura, sua experiência profissional e seu repertório referencial. Além disso, outros fatores externos ao processo projetivo podem influenciar a linguagem adotada, como fatores sociais, econô- micos, físicos, técnicos, entre outros (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s. d]). Composição projetiva como forma de linguagem arquitetônica Para o início da produção arquitetônica, é neces- sária a caracterização da atividade que será de- senvolvida no edifício. Tal necessidade funcional será exposta por meio de uma lista de solicitações, denominada programa de necessidades. Programa de necessidades é a lista das exigên- cias espaciais que um determinado edifício pre- cisa ter para cumprir sua finalidade prática de utilização. Tais solicitações caracterizam a desti- nação de cada espaço interno da obra, incluindo diretrizes que nortearão seu dimensionamento e sua interligação espacial. É fundamental sua definição já no início da encomenda, pois ele é um dos principais norteadores da estruturação do projeto arquitetônico. 29UNIDADE I O desenvolvimento do projeto começa com a fi- gura do arquiteto que, por meio das intenções apresentadas pelo cliente, consegue estruturar o programa de necessidades. A partir de então, ele deve dispor de várias informações pertinentes à encomenda, para que possa iniciar seu projeto. Tais dados incluem: as necessidades do cliente (aliadas ao seu estilo de vida e cultura), os recur- sos financeiros disponíveis, a análise do sítio e do contexto local, a disponibilidade de fornecedores e de mão de obra, diretrizes legislativas (plano diretor de cada município) etc. Coma interpretação e a organização de tais in- formações, o arquiteto pode hierarquizar os dados da encomenda, formulando o problema a ser resol- vido. Em síntese, toda a criação projetiva parte de um problema colocado em evidência (FABRÍCIO, 2002). Essa primeira etapa representa uma fase de diagnóstico, que assume um caráter mais objetivo (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s. d]). Na próxima fase da produção arquitetônica – considerada de criação − o arquiteto tem o desafio de solucionar o problema apresentado, avaliando alternativas e possibilidades, frente aos diversos fatores que devem ser considerados na concep- ção. Nessa etapa, o processo transita para o lado da subjetividade, em que a ideia é a ferramenta primordial na busca de alternativas viáveis. As ideias podem surgir por intermédio de pesquisas, repertório pessoal, experiências adquiridas em situações semelhantes e conhecimento técnico (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s. d]). Segundo Fabrício (2002), neste momento, a criatividade e o raciocínio são essenciais, pois ex- pressam a capacidade de propor soluções originais e, ao mesmo tempo, coerentes com o problema. A participação do cliente também se faz necessária, caracterizando uma parceria fundamental para o encontro da solução mais adequada às necessidades impostas (TRICHEZ; AFONSO; GOMES, [s. d]). O exercício da invenção é um pressuposto cen- tral do processo criativo, pois parte da percepção e da memória do projetista em direção ao que ainda não existe. Esse processo caracteriza uma busca contínua de novas possibilidades conceptivas que possam ser materializadas no mundo físico. A dinâmica que envolve a abordagem da in- venção deve recorrer a técnicas que lhe auxiliem na produção compositiva. Desse modo, ela pode aproveitar alguns princípios da psicologia da expressão como modo de alçar autenticidade. Tais técnicas - já experimentadas na tradição do design - podem ser utilmente ampliadas por meio de experiências que as ciências hu- manas realizam nessas áreas. O intuito é que cada vez mais a arquitetura seja uma entidade transmissora de propriedades comunicativas (GREGOTTI, 2010). Já o conhecimento técnico baseia-se nas ex- periências e na formação profissional de cada arquiteto. É responsável por mediar a criação e o desenvolvimento das