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Introdução a Filosofia A filosofia surge na Grécia, no século VI a.C, a partir da Thaumázein (maravilhamento do homem com a natureza), trazendo pensamentos acerca da realidade. Os primeiros pensadores a tratar desta experiência foram os pré-socráticos, mas a gênese das ciências humanas se dá com os pensamentos e obras e Sócrates e Platão. Por intermédio deles, verificamos o nascimento da ideia da racionalidade humana como centro, denominando a epistemologia como área do saber conectada com a filosofia. Antes da filosofia, o mito (mytheo), era usado para explicar tudo, sem se importar se a explicação fosse forçada ou fantasiosa. As palavras mytheo e logos, significam narrar, porém logos, é a narrativa racional, é dela que vem a lógica, diz sobre o que é claro e logico, onde as coisas são mais compreensíveis. No nascimento da filosofia há uma atitude do homem perante a natureza (physis), por isso os primeiros filósofos eram também cientistas (devido a essa atitude, passam a ser chamados de cientistas physicos, ou filósofos da natureza), há uma preocupação: de qual elemento surgiu tudo que existe? (Arquê), os gregos acreditavam que este elemento sempre existiu, não foi criado em um momento, como crê a fé Cristã. Cada filósofo sugere o que seria este elemento: Água – Tales de Mileto Ar – Anaxímenes Ápeiron – Anaximandro Terra – Xenófanes Fogo – Heráclito Homeomerias – Anaxágoras Átomo – Leucipo e Demócrito (depois de Sócrates). A filosofia não é produto de “milagre grego” ou “influência oriental”, ela surge de fatores reunidos: viagens marítimas, invenções (de moeda, da escrita, do calendário, da polis e da política). Após isso, os sofistas (vem de sophistes, sábio) refletiram sobre a homem e eu aspecto ético e político (o que é positivo, porém foram relativistas (negativo), ou seja, para os sofistas, na prática não há verdade ou bem absolutos em si, é verdade aquilo que aceitarmos como verdade, assim também para o bem, o que acaba por ser perigoso, pois assim pode-se relativizar o crime organizado, por exemplo. Sócrates vence o sofismo ao afirmar que tudo tem uma essência, que podemos também chamar de Serência das coisas, a razão de ser delas. A essência pode ser conhecida pela dialética (debate), esta tem dois momentos: I. Ironia: no sentido de questionamento II. Maiêutica: de parir ideias O dialogo pode também ser aporético (sem conclusão). A dialética se contrapõe a erística, que é o convencimento forçado, por meio de imposição, uma vez que a dialética convence pela explicação, é esclarecedora e o melhor caminho para a verdade. Filosofia e Teologia Durante a Idade Média, a filosofia esteve atrelada como uma escrava/suporte à teologia. Até que Tomás de Aquino, dirá então que elas são áreas do conhecimento completamente distintas, por terem métodos e principalmente objetos diferentes. Enquanto a filosofia trata do mundo natural, a teologia estuda o transcendental. Depois, ocorre também a separação filosofia-teologia feita por Guillermo Ockham. A partir daí, temos duas áreas de conhecimento distintas, porém com a ciência ainda dentro da filosofia. Ciência e Filosofia A ciência estava dentro da filosofia até o século XVII, quem a emancipa é Galileu Galilei, por volta de 1610, com o folheto Sidereus Nuncius (mensageiro sideral), essa separação já estava sendo feita lentamente por Tomás de Aquino. A passagem da Idade Média para Moderna é feita de rupturas que podem explicar o contexto revolucionário das novas ciências da modernidade, o primeiro fator são as navegações europeias. Esse pano de fundo possibilitou a disseminação de ideias que edificaram as ciências modernas. A revolução científica da idade moderna consolidou o termo ciência natural (que tem como base a própria experimentação empírica) Na Antiguidade a ciência era feita de apenas dois elementos: razão e o observação, na modernidade, acrescentou-se um terceiro elemento: experimentação. Diante disso, vê-se que a filosofia e a epistemologia da ciência são áreas que estabelecem um intenso contato com as ciências humanas. A raiz da ciência está em dois filósofos: Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eleia, que discutiam sobre a possibilidade de conhecer a verdade do mundo ou não. Para os gregos a verdade é imutável, está sempre presente. Segundo Heráclito, não encontraremos a verdade do mundo, pois ele muda o tempo todo. Parmênides, ao contrário, diz que a mudança do mundo é somente em aparência, sua essência segue sendo a mesma. Platão estudo com um discípulo de Heráclito, e foi influenciado por seus pensamentos, porém ao conhecer as ideias de Parmênides, percebeu que ambas as teorias fazem sentido, e criou a sua própria, a teoria de dois mundos, popularmente conhecida como mito da caverna. A teoria de Platão diz que a verdade se encontra no mundo inteligível (mundo das ideias, dentro da caverna), já no mundo físico (material, dentro da caverna), tudo muda o tempo todo. As descobertas modernas (América, imprensa, novo mundo), geraram ceticismo e desconfiança de que a verdade realmente chegaria a ser conhecida no mundo. A partir daí, surgiram duas correntes buscando alcançar a verdade: Racionalismo: criada por Descartes, um matemático, que diz que a matemática nos dá verdades indubitáveis (inquestionáveis), então só poderia a verdade estar na razão. Empirismo: criada por John Locke, Francis Bacon e David Hume, acredita que a verdade está na experiência. Criou-se uma disputa entre empirismo e racionalismo, por fim concluiu-se que a verdade vem da experiência, pois os sentidos captam a verdade do mundo e a leva para a razão. A ciência moderna, de Francis Bacon, valoriza a experimentação, sendo