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< DESCRIÇÃO Os princípios definidores da Arquitetura e do Urbanismo, os elementos necessários para o desenvolvimento do projeto de arquitetura e urbanismo, a arquitetura projetada e a arquitetura construída, o vocabulário configurador da linguagem arquitetônica. PROPÓSITO Compreender os princípios das ciências de Arquitetura e de Urbanismo como fundamentais para o bem- estar humano, pois atendem a três necessidades básicas por meio de suas ações: obtenção de abrigo, fornecimento de espaços em que possamos desenvolver e promover operações utilitárias e oferecimento de deleite estético. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os campos de atuação e como atuam os arquitetos e urbanistas, além dos diversos tipos e escalas de projetos de arquitetura e urbanismo MÓDULO 2 Definir os conceitos fundamentais das atividades em arquitetura e urbanismo, especialmente aqueles referentes às dicotomias entre espacialidade e materialidade MÓDULO 3 Analisar pontos de vista relativos a preceitos fundamentais das ações em arquitetura e urbanismo, tais como utilidade, solidez, beleza, forma, função, vocabulário e linguagem arquitetônica PRINCÍPIOS DA PRÁTICA DO PROJETO ARQUITETÔNICO Carregando conteúdo Neste tema, veremos alguns dos principais conceitos que definem a essência do que são a Arquitetura e o Urbanismo. Trata-se de ciências que têm como objetivo principal atender às necessidades humanas no que diz respeito ao espaço em que as pessoas vivem. Habitar é, fundamentalmente, viver, e a vida confortável, agradável, harmônica é o que os profissionais desses dois campos de conhecimento buscam com seus projetos. Para isso eles propõem espaços e edifícios com vocabulário e linguagem específicos, condizentes com as realidades históricas, sociais, econômicas e culturais. Igualmente revelam, por meio de construções e contextos urbanos — através dos elementos materiais —, novas realidades, especialmente moldadas, objetiva e subjetivamente, com base em suas visões pessoais. MÓDULO 1 Identificar os campos de atuação e como atuam os arquitetos e urbanistas, além dos diversos tipos e escalas de projetos de arquitetura e urbanismo INTRODUÇÃO Como ponto de partida, cabem os seguintes questionamentos com relação ao projeto arquitetônico: O PROJETO SE DEFINE COMO UM PROCESSO DE SOLUÇÃO DE UM PROBLEMA EM UM TEMPO DETERMINADO QUE DEVE SER GERENCIADO, DE MODO A CONTROLAR DIVERSAS VARIÁVEIS QUE IMPACTAM NAS DECISÕES. O arquiteto projeta espaços pequenos, como residências, e grandes, como estádios; além disso, planeja cidades e projeta elementos urbanos e de paisagismo. Por isso sua formação é bastante diversificada. Ele utiliza desenhos para se comunicar com os clientes e com os profissionais envolvidos na execução de uma construção, como, por exemplo: Engenheiros (instalações, estrutura, civil) Ergonomistas Arqueólogos Historiadores Químicos Biólogos Sociólogos A composição de uma equipe para a criação de uma edificação será em função das necessidades e características do projeto a ser executado ou planejado. Na história do mundo, o arquiteto é um profissional reconhecido por sua participação na construção de vários monumentos, templos e igrejas. Porém, além disso, ele é aquele profissional que ajuda a resolver problemas em residências, espaços comerciais e grandes escritórios. Até o Renascimento, o arquiteto era um profissional que participava ativamente da construção da edificação. Ele estava presente no canteiro de obra, pois ainda não se utilizavam desenhos para a transmissão de uma ideia. Tratava-se de um profissional com um papel mais prático do que intelectual. Depois, já podendo utilizar desenhos para se expressar, o arquiteto se afasta da obra e passa a ter um trabalho mais intelectual de projetar e planejar. OLHARES SOBRE A ARQUITETURA A arquitetura, como é compreendida atualmente, foi concebida durante o Renascimento, segundo a ideia revolucionária de que o papel do arquiteto era projetar, não construir. A arquitetura tornou-se, então, um esforço puramente intelectual e o domínio do conhecimento do arquiteto era o que chamaríamos de teórico: a razão pela qual os edifícios deveriam ser projetados de acordo com certas características. Símbolo do Renascentismo: Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença, Itália Além disso, seguindo Aristóteles, Leon Battista Alberti, que no século XV escreveu o De re aedificatoria (A arte de construir), considerou o arquiteto como o verdadeiro autor do edifício, pois acreditava que o conhecimento desse profissional era superior ao do construtor. O desenho tornou-se essencial para a arquitetura como expressão das ideias arquitetônicas, produto do trabalho do arquiteto e elo entre pensamento, design e construção (SCHEER, 2014). POR QUE PROJETAR? Projetar para que seja executada uma construção, para que se procure uma solução para um problema residencial, comercial ou hospitalar. Projetar para planejar uma cidade ou parte dela, de modo que possa crescer de maneira controlada e ecologicamente correta, sem comprometer o futuro (sustentável), por meio de previsões do que pode ocorrer ao longo de um período. Envolvendo construção e cidade, de uma maneira mais ampla, temos: JARDINS PRAÇAS PARQUES Todos esses são espaços construídos, que devem ser projetados para que o homem se sinta bem e devem funcionar de maneira adequada. Esses projetos são desenvolvidos por profissionais que estão longe dos canteiros de obra, em seus escritórios, e que precisam se comunicar com seus clientes, sejam eles particulares ou uma comunidade. Para isso geram desenhos, esquemas, detalhes e memoriais descritivos e justificativos. Neste vídeo, teremos um panorama de como devem ser os projetos para que o arquiteto desenvolva suas habilidades, e conheceremos alguns objetivos de um projeto arquitetônico. Carregando conteúdo BREVE HISTÓRICO ARQUITETÔNICO Representação de construção feita com material local: pedra A arquitetura vernacular e antiga é de construções adaptadas ao meio ambiente. Eram constituídas de materiais construtivos locais (barro e pedra, por exemplo) e suas dimensões e implantação eram planejadas de modo a garantir estanqueidade no caso de um solo úmido e de pé direito alto, proporcionando conforto térmico, pelo distanciamento entre o ar quente e o usuário. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Arquitetura vernacular é uma forma de construção que usa materiais locais, algumas técnicas tradicionais, tipologias regionais e adequadas ao ambiente. Estamos falando das construções de taipa (pau-a-pique), de adobe, madeira, pedras, bambu, telhado de palha, entre outros materiais. A partir do século XX, com a energia barata e a tecnologia disponível para a construção, muitos dos conhecimentos antigos foram esquecidos, resultando em construções que consomem muita energia (ar- condicionado e iluminação) e a construção gera um impacto considerável por meio do sistema construtivo e dos resíduos gerados. Como o domínio do desenho de arquitetura faz parte da formação do arquiteto, o aluno inicia seu curso estudando a NBR-16636, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece todas regras de representação dos desenhos de arquitetura que compõem o projeto de uma edificação. Para esse registro de suas ideias, o arquiteto conta hoje com programas de computador do tipo CAD, que desenham a partir de traços – assim como se faz na prancheta. Os mais recentes, conhecidos como programas BIM (Building Information Modeling), permitem ao arquiteto, além de outros recursos: avaliar a eficiência da construção mediante análise do local e dos materiais construtivos; realizar simulação; percorrer a edificação; criar tabelas, quantificando esquadrias, materiais de acabamento; estabelecer a idade de cada elemento que compõe a construção. Imagem ilustrativa do programa AutoCAD. TIPOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO Os projetos de uma construção,assim como os de uma cidade, são constituídos de desenhos, mas além deles o projetista utiliza diagramas, de modo a registrar uma grande quantidade de dados, que atualmente acompanham os programas de edifícios, como hospitais e aeroportos. Junto com os desenhos existem textos, como memoriais descritivos e justificativos, que descrevem a