soluções projetivas. Aliada ao conhecimento está a cultura construtiva, que demarca repertórios de cunho projetivo e cons- trutivo, associada aos hábitos e às necessidades de uma determinada sociedade ou contexto (FA- BRÍCIO, 2002). Com base nesses parâmetros, o arquiteto pode operar em um processo cíclico de interações men- tais que transitam entre o surgimento das ideias, seu desenvolvimento intelectual e a análise proje- tiva, capaz de elencar a proposta mais apropriada à situação. É difícil manter essas ideias firmes na memória durante o tempo necessário para esclarecê-las e avaliá-las. Por isso, é importante que elas assumam forma física por meio de representação gráfica. Em um primeiro momento, tais pensa- mentos são traduzidos por meio de croquis ou diagramas (CHING; JUROSZEK, 2012). 30 A Essência da Arquitetura Croqui é um esquema gráfico de um projeto, na sua fase inicial, apresentado na forma de um esboço que indica o caráter conceitual da arqui- tetura pretendida. Permite o estudo da concep- ção e o seu desenvolvimento por meio de novas possibilidades. (Francis D. K. Ching) A representação gráfica é capaz de retratar o pen- samento de modo tangível, para que ele possa ser desenvolvido com mais tranquilidade. Esses desenhos iniciais - despreocupados com as nor- mas técnicas - servem para análise do conceito arquitetônico e comparação de alternativas de projeto (CHING; JUROSZEK, 2012). Conceito de projeto é um conceito relacionado à forma, à estrutura e às características de um edifício, representado, graficamente, por meio de diagramas, plantas baixas ou outros desenhos. (Francis D. K. Ching) Quando exploramos ideias e procuramos possi- bilidades compositivas, cada desenho pode passar por várias transformações e ir se desenvolvendo sucessivamente, conforme respondemos às ideias emergentes (CHING; JUROSZEK, 2012). Muitas vezes, o arquiteto cria diversas versões a partir de uma mesma ideia, buscando aprimorá-la. Esse pro- cesso pode gerar novas ideias à medida que as des- cobertas vão surgindo (CHING; ECKLER, 2014). No entanto, além dos desenhos, o arquiteto também pode recorrer aos diagramas para explo- rar possibilidades projetivas. A natureza abstrata da diagramação nos permite analisar e compreen- der melhor a natureza essencial dos elementos que compõem um projeto. Assim, podemos conside- rar suas possíveis relações e gerar de modo mais ágil uma série de alternativas para o problema evidenciado (CHING, 2011). Diagrama: é qualquer esquema capaz de explicar ou elucidar as partes, a combinação ou a operação de algo. Ele consegue descrever a intenção do projeto sem representá-lo por meio de desenhos fiéis, podendo simplificar um conceito complexo em elementos e relações essenciais. Os diagramas têm um papel muito especial no esclarecimento das relações funcionais de uma composição. (Francis D. K. Ching e Steven P. Juroszek) Após a etapa do conceito diagramático, o ar- quiteto vai se aproximando dos elementos pro- jetivos e pode começar a vislumbrar a solução do problema. Para atravessar esse processo até o desenvolvimento de uma proposta mais evo- luída em termos de conceito projetivo, ele pode recorrer a formas de representação, as quais o auxiliarão na tomada de decisão. É possível utilizar vários recursos de representação, tais como: maquete física ou eletrônica, simulação digital, desenhos tradicionais convencionados, fotografias, técnicas de colagem etc. (CHING; JUROSZEK, 2012). À medida que o conceito é esclarecido e desenvolvido, os desenhos vão se tornando mais consistentes, passando pela adoção do partido arquitetônico até a cristalização definitiva da proposta compositiva (CHING; JUROSZEK, 2012). 