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1 Gabi Vieira 01/23 MEDFipGbi Sistemas orgânicos integrados OBJETIVOS: 1. Revisar a morfofisiologia da coluna lombar 2. Explicar a fisiopatologia da síndrome de compressão radicular lombar 3. Relacionar os sintomas apresentados com provável raiz comprimida e prováveis etiologias, incluindo os tumores de coluna 4. Entender a escala de tratamento da dor (não aprofundar os mecanismos de ação). Coluna lombar As vértebras lombares (LI a LV) são os maiores e mais resistentes ossos não fundidos da coluna vertebral, porque a quantidade de peso corporal sustentada pelas vértebras aumenta em direção à extremidade inferior da coluna vertebral. Os processos articulares superiores se dirigem medial e não superiormente e os processos articulares inferiores se direcionam lateral e não inferiormente. A região lombar da coluna vertebral, a área comumente referida como a menor do dorso, recebe o maior estresse. A função maximizada para o suporte de peso das cinco vértebras lombares (LI –LV) reflete -se em sua estrutura robusta: em vista superior, seus corpos são maciços e reniformes. Suas outras características são as seguintes: • Os pedículos e as lâminas são mais curtos e mais espessos do que de outras vértebras. • Os processos espinhosos são curtos, tem forma quadrilátera, planos e em forma de um pequeno machado e projetam -se diretamente na direção posterior. Esses processos são robustos para a inserção dos grandes músculos do dorso. • O forame vertebral é triangular. • As faces articulares superiores estão voltadas posteromedialmente (ou medialmente), enquanto as faces articulares inferiores estão voltadas anterolateralmente (ou lateralmente), orientadas aproximadamente no plano sagital. Tais articulações proporcionam estabilidade por evitar rotação entre as vértebras lombares, enquanto permitem flexão e extensão. A região lombar flexiona, por exemplo, quando você faz abdominais ou curva -se para pegar uma moeda no chão. Além disso, também a flexão lateral é permitida por essa região da coluna vertebral. Síndrome de compressão radicular lombar Os episódios de dor lombar na maioria dos casos são autolimitados. A dor vertebral que durar até 3 meses é chamada de aguda, os casos com duração entre 2 a 4 sem são as lombalgias subagudas e > 3 meses casos crônicos. Casos com períodos de acalmia, sem dor, mas que recidiva após um período e limita função e as atividades chamamos de recorrente ou reagudizada. Raramente, a dor lombar é um prenúncio de doença médica séria. Problema S14 P1 2 Gabi Vieira 01/23 MEDFipGbi A síndrome radicular é causada por raízes nervosas comprimidas ou irritadas, resultando em dor, dormência, formigamento ou fraqueza nos braços ou pernas. As raízes nervosas são ramos da medula espinhal que transportam sinais nervosos para o resto do corpo em cada região ao longo da coluna. A síndrome radicular é frequentemente causada por pressão direta de uma hérnia de disco ou alterações degenerativas na coluna que causam irritação e inflamação das raízes nervosas por esporões ósseos (bicos de papagaio) ou colapso dos túneis das raízes nervosas (forame). Os sintomas sensoriais são mais comuns do que os sintomas motores, e a fraqueza muscular geralmente é um sinal de que a compressão do nervo é mais grave. A qualidade e o tipo de dor resultante da síndrome radicular podem variar, desde um desconforto em uma determinada região, dolorida e difícil de localizar, até aguda e ardente. Terminologia Lombalgia – dor lombar Ciatalgia – dor no trajeto do nervo ciático Radiculopatia – dor vinculada a uma doença na raiz de um ou mais nervos. Lombociatalgia – dor lombar que irradia no trajeto do nervo ciático concomitante. Fatores de risco: Os fatores de risco associados às queixas de dor lombar incluem tabagismo, obesidade, idade, sexo feminino, trabalho fisicamente extenuante, trabalho sedentário, trabalho psicologicamente extenuante, baixa escolaridade, seguro de acidentes de trabalho, insatisfação no trabalho e fatores psicológicos, como desordem de somatização, ansiedade e depressão. Etiologia: Embora existam muitas etiologias da dor lombar, a maioria dos pacientes atendidos na atenção primária apresentará dor lombar