edificação e tudo aquilo que foi pensado na sua elaboração, além da especificação de materiais e legislação, entre outros levantamentos e pesquisas. O projeto pode ser dividido em: ESTUDO PRELIMINAR ANTEPROJETO PROJETO EXECUTIVO Cada etapa tem suas especificidades. O projeto da arquitetura se caracteriza pelo planejamento de uma edificação, ou de um conjunto de edificações, quando compõem um complexo com as mesmas funções. Dentre outros, citamos como exemplos: UNIVERSIDADES HOSPITAIS AEROPORTOS VEJA ALGUNS DOS TIPOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO: URBANO O planejamento urbano se concentra nas soluções para a cidade, vias, gabaritos, distância entre edificações, taxa de ocupação e área do terreno permeável, entre outros requisitos para a regulamentação das construções. PAISAGISMO O projeto de paisagismo é voltado para as áreas externas das edificações. INTERIORES Além de se preocupar com as funções e a estética, o projetista também considera os usuários e os espaços internos criados. Nesse caso o projeto é de arquitetura de interiores, sendo este composto por desenhos que registram os pisos, paredes e tetos, que indicam posicionamento dos mobiliários fixos e móveis, materiais de acabamento (junção e finalizações), iluminação, elétrica (indicando os pontos de tomadas e interruptores), pontos de água, sentido de colocação dos materiais (cerâmicas) e detalhes executivos, como peças de fixação, encaixes e a marcenaria de um modo geral. No conjunto de desenhos de arquitetura de interior estão presentes ainda desenhos complementares, como o do teto, onde são posicionadas as luminárias – produto de um projeto luminotécnico, que é uma especialização do arquiteto – assim como materiais de tratamento acústico ou isolamento nas paredes, piso e teto, que cuidam do som e ruído, resultado de um projeto acústico, também uma especialização da arquitetura. Os espaços internos das edificações devem ser planejados de acordo com as necessidades e dimensões adequadas ao homem – ou a seres vivos, no caso de ser um espaço para animais, como um hospital veterinário, por exemplo. O conhecimento da ergonomia proporciona ao arquiteto o entendimento sobre os cuidados que se deve ter com relação às necessidades do usuário de uma maneira mais ampla, e não somente das dimensões humanas. A acessibilidade e o design universal estão dentro desse conjunto de informações que são utilizadas pelo projetista quando ele projeta não só as edificações, mas também uma cidade. O entorno das edificações, os espaços externos que as envolvem – lugares intermediários entre a cidade e a edificação – também necessitam ser projetados de maneira cuidadosa. Trata-se de um espaço de passagem das pessoas e da vegetação que pode mitigar o impacto dessa nova construção. Por exemplo, a diminuição de área permeável para a drenagem da chuva. Para facilitar a compreensão dos diversos tipos de projetos que um arquiteto pode executar serão descritos a seguir os projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. O projeto de arquitetura pode ainda ser subdividido em pequenos projetos, como o de arquitetura de interiores, iluminação e acústica. Um conjunto de desenhos de projeto de arquitetura deve atender, entre outros diversos requisitos: A funcionalidade, isto é, como configurar o espaço de maneira segura e confortável para o que ali vai funcionar. Para isso é preciso conhecer o programa de necessidades composto pelos ambientes e as dimensões adequadas para as atividades que serão executadas no espaço. A estética, que deve ser agradável. Para isso é preciso conhecer a cultura do local onde a edificação será construída, deve-se especificar o material construtivo (se este for produzido ou extraído do local é ainda melhor para a sustentabilidade e ambiente), deve-se conhecer o orçamento disponível para a execução da obra e operação da edificação. Um projeto de arquitetura é a síntese de uma quantidade grande e complexa que deve ser analisada e compreendida. Projeto de arquitetura – planta baixa. Desenho da fachada de uma casa – projeto de arquitetura. Considerando o impacto ambiental causado pelas construções, deve-se levar em consideração os materiais construtivos a serem especificados, pois o impacto se inicia desde sua fabricação. Isto quer dizer que o projeto deve se preocupar com a edificação desde a sua execução (garantindo a boa gestão do canteiro de obras) até a utilização, levando em conta também adaptações que ela sofrerá ao longo do seu ciclo de vida. Por isso deve-se ter consciência e responsabilidade, desde a elaboração do projeto. Ainda sobre o projeto de arquitetura, este pode ser para uma nova construção, ou para a requalificação de uma existente, proporcionando o prolongamento de sua vida útil. No conjunto de ações de intervenção em construções, existem: O processo de manutenção da função original da construção A alteração da construção A manutenção das características originais A conservação de uma parte da construção, quando esta é tombada (preservação de edificações históricas). Neste último caso, quando a intenção é restaurar, o projeto tem um caráter mais cuidadoso e detalhista. Torna-se necessário, antes de tudo, fazer uma pesquisa histórica e registrar as condições em que se encontra essa edificação, que pode ser um tombamento federal, estadual ou municipal. É importante também procurar saber que valor ela traz para quem está encomendando o projeto e para quem vai fazer uso do local. Quando a construção não tem valor histórico e a intervenção é para atender as novas necessidades da comunidade onde se encontra, podendo esta manter a sua função original ou não, a proposta pode ser um retrofit, requalificação, reabilitação, renovação, reforma. Todos esses termos pressupõem uma adaptação da edificação existente às novas demandas da contemporaneidade. COMENTÁRIO Um conjunto de desenhos de arquitetura de interiores também precisa ser planejado e, nesse caso, o projeto pretende identificar como os espaços serão preenchidos pelo mobiliário, materiais de revestimento, além da iluminação e da qualidade de som, dependendo da função. A definição das cores também proporciona ambientes agradáveis e estimulantes. Com relação aos espaços internos das edificações é preciso reconhecer que todo ele deve ser configurado de modo a promover o bem-estar emocional e fisiológico do usuário, além de garantir a funcionalidade. Para isso a iluminação natural, que proporciona baixo consumo de energia, e a artificial devem estar adequadas para a garantia do conforto visual. O conforto pode ser: Higrotérmico Ocorre a partir do controle de umidade e temperatura, e da incidência da insolação nas paredes externas, por exemplo. Também é preciso ter atenção no uso de elementos que proporcionem o efeito chaminé e no posicionamento dos vãos para uma adequada ventilação, entre outros recursos. Acústico Deve ser considerado no isolamento dos espaços situados em locais onde haja muitas fontes de ruídos e o tratamento acústico, em ambientes em que a qualidade do som seja essencial, como teatros e salas de música. Todos esses critérios devem ser atendidos logo no início do projeto da edificação, mas muitas vezes é apenas no projeto de arquitetura de interiores que eles pode ser especificamente trabalhados. Planta baixa de uma casa. Vistas de 2 paredes da sala de estar. Um serviço importante foi criado pela Lei n. 11.888, de 24 de dezembro de 2008 – Assistência Técnica Pública e Gratuita para o Projeto e a Construção de Habitação de Interesse Social. Essa lei oferece, à população que não dispõe de recursospara contratar um arquiteto, apoio técnico para solucionar problemas de desempenho de sua moradia. Para identificar quais critérios necessitam ser atendidos, é possível utilizar a NBR-15.575, de 2013. Outra forma de ajudar é lançando mão de projetos de habitações de interesse social, considerando proporcionar uma edificação de qualidade e de baixo custo de construção e operacional. A área do entorno da edificação é a extensão entre ela e o espaço urbano – muito consideram essa área como um espaço semipúblico. Nela são projetados os espaços verdes e os locais de percurso. Nos espaços verdes são definidos os tipos de vegetação, seja grama ou árvores com copas densas, que proporcionam sombras tanto para o jardim como