Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estadual do Ceará - UECE Faculdade de Veterinária - FAVET Alimentação e Nutrição de Não Ruminantes Alimentação e Nutrição de Felídeos Silvestres Docente: Discentes: Amanda Ribeiro de Sousa Erica Maria Sousa de Queiroz Campos Gabriela Lima Araujo Fortaleza - CE Julho - 2022 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO..................................................................................3 2.OBJETIVO........................................................................................4 3. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................5 3.1. Espécies de felinos selvagens..................................................5 3.2. ECOLOGIA DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO..........................5 3.2.1. Hábitos alimentares.................................................................5 3.2.2. Alimentação em Cativeiro.......................................................6 3.2.3. Formulação de dietas para felinos silvestres.......................6 3.2.4. Equação para determinação de energia na dieta de felídeos...............................................................................................8 3.2.5. Alimentação e nutrição de neonatos...................................10 4. PATOLOGIAS ASSOCIADAS À MÁ NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO.................................................................................11 5.CONCLUSÃO.................................................................................13 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................14 2 1. INTRODUÇÃO Os felídeos silvestres pertencem a um grupo de mamíferos bastante diversificado, com espécies de tamanhos, peso e pelagem distintos, entre outros fatores. Anatomicamente são similares ao gato doméstico. São os maiores predadores terrestres, sendo especialistas na caça de presas vivas. Esses animais têm uma ampla e natural distribuição geográfica por quase todos os biótopos do planeta, com exceção da Austrália e Antártica (FELIPPE; ADANIA, 2014). Apesar da sua ampla distribuição, a abundância de muitas espécies está diminuindo, e praticamente todas estão ameaçadas de extinção. Atualmente, a maior causa do declínio da população de felídeos selvagens na natureza é a destruição e a fragmentação dos seus hábitats em consequência do desenvolvimento agrícola e pecuário, da exploração de madeira e mineração, das construções de represas e hidrelétricas, expansão urbana, além dos atropelamentos, tráfico e da perseguição direta na forma de caça e abate (FELIPPE; ADANIA, 2014). Dessa forma, a presença de espécies de felídeos selvagens em cativeiro, como zoológicos, é de suma importância para garantir que esses animais não sejam extintos. Sendo a nutrição uma ferramenta extremamente essencial na manutenção dessas espécies, ajudando a prevenir doenças com fatores alimentares e proporcionando maior qualidade de vida aos animais em cativeiro. O conhecimento da nutrição da vida silvestre é o ponto central para a sobrevivência e produtividade de todas as populações silvestres, estejam elas em cativeiro ou em vida livre (ROBBINS, 1993; FARIA, 2011). 3 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão de literatura, abordando os hábitos alimentares dos felídeos silvestres, tanto na vida livre como em zoológicos; abordando aspectos relacionados à sua biologia alimentar, afim de auxiliar na especificidade sobre os cuidados da nutrição desses felinos na neonatologia; além de abordarmos a importância que a formulação de uma dieta equilibrada e especializada pode acrescentar na vida desses animais, visto a importância do médico veterinário na formulação das dietas desses animais em zoológicos para a prevenção de patologias ocasionadas por deficiências nutricionais. 