inespecífica. Dor nas costas inespecífica: A grande maioria dos pacientes atendidos na atenção primária (> 85%) terá dor lombar inespecífica, sem causa provável identificável, ou apenas sugestiva. Muitos desses pacientes podem ter uma simples dor musculoesquelética e a maioria dos pacientes melhora em poucas semanas. Etiologias sistêmicas graves Entre os pacientes que apresentam dor lombar, nos serviços de atenção primária, menos de 1% terá uma etiologia sistêmica grave (síndrome da cauda equina, câncer metastático e infecção da coluna vertebral). Quase todos os pacientes com essas condições apresentam fatores de risco ou outros sintomas que devem ser identificados no exame clínico. Compressão da medula espinhal ou cauda equina - Existem muitas causas da síndrome da cauda equina, sendo a mais comum a hérnia do disco intervertebral em 22,7%, espondilite anquilosante em 15,9%, punção lombar em 15,9%, trauma em 7,6%, tumor maligno em 7,2%, tumor benigno em 5,7% e infecção em 5,3%. A dor é geralmente o primeiro sintoma da compressão medular, mas os achados motores (geralmente fraqueza) e sensoriais estão presentes na maioria dos pacientes no diagnóstico. A disfunção intestinal e/ou da bexiga geralmente são achados tardios. O diagnóstico e tratamento precoces melhoram os resultados. Câncer metastático O osso é um dos locais mais comuns de metástase. Uma história de câncer (excluindo câncer de pele não melanoma) é o fator de risco mais forte para dores nas costas por metástase óssea. Entre os cânceres sólidos, as doenças metastáticas dos cânceres de mama, próstata, pulmão, tireoide e rim são responsáveis por 80% das metástases esqueléticas. Aproximadamente 60% dos pacientes com mieloma múltiplo apresentam lesões líticas esqueléticas presentes no diagnóstico. A dor é o sintoma mais comum. Em pacientes com histórico de câncer, a dor repentina e intensa aumenta a preocupação com fraturas patológicas. Os pacientes também podem ter sintomas neurológicos de compressão da medula espinhal ou instabilidade espinhal. Abscesso epidural; Osteomielite vertebral Etiologias específicas menos sérias Menos de 10% dos pacientes com lombalgia terão etiologias menos sérias, mas específicas para a dor. • Fratura por compressão vertebral • Radiculopatia ; Estenose espinhal Outras etiologias: • Espondilite anquilosante; Osteoartrite ; Escoliose e hipercifose; Angústia psicológica Etiologias fora da coluna vertebral Existem também entidades clínicas que estão associadas a sintomas de lombalgia: • Síndrome do piriforme • Disfunção da articulação sacroilíaca Avaliação de risco de dor nas costas subaguda Pacientes que não melhoraram após quatro a seis semanas de terapia conservadora e que não receberam imagens na avaliação inicial são reavaliados. Pacientes que desenvolveram déficits neurológicos ou sintomas de infecção nesse ínterim devem ter imagens. Nos pacientes que tiveram indicações para imagens imediatas e tiveram resultados negativos, não repetimos as imagens nos pacientes se os sintomas não forem alterados. A repetição de imagens é indicada em pacientes com sintomas novos ou 3 Gabi Vieira 01/23 MEDFipGbi agravados ou novas preocupações que se desenvolvem nesse ínterim. A modalidade dependerá do diagnóstico suspeito e da modalidade do exame inicial de imagem. Radiculopatia ou estenose espinhal lombar Pacientes com sintomas persistentes devido a uma radiculopatia lombossacra ou estenose espinhal que não responderam ao tratamento conservador e que são candidatos e interessadosem terapias invasivas (por exemplo, cirurgia ou injeção peridural para radiculopatia) devem ter uma ressonância magnética para avaliação adicional e ser encaminhado para consideração para essas terapias. Risco de câncer - Em pacientes com dor lombar que não atenderam aos critérios de imagem imediata, mas que apresentam fatores de risco para câncer e não melhoram com terapia conservadora após quatro a seis semanas, avaliamos com radiografias simples e VHS (ou PCR). Os pacientes com uma radiografia positiva devem ter uma avaliação adicional apropriada para malignidade (por exemplo, avaliação do local primário, outra doença metastática). Pacientes com VHS positiva (ou PCR), mas radiografia simples negativa