para a edificação, minimizando o desconforto térmico. Nos percursos, o deslocamento deve ser efetuado de maneira segura pelos: PEDESTRES CADEIRANTES CARRINHOS DE BEBÊ Os pisos desses espaços precisam ser revestidos por materiais antiderrapantes e estar nivelados, entre outros critérios, como o estético e o de manutenção. Todo o projeto dessa área externa é elaborado pelo paisagista, uma das especializações da arquitetura, considerando que este também é um espaço construído, apenas sendo aberto. Um bom exemplo é o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, projeto paisagístico de Burle Marx, conhecido internacionalmente. Aterro do Flamengo - Rio de Janeiro Maquete e setorização de um parque linear. O curso de arquitetura e urbanismo prepara o profissional para atuar tanto nas edificações quanto na cidade. Neste último caso, fazendo um trabalho de longo prazo: o planejamento urbano, que se configura como um plano diretor, estabelecendo as diretrizes de crescimento e ocupação da cidade e constituindo-se como um documento orientador dos limites e regras que as edificações deverão atender. A solicitação para um projeto urbano em geral parte de órgãos públicos que sentem a necessidade de controlar ou organizar um local, considerando o crescimento ou a revitalização de alguma área da cidade degradada. Nesse caso é elaborado um projeto urbanístico específico, de cuidado com o futuro, cujos critérios são: definir gabaritos, afastamentos entre edificações e entre estas e as vias, taxa de ocupação, áreas permeáveis, calçadas, vias, iluminação pública, infraestrutura e tratamento paisagístico do local. Esses projetos podem ser de uma cidade ou mesmo de uma região, como, por exemplo: o Rio Cidade e o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e Brasília, no Distrito Federal. Fazendo parte do projeto de revitalização do porto – Porto Maravilha. Estudo de um planejamento urbano para Curicica. ETAPAS DO PROJETO ARQUITETÔNICO Os projetos de arquitetura e urbanismo são compostos por diversas fases, cada uma com um grau de detalhamento e informações próprias. PRIMEIRA ETAPA – LEVANTAMENTO DE DADOS Nesta etapa são levantados os dados do local a ser projetado: legislação, necessidades do cliente, como funciona o local, análise ambiental (insolação, ventos, ruídos, vegetação, clima). A partir disso, estabelecem-se os espaços necessários para atender à função que se pretende executar no local (escolas, hospitais, área comercial ou residencial da cidade), as áreas para isso – conhecidas como programa de necessidade – e saber em detalhes quais as necessidades e como é a cultura dos futuros usuários desses espaços a serem projetados. Essa etapa denomina-se pré-projeto. SEGUNDA ETAPA – ESTUDO PRELIMINAR Conhecendo-se tudo o que deve ser considerado para resolver o problema detectado na primeira etapa, inicia-se o estudo preliminar. É quando o profissional começa a analisar se as ideias estão encaminhadas para atender às demandas e expectativas detectadas na primeira etapa. São feitas diversas propostas e surgem várias ideias de como resolver o problema do cliente, que tanto pode ser uma família, como uma comunidade, dependendo da dimensão do projeto. TERCEIRA ETAPA – ANTEPROJETO No momento em que é estabelecida uma solução que se aproxima das expectativas iniciais, inicia-se a etapa de anteprojeto. É quando são elaborados desenhos mais técnicos e o projeto é levado a órgãos públicos, para que seja avaliado se está de acordo com o código de obra local. Os mesmos desenhos são enviados aos engenheiros e profissionais que deverão elaborar as suas soluções de acordo com as especialidades. Essas soluções, quando retornam, devem ser compatibilizadas pelo arquiteto, que fará os devidos ajustes para que todos os elementos que compõem a edificação estejam de acordo. É nesse momento que são feitos ajustes em todos os projetos. QUARTA ETAPA – PROJETO EXECUTIVO A última etapa é o projeto executivo, quando são elaborados os detalhes de execução, as soluções de instalação e fixação de todos os elementos da construção. Todos os materiais são especificados e quantificados, além de comprados ou encomendados em função do cronograma de execução da obra. O arquiteto acompanha todo o processo de execução, refazendo soluções, e reavalia a necessidade de reajustes, até a finalização da obra. O documento gerado na etapa depois da construção, onde ficam registradas todas as características da edificação, se chama as built (conforme construído). Dependendo da complexidade do projeto, como o de um hospital, por exemplo, sua execução pode levar até mais do que cinco anos. Por isso deve ser flexível, pois muitas vezes no decorrer do projeto ele precisa ser alterado, em função de novas demandas da sociedade e de novas tecnologias. Cada vez mais os projetos são de adaptação das edificações, pois nas cidades já existe uma quantidade considerável delas, muitas abandonadas ou subutilizadas e ainda consumindo muita energia para a sua operação. Os projetistas estão cada vez mais voltados para a adaptação das edificações. Vantagens em agir assim: evita-se a demolição e, na adaptação, são instalados novos equipamentos, mais econômicos e eficientes. O projeto de adaptação tem um caráter preditivo; nele são analisadas e avaliadas diversas soluções e definida uma que fica mais próxima da ideal. Esse processo tem um custo inferior à demolição e à reconstrução. VAMOS FAZER UM EXERCÍCIO! A PARTIR DAS IMAGENS APRESENTADAS, IDENTIFIQUE O TIPO DE PROJETO: • PROJETO DE ARQUITETURA • PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIOR • PROJETO DE PAISAGISMO • PROJETO DE URBANISMO Planta baixa. RESPOSTA Vista de corte. javascript:void(0) javascript:void(0) RESPOSTA Planta baixa. RESPOSTA javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Vista superior. RESPOSTA Vista superior. javascript:void(0) javascript:void(0) RESPOSTA Exemplo de projeto. RESPOSTA javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Exemplo de projeto. RESPOSTA VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Definir conceitos fundamentais das atividades em arquitetura e urbanismo, especialmente aqueles referentes às dicotomias entre espacialidade e materialidade javascript:void(0) javascript:void(0) Carregando conteúdo COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA A palavra “arquiteto” é composta por dois segmentos linguísticos de origem grega: arkhé e tékton. ARKHÉ A etimologia o traduz da Grécia pré-socrática (séculos VII ao V a.C.) como o elemento básico na constituição da natureza, que posteriormente, no período aristotélico (após 390 a.C.), passou a significar “ponto de partida” e “fundamento ou causa de um processo qualquer” (HOUAISS, 2001). javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) TÉKTON Significa carpinteiro, à época, tido como o principal artífice, em termos de conhecimento e prática, das construções. Por isso os carpinteiros-chefes eram chamados de arquitetos. Somente no século XVI a palavra “arquitetura” — archetectura, em 1532; architeichtura, em 1540; arquitectura, em 1548; e architectura, em 1571 (id. ibid.) — passoua ser usada, inicialmente pelos romanos, para denominar a ciência que edifica com arte. Desse modo, “arquiteto”, do latim architéctus, diz respeito àqueles que detêm “uma ciência ou uma arte e dirige outras pessoas” (OXFORD, 2020) ou são chefes construtores e edificadores. A ARQUITETURA REFERE-SE NÃO SOMENTE AO OFÍCIO DE PLANEJAR OU PROJETAR, POIS MOSTRA EM SUA LÓGICA ETIMOLÓGICA QUE TEM POR OBJETIVO, SOBRETUDO, MATERIALIZAR SUAS IDEALIZAÇÕES. FAZER ARQUITETURA É NÃO SOMENTE PREVER E PROPOR ESPAÇOS, MAS TAMBÉM CONSTRUÍ- LOS. Devemos entender a composição arquitetônica como a arte de ordenar intelectualmente elementos e formas visando à efetivação material e tangível dos ambientes do habitar humano. Compor em arquitetura é entender os anseios das pessoas e traduzi-los em espaços reais. DEFINIÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA TECTÔNICA A tectônica, como ramo de conhecimento e trabalho da arquitetura, instigou fortemente os arquitetos a partir do século XVIII, quando as ciências que estudavam os modos de construir separaram-se definitivamente do escopo da arquitetura. COM O ADVENTO DO CÁLCULO ESTRUTURAL, A ENGENHARIA TOMOU CORPO COMO A CIÊNCIA DA