objetiva, universal e necessária; deve ser a mesma geograficamente e cronologicamente, necessária não em sentido de necessitar e carecer, mas de exatidão. Quando a Grécia é tomada pelo Império Romano, a discussão toma um novo rumo, e não se debate mais sobre ciência, mas sim, “Como ser feliz em um mundo conturbado? ”, visto que felicidades para os gregos era ter liberdade para tomar decisões, ser dono da própria vida e criar suas próprias leis, o que já não era possível após ter sido dominado por outro povo. Este questionamento acerca da felicidade durou cerca de 500 anos. A história (com Wilhelm Dilthey) foi a primeira ciência a perceber uma diferença metodológica entre todas as ciências, chamando de Ciências do Espírito o que hoje conhecemos por Ciências Humanas e caracterizando-as como qualitativas (e as exatas, quantitativas). Algumas ciências usam o método indutivo, que vai do individual para o geral (do particular para o universal), sendo a física um exemplo delas, sendo o universal, expressado no todo e no sempre. Já outras ciências usam o método dedutivo, do geral para o individual, como a matemática. Porém estes métodos não são os únicos. A filosofia tem vários métodos, inclusive por isso não é uma ciência, pois a ciência tem um método e objeto próprio e a filosofia vários. Dilthey acentua a hermenêutica, advindo do nome do Deus Hermes, significa interpretação. Outro método é a fenomenológico, que analisa fenômenos, a consciência e a intencionalidade, foi criado por Husserl, que dizia que ao conhecer a realidade trazemos conosco uma intenção, uma carga hereditária de visão de mundo, mas para conhecer a realidade do modo mais próximo da verdade, devemos nos esvaziar dessa carga já citada, esse esvaziamento chama-se epoché e se divide em duas: Noesis: do sujeito para o objeto, quando o sujeito se põe a conhece-lo, Noema: do objeto para o sujeito, quando o objeto “permite” ao sujeito saber o que ele é. A fenomenologia difere do positivismo, quase que se opondo, pois, o positivismo sugere que tudo é exato, preciso e pode ser expresso em números, enquanto a fenomenologia se expressa em conceitos,significados e sentidos, sustentando que nas ciências humanas a objetividade é a subjetividade. Alguns filósofos chegaram a criticar a ciência, dizendo que ela se tornou o “mito do cientifismo”, que leva a acreditar que a ciência explica tudo, outro mito é de que a ciência seria neutra, e não desenvolvida por enfoques pessoais, porém ela acaba por ser motivada pelos interesses dos cientistas. Karl Popper reflete sobre os limites da ciência e da pseudociência, portanto que para considerar uma teoria científica, deve-se lembrar que estas devem ser passíveis de falseamento e resistir a falseabilidade. Teoria não expostas ao falseamento e que pretendem explicar tudo não são científicas, são ideológicas, como as de Marx e Freud. É preciso deixar de lado as concepções subjetivas do mundo, principalmente as ideológicas, que são as correntes de pensamento que se apropriam das ideias como se fosse A verdade ao analisar a realidade. Por fim, o papel das ciências humanas é contribuir com uma visão crítica, e democrática da realidade, devem visar a neutralidade, lidando com os fenômenos sociais objetivamente. Filosofia e Cotidiano A filosofia se popularizou ao inserir a vida cotidiana em suas reflexões, começando por Schopenhauer (1788), depois Kierkegaard (1813), e Nietzsche (1844). Schopenhauer é considerado o primeiro pessimista, por pensar que a vida é sofrimento e devemos aceitar e sublimar isso pela arte ou pela busca da case budista. Nietzsche por outro lado, diz que devemos nos impor. Na idade média, acreditava-se que a essência precede a existência, e suponha que sendo filhos de Deus antes mesmo de nascermos, deveríamos nos comportar como tal. Já no século XX, na França, Jean-Paul Sartre criou a corrente existencialista, sendo uma inversão do pensamento da idade média, tendo por tema: a existência precede a essência, então quando viemos ao mundo, não somos nada, decidimos o que queremos ser e somos totalmente responsáveis pelo que nos tornamos, podemos escolher o que queremos pois estamos condenados a liberdade. É possível perceber que a filosofia está presente em grandes potências econômicas, sendo uma exceção a Alemanha. Quando a filosofia chega aos Estados Unidos, têm-se de ser algo prático e lucrativo, afinal, este é o berço do capitalismo, o que nunca foi um alvo da filosofia, afinal, o significado escola, em grego é “lugar do ócio”, não o ócio tedioso ou de ficar sem fazer nada, mas o ócio que permite pensar e organizar a mente e os pensamentos. Uma corrente filosófica norte-americana do século XIX que estudou o cotidiano prático foi o pragmatismo, herdando do empirismo a tese de que é por meio da experiência que conhecemos a essência das coisas. A essência do pragmatismo descreve a necessidade da prática do aprendizado, essa ideia colabora com a pedagogia e foi anexada nela por John Dewey. O pragmatismo norte americano (com Dewey, Pierce e James), tem reflexão filosófica aplicada a várias áreas, como psicologia, educação, pedagogia, política e já não enfatiza questões metafísicas. John Dewey escreve o livro Democracia e educação, refletindo dentro do pragmatismo filosófico, da educação voltada para a conscientização e política, citando em sua obra, que o propósito da educação é levar o educando a aprender a aprender, refletindo sobre educação para uma sociedade de consumo oriunda de democracias liberais. Cw2 – Ta2: A filosofia e verdades conflitivas A dialética é um método que perpassa muitos autores através da história e filosofia. Hegel foi um dos escritores responsáveis por amplificar essa ideia da dialética que se