31UNIDADE I A adoção de um partido refere-se às diretrizes gerais empregadas no projeto arquitetônico, manifestadas pela concepção formal, em linhas genéricas, da edificação a ser construída. O par- tido se relaciona à configuração dos elementos construídos no terreno, à volumetria da edifi- cação, à proporção entre cheios e vazios, bem como aos materiais e técnicas construtivas a se- rem utilizadas na obra. Ele resulta do programa de necessidades, particularidades do terreno, clima, materiais e técnicas disponíveis, recursos financeiros, legislação dos órgãos competentes e intenção plástica do arquiteto. Fonte: Albernaz e Lima (1998b). No final do processo de composição arquitetôni- ca, temos a transformação das ideias e soluções em linguagem técnica, ou seja, na representação do projeto arquitetônico propriamente dito (TRI- CHEZ; AFONSO; GOMES, [s. d]). Não podemos esquecer que, do ponto de vis- ta histórico, o projeto arquitetônico ainda não é arquitetura (ZEVI, 1979), é apenas um conjunto de convenções e símbolos institucionalizado e reconhecível universalmente, capaz de comunicar nossa intenção arquitetônica. Os padrões de representação instaurados tradi- cionalmente estão vinculados ao sistema euclidia- no de estruturação do espaço e à sua representação geométrica mediante projeções e secções. Eles ca- racterizam várias possibilidades de desenho, como plantas, cortes, elevações, detalhes e perspectivas. Além disso, o projeto arquitetônico pode conter elementos adicionais, como gráficos, tabelas e itens similares, visando facilitar o entendimento dos respectivos desenhos (GREGOTTI, 2010). Em certas circunstâncias, esse sistema de re- presentação técnica apresenta limitações (prin- cipalmente em relação a propostas arquitetô- nicas mais ousadas do ponto de vista formal). Nesse caso, a utilização de técnicas de desenho assistido e modelagem computadorizada pode- rá trazer benefícios reais à concepção projetiva(DORFMAN, 2014). Porém, ressaltar que a expressão arquitetônica somente se completa quando a edificação é cons- truída não significa que os projetos não sejam importantes para a compreensão da arquitetura (ZEVI, 1979). O projeto produzido tecnicamente em sua forma final dirige-se, essencialmente, a uma finalidade específica: comunicar, de for- ma unívoca, um conjunto de dados necessários à correta execução da obra. Com o passar do tempo, à medida que a produção arquitetônica instituiu-se conforme fases distintas, pelas quais a operação projetiva se separou efetivamente da execução física, esta última passou a exigir indi- cações mais precisas para a sua materialização (GREGOTTI, 2010). O ato de projetar arquitetura, portanto, corres- ponde a uma função produtiva do arquiteto que, em nosso contexto socioeconômico, não produz efetivamente edifícios, mas os projetos que per- mitem a sua execução. Seu papel fundamental concentra-se, então, na maneira mais adequada para conseguir dar pleno sentido à forma da ar- quitetura (GREGOTTI, 2010). 32 A Essência da Arquitetura A figura do arquiteto no cenário da arquitetura Evidentemente, as disciplinas que envolvem nosso contexto, tanto social como natural, são muitas e de diversas esferas, incluindo os parâmetros econômicos, políticos, ideológicos, sociológicos, pro- dutivos e tecnológicos. Diante dessa complexidade, o arquiteto precisa entrar em contato com tais parâmetros e tomar consciência de como pode atuar a partir da suas influências, para que consiga produzir uma arquitetura mais adequada e engajada ao contexto vigente (GREGOTTI, 2010). A missão do arquiteto não é exclusivamente de natureza antro- pológica ou sociológica; porém, sua atuação profissional em meio à sociedade, estabelece várias possibilidades em relação aos com- portamentos que são desenvolvidos nos ambientes que o homem atua (GREGOTTI, 2010). Naturalmente, é o arquiteto que acolhe e interpreta os anseios da sociedade, imprimindo, a cada nova produção compositiva, o timbre da sua vocação; é ele que absorve os conhecimentos técnicos neces- sários à prática arquitetônica, mas que não se submete integralmente a eles, usando-os e renovando-os em prol de seus objetivos e desejos espaciais; que participa da cultura linguística da época, não