TÉCNICA CONSTRUTIVA, VALENDO-SE DE CONHECIMENTOS DE MATEMÁTICA, FÍSICA, GEOLOGIA, QUÍMICA, MECÂNICA E DE OUTROS RAMOS DAS CIÊNCIAS EXATAS. A arquitetura, desse modo, passou a concentrar conhecimentos relativos às artes e às humanidades. A Engenharia, com base na abordagem estrutural e em estudos das partes ativas e estáticas dos edifícios, consolidou-se como a responsável natural pela construção. Contudo, pensar a arquitetura sem considerar a construção é um enorme contrassenso. Fazer arquitetura é propor espaços que têm como fim serem construídos. A Arquitetura, como ciência, sempre visou criar formas, e essas criações têm como veículo de transmissão de ideias e conceitos os materiais e os sistemas construtivos. Sem a condição material a arquitetura não se revela, não emite mensagens e não propõe tridimensionalidades habitáveis. NAS ORIGENS DO PENSAR EM ARQUITETURA ENXERGAVA-SE QUE AS QUATRO TÉCNICAS CONSTRUTIVAS TRADICIONAIS — TECELAGEM, CERÂMICA, CARPINTARIA E CANTARIA — E OS MATERIAIS E PRODUTOS AOS QUAIS SE RELACIONAVAM — RESPECTIVAMENTE: TECIDOS, ARGILA, MADEIRA E PEDRA — ERAM AS RESPONSÁVEIS PELAS FORMAS ARQUITETÔNICAS. As técnicas de manipulação dos materiais conduziam as decisões para a elaboração dos espaços. Eram os entes que veiculavam, juntamente à geometria e à matemática, as ideias arquitetônicas. A teoria da arquitetura desdobrou os debates sobre as relações intrínsecas entre os materiais e as técnicas e propôs que os mesmos quatro elementos e substâncias traduziam os espaços seminais das edificações. Desse modo, argila queimada/cerâmica, ligada ao fogo, significava o aconchego do lar; a pedra significava o solo e os pisos; a madeira significava a carpintaria e o telhado; e os tecidos significavam os planos de fechamento do edifício. SAIBA MAIS A carpintaria, dentre os quatro elementos, era reconhecida como a mais complexa de todas as técnicas, pois as tramas de madeira compunham planos, as estacas desenhavam treliças, apoios e estruturas. Daí a origem da palavra “tectônica” referir-se a tékton, ou carpinteiro, e “arquitetura” à arte de construir, pois promovem transmissões mútuas entre as técnicas e os materiais de construção. A tectônica consolidou-se como o lema da Arquitetura até o início dos processos de separação entre esta e a Engenharia, quando a materialidade do edifício passou, como objeto de estudo, de uma mão para outra. Com o advento das ciências construtivas, cada vez mais afastadas das escolas de Arquitetura, a teoria da ciência arquitetônica desvencilhou a forma e a plástica da essência física dos materiais, e a evolução deste pensamento separatista mostrou seu apogeu no início do século XX, com o advento da arquitetura moderna. Grande parte dos arquitetos e teóricos da arquitetura deste período — Le Corbusier, Siegfried Giedion, Bruno Zevi, ente outros — consolidaram a ideia de que a estruturação do espaço arquitetônico se dava não pelos materiais, mas sobretudo pela dicotomia de pensamento sobre a forma e a função. ATENÇÃO A partir do século XX, a arquitetura encontrou um novo caminho para atuar e pensar. A materialidade deixou de ser protagonista em função do pensamento, muito mais associado à expressão artística e à poética do que à técnica da construção. O discurso que pautou praticamente toda a produção arquitetônica entre as décadas de 1920 e 1970 começou a ser contestado pelos teóricos do pós-modernismo. Arquitetos como Aldo Rossi e Robert Venturi, historiadores como Peter Collins e Eduard Sekler e outros teóricos retomaram o termo “tectônica” para explicar os aspectos simbólicos e a força expressionista dos materiais de construção, que estavam sendo retomados pela Arquitetura a partir dos movimentos intelectuais da década de 1960. Assim, a tectônica voltou à pauta como uma nova disciplina, responsável pela profusa e necessária reaproximação entre as ciências do projeto e as ciências da construção. ATUALMENTE, APÓS UM SÉCULO DE CALOROSOS EMBATES INTELECTUAIS, OS TEÓRICOS DA ARQUITETURA INTERPRETAM QUE A TECTÔNICA DEFINE-SE COMO O ELEMENTO QUE CONGREGA OS PRECEITOS CONSTRUTIVOS À EXPRESSÃO PLÁSTICA DOS EDIFÍCIOS. EM OUTRAS PALAVRAS, PODEMOS AFIRMAR QUE A ARQUITETURA APRESENTA AO PÚBLICO A CONSTRUÇÃO E A SUA ESTRUTURA, CONFERINDO-LHES CONDIÇÃO DE VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DA IDEIA ESPACIAL DO ARQUITETO. Voltamos a afirmar, parcialmente, o que os arquitetos do século XVIII tinham como princípio profissional: os materiais de construção são os responsáveis pela expressão artística da arquitetura. A arquitetura não isola a estrutura da construção, muito menos a epiderme periférica dos objetos edificados. Trata-se de uma ciência, plena e complexa, que se vale dos materiais para exprimir as formas das estruturas, dos fechamentos, das coberturas e dos acabamentos como intrínsecos a todo o pensamento do edifício. Assim, forma, função, estrutura, aparência e essência são partes indissociáveis de um todo sólido, estável e expressivo. Conforme afirma o teórico Kenneth Frampton: O termo “tectônica” volta ao protagonismo em todos os momentos em que há crises teóricas sobre o que é fazer arquitetura, sempre a respeito à linguagem e aos momentos culturais em que acontecem. Desse modo, podemos entender que a discussão sobre as relações entre as formas arquitetônicas e os materiais de construção ocorreram em três momentos históricos cruciais: SÉCULO XVIII SÉCULOS XIX E XX SÉCULO XX https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps1a https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps1a https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps2a https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps2a https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps3a https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps3a SÉCULO XVIII Na crise do ensino do século XVIII, quando houve a ruptura filosófica entre as disciplinas de arquitetura e engenharia. SÉCULOS XIX E XX Na transição entre os séculos XIX e XX, em que a arquitetura eclética, eminentemente decorativa, deu lugar ao “menos é mais” da arquitetura moderna. SÉCULO XX Nas últimas décadas do século XX, quando o pós-modernismo reconsidera a simbologia e o decorativismo como importantes contribuições para a expressão arquitetônica. Atualmente, temos um novo debate (explicitado a seguir) a respeito da dicotomia entre o espaço projetado e a materialidade da arquitetura. Especialmente em função das técnicas de projeto contemporâneas, protagonizadas pelossoftwares de representação gráfica e projeto. PARA VOCÊ O QUE É MAIS IMPORTANTE, A IMAGEM VISUAL DA ARQUITETURA OU SUA PRESENÇA MATERIAL? ESPACIALIDADE A ESPACIALIDADE, COMO SIGNIFICADO, REFERE-SE AO FATO DE OBJETOS EXISTIREM NO ESPAÇO, E POR ESPAÇO ENTENDEMOS UM AMBIENTE CONFIGURADO POR TRÊS DIMENSÕES: LARGURA, COMPRIMENTO E ALTURA. Os seres humanos relacionam-se com o mundo por meio da tridimensionalidade. De todos os elementos a ela intrínsecos, a natureza teórica e prática da arquitetura e do urbanismo é elaborar condições específicas que criam objetos que participam dessa realidade. Para que essas duas ciências se desenvolvam e forneçam novos espaços é necessário, contudo, que à capacidade de criá-los sejam adicionadas diretrizes que dizem respeito aos anseios e às necessidades das pessoas que deles irão se utilizar ou que irão simplesmente admirá-los. Por isso, além do aprendizado que arquitetos e urbanistas devem ter em relação a questões do manejo de leis e regras geométricas, é necessário que a dimensão humanística das disciplinas seja a todo tempo considerada. NA AÇÃO DE ELABORAÇÃO DE ESPAÇOS, HÁ DUAS SITUAÇÕES QUE SE PROCESSAM COMPLEMENTAR E SIMULTANEAMENTE: A ESPACIALIDADE IMAGINADA E A ESPACIALIDADE MATERIAL. AMBAS REFEREM-SE À NATUREZA DO TRABALHO EM ARQUITETURA E URBANISMO. Apesar do mesmo espaço, em dado projeto, ser o elemento protagonista das preocupações dos profissionais dessas duas atividades, as condições dele estar no mundo das ideias ou ser um objeto material, passível de experimentações estéticas, dependerão do modo como existe. Se o objeto fizer parte de um conjunto de informações mentais, textuais, verbais e gráficas, sua espacialidade é idealizada e sua expressão ocorre em função de representações bidimensionais que simulam o espaço tridimensional ou