4 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. Espécies de felinos selvagens A Família Felidae está classificada dentro da Ordem Carnívora, que por sua vez pertence à Classe Mammalia (NOWAK & PARADISO, 1991). Atualmente está dividida em duas subfamílias (Felinae e Pantherinae), e conta com 14 gêneros e 40 espécies (WILSON & REEDER, 2005) distribuídas por todos os continentes, exceto Austrália e Antártida (GENARO; ADANIA; GOMES, 2001). A América do Sul, América Central (incluindo Antilhas) e parte tropical do México compõem a Região Neotropical (NOWAK, 1999). De acordo com OLIVEIRA & CASSARO (2005); as espécies neotropicais são divididas em três linhagens: maracajá (Leopardus), puma (Puma) e pantera (Panthera). O Brasil é o país que apresenta a maior diversidade de espécies de felinos selvagens do mundo. Das 40 espécies conhecidas, 10 ocorrem na região neotropical e destas, 8 ocorrem no Brasil (OLIVEIRA & CASSARO, 2005). Segundo WILSON & REEDER (2005); as oito espécies de felídeos selvagens que ocorrem no Brasil são: jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-maracajá (Leopardus wiedii), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), gato-do-mato-grande (Leopardus (Oncifelis) geoffroyi), gato-palheiro (Leopardus (Oncifelis) colocolo), gato mourisco (Puma (Herpailurus) yagouaroundi), onça-parda (Puma concolor) e a onça-pintada (Panthera onca). 3.2. ECOLOGIA DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 3.2.1. Hábitos alimentares Na natureza os felinos se alimentam de outros mamíferos pequenos ou grandes (dependendo da espécie), de peixes, e de algumas aves e répteis. Conhecer a alimentação em vida livre desses animais é essencial para a elaboração de uma dieta em cativeiro, no entanto, é impossível reproduzir com exatidão essa alimentação, pois no confinamento não se tem a grande diversidade de alimentos encontrados na natureza, não ocorre a caça e os animais não possuem um território vasto. Dessa forma, a dieta oferecida deve ser feita com o máximo de aproximação da alimentação que o animal teria em vida livre. 5 3.2.2. Alimentação em Cativeiro A dieta oferecida pelos zoológicos e criadouros brasileiros é constituída basicamente de carne bovina, pescoço de frango e pintainhos de um dia, considerando o baixo custo e boa aceitação pelos animais (SILVA, 2018). Ao contrário do que observado nos zoológicos norte-americanos, as rações comerciais não são comumente oferecidas aos nossos felídeos. Isto porque, apesar de ser uma ótima opção pelos seus valores nutricionais e por facilitarem o cuidado de modo geral, devem-se considerar o alto custo e pouca aceitação pelos animais que vieram, principalmente, de vida livre. (FELIPPE; ADANIA, 2014). A quantidade fornecida depende muito da espécie de felino, e a frequência com que o alimento é oferecido também, como nos grandes felinos (onça pintada e onça parda, etc) que não comem todos os dias, porém a condição física é comportamental deve ser avaliada. Um ponto importante para salientar é o fato de felinos não produzem taurina, e geralmente os animais obtêm a partir metionina e da cisteína e os felídeos não possuem o sistema responsável de realizar esta transformação, ficando dependentes da ingestão de taurina. Além disso, eles também não utilizam a glicina, aumentando a demanda de taurina, isso ocorre pois os animais não felinos formam seus sais biliares a partir da taurina e glicina. 3.2.3. Formulaçao de dietas para felinos silvestres A alimentação do grupo dos pequenos felídeos neotropicais na natureza constitui-se basicamente em pequenos mamíferos, aves, répteis, insetos e peixes. Os grandes felídeos têm preferência por mamíferos de médio a grande porte; no entanto, em consequência da degradação ambiental, são frequentes os relatos desses animais atacando criações domésticas. Quando falamos de formulação de dieta para um felino em cativeiro é mais do que necessário conhecer a Anatomia do Trato Gastrointestinal dessa espécie de animal para que a formulação seja elaborada de maneira que satisfaça todas as necessidades nutricionais desses animais. 