deve ser avaliada com ressonância magnética. Pacientes sem preocupações específicas - Em outros pacientes onde não há preocupações com uma etiologia específica, geralmente tratamos com terapia conservadora até oito semanas. Avaliação de risco de dor nas costas crônica - Pacientes que apresentam inicialmente dor lombar> 12 semanas de duração devem ser submetidos à avaliação de risco de dor nas costas aguda e subaguda. Em pacientes sem preocupações específicas que não receberam nenhuma imagem para as indicações mencionadas acima, se não houver melhora após 12 semanas, geralmente fazemos uma imagem com uma radiografia simples e consideramos a necessidade de encaminhamentos para avaliação e tratamento adicionais. Anamnese Deve incluir: Raça, idade e sexo: as diferentes patologias da coluna incidem preferencialmente em diferentes grupos populacionais. Início da dor: quadro súbito e intenso sugere uma hérnia discal, enquanto sintomatologia insidiosa sugere patologias degenerativas. A presença de fatores desencadeantes esportivos, profissionais e traumáticos pode levar ao diagnóstico correto. Localização da dor: difusa ou localizada em algum segmento específico da coluna. Irradiação da dor: com ou sem trajeto radicular específico. A dor irradiada abaixo do joelho geralmente é radicular. Dor irradiada apenas até o joelho pode estar relacionada com estruturas próprias da coluna (articulações posteriores, músculos e ligamentos). Ritmo da dor: a dor que piora ao repouso e melhora com o movimento sugere patologia inflamatória, como as espondiloartropatias. A dor que piora aos movimentos e melhora pelo menos parcialmente ao repouso sugere patologia mecânico- degenerativa. A dor fixa, de intensidade crescente, sem fatores de melhora, sugere patologia infecciosa ou tumoral. Características da dor: a dor radicular costuma ser lancinante, acompanhada de parestesias. Já a dor psicogênica costuma ser descrita em termos de sofrimento ou punição e não segue um trajeto dermatomérico específico, a dor da lombalgia mecânica costuma ser descrita como uma dor “surda”, profunda e mal delimitada. Presença de febre e perda de peso: são sinais de alerta para a pesquisa de infecção e tumores. Envolvimento psicoafetivo: também deve ser avaliado. Situação socioprofissional: deve ser avaliada com as possíveis consequências no diagnóstico e tratamento. Antecedentes pessoais e familiares: devem ser avaliados para que possam orientar um diagnóstico etiológico. Exame físico Exame físico geral + exame específico da coluna (Paciente em Ortostase) Inspeção A visão posterior permite identificar desvios no plano sagital, assimetria das cristas ilíacas, pregas glúteas e joelhos. A visão lateral permite observar hiperlordose ou retificação da lordose. Atenção especial deve ser dada ao exame da pele, à sinais inflamatórios, como edema e eritema, ao trofismo muscular e à obesidade. Mobilização Inclui flexão anterior, extensão e flexão lateral. Na flexão anterior, deve-se observar um movimento suave de reversão da lordose lombar normal. Devem ser notados movimentos anormais decorrentes de uma contratura muscular localizada. Às vezes, o paciente mantém a lordose e flexiona os quadris. Em geral, a dor na flexão é considerada originária dos elementos anteriores, como o disco, enquanto a dor à extensão se relaciona com os elementos posteriores, particularmente as articulações facetárias. Dor à extensão com melhora à flexão sugere também estreitamento do canal lombar. Na flexão lateral, também se deve observar uma curva harmoniosa, que pode estar interrompida nos casos de contratura muscular localizada. O exame da marcha permite observar atitudes viciosas, bem como alterações das demais estruturas do membro inferior. Alguns testes motores ajudam no diagnóstico de lesões radiculares. Sendo assim, a lesão da raiz S1 dificulta a marcha na ponta dos pés. Já a lesão da raiz L5 dificulta a marcha nos calcanhares. A lesão de L5 também pode ser investigada pelo teste de Trendelenburg. Pede--se ao paciente para ficar apoiado sobre 4 Gabi Vieira 01/23 MEDFipGbi apenas um pé. A queda da bacia para o lado oposto da perna afetada revela fraqueza dos abdutores da coxa. Palpação Com o paciente em decúbito