de modelos tridimensionais em escala reduzida. Todas as experiências sensoriais entre o objeto e o receptor das informações sobre ele ocorrerão de modo relativo, de acordo com a capacidade informativa dos meios utilizados, sejam eles discursos, desenhos, imagens virtuais ou maquetes. O segundo caso, referente à espacialidade material, proporciona às pessoas condições de apreensões diretas, nas quais os estímulos visuais, auditivos, olfativos, tácteis e palatais conduzem as experiências de contato com o espaço. EM ARQUITETURA E URBANISMO O ELEMENTO DE LIGAÇÃO ENTRE AS DUAS REALIDADES CITADAS É A TOPOLOGIA, QUE PODE SER ENTENDIDA COMO O ESTUDO DAS PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE UM CORPO, SEGUNDO OS DICIONÁRIOS. A TOPOLOGIA ENTENDE O SISTEMA DE RELAÇÕES ENTRE AS TRÊS DIMENSÕES E PROTAGONIZA AS AÇÕES QUE IRÃO GERAR OS ESPAÇOS, SEJAM ELES IDEALIZADOS OU TANGÍVEIS. Há outro grande diferencial entre as duas condições do espaço: quando ele é apenas um sistema de informações e quando passa a ser vivenciado pelas pessoas. No momento em que o espaço está sendo projetado, sua concepção nasce da interpretação das necessidades humanas. As informações que são trabalhadas por arquitetos e urbanistas precisam ser colhidas e tratadas como requisitos. Tais requisições, além de conduzirem as ideias, precisam ser atendidas ao final do processo de projeto para que o espaço seja considerado uma correta resposta aos problemas. No momento em que há condições de o espaço ser efetivamente experimentado — após sua construção — ele adquire novo caráter, de objeto vivencial. A partir daí as necessidades que foram consideradas para que o projeto se desenvolvesse serão postas em questão. ATENÇÃO Os usuários poderão confirmar ou rejeitar as respostas dos arquitetos e urbanistas e terão condições de consolidarem o sucesso do espaço ou o levarem a ser abandonado ou requalificado de acordo com requisitos novos ou readaptados. A espacialidade e a materialidade dialogam constantemente no universo prático e teórico da arquitetura e do urbanismo, tanto em relação às questões citadas quanto ao que diz respeito aos modos de percepção da tridimensionalidade estabelecidos na contemporaneidade. Atualmente, os arquitetos e urbanistas lidam com tecnologias cada vez mais inovadoras no que diz respeito à representação visual dos espaços. Os softwares de representação gráfica oferecem uma infinidade de possibilidades para o desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo. Como exemplos, temos: AUTOCAD SKETCHUP E O 3D STUDIO LUMION OU O V-RAY REVIT AUTOCAD Lida com comandos de desenho para representações semelhantes às analógicas, outrora realizadas à mão. SKETCHUP E O 3D STUDIO Modelam espaços 3D. LUMION OU O V-RAY Tratam imagens por meio de simulações de geometrias e materiais de construção, texturas, cores e luz. REVIT Aqueles como o Revit, de construção simulada, que possibilitam determinar todos os elementos https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps1b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps1b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps2b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps2b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps3b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps3b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps4b https://stecine.azureedge.net/repositorio/principios_da_pratica_do_projeto_arquitetonico/index.html#collapse-steps4b construtivos do projeto, quantitativos, orçamentos e compatibilizações imediatas com os projetos complementares. A evolução dos programas computacionais para execução de projetos tem sido cada vez mais necessária, veloz e adequada às solicitações do mercado de trabalho diante das avançadas tecnologias que hoje são disponibilizadas nas obras, tanto em termos de precisão e resolução gráfica quanto em relação à economia financeira dos escritórios de projeto e empreiteiras. Atualmente, os softwares de projeto e representação gráfica são indispensáveis para as exigências da sociedade no que diz respeito às aproximações necessárias entre ela e os espaços idealizados. Os programas de computador proporcionam novas experiências entre o ambiente que ainda não existe materialmente e as pessoas que precisam percebê-lo. ATENÇÃO As realidades virtuais, enquanto promovem confrontos visuais excelentes, não realizam a espacialidade relacionada à totalidade da dimensão estética. Tal experiência ocorrerá apenas a partir do momento em que as interrelações e os diálogos entre o corpo humano e o objeto ou o espaço edificado ocorrerem em sua totalidade. MATERIALIDADE Os materiais responsáveis pelo sistema estrutural, pelos componentes do sistema construtivo e pelos acabamentos especificados em um projeto de arquitetura ou de urbanismo são os principais veículos de expressão das ideias dos profissionais dessas áreas. Neste módulo, constatamos que na historiografia dessas ciências houve diversos momentos em que a importância da materialidade foi desconsiderada como responsável pela existência da forma arquitetônica. ATUALMENTE, O MERCADO DE TRABALHO TEM SENTIDO ENORME DEFICIÊNCIA EM QUESTÕES QUE SE RELACIONAM ÀS DECISÕES QUE PRECISAM SER TOMADAS PARA A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS CONSTRUTIVOS. MUITO DO QUE SE FAZ NAS ESCOLAS DE ARQUITETURA E URBANISMO É TRABALHAR OS OBJETOS DE PREOCUPAÇÃO DOS FUTUROS PROFISSIONAIS DE MODO BASTANTE APROFUNDADO NO QUE DIZ RESPEITO A CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS, DIAGNÓSTICOS E PLANEJAMENTOS, MAS, INFELIZMENTE, COM CERTO GRAU DE SUPERFICIALIDADE EM RELAÇÃO À CONDIÇÃO MATERIAL DA ARQUITETURA. As criações prezam por excelência por pautarem-se em conteúdos textuais riquíssimos, embora a materialidade seja raramente discutida. Além do mais, disciplinasde caráter prático, excetuando aquelas em ateliê de projetos, são pouco representativas nos currículos mínimos dos cursos. Há alguns, inclusive, que percorrem os 10 períodos estipulados pelas diretrizes curriculares do Ministério da Educação sem promover sequer uma visita a qualquer canteiro de obras. ATENÇÃO O ensino de Arquitetura mostra-se pouco ilustrativo em relação à importância da expressão arquitetônica que ocorre por intermédio dos materiais de construção. Eles precisam ser conhecidos e estudados, bem como suas relações e interferências em decisões de projeto e, especialmente, de detalhamento arquitetônico. O conhecimento de materiais e técnicas construtivas são de fundamental importância para os futuros profissionais de arquitetura e urbanismo. A materialidade dos edifícios e dos espaços urbanos protagoniza a expressão dos criadores em arquitetura e urbanismo. Os objetos criados necessitam dos materiais para que as emoções e expressões próprias dos projetistas possam ser expressas e, consequentemente, sentidas pelas pessoas que usarão esses mesmos objetos. A MATERIALIDADE CONDICIONA A INFORMAÇÃO QUE O ARQUITETO QUER TRANSMITIR. DO MESMO MODO, A SOLIDEZ DO EDIFÍCIO DEPENDE DIRETAMENTE DA CONJUGAÇÃO ENTRE O DESENHO DE SUA ESTRUTURA E OS MATERIAIS DA QUAL ELA É FEITA. O edifício projetado e construído em sistema construtivo de estruturas metálicas se mostrará diferente às pessoas se comparado a outro, mesmo com proposta e programa arquitetônico idênticos, construído em concreto armado ou madeira. As relações entre peças e conexões, vãos, aberturas, paredes, pisos e coberturas serão totalmente diferentes, de acordo com os materiais empregados. O modo de projetar em bambu e sua expressão formal, se diferencia completamente das posturas projetuais que se tomam em relação a uma edificação em alvenaria ou steel frame. O projeto e o objeto são mensagens formais diferentes, a depender dos materiais e sistemas construtivos adotados. A materialidade, portanto, mostra-se responsável não somente pelas possibilidades de robustez e proteção, mas sobretudo pela capacidade que tem de veicular a expressão da arquitetura e do urbanismo. OS MATERIAIS QUE SÃO ESPECIFICADOS NOS PROJETOS DEPENDERÃO DO CONHECIMENTO QUE SE TEM A RESPEITO DELES E DE SUA PARTICIPAÇÃO NAS DECISÕES DE DETALHAMENTO CONSTRUTIVO EM TODAS AS SUAS ETAPAS. 