de forma passiva, mas intervindo com uma atuação que a enriquece e modifica. O arquiteto também opera entre algumas dificuldades: desenha edifícios que, às vezes, não são executados fielmente conforme o seu desejo; produz edificações que depois são reformadas e, às vezes, até descaracterizadas de sua aparência original; tem propostas utópicas que não são aceitas; enfrenta a apreciação das classes dirigentes e das comissões construtivas; é condicionado a cada novo estilo pelo contexto que o circunda, pela legislação e planos urbanísticos, por im- posições de diversos caráter; além de outras dificuldades (ZEVI, 1996). No entanto, apesar de tudo isso, ele vê a possibilidade de pro- duzir um cenário melhor para sociedade vigente e também para as próximas que virão. Gregotti (2010) ressalta que o arquiteto não conseguirá revolucionar a sociedade por meio da arquitetura, mas poderá revolucionar a arquitetura, e é essa prática que ele deve adotar. 33UNIDADE I A importância da equipe multidisciplinar na composição arquitetônica Uma das principais características dos projetos atuais é a crescente complexidade dos empreendimentos construtivos, que evidenciam cada vez mais a discrepância entre os conhecimentos técnicos ne- cessários à sua produção e as limitações individuais apresentadas pelos projetistas envolvidos. Isso exige a montagem de equipes maiores para a prática projetiva, além da mobilização de conhe- cimentos mais especializados, subsidiados por saberes de áreas correlatas - é o que caracteriza um processo multidisciplinar de projeto (FABRÍCIO, 2002). Habitualmente, o processo projetivo é liderado pelo arquiteto que transforma os requisitos abstratos do cliente em um estudo preliminar, que posteriormente será disponibilizado aos demais projetistas da equipe multidisciplinar, para que estes possam desenvolver seus projetos específicos (estrutural, elétrico, hi- drossanitário, de prevenção contra incêndio, entre outros) (FA- BRÍCIO, 2002). Visando a qualidade do processo, seria importante uma in- tegração das informações necessárias à construção, já na gênese do projeto, em que as lacunas de conhecimentos específicos, as quais o arquiteto pudesse apresentar, fossem sanadas por proje- tistas especialistas, antes da conclusão do conceito arquitetônico (FABRÍCIO, 2002). Estudo preliminar: caracteriza uma etapa do projeto arquitetônico que consiste em uma configuração inicial da edificação proposta, a partir da avaliação dos condicionantes que influenciarão o projeto a ser realizado. (Maria Paula Albernaz e Cecília Modesto Lima) 34 A Essência da Arquitetura Neste sentido, apresenta-se o Projeto Simultâ- neo, que para Fabrício (2002), caracteriza a ên- fase às questões de gestão do processo projetivo e a realização em paralelo das diversas tipolo- gias de projeto que permeiam uma construção – projeto arquitetônico, estrutural, elétrico etc. Nessa dinâmica, há uma colaboração simultâ- nea de todas as especialidades projetivas, para que haja o desenvolvimento de uma arquitetura mais engajada com a complexidade da demanda (FABRÍCIO, 2002). Tradicionalmente, a concepção e o desenvol- vimento integrado do sistema projetivo - carac- terizado pelas equipes multidisciplinares - não é a forma usual de organização do processo nos escritórios e construtoras. Na maioria das vezes, a produção projetiva é desenvolvida por meio de um sistema unidirecional de especialidades, em que o término do projeto de uma tipologia espe- cífica possibilita o início do próximo. Esse pro- cesso dificulta a interação efetiva da equipe e, por vezes, representa retrabalhos e perda de tempo e dinheiro na produção do projeto. Em alternativa, o processo simultâneo privilegia o paralelismo entre as etapas de projeto e a interatividade entre os profissionais, visando compor soluções mais consolidadas com a vigente complexidade cons- trutiva (FABRÍCIO, 2002). 