desenvolve por meio da história, estabelecendo as etapas de afirmação (tese), negação (antítese) e negação da negação (síntese). Norberto Bobbio (1999), historiador da filosofia, afirma que há pelo menos dois significados fundamentais acerca da dialética: a A dialética da ação recíproca, em referência a relação, conexão, unidade A dialética como processo por tese, antítese e síntese, em referência a movimento, processo, desenvolvimento. Marx define sua dialética contraria a de Hegel, que assentava suas ideias no idealismo, apresentando uma dialética materialista. De acordo com Marx, o mal-estar na sociedade se acentuou com o advento da revolução industrial, que deixou clara a existência de 2 classes distintas que lutam pelo poder dos meios de produção. Essa luta levará a um mal cada vez mais trágico e gerará, conforme Marx afirma, a ditadura do proletariado, o fim do mal-estar seria uma sociedade sem classes. Discurso e ideologia: significados filosóficos Os autores citados a seguir, são de um período extremamente frutífero para a filosofia da linguagem, o século XX. Acompanhe a linha do tempo abaixo: Ludwig Wittgenstein (1889-1951): pensador austríaco, naturalizado britânico. Um dos principais nomes da linguagem do séc. XX, sua obra abrange temas da lógica, filosofia da linguagem, filosofia da matemática e filosofia da mente. Michel Foucault (1926-1984): pensador da filosofia, história, psicologia e psiquiatria. Desenvolveu uma grande obra que percorre as relações de poder no prisma social. Avram Noam Chomsky (1928): produziu na área da linguística, filosofia e sociologia. Pai da teoria gerativista, considerado um dos formatadores da linguística moderna. Os três momentos do empirismo Aristóteles: desenvolveu a primeira versão bem fundamentada do empirismo, tendo como norte a observação científica, a criação de uma metodologia própria na investigação da realidade. Trata-se de um empirismo fundamentado no realismo, detalhando os objetos num composto de matéria e forma, esse mesmo objeto é descrito em quatro causas. Hume: descreveu o empirismo cético dando ênfase ao hábito e costumes no processo de descrição da realidade, prega contra a razão sendo o único guia da alma humana. Kant: uniu racionalismo e empirismo, numa teoria que falava do conhecimento a priori e posteriori, dos fenômenos e coisas em si, descreve a experiência em comum acordo com a razão pura. Pensamento, reflexão e filosofia A filosofia e as verdades conflitivas Vivemos em mundo paradoxal, nunca tivemos tanto alimento no mundo e também nunca tivemos tantas mortes por fome, o homem pisou na lua, mas outro nunca teve um calçado; essa distância entre ter tanto para poucos, nem somente em sentido material, mas de conhecimento também. Esse paradoxo não seria um thaumazein as avessas? O que encantou o homem na Grécia antiga foi a ordem, hoje percebemos a desordem, não temos mais ordem política, social, acadêmica. Seria na verdade então uma decepção, afinal a desordem não nos maravilha, apenas decepciona. Segundo Karl Marx, esse incomodo proveniente da natureza humana seria o apego a matéria, a centralidade do trabalho como dominação velada, gerando conflitos. O capitalismo é o auge do acúmulo e dominação. Nisto é importante não confundir capitalismo e capital, o capital sempre existiu, o capitalismo como o sistema que conhecemos foi construído, o capitalismo é usar o dinheiro para fazer mais dinheiro, não o usar para lazer, mas para lucrar mais. O processo dialético de apropriação do capitalismo abarca poder e conhecimento. A concepção de trabalho e ética mostra a privação de direitos como algo natural, quando na verdade isso foi plantado pelo capitalismo. No sistema atual, produtor e o produto tornam- se mercadorias compráveis, Marx afirma que o tempo do trabalhador está sendo roubado, a nossa sociedade é marcada pela desigualdade. Já segundo Freud, os processos psíquicos são inconscientes, os conscientes são atos isolados, são frações da vida psíquica, como apenas a ponta do iceberg, 95% da vida das pessoas normalmente é vivida de forma inconsciente. O inconsciente são os impulsos, tem primazia nos processos psíquicos, podem gerar angustia por vezes. Astendências sexuais podem gerar doenças e impactar no espírito humano, na cultura, na arte, como uma doença psicossomática. A estrutura mental determina a nossa saúde e vida psíquica e revela a origem do mal-estar segundo Freud: reprimimos nossos instintos inconscientes. Nietzsche (1844-1900) aborda o mal-estar criticando a racionalidade em prol da tragicidade, esse mal-estar só acabaria quando o übermensch (über: sobre, men: homem), este termo pode ser traduzido como super-homem, mas sem ligação com o super-herói, seria no sentido de homem forte, o homem além do homem ou sobre-humano, a pessoa que não precisa se agarrar em nada para fazer a vida valer a pena. Discurso e ideologia: significados filosóficos Tanto Freud, o pai da psicanálise, quanto Carl Jung, dirão que 95% das pessoas passa 95% da vida de forma inconsciente, sendo o consciente, apenas a ponta do iceberg. Freud, dizia que temos ide (impulso/instinto) é o inconsciente, ego (eu) consciente, e o superego (moralidade), ou seja, o instinto surge, a moralidade julga se é errado, e se for, o inconsciente é reprimido pelo consciente. Nietzsche diz que devemos vibrar com a vida, se impor, fazer valer a nossa vontade, amar a vida e buscar a força de vier dentro de si próprio, não em uma religião ou na arte, viver a vida e amá-la a ponto de escolhê-la outra vez em seus detalhes mais insignificantes caso fosse preciso reencarnar novamente na terra (Amor Fati). Tanto o pai quanto o avô de Nietzsche eram pastores, e ele foi educado para este fim, porém