1 As ideias iniciais, que caracterizam os esquemas conceituais e os estudos preliminares, determinarão as propostas a serem desenvolvidas e os sistemas construtivos escolhidos, bem como o conceito, com base no qual o arquiteto e urbanista resolverá as questões postas pelas necessidades dos futuros usuários. Nessa fase, o projeto ganha propulsão em função dessas primeiras escolhas ligadas à materialidade e ao conceito adotado. Na etapa de anteprojeto, os sistemas estruturais e os materiais correspondentes aos projetos de instalações, além das condições geométricas impostas pelas especificações iniciais, conduzirão as primeiras decisões de compatibilização prévia dos projetos adicionais que comporão o edifício e o atendimento global das necessidades prementes relacionadas aos espaços projetados. 2 3 Após as verificações e aprovações do anteprojeto ocorre a etapa de projeto executivo, seu detalhamento e especificação completa. Aqui serão necessários dois campos de diálogo: o primeiro, entre as exigências definitivas dos projetos complementares e as propostas expressivas da arquitetura; e o segundo, entre o repertório de informações do arquiteto e as soluções a serem atendidas ao longo do processo. A materialidade será completa e compatível com as idealizações dos arquitetos e urbanistas quando configurar-se como resposta, justa e correta, aos desejos e anseios dos usuários do imóvel ou do espaço urbano. Também será eficiente em função da quantidade e da qualidade de informações trazidas pelos projetistas em respeito à complexidade do detalhamento de arquitetura e das especificações dos materiais, sempre levando em consideração os avanços tecnológicos do mercado de vendas, da disponibilidade de acesso a esses materiais, custos, resistência e durabilidade. Apesar de em arquitetura e urbanismo o projeto ser o elemento de maior presença como exercício científico e intelectual, a construção e a materialidade são as responsáveis pela vivência das pessoas nos espaços. Portanto, se a questão da matéria não estiver à frente das preocupações de arquitetos e urbanistas, minimizaremos as possibilidades de valorosas experiências sensoriais. ATENÇÃO Lembrem-se sempre de que a materialidade é o espaço arquitetônico e urbanístico em sua totalidade. O que vamos propor em termos de espaço e matéria será consolidado como parte da vida cotidiana das pessoas, de modo ruim ou bem-sucedido. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Analisar pontos de vista relativos a preceitos fundamentais das ações em arquitetura e urbanismo, tais como utilidade, solidez, beleza, forma, função, vocabulário e linguagem arquitetônica Carregando conteúdo CONCEITOS EM ARQUITETURA E URBANISMO A Arquitetura e o Urbanismo possuem uma série de palavras e conceitos inerentes a elas, utilizadas por seus profissionais, professores e estudantes. Como em qualquer outra ciência, seu vocabulário é cotidianamente utilizado para a comunicação de mensagens e ideias, especialmente entre seus pares. ATENÇÃO Muitos dos termos e significados estendem-se também a pessoas externas ao meio. Outros, mais herméticos, muitas vezes são mal compreendidos, inclusive pelos próprios profissionais. De um modo ou de outro, a todos que desejam lidar com os incidentes da arquitetura e do urbanismo, é importante que haja entendimento sobre pelo menos alguns dos termos mais comumente utilizados, que buscam descrever não somente os elementos que fazem parte do dia a dia da profissão, mas especialmente aqueles que oferecem e explicam seus conceitos mais fundamentais. Neste módulo, apresentaremos alguns desses termos, a fim de ampliar nosso repertório de informações sobre o universo científico e profissional de arquitetos e urbanistas. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ARQUITETURA E URBANISMO: A TRILOGIA VITRUVIANA A partir do século XV, quando a Europa adentrava o período do Renascimento, a Teoria da Arquitetura voltou à pauta para categorizar e orientar as práticas de construção e, especialmente, de projeto. Até o período da Idade Média as edificações ocorriam com intenção de projeto e edificação, mas não tinham parâmetros sólidos sobre o fazer arquitetônico. As construções baseavam-se nas experiências dos artesãos, em diferentes atividades. Para se projetar e construir a sociedade valiam-se da mão de obra e do conhecimento de grupos especializados, denominados guildas, que executavam as diversas tarefas para se erguer um edifício: pedreiros, carpinteiros, vidraceiros, ferreiros e outras associações de trabalhadores. AS EDIFICAÇÕES ERAM CONSTRUÍDAS À BASE DE CONHECIMENTO PRÁTICO E DO SABER- FAZER EMPÍRICO. A PRINCIPAL ATITUDE PROFISSIONAL ERA CONSTITUIR MATERIALMENTE OS ESPAÇOS HABITÁVEIS À BASE DA TENTATIVA E DO ERRO. A QUALIDADE ARQUITETÔNICA DESSES GRUPOS CONSOLIDAVA-SE PELOS ENSINAMENTOS E TREINOS QUE OCORRIAM NA PRÁTICA DAS OBRAS QUANDO OS ARTÍFICES MAIS EXPERIENTES REPASSAVAM SEUS CONHECIMENTOS AOS INICIANTES. Neste período não havia tratados teóricos sobre como direcionar as atividades em arquitetura. Apesar desta existir como estrutura de conhecimento e prática, somente em seguida ao início dos estudos renascentistas consolidou-se como estrutura teórica. O Renascimento foi marcado, entre outras coisas, por ser um período de retomada e readaptação dos conhecimentos da Antiguidade Clássica, basicamente grega e romana, que constituíam o acervo das inúmeras bibliotecas medievais, especialmente aquelas conservadas e resguardadas em mosteiros e abadias. Desse modo, os estudos daquele momento redescobriram os tratados teóricos romanos intitulados De ArchitecturaLibri Decem, de Marcus Vitruvius Pollio, e passaram a lidar com questionamentos sobre o essencial para a construção do edifício ou, em outras palavras, sobre como pensar e realizar a arquitetura. Segundo os ensinamentos de Vitruvius, para edificar dignamente o arquiteto deveria conceber o projeto — e posteriormente materializá-lo a partir da construção — dotando-o de três atributos essenciais, representados por três vocábulos latinos: utilitas, firmitas e venustas. UTILITAS Diz respeito à função dos espaços a serem utilizados, ou seja, para que e a quem se destina o edifício. FIRMITAS Refere-se à solidez da edificação. Explica como ela pode tecnicamente ser erigida e demonstra sua capacidade de permanência e durabilidade ao longo do tempo. VENUSTAS Tem a ver com as experiências estéticas que os espaços proporcionam. O termo, como parte da sinonímia do vocábulo belo, apresenta e discute o aspecto que o edifício terá após sua realização. PARA A TEORIA VITRUVIANA E, POR CONSEQUÊNCIA, PARA O SABER MODERNO, A ARQUITETURA NÃO PODERIA PRESCINDIR DO EQUILÍBRIO ENTRE ESSES TRÊS CAMPOS DE ABORDAGEM DO OFÍCIO CONSTRUTIVO. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Leon Battista Alberti. Em 1450, o arquiteto e teórico Leon Battista Alberti escreve a obra De re aedificatoria, amplamente baseado nos escritos de Vitruvius e acrescenta que o arquiteto, ao resolver a tríade proposta na Antiguidade Clássica, estaria concretizando o bene beatique vivendum, ou a vida boa e beata. Disse Alberti, portanto, que a razão primordial da Arquitetura seria dar ao homem, por intermédio do construído, seja este o edifício ou a cidade, condições plenas para o enfrentamento da vida. A visão que conciliava os três atributos da Arquitetura no fundamento do novo pensamento renascentista, no entanto, conviveria com outra vertente do fazer arquitetônico anterior, oriundo da tradição medieval. Enquanto a teoria se estabelecia ao trazer a filosofia clássica vitruviana do utilitas, firmitas e venustas, a coexistência desta com a exuberância formal da arquitetura gótica poria em discussão a preponderância do aspecto exterior dos objetos construídos — venustas — sobre os demais. Tal contradição levaria Alberti a justificar essa e todas as outras respostas formais como uma consequência e não como a razão principal da arquitetura, porque, segundo ele, a forma arquitetônica originou-se em função das necessidades humanas e as experiências estéticas estabeleceram-se em função dos espaços construídos e não ao contrário. Ou seja, os edifícios adquiriram qualidade estética com base em seus atributos essenciais de forma e função. A beleza da forma construída, segundo Alberti, encontrava-se somente ao nível do deleite superficial, autônomo e independente da totalidade da arquitetura. SAIBA MAIS Na atualidade, a prática profissional