35UNIDADE I História, Teoria e Crítica da Arquitetura Quando atribuímos à arquitetura o seu valor de arte, reconhecemos a importância que a sua visibi- lidade produz. Isso significa que a análise estética considera as formas construtivas tais como são percebidas pelo indivíduo que, com elas, estabe- lece uma relação familiar (BRANDÃO, 2006). É mais fácil perceber um objeto quando já pos- suímos, de antemão, algum conhecimento so- bre ele: na verdade, conseguimos identificar o que nos é familiar. Dessa maneira, recriamos o observado, convertendo-o em algo mais com- preensível. Fonte: Rasmussen (1998). 36 A Essência da Arquitetura Daí resulta a nossa comoção em relação à arquite- tura. E quando a observamos com um olhar mais definido, também somos capazes de perceber a totalidade histórico-cultural dessa obra: a arquite- tura permite que resgatemos a dimensão original da sociedade que a concebeu (BRANDÃO, 2006). Aquela análise estética, que num primeiro mo- mento admitia o edifício apenas em seu estado de realidade física, ganha uma nova dimensão - o pensamento filosófico - que nos permite enten- der diversas características do contexto no qual o edifício se insere (BRANDÃO, 2006). O esforço filosófico se estabelece na possibili- dade de perceber, no espaço construído, o espaço vivido (BRANDÃO, 2006). A arquitetura é uma importante ferramenta para alcançar a essência desse espaço vivido. Por isso, analisar a história e suas teorias significa reencontrar o próprio senti- do da arquitetura e os valores que o ato de projetar e erigir construções produz (BRANDÃO, 2006). A busca pelo sentido da arquitetura conduz ao pensamento filosófico, e a configuração formal caracteriza uma de suas múltiplas expressões. Mas a estéticaarquitetônica não se restringe aos aspectos formais, ela também tece sua trama em elementos funcionais, construtivos e contextuais. Fonte: Dorfman (2014). 37UNIDADE I História Sob o ponto de vista antropológico, a arquitetura é uma das manifestações mais aptas a traduzir a concepção de mundo de uma determinada época. Ela pode ser classificada como um tipo de produto cultural, capaz de testemunhar vários aspectos de uma sociedade, como grau de desenvolvimento técnico, poder político e econômico, caracterís- ticas sociais, ideologia dominante e preferências estéticas. Essa característica se embasa, principal- mente, na capacidade que muitas obras têm de resistir à ação do tempo (COLIN, 2000). Segundo Colin (2000), o componente histórico de uma edificação pode surgir a partir de três principais níveis de interpretação: a) Pelo próprio edifício que, concebido para servir à determinada sociedade, consegue, por si só, refletir suas múltiplas caracterís- ticas (COLIN, 2000). b) A edificação pode assimilar um simbolis- mo extra-arquitetônico por ter sido pro- tagonista de marcantes acontecimentos históricos (COLIN, 2000). c) O elemento arquitetônico pode ter sido concebido intencionalmente para ressal- tar feitos históricos, políticos ou comemo- rativos, como é o caso dos monumentos e memoriais (COLIN, 2000). Independentemente do tipo de relação que o edi- fício tem com a história, Nieto (1992) ressalta que, quando uma arquitetura consegue fundir valores estéticos e históricos no mesmo elemento, a me- mória torna-se coletiva, gerando uma represen- tação do sistema de vida de determinado grupo social e da sua respectiva época. 38 A Essência da Arquitetura Fatores que condicionam a história arquitetônica A arquitetura engloba aspectos tão distintos que re- latar adequadamente o seu desenvolvimento impli- ca entender o curso da história das civilizações e dos fatores envolvidos. Ao abordar o desenvolvimento de um povo, a história permite abranger vários pa- râmetros importantes que caracterizam cada época, dentre os quais podemos destacar (ZEVI, 1996): a) Pressupostos sociais: a arquitetura é um meio em que as relações sociais tornam-se possíveis. Ela se expressa, portanto, na sua interação com o indivíduo e com o contexto (MALARD, 2006). b) Pressupostos