tomou outro caminho, se afastou da religião e chegou a criticá-la em sua carreira de filosofo. Aborda o mal-estar criticando a racionalidade em prol da tragicidade, a nossa verdadeira natureza não é percebida quando somos racionais, mas sim quando damos espaço aos nossos impulsos. Nietsche afirma também que bem e mal, são criações da moral dos fracos, A teoria de Nietsche fica conhecida como irracionalismo ou voluntarismo. O termo voluntarismo deriva de vontade. O trágico desafia e reclama a vontade de potência, esta é a afirmação incondicional da vida, vontade de viver fazendo a vida valer a pena A linguagem se tornou um problema filosófico, se tornou um paradigma da racionalidade. A filosofia, tal qual a história se divide em 4 momentos: antiga, medieval, moderna, contemporânea; porém as fases na história mudam quando ocorre um grande marco para a humanidade (queda do Império Romano, queda de Constantinopla, Revolução Francesa), já para a filosofia, não são grandes eventos que marcam o começo e final de eras, mas sim a mudança de mentalidade da sociedade, (por mentalidade pense em paradigma da racionalidade). A linguagem se faz no encontro de subjetividades, intermediadas por sinais (arte, filosofia, linguagem), tem componentes psicológicos e mentais articulados entre a consciência e a materialidade. Para se aproximar da verdade, a linguagem deve ter sentido e referência. Para Foucault, a linguagem reflete uma estruturação de poder, ao lado da moralidade, na linguagem os micro poderes podem colidir numa dinâmica relacional, aspirando convencimento. O filósofo Jürgen Habermas acentua a dimensão pragmática e a aceitação do ponto de vista do outro, criou a Teoria da Ação Comunicativa (TAC), que mostra como a democracia é a realização dos princípios básicos da comunicação humana. Por isso, Habermas defende a democracia deliberativa (deliberar é escolher) e a ética do discurso. A TAC requer condição ideal de fala. A verdade deve ser alcançada consensualmente, a partir do respeito e da tolerância. A democracia deliberativa de Habermas afirma que até a Idade Moderna, o mundo só tinha 2 esferas, a privada (família, amigos) e a política (reis, monarcas), na Idade Moderna surge a esfera pública (imprensa, sindicatos, ongs), essa tem a capacidade de condensar as opiniões, a opinião pública é a arma que mais assusta governantes monocráticos. Ludwig Wittgenstein (1951) na obra Tractatus, (onde fica conhecido como W1), faz uma análise da linguagem com a positividade das exatas, no aspecto de sentido e referência, sem não tem referência, não tem sentido, se não tem sentido, não tem porque falar, sendo para ele a linguagem um retrato da realidade, daí seu interesse pelo alcance da mesma. Já na obra Investigações (onde fica conhecido como W2), ele deixa de enfatizar a linguagem positiva, mas desenvolve os jogos de linguagem, as palavras têm diferentes significados dentro de um contexto, alega que nós produzimos o significado da linguagem pelo seu uso, e tenta responder o porquê de nos comunicarmos. Para o filósofo Noam Chomsky (1928), a linguagem possui uma gramática inata (gerativa, capacidade profunda não só de aprender uma língua, mas uma estrutura preparada para aprender a falar), a língua é um sistema radicado na mente, uma atividade criativa no sistema nervoso central. Chomsky diz que nossa gramática é normativa, e a linguística é descritiva, porém a gramática deveria ser explicativa. Aristóteles contribui para o pensamento crítico pautado em fatos, inaugurou uma filosofia mais realista, é empírico e pé no chão. A realidade é mescla de matéria e forma, oriunda da causa eficiente e tendendo a causa final, todas as coisas foram feitas por alguém e com uma finalidade (telos = razão de ser, motivo). A ciência é o conhecimento verdadeiro e causal, da essência necessária ou da substância. Aristóteles ressalta o aspecto demonstrativo da ciência, a contrapondo a opinião. Acaba criando uma ciência, que foi usada por mais de 2.000 anos sem alteração, a Lógica, só sofre alteração no séc. XIX, estruturada em deduções. A filosofia como fundamento crítico para as ciências humanas Platão dirá que nosso conhecimento vem por meio de recordação (reencarnação), Platão ensina Rousseau, que ensina Pestalozzi, que ensina Alan Kardec. Platão diz que ao reencarnar esquecemos o que foi contemplado no hiperurânio (hiper=acima, urânio=céu) e vai recordando ideias e conceitos. Platão e Aristóteles discordam, pois Platão chega a dizer que ciência é crença verdadeira e justificada, enquanto Aristóteles diz que ciência é conhecimento verdadeiro e causal. David Hume diz que vivemos iludidos, que a ciência é feita em cima de uma ilusão, achamos que existe lei de causa e efeito, que as mesmas causas sempre produzirão o mesmo efeito, o que não é verdade. Hume era ao mesmo tempo empirista e cético, empirista quando diz que conhecemos as coisas do cotidiano pela experiência, e cético em relação aos conhecimentos científicos, nada garante que as coisas continuem as mesmas daqui séculos, por exemplo. Ele buscava a certeza partindo da dúvida. Afirmava que em nossa mente existem apenas questões de fato e relações de ideias. As afirmações de Hume desafiaram Kant (1724-1804), levando-o a buscar estabelecer condições de possibilidade dos juízos científicos, ou seja, ele queria fundamentar a ciência. Naquele tempo, haviam 2 métodos: Análise/analítico: usado pela matemática, apenas analisa este método aceita a verdade antes (a priori), da experiência. Síntese: usado pela física, analisa e tira conclusões, aceita a verdade depois (a posteriore) Kant percebeu que a ciência se fundamenta em juízos sintéticos a priori, este pode ser definido como uma experiência bem-feita, levando