ventral, coloca-se um pequeno travesseiro sob o abdome para diminuir a lordose lombar e facilitar o exame. Palpa-se os planos musculares, as apófises espinhosas e os espaços discais buscando pontos dolorosos e alterações ósseas. Exame osteoarticular Parte essencial do exame permite diferenciar problemas oriundos da coluna lombar daqueles provenientes de outras estruturas articulares. Especial atenção deve ser dada ao exame do quadril e das articulações sacroilíacas. A medida do comprimento dos membros permite identificar, ainda, uma diferença que poderia justificar uma sobrecarga mecânica. Exame neurológico Parte obrigatória e extremamente importante do exame da coluna. O exame motor, da sensibilidade e dos reflexos permite estabelecer uma topografia radicular típica. As raízes acometidas com mais frequência são as raízes L4, L5 e S1, que merecem atenção especial. A força de flexão da coxa é papel da raiz L4, enquanto a dorsiflexão do pé é função da L5. A função motora da S1 pode ser examinada pela marcha nas pontas dos pés. A sensibilidade deve ser examinada ao longo dos membros inferiores. Quando há suspeita de síndrome da cauda equina, deve-se investigar a sensibilidade da região perineal. Testes especiais Sinal de Lasègue Com o paciente em decúbito dorsal, eleva-se o membro, mantendo o joelho estendido. O teste é positivo quando houver dor entre 30 e 70° de extensão, indicando compressão radicular L5 ou S1. Teste do estiramento femoral Com o paciente em decúbito ventral e o joelho fletido, a coxa é elevada acima da cama. A presença de dor na região anterior da coxa sugere compressão radicular L2 ou L3 e a dor na face medial da perna sugere envolvimento da raiz L4. Teste de Babinski É essencial ainda diferenciar a compressão radicular, que ocorre principalmente nas hérnias discais, de quadros de neuropatia periférica ou de compressões tronculares. O examinador deve também ficar atento a sinais da síndrome da cauda equina com Lasègue bilateral, hipoestesia em sela e hipotonia de esfíncteres. Síndromes clínicas Lombalgia mecânica comum Este tipo de lombalgia caracteriza-se por dor lombar baixa, normalmente unilateral, às vezes central, irradiando-se para a região sacral e nádegas. Em geral, a dor ocorre após um esforço físico maior ou esforços repetidos em posições de estresse para a coluna. A investigação laboratorial e radiológica costuma ser normal. O ponto crítico para o clínico é diferenciar a lombalgia comum das lombalgias sintomáticas causadas por diversas patologias subjacentes. A lombalgia mecânica comum é a forma mais frequente de DLB, responsável por cerca de 90% dos casos. Tratamento Muito embora não seja possível estabelecer com exatidão a estrutura anatômica responsável pela dor, a evolução é favorávelna maioria dos casos. No entanto, não existe um único tipo de tratamento que seja efetivo para todas as formas de lombalgias mecânicas. Mesmo assim, de 98 a 99% dos casos são tratados de forma conservadora. Atividade física: Após quadro agudo de lombalgia, o repouso no leito tem sido muito utilizado espontaneamente pelos pacientes ou como indicação médica. Hoje, acredita-se que o repouso deva ser limitado a, no máximo, 3 ou 4 dias. O repouso prolongado descondiciona a musculatura, piora a função cardiovascular e, principalmente, fortalece um comportamento de “sentir-se doente”. Vários estudos demonstraram que a volta precoce às atividades normais representa o melhor índice de prognóstico favorável nos portadores de lombalgias agudas. Desta forma, o 5 Gabi Vieira 01/23 MEDFipGbi médico deve encorajar exercícios aeróbicos precocemente, bem como a tentativa de reassumir as atividades profissionais e de lazer. Os exercícios específicos para o tronco devem ser iniciados após um período aproximado de 2 semanas. Diferentes programas de exercícios têm sido propostos para diversas situações: exercícios em flexão, extensão, alongamento, aeróbico e fortalecimento muscular podem ser utilizados. Vários estudos demonstraram a utilidade destes exercícios para diminuir sintomas e prevenir novas crises. Gelo: diminui o edema, a dor e o espasmo muscular nas lombalgias agudas. Calor: utilizado preferencialmente na fase crônica. Além de produzir analgesia, melhora