intelectuais: esta abordagem inclui os desejos de uma sociedade frente às possibilidades arquitetônicas vigentes, as quais podem ser influenciadas por mitos sociais, crenças religiosas ou ideologia dominante (ZEVI, 1996). Para Netto (1979), as possibilidades arquitetônicas de cada época dependem diretamente da ideologia que orienta a sociedade onde a arquitetura se insere. c) Pressupostos técnicos: este fator envolve o progresso industrial do período, especialmente considerando os avanços relacionados à construção civil (ZEVI, 1996). d) Propriedades estéticas e simbólicas: o objeto arquitetônico, ao associar forma e espaço na essência de um mesmo elemento, tem por característica intrínseca a transmissão de mensagens e valores simbólicos que são interpretados, individual ou coletivamente, pela sociedade para a qual ele é produzido. Inevitavelmente, esse significado pode assumir conotações específicas, de acordo com a cultura e os valores do grupo que o interpreta, além de poder ser alterado com a transição das épocas históricas. Para Netto (1979), o real valor de uma obra não está necessariamente no seu caráter de originalidade, mas reside na sua capacidade de expor determinada mensagem de forma clara. A associação desses fatores molda o palco em que a arquitetura surge e segue influenciando a vida humana. As obras são resultados da coexistência dos aspectos que formam a sociedade, refletindo a supremacia determinante de cada época: de uma classe política, mito religioso, objetivo co- letivo, descoberta técnica ou modismo regional (ZEVI, 1996). 39UNIDADE I Teoria da arquitetura A possibilidade de servir-nos dos ensinamentos passados pela história da arquitetura consiste em compreendermos a tradição dos povos ao longo do tempo, da qual podemos extrair as direções das possíveis transformações da projeção arqui- tetônica (GREGOTTI, 2010). Para Ching e Eckler (2014), qualquer aplica- ção atual de um princípio projetivo, geralmente, passa por um precedente histórico, ao qual pode ser associado de modo genérico. É por isso que o estudo da história, além de ser uma ferramen- ta valiosa para o entendimento de uma época, é primordial para a concepção de uma arquitetura bem-sucedida. A teoria da arquitetura surge nessa premissa, sendo considerada uma síntese entre história e morfologia (ZEVI, 1979). Morfologia é o estudo da influência dos determinan- tes em relação à aparência final dos edifícios – forma arquitetônica. Estes determinantes são de naturezas diversas, como fatores estéticos, econômicos, fun- cionais, políticos, legislativos, entre outros. (Silvio Colin) Com conceitos cientificamente adquiridos, a mor- fologia deve se relacionar à história da arquitetura, visando reconhecer a variedade das figurações ar- quitetônicas – servindo, inclusive, como base para experiências praticadas na arquitetura atual. Desse modo, o estudo morfológico almeja definir os con- ceitos que se referem à formação arquitetônica, sem uma análise mais profunda da sua posição histórica, no curso dos acontecimentos arquitetônicos. Nesse contexto, cabe à história delinear as relações histó- ricas entre os princípios morfológicos (ZEVI, 1979). Para distinguir entre os termos “história” e “teoria” da arquitetura, podemos admitir que o primeiro aborda a história da consciência estética que é expressa nos fenômenos concretos da obra. Já a teoria arquitetônica é a análise de cunho filosófico dessa consciência (ZEVI, 1979). Ao longo da história, diversas “teorias” busca- ram leis determinantes da expressão arquitetônica que pudessem servir de referencial aos princípios de composição (ZEVI, 1979). A intenção era que a experiência arquitetônica precedente pudesse ser racionalizada em esquemas-padrão que pu- dessem comunicar formas, tipologias e técnicas como regras gerais de projeto, enquanto represen- tavam noções culturais pré-elaboradas, por meio das quais se procurava garantir previamente um resultado harmonioso (GREGOTTI, 