6 A relação entre os intestinos delgado e grosso é semelhante entre o leão, a onça pintada e o gato doméstico, no que se refere ao comprimento de cada área(estômago, intestino delgado, intestino grosso, ceco e cólon) em contraste com o comprimento total do trato. O intestino do gato doméstico mantém colônias bacterianas comparáveis com aquelas presentes em espécies herbívoras. Estas bactérias podem providenciar proteção contra bactérias invasoras, estimular a função gastrointestinal, no que se refere a imunidade, mobilidade e digestão de fontes de fibra para a produção de ácidos graxos voláteis (Suchodolski, 2011). Isto também é provavelmente similar em onças, porém, devido ao pequeno volume relativo do trato digestivo dos felinos, a contribuição dos ácidos graxos voláteis à digestão é provavelmente insignificante (SUCHODOLSKI, 2011). Para Wills (1996) um animal em manutenção a dieta deve ter as seguintes características: proporcionar quantidade, balanceamento e disponibilidade corretos de nutrientes para manter a saúde física e mental e as atividades; favorecer o melhor estado de saúde, e dessa maneira, reduzir a suscetibilidade às doenças; ser suficientemente rica em nutrientes para permitir que o animal supra suas exigências de nutrientes ao se alimentar de quantidades que estejam nos limites estabelecidos pelo apetite; ser suficientemente saborosa para assegurar um consumo adequado. Dessa forma, a dieta deve ser balanceada para cada ciclo de vida do animal e deve conter os ingredientes corretos para compor a necessidade básica de nutrientes e energia. Preparar uma dieta balanceada para felinos silvestres em Zoológicos não é uma tarefa simples, desde estabelecer a exigência nutricional à escolha e forma de oferecimento da dieta, bem como a adaptação a refeição e interação social do animal com outros presentes no mesmo recinto, o que torna difícil o animal equilibrar a própria dieta e satisfazer as necessidades fisiológicas (FARIA, 2011). Isso leva tempo e conhecimentos especializados, por isso em um centro de manutenção o importante é recuperar o animal e destiná-lo o mais rápido possível para que, em cativeiro ou na natureza, os animais possam receber dietas nutricionalmente balanceadas ao longo da sua vida. Quanto mais tempo permanecer nesses centros, maior a possibilidade de desenvolver problemas nutricionais e consequentemente, maiores a necessidade de balancear as dietas e 7 estabelecer um manejo diferenciado que garanta a ingestão de nutrientes (Faria, 2011). Logo, para elaborar uma dieta equilibrada, o técnico deve conhecer não só os anseios nutricionais, morfofisiológicos e psicológicos de cada espécie de felinos que se encontram nos recintos, mas também, elaborar uma a dieta que irá se adequar ao momento da vida, ao tipo cativeiro inserido (ex-situ ou in-situ), ao estado clínico, na palatabilidade, em alimentos livres de microrganismos, em quantidade e qualidade suficiente, digestível, de fácil obtenção e o mais econômica possível. De acordo com o elemento cárneo a ser oferecido, deve ser elaborado um suplemento alimentar específico (existem alguns disponíveis comercialmente) para corrigir principalmente a relação entre cálcio e fósforo (normalmente as carnes têm uma quantidade maior de fósforo do que de cálcio), quantidade de vitamina A (as carnes são nutricionalmente pobres), além de alguns aminoácidos específicos, como a taurina, por exemplo. No que tange à quantidade e à periodicidade, deve-se ter em mente que o sobrepeso também é uma manifestação clínica relacionada com a desnutrição, neste caso, pelo excesso de nutrientes. (FELIPPE; ADANIA, 2014). A ração comercial tipo Premium (composta em alimentos padronizados) para gatos domésticos pode ser utilizada, sendo bem aceita pelos pequenos felídeos, desde que seja inicialmente introduzida acrescida de carne, para adaptação e aceitação. O cuidado dos pequenos felídeos pode ser feito apenas com a ração comercial; no entanto, devem-se levar em consideração os aspectos relacionados com o bem-estar animal, uma vez que o comportamento da caça é suprimido. Neste caso, isso pode ser facilmente corrigido com a oferta de presas como enriquecimento ambiental. Diante disso, torna-se importante também, oferecer a todas as espécies de felídeos algum tipo de capim, como capim pé-de-galinha (Poa annua), fino (Brachiaria mutica), marmelada (Brachiaria plantaginea) ou naipe (Pennisetum purpureum) justamente para auxiliar na digestão, visto que os felídeos apresentam êmese, o que pode significar uma espécie de limpeza do trato digestório. 