em conta tudo que pode interferir em seus resultados, passa a ser válida para experiências semelhantes no futuro. Por alguns momentos, pode-se pensar que Kant foi desleal com Hume, pois Kant escreve 15 anos após a morte de Hume, afirmado o que Hume negava, e este já não podia debater pois estava morto. Porém, o que Kant estava escrevendo não é sobre como a ciência deveria acontecer, mas sim como ela vinha acontecendo, ele não escreveu sobre a ciência ideal, mas sim a real. Kant busca purificar a própria razão gerando a corrente filosófica denominadacriticismo, a razão tem uma estrutura inata segundo ele, mas não temos conhecimento inato. A razão tem acesso apenas ao fenômeno, mas não ao númeno Cw3: O processo de aquisição de conhecimento Platão afastou-se do conhecimento vindo das sensações, evidenciando a noção de ideia, conceitos que habitam a alma e não dependem da experiência para se formar, mas precisam das sensações para recordar ideias que já existiam em nossa alma Com pensamentos contrários a Platão, o pragmatismo, tem a tese de que é por meio da experiência que conhecemos a essência das coisas, a essência do pragmatismo descreve a necessidade da prática no aprendizado de qualquer coisa. Tanto o idealismo de Platão, quanto o pragmatismo contemporâneo são modelos teóricos e práticos de tradução do conhecimento científico. Opinião e conhecimento na contemporaneidade A expressão “Sociedade da Informação”, utilizada nos últimos anos do século XX, é um substituto para o conceito de “Sociedade Pós-industrial”, o que esse conceito das ciências sociais busca explicar refere-se as transformações técnicas, organizacionais e administrativas, que tem como fator chave os insumos baratos de informação propiciados pelos avanços tecnológicos, o termo “Sociedade da Informação” passou a ser usado como sinônimo de sociedade “Pós-industrial”. Há uma conexão direta entre o “Pós-industrial” e o Informacional, que remete a um paradigma de propagação de dados atual, com avanços tecnológicos na transferência e divulgação de informação, assim como na cadeia industrial. Na vida atual, andados com a informação imediata na mão, com a tecnologia nos bolsos, e um mercado de trabalho que nos exige flexibilidade absoluta, alterando nossa percepção de tempo, imediatista. Autores viram suas ideias se propagarem no início do século XX, já falavam sobre a massificação da informação e das tecnologias de propagação de dados, estes eram componentes da Escola de Frankfurt, que surgiu na segunda década do século XX, com crítica ao Marxismo Clássico, com vertentes políticas e militantes, tentando reinterpretar a obra de Karl Marx. Uma obra essencial da Escola de Frankfurt é a Dialética do esclarecimento (1947 – Theodor adorno e Max Horkheimer), na qual descrevem desde a Grécia Antiga, até a necessidade do ser humano de utilizar o esclarecimento como aspecto dominante da humanidade, tentando dominar as coisas físicas. Adorno e Horkheimer criticam a ideia iluminista de que a razão nos tira da escuridão, e nos dá um mundo melhor, ressaltando que isso é um mito. Outro pensador da Escola de Frankfurt, é Jürgen Habermas (1929), que traz a perspectiva da herança iluminista, que é a crença na esfera pública do debate, defendendo debate público democrático. Ou seja, Habermas contraria a primeira fase da escola de Frankfurt e traz uma segunda visão de ideias segundo a qual é por meio de debates públicos que podemos mostrar para a sociedade que a democracia é o único regime político verdadeiro e eficiente na resolução de nossas mazelas. Filosofia e Arte A área da filosofia que trata das artes e da beleza de forma geral é a estética. Na descrição de estética de Abbagnano, temos a “ciência filosófica da arte e do belo” em contraposição a uma perspectiva mais racional de conhecermos as coisas. A filosofia vê a arte e a beleza como algo concreto a se conhecer desde seus primórdios, um retrato dessa perspectiva é a obra de Platão, que defendia o potencial de conhecermos a beleza dentro de sua concepção de conhecimento. Conhecer de fato é conhecer as ideias, e ao conhece-las se deparar com as concepções mais importantes, que eram o bem, o bom e o belo em si. No final do século XIX, uma teoria que influenciaria todo o debate entre arte e conhecimento vindouro e ainda contemporâneo é a obra filosófica de Nietzsche (1844-1900), o apolíneo significa para Nietzsche o avanço da razão, aquilo que Sócrates e Platão inseriram no contexto do pensamento que é a primazia do bem e do belo racional. Nietzsche também nos lembra do impulso dionisíaco, que é sobre aceitar que nem tudo poderá ser visto pelo prisma racional e sim por um espectro de superação da vida comum. Nietzsche insere na filosofia no século XX, o componente trágico como uma forma de conhecermos e superarmos a realidade, o trágico seria a superação da vida pela arte, sendo a arte um componente estruturante do conhecer e do agir. A arte nos faz melhor e equaliza as potências apolíneas e dionisíacas. Walter Benjamin, foi frequentador da Escola de Frankfurt, pertencendo também ao movimento crítico à razão, ao capitalismo e estabelecendo-se como um questionador da indústria cultural. De acordo com Benjamin, quando o modo capitalista de produção toma conta da produção artística, a arte se transforma em produto, substitui-se uma existência única por uma existência serial. Platão apresenta a necessidade de se o conhecer o belo a partir das ideias, mas colocando de lado os artistas que emulavam cópias da realidade sensível. Nietzsche contraria a ideia platônica mencionando a necessidade da verdade dentro da obra de arte, por meio das revelações da tragédia, Benjamin aponta a massificação capitalista na arte e