2010). O período histórico do Renascimento repre- sentou para a humanidade a época dos tratados técnicos sobre a forma arquitetônica. Ele elaborou seus próprios princípios projetivos por meio de (GREGOTTI, 2010): • Princípios arqueológicos-historiográficos, de acordo com estudos do monumento clássico utilizado como parâmetro meto- dológico (GREGOTTI, 2010). • Instrumentos de medição espacial, me- diante a invenção da perspectiva (GRE- GOTTI, 2010). • Instrumentos simbólicos por meio de várias teorias - simetria, proporção mate- mática, secção áurea, traçado regulador e ajuste das medidas humanas em relação à harmonia universal (GREGOTTI, 2010). Para a crítica, as ideologias precedentes tiveram como mérito o enriquecimento da pesquisa sobre as relações entre arquitetura e sociedade, indican- do onde se manifestavam as conotações políticas, religiosas e linguísticas de determinada sociedade (ZEVI, 1979). 40 A Essência da Arquitetura Crítica Segundo Montaner (2007 apud DORFMAN, 2014) a crítica surgiu, na segunda metade do século XVIII, com a estética. Seu papel tem por finalidade tornar as obras compreensíveis à sociedade no geral. Ao se situar entre a obra e o público, o crítico assume um compro- misso ético perante a sociedade. Ao longo do século XX, sua atuação cresceu em relevância, sobretudo, pelo surgimento das posturas de vanguardas e da expansão das linguagens artísticas (MONTANER, 2007 apud DORFMAN, 2014). A crítica envolve um juízo estético que associa conhecimento, intuição e sensibilidade. Ela observa as relações estabelecidas entre a funcionalidade, as características de articulação espacial, o caráter formale as linguagens expressivas, englobando uma variedade de aspectos intrínsecos à obra. Muitas vezes, utiliza análises compa- rativas para esclarecer alguns feitos artísticos. Os fatores analisados são investigados conforme algumas cate- gorias predefinidas de parâmetros, tais como: simetria e assime- tria, centralidade ou dispersão, espaços definidos por elementos horizontais e verticais, relações de configuração formal entre aspectos racionais e orgânicos da obra e as relações entre volumes e vazios que emergem entre a forma edificada e o seu contexto espacial. A análise da arquitetura ainda contempla seus princípios e sua ideologia, além da dimensão ética e política do seu período vigente e sua relação com o meio social (MONTANER, 2007 apud DORFMAN, 2014). Com análise das relações entre crítica e teoria da Arquitetura, Montaner (2007 apud DORFMAN, 2014) descobriu que ambas possuem forte ligação entre si, e a ausência de uma acarreta na invia- bilidade da outra: não é possível haver crítica sem um embasamento teórico que lhe dê fundamento. Por meio de um estudo histórico, a crítica permite que a realidade seja analisada sob novos pontos de vista (MONTANER, 2007 apud DORFMAN, 2014). Caro(a) aluno(a), assim, encerramos esta unidade inicial. Na próxima unidade, iniciaremos um breve percurso pela história da ar- quitetura, buscando entender como ela se firmou ao longo dos anos. 41 1. O arquiteto e engenheiro romano Marcus Vitruvius Pollio é, até os dias atuais, uma importante referência no estudo e na conceituação da arquitetura. Para Vitrúvio, a essência da arquitetura consiste em firmitas, utilitas e venustas. Sobre isso, relacione a primeira com a segunda coluna. 1. Firmitas 2. Utilitas 3. Venustas ) ( Este componente relaciona-se aos fatores que se refletem na busca do ideal estético. ) ( Este componente revela-se por meio da associação dos sistemas estruturais com os materiais construtivos, por meio de técnicas específicas que garantam a estabilidade da obra. ) ( Este componente consiste na adaptação da arquitetura para atender às ne- cessidades das variadas atividades que envolvem o cotidiano humano. 