que dá ênfase à aparência externa dos edifícios seria rotulada como formalismo, pois eleva a elaboração formal ao nível de preponderância sobre os demais atributos da arquitetura. A aparência formal, contudo, só ocorrerá em função da essência construtiva do edifício. Daí retomamos o pensamento clássico de Vitruvius: a arquitetura, para acontecer, precisa conjugar, em harmonia e equilíbrio, os três universos significativos. O arquiteto que enfatiza somente um deles e se esquece dos outros dois comprometerá seu trabalho e desenvolverá projetos de edifícios incompatíveis com a diretriz fundamental da profissão. EDIFÍCIOS PROJETADOS COM BASE NA ORDENAÇÃO DOS ASPECTOS DA BELEZA, EM QUE CONCEITOS RELATIVOS À SOLIDEZ E À FUNCIONALIDADE SÃO MENOSPREZADOS E, NOS MESMOS TERMOS, PROJETOS QUE SÃO ELABORADOS COM BASE EM PREOCUPAÇÕES APENAS COM AS QUESTÕES DO FUNCIONAMENTO E DA HIERARQUIA DOS ESPAÇOS OU COM A CONSTITUIÇÃO FÍSICA, QUE DESPREZAM A EXPRESSÃO FORMAL DOS MATERIAIS E DA PLÁSTICA, PROVAVELMENTE ESTARÃO CONDENADOS A SEREM TRATADOS COMO CONSTRUÇÃO, NÃO COMO ARQUITETURA. A complexidade do fazer arquitetônico solicita constantemente que seus profissionais consigam encontrar caminhos equidistantes entre as exigências conceituais da técnica, da ética e da estética, pois a igualdade quantitativa e qualitativa dos elementos que conduzem todas as decisões para a elaboração dos espaços do habitar humano é a chave que fundamenta a correção profissional. ARQUITETURA COMO LINGUAGEM Qualquer sistema de comunicação de ideias e sentimentos que se vale de signos visuais, sonoros ou de outros tipos faz parte do que podemos chamar de linguagem. Esses signos, normalmente, são convenções construídas e tornam-se compreensíveis especialmente entre as pessoas que cultivam interesses e cultura em comum. EXEMPLO Libras, por exemplo, significa Língua Brasileira de Sinais, sendo utilizada por milhões de brasileiros surdos e por pessoas que a compreendem. Baleias, abelhas e golfinhos possuem linguagens próprias e, a seu modo, comunicam-se entre si. A nomenclatura da anatomia humana é um sistema consistente de informação de médicos e anatomistas, e a linguagem jurídica faz parte do dia a dia de juízes e advogados. Com a arquitetura não é diferente. Arquitetos e urbanistas utilizam objetos específicos para transmitir suas ideias práticas e teóricas sobre as atividades da profissão, além de estabelecerem, ao longo do tempo, um sistema de comunicação consistente e complexo, constituído, principalmente, de elementos gráficos — quando se trata de projetos e desenhos — e outro, de elementos sólidos, que transmitem suas mensagens e intenções por meio das construções. OS OBJETOS PROJETADOS — DESENHOS — E OS OBJETOS CONSTRUÍDOS — EDIFÍCIOS — DETÊM, FUNDAMENTALMENTE, A CONDIÇÃO DE EMISSORES DOS DISCURSOS PRETENDIDOS. A ARQUITETURA, EM SI, AO LONGO DE TODA A HISTÓRIA HUMANA, ADQUIRIU CONSISTÊNCIA COMUNICATIVA PORQUE OS ARQUITETOS A UTILIZAM COMO REFLEXO DE CARACTERÍSTICAS SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS E ANTROPOLÓGICAS DAS SOCIEDADES, RETRATANDO COM FIDELIDADE O PENSAMENTO DE UMA ÉPOCA. A linguagem arquitetônica utiliza a materialidade de edifícios e de imagens impressas ou desenhadas como intermediários entre as idealizações, filosofias de vida, visões políticas e ideologias dos arquitetos e as pessoas que as recebem e interpretam. Museu Riverside. Uma coluna dórica, para existir como tal, depende da consistência do mármore, da habilidade do pedreiro e da ideia do projetista. Ela constitui um bom exemplo do modo como a linguagem da arquitetura atua. Da mesma forma, os riscos abstratos produzidos durante décadas pela arquiteta Zaha Hadid solidificaram-se em formas arquitetônicas construídas e a consagraram como uma das mais importantes profissionais da contemporaneidade. ZAHA HADID Zaha Mohammad Hadid(1950-2016) foi uma arquiteta iraquiana-britânica identificada com a corrente desconstrutivista da arquitetura. Após se formar em matemática na Universidade Americana de Beirute, javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) passou a estudar na Architectural Association de Londres. Fonte: Wikipédia A arquitetura não é somente abrigo. Proteger os usuários de intempéries é apenas um dos objetivos a serem construídos. As experiências vividas no interior de edifícios e em espaços livres de edificações, nas cidades, são intrínsecas ao trabalho de arquitetura e urbanismo e fazem parte da doutrina de comunicação utilizada por quem os projeta e constrói. Além de abrigar, os espaços têm por objetivo proporcionar experiências e responder a requisitos humanos específicos. Por conta dessas intenções, naturais da arquitetura e do urbanismo, o sistema simbólico inerente a esses afazeres consolida em plenitude as relações entre seus emissores e receptores. ARQUITETURA E SIGNIFICADO O conteúdosemântico propagado pela arquitetura e pelo urbanismo utiliza uma série de conceitos que descrevem as razões de ser das atividades que os definem como ações de elaboração e constituição de espaços habitáveis. Nessa descrição são identificados três momentos cruciais que fazem parte dos processos de criação e que são incontornáveis para estruturar o ofício como campo de significação. O significado da arquitetura, portanto, ocorre em função de três episódios fundamentais: Primeiro momento, no qual se descobre os problemas que deverão ser resolvidos pelo projeto. Segundo momento, em que o arquiteto estabelece um conceito a ser trabalhado. Terceiro momento, quando todas as informações do projeto estão consolidadas e definidas.. Trata-se de momentos do trabalho criativo que condicionarão as decisões a serem levadas em consideração para que o projeto e as ideias se desenvolvam até que o espaço seja materializado. ATENÇÃO Não haverá projeto — e, consequentemente, significado — se o trabalho de elaboração dos espaços não for conduzido por meio dessa trajetória de ações. Os problemas que precisam ser resolvidos pelos arquitetos e urbanistas são apresentados a eles por meio de duas ações básicas: o levantamento completo dos elementos que definem o espaço a ser considerado como local de implantação do edifício; e a configuração do espaço de seu entorno e os requisitos humanos a serem atendidos pelas propostas. EXEMPLO Para se desenvolver um projeto de arquitetura, de paisagismo ou de urbanismo, é imprescindível que seja demonstrada e registrada a geometria completa do terreno, sua topografia, os elementos que fazem parte de seu contexto — vegetação, solo, vizinhança, clima etc. Além disso, todas as informações sobre a dimensão humana deverão ser caracterizadas, ou seja, as requisições dos futuros usuários e suas necessidades dimensionais, ergonômicas, psicológicas, existenciais e culturais. A compilação, a análise e a interpretação de todos os dados referentes a essa ação servirão como diretrizes para que o profissional encontre o objeto que reflete a segunda etapa do trabalho em arquitetura e urbanismo, que é o estabelecimento de um conceito. POR CONCEITO, ENTENDE-SE O TEMA QUE DEVERÁ GUIAR OS ATOS QUE CONFIGURAM AS DECISÕES DOS PROJETISTAS. A IDEIA, UTILIZADO COMO VETOR DO PROJETO, É UMA ABSTRAÇÃO QUE NASCE COM BASE NOS DADOS DE CONTEXTO A SEREM TRABALHADOS E NAS NECESSIDADES DAS PESSOAS. ATENÇÃO Em arquitetura, o conceito é responsável por conduzir todo o processo de criação, sintetizando as intenções a serem atingidas no trabalho, por isso o acompanha e o configura. Ele deverá ser revelado, preferencialmente com clareza, após a materialização dos espaços e das construções. Por isso, é elemento fundamental e imprescindível em todos os momentos. Após o conceito ser estabelecido o projeto se inicia. Definições serão consolidadas desde as origens das ideias e, ao longo do processo, novas informações serão adicionadas, especialmente em referência a exercícios de composição formal, legislação, técnicas construtivas, indicações dos projetos estruturais e de instalações e especificações de matérias e sistemas construtivos. O projeto crescerá em complexidade na medida em que essas e outras informações contribuírem para a moldagem definitiva da proposta projetual, determinando decisões específicas, relativas ao detalhamento construtivo e às ordenações de dados para a execução das obras. O SIGNIFICADO DA ARQUITETURA, PORTANTO, OCORRE EM FUNÇÃO DE TODAS AS ATITUDES PROJETIVAS DE SEUS AUTORES, CONDUZIDAS POR UM CONCEITO EXTRAÍDO NÃO SOMENTE DA TRIDIMENSIONALIDADE A SER TRANSFORMADA E DOS REQUISITOS PROGRAMÁTICOS QUE PRECISAM SER ATENDIDOS, MAS TAMBÉM DO REPERTÓRIO DE EXPERIÊNCIAS, PRÓPRIO DOS ARQUITETOS E URBANISTAS. ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO Arquitetura, além de projeto, é construção. As experiências estéticas que ocorrem entre as pessoas e os objetos e espaços que constituem a linguagem arquitetônica seriam impossíveis de acontecer se nessa relação não existisse a tangibilidade física. Se um dos entes responsáveis pela experimentação não fosse corporalmente palpável, ela não ocorreria. AS SENSAÇÕES QUE A ARQUITETURA DESPERTA NAS PESSOAS SOMENTE SÃO POSSÍVEIS DE ACONTECER PORQUE ESTÍMULOS RELATIVOS AOS CINCO SENTIDOS SÃO PROPORCIONADOS PELA MATERIALIDADE, OU SEJA, PELO ESTADO MATERIAL DAS CONSTRUÇÕES. Eventualmente e em especial, durante o processo de criação dos espaços ou por meio de fotografias de edifícios, a arquitetura pode ser contactada pelo sentido da visão. Contudo, pessoas que se relacionam com a arquitetura por desenhos e imagens apenas imaginam o espaço, não o vivenciam. A construção é a consequência lógica do trabalho em arquitetura e urbanismo. O sentido de se projetar, como diz o nome, é promover idealizações e fazer previsões sobre o que, em dado momento, existirá de fato. Apesar dos produtos gerados pelos projetos fazerem parte do que denominamos “arquitetura”, as construções são o seu objetivo e é nelas que as relações humanas acontecem. A FORMA E A FUNÇÃO Ponte do Brooklyn. Dois conceitos fundamentais, em arquitetura e urbanismo, referem-se diretamente à tríade teórica de Vitruvius: forma e função. O conceito de forma, apesar de originalmente ter sido considerado com amplitude de significação, perdeu tal característica ao longo da história. Suas raízes etimológicas o definem como sendo causa e consequência da aparência dos objetos. ATENÇÃO O que em tempos remotos significava a constituição intrínseca do objeto e, consequentemente, sua aparência epidérmica, na medida em que teorias e práticas arquitetônicas deixaram de se relacionar diretamente com o empirismo construtivo, os dois significados tornaram-se autônomos e a forma arquitetônica passou a ser considerada, em grande parte, como a expressão externa dos edifícios. A essência construtiva, que claramente é a geratriz de aparência e de plástica, perdeu seu lugar na significação do vocábulo forma. Especialmente após o período de exacerbação científica do Iluminismo, passamos a nos referir à forma de um objeto nos momentos em que os reportamos à sua fisionomia e esquecemos, na maioria das vezes, sua fisicidade. O FIRMITAS E O VENUSTAS DE VITRUVIUS, DE CERTA MANEIRA, FUNDIRAM-SE EM UM SÓ SIGNIFICADO. O termo utilitas manteve sua essência de significação. A utilidade e a funcionalidade dos edifícios, espaços livres e espaços urbanos são facilmente identificáveis quando buscamos descrevê-los. A funcionalidade, um dos itens primordiais do fazer arquitetônico, é um termo que está presente desde o início dos trabalhos de projeto, pois descreve, em grande parte, como os espaços devem ser utilizados, quais são suas funções, que tipo de atividades lá ocorrem, quais os equipamentos que os mobíliam, quem e como são as pessoas que vão vivenciá-lo. PENSAR A ARQUITETURA E O URBANISMO COM BASE EM IDEIAS PURAMENTE FORMALISTAS PODE PREJUDICAR SEU USO EM FUNÇÃO DE UMA VOLUMETRIA ELABORADA, QUE DESPREZA A QUEM SE DESTINA O PROJETO. DA MESMA FORMA, CRIAR ESPAÇOS COM FOCO UNICAMENTE EM USOS E FUNÇÕES, MESMO QUE BEM ELABORADOS, PODE GERAR OBJETOS SEM EXPRESSÃO ESTÉTICA. A chave do fazer arquitetônico está — como se descreveu na Antiguidade romana — em idealizar espaços que sejam funcionais, materialmente resistentes e esteticamente interessantes. VOCABULÁRIO ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO O vocabulário utilizado em arquitetura e urbanismo é definido em função de sua linguagem e seu significado. Assim sendo, o conjunto de elementos que caracterizam o campo de conhecimento dessas atividades relaciona-se com o modo que temos de compreendê-los. Os arquitetos e urbanistas, para criarem espaços onde forma, função e estética convivem em harmonia, valem-se de uma série de conceitos que são necessários para a realização dessa atividade. Em diversas referências bibliográficas e no dia a dia dos escritórios e das obras, os profissionais que elaboram espaços utilizam elementosgráficos e nomenclatura para bem transmitir suas ideias e executá-las materialmente. OS DESENHOS SÃO MEIOS DE EXPRESSÃO PODEROSOS, NA MEDIDA EM QUE CONSEGUEM TRANSMITIR AS MENSAGENS RESPONSÁVEIS PELA CONDUÇÃO DE INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DAS OBRAS. SEQUENCIALMENTE, AS AÇÕES QUE DIRECIONAM AS CONSTRUÇÕES, VALEM- SE DE UMA GAMA ESPECÍFICA DE VOCÁBULOS, QUE INDICAM E EXPLICAM COMO DEVEM SER REALIZADAS. De qualquer modo, o arquiteto deve considerar, durante seu período de formação e ao longo de sua vida profissional, que o conhecimento do vocabulário arquitetônico e urbanístico precisa ser constantemente enriquecido, sempre em função das novas tecnologias relacionadas às ferramentas de representação gráfica e aos novos materiais de construção. Os vocábulos e as condições de trabalho de projeto e obra, que período após período se renovam, serão necessários para que a arquitetura dos edifícios e das paisagens e as atitudes de planejamento urbano possam continuar a representar e a conter em si os reflexos da diversidade cultural e da presença humana na história do planeta. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A Arquitetura e o Urbanismo, como ciências que qualificam e tratam o habitar humano, lidam com questões específicas que buscam dar solução aos espaços para que possam conter em si atributos coerentes com as necessidades das pessoas no que diz respeito a três condições básicas: o atendimento aos usos requeridos, a solidez do abrigo e as experimentações estéticas que possam ser vivenciadas em edifícios, paisagens e núcleos urbanos. Para que isso ocorra, os arquitetos e urbanistas recorrem a informações apresentadas pelos futuros usuários dos espaços e definem estratégias de tratamento dos contextos em que serão construídos os edifícios, bem como seus entornos. Esse processo intelectual deverá ser conduzido por um conceito, nascido das análises das informações dadas, promovendo ações de elaboração e projeto em diversas etapas. Todas as atividades que configuram o fazer arquitetônico estabelecem uma linguagem típica da profissão do arquiteto e urbanista, com significados e vocabulários específicos, que esclarecem as responsabilidades desses profissionais e, especialmente, denotam atitudes que visam à espacialidade e à materialidade, além de explicar o porquê da expressividade plástica e das funções dos materiais e da tectônica, como diretrizes fundamentais para os projetos e para as construções. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMARAL, I. Quase tudo que você queria saber sobre tectônica, mas tinha vergonha de perguntar. Pós – Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São Paulo, v. 16, n. 26, p. 148-167, dez. 2009. BORGES F. F. O desenho e o canteiro no Renascimento Medieval (séculos XII e XIII): indicativos da formação dos arquitetos mestres construtores. São Paulo, Doutorado: USP, 2005. FIGUEIREDO, G. A. de. Os desfiles da forma carnavalesca na rua reformada da arquitetura. 2009. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. GONÇALVES, J.; BODE, K. (org.) Edifício ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2015. HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. OXFORD advanced learner’s dictionary. Oxford: Oxford University Press, 2020. PALLASMAA, J. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011. SCHEER, D. R. The death of drawing. New York: Routledge, 2014. (Kindle books). EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, pesquise: O vasto material publicado no site Vitruvius. A página da plataforma A Vida no Centro – O Melhor do Centro de São Paulo. CONTEUDISTA Guilherme Araujo de Figueiredo CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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