desenvolve uma crítica importante a arte dos séculos XX e XXI. Ta3: Filosofia e conhecimento Conhecimento é um modo de compreender e explicar o mundo. Temos 5 tipos de conhecimento, 4 abstratos (senso comum, religião, filosofia e ciência) e 1 concreto (prático, do saber fazer, técnica de fazer). A forma de conhecimento mais importante atualmente podemos pensar ser a ciência, outros mais imersos em questões religiosas podem dizer que o conhecimento mais importante é a religião, mas a verdade, é que nenhuma é mais importante que outra, todas são de grande importância. O processo de aquisição de conhecimento É importante primeiro distinguir a diferença entre conhecimento, inteligência e cultura. Cultura normalmente é adquirido pelos que se informam bem, ou que leem bastante, e em algum momento transformam a informação em conhecimento, afinal informação não é conhecimento, mas pode vir a ser. Sabedoria é saber aplicar o conhecimento adquirido. Há diferença entra saber e acreditar, o saber nos dá sabedoria e acreditar, nos dá a crença, a crença por vezes não tem fundamentação palpável. Platão vê na razão e não na sensação, a aquisição da verdade, segundo ele, a alma acessa a verdade no hiperurânio, a alma vive num mundo superior e já sabe tudo, por isso que em sua tese, conhecer é recordar, nossa alma já tem todo o conhecimento, e quando nos deparamos com ele, estamos nos recordando enquanto conhecemos. Conhecer é apreender o ser, a essência, indo além da aparência. O pragmatismo (empirismo), discorda de Platão ao enfatizar experiência e as sensações, que são o contrário da razão. O pragmatismo se vale do método indutivo e é a base da ciência moderna, indo de Darwin a Einstein. Opinião e conhecimento na contemporaneidade Desde a Grécia Antiga, filósofos já não se agradavam diante de algumas posturas diante do conhecimento, uma delas é a Opinião, o senso comum, o que nos daria mais condições de chegara verdade é a episteme e a filosofia, porém a verdade não deveria ser colocada como absoluta ou defende-la, pois ao defende-la estamos adotando uma postura de dono da verdade, é exatamente essa postura que a filosofia quer desconstruir. Para Thomas Kuhn, a objetividade da ciência depende do paradigma (modelo ou padrão) de referência, a ciência não está imóvel, seu movimento compreende: a ciência normal, surge uma anomalia, a ciência entra em crise, questiona o paradigma e busca um novo, então faz uma revolução e muda de paradigma. A ciência normal é uma explicação satisfatória e a anomalia é uma dificuldade de explicar. A soma das anomalias põe a ciência em crise, e gera uma nova ciência. O paradigma é umaunidade estrutural específica que fornecerá material para o trabalho científico, suas características são: 1. É um monopólio, inquestionável. 2. Promessa: promete que conseguirá explicar o mundo, dará acesso a verdade 3. Tem estruturas gerais, orientações, princípios, mas não é uma solução definitiva, é a melhor até o momento Opinião não é ciência e informação não é conhecimento, atualmente devido ao fácil acesso a informação, recebemos informações o tempo todo, porém essas por vezes são tendenciosas, fragmentadas, algumas até mesmo falsas e podem ser antidemocráticas e, politicamente projetar outsider’s (quando uma figura de fora da política, entra para a política, ex: Trump). A informação tecnológica é imediata, próxima e on-line, na palma da mão. Opinião e Conhecimento na Contemporaneidade Os filósofos antigos entendiam que a verdade deveria ser baseada em fatos, sendo esse um dado indispensável para chegar a verdade, ele não pode ser dispensado. Por muitas vezes as informações que recebemos não são baseadas em fatos, estaríamos vivendo na era da pós- verdade, que é quando o relato é mais importante que o fato, a fake News é um exemplo de pós-verdade. Mentiras suprimem verdades, opiniões suprimem ciência e assim fake News se propagam, promovendo confusão ao se contrapor à verdade. A Escola de Frankfurt já refletia sobre a massificação da informação na sua primeira geração, com Adorno e Horkheimer enfatizando a necessidade de esclarecimento ao ser humano, podendo a razão se tornar totalitária, um novo tipo de mito (mito do cientificismo). Adorno e Horkheimer refletem também sobre a razão técnica e a dominação tecnológica. Habermas é o maior pensador da segunda geração da Escola de Frankfurt, e lembra da contribuição iluminista à democracia, liberdade de expressão e eleição, Habermas diz que surge uma nova esfera: a esfera pública, antes disso haviam apenas 2: política e privada, a esfera pública é um espaço de liberdade a ser difundido e incrementado, nela se legitima o poder público diante da opinião pública, é necessário fomentar o debate público (de democracia deliberativa) antepondo-se à pós-verdade. Filosofia e Arte A estética é a ciência da arte e da beleza, o termo significa o termo pela sensibilidade, os pré- socráticos escreveram de forma poética sobre a physis (natureza). Platão será o primeiro a refletir e escrever de fato sobre isso, para ele o bem, o belo e o verdadeiro se misturam, são uma coisa só, exaltando a ideia do belo mas não eram fã dos artistas, pois eles retratam a realidade sensível que afastam da verdade, afinal para Platão a verdade não vem pela sensibilidade. Durante a Idade Média, a arte ficou presa a fé, só poderia retratar realidades bíblicas, no século XVIII, Baumgarten dá autonomia à estética, Schopenhauer vê na arte uma sublimação, uma das maneiras de suportar o sofrimento desse mundo. No século XIX, Nietzsche, fala do apolíneo (vem de Apolo, Deus da Luz, símbolo do que é correto) e do Dionisíaco (vem doo Baco, deus do vinho, festa e orgia, dele vem o termo bacanal), haveria então uma Arte