2. A arquitetura e o urbanismo têm uma formação de caráter interdisciplinar, pois engloba uma multiplicidade de aspectos, como arte, técnica, estética, sociologia, história e teoria. Nesse sentido, o seu currículo de graduação constitui-se de com- ponentes curriculares referentes a três grandes áreas do conhecimento, a saber: I) Área técnica: vinculada a componentes curriculares da prática construtiva e da física que permitem utilizar o conhecimento das formas e dos materiais para criar edifícios e prever seu comportamento frente aos esforços mecânicos. II) Área de humanas e ciências sociais: vinculada a saberes referentes ao com- portamento, à percepção e à cultura dos indivíduos de uma sociedade, que permitem criar espaços adequados aos hábitos vigentes. III) Área de projetos: vinculada ao treinamento da prática projetiva, incluindo os componentes relacionados com a representação e a composição de projetos. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmativa II está correta. b) A afirmativa I está incorreta. c) Somente as afirmativas II e III estão corretas. d) As afirmativas I, II e III estão corretas. e) Todas as afirmativas estão incorretas. 42 3. Sob o ponto de vista antropológico, a arquitetura é uma das manifestações mais aptas a traduzir a concepção de mundo de uma determinada época, pois: ) ( Permite que resgatemos a dimensão original da sociedade que a concebeu. ) ( É capaz de testemunhar diversos aspectos de um povo, como o nível de religião, o grau de desenvolvimento técnico e as preferências estéticas. ) ( Possui um grande valor enquanto representante dos hábitos e da organização social dos povos, ao longo das diversas épocas. ) ( Pode assimilar um simbolismo extra-arquitetônico, por ter sido protagonista de marcantes acontecimentos históricos. 43 Tratado de Arquitetura Autor: Vitrúvio Editora: Martins Fontes Sinopse: único texto sobre arquitetura datado da Antiguidade clássica que se conservou até os dias de hoje, o Tratado De architectura, de Vitrúvio, es- crito em 27 a.C. e supostamente dedicado ao imperador Augusto, tornou-se referência já durante a Antiguidade e, séculos mais tarde, redescoberto numa abadia italiana, viria a influenciar as concepções estéticas renascentistas. LIVRO 44 ALBERNAZ, M. P.; LIMA, C. M. Dicionário ilustrado de arquitetura. v. 1, verbetes da letra A até I. São Paulo: ProEditores, 1998a. ______. Dicionário ilustrado de arquitetura. v. 2, verbetes da letra J até Z. São Paulo: ProEditores, 1998b. BRANDÃO, C. A. L. A formação do homem moderno vista através da arquitetura. Belo Horizonte: UFMG, 2006. CASTELNOU, A. M. N. Sentindo o espaço arquitetônico. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 7, jan./jun., 2003. Disponível em: < http://revistas.ufpr.br/made/article/view/3050/2441>. Acesso em: 9 out. 2017. CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. Trad. Alvamar Helena Lamparelli. São Paulo: Martins Fontes, 2002. ______. Dicionário Visual de Arquitetura. Trad. Julio Fischer. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. ______. Representação gráfica em arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à Arquitetura. Trad. Alexandre Salvaterra. São Paulo: Bookman, 2014. COLIN, S. Uma introdução à arquitetura. 3. ed. São Paulo: Uape, 2000. DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. DONICI, M. Aesthetics of the main types of structures. Buletinul institutului politehnic din Iaşi, Publicat de Universitatea Tehnică, Gheorghe Asachi din Iaşi Tomul LIV (LVIII), fasc. 4, p. 9-15, 2011. DORFMAN, B. R. A arquitetura e a diferença: uma leitura de desconstrução. Dados eletrônicos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014. Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs>. Acesso em: 20 dez. 2017. FABRÍCIO, M. M. Projeto simultâneo na construção de edifícios. 2002. 350 f. Tese (Doutorado em Enge- nharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. Disponível em: <https://globalconstroi. com/images/stories/Manuais_tecnicos/2010/projecto_simultaneo_const_edificios/Projeto_Simultaneo_TESE1. pdf>. 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