3.2.4. Equação para determinação de energia na dieta de felídeos 8 Sabe-se que cada espécie necessita de uma quantidade de energia na dieta para a manutenção de seu metabolismo e, consequentemente, de sua temperatura corporal, normalmente determinada pela relação entre superfície corporal e volume do animal. Em síntese, a necessidade pode ser obtida matematicamente por uma fórmula logarítmica que determina a “taxa metabólica basal”, ou seja, a energia mínima necessária para manter um organismo de uma determinada espécie e de um determinado peso vivo. Os cálculos envolvem elevar a 0,75 a massa do animal e multiplicar pela constante 70 (para mamíferos). O valor obtido corresponde às necessidades energéticas de manutenção do animal. Considerando o padrão de atividade do animal, podem ser acrescentados a este valor até 30%, de modo a se ter um valor ideal para que o felídeo não apresente sinais de sobrepeso. No que tange ao tipo de alimento (carne vermelha, de frango, vísceras), os valores de energia por grama de carne podem ser obtidos em tabelas de referência ou multiplicando-se o percentual de proteína e de carboidratos por 4, e o de gordura por 9; por exemplo: Pescoço de frango para uma jaguatirica de 10 kg: TMB = 70 (10) 0,75= 393,7 kcal + 20% = 472,47 kcal (FELIPPE; ADANIA, 2014) Logo, 100 g de pescoço de frango com pele oferecem cerca de 200 kcal. Portanto, o animal em epígrafe necessitará de cerca de 250 g diárias de pescoço de frango para sua manutenção e para as atividades corriqueiras de um animal cativo. Obviamente, este cálculo serve como um balizador, sendo preciso avaliar a condição corporal do animal para se fazer um ajuste fino da quantidade de alimento oferecida. Pescoço de frango para uma jaguatirica de 10 kg: TMB = 70 (10) 0,75= 393,7 kcal + 20% = 472,47 kcal (FELIPPE; ADANIA, 2014) Logo, 100 g de pescoço de frango com pele oferecem cerca de 200 kcal. Portanto, o animal em epígrafe necessitará de cerca de 250 g diárias de pescoço de frango para sua manutenção e para as atividades corriqueiras de um animal cativo. 9 Obviamente, este cálculo serve como um balizador, sendo preciso avaliar a condição corporal do animal para se fazer um ajuste fino da quantidade de alimento oferecida (FELIPPE; ADANIA, 2014). 3.2.5. Alimentação e nutrição neonatal Sabe-se que o leite materno felino possui um nível de imunoglobulinas constante durante toda a lactação, concentração proteica do leite diminui nos primeiros três dias e depois aumenta de 30% para 43% começando com um valor de 40 g/L e indo até 60 a 70 g/L, e o valor calórico do leite é aumentada de 850 Kcal/L no início da lactação para 1550 Kcal/L no meio da lactação (TAVELA, 2010). O sucedâneo neonatal precisa possuir propriedades nutritivas similares ao leite materno, além da palatabilidade e de um valor energético requerido de 22 a 26 Kcal/100 g de peso vivo no filhote para conseguir suprir as necessidades devido à falta do leite materno. O sucedâneo pode ser feito com 25 g de gema de ovo (1 gema), 150 mL de leite integral bovino, 20 g (1 colher de sopa) de creme de leite, 25 g de ração para felinos em crescimento, 25 mL de água, e suplemento mineral e vitamínico (TAVELA, 2010). Outra forma de fazer a alimentação neonatal é com fórmulas prontas de leite comercializadas fornecendo o alimento substitutivo de forma líquida para alimentação animal, esses produtos podem