a rigidez. O calor pode ser utilizado de forma superficial (infravermelho, compressas) ou profundo (ultrassom). Estimulação elétrica transcutânea: estimula as fibras alfa A de baixo limiar, o que inibe os impulsos nociceptivos das pequenas fibras C e alfa-D. Tratamento medicamentoso Analgésicos: a maioria dos pacientes se beneficia do uso de analgésicos comuns não narcóticos, como o paracetamol. O uso de analgésicos narcóticos, como a codeína, está reservado aos casos mais graves, particularmente na hérnia discal, e por curtos períodos. Anti-inflamatórios não hormonais (AINH): utilizados isoladamente ou em associação com os analgésicos. O uso deve ser monitorado quanto ao risco ou à presença de efeitos colaterais, sobretudo gastrointestinais e renais. A principal utilidade é a de permitir o reinício das atividades físicas normais que devem sempre ser estimuladas. Miorrelaxantes: utilizados quando existe espasmo muscular, em associação aos AINH. Antidepressivos: os antidepressivos tricíclicos têm sido utilizados em doses baixas (10 a 25 mg de amitriptilina) nos portadores de lombalgia com ou sem depressão associada. São particularmente úteis quando há distúrbio do sono, porém o início de ação é lento, devendo ser utilizados por períodos prolongados em portadores de lombalgia crônica. Tumores da coluna Os tumores da coluna são relativamente raros. Por este motivo, o diagnóstico de patologia tumoral requer sempre muita suspeita. A dor persistente e progressiva na intensidade deve alertar o clínico para a possibilidade de patologia tumoral. A maioria dos pacientes com tumores da coluna tem dor lombar como sintoma inicial. Os tumores benignos da coluna geralmente produzem dor localizada, enquanto as neoplasias malignas produzem dor mais difusa, às vezes associada a manifestações sistêmicas. De uma maneira geral, os tumores benignos envolvem o arco posterior da vértebra, enquanto os tumores malignos envolvem inicialmente o corpo vertebral. O tumor benigno mais comum na coluna lombar é o hemangioma (trata-se de uma lesão geralmente assintomática encontrada em cerca de 10% da população). O osteoma osteoide ocorre em adultos jovens. A dor piora tipicamente à noite e melhora com doses baixas de AINH. A escoliose de início recente associada a espasmo muscular em um paciente jovem é extremamente sugestiva de osteoma osteoide. A radiologia tem aspecto característico de nidus radioluscente rodeado de uma área bem definida de osso esclerótico. O tratamento é cirúrgico, com retirada do nidus e da área esclerótica ao redor. A retirada incompleta pode favorecer à recidiva. Raramente, o osteoma osteoide evolui para cura espontânea. Outros tumores benignos a afetar a coluna são o osteoblastoma, o osteocordoma, o tumor de células gigantes, o cisto ósseo aneurismático e o granuloma eosinofílico. As metástases são 25 vezes mais frequentes que os tumores primários na coluna. Neoplasias de mama, pulmão, próstata, rim, tireoide, bexiga e cólon são os principais responsáveis. A radiografia pode revelar lesões osteolíticas (tumores de rim e tireoide), osteoblásticas (tumores de cólon) ou mistas (tumores de mama, pulmão, próstata e bexiga). O mieloma múltiplo e sua forma localizada – o plasmocitoma – são os tumores malignos mais frequentes na coluna. Ocorre preferencialmente nos pacientes com mais de 50 anos de idade. A lombalgia é o sintoma inicial em 35% dos casos, porém, sintomas sistêmicos diversos, como púrpura, artralgias e hipercalcemia, também são frequentes. A radiografia demonstra áreas de osteólise sem esclerose reativa, poupando os elementos posteriores. O plasmocitoma isolado, por sua vez, pode ter inúmeros aspectos radiológicos diferentes. Ao contrário da maioria das lesões de origem tumoral, a cintilografia é negativa nos casos de mieloma múltiplo. O tratamento é quimioterápico. A cirurgia está reservada para casos de compressão nervosa. Além do mieloma múltiplo, condrossarcoma, cordoma e linfoma são outros tumores malignos a, raramente, envolver a coluna. Finalmente, existem ainda os tumores intradurais, que podem levar a quadros neurológicos variados como neurofibroma, meningioma, ependimoma e astrocitoma.
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