Apolínea (sólida, erudita) e da Arte Dionisíaca (alegre, musical), para ele a arte que devemos buscar é a que nos enche de animo, não a arte “morta”. Outro filósofo que também reflete sobre arte, é Walter Benjamin, que critica o modo que o capitalismo se apropriou da arte, transformando-a em mercadoria, Benjamin discute sobre a reprodutibilidade técnica da arte (o fato de reproduzir músicas no toca disco), como algo que é feito só pra vender, perdendo o encanto, deixando o aspecto inspirador e revolucionário de lado. Porém Benjamin, também aponta que a reprodutibilidade técnica permitiu a democratização da arte, mas Adorno e Hockheimer não concordam, segundo eles não democratiza, mas sim vulgariza a arte, segundo eles a arte que chega para as classes mais baixas não tem qualidade, é feita apenas para lucrar Cw4: Violência como problema filosófico A violência não é um tema exclusivo da contemporaneidade, já é discutida desde a Antiguidade a origem desse mal, desde a violência cotidiana, até violências maiores, como o Holocausto, por exemplo, como deixamos que algo dessa proporção acontecesse? Primo Levi (1919-1987) foi um químico e escritor italiano, que sobreviveu aos campos de concentração, e nos traz a ideia avassaladora de Deus não existe, mas sim Auschwitz, coloca em dúvida a concepção de teologia e cosmologia como sistemas que objetivam uma bondade final de Deus, e em muitas linhas descreve a razão e a tecnologia em prol da violência e maldade humanas, a máquina de matar nazifascista, era a mais tecnológica e racional à época. A máquina de morte atômica norte-americana, também. A Escola de Frankfurt já estudava o que Primo Levi escreveu, de forma sistemática, narrando a falência do mito da razão e da tecnologia para as massas. Dentro da discussão do mal e da violência da filosofia, destacam-se dois autores, um deles é Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), consolidado como um dos grandes pensadores do iluminismo e da Revolução Francesa. Rousseau traz uma concepção do mal fundada no próprio ser humano e suas interações sociais, na dinâmica da convivência, não é a sociedade que corrompe o homem, mas sim a desigualdade entre os homens que traz o pecado e que é o verdadeiro mal, a origem da desigualdade é a posse das coisas. A solução para a banalidade (da superficialidade daqueles que agem pelo mal e pela violência a partir da tragicidade dos regimes totalitários) são instituições que defendam os direitos humanos e das minorias, conduzindo a sociedade para o caminho da civilização, evitando a barbárie. Por isso, o estudo dos direitos humanos se consolida no pensamento contemporâneo, Filosofia e questão racial A motivação do racismo, está na crença da superioridade de uma cultura em relação a outra, podemos definir como etnocentrismo das culturas. O etnocentrismo de ideias sempre existiu na medida que algumas civilizações se declaravam mais desenvolvidas que ouras, mesmo que o desenvolvimento fosse fictício. Pensando a questão racial na filosofia e seu impacto nas ciências humanas, devemos pensar numa das principais mazelas históricas, a escravidão nas Américas, em especial, no Brasil. Além da escravidão de corpos e mão de obra, havia também privação de qualquer manifestação do pensar. Com o fim da Segunda Guerra, e o fenômeno Pós-colonial, pensadores que discutem sobre a África, resgatam o pensar e a sabedoria milenares do continente. Diante desse contexto, dois pensadores falam do processo racial e histórico da África. O primeiro deles, é Oruka, um defensor da etnofilosofia, a ideia de que cada povo constrói suas ideias sem a linha imaginária de um pensamento universal hegemônico, por isso os povos africanos teriam tanta sapiência, sagacidade e sabedoria quanto ao povo europeu. Outro pensador contemporâneo Pós-Segunda Guerra, é Joseph-Achille Mbembe (1957), que produz em sua obra o conceito da ideia de necropolítica, partindo da obra de Foucault e sua noção de biopoder. Mbembe nos traz exemplos de vários locais do planeta, de como o poder da soberania agora é encenado com a criação de zonas da morte, onde a morte é o último exercício de dominação e a principal forma de resistência. Mbembe argumenta que a colonização da África e das Américas exacerbou o mecanismo da necropolítica. Uma das funções cruciais da filosofia e das ciências humanas é expor essas questões, na intenção de expor no debate democrático mazelas estruturais e sistêmicas para cada vez mais expulsarmos da sociedade a doença do racismo. Filosofia e política A marca que Jean-Paul Sartre deixou para a filosofia foi a fundamentação da filosofia existencialista, partindo da concepção de que nada há fora da própria existência humana (nada de Deus, anjos, demônios, almas, somente nossaconsciência). A liberdade é uma pauta fundamental para Sartre, ela está sempre guiando a existência, posso escolher o “não escolher”, com isso já estarei fazendo uma escolha. Na virada do século XX, surge Zygmunt Bauman (1925-2017), segundo Bauman, as relações sociais no que ele chama de modernidade sólida eram fortes e duradouras, mas no período que vivemos são apenas frágeis, passageiras e líquidas, parte dessa liquidez se dá pelos valores de uma sociedade visceral de consumo, na qual eu existo naquilo que posso comprar. Sartre apresenta um mundo de revolução cultural, fundamentado na própria existência e somente ela. Bauman mostra um mundo em revolução que parte do coletivo para o individual. Ta4: Temas contemporâneos Violência como problema filosófico A sociedade evoluída é sociedade pacífica, em contrapartida, o Brasil é o 8º país mais violento do mundo, responsável por 20% dos homicídios do mundo, sendo também o 8º mais desigual, todos a sua frente