ser tanto produtos destinados para gatos domésticos, quanto produtos específicos para carnívoros silvestres. Alimentos suplementarespara recém-nascidos de uso humano também podem ser utilizados, como NAN ®. Porém, é importante que se observe no rótulo a quantidade de energia que disponibilizam a cada 100 mℓ do produto e qual grupo de nutriente que oferece a energia, se for calorias de composição lipídica, as mamadas podem ser mais espaçadas, e se forem os carboidratos, as mamadas devem ser mais próximas (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). O protocolo de alimentação inicia ao nascer com 5 mL/100 g por dia, aumentando gradativamente 1 a 2 mL/100 g a cada dia até termos uma alimentação diária de 20 mL/100 g na segunda semana, 25 mL/100 g na terceira semana, 30 mL/100 g na quarta semana e 35 mL/100 g por dia durante a quinta semana de 10 vida. A alimentação durante o dia do filhote precisa ser dividida em várias refeições e aquecida a 37-38ºC (TAVELA, 2010). É importante ressaltar que a administração do sucedâneo é via sonda orogástrica ou mamadeiras adaptadas estimulando o reflexo de sucção e o impulso de comer, aumentando a capacidade do estômago conforme as refeições.(CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). Ademais, precisam-se ter alguns cuidados na administração do sucedâneo como: o tamanho do estômago de um filhote é de 50 mL/Kg, então é preciso estar atento ao abaulamento do abdome, que fica nítido no caso de sobrecarga de alimento (aspecto piriforme), seja pela quantidade fornecida em cada mamada, seja pela maior frequência do que seria necessário, por isso o cuidado na divisão das refeições e, antes de cada mamada, a defecação e a micção devem ser provocadas mediante estimulação da região do períneo com um algodão aquecido, assim como se recomenda que o filhote seja pesado, o que possibilita a construção de uma curva de crescimento que pode ser utilizada para um ajuste fino da dieta já que se espera um aumento de peso, não só diário, mas entre as mamadas. (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). 4. PATOLOGIAS RELACIONADAS À MÁ NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO As doenças relacionadas à má nutrição e alimentação podem ser do tipo metabólico-nutricionais, é comum observar felídeos com erros de manejo alimentar principalmente relacionado à proporção cálcio e fósforo. Uma dessas doenças que podemos citar é a osteodistrofia que ocorre principalmente em animais jovens, podendo apresentar dificuldade em caminhar, sendo possível que evolua para paresia. (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). Ocorre aumento de volume das articulações e deformações ósseas, havendo predisposição a fraturas devido ao desequilíbrio da relação cálcio e fósforo na dieta. Deve ser feita a correção do manejo alimentar, carne associada a suplementos minerais vitamínicos, ou mesmo presas inteiras. (ADANIA, 2001). 11 A insuficiência renal é causada devido a sobrecarga renal dos carnívoros selvagens mantidos em cativeiro à base de dietas com excesso proteico, principalmente carne, com desproporção de Ca:P (ideal 2:1). (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). O animal apresenta anorexia, prostração, emagrecimento progressivo e aumento de volume no rim (SANTOS, 2003). É sugerido, como alternativa para tentar prevenir essa afecção, a utilização de animais inteiros na dieta. As intoxicações dos felídeos selvagens são devido à exposição de agentes tóxicos no meio ambiente. São poucos os estudos com esta temática no Brasil, na nova área da ecotoxicologia.(CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). O hiperparatireoidismo secundário nutricional é um distúrbio ósseo a partir de um distúrbio mineral induzido por desequilíbrios nutricionais (RODINI, 2003). É mais comum em filhotes durante o crescimento, causada principalmente pelo consumo de dietas compostas apenas de carnes ou tecidos orgânicos, que naturalmente apresentam uma desproporção na relação de cálcio e fósforo e/ou vitamina D. (CARDOSO, 2003). O comportamento reprodutivo de machos e fêmeas pode ser influenciado pelos perfis endócrinos tireoidianos, que podem ser representados, nos machos, por alterações da libido e redução na contagem espermática, enquanto nas fêmeas pode haver ciclos estrais ausentes ou irregulares, com consequente diminuição dos índices de concepção. (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). A obesidade é causada pelo oferecimento de uma dieta extremamente calórica e, muitas vezes, com poucas possibilidades de exercícios nos recintos dos felídeos, não é incomum a ocorrência de animais obesos, principalmente jaguatiricas, suçuaranas e onças. Leões e tigres também podem apresentar este distúrbio nutricional. Nesses felídeos, a deposição de gordura pode ser na região inguinal ou se acumular em toda a região abdominal. Devem-se incentivar estudos endócrinos relacionados com a obesidade aliados às práticas de enriquecimento ambiental (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2014). 12 5. CONCLUSÃO Dentro do objetivo de manutenção das espécies de felídeos selvagens em vida livre e em zoológicos existe a dependência de manejos alimentares e/ou compreensão da necessidade nutricional e alimentar desses animais. Também visando aumentar a qualidade da abordagem médica-veterinária, que ainda exige que estudos sejam realizados, faz-se necessário, aplicar e aprofundar-se cada vez mais na particularidade das espécies, visto que existem muitas diferenças entre cada uma delas. 13 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADANIA, C.H; SILVA, J.C.R; FELIPPE, P.A.N. Carnívora – Felidade. In: CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R; CATÃODIAS, J. L. Tratado de animais selvagens: Medicina Veterinária. 2 ed. São Paulo: Roca. Cap. 37.p.864-906, 2014. ADANIA, C. H.; MORAES, W.; GOMES, M. S. et al. Order Carnivora, Family Felidae (cats): medicine. In: FOWLER, M. E.; CUBAS, Z. S. (Ed.). Biology, medicine, and surgery of South American wild animals. Ames: Iowa State University, 2001. Alimentação e nutrição de felídeos silvestres. Slideshare, 07 de jun. 2010. Disponível em: https://pt.slideshare.net/Tavela/alimentao-e-nutrio-de-feldeos-silvestres. Acesso em: 26 de jun. 2022. CARDOSO, R. M.; BATISTA, K. M.; PEREIRA, G. N. et al. Hiperparatireoidismo secundário nutricional em três filhotes de onça pintada (Panthera onca) nascidos em cativeiro. In: XXVII CONGRESSO DE ZOOLÓGICOS DO BRASIL, 2003, Bauru. Anais do XXVII Congresso de Zoológicos do Brasil. 2003. FARIA, A, R, G. Manejo Alimentar e Nutricional de Animais Selvagens para Centros de Triagem. 2011. OLIVEIRA, M.C. Técnicas de enriquecimento ambiental para diminuição de estresse e manutenção de padrões de consumo de Panthera onça. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 25. Brasília: FARIA, A.R.G; Manejo alimentar e nutricional de animais selvagens para centros de triagem. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, 2011. RODINI, D. C.; OLIVEIRA, C. A.; GUIMARÃES, M. A. B. V. et al. Estudo dos perfis endócrinos tireoideanos (tiroxin T4 e triiodotironina T3) em onça pintada (Panthera onca) e gato mourisco (Herpailurus yagouaroundi). In: VI CONGRESSO E XI ENCONTRO DA ABRAVAS, 2002, Guarapari. Anais do VI Congresso e XI Encontro da Abravas. 2002. SANTOS, E. O.; GIACOMINI, C.; VON HOHENDORFF, R. et al. Insuficiência renal em gato -do- mato- pequeno (Oncifelis geoffroyi). In: XXVII CONGRESSO DE ZOOLÓGICOS DO BRASIL, 2003, Bauru. Anais do XXVII Congresso de Zoológicos do Brasil. 2003. SUCHODOLSKI, J. (2011). Microbes and gastrointestinal health of cats and dogs. Journal of Animal Science, 89, 1500–1530. WILLLS, J.M. Adult maintenance. In: Kelly, N.C. & Wills, J.M (eds.), Manual of companion animal nutrition and feeding. (pp. 44-46). Ames, IA: Iowa State Press, 1996 14 https://pt.slideshare.net/Tavela/alimentao-e-nutrio-de-feldeos-silvestres
Compartilhar