no ranking, são países do continente africano. Progredir é fazer um mundo melhor, não em questão apenas financeira mais de humanidade. O totalitarismo pode ser citado como forma de violência, suas ferramentas (controle de mídia, redes sociais e ambiente acadêmico), são retrocessos. Para Rousseau o mal se funda no ser humano e nas suas interações sociais, a nossa ganância, principalmente em relação a posses, é a origem do mal. Violência se supera com liberdade, quando mais liberdade, menos violência. Embora a violência não seja um tema central na obra de nenhum filósofo, ela se fez presente na obra de Hannah Arendt (1906-1975), era judia e fugiu dos nazistas para os EUA, se tornando apátrida lá, sem direito nenhum, após toda essa experiência de vida, escreveu os livros: A Condição Humana e Origens Totalitarismo, trabalhou também como correspondente do New York Times, fazendo cobertura do julgamento de Adolf Heichmann, responsável pela logística dos campos de concentração. Na sala de julgamento de Heichmann, Hannah esperava que entrasse alguém bruto, violento e estúpido, e é surpreendida ao se deparar om um homem magro, franzino, educado, de fala mansa e pausada, que acreditava não ter feito nada de errado, apenas seguia ordens, sua imagem não combinava com a proporção do mal feito por ele. Hannah cria então o termo banalidade do mal, nos acostumamos com o mal e não percebemos que é mal. A maioria das atrocidades, são feitas por pessoas comuns, em escala quase insignificante, e a somatória se torna uma violência extrema. A banalidade do mal origina a violência, acostuma-se com ele e essa normalidade é muito mais apavorante do que todas as todas atrocidades juntas. Superar a banalidade requer instituições fortes que defendam os direitos humanos, das minorias. Hannah reflete sobre totalitarismo, violência e a banalidade do mal, o totalitarismo se fortalece ao se articular com as grandes massas. É essencial batalhar pela democracia, pelos direitos humanos, fim do totalitarismo e demagogias perversas. Temos também a violência ligada a questão racial, o racismo é uma forma de violência e preconceito, o etnocentrismo sempre existiu, Atenas se achava superior a Esparta, mas perdeu a guerra, esse etnocentrismo foi sacudido pela Declaração Universal dos direitos Humanos, pois está diz que somos todos iguais, não podemos continuar admitindo a crença de superioridade de um povo sobre o outro. O racismo é estrutural, naturalizados nos costumes, nas práticas institucionais e históricas como um hábito do indivíduo tratar o outro como inferior. Filosofia e questão racial É inegável que o povo que mais sofreu com questões raciais foi e continua ainda sendo o povo africano, por muito tempo, usou-se a bíblia para justificar a escravidão, dizendo que os negros eram filhos de Caim (que matou Abel e fugiu para a África), escravizar um negro, era como dar a ele a pena que ele merecia por descender de um assassino da bíblia. Temos dois grandes filósofos africanos, Oruka (1944-1995) e Mbembe (1957 atualmente com 65 anos). Oruka contrapõe etnofilosofia e a filosofia universal, a etnofilosofia reflete problemas concretos (humanidade, pós-colonialismo), defendendo que a filosofia não tem raça, é um conhecimento de todos, não aceita o preconceito de que os negros são desprovidos de razão lógica e crítica, acentua a sagacidade e a tradição oral africana. Mbembe criou o conceito de necropolítica, uma política da morte, como contraponto do biopoder de Foucault. Biopoder seria a tendência de buscar a vida pelo poder, do poder preservar a vida, Mbembe inverte essa ideia, a necropolítica ocorre quando um povo domina o outro. A morte (física ou não), ainda faz parte da agenda política, a morte física está subtendida na agenda política, mas a morte não física (da cultura, dos valores) está muito presente na agenda política, a “síndrome do vira-lata” de achar tudo que é de fora melhor, é uma morte não física. A África e a América foram grandes palcos de necropolítica, a colonização mata sonhos, projetos e vidas. Mbembe explicita a razão trágica do sistema colonial e do capitalismo mercantil, o sistema coloca o lucro acima da vida humana e da preservação do planeta. O iluminismo prometia progresso pelas luzes da razão, os horrores do século XX (guerras e colonizações), colocam em cheque esse ideal. Sartre vivencia a desilusão iluminista e afirma que devemos traçar nosso próprio destino, o homem ao desejar a liberdade deve fazê-lo para si e para toda a humanidade, quanto mais liberdade, menos violência, mais responsabilidade. Filosofia e Política Atualmente discutir política é entrar em um campo minado, a partir do momento que se tem uma fala política todos ao redor tentarão perceber de qual “lado” você está, como se não foi possível identificar problemas em ambas. Platão dizia que o castigo dos bons que não fazem política é serem governados pelos maus que fazem. A política diz que a liberdade só ocorre em regimes democráticas, Sartre vincula liberdade e responsabilidade, o homem está condenado a ser livre e é totalmente responsável por suas escolhas, Sartre abraçou o socialismo, se opôs aos sistemas opressores. Um filósofo e sociólogo que pensou muito sobre questões políticas e sociais atuais, foi Zygmunt Bauman (1925-2017), que desenvolveu o conceito de Mundo líquido, reflete a passagem da sociedade sólida para um mundo líquido, de relações passageiras, frágeis, escorregadias, há uma ausência de solidez nas relações sociais. A liquidez se dá em valores temporários de uma sociedade de consumo, onde existimos no que compramos, quase não existem mais certezas, tudo rapidamente vira “antigo”, obsoleto.
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